Você está na página 1de 5

FICHAMENTO DO LIVRO II DA ÉTICA A NICÔMACO

DISCIPLINA: HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA


PROF.: MARIA DULCE REIS
DATA DE ENTREGA: 21/10/20

ALUNO (A): CLÉSSIO DE LIMA TÔRRES JUNIOR

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Luciano Ferreira de Souza. São


Paulo: Martin Claret, 2015. Livro II. pág. 41 - 59.

Trecho com a
numeração
Ideias principais
internacional

CAPÍTULO 1 Sendo a virtude, assim, de dois tipos, uma intelectual e outra moral, a
virtude intelectual depende mais do ensino, quer em sua origem, quer
1103a em seu crescimento; portanto, ela precisa de experiência e também de
- Virtude tempo; a virtude moral resulta do hábito (...). Por isso, é evidente que
como um nenhuma das virtudes morais é gerada em nós por natureza, pois
modo habitual nenhuma das coisas que existe por natureza torna-se diferente pelo
de se hábito (...).
comportar.
Assim, nem é por natureza, nem contrariamente à natureza que as
- Virtudes virtudes são geradas em nós, mas é natural para nós recebe-las, e nos
intelectuais: aperfeiçoamos pelo hábito.
aquisição pelo
ensino/ Tomamo-las [as virtudes] por uma atividade, tal como ocorre também
Virtudes com as outras artes, pois as coisas que são necessárias aprender antes
éticas: de fazê-las, é fazendo que aprendemo-las.
aquisição pela
experiência.

1103b (...) é praticando as ações justas que nos tornamos justos, e as ações
- As virtudes moderadas que nos tornamos moderados, e as ações corajosas que nos
não são tornamos corajosos.
naturais, logo,
ninguém nasce Além disso, toda virtude é gerada e destruída pelos mesmos princípios
bom ou mau. e pelos mesmos meios (...). De fato, se não fosse assim, nem haveria
necessidade um instrutor, mas todos viriam a ser bons ou maus. E é
- A virtude assim também em relação às virtudes, pois é pelas ações que
supõe um praticamos nas relações com os homens que nos tornamos justos ou
treinamento injustos; e é pelas ações que praticamos em situações de perigo, e pelo
voluntário hábito de temer ou ter coragem, que nos tornamos, uns, corajosos,
outros, covardes.

CAPÍTULO 2 O que se deve passar em vista primeiramente é que as virtudes morais


são, por natureza, destruídas pela falta e pelo excesso.
1104a
- A virtude Assim, então, temperança e coragem são destruídas igualmente pelo
está no meio- excesso e pela falta, enquanto são conservadas pela justa medida.
termo
E é assim também no que diz respeito às virtudes: nós nos tornamos
temperantes ao abster-nos dos prazeres, e uma vez que nos tornamos
capazes desta abstenção, é quando somos os mais capazes de praticar
essa abstenção.

CAPÍTULO 3 Por isso também devemos ser educados desde a mais tenra infância,
como diz, Platão, de modo a achar nossos prazeres e nossas dores onde
é conveniente, pois a educação correta consiste nisso.
1104b

CAPÍTULO 4 Assim, as ações são ditas justas e temperantes quando é o homem justo
e temperante que as pratica, mas aquele que as pratica não é justo e
1105b temperante por praticá-las, mas porque as pratica do mesmo modo que
os justos e temperantes. Tem razão então de dizer que é pela prática
das ações justas que o homem se torna justo, e pela prática das ações
temperantes que se torna temperante, enquanto que, por não praticá-las
de maneira alguma, jamais estaria em condições de tornar-se bom.
Mas a maioria dos homens não pratica estas ações; eles se refugiam no
domínio da discussão, e pensam que agem assim como se fossem
filósofos e que isso bastará para se tornarem bons, e, desse modo, eles
assemelham-se aos doentes que escutam seus médicos atentamente,
mas não seguem nenhum de suas prescrições.

CAPÍTULO 5 Já que existem três estados na alma, as paixões, as faculdades e as


disposições, a virtude seria uma delas. Entendo por paixões os apetites
1105b (...) de modo geral, as que são acompanhadas de prazer ou de dor; por
faculdades, os estados segundo os quais dizemos que somos capazes
de senti-los (...); por disposições, nosso comportamento bom ou mau
relativo às paixões (...).

1106a Por outro lado, sentimos a cólera ou o medo de modo indeliberado,


- Perseverar enquanto as virtudes são certas escolhas, ou ao menos não ocorrem
no reto meio- sem uma escolha. Além disso, é em razão das paixões que se diz que
termo por uma somos movidos, mas no que diz respeito às virtudes e aos vícios não
escolha somos movidos, mas, de certa maneira, dispostos.
deliberada
Além disso, somos capazes por natureza, mas não nos tornamos bons
- Vício e ou maus por natureza. (...) Então, se as virtudes não são nem paixões,
virtude: nem faculdades resta que elas sejam disposições.
disposições de
caráter

- Héxeis:
posse,
aquisição.
CAPÍTLO 6 Então, se é assim em todos os casos, a excelência, a virtude do homem
1106a só poderia ser uma disposição pela qual um homem torna-se bom e
pela qual também sua própria obra tornará boa.
1106b Eu entendo aqui a virtude moral, pois é ela que se relaciona com as
afecções e as ações, nas quais existe o excesso, a deficiência e o meio-
termo.
1107a Assim a virtude é uma disposição de caráter relacionada a uma escolha
Bem supremo: deliberada e ocupa uma posição central em relação a nós, a qual é
o melhor dos determinada pela razão e determinaria o homem dotado de sabedoria
bens prática.

Assim, acerca de sua existência e como ela se define, a virtude é um


meio-termo, mas com relação ao bem supremo e o mais justo, ela é um
excesso.

É igualmente absurdo supor que cometer uma ação injusta, covarde ou


desregrada comporta um meio-termo, um excesso e uma falta, pois
existiria nesse momento um meio-termo quanto ao excesso e à falta,
um excesso de excesso e uma falta de falta.

CAPÍTULO 7 Pode-se, então, desejar honras menores do modo que é devido, mais
do que desejar honras do modo que é devido, mais do que é devido ou
1107b menos do que é devido; o homem que se entrega aos desejos
excessivos é designado por ambicioso e ao homem com desejos
insuficientes, um homem sem ambição, e aquele que mantém a
posição intermediária não recebeu denominação.

CAPÍTULO 8 (...) a fim de melhor discernir que em todas as coisas o meio-termo é


digno de elogio, uma vez que os extremos não são nem corretos, nem
1108a louváveis, mas ao contrário, censuráveis.

1108b De fato, o homem corajoso, em relação ao covarde, parece temerário, e


em relação ao temerário, covarde. Da mesma maneira, o homem
temperante parece voluptuoso em relação ao insensível e insensível em
relação ao voluptuoso, assim como o homem liberal, em relação ao
pródigo, parcimonioso.

Por outro lado, existem extremos que apresentam certa semelhança


com o meio-termo, por exemplo, no caso da temeridade em relação à
coragem, e da prodigalidade em relação á liberalidade. Contudo, é
entre extremos que a dissemelhança existe em seu mais alto grau;
aliás, as coisas que estão afastadas uma de outra são definidas como
contrárias, e por consequência as coisas que estão mais afastadas entre
si, são também as mais contrárias.

1109a Quando ao meio-termo, em certos casos, é a deficiência que lhe é mais


contrária, e em outros, o excesso; assim, para o corajoso, não é a
temeridade que é o mais oposto, mas a covardia; inversamente, para o
temperante, não é a insensibilidade, que é o mais oposto, mas a
intemperança.

(...) as coisas que mais se afastam do meio-termo parecem ser as mais


contrárias.
(...) as coisas geradas em nós por natureza parecem ser mais contrárias
ao meio-termo. (...). Por isso, qualificamos mais contrários ao meio-
termo os extremos aos quais somos mais inclinados e é por essa razão
que a intemperança, que é um excesso, é mais contrária à temperança.

CAPÍTLO 9 Assim, estabelecemos de modo suficiente que a virtude é um meio-


termo, e em qual sentido ela o é, a saber, que ela é um meio-termo
1109a entre dois vícios, um segundo o excesso e outro segundo a falta, e que
ela é um meio-termo de tal tipo porque ela visa à posição intermediária
nas paixões e nas ações. E por isso também é todo um trabalho ser
virtuoso, pois em toda coisa, é penoso encontrar o meio; (...) o que
explica que o agir bem é ao mesmo tempo uma coisa rara, digna de
elogio e bela. Também aquele que procura atingir o meio-termo deve,
primeiramente, afastar-se do que lhe é o mais contrário (...).

1109b Devemos nos esforçar para seguir através da direção oposta, pois é
somente nos afastando das faltas que cometemos que alcançaremos a
posição intermediária, como fazem aqueles que tentam endireitar varas
tortas. Em todas as coisas, enfim, o que é agradável e prazeroso nelas é
do que precisamos nos defender, pois nessa questão não julgamos com
imparcialidade.
QUADRO – CAPÍTULO VII (1107b – 1108b)

EXCESSO MEIO-TERMO FALTA

TEMERIDADE CORAGEM MEDO

INTEMPERANÇA TEMPERANÇA PRAZERES

PRODIGALIDADE LIBARALIDADE AVAREZA

OSTENTAÇÃO MAGNIFICÊNCIA MESQUINHARIA

PRETENSÃO ORGULHO BAIXEZA DE ALMA

IRA CALMA INDIFERENÇA

ARROGÂNCIA VERACIDADE RETICÊNCIA

INSOLÊNCIA ESPIRITUOSIDADE RUSTICIDADE

BAJULAR AMABILIDADE MAL-HUMOR

TIMIDEZ HOMEM RESERVADO IMPUDICIDADE

INVEJA JUSTA INDIGNAÇÃO MALQUERÊNCIA

Você também pode gostar