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São Paulo, 13 de maio de 2021.

Nesta,
Às entidades

APROFEM - Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo,


SINPEEM – Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal – SP,
SEDIN – Sindicato dos Educadores da Infância,
SINDSEP – Sindicato dos Trabalhadores na Administração Pública e Autarquias
no município de São Paulo e
SINESP – Sindicato dos Especialistas de Educação do Ensino Público Municipal
de São Paulo,

A Secretaria Municipal de Educação, mantendo seu compromisso com o diálogo


e a busca por condições adequadas de trabalho para os nossos profissionais e
zelando por garantir a oportunidade de aprendizado e socialização para os
nossos estudantes, já realizou desde 07-01-2021, mais de 17 encontros com as
entidades sindicais, tentando construir, de forma colaborativa, alternativas para
minimizar os impactos da pandemia para todos os envolvidos na Rede Municipal
de Educação.

A pandemia, triste realidade que atingiu toda a humanidade, não tem soluções
simples e projetadas previamente, necessitando muita responsabilidade,
conhecimento e agilidade das autoridades responsáveis para seu
enfrentamento.

Várias demandas e sugestões apresentadas pelos sindicatos foram, durante


esse período, acatadas pelo governo e outras estão em estudo. Mesmo assim,
alguns sindicatos foram buscar decisão judicial para que a Prefeitura tivesse que
fechar as escolas. Nenhuma delas teve sucesso.

Há um questionamento, por parte dos sindicatos, quanto aos critérios utilizados


para decidir pela abertura das escolas.
A Secretária Municipal de Saúde, como temos informado recorrentemente, age
em consonância com o Comitê de Contingência do Estado e segue critérios
estabelecidos pela Saúde para determinar a retomada e suspensão das aulas
presenciais e tem implementado todas as ações necessárias para enfrentamento
da doença. A SME se submete aos indicadores criados a partir da realidade
monitorada pelas autoridades de Saúde, para analisar o momento de menores
riscos para retorno às aulas presenciais. E, como compromisso da gestão, as
escolas fecharão ou abrirão imediatamente após os indicativos nos serem dados
pela Secretaria de Saúde. De forma alguma, isso significa que o Secretário de
Educação está delegando decisões sobre a Rede de Ensino para outra pasta.
Mas, é um fator muito importante, na nossa avaliação, o de reconhecermos
nossa limitação de conhecimento, expertise e informações para tratar com um
tema médico tão complexo e específico. Na ânsia de resolvermos ou
minimizarmos os impactos da doença, cada nicho de atividade na sociedade tem
suas avaliações próprias, que em geral, não consideram os prejuízos e impactos
causados a outros grupos. Não podemos nos somar a isto e nem sermos
exemplos não educativo.

Além da preocupação com o bem estar de nossos profissionais, a SME tem


preocupação com a vulnerabilidade e sofrimento de nossos alunos ao
permanecerem muitos meses fora do convívio escolar, além do inegável prejuízo
na aprendizagem, que só conheceremos com mais clareza nos próximos meses,
além da avaliação diagnóstica que fizemos no ano passado, que já nos dá um
panorama da situação a ser enfrentada.

Em todo o ano letivo de 2020 as aulas ocorreram, quase que exclusivamente, de


forma remota. Mesmo sabendo que esse período traria consequências
profundas no aprendizado e no desenvolvimento psicossocial de nossos bebês,
crianças, jovens e adultos, a realidade da época exigia que as medidas restritivas
fossem adotadas. A abertura, no final do ano, se deu a partir do entendimento
da possibilidade - e da urgência - em atender os estudantes. Iniciamos com a
abertura de unidades pela decisão do Conselho de Escola e em seguida com o
Ensino Médio.

A SME, com as mesmas preocupações trazidas pelas entidades sindicais, já no


primeiro momento de reabertura das escolas, prorrogou de 04/02/2021 para
15/02/2021 o retorno das aulas presenciais. Fizemos inclusive uma pesquisa
com os familiares e foi possível verificar que quase 70% eram favoráveis ao
retorno. Além disso, o processo de planejamento foi expandido para 10 dias,
entendendo a complexidade do trabalho, e só três desses dias de planejamento
foram utilizados em trabalho presencial.

Em 15/02/2021, fizemos a reabertura em três etapas (15/02, 22/02 e 01/03) só


permitindo a reabertura das escolas nas quais as condições sanitárias
estivessem adequadas e os contratos de limpeza ajustados.

Ainda atentos às questões colocadas, o Secretário de Educação decidiu pela


antecipação do recesso, o que daria mais um tempo para o retorno presencial.
Nesse período o Prefeito Municipal decretou feriado municipal por 10 dias, e a
SME suspendeu o recesso, transferindo-o para o final do período decretado
como feriado municipal.

Isso significa que as aulas que deveriam ter iniciado no dia 04/02/2021, tiveram
seu reinicio efetivo em 12/04/2021. O retorno permaneceu opcional para as
famílias, com frequência máxima de 35% e privilegiando os filhos de profissionais
que estão na linha de frente de combate à doença. Isso significou, na semana
de 03 a 07/05/2021, um total de 300.000 alunos atendidos na rede – e, se
considerarmos o rodizio, quase 600.000 alunos já passaram pela nossa rede.

Para esse retorno, levando também em consideração indicações apresentadas


pelos sindicatos em reuniões bilateral ou setorial, a Secretaria de Educação criou
ações para a adequação necessária, mostrando a importância que a escola
aberta representa para os familiares:

• construiu, de forma participativa, o Protocolo Sanitário;


• promoveu a testagem dos educadores e apoiadores;
• ajustou os contratos de limpeza;
• orientou as escolas para a preparação e adoção desses protocolos;
• organizou o retorno das escolas em 3 datas diferentes (15/02, 22/02 e
01/03) de acordo com as necessidades de adequações em cada escola,
• ampliou e liberou recursos PRTF (programa de transferência de recurso
financeiro), permitindo que compras e adequações fossem realizadas
diretamente pelas escolas;
• ampliou o período de planejamento de 3 para 10 dias sendo que a maior
parte foi realizada de forma remota;
• contratou, em parceria com a SMDET, 4500 mães para ampliar o cuidado
com a implementação dos protocolos sanitários por meio do Programa
“POT Mães Guardiãs”;
• autorizou a realização remota do horário coletivo – JEIF;
• suspendeu o horário noturno;
• estabeleceu, em parceria com a Secretaria de Saúde, o protocolo de
atendimento às escolas baseadas nas UBS de referência, criando sistema
de registro e encaminhamento dos estudantes e educadores com
sintomas suspeitos;
• estabeleceu, em conjunto com a COVISA, os protocolos de afastamento
das pessoas que tiveram contato com outras pessoas infectadas,
fechamento de salas de aulas, ou fechamento da escola;
• estabeleceu acompanhamento diário da situação de pessoas com
sintomas e pessoas com o diagnóstico positivo, baseado nas informações
da saúde;
• instituiu o Comitê permanente de acompanhamento do retorno às aulas
presenciais, com a participação das Secretarias de Educação e da Saúde.
• promoveu novamente a testagem dos educadores e apoiadores –
incluindo no processo de inquérito sorológico feito e acompanhado, em
toda a cidade, pela SMS;
• atuou junto à Secretária da Saúde na criação de um espaço de debate na
Câmara Técnica – quando houve o posicionamento do secretário Edson
Aparecido de levar as ideias colocadas para o Comitê de Contingência do
Plano SP;
• decidiu pela compra de mais de 1.600.000 máscaras NP95 para
distribuição para nossos profissionais;
• decidiu pela compra de mais de 80.000 face shield para os nossos
profissionais;
• nova ampliação do PTRF (programa de transferência de recurso
financeiro).

Outras ações, que não estão diretamente ligadas ao tema COVID, mas são de
importância para os nossos profissionais, também foram realizadas:

• publicação da evolução funcional referente ao período até março de 2020;


• agilização da disponibilização dos tablets minimizando o esforço das
escolas no processo de configuração;
• chamada de concurso vigente;
• compromisso de solicitar autorização para novas chamadas de concurso;
• compromisso de elaborar a programação de realização de novos
concursos;
• revisão da IN nº 7 – designação.

Alguns dos pontos questionados pelas entidades sindicais, são de competência


do Plano SP, plano do governo do Estado de ataque à pandemia, alinhado com
Tribunal de Justiça, Ministério Público, Defensoria Pública. Assim, o Governo
vem seguindo o Plano SP, que orienta as ações de todos os municípios da
cidade de São Paulo, e muitas vezes nosso município tem sido ainda mais
restritivo que o governo do Estado.

O município tem seus limites estabelecidos. Como o município tem participado


das reuniões do Comitê de Contingência, o Secretário Edson Aparecido, em uma
das reuniões da Câmara Técnica, se comprometeu a levar, para o Comitê de
Contingência do Plano–SP, os questionamentos e sugestões dos profissionais
da educação, em especial, em relação ao processo de cadastramento e critérios
para autorização da vacinação para os profissionais da educação. A questão
colocada é de que o processo foi extremamente complexo e lento, o que não foi
adotado em nenhum outro grupo escolhido, e os critérios de seleção das
categorias dentro do grupo de educadores foram muito restritivas.
Enfim, todas as nossas considerações e explanações até aqui colocadas,
apontam para uma inequívoca disponibilidade do Governo pelo diálogo e pela
adoção de todas as medidas possíveis, que resultem em proteção de nossos
profissionais e alunos. Além disso, entendemos que os sindicatos tiveram papel
importante no atingimento de suas expectativas de melhoria das condições
sanitárias para nossos profissionais.

Mesmo assim e diante de uma situação tão difícil para todos os cidadãos da
cidade de São Paulo, houve decisão das entidades pela decretação da greve.
Entendemos ser uma greve inédita em um momento nunca vivido por nós,
trazendo reinvindicações que não estão na governabilidade do governo
municipal, ou solicitando ações que o governo já vem adotando de forma muito
assertiva, dentro dos limites que nos impõe esta crise tão difícil.

A greve colocada como “greve pela vida” não nos parece ter um objetivo claro e
bem definido, pois em nenhum momento a SME e o Governo são contrários à
proteção da vida, ao contrário, este Governo tem a responsabilidade e o cuidado
com as vidas dos quase 12 milhões de cidadãos da nossa cidade.

Com esta nossa manifestação, aguardamos que o Fórum das Entidades (que
nos oficializou a greve) encaminhe o encerramento imediato da Greve, nos
comprometendo com as ações aqui descritas. Ressaltamos que os
compromissos abaixo estão vinculados à comunicação pelo Fórum do
encerramento da greve. Respeitamos a autonomia do Fórum para tomada de
decisão, no entanto, entendemos que a comunicação de continuidade da Greve
pelo Fórum, indicará a rejeição da proposta de compromissos aqui apresenta.
Portanto, voltamos à posição negocial do oficio de 23/03/2021.

• Elaboração de instrução Normativa para regulamentar o trabalho remoto,


ainda no período de pandemia;
• Criação de grupo para análise do ensino fundamental por meio dos ciclos
de aprendizagem;
• Criação de grupo para revisão do calendário escolar, com a participação
de todas as entidades sindicais;
• Agilização no processo da entrega dos notebooks para os professores,
garantindo que a comunicação aos professores seja feita de forma
antecipada, organizando o período de retirada, evitando que os notebooks
permaneçam nas escolas. O Termo de Comodato a ser assinado pelos
professores deverá ser publicado com antecedência para que os
professores tomem conhecimento antes de assiná-lo;
• Regulamentação da lei 17.347 – politica de saúde do servidor – politica
de saúde do aluno – no prazo de 120 dias;
• Reunião com o Secretário de Educação e o Secretário da Saúde para em
conjunto, organizarmos as reinvindicações a serem encaminhadas ao
comitê de contingência do Plano SP;
• Expansão, para todas as unidades escolares, do sistema informatizado
de controle e monitoramento dos casos de COVID que hoje estão
exclusivamente nas 165 escolas sentinelas;
• Compra de mais um lote de EPI com a possibilidade de diversificar os
agrupamentos;
• Negociar a inclusão de SME na ata de registro de preços que está sendo
elaborada pela SMS para compra de testes PCR com resultado em 24
horas para serem aplicados nas UBS;
• Compra de teste individual (teste da saliva) para serem utilizados pelos
assintomáticos, na escola, sendo a coleta e leitura do resultado feito pela
própria pessoa;
• Sanitização da escola que apresentar caso de COVID, antes das pessoas
retornarem à escola;
• Publicação do BOLETIM da Saúde – COVID, fazendo um recorte para os
profissionais da Educação;
• Analisar para possíveis revisões os protocolos de fechamento da
classe/escola na ocorrência de casos de COVID de acordo com o território
e as orientações da saúde;
• Criar um grupo de estudo para apreciar proposta de revezamento entre
profissionais vacinados e não vacinados, de forma a minimizar riscos,
desde que não afete o funcionamento escolar;
• Manter processo de reformas e repasse via PTRF para as adaptações
necessárias às Unidades Escolares.

Importante ressaltar que esta Secretaria Municipal de Educação esteve – e


permanece – aberta ao diálogo, premissa do trabalho do secretário de educação
e da gestão. Mantemos o compromisso de prosseguir com a negociação da
forma de reposição dos dias, conforme calendário organizado em conjunto com
as entidades sindicais, assim que tivermos a informação de encerramento da
greve.

As perdas na aprendizagem estão reveladas nas avaliações realizadas e na


necessidade de busca ativa para que os estudantes retornem à escola. O
planejamento dessa reposição se dará a partir da necessidade de realização
desses atendimentos e da recuperação das aprendizagens.

O objetivo maior da Secretaria de Educação e de seus profissionais é o bem


estar e o aprendizado de nossas crianças. Embora estejamos em um período
único e muito triste para a humanidade, temos que entender que é um momento
de muito aprendizado, de colaboração e que exige muita serenidade.
Precisamos unir esforços para auxiliar os mais vulneráveis.

Muitas das nossas crianças estão em situação de profunda vulnerabilidade. Os


efeitos desse período de pandemia permanecerão, por longo tempo, na
organização da educação e dos sistemas de ensino, na vida de cada um dos
profissionais e de forma muito intensa na vida de nossas crianças.

Reiteramos que o direito à greve é tão legítimo quanto o direito à educação dos
nossos mais de um milhão de bebês, crianças, jovens e adultos. Eles são os
sujeitos de direito dessa SME.

Fernando Padula – Secretário Municipal de Educação


Minéa Paschoaleto Fratelli – Secretária Adjunta de Educação
Malde Maria Vilas Bôas – Secretária Executiva Municipal
Omar Cassim Neto – Chefe de Gabinete

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