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FUNDAMENTAL
Universo Batuqueiro
Por
Alexandre H. Custódio
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Não é legalmente permitido reproduzir, duplicar ou transmitir qualquer parte deste
documento em meios eletrônicos ou impressos. A gravação desta publicação é estritamente
proibida.
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Este livro é dedicado a:
Todos que assim como eu encaram o Batuque com amor e seriedade, nada menos que
o Batuque merece, cada batuqueiro deve primeiramente saber o que cultua para descobrir
quem é, pois nele tudo tem fundamento e uma resposta para o porquê de se estar fazendo,
como também quando e como fazer. Mas essa resposta nunca pode ser porque sim. Somos
descendentes de divindades e temos nossos ancestrais como guias, devemos seguir seus
exemplos e corrigir seus equívocos pois o Batuque não é nosso ele pertence sempre a
próxima geração, e devemos fazer o possível para entregarmos ele melhor do que recebemos.
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Sumário
Introdução......................................................................................................................1
Universo Batuqueiro da Entrada até o Sacerdócio.........................................................2
Olodumare......................................................................................................................5
Divindades......................................................................................................................8
Bará........................................................................................................................
Ogun......................................................................................................................
Oyá.........................................................................................................................
Xangô.....................................................................................................................
Ibeji........................................................................................................................
Ode.........................................................................................................................
Otim.......................................................................................................................
Ossanha..................................................................................................................
Xapanã...................................................................................................................
Oba.........................................................................................................................
Oxum.....................................................................................................................
Iemanjá..................................................................................................................
Oxalá......................................................................................................................
Agrupamentos......................................................................................................74
Guias....................................................................................................................75
Ferramentas:.........................................................................................................76
Cozinha................................................................................................................76
Ritualística............................................................................................................76
História.........................................................................................................................77
O conhecimento comum......................................................................................77
Os ecos que ainda ouvimos do passado...............................................................77
O que mudou........................................................................................................77
E quem mudou.....................................................................................................77
A perda do Norte..................................................................................................77
A demonização do Conhecimento.......................................................................77
O conhecimento comum......................................................................................77
O que significa realinhamento.............................................................................77
iv
NO BATUQUE............................................................................................................78
Epílogo/Conclusão.......................................................................................................79
Bibliografia..................................................................................................................80
Agradecimentos............................................................................................................81
Sobre o autor................................................................................................................82
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Introdução
Obrigado por adquirir esse trabalho que visa colocar luz, sobre a dinâmica do cotidiano de
um religioso integrante do Batuque, esclarecendo toda a simbologia empregada na religião.
Vamos falar um pouco de Batuque, nada que adentre aos fundamentos, apenas os conceitos
que circundam nossos ritos e tradições, coisa que eu notei serem pouco discutidas e que são
usos e costumes executados quase que mecanicamente e que muitos apenas fazem sem
muitas vezes saber explicar o motivo, dado o número de pessoas que ficam surpresas, quando
de passagem citamos algo em uma conversa, mas que desperta a curiosidade dos mesmos
vem no privado perguntar sobre tais colocações.
Não estamos com esse trabalho querendo ditar regras, e vamos nos emprenhar ao máximo
para colocar os pontos de vista de cada tradição do Batuque, sobre o tema elencado para
abranger o máximo possível do espectro do Batuque.
Nossa intenção é fornecer um panorama agradável de introdução os principais temas que
geram questionamentos para recém iniciados do Batuque. Dúvidas que eu também tive e
coisas que tive a oportunidade de ouvir em serões e xirês e muito estudo e pesquisa. Ainda
assim nesse trabalho não vou querer reinventar a roda muito do que eu falo aqui é fruto de
trabalho de terceiros ao quais eu devidamente cito e dou créditos, principalmente no que
tange aos costumes tradicionais iorubá. Quase sempre usando materiais da OrisaBrasil
oriundo da Asa Orisa Alaafin Oyo ambas as produtoras de materiais confieveis e de
qualidade.
O que fiz foi apenas concatenar tudo isso, trazer para dentro do escopo do universo do
Batuque, para mostrar para o batuqueiro que ele deve se orgulhar do que preservermos,
também reconhecer onde bifurcamos, pois o Batuque é nosso maior patrimonio e a matriz
nossa unica origem.
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
O Batuque como a maioria das religiões afro-brasileiras em seu princípio for transmitida
através da oralidade, costume oriundo do seu povo de origem que aderiu a escrita muito
tempo depois, embora toda a sua liturgia se baseie nas religiões indígenas iorubás (Ìsèse), a
religião formatada aqui sofreu adaptações necessárias à sua sobrevivência. Antes de entrar
realmente no Batuque o que um não iniciado tem acesso muitas vezes é apenas as
festas(xirês), jogos e ebós prescritos quando esses eram ainda clientes de um sacerdote,
passando a conhecer a estrutura religiosa somente após a sua iniciação onde a partir daí passa
ter aprofundada sua visão do universo religioso.
No Batuque seguimos o rito nagô, nome pelo qual era chamado o Batuque em seu princípio
podendo ser visto estampado no discos do alabe Abelardo Pereira, ou apenas Nação.
E para alargar esse universo que ano após ano vem se compactando abaixo vamos colocar
informações importantes sobre o culto os orixás vindos da matriz e trazidas pela Iya Renata
Barcelos, o Texto está praticamente não integra:
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
2- O culto dos orisa nasceu na Nigéria e é muito vivo até hoje. O culto Vodun nasceu em
togo, Benin antigo Daomé. Inkisse nasceu em Angola/Congo. Ile-Ifé – Nigéria é a
primeira cidade a aparecer na mitologia Yoruba como a origem da vida na terra. Ile
Ifé traduzindo significa – terra em expansão, Olodumare é o Deus Yoruba e Obatala é
quem criou os humanos.
3- Na Nigéria os cultos dos Orisa são separados (uma família pode cultuar um outro
orisa) mas normalmente é especializado em 1 – Culto a Osun, Culto a Orunmilá,
Culto a Sango, Culto a Yemoja. Quando precisam de um outro Orisa é comum que
chamem um sacerdote do culto especializado.
7- kabiyesi não é uma saudação exclusiva de Sango e significa majestade, pode ser usada
até mesmo para Obaluaye e alguns outros Orisa. Mas o surgimento é com Orisa
Sango.
8- Yemoja é uma deidade definitivamente do Rio em terras Yoruba. Odo iya = mãe do
rio, a saudação mais comum encontrada é Epa omi o! Eepa Yemoja oo.
10 – Gele é o nome do pano que se amarra na cabeça. Fila é chapéu, Ade coroa.
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12- Muitos Orisa na Nigeria levam SAL direto no seu local de culto, e quando falamos isso é
abrir o saco de sal, pegam um punhadinho e colocam no Orisa como, Ogun, Olokun.
13-muitos Yorubas frequentadores do culto Esin orisa ebile podem nunca ter visto um Orisa
(manifestado) com seus próprios olhos.
14 – Na Nigéria quando o Elegun está possuído pelo orisa, ele poderá correr, cantar, falar,
dançar, rezar sair pelas ruas... ou seja é ele quem está no comando.
15 – Na Nigéria, não é obrigatório ter capacidades mediúnicas para ter uma iniciação de
Orisa, quem determina a iniciação a Orisa é o oráculo e não se a pessoa entra em
transe/possessão.
16 – Amala de Sango na Nigéria é feito com Inhame, alguns lugares oferecem uma iguaria
chamada ilasa com quiabo como acompanhamento do carboidrato, mas o quiabo não é a
estrela do prato de Sango. O inhame é comido oferecida de muitas maneiras para os orisa na
Nigéria, assado para Ogun, Esu, Osoosi, em forma de Amala para Sango Oya, pilado para
Yemoja entre outros.
18- Erindilogun Nigéria – jogo de búzios, na Nigéria, quem sempre responderá o oráculo é o
orisa do culto a qual o oráculo foi consagrado. Se um sacerdote de Yemoja, quem responde O
Erindilogun é Yemoja. O Erindilogun na Nigéria é interpretado por 16 Odu, ou seja, cada odu
compõe mais de 100 histórias, na qual o sacerdote ou sacerdotisa deverá ter memorizado para
fazer a adivinhação.
19- Não encontramos relatos que uma mesma passou por 3 ou mais atos iniciativos a um
mesmo Orisa. Você inicia em Orisa 1 vez. Alguns membros do culto de Sango, afirmaram
em vídeo da Asa Orisa Alaafin Oyo, que uma vez iniciado em Sango, só se raspara a cabeça
novamente quando a pessoa morrer. Encontramos algumas pessoas iniciadas em mais de um
orisa, como Yemoja e Orunmilá, Oya e Orunmilá etc., alguns cultos permitem que tenha
iniciações em vários Orisa. Outros alguns cultos e mais tradicionalmente não aceitam que
seus integrantes se iniciem em mais de um Orisa depois de ter recebido o idosu do Orisa na
cabeça. Outra coisa que notamos é que pessoas podem cultuar orisa mesmo sem a iniciação
completa, através de prescrição e orientação oracular, elas podem receber o Igba para culto,
sem que elas tenham passado por um processo iniciativo completo.
21 – O eewo de Obatala é emu e não todas as bebidas alcoólicas, filhos do orisa podem beber
sekete (espécie de cerveja de milho) – se não for eewo determinado pelo oraculo. A mesma
bebida que é usada por alguns cultos Orisa.
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22 – Para devotos de Orisa na Nigéria os dias da semana são divididos em 4 dias. Onde são
feitos os Ose dos Orisa.
Fonte: https://orisabrasil.com.br/Loja/21-coisas-que-voce-talvez-nao-saiba-sobre-o-culto-
orisa-esin-orisa-ibili-nigeria/
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Olodumare
Não importa qual a vertente de matriz Ioruba que se siga é de conhecimento comum que
Olodumare não interfere no plano terreno, delegando aos orixás o comando do aye, mas isso
não o torna uma divindade estática, um local de onde determinado orixá retira o axé(poder) o
qual usam conforme sua necessidade e vontade.
Olodumare criou as divindades, fato indiscutível dentro da religião ioruba esse ato de criar já
torna Olodumare um ser dinâmico, consciente, detentor do poder dotado de conhecimento e
iniciativa, poderíamos acrescentar aqui um número incontável de atributos e aspectos a serem
acrescidos a Olodumare, mas o primeiro é a consciência, pois a partir daí nasce a ação e a
ordem. Bom acreditamos que Olodumare é o princípio de tudo antes dele tudo que existia era
o nada. Então devemos ver Olodumare como uma força que se opôs ao nada e ao tomar
consciência de si e de toda a sua capacidade o que para nós é incalculável dada as nossas
limitações. Decide criar e tudo que é criado tem que ocupar um espaço esse espaço é o nada
preenchido por Olodumare.
Por mais que eu tente reduzir em palavras, para tentar explicar, Olodumare é o tudo em
oposição ao nada, e nós e tudo mais que existe estamos dentro dessa oposição. Mas não me
entendam errado criação e destruição estão em Olodumare o nada é estéril, Olodumare é o
princípio transformador que dotado de consciência, criação e destruição, ordem e caos, são
reflexos da oposição de Olodumare ao nada.
Não existia nada antes de Olodumare, talvez devêssemos reformular, existia nada antes de
Olodumare e esse nada sem forma sem nome, é desse nada que nasceu Olodumare, em
oposição a este mesmo nada. Talvez dentro do nosso entendimento temos o nada como a
falta, pois se abrirmos a nossa mão mesmo enquanto vazias existe algo ali, mas o nada de
onde vem Olodumare é inerte, enquanto temos em Olodumare ação, poder e conhecimento.
Olodumare pode criar do nada o que quiser. Portanto só existe vida dentro dos limites de
Olodumare criou. O limite de Olodumare é o nada. Olodumare se expande sobre o nada.
Com exceção do dia que nascemos e o dia que é suposto que iremos morrer, não há um único
evento na vida que não possa ser previsto, mudado e necessário sempre em última instancia
com a permissão de Olódùmarè e esse é um dom que ele nos concedeu. Olódùmarè é a força
criativa central.
A existência de Olódùmarè, mais que um pressuposto, é verdade fundamental, ponto de
partida para qualquer discurso religioso. É como se primeiro, reconhecêssemos a sua
existência, depois procurássemos a ponte capaz de nos levar a ele. Quando o mundo começou
pelo que narram os itans, havia convivência entre as divindades e os seres humanos, todos
podiam ir ao Òrun e voltar quando desejassem. Não havia limitações entre o Òrun e o Aiye.
Então, alguma coisa aconteceu e um extenso espaço surgiu e foi aumentando entre o Òrun e o
Aiye. A história do que aconteceu é contada de várias formas, e todas levam a um só motivo.
O homem errou e uma barreira se levantou. O privilégio da livre comunicação desapareceu
em troca do diálogo indireto através das diferentes formas oraculares estabelecidas. Pois
através dos oráculos alcançamos as divindades e pelas divindades alcançamos Olodumare.
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OLODUMARÉ é na religião YORUBÁ o Deus único, supremo, onipotente e criador de tudo o que existe. Seu
nome provém do YORUBÁ OLÒDÚMÀRÉ, o qual significa (senhor o qual é nosso eterno destino).
OLODUMARÉ é a manifestação material e espiritual de tudo existente. Não está em contato direto com os
homens, mas sim em sua outra forma, OLORÚN (diretamente) ou OLÓFIN (indiretamente). Não se assenta,
não se oferta nada, nem possui colares ou fios de conta.
Os YORUBÁS o representam em um guiro (cabaça) com duas metades, a superior os estados astrais elevados e
a inferior a Terra. Cada vez que se menciona seu nome, deve-se tocar o chão e depois beijar os dedos.
Os YORUBÁS não tinham estátuas, nem tampouco altares para representar ao DEUS OLODUMARÉ.
Consideram OLODUMARÉ o ser supremo onipotente e primordial, autor dos destinos de cada coisa vivente,
pai de todos os ORISHÁS e da vida. Todos podemos experimentar a presença de Deus de uma forma diferente,
é por isso que não há emblemas ou sinais para representá-lo.
Em IFÁ e na Regra de OSHA o ser supremo é puro e, portanto, o associamos branca, desta forma se pode
desenhar um círculo com ase ou com Efun e dentro do círculo pode estar um símbolo da eternidade ou infinito.
ELEDÁ: Esta palavra significa o criador. Seu nome indica que o ser Supremo é o responsável por toda a
criação, assim como da própria existência e a fonte de todas as coisas.
ALAAYÉ: É a potência vital. É o sempre vivo ser Supremo como é conhecido pelos YORUBÁS, é sempre vivo
ou eterno. Nunca morreu. Por isso o povo diz: A KÌ ÍGBÓ IKÚ (nunca ouvimos da morte de OLODUMARÉ)
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ELEMIÍ: O dono da vida. Indica que todas as coisas vivas lhe devem sua respiração. Quando o ELEMÍÍ toma a
respiração de um ser vivo, este morre.
Podemos notar que todas as definições de Olodumare sempre estarão limitadas a visão de
mundo e o conhecimento de quem está exprimindo, colocando Olodumare dentro de uma
caixa que possa ser perceptível ao entendimento. No momento não vou entrar na mescla de
atributos da divindade Abraâmica assinalados a Olodumare, mesmo assim podemos ver essa
preocupação por parte de um dos escritores dos extratos. Outra coisa também que podemos
notar são algumas contradições dos próprios escritores que oram refutam a razão como forma
de chegarmos a entender quem é Olodumare e em outro momento a citam como caminho
para esse fim. Olodumare é tudo e fonte de tudo devemos ficar atentos aqui que todas as
dualidades capazes de serem formuladas pelo homem, partem da primordial ação e inercia.
Onde a ação é dotada de consciência, poder, planejamento (criatividade + conhecimento).
Nesse aspecto das ações de Olodumare a fração que sabemos remete apenas ao que
interagimos e o conhecimento humano que temos.
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Divindades
No Batuque cultuamos várias divindades que foram agrupadas por nossos ancestrais em
12(doze) avatares principais Bará, Ogum, Oiá-Iansã, Xangô, Ibeji (que tem seu ritual ligado
ao culto de Xangô e Oxum), Odé, Otim, Obá, Osanha, Xapanã, Oxum, Iemanjá e Oxalá,
dentro desses avatares estão incluídas várias divindades diferentes, mas também podemos ter
caminhos diferentes de uma mesma divindade, o que muitos convencionaram a chamar de
qualidades, mas essas qualidades podem ser títulos que forma recebidos por essas mesmas
divindades ex: Ogun Onire, Oya Onira que são apenas honoríficos recebidos por essas duas
divindades em suas terras:
Outro fato não menos importante de se destacar na formação das qualidades é que algumas
estão relacionadas a cidade onde essas divindades eram cultuadas, podendo ou não ter ritos
diferenciados do culto ocorrido em outras cidades, ex.: Oxum Iponda (Panda), Bará (Exu)
Igelu (Agelu).
Osun rainha da cidade de Ipondá (Nigéria) é conhecida por sua altivez e por sua
classe.
As principais cidades nigerianas onde ainda se cultua e homenageia Bará são: Ondo,
Ilesá, Ibini, Ijebú, Abeokutá e. Ekití
Para corroborar com o que eu estou falando trago fala do pesquisador Luiz L Marins nos faz
elucidar sobre os termos qualidade de orixá usados no Brasil e o termo caminho ou aspecto
usado pelos iorubás:
a mesma divindade pode ter vários caminhos, pois, em suas caminhadas por várias cidades, uma mesma
divindade pode ser cultuada de várias formas. - Luiz L Marins
quando divindades diferentes tem os mesmos atributos, são semelhantes, são agrupadas como qualidade de
uma divindade maior, que representa todas ... isto é um aspecto da diáspora. - Luiz L Marins
Entre os orixás não há hierarquia, um não é mais importante do que o outro, no Batuque eles
simplesmente se completam cada um com determinadas funções dentro da religião atribuídas
a eles aqui por nossos ancestrais, diferente da matriz onde cada divindade é uma religião
específica. Embora aqui em nossos templos os orixás dividam espaço, mantemos o costume
vindo da matriz de sermos iniciados em apenas uma divindade. Todas as divindades
cultuadas no Batuque já chegaram aqui cultuadas como orixás entre os iorubás.
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orixás nossas divindades cultuadas são imortais e são cultuadas diretamente, nossos
ancestrais são cultuados em memória pois no Batuque não individualizamos Egun pois não
possuímos ritos para esses fins. Nas demais tradições iboku, e na kabinda o Igbalé é o local
usado para esse fim. Para esclarecer melhor esse fim devemos levar em conta algumas
informações oriundas da matriz para mostrar as diferenças reais entre o culto que praticamos
para os ancestrais e o Culto de Egungun na matriz.
Os 15 fatores foram retirados do vídeo feitos com Olòjẹ de egungun em Oyo – Nigéria –
assim para respeitarmos a diversidade, indicamos que se trata das diretrizes do culto deste
local ou família.
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Bará
Bará no Batuque é a denominação do Orixá Exu.
Mensageiro dos orixás responsável pela comunicação
entre os homens e as divindades do panteão. Bará é
considerado o orixá do movimento atuando nas
encruzilhadas. Bara é o primeiro a ser oferendado para
que os rituais ocorram de forma satisfatória. Exu é um
orixá africano, também conhecido como: Bará, Ibarabo,
Legbá, Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù, Yangí, Ònan,
Lállú, Tiriri, Ijèlú. Algumas cidades onde se cultua o Exu
são: Ondo, Ilesa, Ijebú, Abeokutá, Ekití e Lagos Exu é o
orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades,
casas e do axé, das coisas que são feitas e do
comportamento humano. Na África na época da
colonização europeia, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos
colonizadores, devido ao seu comportamento, e à forma como é representado no culto
africano. Mesmo porque, nessa religião, não existem demônios, como ocorre no cristianismo.
Exu praticamente não possui ewós e aceita quase tudo o que lhe oferecem. Os iorubás
cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangí, ou fazem um montículo
grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de búzios. Ou ainda
representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo em suas mãos
pequeninas cabaças onde ele carrega o poder magico.
Elegbara é um dos títulos pelo qual é chamado Exu, também é de onde se origina o nome
Bara usado no Batuque, assim como esse Exu possui diversos títulos, alguns citados abaixo:
Exu Langui – O Senhor da Pedra Vermelha Laterita Exu Agba – O Grande Senhor dos Ancestrais
Exu Igba Keta Igba – A Terceira Cabaça Exu Okoto – O Senhor do Caracol
Exu Oba Baba Exu – O Rei e Pai de todos os Exus Exu Odara – O Senhor Dos Bons Pedidos, da Felicidade
Exu Ojise – O Mensageiro dos Orixás Exu Eleru – O Senhor das Obrigações e Rituais
Exu Enu Gbarijo – O Senhor da Boca Coletiva Exu Elegbara – O Senhor do Poder Mágico
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Entre os cristãos e muçulmanos, Esù, a divindade, o òrìsà que este homem serve tão
respeitosamente, é considerado como Satanás, o diabo, a mais vil das criaturas. Então, por
que alguém iria orgulhosamente ostentar um título que ele anuncia como líder de homens e
mulheres que adoram o diabo?
Mas ele diz que não há correlação entre Èṣù e Satanás. E que ele é sumo sacerdote de Esù.
Báálè Esu diz que suas esposas praticam o cristianismo e o islamismo. Uma delas foi mesmo
a Meca em peregrinação em cinco ocasiões diferentes, diz ele. E não há falta de harmonia no
lar apesar de cada uma ter um culto diferente.
Èṣù não é Satanás, nem é o diabo, explica o senhor idoso com um inglês impecável. Èṣù é
uma divindade tradicional Yorùbá. Você tem pessoas adorando Sàngó, Ògún e outros. Só
pessoas ignorantes veem Èṣù como Satanás.
Este homem relata: A perspectiva com que vemos Èṣù difere totalmente da realidade.
Elegbara ou Esu Láàlú Láaróyè difere de Satanás. Bispo Ajayi Crowther, quando estava
tentando traduzir a versão em inglês da Bíblia para Yorùbá, colocou Lúcifer, mas ele também
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não sabia como chamá-lo em Yorùbá. Este era um homem que tinha sido terrivelmente
abusado pelos senhores de escravos. Ele tinha sido movido em torno de várias partes do
mundo em navios negreiros. Ele não sabia o que estava no chão daqui sua terra. Foi por isso
que ele disse que Lúcifer é Èṣù.
Os cristãos dizem que Èṣù deu a Adão e Eva uma fruta para comer no Jardim do Éden, a
maçã no caso. Depois que Adão e Eva comeram o fruto, seus olhos se abriram e eles se
tornaram civilizado. Eles sabiam que estavam nus e tinham que ir encontrar algumas roupas
para vestir. Se esta história for verdadeira, o que estava errado com eles? O crime que Èṣù
cometeu foi ter ajudado as pessoas a se tornarem civilizadas? Ninguém foi capaz de
responder a essa pergunta.
Eu quero dizer-lhe que Èṣù é a polícia dos òrìsà, das divindades. Ele não é segundo a nenhum
deus, sempre o primeiro. Os outros deuses o respeitam por causa de sua honestidade e
decisão firme. Uma vez que ele tenha tomado uma decisão, ele não muda e nada o faz mudar.
Você tinha pensado que este homem seria um personagem iletrado, mas você está
obviamente errado. Ele ainda informa que ele é convidado regularmente para entregar
trabalhos em universidades americanas e europeias. Muito em breve, eu irei para os Estados
Unidos para entregar uns papéis de mestrado e doutorado, diz ele.
Família e Religião
Uma outra coisa boa sobre Chief Esuleke é que ele não impõe sua religião em sua família.
Suas esposas e filhos, diz ele, são livres para professar qualquer fé que elas queiram.
Eu tenho três esposas, diz ao repórter. Minha primeira esposa é uma cristã, minha segunda
esposa é cristã e minha terceira esposa é muçulmana. Ela é uma Alhaja. Ela foi a Meca cinco
vezes.
Então por que ele permite que suas esposas pratiquem o islamismo e o cristianismo, quando
ele não acredita nessas religiões Por que não? Ele questiona. O que isso tem a ver comigo?
Eu lhes dou a liberdade de religião, liberdade de associação e liberdade de crítica construtiva.
Existem mil maneiras de fazer pedidos a partir do seu Deus. Há pessoas que vão colocar um
animal para baixo e dizem que é o seu deus. E Deus ainda responde suas orações. Você nunca
pode compreender a Deus. É por isso que quando vejo pessoas dizendo que estão lutando por
Deus, eu sei que deve estar louco e precisa urgentemente de um psiquiatra para examinar suas
cabeças.
Se o rei de adoradores Èṣù é que liberal, você quer saber por que ele não abraçar o Islã ou o
cristianismo como muitas pessoas em sua cidade natal?
Eu li a Bíblia de dentro para fora, ele começa. Em 1959, eu passei nos exames do Alcorão
também. Então eu conheço ambos os livros.
Essas pessoas vêm e banalizam nossos cérebros. Eles levaram tudo da nossa cultura e da
nossa herança para longe e nos deu alguns livros para ler. Essas são coisas que não são muito
peculiares para nós na África. Depois eu fui para a esquerda e para a direita, mas permaneço
no centro. Tudo isso a corrupção, o nepotismo, o ódio e outros atos antissociais, não temos
isso em nosso próprio sistema. Se você vai ser honesto, você está fora. Se você não jogar o
jogo deles, vão jogá-lo fora. Se você olhar ao seu redor, existem mil e uma mesquitas em
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todo o lugar. Igrejas estão surgindo todos os dias. E ainda, o que você tem? Assassinato,
assalto à mão armada, apenas menciono alguns. Vá e olhe para a igreja e a mesquita. Confira
os nomes. Você nunca vai ver Esuleke, Ifabunmi, Ifadayisi e assim por diante. Os nomes que
você ouve na igreja e mesquitas são as mesmas pessoas que roubam o dinheiro público. É por
isso que tomei uma decisão que eu e toda a minha família vai ficar onde há transparência e
honestidade.
Chefe Esuleke tem uma sugestão para os líderes nigerianos: a corrupção e outros males que
assolam o país deve terminar, em seguida, os nigerianos devem parar de jurar pela Bíblia ou o
Alcorão.
Se você é realmente sério sobre o combate à corrupção e outros crimes, você tem que jurar
por Ògún, Èṣù ou Sàngó. Estes três deuses não estão perdoando. Se você jurar por Ọ̀ ṣun,
Ọ̀ ṣun é uma mulher. Ela perdoa. Mas se você jurar por Èṣù agora, o dia que você roubar um
lápis do escritório, Èṣù vai atacar quase que imediatamente. Se você jurar por Sàngó e você
roubar, assim que você vê relâmpagos no céu, você se torna apavorado. Se você jurar por
Ògún, uma vez que você vê um carro vindo em sua
direção, você se fica nervoso. O dia que você começar a
jurar assim, a corrupção vai acabar imediatamente.
E essa foi a entrevista dada pelo supremo sacerdote de Èṣù. Ela não é atual, mas mostra como
o culto é levado a sério em outras localidades e nota-se também a harmonia que esse senhor
conseguiu por entre as religiões com suas esposas.
link:https://olukovander.wordpress.com/2015/08/05/entrevista-com-sacerdote-do-culto-a-esu-muito-bom/
Esu Ijèlú
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A cosmovisão iorubá não retrata Esu como uma pessoa ou espírito mau como a cosmovisão
cristã ou ocidental a interpreta. O que o deus da maldade faz, de acordo com os iorubás, é
testar os humanos, ou melhor, tentá-los no processo de fazer uma escolha entre fazer o bem
ou o mal, jogando com suas fraquezas ou tendências, com o objetivo de autenticar quem
realmente pertence aos piedosos maneiras.
Esu também é o agente divino, na cosmologia iorubá, que foi designado por Olódùmarè para
eventualmente punir o mal ou recompensar o bem-feito pelos humanos.
Ijèlú-Ekiti, na área do governo local de Oye, no estado de Ekiti, ocupa um lugar significativo
na história iorubá. Acredita-se que Èṣù, no contexto do deus iorubá da maldade, uma vez que
peregrinou de Ile-Ife, berço da raça iorubá, para algumas cidades em Ekiti, lutou com
monarcas e os derrotou até ser derrotado por Elejelu, monarca de Ijèlú -Ekiti há muito tempo.
Batizado de Esu Ijèlú pelo povo de Ijèlú-Ekiti, acredita-se que Esu decidiu se estabelecer
permanentemente em Ijèlú-Ekiti depois de ser derrotado em uma luta pelo então Elejelu na
praça da vila e diante de uma multidão da comunidade de Ijèlú. Madame Abigail Dada, 95,
guardiã de festivais e rituais tradicionais em Ijèlú-Ekiti, contou ao Daily Sun uma parte da
história de Esu Ijèlú:
A chegada a Ijèlú de um homem
estranho, mas forte, mais tarde
conhecido por nós como Esu
Ijèlú (diabo da terra de Ijèlú) deu
origem ao festival que leva o
nome do homem estranho. O
festival Esu Ijèlú costumava ser
responsabilidade de meus
antepassados, um dos quais era o
falecido chefe Ogungbooye, da
família Ulesi. Eles são os
guardiães do festival Esu Ijèlú.
Todos os anos celebramos e
apaziguamos a Esu e usamos
muitos materiais para apaziguar
e oferecer orações. Por sua vez, a divindade nos dá bênçãos, filhos e avanços no trabalho ou
negócios, entre outros.
O Elejelu de Ijèlú-Ekiti, Oba Adetoyinbo Ajayi, disse que Esu Ijèlú era um homem poderoso
e um ser bastante estranho que migrou da vida de Ile e veio para Ekiti em sua missão de lutar
com o maior número possível de monarcas tradicionais. Ele derrotou vários monarcas da
época, incluindo o Oloye de Oye-Ekiti, Onitaaji de Itaaji-Ekiti e Elekole de Ikole-Ekiti:
Qualquer monarca com quem ele lutou e derrotou morreu e ele mudou-se para outra cidade
nas terras de Ekiti para lutar com outro monarca, até chegar a Elejelu de Ijèlú que, com a
ajuda de alguns rituais de apaziguamento de Ifá, o derrotou. Isso fez com que Esu Ijèlú
eventualmente fizesse de Ijèlú sua casa.
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Assim que ele caiu no local da luta, ele jurou permanecer na cidade não como humano, mas
como uma divindade, e desapareceu em nossa terra naquele local. Ele reapareceu atrás do
palácio do rei e aquele local se tornou seu santuário até hoje. Desde então, tem sido chamado
de Odo Oro, que significa lar da divindade.
Retratando as palavras de Esu Ijèlú logo após sua derrota e antes de se juntar aos ancestrais
como uma divindade, o monarca disse em ioruba: Eleju o daa mi. Lati eni lo, Ijelu ni ma ma
gbe o. Masi ma run yin lówò. Quer dizer: Elejelu, você me derrotou. A partir de hoje, ficarei
aqui e ajudarei seu povo em todos os momentos. Ele acrescentou: Enquanto dizia isso, ele
derramava sangue de um dos olhos e lágrimas do outro.
Ijelu, embora fosse uma cidade de guerreiros muito poderosos, armados com encantos muito
potentes, era devastada por guerras constantes. Esu Ijelu, uma vez que se tornou uma
divindade, usou seus poderes para ajudar nossos homens em frentes de guerra e reduziu o
número de vezes que as guerras saquearam nossa cidade para 13.
Durante o tempo em que nossa cidade foi saqueada, muitos de nossos povos migraram para
outras cidades em terras iorubás e no norte. É por isso que você os tem em Oke Aremo em
Ibadan, Ikun, Orin Ido em Ido-Ekiti, Abeokutá e Ikorodu, Ilofa no estado de Kwara,
Aramoko-Ekiti e outros lugares.
A divindade Esu Ijelu ajudou muitos indígenas Ijelu que se juntaram ao exército e lutaram
durante a guerra civil de forma que nenhum de nossos filhos morreu na frente de guerra.
O Obaloro, porta-voz da divindade Olaseinde Ogunniyi, cujo dever é receber visitantes e
devotos de Esu Ijelu durante o festival anual de 100 anos da divindade, disse: Eu sou o atual
Obaloro da divindade Esu Ijelu. Eu tenho meu escritório no santuário de Esu Ijelu. Ele fica
atrás do Palácio de Oba. Minha emergência como Obaloro foi divina por meios espirituais.
Eu pertenço à família Atiba e nossa família, com a família Iloka e Ulesi são as famílias que
os deuses escolheram para se tornarem guardiães da divindade Esu Ijelu.
Esu Ijelu traz prosperidade e avanços, mas também traz condenação e pobreza. Eu não
queria ser Obaloro, mas depois de vários anos de luta e fracasso onde meus colegas estão
tendo sucesso, atendi ao chamado para me tornar Obaloro e, desde então, tenho dado grandes
avanços no meu trabalho como motorista.
Naquela época, Esu Ijelu costumava ser apaziguado com um ser humano que costumava ser
seu portador. Ninguém vai atrás do transportador ou obriga alguém a se tornar a vítima. É o
próprio espírito do deus que traz o portador no dia do apaziguamento. Ele simplesmente
entrava no santuário para os rituais de apaziguamento. Na maioria dos casos, essas pessoas
são estranhas e podem ser um homem da cidade.
Hoje, Esu Ijelu se apazigua com uma vaca, bebida quente, kolanuts, roupa branca, caracol, sal
e cola amarga entre outros. Orações também são feitas com os itens anteriores em seu
santuário.
Os homens não usam nenhuma roupa, exceto um invólucro branco durante o festival para
apaziguar Esu Ijelu. Nossas mulheres também expõem um braço ao se vestir para o festival.
A falha em fazer isso atrai punições muito severas da própria divindade.
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Nós, os Obaloros, somos escolhidos por meios espirituais. O que acontece é que uma vez que
um Obaloro velho e cansado morre, ele é enterrado sob o santuário de Èṣù Ijelu. Sete dias
após seu sepultamento, aquele escolhido pelos deuses para sucedê-lo, que seria uma semente
de qualquer uma das famílias mencionadas anteriormente, viria sozinho ao cemitério por
qualquer meio e de qualquer lugar do mundo em que estivesse. Assim, o povo o reconheceria
como o próximo Obaloro.
No meu caso, fui escolhido de forma diferente. O último Obaloro falecido há cerca de 11
anos atrapalhou o processo de sucessão porque seus filhos não permitiram que a cidade o
enterrasse de acordo com o nosso costume. Eles abraçaram a nova religião.
Diz o mito que Ile-Ife, berço da raça iorubá, foi onde Esu Ijelu nasceu. Ele se levantou e
caminhou no dia em que nasceu e foi matar seu pai, cujo pecado foi deixar de cuidar de sua
mãe depois de engravidá-la. Foi esse assassinato de seu pai que finalmente o afastou de Ile-
lfe, de onde ele embarcou em uma jornada de conquistas contra alguns monarcas Ekiti.
Elejelu revelou que o próximo festival Esu Ijelu está previsto para o final de abril e, como de
costume, receberá muitos dignitários, adoradores e promotores de cultura em todo o mundo.
A preparação para a festa comunal já está em alta, pois a grama ao redor do santuário foi
cortada pelos jovens sob a supervisão de Obaloro.
Chefe Olasusi Oluwasegun da família Atiba: Precisamos de ajuda com relação ao santuário
de Esu Ijelu. Queremos que seja devidamente renovado. Queremos que o lugar seja cercado e
decorado para parecer limpo e moderno.
O festival tem potencial para se tornar um centro turístico de renome mundial, como o
festival Osun Òṣogbo, o festival Eyo em Lagos e o festival Olojo em Ile-Ife. Instamos o
governo, os promotores da cultura e os indivíduos privados a nos ajudar nesse sentido.
Link: https://orisabrasil.com.br/Loja/esu_em_ijelu/
Adura
Tradução
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Oriki
Tradução
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Ogun
Ogun é guerreiro, caçador, ferreiro, agricultor, construtor e inventor, pioneiro ele é quem vem
a frente da comitiva dos orixás orun(céu) abrindo os caminhos no aye(terra). Nas terras de
iorubás Ogun é um orisa muito popular e considerado o patrono dos caçadores. É Ogum que
devemos pedir sustento e trabalhar para nos manter. O sacerdote de Ogun é chamado de
Olode, pois além de sacerdotes eles
são muitas vezes caçadores também
e lideram um grupo de caçadores
locais Ogum também é adorado para
trazer segurança aos locais, fazendo
assim as leis serem seguidas. Ogum
é o líder dos caçadores e senhor da
caça adorado por todos os
caçadores, Ogum é um orisa muito
antigo e extremamente popular em
toda a região iorubá. Existem
inúmeras famílias de Ogum em
todas as regiões das terras iorubás.
Saudação Ogunhe!!
Número 7 e seus múltiplos
Cor Vermelha, verde, branco e azul, varia de acordo com as qualidades e a
tradições.
Guia Fio de contas e delogun possuem variações de cores e número de
missangas de acordo com a qualidade e com a tradição.
Oferenda Costela bovina, dendê, farinha de mandioca, pipoca, laranja
Ferramentas Espada, lança, a bigorna usada por algumas tradições como okuta,
escudo, capacete, ferradura, martelo, marreta, enxada, ancinho, alicate,
bisturi, serrote etc., muito mais pode ser acrescentado já que todas as
ferramentas de metal são dele
Ave Galo, Pombo
4 Pés Cabrito
Qualidades Avagã, Onire, Adiola, Olobede,
Ogun foi um conquistador e entre os muitos estados conquistados por Ogun estava a
cidade de Iré, da qual se tornou senhor após libertar a cidade da tirania do rei e substituí-lo
pelo seu, próprio filho, regressando glorioso com o título de Oni Ire, ou seja, Rei de Ire. Não
é por acaso, que nas orins, orikis e aduras dedicadas a Ogun o medo fica tão evidente e a
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1- Ire - Ekiti guarda um templo de Ogun, onde ele entrou pela terra, cidade onde Ogun matou
os chefes no conselho após não terem falado com ele.
3- Em Oyo uma saudação comum é - O sogun e a resposta é Iku eran - com complemento,
Eniyan o ye, Aja ode o wale Ogun, Ofereço para ÒGÚN, a caça, o humano ficará vivo. E o
cachorro do caçador voltará para casa. Também se ouve a saudação para Ogun - Ogun Ye!
Mo ye!
4- Além dos ferros encontrados nos Ojubo de Ogun, algumas famílias usam uma pedra
chamada de Ako okuta.
5- Muitas famílias de Ogun em área Yoruba tem como seu principal oráculo o Obi, e não
fazem qualquer uso de Odu - para fazer essentaye (ritos de nascimento) ou iniciações usam
obi.
8- Algumas famílias de ogun ainda ocupam as mesmas posições do passado, caça, proteção
das estradas e do povo, fabricação de metais.
9- Ode em Yoruba é uma palavra para se referir a caçador. Algumas famílias dizem que
Ogun é o grande líder dos ode.
10- Os ijala são cantos próprios das famílias de Ode, alguns animais também possuem ijala.
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11 - Iremoje -são cantos que fazem parte do rito de morte dos devotos dos Ode, exaltam os
feitos na vida para que se torne um ancestral que continue a proteger as funções dentro da
comunidade desde o Orun.
12-Gobi (espécie de gorro, Gberi estilo, compõe o vestuário tradicional dos Ode, e junto o
Aparu.
13- As vestimentas dos devotos podem ser de várias cores, verdes, preto, marrom. Em Oyo o
Ileke de Ogun é da cor preta, em outros lugares é possível encontrar o vermelho sendo usado
para Ogun.
14- Ogun pode ser cultuado para qualquer tipo de coisa que um devoto precisar.
15 - Ogun é um Orisa muito popular em área yoruba, seus festivais espalham por todos os
lados, ogun é dado como aquele que fundou dezenas de cidades.
Adura
Ogun pele o, Edun irin, Ogun okunrin ogun.
Enii ti somo emia dolola, Gbigbe ni o gbe mi bi o ti gbe
Akinoro ti o fi kole ola fun, Ogun awoo alakaiye osin
imole, Egbe lehin eni anda loro.
Ogun gbe mi o, Ogun ma pami, omo elomiran ni ki o
pa.
Ogun, emi beru re Ogun so mi di olowo, somi di oloro,
Iwo ni olona ola, Toribe ki o wa la ona ola fun mi ki o
si maa da abo re bomi titi lai.
Ase
Tradução
Ogum, te saúdo
Dono de matérias de ferro.
Ogum da guerra, Você que torna as pessoas para que
sejam ricas.
Ogum me enriqueça como você enriqueceu Akinoro e
fez dele um homem forte do mundo, o maior no mundo.
Você que é protetor daqueles que são feridos.
Ogum me salva, Ogum não me mate, mate o filho de outro.
Ogum, eu tenho medo de você.
Ogum me torna rico, me torna próspero.
Favor Ogum, abre o caminho de bondade, ajuda e da prosperidade, Você é o dono das
riquezas.
Assim, me abre o caminho da prosperidade.
Para que você me proteja para sempre.
Axé!
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Adura
Oriki
Ògún pèlé o!
Ògún alákáyé, Osìn ímolè.
Ògún alada méjì.
O fi òkan sán oko.
O fi òkan ye ona.
Ojó Ògún ntòkè bò.
Aso iná ló mu bora, Ewu ejè lówò.
Ògún edun olú irin.
Awònye òrìsà tií bura re sán wònyìnwònyìn.
Ògún onire alagbara.
A mu wodò, Ògún si la omi Logboogba.
Ògún lo ni aja oun ni a pa aja fun.
Onílí ikú, Olódèdè màríwò.
Ògún olónà ola.
Ògún a gbeni ju oko riro lo, Ògún gbemi o.
Bi o se gbe Akinoro.
Tradução
Ògún, eu te saúdo!
Ògún, senhor do universo, líder dos orixás.
Ògún, dono de dois facões, Usou um deles para
preparar a horta e o outro para abrir caminho.
No dia em que Ògún vinha da montanha ao invés de roupa usou fogo para se cobrir.
E vestiu roupa de sangue.
Ògún, a divindade do ferro Òrìsà poderoso, que se morde inúmeras vezes.
Ògún Onire, o poderoso.
O levamos para dentro do rio e ele, com seu facão, partiu as águas em duas partes iguais.
Ògún é o dono dos cães e para ele sacrificamos.
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Oyá
A deusa das tempestades a deusa do vento, Oya possui dupla identidade, como outras deusas.
Ela é humana, bem como um ser espiritual, seu nome completo é Oya Akanbi. Tanto a
história e o mitologia concordam que Oya foi uma indígena de Ira, uma pequena cidade perto
de Offa, no estado de Kwara, na Nigéria. Como uma deusa, ela poderia ser benevolente ou
malévola. Ela é altamente imprevisível, mas procura manter o equilíbrio, processo que é
crucial para a percepção cósmica Yoruba (Gleason 1987).
Acredita-se que Oya possui poderes de medicinas e magias (oogun), que adquiriu com sua
família materna em terra Nupe (Ile Tapa) em
todo o rio Níger (Odo Oya) poderes misteriosos
de Oya fazem dela uma mulher poderosa
descrita em linguagem iorubá como obinrin
okunrin bi que significa uma mulher como um
homem.
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Oba também é conhecido como Onira tem hoje 56 anos de idade, embora muitos falem que
ele tem uma forte influência muçulmana, resgatou novamente o culto de Oya para a cidade de
Irá. O sacerdote de Sango em Offaland contou que não havia mais o clã original de Oya na
cidade de Irá, os sacerdotes haviam falecido e o culto não havia sido passado adiante. O oni
Oba AbdulWahab Oyewale Oyetoro, explicou então que por mais de 15 anos o culto de Oya
havia sido abandonado, que as festividades muçulmanas e cristãs tinham dominado o
calendário da cidade de Irá. Ele como Rei não poderia deixar isso acontecer então buscou em
todas as partes da Nigéria os mais importantes sacerdotes de Oya, o seu filho mais velho
aprendeu o culto de Oya e se estabeleceu como um novo sacerdote de Oya em Irá. Seu filho
mais velho construiu o novo templo com as próprias mãos justamente onde está o Ojubo – O
que acreditam ser o fundamento o ase original de Oya. Os festivais voltaram a acontecer em
Irá e pessoas de toda parte de Nigéria vão até a cidade de Irá para beber a água sagrada de
Oya e agradecer.
A água de Oya
Link: https://orisabrasil.com.br/Loja/oya-templo-da-cidade-de-ira-fotos-e-videos-de-oya-em-terra-yoruba/
Em outras tradições afro-brasileiras Oya, é o orixá que prepara roupas especiais para os
mortos, chamadas de egungum. Por meio desse traje, os mortos adquirem a capacidade de
voltar à Terra para entrar em contato com os seus descendentes.
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Nome do pai é Ifafiniran agboola, foi iniciada em Oya há 40 anos ainda criança com 17 dias
de iniciação, para ser sacerdotisa de Oya ela vem aprendendo a vida toda, inclusive em outras
cidades. Ela tem 3 filhos.
R: Se as pessoas querem iniciação de 3 dias ela faz, mas prefere que seja feita em 17 dias passo a
passo, a iniciação de 17 dias é mais poderosa.
R: Na iniciação de Oya o ODU É TIRADO COM ERINDILOGUN (jogo de búzios) e é através dele
que são dados os tabus.
R: Iniciação de Oya leva idosu.
R: Os 17 dias de iniciação é comum para toda a terra yoruba e não só para Oyo.
P: Você falou que seu pai chamava Ifafiniran Agboola, seu pai é um sacerdote de Orunmilá? R: Ele
era um Babalawo, ele morreu,
P: Qual era a posição do seu pai no culto de Orunmilá?
R: Olúwo Asepa Oyo
P:Se seu pai estava em uma posição alta, ele era um Olúwo, seu pai fez itefa para você?
R:Eu nunca fiz itefa, eu sempre fui de Oya, só tenho Oya na minha cabeça.
P:Seu pai sendo um Olúwo, ele fez a sua iniciação de Oya para você?
R: O pai chamou sacerdotes de Ibadan, Oyo e de vários lugares para fazer a iniciação dela em Oya
para ela.
P:Mesmo seu pai sendo um Olúwo ele não tinha o conhecimento para fazer o idosu para você?
R:Não, mesmo ele sendo Olúwo, ele não tinha conhecimento para fazer iniciação de Oya.
P: E agora? se você quiser você pode fazer a iniciação para outros Orisa?
R: Uma vez com o idosu de Oya não pode fazer iniciações a outros orisa, se fizer a pessoa não fica
muito bem.
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Fonte:https://orisabrasil.com.br/Loja/oya-templo-da-cidade-de-ira-fotos-e-videos-de-oya-em-terra-yoruba/
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Ficamos devendo uma segunda parte da entrevista com Baba Flavio Monteiro , que foi para
área yoruba em busca de conhecer mais o culto da Orisa Oya, esteve em vários locais como
Jeba local onde tem um dos acesso ao rio Níger, – rio Oya, Ira uma das cidades mais
importantes de Oya na qual nos contou que o rei o Onira pediu pessoalmente para que ele
ajudasse a reformar o templo – e que ele fez recentemente, e também dedicou tempo e amor à
cidade de Oyo na qual sua amada sacerdotisa Oyabusola reside e é com muito afeto que Baba
Flávio Monteiro fala sobre Oya:
No link também tem a história de Baba Flavio e seu caminho nas religiões de matriz africana
e área yoruba:
https://orisabrasil.com.br/Loja/babaflaviomonterio1/
6-E o Búfalo?
Baba Flávio Monteiro: Dizem que Oya ia caçar na floresta em forma de búfalo ela se
transformava também em Búfalo, uma outra lenda interessante que ouvi foi que quando Oya
conhece Sango ela estava na floresta lavando-se em um rio, ela tinha acabado de voltar a
forma humana, Sango roubou a pele de búfalo de Oya, quando eles ficaram juntos nenhum
dote foi pago, mas Oya se transformou na mulher favorita de Sango. Só Oya podia fazer as
tranças na cabeça de Sango.
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9- Além das grandes tempestades/ ventanias pelo que mais Oya é conhecida em área yoruba?
Baba Flávio Monteiro: Oya tem o ikoko agbo um pote de medicinas que dizem que ela
curava muitas pessoas, muitos sacerdotes de Oya são buscados por suas medicinas. Oya é
buscada para todos os tipos de problemas.
14- Existe algo que deve ser evitado para devotos de Oya tabus?
Baba Flávio Monteiro: Não devem comer carne de carneiro, búfalo e antílope e derivados de
búfalo e antílope.
Fonte: https://orisabrasil.com.br/Loja/oya-em-area-yoruba-15-novas-revelacoba-oya/
Sango (Alaafin Tella-Oko) em uma de suas jornadas queria caçar um búfalo que se
transformou em uma mulher linda, em quem ele se apaixonou. Ele levou-a para casa e suas
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esposas deram-lhe o nome de Oya, porque não esperavam que seu marido voltasse de
repente.
Oya era a amada esposa de Sango. Ela era a única esposa que o acompanhava em sua luta
com Tapa (Nupe), sua casa materna.
Quando seu marido entrou pelo chão e desapareceu, ela agarrou coragem para seguir o
exemplo de seu marido e escondeu-se entre um rebanho de ovelhas, ajudando-a a não ser
encontrada e a desaparecer. Devido ao apoio dado a ela pelas ovelhas, seus seguidores estão
proibidos de comer carne de ovelha (ovelha adulta).
Ninguém a via órá (não vi), que deu origem ao nome Ira (não vi). Ela entrou pelo chão em
um lugar chamado Igbó-Oya em Ira. Este lugar foi fundado por um caçador de Oyo chamado
Laage. Era a necessidade de se aproximar do bosque de Oya que o fez encontrar o local atual
de Ira. Lugar nunca habitado.
Oya tornou-se um rio chamado ODO OYA ou River Niger, que é nomeado com seu nome.
Assim como o trovão e o relâmpago são atribuídos de Sango, o tornado e trovões violentos
são atribuídos a Oya.
Oya é também conhecida como Iya Sán (Mèsán), mãe de 9 filhos. Ela era conhecida por estar
sempre cercada por crianças, mas ela nunca teve filhos biológicos. No entanto os nomes
filhos de Oyá é o rio k se divide em 9 braços. (o grifo é nosso)
Fonte:https://iledeobokum.blogspot.com/2017/11/pequena-historia-de-oya.html?fbclid=IwAR2BkRQjMP-HwN5Iqv-
o3vNiCbjstFM5pmDaAU-mkZnOS7xEQXsTGY78guY
ADURA
E ma odò, e ma odò
Lagbó lagbó méje
Ọ dundun a sọrọ
Balẹ̀ hey.
Tradução:
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Tradução:
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Oriki
Tradução
Os ventos da terra e o céu me dão fortuna boa
Eu elogio o filho da mãe dos nove
Os ventos da terra e o céu me dão fortuna boa
Eu elogio o espírito do vento
Os ventos da terra e o céu são maravilhosos
Sempre haverá a mãe dos nove
Axé
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Oriki
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Xangô
Xangô é um dos principais orixás do Batuque, xangô é considerado o rei de várias nações. No
Batuque do Rio Grande do Sul, pois grande parte dos rituais estão ligados a ele direta ou
indiretamente, no xire a principal dança o alujá, é dedicado a Xangô, como coroamento das
obrigações de 4 patas, assim como também a balança(kassun) ambas e feitas entre suas orins,
presente no culto de Ibeji do Batuque do qual ele é tido como pais dos gemeos junto com
Oxum, por estenção no ritual da mesa de ibeji, tendo também uma forte ligação com o ritual
de egun.
Na matriz Xango é a divindade cultuada pela familia real de Oyo e projenitor da mesma, o
alaafin (Alafim de Oió era um título do obá (rei) do antigo Império de Oió, território localizado nos anos atuais na
Nigéria. Na língua iorubá, a palavra obá significa rei ou imperador. Também é comum os governantes dos vários
domínios iorubás terem títulos especiais. Em Oió, o obá é chamado de Alafim de Oió. Atualmente esse título ainda existe
para se referir ao chefe tradicional iorubá Lamidi Adeiemi III – Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Alafim_de_Oi
%C3%B3) é descendente direto da divindade, , vamos agora aqui listar as informações que
temos sobre Xangô oriundas da matriz e de outras vertentes afrobrasileiras, vamos começar
agora pelo registros históricos do reinado dos Alaafins em Oyo desde o primeiro Orayan neto
de Odudua e sobrinho de Ogun, conforme descrito em:
Ano Regente(Alaafin)
892 Oranyan - Oyo-lle foi encontrado (fundador de Oyo)
1042 Ajaka Dada (No Batuque entre os da tradição Oyo assentado como Xango do Povo)
1077 Telia Oko - conhecida como Sango Afonja (Encarnação da divindade no ile-aye)
1137 Aganju Sola (Cultuado no Batuque como uma das qualidade de Xangô)
1300 Kori - Osogbo e Ede foram encontrados (Marca a fundação das cidades o Osogbo reino
de Oxum e Ede)
1357 Oluaso
1472 Eko é nomeado LAGOS pelos portugueses
1530- 1542 Onigbogi
1512 Ofinran - Saki foi encontrado (Marca a fundação da cidade de Saki)
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1534 Egungun Oju - Igboho foi encontrado (Marca a fundação da cidade de Igboho)
Ano Regente(Alaafin)
1554 Orompoto
1562 Ajiboye
1570 Abipa - Oyo-lle reconstruída
1588 Obalokun
1600 Aja
1658 Odarawu
1660 Karan
1665 Jayin
1676 Ayibi
1690 Gberu
1738 Amuniwaye
1742 Onisile - 1748 subjugating the Dahomey
1750 Labisi - spent in the throne only 15 days committed suicide because of Basorun Gaha
1750 Awonbioju - spent 130 days in the throne.
Agboluaje - 1754 stars decline in the Empire with intrigues of Basorun Gaha..
YORUBA PALÁCIOS
Um estudo de Afins de Yorubaland
G. J. AFOLABI OJO
M.A., Ph.D. (N.U.I.); Dip.Ed. (Londres)
Professor Sênior de Geografia, Universidade de Jfe, Ibadan, Nigéria
A cidade histórica de Oyo teria sido fundada nos inícios do século XIII. Até o século XV, Oio
foi apenas uma cidade-estado ioruba entre muitas outras. Chegou até mesmo ser dominada,
por algum tempo pelo Nupes. Oyo separada das costas do golfo de Guiné pela grande
floresta, localizava-se no centro dos territórios que se convencionou chamarem de
Iorubalândia.
Tornou-se um império por volta do século XV e cresceu para se tornar um dos maiores
estados do Oeste africano encontradas pelos exploradores coloniais. Quando ela completou
sua expansão territorial, seu poder abarcava regiões que iam do vale do Níger até as atuais
fronteiras de Benin. Estes territórios constituíam o coração do Estado de Oyo. A expansão
Ioruba rumo ao oeste assumiu importância relevante. Aumentou a preeminência da riqueza
adquirida através do comércio e da sua posse de uma poderosa cavalaria. O império de Oyo
foi o estado mais importante politicamente na região de meados século XVII ao final do
século XVIII, dominando não só outras monarquias Yoruba nos dias atuais Nigéria,
República do Benim, e Togo, mas também outras monarquias africanas, sendo a mais
notável o reino Fon do Dahomey localizado no que é hoje a República do Benim).
Origem
O segundo príncipe do Reino Yoruba de Ile-Ife também conhecida como Ifé, Oranyan
(também conhecido como Oranmiyan), fez um acordo com o irmão de lançar uma incursão
punitiva sobre os seus vizinhos do norte por insultar seu pai Oba (rei) Oduduwa, o primeiro
Ooni de Ifé. No caminho para a batalha, os irmãos brigaram e o exército foi dividido. A
tropa de Oranyan não era suficientemente grande para fazer um ataque com êxito, então
eles vagaram a costa sul até chegar Bussa. Foi lá que o chefe local recepcionou-o e
forneceu-lhe uma grande serpente com um encanto mágico amarrado à sua garganta. O
chefe orientou Oranyan para acompanhar a cobra até que ela pare em algum lugar por sete
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dias e desapareça no solo. Oranyan seguiu os conselhos e fundou Oyo onde a serpente
parou. O local é lembrado como Ajaka. Oranyan fez de Oyo seu novo reino e tornou-se o
primeiro 'oba' (significando 'Rei' ou 'Imperador' na língua yoruba) com o título de 'Alaafin
de Oyo' (Alaafin significa 'dono do palácio' em Yoruba), deixando todos os seus tesouros em
Ife e permitindo que um outro rei chamado Adimu reinasse ali.
Organização
O Poderio de Oyo devia-se a sua grande força militar. A Aristocracia guerreira ioruba
possuía o monopólio das armas e da cavalaria. No apogeu do reino ela dedicava-se
principalmente à caça de cativos. O Poder ioruba se encontrava nas mãos do Alafin, que
tinha sua autoridade restringida por um conselho (ogboni) de dignitários (oyo missi). O
ogboni votava a guerra e a paz, supervisionava a justiça, o comércio, a grande obra, elegia
ou destituía o Alafin, e neste caso, impunha-lhe o suicídio.
Breve período
Oranyan, o primeiro Oba (rei), de Oyo, foi sucedido pelo Oba Ajaka, Alaafin de Oyo. Este
Oba foi deposto, porque ele era desprovido da força militar Yoruba e permitiu demasiada
independência a seus sub-chefes. A liderança foi então conferida ao irmão de Ajaka, Sango
(também escrito como Shango, também conhecido em várias partes do mundo como Xangô,
Chango, Nago Shango e Jakuta) que mais tarde foi divinizado como a deidade dos trovões e
relâmpagos. Ajaka foi reabilitado após a morte de Sango. Ajaka retornou ao trono pronto
para a luta e profundamente tirano. Seu sucessor, Kori, conseguiu conquistar o resto do que
mais tarde os historiadores referem-se como Oyo metropolitana.
Oyo-Ile
O coração da Oyo metropolitana foi a sua capital em Oyo-Ile, (também conhecida como
Katunga ou Velho Oyo ou Oyo-oro). As duas estruturas mais importantes em Oyo-Ile foram
o 'afin' ou o palácio do Oba e o seu mercado. O palácio esteve no centro da cidade perto do
mercado do Oba chamado 'Oja-oba'. Ao redor da capital havia uma alta muralha feita de
terra para defesa, com 17 portas. A importância das duas grandes estruturas (o palácio e o
Oja Oba) significou a importância do rei em Oyo.
Ocupação Nupe
Oyo cresceu com uma força interior formidável, até o final do século 14. Durante mais de
um século, o estado Yoruba tinha se expandido à custa dos seus vizinhos. Depois, durante o
reinado de Onigbogi, Oyo sofreu derrotas militares nas mãos dos Nupes conduzidos por
Tsoede. Por volta 1535, os Nupes ocuparam Oyo e forçaram sua sentença da dinastia
refugiar-se no reino de Borgu. Os Nupes continuaram saqueando a capital, destruindo Oyo
como uma potência regional até o início do século 17.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
Período imperial
Oyo atravessou um interrugnum de 80 anos como uma dinastia exilada depois da sua
derrota pelos Nupes. Oyo reemergiu então, mais centralizado e expansivo do que nunca. Não
estariam satisfeitos simplesmente com a retomada de Oyo, mas com o estabelecimento do
seu poder ao longo de um vasto império. Durante o século 17 Oyo começou um longo
intervalo de crescimento, tornando-se um grande império. Necessitando de uma passagem
para o mar, a fim de escoar seus cativos, Oyo impôs, na metade do século XVII, sua
autoridade sobre diversos pequenos estados da costa marítima do atual Benin: Savi, Jaquin,
Porto-Novo, etc. Estes pequenos estados, com significativo destaque no comércio negreiro,
foram continuamente disputados por outros estados escravizadores. Oyo nunca abrangeu
todos os povos de língua yoruba, mas ele foi, de longe, o mais populoso reino na História
Yoruba.
Reconquista e expansão
Adotando um exemplo de seus inimigos Tapa ou Nupe, os Yorubas rearmaram-se não só com
armadura mas com cavalaria. Centralizaram mais o seu governo e tornaram-se uma grande
força militar. Oba Ofinran, Alaafin de Oyo, conseguiu recuperar a Oyo original do território
dos Nupe. Uma nova capital, Oyo-Igboho, foi construída, e a original ficou conhecida como
Old Oyo (Velha Oyo). O próximo Oba, Egonoju, conquistou quase todos de Yorubaland
(Território Yoruba). Depois disto, Oba Orompoto conduziu ataques destrutivos a Nupe para
garantir que Oyo nunca fosse ameaçado por eles novamente. Durante o reinado de Oba
Ajiboyede foi o primeiro Bere festival, um evento que conservaria muita significação entre os
Yoruba depois da queda de Oyo. E foi com o seu sucessor, Abipa, que os Yoruba foram
finalmente obrigados a repovoar Oyo-Ile e de reconstruir a capital original. Apesar de uma
tentativa falha de conquistar o Império de Benin no passado entre 1578 e 1608, Oyo
continuou a expandir-se. Os Yoruba deram autonomia ao sudeste da metropolitana Oyo
onde as áreas dos não-Yoruba poderiam funcionar como um divisor entre Oyo e Benin
Imperial. Até o final do século 16, os estados Ewe e Aja da moderna Benin foram pagadores
de tributo à Oyo.
Tráfico Negreiro
Oyo, reorientou suas atividades e passou a priorizar o tráfico negreiro, atividades agrícolas
e artesanais decresceram. A Aristocracia militar organizou um exército profissional que se
dedicava à caça e a captura de cativos. Os conflitos começaram a surgir entre os poderes do
reino ioruba, conflitos também entre camponeses e a aristocracia. Na segunda metade do
século XVIII, negreiros da costa do atual Benin controlavam o comércio escravista da
região.
As guerras Dahomey
O revigorado Império de Oyo começou incursões em direção ao sul, em meados de 1682. Até
o final de sua expansão militar, as fronteiras de Oyo atingiriam aproximadamente 200
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
milhas para o litoral sudoeste da sua capital. Encontrou muito pouca oposição séria, depois
do seu fracasso contra o Benin, até o início do século 18. Em 1728, o Império de Oyo
invadiu o Reino de Dahomey em uma grande e amarga campanha. A força que invadiu
Dahomey foi inteiramente composta de cavalaria. Dahomey, por outro lado, não possuía
cavalaria, mas muitas armas de fogo. Essas armas de fogo se revelaram eficazes assustando
os cavalos da cavalaria de Oyo e impediu-lhes a carga. O exército de Dahomey também
construiu fortificações como trincheiras, que forçaram o exército de Oyo a lutar como
infantaria. A batalha durou quatro dias, mas os Yoruba foram conseqüentemente vitoriosos
depois que os seus reforços chegaram. Dahomey foi obrigado a pagar tributo para Oyo
depois da vitória muito desputada. Este não seria o combate final, contudo, e os Yoruba
invadiriam o Dahomey um total de sete vezes antes de que a pequena monarquia fosse
totalmente subjugada em 1748.
Decadência
No início do século XIX seguinte havia decaído muito o poder de Oyo. Cidades ficaram
independes do poder do Alaafin e o reino deixou de existir. Enquanto o reino decaia, os
territórios iorubas passaram a ser cobiçados, passaram de desapiedados caçadores a
cativos. Nesta época registra uma grande entrada de iorubas no Brasil, fins do século XVIII
e início do XIX. Efetivamente, os emirados sudano-nigerianos surgidos com a ofensiva
muçulmana de Osman Dan Fódio pressionavam os territórios centrais do Estado de Oyo.
Tentando defendê-los, o Alaafin era obrigado a desproteger as regiões periféricas do reino.
Estados escravizadores ocidentais aproveitaram da situação e lançaram-se sobre os diversos
povos do reino (egba, egbabo, sabe, eketu, etc.), que foram escravizados e embarcados para
as Américas nos portos de Ouidah, Cotonu e outros.
Os primeiros iorubas chegados ao Brasil eram de origem das províncias ocidentais mais
distantes, no sul e no centro do atual Benin. Pertenciam fundamentalmente ao grupo Nagô
ou Nagonu. Estes povos se teriam estabelecido no atual Benin por volta do século XVI. O
povo Fon costumava designar por nagôs estes e todos os povos iorubas. A administração
francesa e, através dela, as portuguesas persistiram na incorreção. Devido a isto, os iorubas
chegados ao Brasil foram conhecidos, nos séculos XVIII e XIX, como nagôs.
Fontes: Wikipédia https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_de_Oi%C3%B3
Outras informações importantes também foram trazidas pela Dra. Paula Gomes, concatenadas
em um artigo pela iya Renata Barcelos e publicado no site OrisaBrasil, o link da fonte desse
material sera colocado no final deste conteudo.
Mais informaçoes sobres o Xangô’s miticos cultuado aqui no Brasil:
1- Oranyan não e filho de Odudua, mas sim neto. Ele e o ultimo filho de Okanbi que era
filho de Odudua.
2- Ajaka nunca se refugiou em Igboho, pois Igboho so foi fundado em 1534 e Ajaka
reinou alguns séculos antes de Igboho ser fundada.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
3- Sango nunca se refugio em Koso, Sango (Telia Oko) se refugio na mata e o local onde
ele desapareceu e deixou os edun aras para ser chamado sempre que o seu povo
necessite de sua ajuda, só depois de ele ter desaparecido
4- A outra questão e sobre Afonja Kakanfo de llorin, ele era o general ou comandante
das forças militares do Alaafin, descendente de Sango (Telia Oko), por isso tinha o
titulo de Kakanfo e foi ele que traiu o Alaafin e ajudou no declino do Império de Oyo.
Todos os Afonjas são descendentes de Sango AFAKO JA, difícil de separar. O
Kakanfo depois de trair o Alaafin, ficou em llorin e os muçulmanos tomaram posse
daquela área
6- Jakuta não é Sango, mas sim o dia da semana que Olodumare dedicou a Sango.
7- Igbono significa febres altas e esta relacionado com Obaluaye, por isso ele sai durante
o calor a rua para tirar a doença em Igbono.
9- Baru e Ogodo nunca ouvi falar, mas podem estar relacionadas a Sango ou não, pois
Sango era muito popular e tinha diferentes nomes em diferentes localidade por onde
passava.
11- Orno Ekun, Saki, Arabambi, Afonja, Oba koso, Ayi Legbe Orun, Olufiran são alguns
nomes de Sango.
Existe informações que colocam formas diferente de culto a Aganju na Matriz. Em terra
Yoruba Aganju não é qualidade de Sango. E não é uma deidade ligada a vulcão.em alguma s
regiões ele é cultuado como ancestral e em outras é cultuado como orixá como poderemos
ver abaixo:
Baba Nathan Lugo(Oloye Aikulola Oluwin-Oosa) da uma visão sobre Aganju e o culto na
cidade Saki-Oyo (Informações trazidas em um artigo pela iya Renata Barcelos e publicado no
site OrisaBrasil, o link da fonte desse material sera colocado no final deste conteudo.)
1- Aganju é um Orisa diferente, tem relação com Sango por ser descendente de Oranyan
mas NÃO É SANGO.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
2- Tem outro assentamento, os oriki são diferentes, ele foi um rei Guerreiro, caminhava
com espada.
3- Outro nome que alguns creditam a Aganju é Okere, e que ele quem casou com
Yemoja. Em Saki tem vários sacerdotes de Aganju, Saki é uma terra montanhosa onde
tem rochas, é uma savana, não tem floresta grande, nas montanhas rochoasas quando bate
sol lembra fogo, pode ser por isso que algumas pessoas associaram na diáspora Aganju
com Vulcão.
5- Um dos mais importantes dicionários Yoruba ,R.C ABraham, M.A, D. Litt, define
Agonju como filho do Rei Ajaka, Alaafin, descendente de Yemoja.
6- Baba Obanifa (Yoruba) fez um desabafo sobre Aganju para o canal Nigeriano
Exchange IFA(Facebook): Quero com esse artigo corrigir algo errado que vem sendo amplamente
aceito e é uma calunia! Histórias que as pessoas na diáspora contam em forma de Macumba, Lukumi e
Candomblé sobre Orisa. Distorcer os fatos históricos sobre este Aganju é o resultado de impacto
negativo sobre o comércio de escravos do nosso povo ao longo dos anos, o nome e alguns fatos históricos
deste orixá tem sido distorcidos. A verdadeira históra é que Orisa Aganju é um primo de
Sango. Vou explicar os detalhes agora. Orisa Aganju foi Rei do império de Oyo! Ele
reinou depois do seu pai Aajaka. Oranyan é o último filho de Oduduwa(vemos aqui
contradição a informação fornecida pela dra. Paula gomes que narra Oranyan seria neto
de Oduduwa). Oranyan é o primeiro rei do império de Oyo e teve vários filhos. Após o
falecimento do Oranyan é Aajaka o irmão mais velho de Sango que se tornou o Rei do
império de Oyo. Aajaka era um homem muito tímido com menos valor para a guerra, por
isso, muitas cidades tentaram invadir o império de Oyo. O irmão mais novo, Sango,
assumiu assim o trono mas era impetuoso tinha hábitos de testar o seu poder de fogo,
contam que ele subiu em uma montanha e queimou todo o palácio e destruiu a sua
propriedade. Isto levou Sango ao fim de seu reinado.
7- Aajaka irmão mais velho de Sango assume novamente o reinado ele estava em asilo
político em uma cidade chamada Igboho. Por esta altura quando Aajaka volta nasce seu
filho Aganju.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
9- Este Orisa é bom para as pessoas a fazerem negócios e também bom para a beleza
estética, Música e filmes. Aqueles que enfrentam a opressão de qualquer espécie também
podem invocar o espírito deste Orisa. Ele um primo de Sango.
10- Depois da morte ele vira de Orisa. O seu símbolo principal é uma espada e duplo fio
de machado.
11- Ainda que já tenham comprovado que no Biu Plateau A Noroeste da Nigéria possuem
vulcões, Aganju não ganhou nenhum tipo de associação com eles, até porque os
Yoruba não viveram nesta região vulcânica. https://www.revolvy.com/topic/List%20of
%20volcanoes%20in%20Nigeria&item_type=topic
12- Babalawo Kola Abimbola descreve Aganju como irmão de Sango, e que o nome
inteiro de Aganju é Aganjusola. Foi o Alafin de Oyo, e como Sango, odeia
mentirosos, ladrões ele foi um grande guerreiro o império expandiu, ele construiu um
imenso palácio e até hoje o pátio central do palácio do Alaafin é dedicado em sua
memória tem o nome de Aganju é onde fica o Kobi, extensão a do palácio (Yorúbá
Culture: A Philosophical Account Por Kólá Abímbólá)
13- Segundo site Litcaf, Nigéria, descreve : Aganju foi quinto Alaafin de Oyo, e filho de
Ajaka. Sua ascensão ao trono foi desprovida de dramas, o que provavelmente teria
sido o caso se ele tivesse um primo de Sango, seu tio. Ajaka projetou o palácio de
forma inovadora como rei, e ele domesticou alguns animais selvagens. Diz-se que ele
tinha répteis em casa, alguns dos quais podem ser vistos rastejando sobre seu corpo.
Aganju foi responsável por erguer mais de 120 Kobi, tocas altas de palha e varandas
debaixo deles. Somente o palácio do Alaafin na Antiga Oyo teve a permissão de ter
este kobi, que serviu como um lugar para que o Alaafin veja população e
cumprimentassem em seu pátio sem se expor inteiramente.
14- Aganju conduziu um reino longo e próspero, o reinado foi abalado apenas no fim da
vida por conta de uma mulher bonita que conheceu. Ele travou guerra contra o senhor
de uma cidade vizinha, por recusar-lhe a mão de sua filha em casamento. Príncipes e
guerreiros morreram na guerra. Aganju também havia matado seu suposto herdeiro,
Lugbe, depois que mais tarde foi encontrado tendo contatos íntimos com a nova
beleza de seu palácio, lyayun, filha do Onisambo que ele capturou. O rei foi, portanto,
dominado pelo sofrimento e morreu não muito tempo depois, meses depois que
lyayun ficou grávida do filho que se tornará o sexto Alaafin.
15- Kobi a extensão do palácio do Alaafin de Oyo leva ainda hoje o nome de Aganju:
(https://litcaf.com/aganju/)
Baba Hérick Lechinski (Ejòtólá) escreve sobre os Os 12 Sàngó (Xangôs) da Bahia e a relação
com a terra Iorubá (Informações trazidas em um artigo pela iya Renata Barcelos e publicado
no site OrisaBrasil, o link da fonte desse material sera colocado no final deste conteudo.):
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1- Dada: Dàda é o nome iorubá dado às crianças que nascem com os cabelos
encaracolados e que geralmente são consagrados ao Òrisà Baáyànni (irmão do Òrisà
Sàngó). Quando se fala de Dàda como irmão de Sàngó, está se falando de Dàda
Àjàká, irmão de Tèlà Òkò, que foi o 2 o Aláàfin Òyó. Dàda Àjàká não é um Òrisà,
uma Divindade, foi apenas um rei, um ancestral. Possui culto, mas não consagração
em pessoas. Diferente de Baáyànni, que é irmão de Sàngó (Divindade) e também era a
Divindade tutelar de Àjàká, por este ser Dàda (nascido com cabelos enrolados).
Consagrase pessoas para Baáyànni e não para Dàda Àjàká. Que assim como
Odúduwà, Òrànmíyàn e Aganjú em Òyó, cidade de origem dos mesmos, são
considerados apenas reis míticos e cultuados por sua importância, mas não são
considerados Òrisà que são consagrados em pessoas.
2- Oba Afonjá: Confundem muito Àfònjá, o Kakanfò de llorin (que era muçulmano),
com Àfònjá título de Sàngó,Àfònjá é um título da Divindade Sàngó, encontrado em
alguns dos seus oríki.
3- Obalubé: Obalúbe é também um título de Sàngó, encontrado em alguns dos seus oríki.
4- Ogodô: No Brasil fala-se que Ogodo é de origem Tapá, mas não se sabe ao certo se é
uma Divindade, um Ancestral divinizado, se foi rei ou não e o que fez o mesmo ter o
seu culto aglutinado ao de Sàngó no Brasil. Mas, confesso que AINDA (possa ser que
exista) não vi e nem escutei nada sobre Ogodo de Nigerianos, muito menos
relacionado a Sàngó.
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5- Oba Kossô: Oba Kòso, literalmente rei de Kòso, é também um título de Sàngó,
encontrado em alguns de seus oríki.
6- Jakutá: Jàkúta, é também um título de Sàngó, significando aquele que combate com
pedras (de raio), encontrado em alguns de seus oríki...
7- Aganju: Aganjú Solá é irmão de Tèlà Òkò (Sàngó), foi o 4 o Aláàfin Òyó. No Brasil
fala-se que Aganjú é seu sobrinho, mas em Òyó ele é seu irmão mais novo. E sua
situação é a mesma de Dàda Àjàká, por ter sido um importante rei para Òyó, o mesmo
é lembrado e cultuado através de seus símbolos, como espadas e etc. Mas não é um
Òrisà, uma Divindade que seja consagrada em pessoas. Porém, nas religiões
afrobrasileiras como o Candomblé e o Batuque e afro-cubana como a Santeria, o
mesmo possui muitos filhos, e isso faz com que muitos estrangeiros vão até a Nigéria
em busca de consagrações a esta Divindade e nigerianos sem escrúpulos acabam por
realizar estas consagrações, apenas visando ganho financeiro.
8- Baru: Muito se fala sobre Baru/Gbaru/lgbaru no Brasil, muitos chegam a dizer que é
uma Divindade distinta de Sàngó, assim como já escutei quem fale que é um título de
Sàngó dentro do templo de Obàtálá em Ifón. Mas, também confesso que AINDA
(possa ser que exista) não vi e nem escutei nada de Nigerianos sobre esta Divindade
ou título de Sàngó...
9- Oranian: Òrànmíyàn, filho de Odúduwà, pai de Dàda Àjàká, Tèlà Òkò e Aganjú Solá,
foi o I o Aláàfin Òyó, patriarca da dinastia Aláàfin, grande rei, ancestral de grande
importância para o povo iorubá (de Òyó) e por isso cultuado como tal, mas não é um
Òrisà que se consagra em pessoas, pelo menos em Òyó, cidade de origem do mesmo.
10- Airá: Como já dito por Pierre Verger:... Ao que parece, teriam vindo da região de
Savé.... E confirmado por outros autores iorubás, na verdade Airá cultuado no Brasil,
seria a Divindade Àrá, Divindade dos raios e trovões, cultuado em Sábé. E grande
confusão existe em relação a Airá/Ayra (cultuado no Brasil), que acredita-se que seja
a Divindade Àrá de Sábé, com Àrirà, título de Sàngó, encontrado em alguns de seus
oríki.
11- Intile: seria segundo alguns, o antigo nome de Itàsá, cidade qual Àrá era patrono. 11°
Igbonam, do iorubá, Igbóná = calor febre, título dado às divindades ligadas ao fogo, e
por ser Àrá uma divindade do raio, acredito que esteja também associado ao fogo. 12°
Adjaosi, desconheço seu significado, pode ser que esteja associado ao culto de Àrá
em alguma das regiões que o cultuam, pode ser que não.
Espero através deste pequeno artigo, desmistificar confusões que ainda existe em relação à
Sàngó, seus títulos e suas qualidades no Candomblé (Brasil)...
Podemos notar que nessa artigo trata-se da qualidades cultuadas no Candomblé. Ainda
podemos mais informações interessantes sobre aganju colocaremos as mesmas abaixo.
BARRETTI FILHO, Aulo. Dos Yorübá ao Candomblé Kétu, Edusp, São Paulo, 2010.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
Traz também parte da história do reinado de Aganjú em Òyó, bem como sua história familiar:
[...] O reinado de Aganjú foi longo e próspero. Ele tinha o dom de domar os animais
selvagens e serpentes venenosas. Podia ver várias delas arrastando-se pelo seu corpo sem
fazer mal algum. Dentro de sua casa ele tinha um leopardo dócil, onde se podia ver Aganjú
encostar seus pés no animal como se fosse uma esteira, onde demonstrava seu poder e
virilidade [...]
Segundo Adésolá Olátéjú do llé Àse Ekündéyi (2005, p. 368-383), O leopardo é considerado
pelos povos Yorúbá um animal sagrado, e foi domesticado no reinado de Aganjú em Òyó
como prova de sua coragem e ousadia.
NO BRASIL
Certamente o nome Aganjú ficou mais conhecido pelas mãos de Pierre Verger que
acompanhou a fundação do lie Axe Opo Aganjú do Babalorisa Balbino Daniel de Paula, 75
anos, em Lauro de Freitas Bahia Terreiro da linhagem tradicional de Ketu, saído do llé Axé
Opô Afonjá. Vemos que em todas entrevistas concedidas por Baba Balbino ele sempre se
refere a Aganjú como sinônimo do Orisa Sango. Yottie has left, before death saying:
aganjuba
O Relações Públicas do Instituto Cultural Oloroke (ICO-SP) Awo Ifadero Agbole Obemo,
nos deu a visão de como ocorria o culto a Aganjú dentro do extinto Terreiro do Oloroke, a
casa matriz do Candomblé de nação Èfòn, em Salvador; tradição na qual seu sacerdote - o
Bàbáláwo Ifaseun Awokolade Odugbemi Agbole Obemo, o Bàbá Paulo de Èfòn - fora
iniciado.
Parecendo-se muito com os atributos chave de Sàngó; até mesmo, sendo cultuado dentro do
Ojó Jàkúta. Mas não sendo uma figura que se possa ser confundida com Sàngó. Temos um
ojubó dedicado a Aganjú no instituto, porém não temos nenhum de nossos membros iniciados
a essa divindade.
O fenômeno de aglutinação misturando por vezes os caminhos e outras deidades pode ter sido
a alternativa mais viável para que alguns cultos Brasileiros prosperassem, no caso de Aganjú,
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Pierre Verger em suas obras demonstra ter plena consciência que trata de um outro ser mítico
Aganjú, um de seus sucessores. - referindo a Sango - No livro dos Orixás .
Aganjú é considerado o mais jovens dos Sango. Na região Yoruba consta entre os primeiros
reis e teria subido ao trono após Ajaka ( dada), irmão de Sango. Nota sobre o culto aos
Orixás e Voduns. Em dois itans recolhidos da Casa de Oxumare - Salvador, Bahia fica claro
como Aganjú é uma deidade separada de Sango, o primeiro itan relata um reinando curto de
Sango sugerindo que eram contemporâneos, e não a reencarnação um do outro. Em outro itan
relata que Sango ensina Aganjú a manipular o fogo, e desta vez se refere a Aganjú como uma
deidade dos vulcões.
Bruno Ifágbémi Sówünmí, iyawo de mãe Ana de Ogum - llé Àse Ojú Onire -Agba da Casa de
Oxumarê descreve: Eu já vi minha mãe dar obrigação numa moça lembro que ela chamava
por Aganjú Sola dizia que Aganjú era da família de Sango, sei também que ele usa um Ose
(machado duplo) diferente.
Dàda Bàayàni Àjàkú, o Filho de Òrànmíyàn e lyá Mòrèmí, dono da cumeeira de nossa Casa.
Antes de lyá Torosí, Òrànmíyàn casou-se com lyá Mòrèmí e com ela teve um filho, cujo os
cabelos nasceram em tufos, era Dàda Bàayàni Àjàkú. Dàda (Àjàká), que também foi um
Aláàfin Òyó, irmão de Sàngó, era um rei muito calmo e pacífico e sua personalidade não
permitiu-lhe ser um grande comandante. Aproveitando-se disso, Sàngó apossou-se do reinado
de Òyó, tornando-se Aláàfin. Dàda Bàayàni Àjàkú, passou, então, a reinar um povoado
próximo de Òyó. Envergonhado com o seu despojamento, Dàda passa a usar uma coroa que
lhe cobre todo o rosto (Adé Bàayàni), a qual tiraria apenas quando reconquistasse seu lugar
em Òyó. reinando de Sàngó durou exatos sete anos, nesse período, ele foi um governante
cruel, sendo chamado de aterrorizador (Èrüjèjè), desta feita, Sàngó abdica do trono de Òyó e
se refugia em Kòso, lugar onde ele desaparece aos pés de um Igi Àyàn. Um provérbio yorúbá
diz: De Wole Nira Oya, Ni Kòso Do Wole Sàngó (Oya adentrou à terra em Irá e Sàngó
adentrou à terra em Kòso). Isto posto, Dàda Bàayàni Àjàkú retomou o reinado de Òyó,
governando a cidade até sua morte. Posteriormente, Aganjú seu filho, torno-se o novo
Aláàfin.
Aganjú é o Òrisà da força, deidade do sol e dos vulcões (Obá AganjúOniná Oke - Rei
Aganjú, lava das montanhas...), ele é a força em chamas que emerge da terra.
Aganjú passava por sérios problemas em seu reinado (vizinho à Òyó), sabedor disso, Sàngó o
procurou, afim de ajudá-lo. Próximo às terras deAganjú, Sàngó ouviu vozes e, se escondeu
entre as árvores, objetivando observar o que estava acontecendo. Ficou espantado ao ver um
homem em chamas, era Aganjú. Ao lado dele estava Òsun, que com a sua água doce, tentava
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acalmar aquele homem em chamas. Aganjú estava muito nervoso, afinal, seu reino estava em
decadência, não obstante, percebeu que havia alguém lhe olhando e, nervoso, indagou quem
era. Sàngó mostrou-se, dizendo: Sou Sàngó, o Aláàfin Òyó. Irritado, Aganjú perguntava
quem lhe havia dado permissão para entrar em suas terras. Sàngó disse que não precisava de
autorizações, sendo ele o rei de Òyó. Cada vez mais furioso, Aganjú disse: ‘Você não sabe a
que perigo está se expondo com tanta ousadia! Sabe que posso transformá-lo em cinzas agora
mesmo?. Rindo, Sàngó disse que se quisesse poderia transforma-se em fogo também.
Intentando alarmar Aganjú, Sàngó se tomou por fogo, mostrando o seu poder e dizendo que
queria apenas ajudá-lo. Aganjú, então, questionou de que forma Sàngó queria lhe ajudar. O
rei de Òyó disse que poderia lhe ensinar a controlar seus poderes, sendo que Aganjú, acabava
por queimar todos àqueles que se aproximavam e, que poderia ser uma espécie de porta voz
do seu povo. Desconfiado, Aganjú perguntou porque ele estava fazendo isso; Sàngó disse que
temia que os problemas chegassem à Òyó e por isso estava se prevenindo. Òsun, que
continuava jogando água em Aganjú, percebia que aquela não era a verdadeira intenção de
Sàngó. Aganjú disse que aceitaria a oferta de Sàngó, mas perguntou qual o preço que teria
que pagar por isso. Sàngó, por sua vez, disse que não havia necessidade em lhe pagar, no
entanto,
deveria, a partir daquele momento, utilizar todas as ferramentas de Sàngó, tais como Osé e o
Séré. Desse modo, seu povo, ao ver em minhas mãos as mesmas insígnias usadas por você,
não contestará a minha autoridade e, reconhecendo os atributos, acatarão as ordens que a eles
eu irei transmitir, afirmou Sàngó. Aganjú indagou a opinião de Òsun, que já flertava com
Sàngó. Òsun disse acreditar ser um bom negócio, podendo desta forma, restabelecer a ordem
em seu País. Diante disso, Aganjú aceitou a proposta de Sàngó e recebeu do Aláàfin de Òyó
um Séré e um Osé. Feito isso, Sàngó impôs no reinado de Aganjú o seu regimento e,
Aganjúpor sua vez, começou a utilizar-se das ferramentas de Sàngó. Anos depois, Aganjú
tornar-se-ia também um Aláàfin Òyó.
Fonte: orisabrasil.com.br/Loja/aganju/
Orisa Brasil -Por Renata Barcelos 04/05/2017
ADURA
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ORIKI
Ka’wo ka’biyesile
Etala mo juba gadagba mi juba
Oluoyo
Etala mo juba gadagba mo juba
Ova ko so
Etala mo juba gadagba mo juba
Àse
ORIKI
Eu cumprimento o rei
13 vezes eu o cumprimento a você
Chefe de Oyo
13 vezes eu o cumprimento a você
O chefe que não morreu
13 vezes eu o cumprimento a você
Axé
Sángiri-làgiri,
Olàgiri-kàkààkà-kí Igba Edun Bò
O Jajú Mó Ni Kó Tó Pa Ni Je
Ó Ké Kàrà, Ké Kòró
S’ Olórò Dí Jínjìnnì
Eléyinjú Iná
Abá Won Jà Mà Jèbi
Iwo Ní Mo Sá Di O
Sango Ona Mogba Bi E Tu Bá Wó Ile
Jejene Ni Mú Ewure
Bi Sango Bá Wó Ile
Jejene Ni Mú Osa Gbogbo
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Ibeji
Saudação
Número 6 para Xangô Agandju Ibêje e 8 para Oxum Epandá Ibêje
Cor Todas as cores, menos o preto
Guia
Oferenda
Ferramentas
Ave
4 Pés
Qualidades
Ibêji (do iorubá Ìgbejì, gêmeos) é o protetor dos gêmeos. Dá-se o nome de Taiwo ao primeiro
gêmeo a nascer e o de Kehinde ao segundo. Cada gêmeo é representado por uma imagem. Os
Yorùbá colocam alimentos sobre suas imagens para invocar a benevolência de Ìbejì. Os pais
de gêmeos costumam fazer sacrifícios a cada oito dias em honra ao orixá, colocam alimentos
sobre suas imagens para invocar a benevolência de Ìbejì. O animal tradicionalmente
associado a Ibêji é o macaco Colobus polykomos, ou colobo real. Pelas manhãs eles ficam
acordados em silêncio no alto das árvores, como se estivessem em oração ou contemplação,
daí serem considerados mensageiros dos deuses, ou capazes de escutar os deuses. A mãe
colobo quando vai parir, afasta-se do bando e volta apenas no dia seguinte das profundezas da
floresta trazendo seu filhote (que nasce totalmente branco) nas costas. O colobo é chamado
em iorubá de edun oròòkun, e seus filhotes são considerados a reencarnação dos gêmeos que
morrem, cujos espíritos são encontrados vagando na floresta e resgatados pelas mães colobos.
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Adura
Igbà Órìsà
(Orixá eu te saúdo)
Órìsà Ibéjì
(Orixá Ibeji)
Dakùn dabó, ma jékì a rì Ikù Omodé,
(Não permita que haja a morte de crianças)
Ma jékì a rì Ikù agbà,
(Não permita que haja a morte de adultos)
Enitì ó bì, máà jékì ó sokùn,
(Quem tem para não chorar)
Máà jékì a kù Ikù airotélé,
(Não deixe acontecer a morte imprevista)
Fun mi lowó latì sé nkan gbógbó,
(Me dê dinheiro para minhas necessidades)
Iwó ti só alakisà di alasó, jowó só akisà mi di asó,
(Você que torna o pobre rico, me torne rico)
Iwó to ti essè mejé ji bé silé alakisà, jowó bé silé mi,
(Você que entrou na casa do pobre, peço entre na minha)
Órìsà Ibéjì, pelé ó,
(Orixá Ibéjì eu te saúdo)
Ejiré àra isokùn,
(Ejirê de Issokun)
Jowó só mi di oloró.
(Peço, me torne próspero).
Orìkí fún Ibéjì
B’eji B’eji’re
B’eji B’eji’la
B’eji B’ejiwo
Igbá omo ire
Axé
Oriki
Dar a luz aos gêmeos traz fortuna boa
Dar a luz aos gêmeos traz abundância
Dar a luz aos gêmeos traz dinheiro
Saudar as crianças das coisas boas
Axé
Ẹ̀ jìrẹ́ okin
Ẹ̀ jìrẹ́ ti mo bi, ti mo jo
Ẹ̀ jìrẹ́ ti mo bi, ti mo yó
Ẹ̀ jìrẹ́ ara isokun
Omó édun nsere lori igi
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Ẹ̀ jìrẹ́ okin
Eu nasci e fui criado
Eu nasci cheio e satisfeito
Ẹ̀ jìrẹ́ ara isokun
Omó edun nsere lori igi
Gêmeos encantadores
Gêmeos que eu dei à luz, que se parecem comigo
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A espada daquele que o atinge não pode penetrar: nem a lança, nem o dardo, nem o arpão.
debate sobre sua mãe
Eu te imploro,
É uma caixa, um cofre,
me eseese jejeji be sile alakisa
ele fez do líder um seguidor,
o coração é como eu sou,
mas dois para o próximo,
Criança popular recebe o beijo da mãe,
dando um passo para trás de seu pai biológico
O corpo chorando, o bebê chorando, brincando na árvore
Tem óleo, tem beleza, minha esposa vai dar à luz gêmeos
Taiyelolu ma yo se se,
Akehinde gbegbon
Posso saber
Ejire oyila, ema yo se se, nbabi edunjobi
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Ode
Odé é o orixá das matas e florestas onde vive a caçar.
É o protetor dos caçadores e seu nome deriva desta
palavra. Seus filhos são espertos, rápidos e atentos. É
o Orixá da fartura e vive com a Orixá Otim.
Descrição
Característica
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Erinlé
Erinlé, Inlé (do iorubá Erinlẹ), ou Ibualama é o orixá da caça de Ijexá, onde passa um rio do
mesmo nome. Erínlè quer dizer elefante (Erin) na terra (ilè) ou terra do elefante. Seu templo
principal é em Ilobu, onde, segundo Ulli Beier, dois cultos teriam se misturado: o culto do rio
e o do caçador de elefantes que, em diversas ocasiões, viera ajudar os habitantes de Ilobu a
combater seus adversários.
Seu símbolo, de ferro forjado, é um pássaro fixo sobre uma haste central, circundada por
dezesseis outras hastes sobre as quais se encontra também um pássaro. O culto de Erinlé
realiza-se às margens de diversos lugares profundos do rio, chamados ibù. Cada um desses
lugares recebe um nome, mas é sempre Erinlé que é adorado sob todos esses nomes. Um
desses lugares profundos é chamado Ibùalámọ (Ibualama), um dos nomes pelo qual é
conhecido no Brasil, embora geralmente considerado uma qualidade de Oxóssi. Erinlé recebe
oferendas de acarajé, inhames, bananas, milho, feijão assado, tudo regado com azeite-de-
dendê.
Origem
O culto de Erínlè está centrado ao redor do rio Erínlè, afluente do rio Ọ̀ ṣun, que atravessa a
cidade de Ìlobùú (Ilú Òbú ou cidade de Òbú), localizada ao sul da Nigéria Ocidental, na
estrada de Ogbomoso para Òṣogbo (situada aproximadamente 16 km a oeste de Òṣogbo). Ele
é a divindade padroeira de Ìlobùú, um centro de comércio para o inhame, milho, mandioca,
óleo de dendê, abóbora, feijão, quiabo que está em uma área de savana habitada
principalmente por iorubás.
Òbú é um tipo de giz nativo (efun) comestível, usado para temperar comida. Era um dos
temperos principais antes do sal, da mesma forma que o aró-àbàje (uma tintura azul
comestível) é usado para temperar comidas como o ekuru aró.
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Tido por alguns como filho de Ainá, Erínlè é considerado por outros como filho mítico de
Yemoja e de Olokun. É um orixá caçador, pescador e um médico, por conta do seu grande
conhecimento da floresta e da flora. Enquanto médico dominou, antes de Ossain, o poder da
botânica. Não é incomum para os sacerdotes de Erínlè carregarem um cajado (òsù)
semelhante ao que carregam os sacerdotes de Ossain e de Ifá devido à sua importância como
curandeiros medicinais.
Ele conhece o poder curativo do Eja aro. Essa medicina nasce em Òkànràn Òfún. O peixe
seco (eja aro) é conhecido na terra dos Nupes e isso é revelado pelo caminho de Òkànrànsodè
descrito abaixo e na conexão entre Erínlè e o exilado rei dos Nupes.
Tradição africana
Há muitas variações no nome pelo qual Erínlè é conhecido. Assim, ele é comumente
conhecido como Erínlè dentro de Ẹ̀ gbádò, Erínlè em Ìlobùú, Enlè em Okuku.
Nas Américas, Erínlè é às vezes considerado hermafrodita, mas na terra iorubá é adorado
principalmente como uma divindade masculina. Ele é pensado por alguns estudiosos como o
aspecto masculino de Yemoja Mojelewu. O que parece consenso é que Erínlè mora na
floresta com os irmãos Osányìn, Ògún e Òsóòsì, no cultivo com Òrìsà Oko, nas águas com
Yemoja, Otin e Òsun. Sua verdadeira residência seria o ponto onde o rio encontra o oceano,
onde docemente se misturam as águas doce e salgada.
Erínlè tem muitas manifestações ou caminhos, conhecidos como ibú: Ojútù, Álamo, Owáálá,
Abátàn, Ìyámòkín e Àánú. É o oríkì de cada ibú que distingue entre os caminhos diferentes
ou manifestações de Erínlè, como um se apresentando na sua coragem, outro como um
caçador, outro ainda no poder presente na profundidade do rio. São cantados oríkì individuais
a Erínlè no seu festival anual da mesma forma como também são invocados coletivamente.
O awo, ota Erínlè ou otun Erínlè, é o nome dos recipientes usados dentro do culto de Erínlè
(em Okeho é adicionalmente conhecido como aawe Erínlè, onde tem uma forma totalmente
diferente das encontradas em Ìlobùú e na maior parte da terra iorubá). Potes fechados que
guardam pedras e água são predominantemente associadas com divindades fluviais
femininas, como aqueles encontrados nos cultos de Yemoja e Òsun. O awo - ota - Erínlè é o
recipiente tradicional para guardar os ota de Erínlè. Sacerdotes de Erínlè dançam em
procissão como parte do festival anual de Erínlè em muitas partes de Nigéria. Para o festival,
sacerdotes trazem com eles o próprio awo - ota - Erínlè para o festival no rio de Ìlobùú.
Quando a possessão acontece, Erínlè dança com o awo - ota - Erínlè colocado no alto da
cabeça.
Tradição Ketu (Brasil)
No Brasil, no Candomblé Ketu, esse orixá é chamado Oxóssi Inlê ou Oxóssi Ibualama e
considerado apenas uma qualidade de Oxóssi. Considera-se que Erínlè tem dois caminhos ou
aspectos. Um aspecto é considerado um velho caçador, Òsóòsì Ibualama. O outro caminho é
mais jovem e mais delicado e bonito, normalmente chamado Inlè.
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Em Cuba e Trinidad Erínlè é conhecido como Inlè ou Erínlè Ajaja. Ajaja é um título
honorífico que significa Ele que come cachorro, o que é feroz. É acompanhado por Ibojuto e
Abátàn. Abátàn (ou Abàtà = pântano) é a divindade da baixada. Abátàn normalmente é
considerado como a companheira feminina de Erínlè, mas alguns reconhecem Abátàn como
masculino. Quando Erínlè é assentado dentro da cerimônia de iniciação, Abátàn também é
assentada. Ela tem canções e oríkì separados. Abátàn come com Erínlè e participa de todas as
suas oferendas e sacrifícios. São duas divindades que se unem como um. Embora distintos,
funcionam juntos, como uma unidade. Há um equilíbrio, dando uma visão instantânea do
caráter de Erínlè, uma mistura perfeita de energias masculina e feminina.
A família de Erínlè se compõe de: Abátàn - sua esposa, Boyuto ou Ibojuto, guardião de Erínlè
e Abátàn, Otin, filha de Erínlè e Abátàn, Jobia, filho de Asipelu, ajudante de Erínlè, Olóògùn
Èdè (Lògùn Èdè), o senhor (dono) do medicamento (medicina) de Èdè, filho de Erínlè com
Osun, e, por último, Asao, duplo de Erínlè.
Ele é, sem dúvida, um dos Òrìṣà mais queridos do Brasil. É um ícone no candomblé, na
umbanda e em diversas religiões afro-brasileiras. E quais seriam as explicações para essa
popularidade e afeição do povo brasileiro para com este Ọdẹ? São diversas e, na opinião
deste autor, se perfazem numa conjunção de fatores históricos e sociais. Vejam:
O primeiro fator para a popularidade deste Òrìṣà se deve ao poder que aqui ele recebeu. Esta
História remonta à formação do culto dos Òrìṣà no Brasil como religião. No Candomblé,
Ọ̀ṣọ́ọ̀sí é o onilè (senhor da Terra), e este título atravessou o Atlântico, tendo em vista que em
território Ketu, hoje situado na República do Benin, ele era o patrono do mais importante
família real local, a Aro, e lá sustentava o mesmo título. Vale dizer que foi o nome desta
família que deu origem à famosa saudação a este Òrìṣà: Òkè Aró! literalmente, Oh Grande
Aro! Pois bem, através do caminho (qualidade) Ọdẹ Oni Pòpò (Caçador Rei dos Pòpò), que
Ọ̀ṣọ́ọ̀sí se tornou a primeira divindade yorubá a receber culto no Brasil, no bairro da
Barraquinha, Salvadora. O fato se deu em meados do Século XVIII e sob a tutela de Ìyá
Adetá, sacerdotisa yorubá, da família Aro, a qual teria iniciado o culto a esta divindade em
terras brasileiras. É certo que o culto deste Ọdẹ precedeu o de Intilẹ̀, mas foi seu
contemporâneo na formação do Ilé Àṣẹ Ìyá Omi Àirá Intilẹ̀, primeira organização de culto
aos Òrìṣà sedimentado no Brasil.
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Um muito popular ìtàn diz que todos os anos, para comemorar a colheita dos inhames, o rei
de Ifé oferecia aos súditos uma grande festa. Num determinado ano, a cerimônia transcorria
normalmente quando então um pássaro de grandes proporções pousou nos telhados do
palácio. O pássaro era monstruoso e emitia um som apavorante. O povo de Ifé, assustado,
perguntava sobre sua origem. A ave fora enviada pelas Àjẹ́, as Ìyàmi, ofendidas por não
terem sido convidadas. O pássaro ameaçava o desenrolar das comemorações e o povo corria
aterrorizado. O Ọ̀ni de Ifé mandou, então, chamar os melhores caçadores do reino para abater
a ave.
Ọ̀ṣọ́ọ̀sí também é chamado de Àṣẹ̀ṣẹ̀ (origem das origens), por conta de uma interpretação de
que ele nos trouxe ao mundo: Ọdẹ arole lo bì wá.
O local de origem deste Òrìṣà é Ikija nas proximidades de Ìjẹ̀bu Ode. Lá, seu assentamento,
seu àṣẹ, se dá num arco e flecha de ferro.
Ọ̀ṣọ́ọ̀sí e Òsányìn
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Como chefe e patrono dos caçadores, Ọ̀ṣọ́ọ̀sí se mantém a maior parte do tempo nas florestas
e, no contato com Òsányìn, senhor da floresta, aprendeu o uso terapêutico das folhas,
tornando-se um bàbá ewé, como diz a cantiga a seguir:
Tradução:
Grande Senhor dono das folhas, dono das folhas, dono das folhas, pai
Grande Senhor dono das folhas, Grande Senhor dono das folhas, pai
Há um ìtàn que conta sobre esse contato entre Ọ̀ṣọ́ọ̀sí e Òsányìn, porém, tamanha foi a
deturpação deste mito na diáspora, que não nos foi possível recolhê-lo de fonte segura.
Permanece a Ìwé Ìmọ em dívida sobre esta questão.
Continuando na sua mitologia, sabe-se que Ọ̀ṣọ́ọ̀sí é considerado filho de Apáòká, uma
entidade fitomórfica cultuada numa jaqueira e seria irmão de Ògún, com o qual aprendeu os
segredos da caça e da vida. Ògún seria, então, o responsável pela sua formação de ìwà
(caráter).
Apáòká, a jaqueira.
Em terras yorubá lhe são oferecidos àkàrà (bolinho de feijão frito), ẹ̀wà (feijão fradinho),
àgbàdó (milho), ọgẹdẹ (banana), iṣu (inhame). Tudo assado e misturado com epo pupa (azeite
de dendê). Seus principais èèwọ são oyin (mel) e orí ẹran (cabeça dos animais).
Ọ̀ṣọ́ọ̀sí sustenta os títulos de Ọlọ́dẹ (senhor da caça), Ọba Igbó (rei da floresta) e Alákétu (rei
de Kétu). Em Savè, devido a sua baixa estatura, Ọ̀ṣọ́ọ̀sí é chamado de Ọdẹ kékeré, pequeno
caçador, como confirma o cântico a seguir:
Tradução:
Observem que a cantiga relata que, apesar de sua baixa estatura, ele é grande,
metaforicamente se referindo a sua capacidade, não tendo relevância sua altura.
Oriki:
Ọdẹ oníjà
Sese lehin aso
Ee kò po de
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Oju li o ri ẹgbin kò fọ
Ọjọ pọ iya má bi
A keré tọgbonṣinon
Ọdẹ kò tọ ku agbanli
O si idi bata leri ebe
Ọdẹ ńwó mi ẹro nbá mi
Tradução:
Caçador batalhador
Ọ̀ṣọ́ọ̀sí corre atrás do malfeitor
Aquele a quem se prende com a corda não morre de sujeira
Olhar uma infelicidade não estraga o olho
Não se vomita o sofrimento
Ele é pequeno, mas é inteligente
Caçador não atira na corça morta
Ele se senta no campo de outro
O caçador me olha e sinto medo
Segundo José Beniste, infelizmente, seu culto teria sido praticamente extinto quando da
destruição da antiga Kétu em meados Século XVIII.
Fonte:https://ileaxeoxolufaniwin.wordpress.com/2016/06/03/o%E1%B9%A3oosi-e-o-ori
%E1%B9%A3a-da-caca-mas-tambem-da-agricultura/
Osoosi
Os sacerdotes de Ogum e Osoosi são chamados de Olode, pois além de sacerdotes eles são
muitas vezes caçadores também e lideram um grupo de caçadores locais
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Ogum também é adorado para trazer segurança aos locais, fazendo assim as leis seguidas.
Osoosi também é cultivado para trazer segurança e proteção aos locais, mas um lugar de
destaque vai para Ile-Ife nos Estados de Osun, onde Osoosi é o guardião da cidade e do
palácio de Obatalá.
Phaseyi Awogbemi Dada é filho de Obatala alta sacerdote de Ile-Ife OOO Dada Obalesun, e
segundo ele, Osoosi é um dos orisas mais venerados em Ile-Ifé, e sua popularidade é muito
grande, ficando atrás apenas do próprio Obatalá. Osoosi é o melhor amigo de Obatala e
Obatala confia a sua própria vida em Osoosi. Em Oyo nos Estados de Oyo, segundo o Olode
Baba Ogundara Odetunde, um dos principais sacerdotes de Ogum e Osoosi de Oyo, Osoosi é
o guardião da casa de Ogum e seu principal intermediário para adorá-lo. De qualquer forma,
Ogum e Osoosi são os líderes dos caçadores e senhores da caça adorados por todos os
caçadores.
Essa comunidade em Terra Yoruba, despertou a curiosidade de muitos.. então apuramos mais
informações:
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′′ Todos os dias são como um dia de festival, todo mundo se reúne para comemorar a
autoridade pertence ao Sagrado aquele que fez de Eji seu filho e o cercou de cuidado, ele está
vestido de traje branco batendo no tambor que é só dele aquele que fez a pobre ficar rica
Orisanla, faz de mim a dono de bastante riqueza! - John Pemberton 1984
Em YORUBA SACRED KINGSHIP por John Pemberton, ele descreve que no sexto dia do
festival anual do Aworo Ose, os cantos são entoados para Obatala, danças são feitas em volta
a pedra de Osoosi e cultuam Osoosi.
O pássaro perigoso em Ila Orangun:
O complexo religioso possui Ojubo de inúmeros Orisa: Obatala , Sango, Osun , Ògún ,
Orunmila, Osoosi , Ojubo de Aworo Ose – o caçador que matou o pássaro – entre outros.
Ila Orangun, é uma das cidades conhecidas por ter grande parte de descendentes da etnia
Igbomina, que viviam em Ife e Oyo. Da relação entre Ila Orangun e ile ifé . Ila Orangun é
dito ter sua realeza pertencente a linhagem das dinastia de Oduduwa . Em Ifé, Itapa – Iranje
onde se encontra o principal templo de Obatala da cidade, há um local de culto a Osoosi , é
sabido que Osoosi também ali possui forte relação com Obatala talvez um forte indicio que
essas tradições estejam correlacionadas, Já que Osoosi ganha mais destaque se relacionando
com Ogun em muitas outras areas Yoruba. – Também em Ifé, vemos o Obalesun – o
principal sacerdote de Obatala do Templo cultuando Osoosi.
Em Osa – Odu Erindilogun – Relata que Osoosi foi encontrado na porta da casa de Obatala,
por Orunmila e Osun, que queriam passar do portão para falar com Obatala, Obatala não
estava em casa, e Osoosi os avisa, mas sem acreditar Orunmila e Osun começam a fazer
oferendas (obi no chão) para Osoosi para que deixasse eles passarem, Obatala chega em casa,
Osoosi ve Obatala chegar, e avisa aos dois que acreditam que suas oferendas deram resultado.
No entanto há uma mesma versão do mito que descreve Osoosi como um Ilari, que seria
aquele que avisa quem esta chegando para um rei.
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No Erindilogun – odu Irosun – Relata que Osoosi era conhecido como Oso – Adorno,
Ornamentado ( Abraham ) – Conta o verso que, Oso era um excelente caçador, mas não tinha
nenhuma riqueza, tudo que ele caçava ele entregava para os outros e para os próprios Orisa,
ele vai em consulta ao Oraculo, e pedem para ele fazer ebo, Obatala também recomenda que
Oso crie a própria egbe, sua própria comunidade e que tenha roupas próprias, Obatala da para
Osoosi roupas para serem usadas para que ele possa ser identificado, deveria também fazer
um festejo anual, em uma versão Obatala entrega um Ofa, o arco flecha para Osoosi, – Oso
então cria sua comunidade e no seu primeiro festival aparece totalmente vestido conforme as
orientações de Obatala, – naquele instante que apareceu em publico, todos os presentes se
abaixaram e prestaram reverencias reconheceram Osoosi, ele não deveria servir a mais
ninguém, Osoosi ganha riquezas.
Fonte: https://orisabrasil.com.br/Loja/a-relacao-de-obatala-e-osoosi-em-ila-orangun/
ADURA
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Otim
Em uma das centenas de itons (lendas), temos Odé como o terceiro filho de Iemanjá com
Oxalá, senhor da caça e Rei do Queto é o único verdadeiro amor de Oxum. Diz uma lenda
que Odé um dia saiu de casa e ficou preso nas matas de Ossânha apesar de sua mãe o ter
avisado, mas teimoso foi até as matas e Ossânha fascinado por suas habilidades o prendeu lá.
Iemanjá ficou muito triste com a ausência de seu filho e se pôs a chorar. Então Oxalá deu
ordem para Ossãnha soltar Odé para ver sua mãe, mas, por ter passado muito tempo, Odé se
acostumou a viver nas matas. Sendo assim, visita sua mãe, mas sua morada ficou sendo as
matas, onde a partir daí conhece Otim.
Outra versão:
Companheira inseparável de Odé, vive no mato em sua companhia. Esta Iabá é pouco
cultuada no Brasil, mas seu fundamento foi conservado nas Nações de Batuque no Sul do
país. É raro encontrar iniciados a Otim. É uma Orixá que se alimenta de todo tipo de caça,
porém seu alimento preferido é a carne de porco. Por conta disso, um dos arquétipos dos
filhos de Otim é a gula.
Ela reina toda a fauna (fêmeas) protegendo as florestas e o ecossistema. Dentro da religião,
muitos comentam que não há ocupação de Otim em seus cavalos de santo ou até mesmo não
se dá Ori a Otim. Tanto na Nação Cambina (Cabinda), Jeje ou Ijexá, o aprontamento de Otim
já é fato corriqueiro. Geralmente Otim é adjuntó de Odé e vice-versa. Em alguns templos, o
tratamento de Otim é feito somente com epô, mas alguns sacerdotes também adotam o epô
com mel em suas feituras.
Existe uma lenda que fala que Otim e Odé era dois irmãos que caçavam juntos, eles são
inseparáveis, um carrega com sigo plantas com poderes de cura e o outro arco e flecha para a
caça, são guerreiros na mata.
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ORIXÁ OTIM
Assim que Otin conseguiu o seu objetivo de vitória junto aos demais caçadores, ela passou a
ser ainda mais conhecida em toda a região, chamando a atenção de muitos homens que
passaram à querer o amor dela. Otim dizia que só iria se casar quando existisse um homem
que fosse merecedor de ser seu marido.
Pouco tempo depois veio a falecer o chefe dos caçadores de Okuku, que se chamava Agbona.
O seu sucessor foi Erinlé, Orixá masculino e guerreiro, por sua valentia e poder. Erinlé ficou
muito famoso, até sua fama chegar aos ouvidos de Otim, que muito curiosa e intrigada, foi
conhecer Erinlé. Convencida de que era ele o indicado, se casou com ele e se tornaram juntos
e infalíveis na proteção dos seus povoados.
Dentro dos mitos sobre Otim, após cumprir com seu papel aqui na Terra, ela parte se
transformando em um grande Rio, que de certa forma continuou protegendo o seu povoado,
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chamado de Odo Otin (Rio Otim). A partir de então, começaram a venerar Otim como uma
divindade.
De antes dos meus estudos em terra Yorubá, o Culto à Otim se espalhou para Inisa, Igbaye,
Iragbiji, Ijabe, entre outros lugares perto de Okuku. Todos os anos se comemora o Festival de
Otim na beira desse Rio, que por sinal, acredita-se que a sua água traga fertilidade à quem o
visita. O culto deste Orixá tem dois Sacerdotes principais, que é a Sacerdotisa Iyangba e o
Sacerdote masculino chamado Aworo Otin. Geralmente, nos templos desta divindade em
terra Yorubá, Otim está sempre acompanhada do seu marido Erinlé.
ỌTÌN
Òr ìṣà feminino cuja função principal na terra ioruba é a defesa contra os inimigos e os males
em geral, também proporciona filhos, saúde, prosperidade, abundância e vida longa. Ọt ìn
como a maioria dos Òr ìṣà possui seu lado histórico como personagem que viveu no mundo e
seu lado divino.
Como personagem histórica, Ọt ìn foi uma mulher guerreira descendente de caçadores,
nascida na vila de Otan, que foi para a vila de Okuku para batalhar durante um período em
que seus colonizadores tinham guerras constantes com seus vizinhos Ijesa. Otin, juntamente
com outros dois guerreiros caçadores locais, chamados Agbona e Oloku, elaborou um plano
para impedir que o povo fosse invadido. Após alguns ataques do inimigo, eles se
convenceram de que era impossível vencê-los, razão pela qual eles decidiram desistir. Depois
que Otin alcançou seu objetivo defendendo Okuku, ele voltou para sua cidade natal. Os
colonizadores imploraram-lhe para não ir embora, mas ela recusou-se dizendo que só voltaria
para Okuku quando houvesse um homem merecedor de ser seu marido. Pouco tempo depois,
Agbona morreu e Erinle foi quem lhe sucedeu como líder dos caçadores. Erinle ficou muito
famoso em Okuku pela sua coragem e destreza como caçador e guerreiro, ele também era
conhecido como " Ọd ẹ Dúdú" (o caçador das trevas) devido ao fato de vaguear na escuridão
da noite como vigilante dos limites da cidade, em ca so de que o inimigo Eu queria atacar
novamente. A fama de Erinle chegou à vila de Otin, ela muito curiosa e intrigada, retornou a
Okuku para conhecer Erinle e suas proezas. Convencida de que era o tal, casou com ele. Ela
viveu algum tempo com o marido, que acompanhava na luta. Mas depois eles acabaram
brigando e ela foi embora. É então que a história dá lugar ao mito, pois segundo a tradição
oral ela se transforma em um rio à saída da cidade. O rio foi nomeado "Otin" em sua
homenagem e com seu canal, diz-se que Otin continuou a proteger o povo dos ataques dos
inimigos e isso fez com que o seu culto começasse como divindade.
O culto de Otin, muito ligado ao culto de Erinle, estendeu-se no início a algumas aldeias
próximas de Okuku e depois a outras partes da terra ioruba. Lugares como Igbaye, Inisa, Eko-
Ende (Eko-Eyinde), Iragbiji, Ilobu, Ijabe, Eko-Ajala, entre outros próximos de Okuku e do
Rio Otin, têm festivais anuais em sua homenagem, onde uma "arugba" carrega a "abóbora de
Otin" sobre sua cabeça em procissão, juntamente com a sacerdotiza principal de Otin, cujo
título é "Iyangba" e O "Aworo Otin" (padre masculino). Na maioria dos lugares de culto a
esta òr ìsà na terra ioruba, inicia-se pessoas para Otin e a òr ìSà se manifesta através do
transe.
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Geralmente, Otin nos templos é acompanhada de seu marido Erinle, que muitas vezes é
simplesmente chamado de "Ode" (fazendo referência ao apelido "Ode dudu"), o rio Otin é
tributário do Rio Erinle, os colonizadores da área cultam ambos. .
Existe também alguma referência de que Otin poderia ter casado com Obedu, que é outro òr
ìṣà ligado à caça, com amplos poderes em "medicinas mágicas" originárias de Ile-Ife, mas
cujo culto realmente como divindade começou em Oba-Ile, onde t Tem a sua comemoração
anual e é a principal cidade onde se Ele é culto até hoje. Diz-se aí que Obedu era muito
poderoso e foi conselheiro do próprio Oduduwa. No entanto, sobre esta hipótese, importa
notar que em Oba Ile não há referências ao fato de Obedu ser marido de Otin, além de que o
rio Otin e a vila Okuku estão situados a uma distância muito considerável de Oba Ile. Além
disso, , tomando como referência A história de Okuku, tudo começa quando Oladile fundou
uma vila chamada "Iko-Ikin", devido a que no local havia palmeiras das que penduravam
nozes de ikin, mais tarde o nome acabou se transformando em "Kookin", segundo os dados
históricos, O povo Kookin foi atacado e destruído pelos inimigos. Em 1760, Oladile com seu
povo se moveu alguns quilómetros para norte, para fundar a vila de Okuku. Após vários anos
de tranquilidade, os inimigos começam a atacá-los. Aqui é onde aparece Otin, que viaja para
Okuku para ajudar os colonizadores contra os inimigos. Tendo essa referência, podemos
situar Otin depois de 1760 historicamente, enquanto Obedu que ajudou Oduyale (filho de
Oduduwa segundo a tradição oral de Oba Ile) a fundar o povo de Oba-Ile, historicamente
viveu na época de Oduwa, vai séculos antes de Otin. Isso não significa igualmente que possa
existir alguma referência mitológica onde, como divindades, Obedu possa ser considerado
marido de Otin.
Otin como divindade é considerada "rainha de Okuku" e Erinle "rei das águas". As tampas
das vasilhas chamadas "awo ota erinle", que contêm os atributos deste òr ìsà, são feitas quase
sempre com esculturas de bustos (geralmente femininos) em forma cônica que lembram uma
coroa ioruba. Muitas das esculturas das tampas das vasilhas são baseadas em representar a
esposa de Erinle, a rainha Otin, que muitas vezes vai carregando crianças nos braços e nas
costas.
Baba Osvaldo Omotobatala.
Publicado or yemoja_arike
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/2020/10/10-coisas-para-saber-sobre-otin-na.html
2-Foi após defender a cidade de Kookin- Okuku que Otin ficou conhecida como uma
guerreira junto com Oluku (que tb é orisa em Okuku) e Oka Agbona.
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3-Segundo a lenda reportada, Erinle vai para a cidade de Oluku para ajudar na defesa e lá
conhece Otin, após uma briga entre os dois, ambos fogem,no percurso da fuga, as aguas
brotaram e formaram rios com seus nomes.
4-O rio Otin é tributário do rio Erinle, o rio Erinle agora teve sua parte represada e seu
desenho já destoa dos mapas.
5-Arugba Otin é proibida de adentrar ao rio para depositar as oferendas e um cargo chamado
Elemoso quem tem que fazer isso. Aworo é aquele que coloca e retira a cabaça da cabeça da
Arugba Otin
6-A arugba aquela que carrega as oferendas a Otin para o festival são sempre meninas novas,
podem em algumas regiões estarem com os seios completamente amostra ( se quiser ver vá a
pagina do facebook da orisabrasil e busque por otin - o instagram não deixa colocar a imagem
aqui)
8-Os ilekes de otin podem ser vistos da cor branca e para alguns cargos do culto na cor coral.
9- Muitas cidades cultuam Otin.. Okukum, Inisa, Ijabe, Ilobu, Igbaye, Ede, Okua, Otan,
Eekosin
10-O rio Otin, tem cerca de 32 quilometros e até hoje devotos de Otin cultuam no rio, suas
aguas assim como de outras orisa que também tem rios proprios, tem na crença de seus fies o
poder de curar e dar fertilidade.
Ossanha
Ossânha é o médico das Nações que compõem o Batuque. É o dono das plantas medicinais e
seus estudos. Sua importância é fundamental nos ritos africanos desde uma simples lavação
de cabeça até o assentamento de orixás começam com o uso de suas ervas.
Todas as ervas, chás, folhas e vegetação pertencem a Ossânha; é ele quem libera a
propriedade mágica das folhas nos rituais dos Orixás.
Na Nação de Ijexá sua cor é o verde claro e amarelo. Na Nação de Cambina (Cabinda), se
usa o verde e branco
Dia da semana na nação Ijexá e na nação Cambina (Cabinda) é segunda-feira.
(Fundamentos Religiosos da Nação dos Orixás - Paulo Tadeu B. Ferreira. Ed Toqui).
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Na nação de Cabinda, seu dia da semana é quarta-feira (junto com Obá, Xapanã e Oxalá
Bocum)
Seu número é o 7 e seus adjuntós são Oxum Ademun e Obá na Nação de Cambina
(Cabinda).
No jeje faz adjuntó com Iemanjá Boci.
O Orixá Ossânha é o senhor das folhas. A este Orixá pertencem todas as folhas e ervas
utilizadas no culto. A lenda diz que foi Oiá que abanou a saia e fez com que os ventos
espalhassem as folhas, para que desta forma, os demais Orixás pudessem apoderar-se de
algumas, mas que de maneira geral pertencem mesmo a Ossânha.
Também se conta que este Orixá teve uma das pernas amputadas, por isso na maioria das
vezes, quando manifestado, ele dança e se movimenta numa só perna. Logicamente que
Ossânha rege a flora, e devido ao poder de cura das plantas, sendo ele o detentor do
conhecimento sobre a eficácia de cada uma delas, é um dos Orixás médicos do Orunmalé.
Além da homeopatia, o conhecimento de cura das doenças ligadas ao esqueleto ósseo
humano também tem colaboração de Ossânha. As oferendas a Ossânha devem ser entregues
no interior da mata, sendo o coqueiro e a árvore consagrada a este Orixá. Como se torna cada
vez mais difícil encontrar áreas de mata dentro da cidade, é muito comum depositarem suas
oferendas em áreas gramadas junto a coqueiros ou palmeiras, (praças, por exemplo), ou até
mesmo junto a figueiras, que é uma árvore consagrada a este Orixá médico, e o abacateiro,
que mesmo assim, é aceito de bom grado por Ossânha. Suas cores são a soma do verde e do
amarelo ou verde com o branco e a mistura destas, resulta em um verde bem clarinho. Seu dia
da semana é a sexta-feira e o seu sincretismo afro-católico, São José na Nação Ijexá e na
Nação de Cambina (Cabinda) é na segunda-feira[12]
Saudação
Número
Cor
Guia
Oferenda
Ferramentas
Ave
4 Pés
Qualidades
ADURA
70
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71
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Xapanã
Xapanã, vem de Sànpònná (fom), idioma do povo jeje do antigo Daomé, atual Benin, que
significa Dono da Terra. Os daomeanos sempre foram muito temerosos, já que seus cultos
estão originados no sacrifício e poder que os orixás tinham sobre o povo. O nome Obaluaiê e
Omulu, aparecem depois, com as ligações dos deuses daomeanos com os dos iorubás. Os
nomes em iorubás significam títulos recebidos por Xapanã pelas conquistas que aconteceram
no passado, onde o primeiro significa Senhor da Terra e o segundo, Filho do Senhor da Terra.
Embora seja Rei de jeje, é muito cultuado em todas as nações do Batuque. Muitos o colocam
como Orixá do cemitério e associado a morte. Na verdade, era o grande guerreiro dos jejes,
que o temia, porque além das guerras, trazia as epidemias e doenças e por conta disso nas
religiões afro-brasileiras, ficou muito vinculado ao lado de grandes catástrofes.
No Batuque é o dono da vassoura, com que varre os males dos nossos caminhos. É o legitimo
dono da limpeza. Na maioria dos trabalhos de religião que envolva limpezas das mais
complexas, sempre Xapanã é reverenciado.
Geralmente seus filhos trazem como adjuntó Oiá, Obá e raramente Oxum (nas qualidades
Ademun e Olobá). Sempre é representando com a palha da costa encobrindo as feridas de seu
rosto guerreiro. O tratamento de seus assentamentos é sempre com epô.
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ADURA
Omolú igbòná igbóná zue
Omolú igbòná igbòná zue
Eko omo vodum maceto
Eko omo vodum na je
Ijòni le o Nàná
Ijòni le o Nàná ki mayò
Nàná ki mayò ki n a lode
Felèfèlè mi igba nfo, ajunsun wale
Meré-meré e no ile isin
Meré-meré e no ile isin
Ensinbe meré-meré osú Iàyò
Ensinbe meré-meré osú làyò
Oba alà tun sue obi osùn
Oba alà tun sue obi osùn
Iya lòni
Otù, àkòba, bi iyà, hùkó, kàká, beto
Orun zue so ran ale so ran
Bara atun zue obi osùn
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Oba
Obá (usado em sentido literário no Batuque, mas que significa Rei) é a Orixá associada as
lutas e de grande virilidade feminina. Seu culto é cheio de tabus, principalmente para os mais
antigos. Não é muito fácil encontrar filhas (os) de Obá. Diz-se que no passado na Nação de
Cambina (Cabinda), somente mulheres eram iniciadas e se tem notícias ainda hoje, que
durante suas rezas no passado, os homens não tinham permissão de dançar, da mesma forma
que as mulheres não dançavam para qualquer qualidade do Orixá Bará. Nos antigos terreiros
da Nação de Cambina (Cabinda), somente as Ialorixás de orixás femininos poderiam aprontar
filhas de Obá, sendo que somente Madrinhas de Religião também de orixás femininos,
podiam ser escolhidas para seus aprontamentos. Obá sempre foi um orixá de fortes tabus. Seu
aprontamento se reserva a detalhes bem específicos, que é de conhecimento dos mais antigos.
Diferente do culto das outras iabás, nela não há presença de homens e até mesmo crianças
dentro de seu culto. Mas de anos para cá, talvez o orixá tenho se adaptado e/ou aceitado
algumas situações como aprontamento de homens ou até mesmo o orixá como passagem de
alguns orumalés masculinos.
No Candomblé Keto, Obá é tratada como uma orixá da justiça e das águas revoltas. Em geral,
no Batuque, ela está mais ligada como orixá das rodas e do corte, apesar de se tratar da
mesma orixá, mas que demonstra toda tenacidade deste (a) orixá. Obá foi uma das três
esposas de Xangô, na qual diz a lenda que ao tentar agradar o marido, foi convencida por
Oxum a cortar sua orelha. Em uma das rezas de Obá, dança-se com uma das mãos nas orelhas
em homenagem a este itón (lenda).
Em grande parte das Nações que compõem o Batuque do RS, as (os) filhas (os) Obá tem
como adjuntó os Orixás Bará, Xangô, Ossânha ou Xapanã. Em todas as suas obrigações, ela é
tratada com Epô (azeite de dendê) e sempre invocada em caso de brigas e de reequilíbrio do
sistema físico emocional.
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Seu número é 7.
Saudação
Número
Cor
Guia
Oferenda
Ferramentas
Ave
4 Pés
Qualidades
ÀDÙRÀ TI ÒBÀ
Òbà mo pe o o
Òbà mo pe o o
Sare wa je mi o
Òbà ojowu aya xangô sare
Wa gbo adura wa o
Eni n wa owò. Ki o fun ni owò
Eni n wa ammo. Ki o fun ni omo
Eni n wa àlafià. Ki o fun ni àlafià
Sare wa je mi o.
Òbà eu te chamo
Òbà eu te chamo
Venha logo me atender
Òbà, mulher ciumenta esposa se Xangô, venha correndo.
Ouvir a nossa súplica
A quem quer dinheiro, dá dinheiro
A quem quer filhos, dá filhos.
A quem quer saúde, dá saúde
Venha logo me atender.
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Oxum
Oxum significa águas. Na verdade não existe um nome exato para a tradução de seu nome
dentro do grupo linguístico latino, mas é representada pela riqueza, ouro e águas doces. Rege
a fecundidade feminina, protege o feto e a gestação. Mulheres grávidas ou que querem
engravidar recorrem sempre a Oxum para que lhe dê proteção durante todo processo de
crescimento de seus filhos.
Oxum é uma das orixás mais cultuadas no Brasil. Em grande parte, ela se apresenta maternal,
receptiva, mas também possui seu lado guerreiro e altivo. Sua dança é sempre majestosa, com
ritmos sinuosos, leves podendo chegar a movimentos mais performáticos. Dona das línguas e
envolvida com a grande magia sacerdotal feminina, Oxum sempre foi uma orixá onde
independente dos seus reinos de domínio é procurada por todos os adeptos do afro-gaúcho
para alcançar harmonia e prosperidade em vida.
Oxum também é responsável dentro da Nação pela Mesa de Ibeji, juntamente com Xangô.
Esta é uma das principais obrigações de aprontamento para que os filhos tenham uma vida
doce e próspera em sua nova jornada. Em uma de suas danças, Oxum joga perfume em toda
assistência, como forma de benção e de abrir caminhos a fecundidade, refletindo a beleza
suave e magistral desta grande orixá.
Oxum cuida de seus filhos na maternidade, existe uma lenda que fala, que quando ela ganha
os filhos quem cria é Iemanjá, mãe guerreira nunca desampara seus filhos.
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Geralmente Oxum faz adjunto no Batuque com Bará, Ogum, Xangô, Odé, Ossânha e Oxalá.
Raramente com Xapanã.
Cor:
Amarelo e dourado para Oxum Pandá
Amarelo e vermelho para Oxum Miuá
Amarelo (ou dourado)e verde para Oxum Ademum
Amarelo e lilás para Oxum Olobá
Amarelo e branco para Oxum Docô
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Ave
4 Pés
Qualidades
ÀDÚRÀ TI ÒSÚN
E nji tenú ma mi o
Tenú màmà ya
Ìyá Ibeji di Lógun Àyaba omi ro
Ìbeji kòri ko jo
Àyaba ma pákútá màlà ge sá
Iya mi yèyè ( Òsogbo/ Ipondá/ Opara/ Kare )
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Iemanjá
Iemanjá (iorubá) significa filha do peixe. Iemanjá no Batuque, divindade das águas salgadas,
dos mares e oceanos, Orixá que gera o movimento das águas e protetora da vida. Deusa da
pérola, protetora dos pescadores e marinheiros. Senhora dos lares, que traz paz e harmonia
para toda a família. Considerada a orixá do pensamento. Por este motivo que recorremos a ela
para solucionar problemas de depressão e de instabilidade emocional. ::
Enquanto Oxum está mais presente na energia de fecundidade, Iemanjá tem sua força na vida
(manutenção e consciência).
Na Nação de Cambina (Cabinda); 1. Boci - A mais jovem - Rege as partes rasas das aguas 2.
Bomi - A mais idosa - Rege o alto mar. 3. Nanã Borocum - Dona da origem da vida, não há
culto direto a Nanã Borocum, por este motivo, ela é considerada em algumas casas da Nação,
como uma qualidade velha de Iemanjá.
Iemanjá tem como seu adjunto geralmente Oxalá, mas em alguns casos pode ser Odé.
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As ervas de Iemanjá são: rosa branca, palma, erva Santa Lúzia e Santa Bárbara, chapéu de
couro, açucena, pata e unha de vaca, fruta da condessa, algas marinhas coco do iri, e outros
mais.
Em suas oferendas come ovelha, cabra, galinhas brancas, angola, pomba. Suas comidas são
canjica branca no dendê, arroz com mel, manjar, champanhe, vinho branco e peixe assado na
folha de banana.
A maior quizila de Iemanjá é a poeira e o sapo e seu feitiche é a pedra polida pelas águas; a
sua saudação nos búzios Eru Iá quer dizer Salve Sra. do cavalo marinho, mas na Nação se usa
Omi-odo
ÀDÚRÀ TI YEMONJA
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ÀDÚRÀ TI NÀNÁ
E kò odò, e kò odò fó
E kò odò, e kò odò fó
E kò odò, e kò odò fó
E kò odò, e kò odò fó
Kò odò, kò odò, kò odò e
Dura dura ní kò gbèngbè
Mawun awun a ti jò n
Saluba Nana, saluba Nàná, saluba.
Saluba Nana, saluba Nàná, saluba.
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Oxalá
Pai de todos os Orixás e mortais, Oxalá é o mais respeitado Orixá nas Nações africanas, a paz
e a harmonia espiritual são as características deste que é o Criador e Administrador do
Universo. Quando moço, se manifesta em seu Cavalo-de-Santo dançando como os outros
Orixás, quando se apresenta em suas passagens velhas, chega quase se arrastando,
caminhando com dificuldade, muitas vezes fica parado no lugar esperando o auxílio de algum
Orixá moço. Pertence a Oxalá de Orumiláia a visão espiritual, como consequência o jogo de
Búzios
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[...]Das quatro casas em que Corrêa (2006: 151) concentra mais a sua pesquisa de campo,
duas introduzem algumas das primeiras complicações internas a essa classificação. Mãe
Moça da Oxum e Mãe Ester da Iemanjá praticavam o chamado Batuque puro, embora a
primeira tivesse em sua casa um Congá da Umbanda, religião em que atuara quando mais
jovem, abandonando-a depois. Entretanto, algumas das integrantes do templo faziam
ocasionalmente sessões de Umbanda. Por estes motivos, a visão dos acontecimentos [o autor
se refere aqui ao ritual fúnebre chamado de Orissum], por parte da Mãe Moça, mostra, bem
mais do que a outra, influência espírita-kardecista. No templo da segunda, também, havia
muitas pessoas que frequentavam ou eram proprietárias de terreiros de Linha-Cruzada (o que
inclui a Umbanda), cuja interpretação dos acontecimentos influenciava os outros, inclusive a
chefe. A influência da Umbanda e sua visão kardecista, aliás, em grau maior ou menor, não é
incomum nos praticantes do Batuque. É importante notar que Mãe Moça da Oxum teria se
afastado da umbanda por conta de uma exigência feita pela própria Oxum, que, segundo
consta, avisou que se a Indaiá (cabocla que Mãe Moça recebia pelo lado da umbanda)
baixasse novamente, ela levaria o cavalo (mataria Mãe Moça) (Corrêa, 2002: 246). Foi então
que esta mãe-de-santo entregou a chefia da parte umbandista para uma filha-se-santo (2002:
246). [...]
[...]Marília Crosby, em sua etnografia sobre religiões de matriz africana em Pelotas, também
se deparou com um caso (o único nesses termos) em que a terreira de Umbanda foi fechada
porque o orixá do pai-de-santo, que é Bará, trancava as incorporações dos exus. Os filhos-de-
santo desta casa, com a permissão do pai-de-santo, passaram a frequentar terreiras de
Umbanda em outras casas. (Crosby, 2009: 77). [...]
[...]É comum que o terreiro tenha como nome o do/dos Orixás principais do chefe. Mais
ainda, uma resposta típica à pergunta porque uma pessoa abriu seu próprio terreiro é de que
seu Orixá chefe assim o ordenou porque não podia subordinar-se ou continuar se
subordinando a outros Orixás. (Brumana e Martínez, 1991: 153). [...]
[...]Chefes experientes e detentores de grande saber, como o Ayrton do Xangô, são unânimes
em dizer que a cada dia adquirem conhecimentos novos: O búzio, diz ele, é o principal
amansa-burro da gente, e a cada dia a gente aprende com ele. Uma vez eu estava patinando
com um serviço e a coisa não ia, e então eu fui para o búzio. Sabe qual era o problema? Tinha
que despachar (entregar ritualmente) o galo num monte de lixo! Eu não podia imaginar, mas
o Xangô queria e pronto, foi bater e valer. (Corrêa, 2006: 88). [...]
[...]Em sua etnografia sobre as relações entre religião e política em três casas localizadas na
cidade de Pelotas, Carla Ávila relata uma belíssima experiência pessoal. Eu estava auxiliando
Mãe Nara do Xapanã na limpeza do quarto de santo – local de maior energia de uma casa de
religião, onde ficam os assentamentos dos orixás – e senti que estava correndo água sobre os
meus pés, olho para o chão e percebo que está tudo seco. Continuo a ajudá-la a enfeitar com
flores uma cortina de renda branca que cobria as obrigações e sinto novamente uma corrente
de água em meus pés, como se eles estivessem molhados mesmo. Relato a sensação à Mãe
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Nara, ela sorri e diz que são os orixás das águas me saudando, no caso Oxum e Iemanjá
(Ávila, 2011: 18). [...]
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Ancestrais
Culto aos Mortos
O rito dos mortos sempre esteve presente no Batuque seja ele feito no espaço do templo seja
ele feito no mato comum a várias tradições, mas nos dias de hoje podemos ver várias novas
implementações, quase sempre voltadas ao comercio, onde cargos, instrumentos e regras são
adicionados ao corpo do culto. No Batuque o culto aos eguns sempre se deu para os
familiares religiosos em memória dos mesmos nossos ancestrais, os que vieram antes e por
mérito teriam essa honra, mas talvez por influência de outras culturas hoje existe culto feito
por muitos sacerdotes que tem pouco ou quase nada disso.
[...]Os mortos, observou Vagner Gonçalves da Silva em seu texto sobre o rito fúnebre do
candomblé, são aqueles que já não produzem sombra (Silva, 2005: 132). [...]
Abaixo veremos como se dá o culto aos mortos na tradição almas de angola, podemos ver
que parece com o que é praticado por alguns sacerdotes como foribale (se olharmos aqui o
uso de uma palavra que nada tem a ver com o rito que tentam praticar), que se trata de criar
um culto a eguns que não fazem parte da família e com esses praticar as demandas.
[...]No ritual de almas e angola, o assentamento de um terreiro, diríamos a abertura de uma
casa, inclui a utilização de algumas partes retiradas do cadáver de um indigente, as quais,
segundo parece, são fornecidas pelo próprio coveiro. No cemitério, esse egun sofre maus-
tratos, enquanto no terreiro ganha valor e é alimentado (Pedro, 1999: 79). [...]
[...]Essas partes compõem-se sempre dos ossos, devendo necessariamente incluir o crânio e
dois membros, braços ou pernas, em uma evidente analogia, acrescento eu, com algumas das
partes dos animais sacrificados que devem permanecer junto à vasilha do orixá no decurso do
tempo em que ele estiver comendo. O assentamento desse egun consiste no enterramento de
tais ossos sob a casa das almas, lugar situado fora do terreiro, e no qual são feitas as
oferendas aos pretos-velhos. Essa casa não acolhe os assentamentos rituais dos exus, aos
quais se destina uma segunda casinha, chamada de cingira, também ela situada no exterior do
terreiro. Os exus e os eguns estão assentados separadamente, e a maior contiguidade espacial
ocorre entre os últimos e os pretos-velhos. Mas como a função do egun é cuidar do terreiro
para que nenhum outro espírito perturbe a paz espiritual do lugar, é provável que ele dívida
essa incumbência com os exus, os quais, de um modo geral, estão sempre associados à defesa
da casa (Pedro, 1999: 79). [...]
[...]Em todas as situações em que se fizer necessário transferir o terreiro de um lugar para
outro, sobretudo quando a distância entre eles exceder a cinquenta metros, esse egun deve ser
devolvido ao cemitério. Feita a transferência, deve-se assentá-lo outra vez no novo terreiro. O
descumprimento desse fundamento põe em risco a nova casa (Pedro, 1999: 79, 80). [...]
[...]Assim, como um exemplo entre tantos outros que se poderia mencionar, a Casa das Minas
do Maranhão. Os voduns não gostam de contato com os mortos, e o pessoal da Casa não
costuma atualmente frequentar o espiritismo. Alguns com problemas vão às vezes procurar
centros espíritas. O senhor Waldemiro Reis, antigo espírito de muito prestígio na cidade, era
amigo e costumava visitar a Casa ao tempo de Mãe Andressa e de Dona Manoca. A doutrina
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da reencarnação é aceita por muitos, e o espiritismo é considerado por elas um meio de lidar
com os desencarnados. (Ferretti, 2009: 70). Temos, portanto, o caso de um só sistema
religioso que se divide em duas linhas ou dois cultos, o dos orixás e o dos egun,
harmonizadas quanto à doutrina, incompatíveis, porém, quanto ao exercício de suas funções.
O fato dessa separação de cultos dentro das religiões afro-baianas muitíssimas vezes é
apontado pelos próprios pais-de-santo. Assim diz o velho Aprígio que se criou na lei de mina
santê e mina pôpôu: minha lei não permite trabalhar com egun. Guajiru que é Jeje faz uma
observação toda equivalente. Eduardo se expressa mais claro ainda, dizendo da sua nação
Ijexá (nagô): Ijexá não trabalha com egun. Não tem ilê-sahim. Na nação que tem, é muito
afastado das outras coisas. E juntando a razão para isso, diz: quem tem quarto-de-santo não
pode ter ilê-sahim, não pode trabalhar com egun, por quê santo e alma e os respectivos cultos
não se misturam. (Frikel, 1972: 253, 254). [...]
[...]Marcel Etienne dedicou algumas páginas de seu belíssimo livro sobre o deus Apolo, e
cuja abordagem experimental do politeísmo grego é bastante importante para esta tese, aos
restos da culinária sacrificial, observando que na Índia antiga havia inclusive um deus dos
resíduos (Etienne, 2009: 80-82). Pois aos mortos, aos eguns, reservam-se igualmente os
resíduos culinários, e, neste caso, não apenas do sacrifício. Além disso, e diferentemente do
material grego, essa alimentação residual é fonte de muitos perigos e uma distribuidora
potencial de axé de miséria. 167 Donald Pierson também observou que exu, no candomblé
baiano com o qual pesquisou, come tudo , diferindo dos demais orixás, que tendem a comer
animais específicos (1971: 310). 168 Veremos mais adiante que essa relação se modifica,
pelo menos em parte, quando passamos para os estados dos alimentos. Os mortos tendem
para o cru, ao passo que os deuses comem dentro de todo o espectro culinário. Ochoa
deparou-se com uma situação parecida em seu trabalho sobre o Palio Monte, ou Palio
Briyumba, em Cuba. Os seus informantes apresentavam versões simultâneas e ao mesmo
tempo divergentes sobre os mortos, as quais, contudo, mantinham-se conectadas na sua
própria heterogeneidade, conformando o aspecto paratático da sua ontologia (2004: 19). [...]
[...] Bastide havia notado que a casa dos orixás, marcadamente afastada da casa dos mortos,
distinguia-se dessa última não somente por ser mais vasta, estendendo-se sobre a quase
totalidade do terreiro , mas também por se decompor em certo número de habitações ou
aposentos, tendo, cada um, função bem diferenciada (2001: 80). [...]
[...]A casa dos mortos, por sua vez, compreendia somente dois aposentos: uma sala onde
estão pendurados os retratos dos antigos membros mortos, e um quarto que constitui o
verdadeiro santuário e no qual se encontram, enterrados em potes, os eguns ali assentados
sete anos depois de sua morte (2001: 79). Em nota suplementar a essa descrição, Bastide
acrescenta que os materiais de René Ribeiro, cuja referência são os cultos afro-brasileiros do
Recife , demonstram que esse quarto não dispõe de potes, os quais são substituídos por
buracos no chão destinados a receber os alimentos e o sangue dos animais sacrificados (2001:
277). [...]
[...] Foribalẹ é um ato de saudação e veneração, dada diretamente para um Òrìṣà, um Baba ou
Ìyálòrìṣà. Esta saudação pode ser feita por qualquer pessoa iniciada e consagrada até um
simples simpatizantes de nossa religião. A palavra Foribalẹ está averbada nos Dicionários
Iorubá – português como um verbo transitivo que significa venerar, adorar. Literalmente o
referido termo significa colocar a cabeça no chão. Esse ritual também é conhecido pelo nome
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Também pode se realizar o ato do Foribalẹ a qualquer ancião, denotando respeito a sua
antiguidade e aos seus anos de santo. Durante esta saudação o Baba ou a Ìyá tocará o solo e a
cabeça daquele que se prostra diante dele, autorizando dessa forma que se levante e em
seguida lhe dará a sua bênção dos Òrìṣà para a pessoa abençoando-os.
Muito tem se perdido na atualidade o Rito do Foribalẹ. Na maior partes da vezes os membros
de um Terreiro, chegam, não se purificam com banhos de ervas antes de se trocarem,
descartam as saudações as Divindades Primordiais da Casa, male mal saúdam o Corpo
Sacerdotal, assim como seus irmãos e irmãs da comunidade. [...]
Fonte: https://ocandomble.com/2015/11/25/moforibale-o-ato-de-colocar-a-cabeca-no-chao/
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
Agrupamentos
N.E.: Eu discordo quanto a conciliadores, pois, quem conhece um filho Oxalá, Oxum e
Iemanjá sabe bem do que eu estou falando. Ferver o mel é a pior coisa que você pode fazer,
esse povo tem a cabeça grande e um cérebro enorme, como elefantes eles nunca esquecem, são
excelentes arqueólogos, pois vira e mexe eles estão desenterrando o passado e fazem uso de
suas próprias palavras contra você.
III) Dentro/Rua: No Batuque os orixás de rua são os orixás que fazem a segurança do
templo, e da comunidade, no passado, era comum dizer que essas divindades não
pegavam cabeça (não possuíam filhos sendo esse o motivo da divisão desses dois
grupos, os de dentro pegam cabeças), justamente por isso faziam a segurança, em
comum podemos ver também que todos são integrantes do grupo do dendê. Mas
com o passar do tempo notou-se o aparecimento de vários filhos desses orixás de
rua, na minha tradição quando isso acontece esse orixá individualizado com o bori
do iniciado vem para dentro do templo, assim como os demais orixás que pegam
cabeça, porém existem tradições onde esse assentamento permanece na rua e
apenas o bori vem para dentro de casa, como também tradições em que tudo fica
na rua com o orixá.
N.E.: Quando falo rua aqui me refiro a casinha que fica fora do templo como é costume do
Batuque. Também existem assentamentos ou seguranças que ficam diretamente no tempo fora
dessas casinhas.
Aqui entrei apenas nos agrupamentos feitos no Batuque, não considerando o agrupamento
das divindades feitos na matriz, como Imole, Ebora, funfun etc. Isso ficará para quando
entrarmos no Batuque mais avançado. Conto com a colaboração de todos para aperfeiçoar e
enriquecer essa postagem, e ainda apontar algo que tenha sido ignorado por mim.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
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Guias
No Batuque apesar de o único cargo litúrgico existente ser o de sacerdote, existe uma
hierarquia que identifica o grau iniciático em que se encontra o religioso. Esse grau pode ser
na maioria das vezes identificado pelo fio de contas que o mesmo usa e na forma que esse fio
é usado pelo religioso, o fio de contas era muito observado pelos mais velhos, ouvi histórias
que os mais velhos faziam tirar do pescoço dos iniciados os fios que não combinavam com a
divindade, grau de iniciação e forma de uso da tradição.
Até na quartinha do oribibo é comum em algumas tradições colocar um fio de contas
identificando a divindade daquele iniciado ou como uma segurança, mesmo que o oribibo
seja um ritual iniciático de ori e não tenha vínculo com iniciação de orixá. Vou deixar o rito
iniciático para temas futuros não vou adentrar no mérito aqui. Existem algumas categorias de
fios de contas no Batuque, e dentro de algumas delas podemos encontrar vários métodos de
confeccioná-los, não existe um padrão, mesmo assim o fio segue uma regra que deve ser
respeitada.
1- Fio de conta simples: fio único recebido por quem possui iniciação menor que
4(quatro) pés, para marca a bandeira (divindade a qual o sacerdote é iniciado) do
iniciado e o orixá do corpo.
2- Delogun: Fio de contas recebido por quem já passou por rituais de 4(quatro) pés, essa
guia além de informar a divindade ao qual a pessoa foi iniciada em algumas tradições
pode marcar também o orixá que comeu no corpo(ajunto) deste iniciado, quando isso
acontece geralmente a cor da divindade que comeu no corpo é marcada nesse fio de
contas por uma quantidade pequena de miçangas. Dentro desse grupo de fios de
contas podemos encontras as variações de formatos de confecção, firmas são usadas
para enfeitar o fio, o número de fios pode variar, mas sempre respeitar o número
atribuído ao orixá. Ex.: 6 e seus múltiplos para xangô, 7 e seus múltiplos para Ogun
etc.
3- Imperial: Esse fio de contas é recebido somente por quem já passou por todos os ritos
no Batuque, podendo exercer o cargo de sacerdote quando liberado por seu sacerdote,
esse fio é muito importante, pois está ligado ao nosso oráculo, nele cada gomo, como
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Ferramentas:
Cozinha
Insira conteúdo aqui...
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Ritualística
O Batuque como liturgia, possui uma série de procedimentos que ocorrem durante a vida
religiosa de seus seguidores, esses procedimentos têm por função iniciar e fortalecer o culto a
pessoa(ori) e as divindades(orixás), essa caminhada litúrgica termina com o orissum o rito de
desligamento e preparação deste iniciado para sua volta ao orun. Cada rito pelo qual o
iniciado passa, o torna mais apto a interagir com o axé e lhe permite participar de alguns
outros rituais de forma segura. É comum no Batuque durante os rituais as divindades ligadas
ao templo se manifestarem em seus iniciados, participarem ajudando nas atividades que
circundam aquele ritual, por exemplo no serão, O sacerdote pode confirmar com os orixás
estando esses no mundo durante os rituais, se tudo que está sendo feito é o necessário e está
de acordo com o desejo dos mesmos. Antes de cada ritual, dependendo, prepara-se o ecomi
azedo frenteia e sacraliza para a rua, orixás responsáveis pela segurança do templo, bem
como são feitos seguranças especificas para a proteção do templo durantes essas funções. Os
ritos seguem para o quarto de santo, lá já se encontram os ecomi doce e azedo e as frentes dos
devidos orixás que irão comer no ritual, deve-se oferendar a Bará, também orixá do
sacerdote, para a realização satisfatória, a partir daí segue a sequência dos rituais.
Lavar a Cabeça
Primeiro passo do rito do Batuque, pois é através do qual a pessoa se prepara para passar por
um outro rito maior do templo, esse rito pode ser feito dentro ou fora dos templos, sendo feito
fora geralmente são feitos em praias de água doces ou salgadas. quando um religioso vai
migrar de uma família para outra ele repete esse ritual para se desligar do sacerdote anterior.
Omiero (Omièrọ)
Depois de jogada e confirmada nos búzios a cabeça e as passagens do filho, é feito o omiero,
que é um ritual realizado com ervas específicas de cada orixá, maceradas na água onde o
Babalorixá lava a cabeça do filho que fará a obrigação enquanto entoa a orins do orixá da
pessoa e da Bandeira (Orixá no qual o Babalorixá é iniciado). Tem de ser levado em conta as
folhas usadas pois dependendo da categoria das folhas, se nesta água tiver ervas quentes ou
elementos quentes, não será mais omiero, e sim omiaxé (omiàṣẹ).
Omiero Coberto
Segue o mesmo padrão do omiero, mas nele é acrescentado eje(ejè) a mistura. É o costume
cortar uma ave para consagrar o omiero.
No Batuque existem muitas famílias que não separam os ritos de ori e orixá, já ouvi muito
sobre o fato, vou tratar aqui como ritos separados alimentar ori e alimentar orixá abaixo uma
fala sobre o tema.
[...] O que eu quero comer você não quer comer, devemos comer separados, ou um de nós
ficará com fome. (Provérbio Iorubá) [..]
Essa fala destaca a importância de separarmos os rituais, pois ori e orixá podem desejar
coisas diferentes para seus rituais como oferendas desde comidas secas até animais a serem
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sacralizados, pois ori é tão ou mais importante que orixá, dado que na própria sequência dos
ritos do próprio Batuque, nas casas onde os rituais ocorrem em separado, como vamos ver a
seguir orixá começa a comer muito tempo depois de ori, somente na iniciação do religioso a
sua divindade regente. Vou deixar o link do trabalho de registro feito pelo Rudinei Oliveira
Borba.
[...] O Batuque não realiza mais o culto de Orí, perdeu o conceito e o rito. O que faz hoje no
Batuque não é um bori ao orí, mas um reforço de Òrìsà para a cabeça. Com exceção de
alguns poucos mais antigos. [...]
Fonte: https://luizlmarins.files.wordpress.com/.../o-ile-ori-e-a...
Bom esse tema gera muito debate, mesmo a alguns entendam que cortar na cabeça para o
orixá esteja alimentando ori, esses sacerdotes estão considerando apenas a cabeça física,
considerando apenas o ato de sacralizar na cabeça como alimentar ori, ignorando parte
espiritual a noção de pessoa, tornando o bori deste modo um ritual de orixá, passam assim a
consagrar a cremeira (ile ori) e seus elemento que deveriam pertencer do Ori, representação
espiritual da pessoa, mais um assentamento de orixá.
Ibi (Igbi)
Em algumas situações o sacerdote pode sacralizar Ibi (caracóis) na cabeça de iniciados,
podendo ser usado tanto para ori quanto para orixá.
Oribibo (Orì bi bó)
O Oribibo é a obrigação realizada com um casal de pombos, brancos pois é cor de ori, visto
que se trata de um reforço ou até mesmo um axé de saúde, grosso modo a tradução de oribibo
seria cobrir(proteger) a cabeça.
Nesse ritual frenteia-se um orixá essa decisão diz respeito ao sacerdote, são colocados os
ecomi doce e azedo, acendem velas no quarto de santo, colhem e maceram as ervas, para
preparar o omiero, em um reservatório colocam uma quartinha nesse reservatório para
imantar, o sacerdote começa a executar os procedimentos para o iniciado lavado a cabeça,
jogado a cabeça, é separado parte deste o omiero para banhar o corpo, depois do balho é
passado a limpeza, consecutivamente tem a cabeça lavada.
Seguindo com o rito segue a marcação da pessoa, marca-se com banha de ori, no meio da
cabeça, nas fontes, no pescoço, na nuca, na palma das mãos, nas costas das mãos, no peito
dos pés e na sola dos pés. Retiram a quartinha e na guia do omiero e elas também são
marcadas. Em frente aos assentamentos do quarto de santo, acende-se uma vela ao lado da
pessoa que é colocada sentada de frente para o quarto de santo.
Apresentam os pombos e então sacraliza-se os animais na cabeça da pessoa, marcando a
pessoa e os utensílios acima citados enquanto são entoadas as orins durante todo o processo,
faz se a coroa de penas ao redor do eleda (Eléèdá) da pessoa. Apresenta-se o pano de cabeça
da pessoa aos orixás no quarto de santo pedindo licença aos mesmos e depois apresenta-se
pano as demais pessoas no templo ali presentes. O padrinho ou madrinha amarra a trunfa no
seu futuro afilhado, o sacerdote junto com padrinho levanta a pessoa. A pessoa deverá bater
cabeça no quarto de santo para seu sacerdote para seu padrinho ou madrinha.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
Não tendo mais pessoas inicia-se o recolhimento, após encerrado o prazo de recolhimento de
24 horas da pessoa, vem a levantação. Durante um período de resguardo que pode variar 7
(sete) ou 8 (oito) dias proteger a cabeça do sol, da chuva e do sereno. O oribibo não permite
muita participação nos demais ritos religiosos.
Bori
O Bori é a primeira obrigação propriamente dita onde é alimentado tudo que representamos
no orun, a cabeça espiritual. Na obrigação do bori são consagrados alguns objetos que
formam a representação de ori aqui no Aye, apesar de muitas famílias incluir orixá nesse
ritual esse não é o correto segundo a matriz, bori e iniciação em orixá, são dois ritos distintos,
como poderemos ver abaixo mesmo no bori feito para orixá no Batuque, na manteigueira não
vão elementos do orixá, pois como já falei antes é uma representação espiritual da pessoa,
sem ligação com o orixá:
• Manteigueira de vidro ou porcelana.
• 01 moeda antiga.
• 08 búzios .
• 01 quartinha (espécie de jarro de barro com tampa) ao natural ou pintada na cor
branca.
Estes objetos são colocados dentro de uma vasilha, juntamente com as guias e recebem o
ejè/axorô dos animais sacrificados, vasilha esta que fica no colo do filho que está sendo
borido, enquanto este fica sentado no chão. O sacerdote faz as marcações no corpo do filho
da mesma forma que foi feita no aribibó, Na continuação da obrigação de bori conservam-se
as mesmas etapas do oribibo.
Porém no bori há uma testemunha a quem chamamos de padrinho ou madrinha de cabeça,
devendo-se total respeito ao padrinho, que deverá ser alguém com feitura, filho-de-santo
pronto, pois é o padrinho ou madrinha que deverá ser procurado caso o afilhado necessite de
orientação e o Babalorixá estiver impossibilitado de auxiliar o filho-de-santo.
Terminada as etapas da matança o borido é auxiliado a trocar de roupa e deita-se no chão
mantendo-se o mais próximo de sua obrigação. Os animais sacrificados vão para a cozinha,
onde são preparados, separadas as partes que serão colocadas no quarto de santo, o restante
do corpo das aves serão preparadas as refeições para alimentar o povo que permanecerá no
Ilê durante o período de obrigação.
A reclusão do filho de santo que está sendo borido varia de 03 a 07 dias. Durante este período
o borido reduz ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do
tempo deitado ao chão. Após o término do período de reclusão levanta-se a obrigação e
monta-se o bori: Faz-se uma cama de algodão dentro da manteigueira e põe-se a moeda ao
centro rodeada pelos búzios.
Cobre-se com bastante banha de ori. Agora o filho-de-santo tem o bori (a manteigueira com
os búzios, dna, moeda e a quartinha cheia d'água), que ficará guardado no Quarto-de-Santo
do templo, numa prateleira coberto por cortinas, juntamente com os boris dos demais filhos.
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
O bori é considerado a representação de tudo que a pessoa é no orun, portanto exige certos
cuidados, não deve ser mexido, a quartinha deve estar sempre com água e deve ser reforçado
de tempos em tempos com nova obrigação.
Existem alguns tipos de Bori na liturgia do Batuque, em cada um dos ritos abaixo os
elementos que representam ori citados acima, e que compõem o ile ori passam junto com o
religioso pelo ritual novamente.
Bori de Aves
Ritual no qual são sacrificados além dos pombos, galos ou galinhas pedidos por ori. É
recomendável que o religioso, que passará pelo rito, já tenha passado pelo oribibo. O Bori de
aves é mais um degrau galgado pelo religioso em sua caminhada até o aprontamento.
Bori de Meio Quatro-Pé
É recomendável que o religioso, que passará pelo rito, já tenha passado pelo bori de aves,
também pode ser feito como reforço, até para os que já são filhos prontos. Nesse rito são
sacralizadas aves que são consideradas meios quatro pés, ou seja, aves consideradas
superiores a galos e galinhas. Exemplo galinhas d’angola, perus, patos, marrecos etc. ou
outras aves requisitadas por Ori no jogo.
Bori de Quatro-Pés
Como podemos ver no Batuque as obrigações vão crescendo, é recomendável que o religioso,
que passará pelo rito, já tenha passado pelo menos por bori de aves, nessa obrigação são
sacralizadas aves, e o animal de quatro pés da escolha de ori.
Assentamento de Orixá/Iniciação
Ocasião em se individualiza as divindades do iniciado e/ou se faz a iniciação no Orixá de
Cabeça, imantando os elementos do assentamento de cada orixá axé de suas oferendas,
criando assim ponto de acesso a divindade respectiva.
Fazem parte do assentamento:
• Okuta(pedra) ou vulto para algumas divindades.
• Delegum, guia com vários fios de contas que variam em número e cor de acordo
com o axé do Orixá, quando o assentamento for do orixá de cabeça.
• Imperial, guia do jogo, algumas famílias colocam junto, quando o assentamento for
do orixá de cabeça, pois entendem que é o responsável pelo jogo já que ele é o comandante
do Irunmole, essa guia posteriormente irá passar também pelo ritual de Oromilaia.
• Ferramentas.
• Facas de iniciação e serviço, nas respectivas divindades.
• Quartinha (espécie de jarro de barro com tampa) pintada nas cores do Orixá.
• Búzios, se for o orixá de cabeça é além dos búzios referentes a conta do orixá, são
colocados a mais os búzios referentes ao jogo 08 é o tradicional, mas também podem ser
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
colocados 16 em algumas famílias, pode variar algumas famílias não colocam os búzios
referente ao jogo para comer junto com o Orixá de cabeça.
• Vasilhames recipientes que irão comportar o assentamento.
Nessa ocasião são sacralizados os animais da divindade aves e 4pés, se for feito sem a
inclusão dos animais de 4pés é chamado de encostar o Orixá.
Terminada as etapas da sacralização o iniciado é auxiliado a trocar de roupa e deita-se
no chão mantendo-se o mais próximo de sua obrigação. Os animais sacrificados vão para a
cozinha, onde são preparadas as inhelas (partes extremas e vitais das aves, fritas em óleo,
algumas tradições fritam tudo outras apenas algumas partes) que serão servidas aos orixás e
com o restante do corpo das aves serão preparadas as refeições para alimentar o povo que
permanecerá no Ilê durante o período de obrigação, ou então serem servidas durante a noite
de Batuque.
A reclusão do filho de santo que está sendo borido varia de 07 a 30 dias podendo ser mais em
algumas casas. Durante período em que o orixá está comendo o iniciado fica recolhido, reduz
ao máximo suas atividades e movimentos, permanecendo a maior parte do tempo deitado ao
chão. Recebe visitas dos seus irmãos de santo, familiares e amigos de outros templos. Após o
término do período de reclusão, os toques levanta-se a obrigação e monta-se os
assentamentos, que ficaram guardado no Quarto-de-Santo do templo junto do ile ori (Bori)
deste religioso, numa prateleira coberto por cortinas formando o Irunmole do mesmo, ou
aguardando o assentamento das demais divindades para a formação.
Vou acrescentar aqui algumas informações sobre os costumes do antigos que não dividiam
eje e não assentavam todos os orixás de uma vez, podendo muitos deles assentarem esses
com aves primeiro antes de completarem com 4 pés. Seguindo praticamente a mesma
sequência descrita no bori.
[...] Conforme o costume da época sentava-se somente 3 ou 4 orixás principais do sacerdote,
e com estes orixás abriam casa, ficando a vida toda somente com estes sem necessidade de
assentar de Bara a Oxalá. Ele informa que na tradição Oyo do Batuque, o orixá de rua,
quando pega cabeça, ele passa a ser cultuado dentro de casa. [...]
[...]que antigamente, primeiro assentava o Bara, para ele abrir os caminhos, a maioria dos
baba antigos, não tinham todos os orixás, hoje é moda de Bara a oxalá. [...]
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/.../antigamente-nao-se...
[...] Naquela época, era costume não dividir "quatro pés" e não se dava "carona", isto é, não
sentava outros orixás com o mesmo quatro pé, nem deitava filhos com o mesmo quatro pé.
Era também costume "encostar" orixá com ave, angola ou marreco, e era costume também
usar pato para "encostar" o orixá. [...]
Fonte: https://iledeobokum.blogspot.com/.../nao-dividia-4-pes...
Oromilaia
Ritual pelo qual passam os iniciados que já tem seu orixá de cabeça assentado, para ter acesso
ao oráculo, são sacralizadas as aves para o ritual (galinhas uma preta e uma branca), com as
quais os participantes do ritual são marcados pelo sacerdote nos olhos, boca, ouvidos e mãos
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
sob o ala, bem como os búzios e imperial, tem famílias que procedem diferente, depois da
sacralização essas aves são preparadas dentro do fundamento do Batuque e servidas aos
participantes, os mesmos envoltos em pano branco se deitam até a manhã seguinte quando
são levantados.
Entrega de axés
A entrega destes axés ocorre no início ou após o término do xirê da terminação, geralmente
no sábado posterior ao Batuque em que ocorre o Kassum. Quando for entregue os objetos que
compõe o jogo de búzios e as facas, deverão ser colocados em uma bandeja e se fará o ritual
de entrega. O padrinho ou madrinha testemunham a obrigação. A partir daí o iniciado(filho-
de-santo), é considerado pronto, isto é, tem sua obrigação completa com o assentamento de
todos os Orixás pertencentes ao Irunmole, alguns orixás são assentados somente quando a
pessoa abre seu templo. Depende agora de seu conhecimento, desenvolvimento de aptidões, e
com o consentimento de seu orixá e de seu Babalorixá ou Yalorixá (Pai e Mãe de Santo),
poderá ter seu próprio Ilê (Casa de Santo).
Ritual da Obrigação do Peixe
São sacrificados aos orixás peixes vivos, logo pela manhã cedo, os peixes variam de acordo
com os Orixás que vão receber a obrigação, e a sua quantidade varia muito de acordo com o
axé de número do mesmo. Os orixás de frente recebem pintado como obrigação e os orixás
de praia recebem jundiá. Nos Quartos-de-santo são sacrificados ao menos um peixe para cada
orixá e a eles são destinados: a cabeça, a cauda, as barbatanas e um pouco de axorô
(ejè/sangue). Os peixes sacrificados, são servidos, com pirão, no almoço e devem ser
consumidos, pelos filhos que estão de obrigação e pelos que estão na casa, pois o ebó de
peixe simboliza fartura e prosperidade. E uma quantidade maior de peixes, é preparada frita,
para serem servidos ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no toque do
Peixe, toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais curta quando
serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas dos Orixás.
A Festa do Batuque
Após cumpridas as obrigações, também quando encerrado o levantamento, são feitos os
toques ao sons do tambores, ages e agogos, para os orixás conhecidos como xirês, que
tornaram a Nação conhecida como o Batuque. O sacerdote, ajoelhado em frente ao quarto de
santo, juntamente com todos seus filhos e demais convidados, toca-se a sineta (Adjarin),
fazendo a chamada de todos os Orixás, de Bará a Oxalá com suas saudações específicas,
pedindo-se aos Orixás, as coisas que a eles competem. Terminada a invocação, o sacerdote,
autoriza o tamboreiro/alabe os toques, que correm, na ordem de Bará a Oxalá respeitando a
sequência de cada tradição. Todos que estão na roda, gira dançam com as características de
cada Orixá aos quais estão sendo tocado as orins.
Balança
Se a obrigação que originou a festa teve o corte de quatro-pés, deverá ser realizada dentro das
rezas para Xangô, a obrigação da balança em homenagem, a Xangô, e por conter o axé de
todos os Orixás em harmonia. Há um intervalo na movimentação da roda e os presentes,
inclusive os Orixás afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a gira da roda da
balança. Nesta hora, participam só os já prontos colocados lado a lado, formando uma gira
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uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo dos tambores que vão indo gradualmente
aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações. Ao terminar a
balança os Orixás cumprem o fundamento: vão ao Quarto-de-santo, depois até a porta da rua
para cumprimentar os Orixás da rua e depois dançam ao som do Alujás de Xangô.
Aforiba
Já o Aforiba, é o momento em que o orixá Ogum e Iansã estejam presentes demonstram a
passagem em que Iansã embebeda Ogum para fugir com Xangô. O sacerdote convida um
Ogum e uma Iansã para fazerem o Aforiba, então colocam-se no centro do salão duas
garrafas contendo atã (Aforiba) e as armas inerentes a estes Orixás (espadas). Iansã pega as
garrafas e oferece a Ogum que logo se embriaga, mas logo em seguida Ogum volta a si e vai
atrás de Iansã empunhando a sua espada. Os dois digladiam, mas Iansã consegue acalmar
Ogum e os dois se reconciliam e assim voltam a dançar juntos. Tendo um Xangô no mundo
poderá vir a fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de Iansã e com seu machado de
dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã acalma os dois Orixás (que por natureza,
não se dão bem, fato criado aqui no Brasil pois na matriz não existe essa informação).
Esse ritual praticado pelos orixás dentro do Batuque é representação de um mito, que em
momento algum influenciará os filhos de Ogun, Iansã, ou Xangô causando dependência de
bebidas alcoólicas.
Ecó
Terminado as orins de Xapanã é hora da Saída do Ecó, que nada mais é do que o despacho do
ecomi de azedo e doce, marcando o término das orins dos orixás de mato e o início das orins
dos orixás de praia. A saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no
ambiente e nas pessoas presentes, prepara o ambiente para os orins dos Orixás mais velhos,
que tem um toque mais brando, enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os orins, só
que agora puxam os orins dos orixás da rua (Bará Lodê, Ogum Avagã e Iansã Timboá), não
há movimento da roda e a assistência evita olhar para o que está acontecendo, virando para a
parede. Diz a crença que quem olhar a saída do ecó atrai para si a negatividade ali contida.
Roda de Ibeji
No Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibejis, no Jejê-Ijexá ela acontece durante os orins de
Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as mulheres que
pretendem a maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos e agradecimentos. Os
orixás, principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que estão na roda e na assistência, as
frutas e os doces que estão no Quarto-de-santo.
Axé dos Presentes
Acontece no final do Batuque, os Orixás seus bolos, comidas enquanto os presentes os
saúdam. Depois os bolos são servidos aos convidados e o excedente é distribuído juntamente
com as oferendas. É tradição, também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do
sacerdote, por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são
perfumes, flores, doces, e outros utensílios que podem ser usados no dia a dia do templo.
Axé dos Perfumes
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
Levantação
Terminada o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se
refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que estavam arriadas,
limpá-las e guardá-las nas prateleiras dentro do quarto de santo. Mantendo um costume desde
o tempo início do batuque, as obrigações são guardadas e ocultas por cortinas que geralmente
tem a sua frente velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados
pertencentes aos Orixás.
Passeio
O término da obrigação para os filhos de santo que estão em reclusão é o passeio no dia
posterior a Levantação. Pela manhã, o Babalorixá ou Yalorixá os leva até a porta da frente do
Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás da Rua), liberando-os para saírem fora dos limites do Ilê.
Vão até o centro visitar lugares de grande significado: o mercado público (onde compram
velas, grãos, ervas, cereais etc.). Em seguida, vão visitar algum Ilê(casa), de um conhecido
onde batem cabeça cumprimentando os Orixás do Ilê(casa), e lá depositam parte das compras
feitas no mercado. De volta ao Ilê(casa), batem-se a cabeça no quarto de santo e arriam-se o
restante das compras feitas. Cumprimentam o Babalorixá ou Yalorixá (Pai e Mãe de Santo),
agora na nova condição de filho de santo.
Quinzenas
As obrigações das quinzenas, são obrigações que duram normalmente dois ou três dias em
que é feito a matança e os toques. Geralmente, um número não muito grande de pessoas
fazem parte desta, que estão associadas a alguma data especial ou a obrigação de bori de
filhos de santo do Ilê(casa) quando não existe assentamento de divindades. Começa com os
toques das orins, onde as comidas de santo são oferendadas aos Orixás, e as comidas servidas
a todos, como: canjas, canjicas brancas e amarelas, os Amalá. Sendo uma obrigação menor,
exige-se um mínimo de aves a serem sacrificadas. As carnes das aves são consumidas e
ofertadas nos intervalos do toque e dos pontos dos atabaques, servindo enfaroados e as
canjas, comidas que por tradição são ofertadas às pessoas que comparecem ao ebó.
Exitem ainda as “quinzenas secas”, quando não se sacrificam animais.
Orisun
Com passagem do religioso tudo que foi feito deve ser desfeito, os ritos fúnebres são
praticados preparando a volta do mesmo para o orun, posteriormente a isso as obrigações que
o mesmo possuir são desfeitas e os orixás devolvidos a natureza, se o mesmo tiver casa
aberta, era costume antigamente jogar para ver se a rua iria ser devolvida a natureza ou não.
Temos conto do Deodé que narra esse fato.
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Facas/Obés
No Batuque a sacralização é feita através das facas que também recebemos sendo
apresentadas com o jogo, quando do aprontamento, elas são duas:
Faca de Iniciação: Faca pela qual alimentamos os orixás nos ritos iniciáticos.
Faca de Serviço: Faça usada para as demais finalidades litúrgicas, é comum vermos nos
templos na casa dos orixás de rua uma faca também para serviço com os mesmos.
Em algumas situações o sacerdote pode também usar uma faca crua (uma faca que não
passou pelos rituais necessários para ser uma faca de serviço), para algumas finalidades
litúrgicas, aí vai do conhecimento de cada um.
No Batuque os animais sacralizados tradicionalmente com o uso de facas comumente eram
aves (galos, galinhas, patos, peru, angolas) e quatro pés (carneiros, cabritos, porcos) podendo
ter outros animais usados para fins específicos.
Outras facas conhecidas hoje, mas não são tradicionais do Batuque.
Faca de Boi: O axé do boi tão vendido e alardeado hoje, começou com uma senhora, que
ganhou de presente de um de seus clientes um boi inteiro(vivo), para ajudar na alimentação
das pessoas que iriam ao seu xirê, e não sabendo como proceder, já que sacralizou antes todos
os animais para o xirê, ele recorreu ao jogo em busca por orientação. Justamente na ocasião
de seus 50 anos de vasilha. Após esse fato virou fundamento e tempos depois surgiu a faca
para esse fim, e veja as formas de sacralizar o boi são as mais diversas, e não seguem o
padrão dos demais animais, talvez pelo tamanho, não sei, só o que eu sei é que muitos
palanqueiam o animal para sacralizar enquanto outros não.
Hoje em dia alguns sacerdotes fazem o assentamento de todos os orixás de vários iniciados
com a sacralização de um único boi, o que também não faz parte de nosso fundamento, mas
recomendo a leitura desses dois artigos abaixo que demonstram qual era a visão dos mais
velhos das gerações anteriores:
Sobre assentamento de orixás:
https://iledeobokum.blogspot.com/2020/12/antigamente-nao-se-assentava-de-bara.html
Faca de Egun: Não irei decorrer muito sobre o fato apenas vou registrar esse importante fala
de uma Iyalorixá, ou melhor, o desabafo:
Faca de boi e faca de egun e golpe na certa, quando eles não têm mais o que vender eles inventam as
facas, gente e só ir pela lógica. A faca de egun tu não pode ir lá no bar comprar uma crua e matarem
em cima pro egun, isso e mentira, faca de egun tem que ter sido de um pai ou mãe de santo falecido, e
faca de egun não é qualquer um que pode ter, só quem já perdeu seu babalorixá ou Yalorixá, não
existe abrir balé de filho de santo que morreu, balé e de ancestral, ou seja quem venho aqui primeiro
que você, era mais velho que você e morreu. Só que hoje em dia a vaidade tomou conta, antigamente
se ia na casa da baba ou da iya se matava para os eguns, e respondia por todas as casas, agora todo
mundo tem balé, e os antigos sabem que eu tenho razão. Assim é a faca de boi, não existe, quem tem
faca de pronto pode matar qualquer animal, isso são truques que os baba inventaram pra manter os
filhos na sua goa, por muito tempo, em busca do seus axés, não quem lógica o baba ou iyá te
104
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
apresentam com bandeja ifá e obé, e dizem que você está pronto, mas daí depois você tem que ganhar
a faca disso e daquilo, então tu não se aprontou coisa nenhuma, estava semi pronto. Desabafo
somente desculpa.
Fonte: https://www.facebook.com/mariaevonirsoares/posts/2004407299737025?
comment_id=2004539623057126¬if_id=1638227219202466¬if_t=feedback_reaction_generic&ref=notif
Como podemos ver muitas coisas estão sendo inseridas no Batuque, algumas de maneira não
intencional outras sim, mas essas inserções são vistas como uma forma de lucrar e alguns
criam até regras para perpetuá-las, na mesma postagem podemos ler a seguinte fala:
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
Pois então falo sobre a minha bacia que nós só ganhamos faca de boi quando se faz
25 anos de santo estou no aguardo da minha por sinal faça de egun pois bem falo TB
pela minha bacia só pronto com casa aberta que o pai ou a mãe pode dar até porque
nossa bacia além ta os ancestrais antes de qualquer obrigação de quatro pés então se
o filho tem casa aberta e o babá acha que o filho já está Apto a tela perfeito assim e
feito na minha bacia OYO JEJÊ não julgo e nem contesto outros fundamentos pois
só sei o meu e tenho comigo se tá dando certo para o irmão com ou sem faca de egun
ou boi siga assim e se está dando certo com as mesma também siga assim. Para mim
só me falta 3 anos para poder receber minha faca de boi. Obs. de Exu já tenho até
porque posso dizer eu sou bom kkkkkkkkkkkkk - Álvaro Martins
Como o foco aqui é apenas Batuque peço que ignorem a parte da fala que cita Exu que nesse
caso se trata da entidade cultuada na Quimbanda, Já que a da Umbanda não recebe esse tipo
de oferenda.
106
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
História
O perigo de alguns trabalhos de pesquisa
[...]A antropologia das religiões afro-brasileiras parece ter abandonado, por razões cujas
justificativas parecem cada vez menos convincentes (invenção da tradição , etc.), as
comparações sistemáticas com a etnografia africana que, bem ou mal, estavam presentes nos
trabalhos de Herskovits, Bastide, Verger e outros tantos. Concordo inteiramente com Dintel
e com Anagogia (2008) que, citando o primeiro, escreve: a questão clássica da identificação
de africanismos nas Américas não nos parece esgotada, mesmo se esse tipo de pesquisa não
pode mais ser feito com a ingenuidade que caracterizava o primeiro afro-americaníssimo
(2008: 201). Parece bastante significativo que esse trabalho comparativo, embora
interrompido dentro da antropologia nas últimas décadas, esteja hoje em franco e profícuo
andamento entre os historiadores brasileiros, com os quais, nesse caso, temos muito a
aprender (ver, por exemplo, Solenes, 2007, 2008, historiador cujo trabalho, notável por sua
erudição e criatividade, tem demonstrado as relações profundas que ligam as populações
negras do sudeste brasileiro do século XIX à fascinante cultura banto da África central). [...]
O conhecimento comum
Formatação religiosa
107
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
tradições relativamente distintas. Embora na Bahia, por exemplo, a primeira tenha tido certo
desenvolvimento, prevaleceu a segunda, propagada por organizações religiosas estruturadas
em bases conventuais, como colégios místicos. Aliás, verificou-se em todo o Brasil a
tendência para a desaparição do culto (nagô) doméstico ou sua absorção pelo de sacerdócio –
absorção que em Laranjeiras se faria, quiçá, mediante interferência dos especialistas no rito
conventual de implantação mais antiga (1995: 73). Acrescento que a etnografia haitiana
fornece um testemunho adicional a respeito do mesmo fenômeno, pois lá, tanto quanto cá, a
forma comunitária do culto parece ter predominado sobre a forma doméstica, embora, como
aqui, os arranjos e passagens entre elas sejam também bastante complexos. [...]
[...]Ri sério (1996: 77) observava que as religiões africanas, como a iorubá, não estão
somente voltadas para temas terráqueos. É a própria superfície terrestre que aparece como o
palco por excelência para as ações dos deuses. (1996: 76). E citando Paul Radi (Mesmo nos
poucos mitos que lidam com as chamadas entidades sobrenaturais, detecta-se um
geocentrismo quase obsessivo ), ele acrescenta dispor da forte impressão de que a Terra, a
morada do ser humano, é o elemento que domina o corpus mito poético tecido e entretecido
nos quatro cantos da África. Na Iorubalândia, sem dúvida, quase tudo se passa em seu
espaço. É aqui que Exu incendeia a savana, Iemanjá destrói pontes, Oxum coleciona joias,
Oyá dança com seu corpo de fogo, Oxóssi caça, Xangô luta. Devemos acrescentar que esse
aspecto geocêntrico do mundo dos outros, ao qual Ri sério também associa o
antropocentrismo, pois os deuses que fazem da Terra um teatro para as [suas] proezas são
igualmente deuses temperamentais, devida tumultuosa, que realizam gestos e operações
tipicamente humanos (1996: 68), esse aspecto, como ia dizendo, transforma a terra em um
conceito particularmente complexo, e mesmo a dimensão humana desses seres, pelo
menos de acordo com o meu material, varia muito entre eles. O outro lado desses
deuses geocêntricos e antropocêntricos (e todos eles não são essas duas coisas exatamente da
mesma maneira) é fazer da terra e do humano algo muito diferente, é, por exemplo, fazer do
mundo implicado neles um lugar povoado por uma lateralidade virtualmente infinita. [...]
[...] Os deuses são grandes comilões, escrevia Bastide (2001: 331). [...]
Abaixo algo importante de saliente desse estrato é o fato de mostrar os campos de trabalho
das divindades, mas não vincular as mesmas a esses locais.
108
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
dualidade. Em épocas remotas, contam os mitos, esses dois espaços não se encontravam
desdobrados e podia-se passar entre eles sem problemas. A experiência se desdobrou depois
que houve a separação entre os dois e, desde então, os humanos não podem mais ir ao orun e
voltar vivos de lá (2002: 54). O que se para esses dois planos da experiência é o ar divino e
a respiração que distingue os habitantes do ayé daqueles do orun (2002: 56). Os mortos, nesse
sistema, podem ser tanto chamados de habitantes do orun quando de habitantes do ayé, donde
o fato de o seu duplo material ter a forma de montículos de terra e de serem invocados por
uma batida ritual sobre a terra para que surjam e se manifestem a partir dela (2002: 56). [...]
[...]Já se escreveu que os orixás se nutrem apenas simbolicamente (Santos. 2002: 226). Mas
mesmo Juana Elbein dos Santos, neste seu trabalho repleto de descrições e intuições
etnográficas especialmente profundas, chama a nossa atenção para o fato de que os seres
sobrenaturais se alimentam da força vital sem a qual nenhuma forma ou matéria pode existir.
Assim, embora ela não seja exatamente visível, está longe de ser imaterial. Além disso, devo
acrescentar, os orixás, os exus e mesmo os eguns podem usar os corpos humanos para comer
diretamente a matéria de algum ser vivo. [...]
[...]Recordo, por fim, a descrição particularmente brilhante que Anjos e Oro fornecem para o
funcionamento do axé. Escrevem eles: O axé, como força cósmica, opera no encadeamento
material de ícones (2009: 61). [...]
[...]Entendo que seja essa uma das ideias avançadas por Diana Espírito Santo em sua
etnografia sobre o espiritismo cruzado em Havana. Os guias (os mortos), escreve ela, se
transformarão numa extensão do médium no mundo, nos seus olhos, assim como ele será o
referente material dos espíritos, o corpo e a mente que lhes dará ocasião de desempenhar as
suas tarefas (Espírito Santo, 2010: 513). Halloy também havia observado, embora a partir de
outra perspectiva, a ocorrência de algo parecido em sua etnografia sobre o candomblé em
Recife, em particular para o caso dos orixás. Esses últimos são intangíveis, mas também
capazes de agir fisicamente sobre o mundo, invisíveis e, ao mesmo tempo, localizáveis no
espaço, oniscientes e suscetíveis de serem enganados (2005: 625). [...]
[...]Bastide refere uma separação análoga ao notar que os africanos [yorubás e fons]
distinguem entre deuses moderados e deuses violentos, sendo que os moderados são mais
idosos (Bastide, 2001: 215). [...]
[...]Juana Elbein dos Santos observou que esses orixás mais velhos, os orixás funfun são
massas de movimentos lentos, serenos, de idade imemorial. Estão dotados de um grande
equilíbrio necessário para manter a relação econômica entre o que nasce e o que morre, entre
o que é dado e o que deve ser devolvido. Por isso mesmo estão associados à justiça e ao
equilíbrio. São as entidades mais afastadas dos seres humanos e as mais perigosas. Incorrer
no desagrado ou na irritação de um òrìsà-funfun é fatal. Esta situação está associada ao
sentimento que aterroriza mais o Nagô: a do aniquilamento total; a de ser completamente
reabsorvido pela massa e não renascer nunca mais. Funfun é utilizado aqui num duplo
sentido: do branco, de tudo que é branco – o ala, os objetos e as substâncias de cor branca; e
do incolor, a anti-substância, o nada (Santos, 2002: 76). Acrescento que o branco é a cor de
Oxalá e a das vestes rituais usadas por ocasião do rito fúnebre. Sobre o branco e essa
possibilidade de que ele contenha a vida e a morte, e talvez, num outro plano, os vivos e os
mortos, e suas complexas relações com o vermelho e o preto, deve-se consultar todo o
capítulo cinco do livro citado (Santos, 2002: 72-101). [...]
109
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
[...]Ver também (Vogel; Mello; Barros, 2001: 102, 103) onde o branco aparece, por um lado,
associado à existência e às forças criadoras e, por outro, referido, contextualmente, à morte,
sobretudo a essa forma simbólica de decesso que caracteriza o período liminar nos ritos de
passagem . O uso do branco permite denotar a calma, a estabilidade, a imobilidade, o frio, o
silêncio, a pureza e a prudência . Esse importante trabalho dá continuidade à descrição do
sistema cromático da cosmologia afro-brasileira que Juana Elbein dos Santos soube muito
bem esboçar em suas linhas principais. Padre Brasil (1911) [...]
[...], no entanto, registra a possibilidade de alguma variação. Oxalá seria hermafrodita, ou
então, consoante os pareceres , viril (1911: 210). Algumas pessoas veem nele o filho
predileto de Olorum, herdando dele as suas atribuições de criador do mundo, e, nesse caso, o
seu regime de dieta pura e simples (1911: 211). Outros, contudo, diante disso, protestam
perguntando se por acaso Oxalá não teria igualmente boca (1911: 211). [...]
[...] Era também o que observava Juana Elbein dos Santos. O branco, representando a criação
e o poder genitor, tanto masculino quanto feminino, parece acentuar ainda mais essa unidade.
É comum ouvir-se dizer que Òrìṣàlá é masculino seis meses do ano e feminino os outros seis
meses. Não bissexual, mas inteiramente masculino e inteiramente feminino, reproduzindo-se
numa unidade – como no Igbá Odù [a cabaça da existência] – os dois elementos genitores
(Santos, 2002: 79). [...]
[...] Mãe Moça da Oxum, com quem Corrêa conduziu uma parte de sua pesquisa, afirmava
que quem tem Lodê me sento [assentado] tem de lavar a cabeça das crianças da casa, porque
se não vivem doentes, porque ora ele está bom, ora está brabo. Às vezes elas não podem nem
passar na frente dele (Corrêa, 2006: 181). [...]
[...] A distância relativamente às mulheres concerne também às crianças. Bastide havia
notado, para o candomblé, que os últimos ritos do ciclo iniciático eram colocados sob o signo
de Oxalá. Precisamente por se tratar de um rito de criação , através do qual se faz uma
pessoa, é que ele está conectado com o axé desse orixá, o deus da criação (2001: 51). Note-se
ainda que as duas divindades originais, Obatalá (o céu) e Odudua (terra), o primeiro de sexo
masculino e o segundo feminino, de cuja união nascem o firmamento (Aganju) e as águas
(Iemanjá), parecem ter se fundido em Oxalá, orixá que condensaria em si o duplo sexo. Esse
seu aspecto hermafrodita está simbolizado no recipiente que abriga a pedra na qual está
assentado, composto por duas metades de cabaça [ou então, como era mais comum nas casas
que conheci, por uma manteigueira de louça branca] fechadas uma sobre a outra, uma
figurando a abóbada celeste, a outra, a terra fecundada [...] , a metade superior do sexo
masculino, e a inferior, do sexo feminino (2001: 85). Esse fenômeno de fusão, ou então, no
movimento inverso, de fragmentação, é relativamente comum entre as religiões afro-
brasileiras, e já foi objeto de um instigante estudo que se ocupou de descrevê-lo a partir dos
materiais yorubás (Barber, 1990). [...]
[...] Um dos feitiços que se pode fazer com Lodê consiste em jogar para dentro da sua casa
um absorvente usado, dizendo ao orixá que foi a sua dona que, por não acreditar nele,
mandou que isso fosse feito. Veremos mais adiante que fazer intriga, ou intriga, com os seres
sobrenaturais é uma maneira importante de fazer feitiço. 165 Evoco aqui o texto de
Eduardo Viveiros de Castro no qual o autor propõe uma redescrição conceitual do parentesco
pela intercessão das noções deleuzoguattarianas de filiação intensiva e aliança demoníaca
(Viveiros de Castro, 2007). [...]
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
[...] O ritual de iniciação, cujo objeto é a individuação da relação entre a pessoa e o seu orixá,
transforma o número numerado dos deuses em um número numeram-te (Ver Goldman,
2009). Nas conclusões desse monumental empreendimento comparativo que é a sua obra As
religiões africanas no Brasil, Bastide expressava a sua profunda (e estimulante) dificuldade
de integrar, em um mesmo plano descritivo, os dois lados dessa matemática afro-brasileira.
De um lado, a macumba , e mais a de São Paulo do que a do Rio de Janeiro, e o espiritismo
de Umbanda, com suas máquinas fabricadoras de novos deuses, todos eles personificações
de pulsões elementares; de outro, o candomblé como triunfo do superego, das normas
coletivas, mas sempre levando em conta as diferenças individuais, pois, escreve ele, todo
politeísmo oferece um conjunto de personalidades de reserva entre as quais se pode
escolher, mas essas personalidades não são em número infinito; pode-se até dizer que
elas formam uma classificação lógica dos caracteres em ligação com os
compartimentos da natureza ou da sociedade. São personalidades socializadas que se
impõem do inconsciente e que disciplinam este último, em vez de o deixar dissolver-se em
um caos de instintos desenfreados. O sincretismo e o espiritismo não apenas multiplicam
essas personalidades sobressalentes oferecendo a cada pessoa um sortimento multirracial de
caboclos, de negros e de brancos, mas ainda apagam os característicos dos deuses,
despersonalizam-nos, tornam vagos os conceitos, no interior dos quais cada pessoa pode pôr
tudo quanto quer. (Bastide, 1971: 521,522). [...]
O que mudou
Vejo muita gente falando que o Batuque está morrendo!! Não tenho medo nenhum disso,
conheço muitas casas onde ele está vivo e pulsante, onde tem ótimo embasamento litúrgico e
conceitual.
Casas de Oyo, Jeje, Ijexá e Cabinda. Acho sim que um novo ciclo se inicia, muitos
batuqueiros estão procurando e achando respostas para as perguntas que muitas vezes não
foram respondidas dentro dos templos que frequentam.
As casas que não tiverem esse perfil de distribuir o conhecimento e responder as questões dos
integrantes tendem a ser menos procuradas.
E quem mudou
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A perda do Norte
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
A demonização do Conhecimento
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O conhecimento comum
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Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
No Batuque
História dos Batuques de Antigamente!!!
Os perfumes de Oxum:
Todo batuqueiro lembra dos famosos perfumes do vidro crespo da marca "Avon" que todo o
quarto de santo tinha paras os orixás mães, Oxum e Iemanjá.
Ali no cabo rocha atual Azenha tinha um famoso pai de santo o Mariozinho do pó do oxum
Pandá, que nunca perdia nenhum batuque e quando tocava o Locori de oxum seu orixá Oxum
Pandá ocupava seu filho e dançava, tomava e esborrifava perfume por cima das pessoas na
roda, as vezes chegava gastar 5 ou 6 vidros de perfume num batuque só, era um verdadeiro
espetáculo pois o povo ia a loucura aos gritos: Ora Ieieuô, Ieieuô minha rica mãe.
E na rua barão do amazonas no Partenon tinha o nego Zecão do Lodê, extremamente rude e
grosso, tinha ele verdadeiro pavor dos homossexuais, principalmente o Mariozinho.
O nego Zecão tinha uma implicância com a Oxum de seu rival e sempre dizia nos batuques
que a via: Se essa pessoa ou essa santa vierem colocar perfume em mim vou dar na cara dele
ocupado ou não!
Zecão era um nego pobre e humilde filho da finada Ritinha do xangô do alto Teresópolis, e
trabalhava como açougueiro no mercado público para sustentar seus 6 filhos e sua mulher e
não era chegado a ir a batuques pois trabalhava de domingo a domingo para não passarem
necessidade.
Mãe Leca da iansã do passo das pedras tocava o aniversário de 35 anos de vasilha da mãe
iansã funiqué e convidou sua comadre mãe Ritinha, que intimou todos seus filhos para o
batuque da mãe Leca, principalmente o Zecão que tinha um Bará Olode de encher os olhos de
tão lindo orixá.
O batuque começa e pelas rezas do Bará o Lodê do nego ocupa seu filho e da vida ao batuque
com aplausos e gritos de: Alupo meu pai! Alupo!!!!...
O Bará ficou no mundo até as rezas da obá seu ajunto e foi despachado, Zecão sai no pátio
para comer uma galinha enfarofada e se depara com Mariozinho e seus filhos, como ele dizia
aquelas bixas pareciam um carro alegórico. Bastou o nego olhar para fechar sua cara feia e se
sentia incomodado com as tais bichas, o xangô de mãe Ritinha chamou todos os filhos para a
roda nas rezas da Oxum e Zecão entro no lado oposto da roda para enxergar seu rival.
Toca o Locori de oxum a reza dos perfumes e a Oxum de Mariozinho chega e dá show em
frente ao tambor e lhe dão dois vidros de perfume foi aí que a roda lotou pois o povo queria o
axé daquela mãe, Zecão diz ao seu irmão Zé do ogum que estava na sua frente na roda: É
hoje que dou na cara desse oxum se encostar um pingo de perfume em mim. A mãe Oxum
colocava perfume nos filhos na roda e assoprava por cima em sua suave dança e magia e foi
ai que caiu perfume no rosto de Zecão e ele cumpriu o que sempre dizia e deu um tapa na
cara da Oxum, o batuque parou e a Oxum foi até o quarto de santo tomou de gut, gut os
113
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
perfumes que tinha e bateu cabeça, parou em frente ao tambor e tirou seu axé "Axirelú Pandá
mi" e girou, girou e girou parou o tambor e disse para Zecão: Essa mão que você bateu em
meu rosto você nunca mais vai encostar em nada!
O batuque se encerra e todos voltam para suas casas e 4 dias depois Zecão estava trabalhando
no açougue e vai cortar uma carne que chegou inteira e se descuida e corta o pulso inteiro e
perde a mão que bateu no rosto da Oxum de Mariozinho.
"Toda beleza tem seu perigo"...assim disse mãe oxum!
Fonte: Pai Jaderson de Iemanjá
114
Alexandre H. Custódio/BATUQUE FUNDAMENTAL
Epílogo/Conclusão
Insira conteúdo aqui...
Seja breve, mas gentil. Mencione os principais destaques do livro e as etapas de ação
para resolver os problemas. Lembre o leitor de como as etapas da ação serão vantajosas para
ele.
115
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Bibliografia
Veja abaixo um exemplo de uma lista de trabalhos citados usando as normas APA.
Organize sua lista de referências em ordem alfabética.
Ao citar livros, use o formato conforme mostrado nos exemplos a seguir, aplicando o
estilo de Bibliografia ao formato:
Sobrenome do autor, primeira inicial ou iniciais. (Data da publicação). Título do
livro. Informações adicionais. Cidade, estado da publicação: Editora.
King, S. (2000). Sobre a escrita: A arte em memórias. Nova Iorque, NI: Livros
de bolso.
Ao citar recursos online, use o formato conforme mostrado nos exemplos a seguir:
Para documentos da internet
Sobrenome do autor, primeira inicial ou iniciais. (Data de Publicação). Título do
artigo. Título do trabalho. Retirado da URL completa
Amir, N. (2018, 17 de outubro). 4 dicas para manter o controle da escrita.
Escreva não-ficção agora! Retirado da URL
http://writenonfictionnow.com/tips-staying-track-writing/
Para periódicos online
Sobrenome do autor, primeira inicial ou iniciais. (Data de Publicação). Título do
artigo. Título do periódico, volume e números de página. Retirado da URL
completa
Brewer, R. L. (2018, 4 de outubro). Como escrever títulos melhores: 7 dicas
eficazes para títulos de livros, artigos e sessões de conferência. Resumo do
autor. Retirado da URL http://www.writersdigest.com/whats-new/how-to-
write-better-titles
Ao citar revistas, use o formato conforme mostrado nos exemplos a seguir:
Para revistas e periódicos
Sobrenome do autor, primeira inicial ou iniciais. (Data da publicação). Título do
artigo. Título do periódico, número do volume (número da edição, se
disponível), páginas inclusive.
McPhee, J. (2013, 29 de abril). Rascunho nº 4. New Yorker, 89, 20-25.
Para mais detalhes e diretrizes, confira o Manual de Publicação das normas APA.
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Agradecimentos
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Agradeça às pessoas que mais te inspiraram e ajudaram durante todo o processo de
escrever e publicar seu trabalho. Isso é um pouco semelhante à página da dedicatória, exceto
que aqui você pode falar mais e incluir mais pessoas.
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Sobre o autor
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use "eu".) As informações contidas estabelecem sua credibilidade com os leitores. Tente não
escrever muito. Basta fornecer sua experiência e conhecimento sobre o assunto do livro, além
de outras informações que irão gerar confiança. Por exemplo:
Realizações profissionais e pessoais relacionadas ao tópico em questão
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Formação acadêmica
Mencione outros especialistas importantes da área com os quais você trabalhou
Sua área de residência, estado civil, passatempos, etc.
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