Você está na página 1de 9

PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA

Carlos Otoniel Pinheiro


Patrícia de Cássia Rodrigues Barbosa
Vandison Saraiva Ferreira

ENTRAVES NA LIBERAÇÃO DAS VERBAS DO FNDE ÀS CAIXAS


ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO BATISTA – MA

Marjones Marques Rodrigues


São João Batista, 2020
PROGRAMA FORMAÇÃO PELA ESCOLA

Vandison Saraiva Ferreira

ENTRAVES NA LIBERAÇÃO DAS VERBAS DO FNDE ÀS CAIXAS


ESCOLARES NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO BATISTA – MA
Trabalho final de conclusão do curso
Competências Básicas no âmbito do programa
Formação pela Escola

Marjones Marques Rodrigues


São João Batista, 2020

RESUMO

Neste Trabalho de Conclusão de curso será realizado um estudo de caso onde


serão analisados os entraves burocráticos na liberação das verbas do Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação – especificamente através da aplicação do PDDE –
Programa Dinheiro Direto na Escola às caixas escolares no município de São João
Batista localizado no Estado do Maranhão, considerando os pontos fortes e fracos desta
iniciativa, a partir do momento em que trás um recorte do quão positivo este programa
pode ser através de sua utilização e aplicabilidade versus sua realidade, que,
diferentemente de sua proposta de democratização da verba e promoção da autonomia
escolar, acaba fazendo parte de mais uma série de programas cheios de burocracias
prejudiciais aos seus funcionamentos, apresentando até um aspecto contraditório à
proposta inicial. Considerando o momento de pandemia que vivemos, o estudo de caso
não pode se realizar sobre a realidade física atual, mas baseado em recorte vivido no ano
passado, que certamente reflete um acontecimento recorrente não só neste município,
mas em tantos outros municípios de todo o Brasil. Acreditamos que, a partir deste estudo,
as discussões possam ser positivamente levantadas com o intuito de buscar-se soluções
para os atuais entraves na distribuição e usufruto das verbas, tornando o PDDE um
programa ainda mais efetivo e benéfico para a educação Pública Brasileira.

Palavras Chave: PDDE, Educação, Verba, Burocracia.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 5

2. DESENVOLVIMENTO 6

2.1. ANÁLISE DE DADOS 6

2.2 PROPOSTAS DE INTERVENÇÃO 7

3. CONCLUSÃO..............................................................................................................8
4. REFERÊNCIAS...........................................................................................................9
1. Introdução

Atualmente, vemos no recorte político, econômico e social Brasileiro uma situação


delicada no que diz respeito à educação, principalmente quando voltamos nossa atenção
à Educação Básica, referida pelo atual governo como a promessa de tornar-se a
prioridade da gestão, a partir do momento que entrasse em vigência, porém, iniciada com
uma significativa redução no orçamento destinada a área, duas mudanças de Ministro da
Educação nos últimos 06 meses, cortes de bolsas estudantis, ocorrências seguidas pela
falta de tomadas de importantes decisões, que tornaram a realidade educacional do Brasil
envolta em uma crescente onda de descontentamento e preocupação da parte dos
órgãos responsáveis.
Dentro deste contexto, o FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação - tem um papel importante, visto que o mesmo atua como regulador da verba
destinada à educação, através de seu papel de responsabilidade sobre a execução de
grande parte dos programas voltados por e para a educação de nosso país,
principalmente em uma realidade onde a verba destinada a esse setor encontra-se em
redução, uma gestão efetiva torna-se fundamental para que as inciativas e os programas
propiciadores do desenvolvimento da educação continuem funcionando, e no município
de São João Batista, localizado no Estado do Maranhão, essa realidade não poderia ser
diferente, sendo este munícipio bem apoiado pelas diversas iniciativas do Fundo Nacional
do Desenvolvimento da Educação, contando com 20 escolas beneficiadas com
programas como o PDDE Extra Rural, PDDE de Apoio Escolar e PDDE de manutenção
escolar.
A partir desta realidade nos aprofundaremos neste trabalho sobre o PDDE -
Programa Dinheiro Direto na Escola, que desde 1995 - ano em que foi criado - atua com o
objetivo de injetar verba nas escolas com intuito de prestar assistência financeira de forma
geral, sendo possível assim destinar o referido valor para a área da escola que mais
tivesse necessidade, como por exemplo as melhorias na estrutura física, investimento na
estrutura pedagógica e compra de recursos capazes de proporcionar a elevação do
desempenho escolar dentro da referida instituição.
Esse programa é destinado às instituições públicas que oferecem educação Básica
dentro da rede estadual, municipal e federal, abrangendo ainda instituições privadas de
educação especial mantidas por entidades que não tenham fins lucrativos e com
cadastro regularizado no Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, ou órgãos de
atuação similar, e tem por objetivo democratizar a verba destinada às escolas. A partir do
momento em que as mesmas não se encontram mais engessadas dentro de uma única
finalidade, podem oferecer a equipe gestora a possibilidade de atuar diretamente e de
forma “independente” proporcionando um desenvolvimento mais efetivo dentro de sua
instituição de ensino.
No entanto, apesar da indiscutível importância deste programa e da verba por ele
administrada, acreditamos que, ao menos no munícipio em questão - São João Batista –
MA, o objetivo de democratizar a verba e tornar mais fácil a sua distribuição é falho, a
partir do momento que os entraves burocráticos podem ser capazes de incapacitar, desde
o recebimento, até a utilização dos valores recebidos.

2. Desenvolvimento

2.1. Análise de Dados

Considerando o cenário pandêmico atual foi impossível realizar a coleta presencial


de dados nas escolas, ou mesmo na Prefeitura, ou Secretaria de Educação do município
de São João Batista, no entanto, através de informações coletadas nos websites das
instituições citadas acima, podemos afirmar que as verbas repassadas pelo FNDE para
as Caixas Escolares, através do PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) são
essenciais para melhorar a infraestrutura das escolas, através de ações realizadas
diretamente pela equipe de gestão responsável por cada instituição beneficiada, como a
compra de materiais didáticos e complementares, para os professores aprimorarem suas
aulas, material de limpeza, computadores, impressoras e muitos outros materiais.
Conforme citado anteriormente, a burocracia na liberação das verbas é muito
grande, visto que o FNDE repassa o dinheiro em diferentes contas, os presidentes das
Caixas Escolares não são avisados quando os repasses acontecem, e muito menos sobre
as datas exatas para os referidos depósitos, proporcionando a possibilidade do
planejamento, os mesmos só ficam sabendo quando o valor está disponível, se ficarem
pesquisando constantemente através dos portais oficiais ou forem avisados pela
secretaria de educação.
Atualmente, ninguém quer assumir a reponsabilidade sobre as Caixas Escolares no
município de São João Batista, pois a maioria dos presidentes e tesoureiros acabam
ficando com débitos junto à Receita Federal, pela necessidade da realização de uma
minuciosa prestação de contas, que acarreta problemas seríssimos para o gestor
responsável, por não serem feitas as declarações de renda, o quê impacta o gestor ou
responsável não só no ano vigente, mas em declarações futuras.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação mudou a forma de
movimentação das contas junto ao Banco do Brasil, passando de cheques, que eram
aplicados no formato anterior, para cartão magnético. Essa alteração foi pensada com
intuito de facilitar ainda mais a utilização da verba, visto que, através dos cartões
magnéticos, seria possível realizar pagamentos, transferências bancárias, emitir ordens
de pagamento e ainda acompanhar facilmente toda a movimentação da verba realizada
na conta, por meio dos práticos e acessíveis terminais de pronto atendimento do Banco
do Brasil.
No entanto, essa alteração no formato do recebimento da verba, fez com que todas
as Caixas Escolares das escolas municipais de São João Batista-MA parassem suas
atividades, desde o fim do ano de 2019, gerando, em muitos casos, problemas financeiros
e estruturais nas instituições devido à falta de verba, pois todas têm estatutos antigos, que
não previam a movimentação financeira de suas contas por cartão magnético, mas
apenas com os cheques tradicionalmente utilizados.
Tendo o Banco do Brasil, a partir desta, exigido as alterações em todos os
estatutos para a posterior liberação da verba, as instituições beneficiadas foram obrigadas
a realizar rapidamente as alterações, porém, no ato de apresentação no cartório para
registro, depararam-se com mais uma burocracia: o cartório só faria o registro mediante a
apresentação de vários documentos, e um deles seria uma certidão negativa de débitos
junto à Receita Federal, entretanto todas as Caixas escolares municipais estão com
débito na Receita Federal pelos fatores apresentados anteriormente, como as dificuldades
com a prestação de contas ou mesmo entraves na declaração de renda, então, todas as
verbas se mantiveram disponibilizadas, porém congeladas nas contas no Banco do Brasil,
visto que ninguém consegue comprar nada para suas escolas, porque nenhuma Caixa
Escolar conseguiu obter a documentação necessária para a retirada do cartão magnético,
que se tornou um requisito para administração e usufruto da verba que inicialmente
objetivava justamente a democratização da verba escolar, tornando sua utilização mais
fácil e aplicável para a equipe gestora.

2.2. Proposta de intervenção


Para mitigar os impactos causados pelos efeitos negativos que a burocracia vem
causando, no sentido de inclusive atrapalhar no objetivo inicial do programa, conseguimos
pensar em algumas propostas de soluções para esses problemas:

 Isentar as Caixas Escolares de fazerem declarações de imposto de renda:


Conforme já foi falado o imposto de renda é um dos maiores obstáculos para a
legalização das contas das caixas escolares, isso ocorre porque muitas vezes o
responsável pela manutenção da conta não realiza a declaração do imposto de
renda corretamente. Acreditamos que a isenção da declaração do imposto de
renda deste caixa que se destina exclusivamente para o desenvolvimento de
instituições educacionais, pode ser um bom caminho para a redução da burocracia
e fluidez da utilização dos recursos no seu destino correto.

 Realizar cursos de capacitação para os membros das Caixas Escolares:


Claramente, as maiores dificuldades do gestor da escola ou tesoureiro responsável
pela administração da verba são um reflexo da deficiência – ou da ausência – da
capacitação deste profissionais para utilizar a verba e todos os recursos de
acompanhamento e controle associados a ela. Possivelmente, um workshop ou
minicurso ofertado pelo próprio FNDE capacitando os profissionais sobre como
utilizar corretamente o fundo com ênfase no controle da prestação de contas,
tornaria os responsáveis mais aptos a utilizar a verba, atentando corretamente aos
mecanismos de manutenção do controle.

 Reduzir a burocracia junto ao Banco do Brasil: Como observamos no ano anterior,


a Caixa Escolar se manteve sem movimentação por um tempo considerável, o que
claramente afetou o desenvolvimento da escola apenas pelos entraves impostos
pelas questões burocráticas por parte do Banco do Brasil, no tocante à
movimentação financeira, acreditamos que a existência de uma diretoria eleita e
uma pessoa responsável pela administração da verba, que está autorizada a fazer
a movimentação financeira da Caixa Escolar, essa movimentação poderia ser feita
por cheque ou cartão magnético ou ainda por meio que o responsável ou
responsáveis julgarem mais adequado a sua pessoa e para a instituição que
representem, bastando apenas uma ATA de uma Assembleia Geral dando esses
poderes aos administradores.
3. Conclusão

Concluímos, com a realização deste estudo de caso, que embora o FNDE dentro do
contexto atual venha cumprindo com maestria o seu papel, ainda temos um longo
caminho a percorrer, tornando os programas de apoio às instituições de ensino como
programas realmente aplicáveis e próximos da realidade vivenciada por elas. Acreditamos
que um estudo realizado em campos de diferentes realidades escolares possam fazer os
programas mais efetivos e fluentes, e os objetivos dos mesmos mais facilmente atingíveis.
Acreditamos também que o PDDE seja de fato um dos programas mais aplicáveis dentro
das realidades escolares, visto que o mesmo oferece autonomia aos gestores e
responsáveis financeiros das instituições, a partir do momento em que designa ao mesmo
– que conhece a sua realidade – a oportunidade de destinar a verba para onde há uma
maior necessidade e embora os entraves burocráticos ainda representem um peso para
todos os envolvidos, acreditamos que estes problemas possam facilmente ser
solucionados, para tornar este programa verdadeiramente atuante e proporcionando o
desenvolvimento ideal dentro das instituições.

4. Referências

Programa Dinheiro Direto na Escola, FNDE, 2020 disponível em


<https://www.fnde.gov.br/programas/pdde> Acesso em 14 de Junho de 2020

Mais de 10 mil escolas já receberam o cartão PDDE , Prefeitura de São João Batista,
2020 disponível em
<https://www.saojoaobatista.ma.gov.br/noticias/noticias/exibe/0013234-mais-de-10-mil-
escolas-ja-receberam-o-cartao-pdde> Acesso em 13 de Junho de 2020

Relatório de situação de entrega dos municípios, SIOPE, 2020, disponível em:


<https://www.fnde.gov.br/siope/situacaoEntregaMunicipio.do?
acao=pesquisar&cod_uf=21&ordenar=1>

Os seis números que resumem os seis meses de educação na gestão Bolsonaro, BBC,
2020, Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48699037 >

Você também pode gostar