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31 – Faz-se importante lembrar que a Sergio Buarque de Holanda também havia con-
ferido centralidade à obra de Capistrano de Abreu. Além disso, Sergio Buarque também
era um inegável referencial para JHR. HOLANDA, Sergio Buarque de. “O pensamento
histórico no Brasil nos últimos 50 anos”. In: MONTEIRO, Pedro Meira; EUGÊNIO, João
Kennedy. Sergio Buarque de Holanda: Perspectivas. São Paulo: Unicamp; Rio de Janeiro:
EdUERJ, 2008.
32 – RODRIGUES, José Honório. “Hispanic American Historical Review (HAHR)”.
Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, 344: pp. 157-172,
jul.-set., 1984. Entrevista concedida ao professor John D. Wirth, em 1982 e traduzida por
Lêda Boechat Rodrigues.
29-54, 1988.
35 – Para André de Lemos Freixo este texto significou uma inflexão na apropriação que
JHR fez da obra de Capistrano de Abreu. FREIXO, André de Lemos. “Um “arquiteto” da
historiografia Brasileira: história e historiadores em José Honório Rodrigues”. In: Revista
Brasileira de História. São Paulo, vol. 31, n. 62, pp. 143-172, 2011.
36 – RODRIGUES, José Honório. “Capistrano e a historiografia brasileira”. In: Revista
do Instituto Histórico Brasileiro. Rio de Janeiro, 221, out.- dez., 1953, p. 138.
37 – FREIXO, André de Lemos. ““Ein Freund Deutschlands”: ou o Capistrano de Abreu
de José Honório Rodrigues”. In: MEDEIROS, Bruno Franco; SOUZA, Francisco Gou-
vea; BELCHIOR, Luna Halabi; RANGEL, Marcelo de Mello; PEREIRA, Mateus H. F.
(Orgs). Teoria e Historiografia: Debates Contemporâneos. Jundiaí: Paco Editorial, 2015.
Não que a obra de Rodrigues não nos instigue a tal, nem mesmo que
a historiografia, como campo de pesquisa, não tenha apresentado ques-
tões das mais pertinentes para pensar o Brasil, a escrita da história e o
ofício do historiador.41 Apenas faço lembrar que obra de JHR tem ainda
mais a nos oferecer. E, me valendo ainda da sugestão de Reinhart Kose-
lleck, acerca dos estratos do tempo e da longa e imprevisível operação
de sedimentação das formas de viver e de pensar em uma sociedade – de
maneira que os períodos não apenas se sobreponham, mas também que
39 – Apenas a guisa de exemplo, cito o artigo de Renato Lemos, “Anistia e crise política
no Brasil pós -1964”, publicado na edição de dezembro de 2002, na revista eletrônica
Topoi. Nele consta uma única referência a Rodrigues, na página 289, a saber: “José Honó-
rio Rodrigues, um historiador atualmente um tanto fora de moda nos meios acadêmicos,
dedicou boa parte de sua energia intelectual a denunciar o caráter contrarrevolucionário
da prática conciliatória das elites políticas brasileiras. Para ele, a “política de conciliação”
é sempre a “conciliação das divergências da minoria dominadora”, seu objetivo principal
é mais contornar as contradições entre os grupos dominantes que “conceder benefícios
ao povo” e embora sempre se fale “em pacificação, confraternização”, a ordem é o seu
alvo”. Além de atestar a pouca popularidade das ideias e livros de José Honório no âmbito
acadêmico em 2002, o trecho nos revela que a referência em questão nem mesmo estava
associada ao seu pioneirismo no campo da Teoria da História e História da Historiografia.
40 – HARTOG, François. “Primeiras figuras do historiador na Grécia: historicidade e
história” In: Os antigos, o passado e o presente. Brasília: Editora Universidade de Brasí-
lia, 2003. Neste capítulo Hartog discorre sobre o surgimento da historicidade como cate-
goria poética na Odisseia, sobretudo através de sua concepção como a “não coincidência
de si consigo mesmo”, ou seja, por meio do entrelaçado jogo entre identidade e alteridade.
41 – O artigo de Pedro Afonso Cristovão dos Santos, Thiago Lima Nicodemo e Mateus
Henrique de Faria Pereira, “Historiografias periféricas em perspectiva global ou transna-
cional: eurocentrismo em questão”, publicado em 2017 na Revista Estudos Históricos é
uma excelente exemplo dessa historiografia.
44 – JHR sobre o Necrológio de Varnhagen: “[...] tal como era esse artigo de Capistrano
de Abreu, o primeiro grande artigo da historiografia brasileira, cujo centenário também
comemoramos este ano”. RODRIGUES, José Honório. Op. cit., 1982, p. 201.
45 – ANHEZINI, Karina. “Na entrecena da construção da História no Brasil”. In: ME-
DEIROS, Bruno Franco; SOUZA, Francisco Gouvea; BELCHIOR, Luna Halabi; RAN-
GEL, Marcelo de Mello; PEREIRA, Mateus H. F. (Orgs). Teoria e Historiografia: Deba-
tes Contemporâneos. Jundiaí: Paco Editorial, 2015, p. 246.
46 – No seguinte trecho podemos verificar algumas críticas de JHR a Varnhagen: “Real-
mente, como já escrevi, a História Geral do Brasil contém como revelação de fatos mais
do que pode esperar o leitor desavisado. Por outro lado, a distribuição da matéria não
obedece a critérios rigorosos; segue mais a cronologia que a temática; a intitulação dos
capítulos é inexpressiva, pois mais esconde que revela as novidades que contém. Porque
é mais cronológica do que temática, na concepção geral, é também expressão de um pro-
cesso construtivo mais estático que dinâmico. [...] O grande tema da obra é a colonização
portuguesa”. RODRIGUES, José Honório. Op. cit., 1982, p. 205.
Mas o comentário não para por aí. No artigo, cujo título reconhe-
ce em Varnhagen o “Primeiro mestre da Historiografia Brasileira”, José
Honório destacou uma característica da análise de Varnhagen que outros
críticos já haviam conferido realce, mas as intenções de Rodrigues são
distintas: “Varnhagen [...] exerce, como nos demais (livros e textos), com
o maior rigor seu julgamento histórico sobre as personalidades”47. Ora, o
que seria tal “julgamento histórico”? O tom adotado revela uma ironia ou
uma congratulação? Afinal, remonta ao processo de profissionalização do
ofício a máxima de que os historiadores não devem exercer julgamentos
sobre o passado48. Marc Bloch também nos exortara a compreender os
acontecimentos e indivíduos de outrora49. Os manuais de Iniciação aos
Estudos da História tem repetidamente desaconselhado os historiadores a
julgar seus objetos de estudo50. Então qual seria o sentido desta avaliação
do trabalho de Varnhagen?
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