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TECNOLOGIAS DE
REPRESENTAÇÃO ATÉ À
GÉNESE DO CINEMA
FROM LANDSCAPES AS
REPRESENTATION TECHNOLOGIES
TO THE ORIGINS OF CINEMA
ANDREA DE ALMEIDA REGO1
Resumo
A paisagem desenvolveu-se como uma ideia cuja evolução tem inscrita em si a hege-
monia do olhar, moldando as experiências da modernidade pelas suas representações.
Surgida simultaneamente à consolidação do capitalismo e à expansão das potências
europeias ocidentais, a invenção da ideia evoluiu na prática pela emergência de movi-
mentos nas artes, impulsionando novas tecnologias e técnicas de representação. O
objetivo do texto é observar esses processos em suas relações com a gênese do cinema.
Esse trabalho está no âmbito da Geografia Cultural e é parte integrante da tese de dou-
toramento que cartografa a paisagem urbana de Copacabana, Rio de Janeiro, através
do cinema.
Palavras-chave: Paisagem; tecnologias de representação; gênese do cinema.
Abstract
Landscape developed as an idea which evolution has inscribed the hegemony of the
gaze, stressing the experiences of modernity by its representations. Arising simultane-
ously with capitalism consolidation and the expansion of European powers, the inven-
tion of the idea of landscape evolved in practice by the emergence of movements in
arts, boosting new technologies and techniques of representation. The aim of this text
is to observe these processes in their relations with the genesis of cinema. This work
falls within the scope of Cultural Geography, and it is an integral part of the doctoral
thesis that maps the urban landscape of Copacabana, Rio de Janeiro, through cinema.
Keywords: Landscape; representation technologies; cinema origins.
(...) um fenômeno que parece produzir-se sempre que se plasmam nos ecrãs, pinturas e desenhos
mais ou menos realistas, ou melhor certos detalhes seus. Se realmente a câmara em movimento, e
não a câmara fixa é a que regista estas paisagens ou retratos, suas reproduções na tela evocam a vida
tridimensional muito mais vividamente que os próprios originais.
Siegfried Kracauer (1989)
1. Introdução
As paisagens configuram, ao lado de espaço e lugar, temas tradicionais em Geografia.
Investigá-las no âmbito da Geografia Cultural, significa explorar infinitas e complexas
constelações simbólico-materiais, espaços onde formas e significados são inseparáveis.
Isso é especialmente relevante quando o seu estudo se refere às paisagens operaciona-
lizadas pela cultura através de uma diversidade de novas tecnologias de representação,
como a perspetiva linear, o pitoresco e o panorama, entre outros novos aparatos e
próteses de visualização. A evolução dessas tecnologias em associação à paisagem, ela
própria uma tecnologia de representação, pavimentou um caminho de, no mínimo,
três séculos, no qual visões e visualidades tomaram diferentes significados, escalas e
direções, possibilitando trajetórias mutáveis e múltiplas do olhar, até as origens das
primeiras imagens em movimento que culminaram no nascimento das imagens em
movimento. Nesse sentido, o cinema surge como um novo sistema simbólico que her-
dou e absorveu as várias convenções dessas tecnologias de representação, retrabalhan-
do-as dentro de sistemas sensoriais, percetivos e emocionais emergentes.
A captura e operacionalização das paisagens deu-se por longos e complexos pro-
cessos de interrelacionamento cultural que vão desde as figurações nas artes e na car-
tografia, até sua incorporação nas artes da arquitetura e urbanismo, artes da memória e
na cultura de viagens, tornando-as cada vez mais integradas nas estruturas de mediação
das experiências dos territórios (Bruno, 2002; Azevedo, 2007, 2008a, 2008b). Desta
forma, o estudo das paisagens a partir da exploração das tecnologias e sistemas visuais
pelos geógrafos, permite esclarecer variadas estruturas relacionais da modernidade,
como os binários eu e o outro, e aquelas relacionadas à memória espacial, social e cul-
tural; as ideologias, mitos e desejos de uma sociedade; e a produção e representação
dos espaços e os espaços de representação, todos imbricados nas suas texturas visuais.
Esse trabalho observa a construção das paisagens por movimentos artísticos e
estéticos desde o alvorecer da modernidade. Para observar esses processos, o traba-
lho foi dividido em quatro temas principais e uma conclusão: o primeiro procura um
brevíssimo entendimento sobre a invenção da moderna ideia de paisagem; o segundo
trata do surgimento dos principais movimentos nas artes, como a perspetiva linear e
o pitoresco, presentes nas pinturas das paisagens e nas artes dos jardins, ambas com
técnicas específicas de figuração da natureza; a terceira parte destaca os discursos
das paisagens como tecnologias de representação até à génese do cinema 103
natureza assim, foi colocada à distância e de duas formas: opticamente pelo olho do
observador, sendo este o abstrato da representação; e, simbolicamente, pela posição
do sujeito, que a partir de agora, transcendia o objeto (Berque, 1995).
Segundo Aumont et al (2001), essa ideia de centralização do sujeito do huma-
nismo seria apenas uma especulação histórica pois, na verdade, essa concepção ter-se-
-ia instituído progressivamente, à medida que se incorporaram as teses de Descartes, o
Iluminismo e o Romantismo à ideia de sujeito humanista. Posteriormente, essa cons-
trução foi retomada a propósito da utilização de técnicas fotográficas e cinematográfi-
cas, como meio de reativá-las como uma tecnologia burguesa, traduzindo dessa forma
uma relação proprietária com a realidade.
A invenção histórica das pinturas de paisagens costuma ser relacionada com a
invenção do enquadramento. A paisagem seria uma vista emoldurada de forma apro-
ximada ao que seria sua captura desde uma janela, fosse ela parte do quadro, ou con-
fundida com o próprio quadro, ativando assim, uma dialética interior-exterior (Besse,
2014). Inicialmente como apenas um ornamento de fundo da pintura, a natureza pic-
tórica perspetivada passou a adquirir a consistência de uma realidade além do qua-
dro, tanto quanto o território quando se naturalizava em paisagem (Cauquelin, 2007).
No período do Renascimento “descritivo” das novas geografias de continentes recém
desbravados por navegadores e comerciantes, a pintura comprometeu-se a revelar a
variada cena terrestre e a relação entre os povos e as terras por eles ocupadas, enfa-
tizando relações visuais e o controle espacial onde uma ilusão de ordem humanista
poderia ser sustentada (Cosgrove, 1998). Precedido pelas vedutas e pelos panoramas
entre outras tecnologias de representação, o enquadramento das paisagens na pin-
tura prenunciou a dialética do campo/fora de campo nos ecrãs do cinema, ao mesmo
tempo que provocava o imaginário e a curiosidade do observador por novos mundos.
Desenvolvida como um gênero reconhecido em regiões economicamente avan-
çadas, densamente povoadas e altamente urbanizadas da Europa do século XV em
Flandres e na Itália, a pintura de paisagem alcançou sua plenitude expressiva nas esco-
las holandesas e italianas do século XVI e XVII, e, nos séculos seguintes, nas escolas
artísticas francesas e inglesas. A escola holandesa dava ênfase a uma narrativa docu-
mental sobre o meio rural e urbano mais próxima do conceito de landschaft, ou seja,
uma pintura de usos e costumes que regiam a vida local, considerada mais como uma
pintura “política” do que pitoresca (Besse, 2014). A pintura italiana desenvolveu
paisagens pastorais idealizadas, e retratou a cultura das villas romanas, enfatizando
simetrias em um todo harmônico e universal, em suas representações de paisagens
intramurais e vistas inspiradas nos mitos gregos e pastorais da Arcádia virgiliana. Essas
representações míticas do poeta romano Virgílio, submetidas ao olhar contemporâ-
neo, exaltavam a ordem social, o recanto pastoral perfeito, o lugar onde todas as criatu-
ras (até mesmo os animais) se comportavam como cidadãos de uma economia política
perfeita, o locus amoenus (Cauquelin, 2007).
das paisagens como tecnologias de representação até à génese do cinema 107
4. Os discursos do pitoresco
A linguagem estilística pitoresca envolvia uma diversidade de discursos em sua retó-
rica, como a estética visual, dos sentidos, perceptiva e a sócio-ideológica. Outros dis-
cursos existiam, porém, camuflando enunciados geográficos e de gênero. Códigos
culturais foram transferidos para as iconografias dos parques e jardins voltados ao usu-
fruto dos centros de poder e das elites, por sua vez transmutados em cenários para os
sentidos. Se a materialização dessas representações informava as experiências de pai-
sagem, estas, por sua vez, condicionavam formas simbolizadas por arranjos espaciais
específicos (Azevedo, 2008). Esses arranjos distribuíam-se nos espaços cujo percorrer
dava-se por ângulos de visualização entre o descobrir e o ocultar, na alternância de
locais abrigados e grandes áreas abertas, em visadas manipuladas para proporcionar
perspectivas infinitas e uma profundidade espacial ilusória. Essa distribuição espe-
lhava a ativação de ressonâncias culturais negociadas nos espaços e nas experiências
das paisagens (Azevedo, 2008) onde o observador ativo e responsável pelo controle
visual do território se compatibilizava com as áreas mais elevadas, cujas vistas dire-
tas, dominantes e abrangentes eram percebidas como ideais do gênero masculino. O
gênero feminino corporificava-se no observador passivo para quem seriam ofereci-
das as vistas para contemplação (Azevedo, 2007). A visão masculina corresponderia a
das paisagens como tecnologias de representação até à génese do cinema 109
como uma série de quadros criados para o prazer estético, um prazer culturalmente
cultivado pelas elites. O transcorrer dos seus espaços pelos movimentos dos sujeitos
criava um sentido de lugar, como uma série de relacionamentos em desenvolvimento,
provocando identificações individuais que cresciam progressivamente junto a expres-
são de um genius loci que também crescia à medida que os locais eram revisitados
(Bruno, 2002).
O pitoresco difundiu-se avidamente em meados do séc. XVIII e XIX, acompa-
nhando o fulgor relativamente à ideia de viagem e de conhecimento do mundo. As
filosofias geográficas desenvolvidas incrementaram as modernas espacialidades pro-
porcionadas por um olho viajante mecanizado e especializado na tarefa de captar vis-
tas. A própria tarefa de captar vistas era popularizada pela divulgação de narrativas de
viagens (como as muitas narrativas resultantes de viagens científicas de Humboldt e
Darwin) e de livros, pinturas e ruínas arquitetónicas. Com o avanço das viagens cien-
tíficas e descobertas de outros mundos e o processo de inventariação desse universo
desconhecido, surgiram outros movimentos que desenvolveram uma abordagem mais
factual ao espaço, culminando com a tradição realista do séc. XIX (Azevedo, 2007).
Como um passo importante na construção moderna do espaço e portador de
uma homogeneidade dentre vários posicionamentos tanto artísticos como filosóficos,
o pitoresco foi muitas vezes redefinido em teorias e práticas. Ao longo do tempo ocor-
reu uma espécie de marginalização do impacto do pitoresco nas artes e no surgimento
das imagens, em especial no que concerne às possibilidades de representar multipli-
cidades espaciais (Bruno, 2002). Isso nos remete a Eisenstein (1938), cuja análise das
sequências visuais em Montage and Architecture nos apresenta um sistema de toma-
das visuais construído através de um passeio pela Acrópole de Atenas. A composição
resultante, é por ele considerada cinematográfica em sua interligação entre montagem
arquitetônica e cênica, pois ambas compartilham a tecnologia da mise-en-cadre e mise-
-en-scène, ou do enquadramento e da cenografia. Para Eisenstein, o antepassado indu-
bitável da capacidade de “fazer montagem” como no cinema é a arquitetura. A rota
pitoresca teria permanecido incapaz de fixar a representação de um fenômeno na sua
multidimensionalidade visual completa.
Contrariando essa colocação e distorcendo a abordagem “precisa” de Eisenstein
dirigida exclusivamente à montagem, e sem rejeitar a importância da arquitetura no
fenômeno cinematográfico, pelo contrário, Bruno (2002) defendeu que a prática pito-
resca de maneira moderna teria sido reinventada pelos filmes, permitindo ao corpo
do espectador tomar caminhos inesperados de exploração. Considerado por ela uma
revolução, o movimento pitoresco participou da construção do espaço dos sentidos,
preparando o terreno para a evolução das imagens em movimento. Nesse sentido, o
pitoresco pode ser reconsiderado como uma prática protofílmica, na medida em que
sua construção espacial foi usada, como seria o filme, para envolver a imaginação do
passageiro e incitar seu movimento e suas emoções (Bruno, 2002).
das paisagens como tecnologias de representação até à génese do cinema 111
A precisão factual nunca foi o objetivo dessas figurações, nem na cartografia tra-
dicional, nem nas visões urbanas, nem nas composições combinadas, e elas continham
eventualmente muitas distorções. Na verdade, intencionava-se a formulação de uma
imagem mental compreensível e palatável das cidades - não como “mapeamentos cog-
nitivos”, mas como diversas e indicativas rotas sobrepostas de observação (Bruno,
2002). Assim, a veduta urbana teria inscrito na pintura as diversas vistas do espaço em
um movimento dentro de seu mapeamento da cidade. Em suma, essas representações
eram mapas de paisagens urbanas ensaiando movimentos cinemáticos futuros. A lin-
guagem cinematográfica teria vindo condensar essa prática de visualização, tornando
viáveis até mesmo as projeções aéreas impossíveis e as paisagens “móveis” das pinturas
de vistas (Bruno, 2002).
Ao longo de sua história e em suas muitas formas, manifestações e nomencla-
turas, as vedutas urbanas estabeleceram uma forma específica de observar e afigurar
os lugares. Eram dispositivos movidos pela ansiedade aristocrática por uma imagem
total, em um processo de estender a visualização para além das perspetivas e das fron-
teiras do enquadramento, “em um ato de mapeamento” que acompanhava a sede por
novos mundos nos fluxos de viagens. Essa busca incansável impressa nas imagens das
vedutas urbanas era já prenúncio de expansões que desembocaram nas visões pano-
râmicas. O impulso cartográfico das vistas aéreas e das visões panorâmicas, como
frutos de uma representação geográfica imaginária, funcionavam como mapas tanto
para quem conhecia, como para quem nunca tinha visto uma cidade (Bruno, 2002).
Algumas vedutas passavam por processos de fragmentação e multiplicação e eram tão
amplas, que necessitavam de mais de um quadro, transbordando para além das suas
bordas, dos seus limites, serializando as narrativas das paisagens urbanas. Era uma arte
de fazer acreditar que a paisagem era o território original, em uma estratégia que ter-
minou de uma certa forma por definir o mundo moderno ocidental, tal como se fez
posteriormente nas representações fílmicas. Afinal, se a viagem não foi empreendida
pelo pintor, a seleção reproduzia na tela o que lhe contavam os viajantes e não o que
ele próprio poderia ter visto (Besse, 2014).
Transmutadas no final do séc. XVIII em panoramas, as vedutas retrataram o
espaço como uma montagem interligada para um observador imaginariamente móvel,
antecedendo as imersões em mundos cinemáticos e virtuais dos séculos XX e XXI.
O panorama era um espaço protofilmico onde instalava-se uma arte cartográfica em
movimento, envolvendo a inauguração de uma modalidade visual pela construção
de um novo tipo de observador. Pode-se afirmar que a simulação do campo de visão
panorâmica ingressou a humanidade na esfera do sublime romântico, tal como defi-
nido pelo filósofo Immanuel Kant (Otto, 2007). Pelo seu desempenho fundamental
no desenvolvimento da valorização romântica, ele funcionou não apenas como inde-
xador da realidade, mas como aparato dentro de determinados sistemas culturais e
percetivos. Em termos de evolução tecnológica, a “visão panorâmica” foi a que mais
das paisagens como tecnologias de representação até à génese do cinema 113
6. Conclusão
Movendo-se ao longo do caminho da modernidade, a invenção da ideia de paisagem
evoluiu em movimentos artísticos, cujos códigos e tecnologias específicas de represen-
tação ainda refletem discursos hegemônicos de séculos passados. Movimentos como
a perspetiva linear criaram uma ilusão da realidade, transferida para as representações
116 VIAGEM E COSMOPOLITISMO: DA ILHA AO MUNDO
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