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FICHAMENTO

BAPTISTA, Patrícia. A LINDB e o Direito Administrativo do Risco Parâmetros


substantivos e procedimentais para decisões públicas em ambiente de risco e
incerteza. In: MAFINI, Rafael; RAMOS, Rafael (org.). Nova LINDB: proteção da
confiança, consensualidade, participação democrática e precedentes
administrativos. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2021.

O conceito de segurança jurídica serve tanto para a noção de que o direito existe
para a segurança da sociedade, ideia clássica de “segurança pelo direito”. Contudo,
contemporaneamente, com a complexificação do arcabouço normativo, tem-se que
o próprio direito pode gerar inseguranças. Visando este último fenômeno, editou-se
a L13655/2018 (Nova LINDB), especificamente quanto à criação e aplicação do
direito público/administrativo, não se eliminando a iniciativa clássica.

Contempla-se a ideia de que Estado interventor e gestor de riscos, visando sua


mitigação, e não a sua eliminação, por meio do campo do direito administrativo do
risco. Trata-se da incorporação de critérios científicos de análise às análises de
risco pela administração, evidenciando-se as críticas na utilização desses critérios
isoladamente na tomada de decisões administrativas (Caso Pfizer). A falta de
observância da legitimidade democrática e responsabilidade política, neste caso,
foram criticadas.

Os métodos científicos são essenciais à tomada de decisão administrativa, que


devem mirar cenário de second best. Ao fim, preserva-se certo espaço para a
discricionariedade política, embora reduzido e parametrizado. O processo
deliberativo torna-se mais aberto, participativo, racional e transparente, gerando
decisões de maior responsividade e fundamentadas. O processo decisório será
base de estabilização da instabilidade causada pelo risco (Julia Black).

A nova lei serviu tinha como fim a segurança jurídica, mas também robusteceu o
direito administrativo do risco. O art. 22 fala na necessidade das condições reais de
agir para a tomada de decisão sobre riscos e incertezas. O que enseja as análises
de teor científico, oitiva de interessados e colheita de dados. A gestão do risco pelo
gestor na lei, no entanto, considera aqueles de boa-fé e empenhados na resolução
de problemas, indicando parâmetros, mas não o conteúdo decisório.

O art. 28 exime a responsabilidade da decisão exceto em caso de dolo ou erro


grosseiro. Isso pois o resultado esperado é a contenção/redução do risco, e não sua
impossível extirpação. Tal proteção inibe eventual paralisia decisória, protegendo o
processo dependente da decisão do administrador. Os arts. 20 e 21 incorporam o
consequencialismo nas decisões pois estabelece o sopesamento das medidas e
resultados. As alterações normativas são apenas um passo em direção a uma boa
gestão e ao robustecimento do direito administrativo do risco, não servindo, por
certo, como panaceia.

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