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História de

baixo pra cima


Eric J. Hobsbawm

HOBSBAWM, Eric J. A história de baixo para cima. In:


Sobre a História - Ensaios. Tradução Cid Knipel Moreira.
Companhia da Letras. São Paulo. 2013. p. 193-207.

Disciplina: Tópico de Pesquisa do Sagrado,


Discursos e Práticas Políticas - IHC804
Tema: História Social da Intolerância Religiosa na
Contemporaneidade.
Discentes:
Ivan da Silva | André Bueno | Aline Cruz
RESUMO BIOGRÁFICO
▪ Nome: Eric John Ernest Hobsbawm;

▪ Pais: Leopold Percy Hobsbaum e


Nelly Grün;

▪ Nascimento: Alexandria (Sultanato


do Egito) 1917;

▪ Falecimento: Londres (Inglaterra)


2012.
Contextos históricos e cenários
sociopolíticos

▪ 1ª Guerra Mundial (1914-1918)


▪ Revolução Russa (1917-1922-23)
▪ 2ª Guerra Mundial (1939-1945)
▪ Revolução Comunista Chinesa (1946-1950)
▪ Guerra Fria (1947-1991)
▪ Revolução Cubana (1953-1959)
Trajetória acadêmica e política

▪ Filiação a Federação dos Estudantes Socialistas aos 14


anos;
▪ Bolsa de estudo na Universidade de Cambridge aos 16
anos;
▪ Ingressa no Partido Comunista da Grã-Bretanha em
1936;
▪ Retornou à Universidade de Cambridge para o curso de
doutorado após a Guerra;
Trajetória acadêmica e política

▪ Na década de 1960 integrou um grupo de historiadores


marxistas britânicos (Christopher Hill, Rodney Hilton e
Edward Palmer Thompson);
▪ Foi Professor de História na Birkbeck, University of London;
▪ Professor na New School for Social Research de Nova Iorque;
▪ Foi membro da Academia Britânica e da Academia Americana
de Artes e Ciências.
Abordagem teórico-metodológica e
pesquisa

▪ Perspectiva método marxista de análise histórica partindo do conceito


de luta de classes.
▪ Preocupação com a qualidade e aprimoramento das análises
históricas.
▪ Interdisciplinaridade entre História e Ciências Sociais e Humanas.
“Qualquer técnica que seja relevante para um trabalho deve ser
tentada”.
▪ História Social, entender a organização das classes populares, suas
lutas e ideologias.
Abordagem teórico-metodológica e
pesquisa

▪ Análise da História do trabalhismo e seus aspectos através da


interpretação do seu recorte do século XIX (Longo séc. XIX), que
compreende a Revolução Francesa em 1789, até o início da Primeira
Guerra Mundial, em 1914;

▪ Análise do período que Hobsbawm denominou de “o breve século XX”.


o período que vai do ano de 1917 demarcado pelo fim da Primeira
Guerra Mundial e a Revolução Russa, até 1991 colapso da União
Soviética e o fim dos regimes socialistas no Leste Europeu).
Abordagem teórico-metodológica e
pesquisa

▪ Em 2002 publicou o livro Tempos Interessantes. Obra mais


recente, onde retoma o século XX, e estabelece um diálogo entre
fatos históricos e sua trajetória de vida (considerado como uma
obra autobiográfica).

▪ Hobsbawm utilizou-se do método marxista de análise histórica,


sempre partindo do conceito de luta de classes.
Produção Acadêmica e Premiações

▪ Era das Revoluções 1789-1948 (1962);


▪ A Era do Capital 1848-1875 (1975);
▪ A Era dos Impérios 1875-1914 (1987);
▪ A Era dos Extremos 1914-1991. (1994) - uma das obras mais lidas e
indicadas sobre a recente história da humanidade;
▪ Tempos Interessantes – Uma vida no século XX (2002);
▪ Recebeu o Prêmio Balzan para a História da Europa em 2003;
▪ Recebeu o título de doutor honoris causa de Universidades de diversos
países.
HOBSBAWM, Eric J.
A história de baixo para cima.
In Sobre a História.
(p. 193-207).

▪ Coletânea de ensaios
sobre História que
refletem sobre a
teoria e prática dos
historiadores
contemporâneos.
A história da Gente Comum

▪ A história dos movimentos populares, história


vista a partir de baixo ou a história da gente
comum, da qual George Rudé foi um destacado
pioneiro, não precisa mais de comerciais;
▪ Discutir os problemas técnicos (complexos e
interessantes) no campo de estudo sobre os
movimentos populares;
▪ Referência à História tradicional (crítica ao
engessamento metodológico);
A história da Gente Comum
▪ Indaga por que a história dos movimentos populares é uma moda
tão recente (crítica a falta de pesquisas sobre as gentes –
seletividade de objetos).
▪ Pergunta de Brecht “Quem construiu a Tebas dos Sete Portões?”
é típica do século XX? (natureza política e motivacional dos
Historiadores);
▪ Crítica da História à serviço das classes dominantes. Engajada
em uma historiografia para acadêmicos e grupos sociais
selecionados;
▪ Relação social assimétrica entre as classes, subalternidade e
contenção dos pobres no seu “lugar” social fora da política da
cúpula (sem representação).
A história dos
Movimentos Populares

▪ A “massa” só entra em evidência em contextos históricos


pontuais. (Insurreições sociais e grandes revoluções);

▪ Relevância da história dos movimentos populares -


Coadjuvantes históricos. (história das principais decisões e
acontecimentos políticos);

▪ A história das pessoas comuns como campo específico de


estudo, portanto, começa com a dos movimentos de massa do
século XVIII.
Contribuição da
Historiografia Francesa

▪ Mapeamento da origem das pesquisas sobre a História dos


movimentos populares na França, desde Michelet (primeiro
Historiador a praticar a história dos movimentos populares) –
Revolução Francesa até o final da segunda década do séc. XX.
(Georges Lefebvre, Marc Bloch);

▪ A tradição francesa de historiografia estabelece a maioria das pautas


temáticas e metodológicas da história dos movimentos populares;

▪ Expansão do campo para outros países apenas após a Segunda Guerra


Mundial.
Tropeço e
Contribuição Marxista

▪ Busca de ícones do movimento. (história de personagens) e


substituição das pessoas pelas organizações. (história
política);

▪ Não foi senão a partir dos anos 1950 que a esquerda


começou a se emancipar da abordagem estreita;

▪ Teve impulso com a contribuição dos marxistas a partir da


metade dos anos 1950.
Consolidação do Campo
Dimensão inexplorada - Novas perspectivas temáticas

Problemas Metodológicos de Pesquisa

▪ Influência do positivismo científico na formação da disciplina História -


(História tradicional / corpo material inexistente);

▪ Necessidade de inovação teórico-metodológica;

▪ Exceção do caso Francês. (Revolução em grande escala / vasta


documentação preservada);

▪ Inversão da lógica de pesquisa - (As perguntas e respostas não surgem


naturalmente do estudo do material. Em geral, não existe material algum
até que nossas perguntas o revelem).
A pesquisa nos Movimentos Populares
A história da gente comum
A dimensão desconhecida do passado
e os problemas técnicos dessa exploração.

▪ A história dos movimentos populares difere de tais objetos


e, de fato, da maioria da história tradicional, na medida em
que simplesmente não há um corpo de material pronto a
seu respeito;

▪ O historiador dos movimentos populares descobre apenas


o que está procurando, não o que já está esperando por
ele.
A metodologia de História Oral

▪ Graças as tecnologias
de gravação de voz é
bastante utilizada;

▪ Fontes interessantes;

▪ Dispõem de suficiente
apelo sentimental.
História Oral é memória pessoal
▪ O problema crucial, é
saber em que podemos
acreditar quando não
há nada com que
cortejar;

▪ Atualmente os critérios
para julgar fontes orais
ou são intuitivos ou não
existem.
Parte da história dos Movimentos
Populares é como vestígio do Antigo Arado.
Narradores
de Javé
A ampla variedade
de informações
“ [...] o historiador dos movimentos populares não pode
ser um positivista antiquado. Deve, de certo modo,
saber o que está procurando e, apenas se souber,
poderá reconhecer se o que descobriu se encaixa ou
não em sua hipótese; e se não se encaixa, tentar
conceber outro modelo (p. 201).
“Como construímos nossos modelos?”

Construção
de um sistema
Conhecimento, experiência de comportamento ou
e familiaridade com o pensamento coerente e
objeto real. consistente.

Imaginação
associada com informações
para evitar anacronismos.
Os três passos analíticos:

Identificar “sintomas” Conjunto de suposições Confirmar as


ou peças do quebra- que tornariam a hipóteses a partir
cabeça que precisam combinação de tipos de de evidências.
ser encaixadas. comportamento coerentes
entre si segundo algum
esquema racional.
* Não é simplesmente descobrir o


passado mas explicá-lo, e, ao fazer
isso, fornecer um elo com o presente. (p. 205);

* [...] no presente, nosso problema é


também o de desnudar as suposições
igualmente presunçosas daqueles que pensam saber o que são os
fatos e as soluções, e que procuram impô-las às pessoas. (p. 206)

* [...] como construir uma cidade funcional que também seja uma
comunidade humana. (p. 206)
Vantagens dos historiadores
dos Movimentos Populares

Saber que são em Saber o quão pouco Sabem que aquilo que
grande medida sabemos do passado, as pessoas queriam e
ignorantes, seja dos o quanto é importante
descobrir e qual a necessitavam nem
fatos, seja das sempre foi aquilo que
dificuldade do
respostas a seus trabalho necessário seus superiores, ou
problemas. para tal fim em uma aqueles que eram mais
disciplina espertos e mais
especializada. influentes, achavam
que deveriam querer.

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