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EDUARDO SANTOS LUCCHESE

ISENÇÃO DE IPVA PARA DEFICIENTES E A INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA DO


PODER JUDICIÁRIO/RS.

Trabalho de Conclusão do Curso de


Graduação em Direito objetivando a
aprovação no componente curricular
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC.
UNIJUÍ - Universidade Regional do
Noroeste do Estado do Rio Grande do
Sul.
DCJS- Departamento de Ciência Jurídicas
e Sociais.

Orientadora: MSc. Maristela Gheller Heidemann

Ijuí (RS)
2015
2

Dedico este trabalho à todos aqueles que


acreditam no futuro do nosso País e de
nosso Estado.
AGRADECIMENTOS

À minha família, que sempre esteve presente e me incentivou desde o início


da minha jornada acadêmica, me fazendo crer em dias melhores.

Ao Procurador do Estado Carlos Henrique Gomes e à minha orientadora


Maristela Gheller Heidemann, que me apresentaram e me propuseram discorrer
sobre o tema objeto deste trabalho.

A todos aqueles, sejam eles professores, familiares, colegas e amigos, que de


alguma forma colaboraram para que este Trabalho de Conclusão de Curso tivesse
êxito e chegasse ao final.
“seja a mudança que você quer ver no mundo.”
Mahatma Gandhi
RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso estuda a problemática da isenção


de IPVA no Estado do Rio Grande do Sul concedida aos deficientes sensoriais,
intelectuais e mentais através da mudança da redação do inciso VI, artigo 4º, da Lei
estadual nº 8.115/85. A redação antiga da referida lei garantia que seriam isentos
apenas os deficientes físicos que tivessem carros adaptados à sua deficiência,
porém, após reiteradas decisões do Poder Judiciário Estadual, sob o fundamento,
principalmente, do princípio da dignidade da pessoa humana, estendeu-se o benefício
para todos os tipos de deficientes acima mencionados. Trata de como o Poder
Judiciário feriu o princípio da separação dos poderes, ao fazer o papel de legislador
atípico negativo, ferindo as atribuições do Poder Legislativo. Ainda, é mostrado o
impacto financeiro causado no Erário público pelas isenções dadas a esmo, vez que
o artigo 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal exige estimativa de impacto financeiro
e medidas de compensação para desonerações tributárias e suas consequências
para a sociedade.

Palavras-Chave: Isenção de IPVA. Deficientes físicos. Princípio da dignidade


da pessoa humana. Lei de responsabilidade fiscal.
ABSTRACT

This course conclusion work studies the issue of property taxes exemption in the
State of Rio Grande do Sul granted to sensory, intellectual and mental disabilities by
changing the wording of item VI, Article 4 of Law 8,115 / 85. The wording old assured
they would be exempt only the disabled who have cars adapted to their disability, but
after repeated decisions of the State Judiciary, on the grounds, especially the
principle of human dignity, extended the benefit to all types of impaired above. It
comes to how the judiciary struck the principle of separation of powers, to play the
role of atypical negative legislator, injuring the powers of the legislative branch. Also
shows the financial impact on the public Treasury by the exemptions given at
random, since Article 14 of the Fiscal Responsibility Act requires estimate of financial
impact and compensation measures for tax cuts and their consequences for society.

Keywords: property taxes exemption. Disabled. Principle of human dignity. Fiscal


responsibility law.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1 O IPVA NO RIO GRANDE DO SUL ...................................................................... 10


1.1 Elementos constitutivos dos tributos em geral .............................................. 10
1.2 Elementos constitutivos e peculiaridades do IPVA no Rio Grande do Sul .. 14

2 ISENÇÃO TRIBUTÁRIA ........................................................................................ 22


2.1 Isenção tributária e isenção de IPVA ............................................................... 23
2.2 Princípio da dignidade da pessoa humana x Lei de Responsabilidade Fiscal
.................................................................................................................................. 29
2.3 A jurisprudência do TJRS................................................................................. 37

CONCLUSÃO ........................................................................................................... 40

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 41
8

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo acerca da concessão do


benefício de isenção de IPVA para as variadas categorias de
deficientes, após reiteradas decisões judiciais, quando na verdade a
Lei Estadual n° 8.115/85 previa a isenção apenas para deficientes
físicos com o carro adaptado a sua deficiência. Também é analisado o principal
argumento utilizado pelo TJRS, em seus julgados, o
princípio da dignidade da pessoa humana e um contraste com a Lei de
Responsabilidade Fiscal. Também é trazida jurisprudência do Tribunal
Gaúcho, em que foram concedidas as isenções em discordância da letra
de lei.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas


bibliográficas e por meio eletrônico, analisando também alguns
julgados que fizeram parte da jurisprudência dominante que deferiu
isenções para vários tipos de deficientes. Ainda, foi utilizada a
pesquisa de campo, vez que o autor é estagiário na Procuradoria
Geral do Estado, onde analisa contendas do tipo diariamente.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem da


constituição dos tributos em geral, para situar o leitor a respeito de
todas as fases da tributação. Seguiu, então, para as definições dos
elementos constitutivos do IPVA em especial e algumas peculiaridades
sobre este tributo.
9

No segundo capítulo é analisado mais profundamente os aspectos da


isenção tributária, dando ênfase para a isenção de IPVA, trazendo também as
normas reguladoras deste instituto. Ato contínuo, é trazido
à baila os conceitos norteadores do princípio da dignidade da pessoa
humana, fazendo um comparativo da Lei de Responsabilidade Fiscal, com a
argumentação dos prejuízos que se pode trazer ao Erário Público
ao deferir isenções que não estão previstas no orçamento estadual. Por
fim, alguns casos práticos são trazidos, no intuito de demonstrar, na
prática, como foram deferidos os benefícios de isenção.
10

1 O IPVA NO RIO GRANDE DO SUL

Quando se trata de tributos, há que se ter em mente que sua constituição


advém de atos tais como: fato gerador, elementos materiais, espaciais e temporais,
sujeitos ativo e passivo, alíquotas a serem fixadas e base de cálculo a partir da qual
será calculado o valor devido.

Além disso, deve se fixar a competência para efetuar a cobrança de cada


tributo, bem como através de que tipo de norma serão regidas as disposições acerca
do imposto. Sobre esses itens que o presente capítulo tratará.

1.1. Elementos constitutivos dos tributos em geral

A definição de tributo é expressa em dispositivo de lei, mais precisamente no


Código Tributário Nacional, com a seguinte redação:

Art. 3°: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda


ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de
ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade
administrativa previamente vinculada

Melhor explicação acerca da definição dada pelo CTN foi dada por Castro,
Lustoza e Gouvêa (2014, p. 32):

De antemão, podemos perceber a redundância da lei ao falar em


prestação pecuniária em moeda ou cujo valor nela se posso exprimir.
Obviamente, toda prestação pecuniária traz ínsita a ideia de
pagamento em moeda. O que pretende o CTN, e aqui não podem
pairar dúvidas, é excluir a possibilidade de pagamento de tributos in
natura. Isso significa não ser dado a uma pessoa com débito junto à
Fazenda Pública Nacional, por exemplo, o direito de pagar o Imposto
de Importação de determinada mercadoria mediante a entrega de
algumas unidades dos ditos bens importados.

Conforme visto acima, temos a clareza de que a prestação pecuniária deverá


sem em moeda, jamais podendo existir pagamentos em forma de produtos,
mercadorias etc.
11

Ademais, é importantíssimo ressaltar que os tributos são cobrados mediante


atividade administrativa plenamente vinculada, ou seja, os agentes da Administração
Pública não podem simplesmente abrir mão da cobrança de determinado imposto.
Fosse assim, o Estado ficaria a mercê da boa vontade do funcionalismo público para
que o numerário da cobrança do tributo fosse cobrado e trazido ao Erário.

Sobre isso, dispuseram Castro, Lustoza e Gouvêa (2014, p. 36):

A cobrança e fiscalização dos tributos é realizada exclusivamente por


agentes da Administração Pública, como auditores fiscais (cobrança
administrativa) e procuradores públicos (cobrança judicial). Referidos
agentes, e isso deve ficar bem claro, não poderão decidir sobre a
conveniência ou oportunidade de realizar seu mister: configurada a
situação prevista em lei para o surgimento de obrigação tributária,
deverão ser tomadas as medidas cabíveis (notificação de
lançamento, autuação, ajuizamento de execução fiscal etc). É nesse
sentido que se diz ser a cobrança tributária realizada mediante
atividade administrativa vinculada. Verificada, por exemplo, a
existência de uma operação mercantil de circulação de mercadorias,
deve haver a notificação para recolhimento de ICMS.

Importante destacar uma regra usada no Direito Tributário que se chama


Regra da Matriz de Incidência dos Tributos. Sobre ela discorreram Castro, Lustoza e
Gouvêa (2014, p. 37),

Podemos afirmar, em princípio, que a regra matriz de incidência


funciona como arquétipo da norma jurídica tributária. Trata-se do
verdadeiro “esquema” que permite ao estudioso do Direito Tributário
devassar a intimidade estrutural de cada um dos tributos. [...] Todos
os elementos da regra matriz de cada um dos tributos encontram-se
previstos, explícita ou implicitamente, no texto da Constituição. [...]
Existirá em toda norma tributária: a) um antecedente normativo
(suposto ou hipótese de incidência ou fato gerador), composto pelos
aspectos (ou critérios): (a.1) material, (a.2) temporal e (a.3) espacial,
a que se vincula um; b) consequente normativo (mandamento ou
estatuição ou relação jurídica tributária), composto pelos critérios
(b.1) pessoal e (b.2) quantitativo.

Há que se fazer relevar, então, que sempre há alguém, em algum momento


(este é o critério temporal) e lugar (critério temporal), pratica uma conduta (aqui se
insere o critério material) apta a gerar uma obrigação para pagar um tributo. Estes
critérios são chamados de critérios do antecedente.
12

A respeito desses critérios, Castro, Lustoza e Gouvêa (2014), lecionam que o


aspecto material diz respeito a comportamentos, ou seja, atitudes condicionadas
pelo tempo e pelo espaço. Ou seja, quando se falar que a obrigação do proprietário
de veículo automotor surge no dia 1° de janeiro, pode-se afirmar, sem nenhuma
dúvida, que o critério material para a incidência deste tributo é, única e
exclusivamente, ser proprietário de veículo automotor.

Já quanto ao critério temporal, é definido pelos doutrinadores que diz respeito


ao momento em que surgirá o dever jurídico de pagar o tributo; ou, melhor dizendo,
o exato instante em que se reportam os efeitos da obrigação tributária.

Por fim, o critério espacial dessa regra é relacionado ao local onde o fato
gerador do tributo, local onde o fato (critério material) deve ocorrer, a fim de que
irradie os efeitos que lhe são característicos. Trazendo o exemplo novamente do
IPVA, o seu aspecto espacial é onde o proprietário do veículo automotor o registrou,
devendo ser no Estado daquele Município o local onde deve ser efetuado o
pagamento do tributo.

Em contrapartida, os critérios do consequente dividem-se em dois: o critério


subjetivo, com a subdivisão em sujeito ativo e sujeito passivo e o critério quantitativo,
que compreende a base de cálculo e a alíquota.

A respeito do critério subjetivo, conceituam Castro, Lustoza e Gouvêa (2014,


p. 40):

O aspecto subjetivo da regra matriz de incidência aponta os sujeitos


da relação jurídica constante do consequente da norma. Quando se
fala em aspecto subjetivo está-se falando tanto da pessoa obrigada
ao pagamento do tributo quanto do ente público credor da referida
obrigação. O sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito
público titular da competência para exigir o seu cumprimento (CTN,
art. 119), enquanto o sujeito passivo da obrigação é a pessoa
obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade tributária (CTN, art.
121).

Fica claro, pois, que a relação do tributo envolve dois sujeitos: o ativo e o
passivo, sendo eles essenciais para a constituição da relação tributária, vez que um
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(sujeito ativo) é quem irá cobrar e receber a prestação pecuniária, e o outro (sujeito
passivo) é quem irá ter o ônus de fazer o pagamento da referida prestação.

Ainda, há que se dar especial relevância para o aspecto quantitativo, pois é


ele quem irá definir a quantia que o sujeito passivo irá desembolsar para desabonar-
se da obrigação de efetuar o pagamento do tributo.

Há, nesse caso, dois aspectos que devem ser levados em conta: a base de
cálculo e a alíquota que será implantada.

Quanto à base de cálculo, definiram Castro, Lustoza e Gouvêa (2014, p. 40)


da seguinte maneira:

A base de cálculo é grandeza integrante do aspecto quantitativo que,


além de função de – conjugada a alíquota – definir o quantum a ser
pago pelo sujeito passivo da obrigação tributária, possui outras 2
(duas) missões de grande relevância, quais sejam: a) medir as
proporções reais do fato jurídico tributário e; b) confirmar, infirmar ou
afirmar o verdadeiro aspecto material da descrição contida no
antecedente da norma.

De outra banda, ainda de acordo com Castro, Lustoza e Gouvêa (2014, p.


41), a alíquota é o componente aritmético usado para se conjugar à base de cálculo,
determinando, assim, a quantia que será objeto da prestação tributária, podendo ela
assumir dois papéis: a) um valor monetário, que poderá ser fixo ou variável e b) uma
fração, porcentual ou não. Há que se fazer menção, também, que a alíquota deverá
ser fixada por lei do Estado competente para a instituição do imposto.

Disso, podemos afirmar que a alíquota será um percentual quando a base de


cálculo for um valor econômico, e será um valor quando a base de cálculo for uma
unidade não monetária. Convém mencionar que as alíquotas em percentual são
mais comuns em impostos e as alíquotas em valor ocorrem mais em tributos como
empréstimo compulsório, taxas e contribuição de melhoria.
14

1.2 Elementos constitutivos e peculiaridades do IPVA no Rio Grande do Sul

O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores é um imposto


estadual, que tem como objetivo arrecadar dinheiro sobre os automóveis da
população em geral, independente de qual tipo de veículo for.

Acerca da competência, estabelece Sabbag (2012, p. 1084) que é de


competência dos Estados e do Distrito Federal a instituição do IPVA, conforme
dispõe o art. 155, III, da Constituição Federal:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir


impostos sobre: (...)
I – propriedade de veículos automotores.

Assim, continua Sabbag, há de se fazer constar que não há no CTN menção


ao tributo, considerando que seu nascimento data do ano de 1985, com a
promulgação da Emenda n. 27/85 à Constituição Federal de 1967, vindo a substituir
a antiga TRU – Taxa Rodoviária Única.

Ao fazer uma retrospectiva até a criação do referido imposto:

O IPVA foi concebido com o objetivo de substituir a antiga Taxa


Rodoviária Única – TRU, tributo federal cuja arrecadação era
destinada a melhorias na infraestrutura nacional de transportes.
Ocorre que este último, com o decorrer dos anos – e sucessivas
alterações normativas – foi perdendo suas características de tributo
vinculado a uma atividade estatal específica e divisível, até chegar ao
ponto de elencar, dentro suas bases de cálculo imponíveis, a
propriedade de veículo automotor. (CASTRO; LUSTOZA; GÔUVEA,
2014, p. 623).

Ademais, o imposto é cobrado apenas de veículos que circulam em terra, ou


seja, não compreende nenhum outro tipo, como barcos, lanchas, aeronaves etc,
porque

Uma embarcação movida por fonte de energia natural afasta-se da


noção de veículo automotor, enquanto que as aeronaves significam
aparelho manobrável em voo, apto a se sustentar e circular no
espaço aéreo mediante reações aerodinâmicas. Devem ser
registradas no Registro Aeronáutico Brasileiro e no Tribunal
15

Marítimo, sendo certo que não se vinculam ao Município e sequer


aos Estados, haja vista a existência de Capitanias de Portos que
abrangem mais de uma unidade federada. (PAULSEN; DE MELO,
2010, p. 278).

Ainda sobre o assunto da natureza dos veículos em que poderá incidir a


cobrança do tributo, Sabbag (2012, p. 1086) discorreu:

Argui-se a dissociação do conceito de veículo automotor do conceito


de aeronave. Isso porque a aeronave não existe para trafegar no
Estado no Município, mas para voar no espaço aéreo, que é de
competência da União. Quando em terra, apenas faz manobra em
áreas portuárias, que não pertencem aos Estados e nem aos
Municípios, mas à União, por força do art. 38 do CBA – Código
Brasileiro de Aeronáutica – Lei n. 7.565/86. Historicamente é sabido
que a antiga TRU – Taxa Rodoviária Única, da qual o IPVA é
sucedâneo, deveria onerar apenas os veículos terrestres, trafegáveis
por rodovias estaduais, e nunca veículos que transitam por ferrovias,
aerovias e aquavias.

Acerca da matéria, a Lei Estadual n° 8.115/85, que disciplina o IPVA no


Estado do Rio Grande do Sul, dispõe:

Art. 5º - São contribuintes do imposto os proprietários de veículos


automotores sujeitos a registro e ou licenciamento em órgão federal,
estadual ou municipal, neste Estado.
[…]
§ 2º - O disposto no "caput" não se aplica às aeronaves, hipóteses
em que o contribuinte do imposto é o proprietário deste tipo de
veículo, cujo aeródromo de registro situar-se neste Estado. (Incluído
pela Lei nº 9.797/92).

Quanto a sua função, acabaram por concluir Castro, Lustoza e Gouvêa (2014,
p. 623/624) que o IPVA é um imposto cuja função é, predominantemente, fiscal.
Assim, conclui-se que o objetivo principal da instituição deste imposto é arrecadar
dinheiro para o Erário.

Machado (2010, p. 406) discorreu:

O IPVA, como é conhecido esse imposto, tem função


predominantemente fiscal. Foi criado para melhorar a arrecadação
dos Municípios e Estados. Tem, todavia, função extrafiscal, quando
discrimina, por exemplo, em função do combustível utilizado. Do
ponto de vista da justiça fiscal, melhor seria se o IPVA tivesse
alíquotas acentuadamente progressivas em função da utilidade e do
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valor do veículo, onerando mais pesadamente os automóveis de


luxo.

Quanto à materialidade, ou seja, o aspecto material do IPVA, ou, ainda, o fato


gerador do tributo, tem-se que é a propriedade do veículo automotor. Assim,
dispuseram Paulsen e de Melo (2010, p. 277):

O IPVA tem como fato gerador a propriedade do veículo automotor


de qualquer espécie, que se considera como ocorrido: (a) na data de
sua primeira aquisição (veículo novo – que não foi objeto de saída
para o consumidor final); e (b) na data do seu desembaraço
aduaneiro (veículo de procedência estrangeira). A simples posse do
veículo (à título precário ou mera detenção), por si só, não
representa o fato imponível do imposto, não se vinculando à
propriedade do bem, uma vez que deve ocorrer a capacidade
econômica (elemento ínsito ao proprietário).

Ainda, é do entendimento de Sabbag (2012. p. 1085), que é a propriedade (e


não o uso) do veículo automotor de qualquer espécie, e em se tratando de espécie,
é de automóvel, caminhão, motocicletas e etc que se fala, que constitui o fato
gerador do IPVA.

Ademais, é ressaltado pelo doutrinador que a mera detenção do veículo, o


próprio uso ou mesmo apenas a posse, não podem ensejar a cobrança do tributo ao
posseiro. Sendo do contrário, quaisquer fábricas ou revendas de automóveis teriam
de pagar o imposto, desde o momento em se completasse a respectiva
industrialização ou importação. A propriedade é provada pelo CRV – Certificado de
Registro de Veículo- sendo também aceito o documento de licenciamento do ano
anterior, para fazer prova de propriedade.

Conforme art. 2° da Lei 8.115, o fato gerador do imposto, no Estado do Rio


Grande do Sul é a propriedade: “O imposto, devido anualmente ao Estado, tem
como fato gerador a propriedade de veículo automotor”.

Quando é falado em critério temporal do IPVA, há que se ter em mente que


nada mais é do que, nas palavras de Castro, Lustoza e Gouvêa (2014, p. 625):

O aspecto temporal do imposto, não custa repetir, é o momento a


partir do qual surge a obrigação. Em geral considera-se ocorrido o
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aspecto material do imposto: a) na data da primeira aquisição de


veículo automotor novo por consumidor final; b) na data do
desembaraço aduaneiro, em relação a veículo automotor importado
no exterior por consumidor final, diretamente ou por terceiros; c) na
data do arremate em leilão de veículo automotor; d) no primeiro dia
de cada ano, em relação a veículos adquiridos em anos anteriores e;
e) no primeiro dia do ano subsequente, no caso de transferência de
veículo para outra unidade federada.

Não é outro o entendimento de Machado (2010, p. 407), quando afirma que o


fato gerador é anual, considerando-se ocorrido da data da aquisição ou da
incorporação, sendo que, daí em diante ocorre em 1° de janeiro de cada ano.
Cabendo ressaltar, por fim, que se em 1° de janeiro o proprietário do carro estiver
privado desse direito, o fato gerador não irá se configurar.

De outra banda, o aspecto espacial é, segundo Castro, Lustoza e Gouvêa


(2014, 625, grifo deles):

O aspecto espacial do do IPVA é o lugar em que consolidada a


propriedade sobre o veículo automotor. Em regra, a legislação
estadual, estabelece como local da propriedade do bem aquele em
que realizado o licenciamento. É importante precisar não só o Estado
em que configurada a materialidade da exação, mas também o
Município do licenciamento, tendo em vista que, nos moldes do art.
158, III, da Constituição de 1988, “pertencem aos Municípios
cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto do
Estado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em
seus territórios”.

Acerca disso, conclui-se, pois, que se deve levar em conta o Município no


qual foi licenciado o veículo, vez que para ao ente público municipal irá pertencer
cinquenta por cento (50%) do produto arrecadado através da cobrança do IPVA.

A Lei Estadual n° 8.115/85 assim estabelece:

Art. 12 - Do produto da arrecadação do imposto constituído por esta


Lei, 50% (cinqüenta por cento) constituirá receita do Município onde
estiver licenciado o veículo automotor e 50% (cinqüenta por cento)
constituirá receita do Departamento Autônomo de Estradas de
Rodagem que aplicará 70% (setenta por cento) em investimentos e
30% (trinta por cento) em custeio. (Vetado pelo Governador e
mantido pela Assembleia Legislativa, conforme DOE nº 71, de
16/04/86).
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§ 1º - As parcelas pertencentes aos Municípios serão creditadas em


contas especiais abertas em estabelecimentos oficiais de crédito, na
forma e nos prazos estabelecidos em lei federal.
§ 2º - O Poder Executivo divulgará, pelo Diário Oficial, até o último
dia do mês subseqüente, o montante do imposto, englobando os
acréscimos arrecadados, bem como os valores transferidos aos
Municípios.

Verifica-se, então, que, no Estado do Rio Grande do Sul, através de Lei


Estadual, 50% por cento do produto arrecadado irá para os Municípios e a outra
metade para o DAER, que deverá aplicar esse valor 70% em investimentos e 30%
em custeio.

Quando se trata dos critérios subjetivos, ou seja, dos sujeitos ativos e


passivos que irão compor a relação tributária do IPVA, terá, conforme as palavras de
Castro, Lustoza e Gouvêa (2014, p.625), o sujeito ativo como sendo o Estado onde
é consolidada a propriedade do veículo automotor.

Ademais, deve-se ressaltar, novamente, que os Municípios em que estiverem


licenciados os veículos automotores devem ser perquiridos, vez que para eles serão
reservados os 50% previstos na Lei Estadual 8.115/85.

Em contrapartida, o sujeito passivo do tributo é o devedor, ou seja, a pessoa


que possui relação pessoal e direta com o fato gerador da obrigação, que no caso
do IPVA é a propriedade do veículo automotor. Em linhas gerais, o sujeito passivo
nada mais é do que o contribuinte do Estado.

Assim concluiu Sabbag (2014, p. 1085), acerca de quem é o sujeito passivo


do IPVA, “é o proprietário de veículo automotor – pessoa física ou jurídica,
presumindo-se como tal aquele em cujo nome o veículo esteja licenciado.”

Por outro lado, quando é falado de critério quantitativo do IPVA, tem que se
falar em base de cálculo e alíquota.

A base de cálculo diz respeito, segundo Sabbag (2012, p. 1087), ao valor


venal do veículo. Ou, ainda, ao preço comercial de tabela, que se refere ao valor de
19

mercado. Via de regra são utilizadas tabelas anuais elaboradas e publicadas pelo
poder tributante, geralmente baseada em publicações especializadas de veículos.

Além disso, como forma de prevenir que indivíduos que adquiram o veículo
nos meses finais do ano tenham que pagar o mesmo valor que, por exemplo,
alguém que adquiriu o automóvel em meses iniciais do ano.

Assim ensinam Castro, Louzada e Gouvêa (2014, p. 628):

À exceção dos veículos usados, a base de cálculo será calculada em


1/12 (um doze avos) por mês ou fração, a partir da data de
ocorrência do fato gerador do imposto – que em regra, conforme
previsto, se dá em 1° de janeiro. A regra evita, por exemplo, que
pessoas que adquiram veículo nos últimos meses do ano sejam
tributadas da mesma forma que aqueles que já possuam a vários
anos.

Não obstante, a alíquota do IPVA é fixa (MACHADO, 2010, p. 407). Ademais,


segundo Sabbag (2012, p. 1088), a alíquota sempre deverá ser fixada através de lei
ordinária estadual, sendo que deverá ser proporcional, não existindo limite máximo a
ser fixado.

No entanto, segue o doutrinador, convém mencionar que, através da Emenda


Constitucional n. 42/2003 restou ao Senado Federal a incumbência de alíquotas
mínimas. Ainda, é de ressaltar que poderá o IPVA ter diferenciação nas alíquotas,
diferenciando, por exemplo, tipo e utilização do veículo.

Nesse passo, mesmo que tradicionalmente o IPVA seja considerado um


tributo meramente fiscal, pode-se afirmar que é dotado de certa extrafiscalidade, em
função da variação de suas alíquotas fixadas em Lei Estadual. Assim autoriza a
Constituição Federal de 1988:

Art. 155 Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos


sobre:
[…]
III – propriedade de veículos automotores.
[...]
§ º6. O imposto previsto no inciso III:
I – terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal;
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II – poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e


utilização. (grifo nosso).

A extrafiscalidade é o uso de tributos com finalidade diversa de meramente


arrecadar dinheiro para o Erário, através de tratamento diferenciado para segmentos
de atividades, pessoas ou bens. Visa, basicamente, corrigir distorções no mercado,
na economia e na sociedade em geral, indo além do fenômeno exclusivamente
arrecadatório. (informação verbal). 1

Por fim, a Lei Estadual nº 8.115/85, assim discorre acerca das alíquotas que
irão disciplinar a incidência do IPVA no Rio Grande do Sul:

Art. 9º - As alíquotas do imposto são:

I - 3% (três por cento), no caso de propriedade de veículos


automotores do tipo motor-casa, aeronave e embarcação, de lazer,
de esporte ou de corrida;
II - 3% (três por cento), no caso de propriedade de veículos
automotores de tipo automóvel ou camioneta;
III - 2% (dois por cento), no caso de propriedade de veículos
automotores do tipo aeronave e embarcação, exceto de lazer, de
esporte ou de corrida e do tipo motocicleta, motoneta, triciclo e
quadriciclo;
IV - 1% (um por cento), no caso de propriedade de veículos
automotores do tipo caminhão, caminhão-trator, ônibus e
microônibus;
V - 1% (um por cento), no caso de veículos automotores, exceto os
mencionados nos incisos I e III, de propriedade de empresas
locadoras de veículos, utilizados na atividade de locação para
terceiros.
§ 1º - A alíquota prevista no inciso V aplica-se igualmente aos casos
de veículos automotores objeto de contratos de "leasing" utilizados
na atividade de locação para terceiros, por empresa locadora, desde
que obedecidas as mesmas condições previstas no § 2.º para os
veículos de propriedade da referida empresa.
§ 2º - A alíquota prevista no inciso V é aplicável em substituição à
estabelecida no inciso II, desde que atendidas as seguintes
condições:
I - relativamente aos veículos automotores fabricados a partir do
exercício de 2005, que tenham sido adquiridos de estabelecimento
localizado no Estado ou, na hipótese de aquisição direta da
montadora ou do importador, que tenham sido recebidos por
intermédio de estabelecimento localizado no Estado;
II - que, a partir do exercício de 2007, todos os veículos automotores
de propriedade da empresa locadora utilizados na sua atividade no
Estado estejam licenciados em município deste Estado;

1 Informação verbal obtida na palestra com o Procurador do Estado Carlos Henrique Gomes, na data de
18/05/2015, na Semana Jurídica do Curso de Direito da UNIJUÍ, na cidade de Santa Rosa.
21

Disso, conclui-se que através das alíquotas acima expostas podemos, sim,
considerar o IPVA um imposto fiscal, porém, travestido de certa extrafiscalidade,
uma vez que diferencia as alíquotas que serão cobradas pela natureza dos veículos
automotores.
22

2 ISENÇÃO TRIBUTÁRIA

A isenção tributária, conforme o próprio nome diz, ocorre quando, por algum
motivo, e de forma excepcional, o sujeito passivo do tributo deixa de ser obrigado a
recolher o valor correspondente.

Na isenção, a obrigação tributária surge, mas a lei dispensa o pagamento do


tributo. Nesta linha, a isenção é algo que excepcionalmente se concede. Há o fato
gerador do tributo, porém a lei determina que o contribuinte deixe de arcar com a
respectiva obrigação tributária.

Todavia, deve-se levar em conta o impacto que as isenções têm nas


condições de vida da população, bem como quais as medidas implementadas com a
Lei de Responsabilidade Fiscal para que o impacto deste benefício para uma
parcela da população não interfira na economia.

Neste sentido:

A Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – veio à luz para servir de


instrumento básico para a consolidação do Programa de
Estabilização Fiscal reclamado por organismos internacionais, sob a
coordenação do FMI. Objetiva, pois, drástica redução do déficit
público e a estabilização do montante da dívida pública. Para tanto,
de um lado, introduziu mecanismos de combate a duas grandes
despesas tradicionais: despesas com pessoal e despesas com
serviços da dívida que absorvem a maior parte das receitas, pouco
deixando para as despesas de capital, notadamente, as de
investimentos, comprometendo a qualidade de vida das gerações
futuras. De outro lado, visou aperfeiçoar o mecanismo de
arrecadação tributária e condicionar a concessão de incentivos
tributários que vinham sendo concedidos desordenadamente, sob
diferentes modalidades. (HARADA, 2011).

Ademais, conforme será exposto neste capítulo, o Poder Judiciário deferiu


isenções fiscais não previstas em dispositivo legal, sob o argumento do Princípio da
Dignidade da Pessoa Humana, ferindo de modo direto a Lei de Responsabilidade
Fiscal.
23

2.1 Isenção tributária e isenção do IPVA

Primeiramente, ao falar de isenção tributária, devemos ter em mente


que este instituto se trata de exclusão do crédito tributário. Dentro
da exclusão, temos a referida isenção tributária e a anistia, que não
devem ser confundidas, pois há diferenças fundamentais entre elas.

Assim, tratando da exclusão do crédito tributário, discorreu Ricardo


Alexandre (2011, p. 497)

Excluir o crédito tributário significa impedir sua constituição.


Trata-se de situações em que, não obstante a ocorrência do fato
gerador e o consequente nascimento da obrigação tributária, não
pode
haver lançamento, de forma que não surgirá o crédito tributário, não
existindo, portanto, obrigação de pagamento. Assim, é possível
afirmar que as cláusulas excludentes isenção e anistia impedem a
normal sucessão dos fatos na linha do tempo do fenômeno jurídico
tributário, pois o procedimento do lançamento, com o consequente
nascimento do crédito tributário, é evitado.

Ademais, as hipóteses de exclusão do crédito tributário, quais sejam


a isenção e anistia, estão previstas no art. 175, do Código Tributário
Nacional, com a seguinte redação:

Art. 175 - Excluem o crédito tributário:


I - a isenção;
II - a anistia.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o
cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação
principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.

A diferença fundamental que deve ser observada entre ambos os


institutos, é a de que, quando se tratar de isenção, há a exclusão do
crédito tributário em relação ao tributo propriamente dito, enquanto
que na anistia, há apenas a exclusão do crédito tributário em relação
a penalidades pecuniárias.

Ao analisar o artigo 175 do Código Tributário Nacional, mais


precisamente o parágrafo único, se deve observar que, em ambos os
24

casos da exclusão, mesmo considerando existir dispensa legal do


pagamento, não há dispensa do cumprimento das obrigações acessórias
que dependem da obrigação principal, cujo crédito foi excluído.

Assim exemplificou Ricardo Alexandre a respeito da situação acima (2011, p.


498)

Assim, a concessão de anistia da multa por atraso na entrega de


declaração de imposto de renda não implica dispensa da
entrega da própria declaração. Da mesma forma, a isenção do ICMS
concedida aos comerciantes de determinada mercadoria não traz
consigo a dispensa da escrituração dos livros fiscais.

Também não há que se confundir isenção com imunidade. Na isenção


ocorre, conforme já mencionado anteriormente, a dispensa legal do
pagamento do tributo. De outra banda, a imunidade se dá com a
existência de uma norma constitucional que irá amputar a competência
impedindo a existência da tributação, sendo assim “a isenção opera no
âmbito do exercício da competência, enquanto a imunidade, como visto,
opera no âmbito da própria delimitação de competência”. (ALEXANDRE,
2001, p. 177).

Sobre imunidade, no tributo específico de IPVA, temos que se aplicam


a este tributo quase todas as imunidades genéricas que constam no art.
150, VI, da Constituição de 88, sendo elas: imunidade recíproca entre
os entes da federação, imunidade religiosa e imunidade dos partidos
políticos, entidades sindicais dos trabalhadores e das instituições de
assistência social e educação.

Tratando agora exclusivamente de isenção, temos que “clássica é a tese de


que a isenção é um favor legal consubstanciado na dispensa do tributo devido”.
(CARVALHO, 2010, p. 554). Assim, conforme já mencionado anteriormente, ocorre o
vínculo obrigacional do tributo, todavia, em razão da existência de norma que isenta
o sujeito passivo, ocorre a dispensa do crédito tributário.
25

Após considerar a isenção como hipótese de exclusão do crédito tributário,


assim pontuou o Código Tributário Nacional:

Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre


decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos
para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo o caso, o
prazo de sua duração.

Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do


território da entidade tributante, em função de condições a ela
peculiares.

Então, toda e qualquer isenção, seja ela referente a tributos federais,


estaduais ou municipais, deve ser objeto de lei, especificando as condições, os
requisitos e o seu prazo de duração.

Ainda, o dispositivo legal fala em “isenções previstas em contrato”. Sobre o


tema, assim lecionou Coêlho (2009, p. 793):

Inexiste isenção contratual. Ninguém pode pactuar com o Estado a


sua exclusão dos fatos geradores dos tributos. O que o Código
denomina de isenção prevista em contrato é a isenção dada em
caráter extrafiscal para induzir políticas econômicas e investimentos,
como se fora um contrato. Às vezes, protocolos são assinados pelos
governantes, autorizados por lei, com pessoas jurídicas, visando aos
objetivos econômicos. O parágrafo único do artigo preocupa-se com
o princípio da isonomia e busca justificar as isenções regionais, como
a que livra do imposto de renda durante dez anos, os
empreendimentos que interessam às regiões norte e nordeste.

Assim, há que se ter em mente que em momento algum se deve falar em


isenções através de contratos. O que ocorre, conforme mencionou o doutrinador, é a
assinatura de protocolos pelos governantes, autorizados por lei, a instituir isenções–,
visando fomentar certa área econômica, com objetivos claramente mercantis.

O artigo 177, do Código Tributário Nacional, discrimina algumas situações em


que a isenção teoricamente não se estenderia, sendo elas as taxas e as
contribuições de melhoria, elencadas no inciso I, e os tributos instituídos
posteriormente à sua concessão, elencadas no inciso II. Todavia, não há, na prática,
uso para estas situações.
26

Sobre o assunto, Coêlho (2009, p. 794) afirmou:

O art. 177 carrega regras supérfluas nos incisos I e II. Obviamente, a


isenção é sempre referida ao tributo cujo fato gerador é alcançado,
como predicado no art. 176. Por outro lado, é possível isenção em
taxa e em contribuição de melhoria, tendo em vista a miserabilidade
do pagante, caso, v.g., da taxa judiciária em relação aos pobres,
embora venham estes a tirar proveito dos serviços de justiça. O
inciso II também é supérfluo, porque não se pode excluir fato, ato,
situação, ou pessoa de fato gerador inexistente. Somente quando o
fato jurígeno estiver delineado, isto é, existir juridicamente, podem-se
nele operar cortes (regras isencionais). Todavia, a simples mudança
de nome do tributo não é suficiente para apagar as isenções que
atuam em seu fato gerador. Se houver identidade do fato gerador, a
isenção perdura, sendo de prazo certo ou ligada à condição.

Há, também, previsão legal de, a qualquer tempo, sobrevir revogação ou


modificação da isenção concedida, conforme o art. 178, do Código Tributário
Nacional, descreve:

Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo e em função de


determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a
qualquer tempo, observado o disposto no inciso III, do artigo 104.

Assim sendo, vimos que, como regra geral, a isenção pode ser revogada a
qualquer tempo. Ademais, a revogação de norma de isenção equivale à edição de
norma que instituiu o tributo, sendo a diferença destas normas de caráter
meramente técnico-legislativo.

Aqui, há que se observar também o princípio da anterioridade, com base legal


no citado inciso III, do artigo 104 do Código Tributário Nacional, que deixou claro que
“só entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a
sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre patrimônio ou a
renda que extinguem ou reduzem isenções”. Aplicando o princípio, a revogação da
isenção só pode ser efetivada a partir do exercício seguinte àquele em que a norma
legal seja editada.

Tratando da classificação das isenções, podem ser classificados dois grandes


grupos: isenções reais, ou objetivas, e subjetivas, ou pessoais, e, após, em algumas
outras categorias, conforme Amaro (2010, p. 315):
27

As isenções classificam-se em objetivas (ou reais) e subjetivas (ou


pessoais), consoante a lei que as conceda tenha levado em conta
peculiaridades da própria situação material (por exemplo, trata-se do
produto “x”, que, por tais ou quais razões de política fiscal, não se
quer tributar), ou tenha considerado a situação pessoal do indivíduo
(pessoa física ou pessoa jurídica) ligado à situação material (por
exemplo trata-se de uma pequena empresa, de uma pessoa física
aposentada e idosa etc). As isenções são regionais quando atingem
apenas uma parte do território da entidade tributante (art. 176,
parágrafo único). São setoriais as que contemplam determinado
setor de atividade econômica (por exemplo, pesca, florestamento,
turismo etc). Isenções condicionadas são as que dependem do
cumprimento de certos requisitos por quem a elas se queira habilitar;
por exemplo: instalar em certo local uma indústria que empregue
determinado número de pessoas. Esse tipo de isenção, geralmente é
concedido por prazo certo, o que as qualifica como isenções
temporárias.

Conforme exposto, a isenção de IPVA para deficientes físicos, por exemplo,


enquadra-se na classificação de isenção de caráter subjetivo (ou pessoal). Isso
porque o tributo não será pago em função da pessoa ser portadora de deficiência
física, peculiaridade de caráter pessoal de cada indivíduo.

Conforme já mencionado, as hipóteses de isenção de tributos, dentre eles o


IPVA, deverão sempre ser alvo de lei estadual. Assim no traz Castro (2015, p.156,
grifo nosso), a respeito da isenção de IPVA:

As hipóteses de isenção do tributo, por sua vez, ficarão sempre a


cargo da legislação estadual. Os veículos mais corriqueiramente
desonerados são os seguintes: a) ônibus exclusivamente
empregados em linha de transporte urbano, suburbano ou
metropolitano de pessoas, cedida por concessão ou permissão
pública; b) veículos de propriedade, ou cuja posse seja decorrente de
arrendamento mercantil, de pessoas portadoras de deficiência
física, visual, ou mental; c) veículos destinados exclusivamente ao
transporte escolar, cuja propriedade ou posse decorrente de
arrendamento mercantil seja de pessoa física; d) veículos com mais
de 20 (vinte) anos de fabricação.

Assim, conforme exposto, é natural e corriqueiro que os Estados da


Federação agraciem seus contribuintes com a isenção do IPVA, no caso de serem
pessoas portadoras de deficiência, seja ela física, visual ou mental.
28

Vejamos o que discorreu Alexandre (2011, p.177) sobre a competência dos


Estados para legislar livremente sobre o IPVA,

Imagine um outro subconjunto do grande conjunto composto pelos


veículos automotores licenciados no Estado do Rio de Janeiro. O
subconjunto agora é composto por veículos adaptados pertencentes
a pessoas portadoras de deficiências físicas que exijam adaptação
dos respectivos automóveis. Pergunta-se: o Estado do Rio de
Janeiro tem competência para instituir IPVA incidente sobre a
propriedade dos veículos integrantes desse novo subconjunto? A
resposta é SIM, pois não há qualquer regra constitucional
excetuando tal subconjunto. Imagine-se, agora que o Estado do Rio
de Janeiro editou lei instituindo isenção de IPVA para as pessoas
que possuem veículos adaptados às suas deficiências físicas.
Pergunta-se: o Estado do Rio de Janeiro continua tendo competência
para tributar tais veículos? A resposta é SIM, o Estado continua
possuindo competência, só que resolveu não exercê-la, dispensando
o pagamento de IPVA incidente sobre os veículos integrantes desse
novo subconjunto.

Assim sendo, é sabido, pois, que o Estado poderá, ou não, instituir a isenção
do pagamento de IPVA para quaisquer subconjunto, ficando a livre cargo do ente
fazê-la. “Perceba-se que o desenho da competência do Estado não se altera com a
concessão da isenção, pois, como afirmado, a isenção opera no exercício, e não na
limitação da competência” (ALEXANDRE, 2011, p. 178).

Ademais, ressalta-se que aqui aparece a expressão “veículos adaptados


pertencentes a pessoas portadoras de deficiência física que exijam adaptação
dos respectivos automóveis”.

A legislação do Estado do Rio Grande do Sul, na Lei n° 8.115/85, que trata do


IPVA, inicialmente previa, em seu artigo 4°, a concessão de isenção do IPVA, dentre
outras possibilidades, para veículos adaptados pertencentes a pessoas portadoras
de deficiência física que exijam adaptação dos respectivos automóveis.

Vejamos:

Art. 4.º São isentos do imposto:

[...]
29

VI - os deficientes físicos e os paraplégicos, proprietários de veículos


automotores, de uso terrestre e de fabricação nacional ou
estrangeira, em relação ao veículo adaptado às necessidades de seu
proprietário, em razão da deficiência física ou da paraplegia;

Verifica-se, então, que a lei primeiramente garantia a isenção para os


deficientes físicos que utilizassem seu veículo automotor adaptado a sua deficiência,
discriminando, pois, exatamente quais seriam as condições para a concessão do
benefício para esse determinado grupo.

Todavia, após reiteradas decisões do Tribunal de Justiça do Rio Grande do


Sul garantindo a isenção para os demais tipos de deficiência, mesmo que a lei fosse
clara quanto às especificidades e condições da concessão da isenção apenas para
deficientes físicos, e através da Lei estadual nº 13.320/09, que consolida a
legislação relativa à pessoa com deficiência, e, por fim, com a chegada da Lei n°
estadual nº 14.381/13, o inciso VI, do artigo 4°, da Lei estadual nº 8.115/85, ficou
com seguinte redação:

Art. 4.º São isentos do imposto:


[...]
VI - os portadores de deficiência física, visual, mental severa ou
profunda, ou autistas, proprietários de veículo automotor de uso
terrestre, obedecidas as condições previstas no Regulamento do
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores e nas
instruções baixadas pela Receita Estadual;

Assim, após as decisões judiciais estenderem a isenção fiscal para


deficientes visuais, mentais e autistas, sob o argumento de, principalmente, estarem
garantindo aos cidadãos o princípio da dignidade da pessoa humana, o Poder
Judiciário acabou figurando como legislador atípico, assunto que será tratado a
seguir.

2.2 Princípio da dignidade da pessoa humana x Lei de Responsabilidade Fiscal

Considerando que o principal argumento das decisões judiciais para deferir


isenções para todos os tipos de deficientes é o Princípio da Dignidade da Pessoa
Humana, temos que tecer algumas considerações e estabelecer alguns conceitos
sobre este importante princípio.
30

Todavia, um conceito preciso do princípio em tela, tendo em vista a vastidão


de considerações que o rodeiam, é de difícil definição. Para Sarlet (2012, p. 49), é
questionável a viabilidade de, eventualmente se alcançar um conceito satisfatório.
Para o doutrinador, já houve quem o definisse como sendo “uma tese não
interpretada”, vez que cuida de conceito de contornos vagos e, muitas vezes,
imprecisos.

Assim continuou discorrendo Sarlet (2012, p. 50)

Uma das principais dificuldades, todavia – e aqui recolhemos a lição


de Michael Sachs – reside no fato de que no caso da dignidade da
pessoa, diversamente do que ocorre com as demais normas
jusfundamentais, não se cuida de aspectos mais ou menos
específicos da existência humana (integridade física, intimidade,
vida, propriedade, etc), mas sim, de uma qualidade tida como
inerente ou, como preferem outros, atribuída a todo e qualquer ser
humano, de tal sorte que a dignidade – como já restou evidenciado –
passou a ser habitualmente definida como constituindo o valor
próprio que identifica o ser como tal.

O doutrinador Sarlet (2012, p.51), ainda afirma que a doutrina majoritária, em


conjunto com as jurisprudência, ao tentar construir uma noção jurídica de dignidade,
cuidaram, através dos tempos, em estabelecer apenas alguns contornos basilares
do conceito, não se podendo falar, todavia, em definição genérica ou abstrata
consensualmente aceita, muito menos uma definição fixa, visto tratar-se, assim
como os demais valores e princípios jurídicos, de uma axiológica aberta.

Nunes (2010, p. 67), em seu entendimento sobre o tema:

Assim, caminhando para a conclusão, é necessária repetir: a


dignidade humana é um valor preenchido a priori, isto é, todo ser
humano tem dignidade só pelo fato de já ser pessoa. Se – como se
dize como se viu em nossa proposta de definição – é difícil a fixação
semântica do sentido de dignidade isso não é implica que ela possa
ser violada. Como dito, ela é a primeira garantia das pessoas e a
última instância da guarida dos direitos fundamentais. E é visível a
sua violação, quando ocorre. Ou, em outros termos, mesmo que se
possa postular por posições diversas na definição do conceito de
dignidade, isso não impede que na prática social se possam apontar
as violações reais que contra ela se realizem.
31

Assim, mesmo considerando que o Princípio da Dignidade da Pessoa


Humana é de difícil conceituação se deve concluir que é fácil mensurar quando e de
que forma a dignidade de certa pessoa está sendo violada.

Dessa forma, cabe a cada um interpretar, à sua maneira, se a não incidência


de certa isenção para alguma classe (sejam deficientes físicos, mentais, visuais etc)
feriria esta classe de maneira a poder se dizer que fora violado o Princípio
Fundamental máximo de nossa Carta Magna. Resta aqui o questionamento a ser
feito sobre o tema: a negação de isenção para uma pessoa que, por exemplo, é
portadora de deficiência visual, e que por óbvio não poderá desfrutar do uso de um
veículo automotor, iria ferir a sua dignidade como pessoa? Ou lhe parece que é
apenas o uso de um artifício para obter vantagem patrimonial.

O doutrinador Sarlet (2012, p. 53, grifo nosso) continuou seus apontamentos


sobre o assunto na seguinte esteira:

Assim, vale lembrar que a dignidade evidentemente não existe


apenas onde é reconhecida pelo Direito e na medida que este a
reconhece. Todavia, importa não olvidar que o Direito poderá exercer
papel crucial na sua proteção e promoção, não sendo, portanto,
completamente sem fundamento que se sustentou até mesmo a
dignidade da pessoa humana, na medida em que, em última análise,
se cuida do valor próprio, da natureza do ser humano como tal. No
entanto, quando se cuida de aferir a existência de ofensas à
dignidade, não há como prescindir de uma clarificação quanto ao que
se estende por dignidade da pessoa, justamente para que se possa
constatar e, o que é mais importante, coibir eventuais violações. Em
verdade, a dignidade é tida como intangível pelo fato de que assim
foi decidido, na medida e no sentido em que se decidiu, o que
demonstra como se pode chegar a resultados tão díspares e até
mesmo conflitantes entre si, na aplicação concreta da noção de
dignidade da pessoa.

Conforme o exposto, o doutrinador admite que a aplicação do Princípio da


Dignidade da Pessoa Humana, em sua aplicação em casos práticos do dia a dia
forense, poderá ter, usando suas palavras, resultados díspares e até mesmo
conflitantes entre si. Dessa forma que devem ser interpretas as reiteradas decisões
judiciais com o uso do “coringa do Princípio da Dignidade da Pessoa” (chamado
assim, pois sempre que há uma lacuna ou uma má interpretação na lei ele é usado),
como tendo origem em resultados díspares do que se considera o ideal.
32

Ademais, há que se aferir que, de toda decisão judicial, haverá alguma


consequência jurídica da sentença final. No caso em que estamos tratando, as
decisões acabaram por tornar o Poder Judiciário como legislador atípico, ferindo
assim outro princípio importantíssimo, consagrado no artigo 2°, da Constituição
Federal: o Princípio da Separação dos Poderes.

Explica-se que o Judiciário atuou como legislador atípico uma vez que, ao
tornar jurisprudência pacífica o deferimento de isenções para todos os tipos de
deficientes, a Lei Estadual que regula o IPVA acabou por ser modificada para tornar
legal a concessão da isenção à todos os tipos de deficiência.

Sobre a importância do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana nas


relações interpessoais, temos que não há o que se falar em desconsiderar a sua
essência e o seu uso. Assim nos ensina Nunes (2010, p. 59, grifo nosso),

Existem autores que entendem que é a isonomia a principal garantia


constitucional, como, efetivamente, ela é importante. Contudo, no
atual Diploma Constitucional, pensamos que o principal direito
fundamental constitucionalmente garantido é o da dignidade da
pessoa humana. É ela, a dignidade, o primeiro fundamento de todo o
sistema constitucional posto e o último arcabouço da guarida dos
direitos individuais. A isonomia serve, é verdade, para geral o
equilíbrio real, porém visando concretizar o direito à dignidade. É a
dignidade que dá a direção, o comando a ser considerado
primeiramente pelo intérprete. Coloque-se então, desde já que, após
a soberania, aparece no Texto Constitucional a dignidade como
fundamento da República brasileira. Leiamos o art. 1°: A República
Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como seus fundamentos: I – a soberania; II – a
cidadania; III – o princípio da dignidade da pessoa humana.

Gize-se, aqui, que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana não deveria,


por lógico, simplesmente ser ignorado pelo Poder Judiciário. Entretanto, os órgãos
julgadores deveriam tomar o cuidado necessário para não banalizar o mais
importante princípio da Constituição Federal, de modo que ele não fosse aproveitado
para satisfazer demandas unicamente patrimoniais dos cidadãos que buscassem
sua utilização.
33

Ainda, é de se salientar que o indeferimento do benefício não se


caracterizaria em hipótese alguma como discriminação aos diferentes tipos de
portadores de deficiências. Isso ocorre em razão de que para cada deficiência se
impõe determinado tipo de obstáculo para o bom andar da vida. É a velha máxima
de que não há como tratar igualmente os desiguais. Usa-se o termo desiguais pois
se verá que a própria lei tratou de tratá-los de forma diferente.

Nesse condão, a própria lei acabou por diferenciar, então, os diferentes tipos
de deficiências, conforme dispõe o artigo 4°, do Decreto n° 3.298/99, que trata da
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida
as normas de proteção, e dá outras providências, vejamos:

Art. 4°. É considerada pessoa portadora de deficiência a que se


enquadra nas seguintes categorias:
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da
função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência
de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita
ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não
produzam dificuldades para o desempenho de funções;
II - deficiência auditiva - perda parcial ou total das possibilidades
auditivas sonoras, variando de graus e níveis na forma seguinte:
a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve;
b) de 41 a 55 db - surdez moderada;
c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;
d) de 71 a 90 db - surdez severa;
e) acima de 91 db - surdez profunda; e
f) anacusia;
III - deficiência visual - acuidade visual igual ou menor que 20/200 no
melhor olho, após a melhor correção, ou campo visual inferior a 20º
(tabela de Snellen), ou ocorrência simultânea de ambas as situações;
I - deficiência física - alteração completa ou parcial de um ou mais
segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da
função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia,
paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia,
triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou
ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com
deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades
estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de
funções; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
II - deficiência auditiva - perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e
um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de
500HZ, 1.000HZ, 2.000Hz e 3.000Hz; (Redação dada pelo Decreto
nº 5.296, de 2004)
34

III - deficiência visual - cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou


menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a
baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória
da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor
que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições
anteriores; (Redação dada pelo Decreto nº 5.296, de 2004)
IV - deficiência mental - funcionamento intelectual significativamente
inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e
limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades
adaptativas, tais como:
a) comunicação;
b) cuidado pessoal;
c) habilidades sociais;
d) utilização da comunidade;
d) utilização dos recursos da comunidade; (Redação dada pelo
Decreto nº 5.296, de 2004)
e) saúde e segurança;
f) habilidades acadêmicas;
g) lazer; e
h) trabalho;
V - deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências.

Assim sendo, a própria legislação federal tratou de fazer a diferenciação,


elencando no longo artigo acima descrito as categorias diferentes de deficientes.
Disso, conclui-se que, se todas fossem exatamente iguais, assim como foi o
entendimento do Poder Judiciário em seus julgados, não haveria a necessidade do
texto legal promover a classificação em deficiências física, auditiva, visual, mental e
múltipla.

Ademais, vejamos que o texto constitucional, mais precisamente no


artigo 150, II, da Constituição Federal, traz a seguinte redação:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao


contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de
ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos
ou direitos;

Aqui se salienta, novamente, que não se aplica a ideia de tratamento desigual


entre as variadas categorias de deficientes, vez que a própria lei, conforme já
discorrido, tratou de diferenciá-los.
35

Ainda, por óbvio que a isenção para deficientes físicos com o carro adaptado
tinha por principal objetivo fomentar a inserção desse grupo na sociedade por meio
do veículo, onde poderiam fazer exatamente aquilo que os demais cidadãos faziam,
de forma que sua restrição física ficasse esquecida, consagrando assim o já
comentado Princípio da Dignidade da Pessoa Humana

Dessa forma, não há argumento plausível para que fosse concedida às


demais categorias de deficiência, uma vez que não se pode imaginar que a mesma
inserção na sociedade fosse acontecer, por exemplo, com um deficiente mental.

É importante ressaltar também o impacto que as isenções dadas a esmo para


as diferentes categorias de deficientes teve nos cofres do Erário. Isso porque, como
veremos, ao ser efetuada quaisquer renúncias de receita (como por exemplo, uma
isenção ou anistia), ocorre uma diminuição de ativos ao Estado. A renúncia de
receitas compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de
isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de
cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros
benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

Nesse sentido, definiu Torres (2013, p. 195, grifo nosso):

Importante observar que, para o equilíbrio orçamentário, torna-se


necessário não só diminuir a despesa pública como também evitar as
renúncias de receita. A expressão “renúncia de receita”,
equivalente a “gasto tributário”, entrou na linguagem orçamentária
americana nas últimas décadas e adquiriu dimensão universal pelos
trabalhos de Surray. Gastos tributários ou renúncias de receita são
os mecanismos financeiros empregados na vertente da receita
pública (isenção fiscal, redução da base de cálculo ou da alíquota
do imposto, depreciações para efeito de imposto de renda etc.) que
produzem os mesmos resultados econômicos da despesa pública
(subvenções, subsídios, restituições de impostos etc.).

Sendo assim, toda renúncia de receita equivale a uma simples despesa


pública. Dessa forma, se deve crer que ao efetuar uma renúncia de receita, o ente
público estatal deve estar, de alguma forma, pensando em prol dos cidadãos,
efetuando uma melhoria, ou, então, promovendo a extrafiscalidade. É nesse condão
36

que todas as renúncias de receita devem vir acompanhadas de um estudo do


impacto financeiro que o Erário irá ter.

Vejamos o que discorre Machado (2013, p. 162), acerca dos requisitos


necessários para concessão de uma renúncia de receita:

O art. 14 da LC 101/2000 contém as disposições legais gerais


relativas à matéria, e traz como requisitos para a concessão: i) a
realização da “estimativa do impacto orçamentário-financeiro no
exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes”; ii) a
necessidade de atenção ao que dispõe a Lei de Diretrizes
Orçamentárias e pelo menos uma das seguintes condições: ii.1)
demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na
estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de
que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo
próprio de lei de diretrizes orçamentárias” (14); ii.2) estar
acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado
no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação
de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de
tributo ou contribuição, caso no qual o benefício somente entrará em
vigor quando implementadas as referidas medidas (art. 14 parágrafo
2°.).

Resta explícito, pois, que qualquer renúncia de receita, dentre elas a isenção,
deve vir acompanhada de uma série de requisitos. Nesses requisitos, destaca-se a
estimativa do impacto financeiro que irá gerar aos cofres públicos. Dessa forma, não
há outra maneira de se concluir que, ao deferir isenções não previstas em lei, ou
seja, que não tiveram um estudo de impacto de financeiro, o Poder Judiciário estará
retirando ativos dos cofres públicos que não estavam previstos inicialmente.

O Poder Judiciário não poderia, em hipótese alguma, atuar como legislador


atípico nos casos em que envolve isenção e renúncia de receita, vez que constituem
requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e
efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da
Federação. Desta forma, os entes possuem tributos de competência própria e
devem explorar efetivamente seu potencial arrecadatório. Todavia, cabe ao Poder
Legislativo de cada ente instituir renúncia de receitas, após o efetivo estudo do
impacto gerado. “O texto constitucional prevê a necessidade de lei específica para a
concessão de todo e qualquer benefício (art. 150, parágrafo 6°, CF).” (OLIVEIRA,
2013, p. 162).
37

2.3. A jurisprudência no TJRS

Ao analisar alguns casos concretos, veremos que diversos foram os julgados


de procedência para as demandas em que contribuintes requeriam a isenção de
IPVA para as variadas categorias de deficientes.

Vejamos a seguinte ementa:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO. ICMS. IPVA. ISENÇÃO.


VEÍCULO. INCAPACIDADE DE DIRIGIR. Ainda que a norma
isencional mereça interpretação literal, conforme dispõe o CTN (art.
111), não é possível restringir o tipo de deficiência e de adaptação do
veículo para fins de aplicação da regra prevista no art. 55 da Lei
8820/89 e art. 4º da Lei Estadual 8115/85. Não poderia a norma
desigualar os contribuintes com a mesma capacidade contributiva em
razão da sua deficiência (mental ou física, parcial ou total). Tal
postura vai de encontro ao postulado da isonomia previsto
constitucionalmente. Ademais, deve ser considerada a dignidade da
pessoa humana, o fundamento da República previsto no art. 1º, III,
da CF, de forma a assegurar uma vida com dignidade às pessoas
portadoras de deficiência. Subsiste o direito à isenção, ainda que não
seja ele adaptado e possa, eventualmente, ser conduzida por outra
pessoa (ante a incapacidade de dirigir do autor). Precedentes.
APELO DESPROVIDO. VOTO VENCIDO. REDATOR O REVISOR.
(Apelação Cível Nº 70056485360, Primeira Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal, Julgado
em 20/11/2013)

No caso acima exposto, o requerente teve seu pedido julgado procedente,


exatamente sob a argumentação do princípio da dignidade da pessoa humana. Ora,
há a informação expressa de que o demandante não possuía capacidade para dirigir
veículo automotor. Ademais, a legislação à época do julgado era clara ao conceder a
isenção apenas para deficientes físicos com o carro adaptado. Outrossim, o acórdão
proferido fala que “não poderia a norma desigualar os contribuintes com a mesma
capacidade contributiva em razão de sua deficiência”. Todavia, já restou largamente
argumentada que foi a própria lei que tratou de diferenciar os variados tipos de
deficiência.

Nesse condão, há de se analisar outro julgado:


38

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. AQUISIÇÃO


DE VEÍCULO AUTOMOTOR COM ISENÇÃO DE ICMS E IPVA POR
PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA VISUAL. AUTOMÓVEL A
SER CONDUZIDO POR TERCEIRO. POSSIBILIDADE.
HONORÁRIOS. MINORAÇÃO. INVIABILIDADE. ISENÇÃO DO
PAGAMENTO DE DESPESAS PROCESSUAIS RELATIVAS À
CONDUÇÃO DO OFICIAL DE JUSTIÇA. POSSIBILIDADE. 1.
Mesmo que a legislação estadual restrinja a isenção do IPVA e do
ICMS aos veículos automotores adaptados às necessidades do
adquirente, em razão de deficiência física ou paraplegia (Decreto nº
37.699/97, art. 9º, XI, e Lei nº 8.115/85, art. 4º, VI), a proteção das
pessoas portadoras de deficiências não se limita somente a esta
hipótese. Extensão da isenção aos deficientes visuais que, não
podendo utilizar transporte público, e nem dirigir seu próprio veículo,
adquirirem o bem (veículo automotor) em nome e para uso próprios,
mas para que conduzidos por terceira pessoa. 2. A verba honorária
deve ser mantida, porquanto o valor arbitrado ("15% sobre o valor da
ação") atende ao disposto no § 4º do art. 20 do CPC. 3. Os Oficiais
de Justiça recebem mensalmente uma gratificação sobre os seus
vencimentos básicos, para o custeio das despesas levadas a efeito
com o cumprimento de determinações judiciais, razão pela qual
obrigar a Fazenda Pública Estadual a arcar com o pagamento do
auxílio-condução implica dupla oneração dos cofres públicos sob o
mesmo fundamento, o que não pode prevalecer. APELAÇÃO
PARCIALMENTE PROVIDA, POR MAIORIA. (Apelação Cível Nº
70055185003, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Arno Werlang, Julgado em 25/09/2013).

Conforme o exposto, esse é mais um caso em que conferida isenção ao


surrupio da lei vigente à época. De conforme, até os próprios julgadores
mencionaram que “mesmo que a legislação estadual restrinja a isenção do IPVA e
do ICMS aos veículos automotores adaptados às necessidades do adquirente, em
razão de deficiência física ou paraplegia”, e, mesmo com a referida menção e com o
fato de que o requerente era deficiente visual (o que significa, por óbvio, que jamais
poderia dirigir seu próprio carro), assim mesmo se convenceram de que deveriam
conceder o benefício.

Por fim, veremos, é colacionado um julgado de improcedência do pedido, uma


vez que o demandante não se provou deficiente de nenhuma categoria, vejamos:

Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. TRIBUTÁRIO. ICMS. IPVA. ISENÇÃO.


Em relação ao ICMS, dispõe a lei estadual (art. 55 da Lei 8820/89)
que são isentas as saídas de veículos automotores adaptados às
necessidades de seus adquirentes em razão de deficiência física ou
paraplegia. No mesmo sentido o art. 4º da Lei Estadual 8115/85,
para fins de IPVA. Ainda assim, este Tribunal tem concedido a
isenção sem restringir o tipo de deficiência (mental ou física, parcial
39

ou total), mas sempre para pessoas com algum tipo de deficiência.


No caso dos autos, o autor não é deficiente físico, tampouco mental.
Sofre de neoplasia e, quanto muito, tal situação poderia lhe
assegurar isenção para fins de imposto sobre a renda, mas não para
adquirir veículo automotor. Outrossim, a necessidade de utilizar
lentes e prótese auditiva não qualifica o autor como deficiente físico
para fins de isenção. NEGADO PROVIMENTO. (Apelação Cível Nº
70048189096, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Carlos Roberto Lofego Canibal, Julgado em 12/12/2012)

Atenta-se, neste julgado, ao fato de que o próprio Tribunal de Justiça admite


que tem dado isenções fiscais para todas as categorias de deficientes, sem
diferenciá-las. O recurso só teve negado seu provimento pelo fato do recorrente não
ter conseguido provar se enquadrar em algumas das categorias de deficiência.

É de se salientar que todos os julgados colacionados são de data anterior à


vigência da Lei estadual n° 14.381/13, que alterou o art° 4, inciso VI, da Lei estadual
nº 8.115/85, para conceder isenção para todos os deficientes. Assim sendo, estas
foram algumas decisões que contribuíram para a mudança da letra da lei.

Assim, acabamos por ver alguns casos práticos onde o Poder Judiciário, ao
julgar suas demandas, acabou por agir como um legislador atípico, ao julgar
inúmeras demandas de forma idêntica, causando certo prejuízo ao Erário, vez que
as isenções concedidas não estavam prevista no orçamento do ente público.
40

CONCLUSÃO

Após todo o estudo do presente trabalho, conclui-se que as isenções


fiscais do IPVA para deficientes, concedidas pelo Poder Judiciário/RS
através da interpretação extensiva de dispositivo de Lei, não são
vantajosas para a população em geral, pois se deve levar em
consideração que a tributação tem influência direta na atividade
econômica, sendo a principal fonte de recursos do Poder Público.

Verificou-se que a isenção do tributo de IPVA no Rio Grande do Sul


sempre foi alvo de estimativa de impacto financeiro e de medidas de
compensação, exigidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Todavia, ao
julgar procedente demandas que requeriam a isenção para deficientes de
variadas categorias, o Poder Judiciário acabou por ferir diretamente o
que discorre a referida lei, vez que as isenções deferidas não estavam
previstas no orçamento do Estado.

Ademais, foi concluído que o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana


foi usado como “coringa” do Poder Judiciário/RS para resolução de
demandas meramente patrimoniais, através de interpretações extensivas
dos dispositivos legais, sem se preocupar com outros dispositivos
legais também importantes e aplicáveis, como o da obrigação de
estimativa de impacto financeiro e medidas de compensação, exigidas
pela Lei de Responsabilidade Fiscal, no caso de renúncia de receitas.

Dessa forma, é de concluir que ao causar danos ao Erário Público, quando do


deferimento das isenções por mera deliberação e sem um
estudo responsável de seus impactos, o Poder Judiciário está prestando
um desserviço à população do Estado do Rio Grande do Sul, que há anos
já vê os cofres públicos quase à bancarrota, e que se deparou com mais
uma despesa pública não prevista em lei.
41

REFERÊNCIAS

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Método, 2011, 5. ed.

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