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G e s ta lt- te ra p ia co m c ria n ç as: fy.OH.LQj L uc hui a Afina i'
sas caso a criança entre ou perm aneça no espaço terapêutico ou nos diri-
girmos a ela falando como “anim ador de festa”. E preciso que fique claro
desde o início que a criança não vai entrar e/o u permanecer no espaço para
nos agradar ou agradar aos pais. A escolha de entrar e de permanecer será
sempre da criança. Verificamos que um a vez m antidos os princípios básicos
da aceitação e respeito praticam ente todas acabam por se permitir entrar e
experim entar essa nova situação.
C ostum o realizar uma espécie de “aquecim ento” quando recebo uma
criança pela prim eira vez. Após me apresentar, convido o responsável que a
trouxe para realizarm os um passeio pelas dependências da clínica, ajudan-
do-m e a apresentar-lhe o espaço. Com o essa pessoa já esteve comigo antes,
ela já conhece o iocal e agora está pronta para servir de “ajudante” nesse con-
tato inicial com o am biente que é totalm ente desconhecido pela criança. Ao
chegarmos finalm ente à sala onde realizaremos nosso encontro, pergunto
então à criança se ela pode nos levar de volta à sala de espera onde a mamãe,
ou quem quer que esteja com ela, vai ficar esperando enquanto nós volta-
mos para ficar um pouco mais aa sala de brinquedos. C om isso, a maioria
das crianças volta à sala sem problemas, pois ela já se encontra ambientada,
teve o suporte do responsável no contato inicial com o ambiente e com a
psicoterapeuta, percebe que pode escolher o que fazer e será respeitada em
qualquer decisão que tomar.
Essa percepção precoce do respeito que tem os pela criança é funda-
mental para o estabelecimento de um vínculo d e confiança. D esde o p ri-
meiro m om ento ela percebe que não estamos lá sim plesm ente para forçá-la
a fazer algo, porque não queremos que ela faça isso ou aquilo, mas estamos
ali para prestar atenção e respeitar o que ela precisa e quer fazer.
Ao entrarm os na sala, apresentamos o espaço, os recursos lúdicos dis-
poníveis, o que podemos realizar ali e o tem po que dispomos para isso. Fala-
mos sucintam ente do motivo pelo qual estamos nos encontrando e abrimos
espaço para a criança pronunciar-se a respeito. Caso ela queira falar, acolhe-
remos aquilo que vier; caso não queira, farem os o mesmo, assinalando sua
escolha de não falar naquele m om ento e indagando-a sobre o que gostaria
eu tão de fa zere /o u falar.
Q restante da sessão segue de forma absolutam ente singular já que a
únii ii regra de condução é acom panhar a criança em suas escolhas, b isean-
(S ^ p ífc u ío - 6 ____________________ _________ A compreensão diagn ostica em G es talt-tera pia com crian ças
só com beijos e abraços, que geralm ente nos despedimos de nosso encontro
.imda dentro da sala e que, nesse espaço, fica a critério da criança a forma
como isso vai ser feito. D entro de nossa perspectiva de respeito pela criança
<: pela sua forma de ser e apresentar-se naquele m om ento, não podemos
permitir que ela se despeça dando-nos um beijo ou um abraço, ou qualquer
outra coisa que seja estipulada por alguém que não ela mesma. Para crian-
ças, beijos e abraços ainda são predom inantem ente expressões de afeto, e
nos perguntam os a partir disso como alguém que acabou de conhecer-nos
se expressaria dessa form a ao dizer-nos “tchau, até a próxima semana”. Por
Certo, ao longo do processo terapêutico as crianças costum am m anifestar al-
gum tipo de afeto pelo psicoterapeuta (não só os considerados “positivos”),
n que inclusive faz parte do desdobram ento do próprio trabalho; porém,
isso acontecerá sempre no m om ento da criança, a partir das possibilida-
des e necessidades dela e não das necessidades de seus responsáveis ou do
psicoterapeuta. As crianças geralmente são m uito desrespeitadas em suas
f ronteiras corporais; são agarradas e manipuladas o tem po inteiro, na m aio-
ria das vezes sem permissão, e ainda são obrigadas a travar contato físico
e a dem onstrar sentim entos que não experim entam através do toque e da
proximidade corporal com outra pessoa.
Cabe ressaltar que pior do que as manifestações dos responsáveis, no
sentido de que a criança com porte-se de determ inada forma ou expresse
alguma em oção que ela não sente ou de uma form a que não lhe convém, é
o psicoterapeuta cair nessa mesma “arm adilha”. Relatos de psicoterapeutas
que põem crianças no colo, apertam bochechas, dão abraços apertados e
perguntam “cadê meu beijo?” no início ou final de cada sessão, sem que
tal postura p arta de alguma necessidade específica da criança, não são in-
com uns. Tais aproximações só devem acontecer a partir de um pedido ou
iniciativa da criança. Se num dado m om ento o psicoterapeuta suspeitar que
uma atitude desse tipo poderia ser terapêutica, ainda assim é preciso que a
criança tenha a possibilidade de recusar, se for o caso. Não podem os esque-
cer q u e o toque é uma das funções de contato do indiví5üõ~ê7p5r isso,~as
fronteiras estabelecidas pela criança nesse sentido devem ser reconhecidas e
ic:.peitadas para que se possa criar a possibilidade de expandi-las.
Ao reencontrarm os os responsáveis na sala de espera, conform e foi
(m nbinado com acriança anteriormente, comunicamos nossa decisão quan-
(Sm ^ÚÍUÂo - & A co m preensão diag nostica e m G e stalt-fe rapia com criancas
Categorias Diagnosticas
1. Tema das atividades: tema geral de cada atividade realizada pela criança na
sessão. Ex.: desenho - tema: barco no meio da tem pestade/ dramatização com
família de bonecos - tema: discussão durante o jantar.
2. Tem a central da sessão: aquele mais investido pela criança, seja por intensidade,
ou por repetição. Ex.: briga entre o bem e o mal, onde o mal sempre vence.
que não existe na sala; a criança que usa os recursos estruturados de forma a
su bverter seu significado consensual e criar outras possibilidades; a criança que
tenta seduzir o psicoterapeuta com choros ou gracinhas ao final da sessão com
o objetivo de estender a hora ou levax algum brinquedo para casa.
_ 10- Uso da curiosidade - como a criança busca ativam ente conhecer o espaço
terapêutico e o psicoterapeuta através da energia da curiosidade. Ex: a criança
que se dirige aos recursos interessada e curiosa a respeito do seu uso, que faz
perguntas, que quer experimentar; a criança que não se interessa pelos recursos
ou pela sala ou que pouco explora o material; a criança que faz inúmeras
perguntas acerca da vida pessoal do psicoterapeuta ou aquela que não pergunta
absolutam ente nada; a criança que ao perceber uma mudança na sala, comenta e
faz perguntas, aquela que percebe a mudança, mas não se perm ite perguntar, ou
aquela que já nem percebe mais as mudanças realizadas no espaço terapêutico.
11. Responsabilidade pelos seus atos e/ou sentim entos e necessidades - como
a criança se reporta as suas próprias questões e com portam entos e como ela
se apropria daquilo que ela realiza no espaço terapêutico. Ex.: a criança que
projeta seus sintomas em outras crianças: é o irmão que faz pipi na cama, ou
o colega d a escola que faz “coisas erradas”; a criança que não reconhece seu
próprio mérito nas situações: tirou uma boa nota na prova, porque a professora
ajudou com uma prova fácil ou conseguiu realizar algo que dependia de sua
habilidade “por sorte”; a criança que não assume seus próprios sentimentos:
a criança que ao bater no irmão diz que “foi sem querer” ou aquela que ao
ficar triste ou magoada diz não se importar; a criança que não se apropria das
próprias produções realizadas no espaço terapêutico: a criança que indagada a
respeito do que ela quer fazer com o seu desenho, transfere a responsabilidade
para o psicoterapeuta.
1.*>. Uso da função de contato tátil - como a criança usa seu tato e como ela se
perm ite tocar as coisas e as pessoas. Ex.: criança “grudenta”, que se segura,
se pendura e se enrosca na mãe e/ou no psicoterapeuta; a criança que não
perm ite ser tocada ou que não expressa nenhum a afetividade através de beijos
ou abraços.
por esses adultos que nos procuram. Não im porta quem está certo; não
há ninguém “certo” ou errado, mas percepções diferentes de um mesmo
fenômeno: a criança. Assim , a ênfase no processo perm ite que observemos
como ela usa seu corpo no espaço, como usa sua voz, movimento e expres-
são facial. Permite que acompanhemos sua energia e aonde ela é investida,
seja nos recursos lúdicos, seja no espaço em si, seja na relação terapêutica.
Perm ite que realmente tracemos um “m apa” de suas formas de fazer con-
tato com o m undo, independente dos conteúdos presentes nesse contato.
Q uan do validamos o processo, estamos validando a experiência da criança,
sem julgamentos, preconceitos, críticas ou interpretações acerca daquilo que
estamos observando. Aceitamos o que se apresenta, sabendo que não se tra-
ta da “verdade absoluta”, mas apenas a experiência da criança naquele m o-
m ento, naquele contexto, conosco. N o aqui-e-agora, essa é a mais completa
e com petente expressão do seu ser (Cardoso-Z inker, 2004.). O foco no mo-
m ento presente e a atenção ao processo da criança facilitam a construção de
um campo de aceitação, confirmação e respeito, que facilita sua expressão
autêntica, possibilita a emergência e o risco de novas formas de contato.
Cabe lem brar que o uso das categorias diagnosticas contará sempre
com a perspectiva das regularidades do desenvolvimento como pano de
fundo, o que significa que estaremos levando em consideração nessa com -
preensão todos os elem entos presentes no desenvolvimento global da crian-
ça: neurológico, motor, sensorial, cognitivo, relacional e social.