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Questionário para avaliação do desenvolvimento das habilidades e competências

adquiridas ao longo dos anos de escolarização*.

O questionário à ser aplicado contem dez questões cujo objetivo é o de identificar quais os
conhecimentos básicos da Matemática (questões de1 a 5) e da Língua Portuguesa (questões 6 a
10) que possam estar se constituindo num dos gargalos que impedem um melhor
desenvolvimento dos alunos no estudo dos conteúdos da disciplina de Física, Química, Biologia
e Matemática. A aplicação dos questionários pode ocorrer na própria sala de aula dos
estudantes, com conhecimento e consentimento dos professores da turma e do grupo gestor da
escola. Antes de os alunos iniciarem o trabalho de responder ao questionário, de forma
individualizada, serão feitos os devidos esclarecimentos sobre a investigação, de modo que eles
possam entender a importância de suas contribui ções para este Projeto de Intervenção. Deve
ser esclarecido também que a participação deles é voluntária, sem qualquer aspecto de
obrigatoriedade.

Questões de Matemática

1ª Questão: Numa escola havia 436 meninos e 328 meninas. No final do ano, 87 estudantes
saíram desta escola, e no começo deste ano, entraram 59 estudantes novatos. Quantos
estudantes há agora nesta escola?

[Cálculo matemático simples e que não envolve raciocínio complexo, operações


fundamentais, como adição, subtração, multiplicação e divisão - a falta de domínio
sobre os conhecimentos fundamentais aumenta a aversão dos estudantes às disciplinas que exercitam o
raciocínio lógico e que utilizam operações e cálculos matemáticos. Esse é o caso da Química e da Física, as
quais fazem parte do rol das disciplinas consideradas “as mais difíceis” de serem compreendidas. Como
não conseguiram assimilar os conceitos e as operações básicas que deveriam ter sido apreendidos
anteriormente, os alunos não conseguem compreender os novos conceitos, já que estes necessitam
daqueles para o seu completo entendimento.]

2ª Questão: Observe os pares de números e assinale V para o que estiver verdadeiro e F para o que
estiver falso.

a) + 1 < – 10 () b) + 30 > 0 ()
c) – 20 > 0 () d) – 20 > – ()
10
e) – 30 < – ()
15

[Identificação e compreensão da dimensão escalar de números negativos e positivos


- Quando trabalhamos, por exemplo, os conteúdos relacionados à termoquímica e aos processos físico-
químicos que ocorrem com troca de calor (processos endotérmicos e exotérmicos), por não conseguirem
dominar a interpretação correta de alguns símbolos matemáticos como <, >, + e -, os estudantes se deparam
com muitas dificuldades para entender como é encontrado o sinal de uma variação (Δ) que lhes permitirá
caracterizar o processo em endotérmico (ΔH > 0) ou exotérmico (ΔH < 0), não compreendendo, assim, a
razão de ΔH ser positivo quando absorver e negativo quando liberar energia.
Segundo Parente (1990), isso leva o aluno a acreditar que, para classificar um processo químico dessa
natureza, basta “decorar”: “sinal negativo = exotérmico”, “sinal positivo = endotérmico”. Esse autor
também chama a atenção para o fato de a maioria dos alunos não trazerconsigo o entendimento do
significado da letra grega Δ (variação), o que acarreta transtornos no entendimento do conteúdo de
termoquímica.]

3ª Questão: Coloque os números em ordem crescente:


a) + 3, - 1, - 6, + 5, 0 ( , , , , )
b) - 4, 0, + 4, +6, - 2 ( , , , , )
c) - 5, 1,- 3, 4, 8 ( , , , , )

[Dimensão de valores positivos e negativos em uma escala - Uma aplicação típica desse
tipo de conhecimento matemático se-ria a escala da temperatura em um gráfico. Por exemplo, se uma
subs- tância inicialmente a -5ºC aumenta em 6ºC, a nova temperatura será de +1oC, pois -5 + 6 = +1.
Porém, se ao invés de aumentar, a temperatura diminuir 6oC, a resposta agora seria -5 - 6 = -11ºC. No
entanto, nossa experiência em sala de aula tem revelado que muitos alunos do Ensino Médio não
conseguem desenvolver esse tipo de raciocínio, pois não entendem a dimensão de valores positivos e
negativos em uma escala. Muitos desses estudantes não conseguem assinalar os pontos deum gráfico em
um plano cartesiano, mesmo estando de posse do valor de x e do resultado de y obtido da resolução de
uma equação de primeiro grau, quando conseguem resolvê-la. Isso se torna mais dificultoso ainda
quando se trata de uma equação de segundo grau; praticamente todos os alunos não conhecem as
técnicas, por mais simples que elas sejam, para encontrar os valores de suas raízes. Segundo Rodrigues
Neto (2013), os algarismos negativos e po- sitivos estão presentes na Matemática e em muitos problemas
das outras ciências. Na grande maioria das vezes, as regras para se efetuaremcálculos são extremamente
importantes para organizar as experiências otidianas e interpretar informações de várias
disciplinas que fazem uso da linguagem matemática. Essas dificuldades adquiridas no Ensino
Fundamental e consolidadas no Ensino Médio chegam ao Ensino Superior, como descreve
pesquisa realizada por Oliveira (2006, p. 96): os alunos, em geral, ao ingressarem no 3º grau apresentam
várias difi- culdades em esboçar gráficos de funções. Não compreendem as funçõesdadas por mais de uma sentença,
e geralmente veem como de uma fun-ção. Além disso, confundem a função constante, afirmando que falta a variável
x.]

4ª Questão: Um automóvel consome 1 litro de gasolina a cada 8 quilômetros


rodados, portanto, para percorrer 24 quilômetros, serão necessários quantos
litros de gasolina?

[Problema que envolve regra de três - Para Oliveira (2013), alunos e


professores ainda não perceberam de maneira clara e objetiva a importância dos
conhecimentos básicosda Matemática e da Língua Portuguesa para o entendimento dos
conte-údos das outras ciências, principalmente de Física, Química e Biologia.No caso da
Química, conhecimentos básicos de Matemática são indispensáveis para o aprendizado
de seus conteúdos, principalmenteaqueles explorados no 2º ano do Ensino Médio. Já
os conhecimentos de Língua Portuguesa, principalmente aqueles que envolvem leitura
einterpretação de texto, permeiam toda a vida do estudante, independentemente da
série e da disciplina que estejam cursando.]

[operações básicas, problemas que envolvem mais de uma operação,


potenciação e proporção - Chassot (2010) chama a atenção para o fato da
ausência dessas habilidades poderem ser observadas na disciplina de Química quando
trabalhamos o balanceamento de equações: os estudantes não conseguem entender, por
exemplo, que 1/2 mol de O2 (gás oxigênio) equivale 1 mol de átomos de O (oxigênio)]

Questões de Língua Portuguesa

A inteligência animal

Há muito vem sendo estudada a possibilidade de haver, no rei- no animal, outros tipos de inteligência além
da humana. Vejam, por exemplo, o golfinho. Dizem que esses simpáticos mamíferos pensam mais rápido
do que o homem, têm linguagem própria e também podemaprender uma língua humana. Além disso, chegam
a adquirir úlceras deorigem psicológica e sofrem estresse por excesso de atividade (Autor: Cláudio Moreno).
OBS: Nas questões 6 a 10 circule a letra de somente uma alternativa.

6ª Questão: O golfinho serve de exemplo comprovador de que:


1) há animais que não pensam tão rápido quanto o homem.
2) outros animais também possuem inteligência humana.
3) o homem não pode falar com os golfinhos.
4) outros mamíferos também podem falar a nossa língua.
5) há animais que pensam como os humanos.

[leitura e interpretação - O nível do processo de decodificação das palavras atingido pelo estudante
lhes permite ou não identificar a ideia central que está sendo discutida no texto.]

7ª Questão: Palavra que, no texto, se refere a golfinho, evitando a sua repetição é:


animal b) mamíferos c) inteligência d) reino e) linguagem

[sinônimos - Para Silva e Oliveira (2013), a deficiência no hábito da leitura contribui para a composição
de um vocabulário limitado, o que aumenta as dificuldades dos alunos para usar corretamente a norma
culta da língua. Em decorrência da deficiência dessa habilidade, geram-se leitores pouco habilidosos na
formulação de novas ideias, hipóteses, críticas e pensamentos. Muitos dos nossos alunos não têm sequer a
capacidadede fazer uma leitura crítica e reflexiva para seu nível de escolaridade.]
8ª Questão: ‘Dizem que esses simpáticos mamíferos...’, a utilização daforma verbal dizem mostra
que:
6) a ciência já estudou a questão.
7) há certeza no que se diz.
8) o autor não acredita no que é dito por outros.
9) ainda há possibilidades de haver erro no que é dito.
10) ainda não houve livros publicados a respeito desse assunto.

[compreensão do texto - a compreensão do texto lido, além de possibilitar a construção de um


pensamento crítico referente ao assunto em questão, facilita o domínio da língua culta e, consequen
temente, favorece a reflexão metalinguística.]

9ª Questão: Após a leitura do texto, podemos dizer que os golfinhos:


11) não são inteligentes.
12) são pouco inteligentes.
13) talvez sejam inteligentes como os humanos.
14) são diferentemente inteligentes.
15) são humanamente inteligentes.

[interpretação de texto - Kintsch (1994) ressalta que a compreensão da leitura depende de inter-
relações estabelecidas entre vários processos cognitivos. Apenas conhecimentos básicos, como o
reconhecimentode palavras e a extração do significado delas, não são suficientes para uma
compreensão textual bem-sucedida.]

10ª Questão: Cite o nome de dois escritores brasileiros mais lidos por você.

[nível de familiaridade com a literatura brasileira - Em consideração essa concepção de


objetividade da leitura, Sternberg (2010) afirma que a compreensão em leitura é um
comportamento cognitivo verbal, e que seu processamento se iniciaquando o leitor toma contato
com algo novo. Sendo assim, é possível fomentar que, quanto mais contato se tem com a leitura,
ou seja, quanto mais se lê, mais aprimorada se torna a habilidade de compreensão, em função do
desenvolvimento de conhecimentos prévios que servirãode base para o entendimento de novas
informações.]
* Questionário e informações retirados do capítulo: “A falta dos conhecimentos básicos de Matemática e de
Língua Portuguesa: um entrave ao aprendizado da Química na escola de nível médio” de José Ossian
Gadelha de Lima e Alba Valéria Leitão Jorge Medeiros. Em: Ensino Médio: desafios e perspectivas.
Uberlândia: EDUFU, 2018.

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