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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

FACULDADE DE LINGUAGEM, CIÊNCIAS AGRÁRIAS E SOCIAIS APLICADAS


NÚCLEO PEDAGÓGICO DE COMODORO
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

LEANDRO AMADOR HARAN

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Comodoro/MT
2023
LEANDRO AMADOR HARAN

PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

Projeto apresentado à Coordenação do Curso


de Bacharelado em Direito da Universidade do
Estado de Mato Grosso, como um dos
requisitos para aprovação na disciplina
Monografia Jurídica I.

Orientador(a):Me.MEIRIANY ARRUDA
LIMA

Comodoro/MT
2023
Sumário

1. TEMA: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.......................................................................................


2. PROBLEMA...............................................................................................................................................
3. JUSTIFICATIVA.......................................................................................................................................
4. OBJETIVOS................................................................................................................................................
5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................................................................
6. METODOLOGIA.......................................................................................................................................
7. ESBOÇO DO SUMÁRIO...........................................................................................................................
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1. TEMA: PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

O "Princípio da Insignificância" é um conceito jurídico do direito penal. Este


princípio, aduz que certas condutas de mínima relevância ou que causem um dano social
1
ínfimas não devem ser consideradas criminosas. Em outras palavras, o sistema jurídico deve
concentrar seus esforços e recursos em casos mais graves e relevantes, deixando de lado
situações de menor importância.
Este princípio é utilizado como um filtro para tentar evitar que o sistema penal seja
sobrecarregado com casos de menor relevância e, ao mesmo tempo, busca garantir a
proporcionalidade entre a infração e a pena aplicada.
Alguns critérios geralmente considerados na aplicação do Princípio da Insignificância
incluem a mínima ofensividade da conduta, a ausência de periculosidade social da ação, o
reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica..

2. PROBLEMA

Em meio aos recentes debates sobre a aplicação do princípio da insignificância,


decorrentes da implementação da proposição 47 na Califórnia, nos EUA, com o suposto
aumento dos crimes de furtos, com a sua desqualificação de crime para contravenção penal 2, e
a apresentação do Projeto de Lei 4540/21, de autoria da então deputada federal, Taliria
Petrone que prevê a alteração do artigo 155 do código penal, com a tipificação do crime de
necessidade e do furto insignificante. Diante desse cenário, surge a pergunta:
Poderia a banalização do Princípio da Insignificância, evidenciada por mudanças legislativas
na Califórnia e propostas como o Projeto de Lei 4540/21 no Brasil, resultar em impactos

1 “são lesões à sociedade, no seu nível de vida, tanto por rebaixamento de seu patrimônio moral –
principalmente a respeito da segurança – quanto por diminuição na qualidade de vida. Os danos
sociais são causa, pois, de indenização punitiva por dolo ou culpa grave, especialmente, repetimos,
se atos que reduzem as condições coletivas de segurança, e de indenização dissuasória, se atos em
geral da pessoa jurídica, que trazem uma diminuição do índice de qualidade de vida da população.”
(AZEVEDO, Antônio Junqueira de p. 376).
2 “SEC. 5. Ao Código Penal é acrescentado o artigo 459.5, com a seguinte redação:
459,5. (a) Não obstante a Seção 459, furto em lojas é definido como
entrar em estabelecimento comercial com intenção de cometer furto
enquanto esse estabelecimento estiver aberto em horário comercial normal, onde o
valor do bem que é tomado ou que se pretende tomar não exceda
novecentos e cinquenta dólares (US$ 950). Qualquer outra entrada em um negócio
estabelecimento com intenção de cometer furto é roubo. Furto em lojas
será punido como contravenção...”( Text of Proposed Laws p. 71).
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sociais negativos, desafiando a eficácia do sistema de justiça e afetando a segurança pública,


ou é uma medida necessária para adequar o direito penal à realidade social contemporânea?

3. JUSTIFICATIVA

Diante da crescente preocupação com a percepção de impunidade e suas implicações


na segurança jurídica. O objetivo é analisar como a aplicação desproporcional do princípio
pode influenciar a confiança da sociedade no sistema de justiça e como isso, por sua vez, pode
impactar os níveis de criminalidade.
A percepção de impunidade pode gerar insegurança de várias formas e em diferentes
níveis da sociedade:
Insegurança Jurídica: Quando o princípio da punição não é aplicado de maneira consistente,
cria-se uma incerteza nas leis e normas de conduta, levando os cidadãos a questionarem sua
validade e eficácia.
Insegurança Social: Moradores e comunidades podem se sentir fisicamente e
emocionalmente inseguros se acreditam que condutas ofensivas ou criminosas são toleradas,
aumentando o medo do crime e a desconfiança interpessoal.
Além do mais se as pessoas acreditarem que a justiça não leva a sério certas condutas,
isso pode resultar em um aumento da criminalidade de baixo nível 3. A Teoria das Janelas
Quebradas, popularizada por George Kelling e James Q. Wilson em 1982, argumenta que o
descuido evidente em espaços públicos, como janelas quebradas não reparadas, pode criar um
ambiente que sugere indiferença. Essa indiferença pode então promover ainda mais descuido
e delinquência. O raciocínio é que pequenos crimes e desordens criam uma atmosfera de
desmoralização e medo, que, por sua vez, leva a aumentos na criminalidade.
O ponto crítico é que, se não confrontados, esses danos relativamente menores e
incivilidades podem levar a uma espiral descendente de desordem. As pessoas começam a
sentir que ninguém se importa ou está prestando atenção, portanto criminosos sentem-se mais
à vontade para cometer crimes mais graves.

3 A “criminalidade de baixo nível” reflete delitos menores que podem não ser violentos ou considerados graves,
mas que, em grande volume ou deixados sem punição, podem deteriorar a qualidade de vida e a sensação de
segurança numa comunidade.
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A pesquisa visa contribuir para o entendimento dessas dinâmicas e fornecer


perspectivas que possam informar políticas e práticas judiciais mais justas e eficazes.

4. OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

Estabelecer os possíveis problemas sociais e de segurança pública causados pela


possível banalização do princípio da insignificância pelo judiciário brasileiro.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Descrever o princípio da insignificância

● Descrever a teoria das janelas quebradas.

● Cotejamento analítico entre o princípio da insignificância e a teoria das janelas

quebradas..

● Analisar o uso do princípio da insignificância pelo judiciário brasileiro entre os anos

de 2022 e 2023.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Claus Roxin, um renomado jurista alemão, contribuiu significativamente para a teoria


do Direito Penal, e suas ideias influenciaram a compreensão do princípio da insignificância.
Em sua obra, ele formula o princípio como uma restrição ao teor literal dos tipos penais,
argumentando que certas condutas, mesmo que se enquadrem na descrição literal do tipo
penal, podem ser consideradas socialmente inofensivas e, portanto, devem ser excluídas do
âmbito da punição penal. Em seu livro Política criminal y sistema del derecho penal, Roxin
traz;
6

[...] permite en la mayoría de los tipos excluir desde un principio


daños de poca importancia [...] Si com estos planteamientos se
organizara de nuevo consecuentemente la instrumentación de
nuestra interpretación del tipo, se lograría, además de una mejor
interpretación, una importante aportación para reducir la criminalidad
en nuestro país.( ROXIN, Claus, 2002. p 73-74) Corrigir de acordo com as regras de
citação da ABNT.

Essa abordagem se baseia na ideia de proporcionalidade e razoabilidade no Direito


Penal. O princípio da insignificância busca preservar o caráter fragmentário do sistema penal,
direcionando o foco da lei penal para condutas que verdadeiramente representam uma ameaça
ou lesão significativa ao bem jurídico tutelado.
Já Carlos Vico Mañas sugere que o princípio da insignificância deve ser utilizado
como uma ferramenta de interpretação restritiva. Essa interpretação é fundamentada na
concepção material do tipo penal, o que significa que a análise vai além da mera tipificação
formal e considera a relevância material da conduta em questão.
Por meio desse enfoque, a aplicação do princípio da insignificância pode ser feita de
maneira judicial, permitindo que, sem comprometer a segurança jurídica do sistema, se
alcance a proposição político-criminal de não criminalizar condutas que, embora formalmente
típicas, não possuem relevância material ou não representam uma ameaça significativa aos
bens jurídicos protegidos.
Cesare Beccaria, um filósofo italiano do Iluminismo e autor da obra Dos Delitos e das
Penas, é frequentemente considerado um dos pioneiros na formulação de princípios
fundamentais para o sistema penal moderno. Suas ideias influenciaram significativamente o
desenvolvimento do pensamento jurídico e das práticas penais.

"aquele que perturba a tranquilidade pública e não obedece às leis, isto é, as


condições pelas quais os homens se toleram e de se defendem reciprocamente, deve

ser excluído da sociedade, ou seja, banido"( Beccaria, 1764, p.81) Corrigir de


acordo com as regras da ABNT.

Em relação à punição para furtos não acompanhados de violência, Beccaria propôs a


aplicação de penas pecuniárias em vez de punições mais severas, argumentando que crimes
dessa natureza muitas vezes resultam da miséria e do desespero. Ele via a punição como um
meio de dissuasão, mas buscava evitar a crueldade desnecessária, defendendo a proporção
entre o crime e a punição.
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James Q. Wilson e George L. Kelling, são dois renomados autores conhecidos por
desenvolverem a "Teoria das Janelas Quebradas". Essa teoria, introduzida em um artigo
intitulado "Broken Windows: The Police and Neighborhood Safety" publicado na revista
"The Atlantic Monthly" em 1982, teve um impacto significativo nas estratégias de
policiamento e políticas de segurança pública.
A Teoria das Janelas Quebradas sugere que sinais de desordem e negligência em um
ambiente urbano, como janelas quebradas, grafites e pequenos delitos não abordados, podem
levar ao aumento da criminalidade. A ideia central é que a desordem visual e comportamental
cria um ambiente propício para a criminalidade mais grave, pois indica uma falta de controle
e responsabilidade naquela área.
Ao analisar a Teoria das Janelas Quebradas em conjunto com o Princípio da
Insignificância, é possível explorar como essas abordagens se relacionam e como podem
impactar a segurança pública e a percepção de justiça na sociedade.

6. METODOLOGIA

A metodologia dedutiva envolve a aplicação de uma teoria ou hipótese geral ao


observar fenômenos específicos para testar a validade da teoria. Karl Popper,um filósofo
austro-britânico conhecido por seu trabalho influente na filosofia da ciência, filosofia da
linguagem e filosofia política, defende a dedução como um método científico para testar
hipóteses. Nesse contexto, a pesquisa é dedutiva pois ela parte de teorias gerais do
comportamento criminal e da aplicação de políticas de segurança pública para analisar se elas
se mantêm quando confrontadas com dados e casos reais coletados do judiciário brasileiro nos
anos de 2022 e 2023.
Para o desenvolvimento desse trabalho será utilizada a técnica de pesquisa
bibliográfica e jurisprudencial para coletar dados de fontes secundárias, que incluirá:
● Bases de dados de acesso aberto , tais como; Google Acadêmico, O Portal de
Periódicos da Capes e o Banco de Dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para
acessar artigos de revistas jurídicas, análises e compilações estatísticas relevantes.
● Repositórios institucionais e bibliotecas digitais de universidades brasileiras, onde
teses e dissertações podem oferecer pesquisas recentes sobre o tema.
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● Publicações oficiais do governo e relatórios de ONGs que tratam de segurança pública


e avaliação de políticas criminais.

Possuindo caráter de natureza exploratória Cuidado para ser considerada exploratória ela
precisa ser pioneira ou quase não haver pesquisas/publicações acadêmicas com o mesmo o
tema e ou similar. e descritiva, Será exploratória, pois busca compreender e descrever
fenômenos associados à aplicação do Princípio da Insignificância, e descritiva, pois procura
analisar a relação entre esse princípio e os possíveis impactos sociais e de segurança pública.

7. ESBOÇO DO SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. O PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA
2.1. Natureza jurídica
2.2. Requisitos (vetores de aplicação) e espécies de infração bagatelar
2.3. . Fundamentos do princípio da insignificância
2.4. Controvérsias acerca da admissibilidade do princípio
2.5. Aplicabilidade

3. TEORIA DAS JANELAS QUEBRADAS:


3.1. Política criminal
3.2. Tendências da política criminal hodierna
4. CONTRAPONTOS ENTRE PRINCIPIO DA INSINIICANCIA E A TEORIA DAS
JANELAS QUEBRADAS.
5. CONCLUSOES

8. CRONOGRAMA
A pesquisa seguirá o calendário acadêmico, que vai servir como preceito para a
realização de cada uma das atividades. Observará, ainda, os prazos específicos estabelecidos.
O cronograma abaixo é uma previsão, podendo ser alterado posteriormente.
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ATIVIDADES 2023/2 2024/1


JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Escolha do tema. Definição do problema x


de pesquisa

Definição dos objetivos, justificativa. x

Definição da metodologia. x

Pesquisa bibliográfica e elaboração da x


fundamentação teórica.

Entrega da primeira versão do projeto. x

Entrega da versão final do projeto. x

Revisão das referências para elaboração


do TCC.

Elaboração do Capítulo 1. x

Revisão e reestruturação do Capítulo 1 e x


elaboração do Capítulo 2.

Revisão e reestruturação dos Capítulos 1 x x


e 2. Elaboração do Capítulo 3.

Elaboração das considerações finais. x x x


Revisão da Introdução.

Reestruturação e revisão de todo o texto. x


Verificação das referências utilizadas.

Elaboração de todos os elementos pré e x


pós-textuais.

Entrega da monografia. x

Defesa da monografia. *

REFERÊNCIAS Ajustar as referências em conformidade com as regras da ABNT


2023.
ROXIN, Claus. Política criminal y sistema del derecho penal. 2. ed. Buenos Aires:
Hammurabi.

MAÑAS, Carlos Vico. O princípio da insignificância como excludente da tipicidade no


direito penal. São Paulo: Saraiva 1994

Beccaria, Cesare Bonesana. Marchesi di. 1738·1793.


Dos delitos e das penas I Cesare Beccaria; I tradução J. Cretella Jr. e Agnes

Cretella I. - 2. ed. rev., 2. tiro - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 1999
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AZEVEDO, Antônio Junqueira de. Por uma nova categoria de dano na responsabilidade
civil: o dano social. In: FILOMENO, José Geraldo Brito; WAGNER JR., Luiz Guilherme
bda Costa; GONÇALVES, Renato Afonso (coord.). O Código Civil e sua
interdisciplinariedade. Belo Horizonte: Del Rey, 2004.

TARTUCE, Flávio; NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito do Consumidor.


2ª ed., São Paulo: Método, 2013.

Wilson, J. Q., & Kelling, G. L. (1982). The police and neighbourhood safety: Broken
windows.Atlantic Monthly, 3, 29-38. Disponível em
https://www.theatlantic.com/magazine/archive/1982/03/broken-windows/304465/

MELO, João Ozorio de; Lei da Califórnia sobre shoplifting cria polêmica nos EUA;
Consultor Jurídico; Disponível em: https://www.conjur.com.br/2021-dez-29/lei-california-
shoplifting-cria-polemica-eua/. Acesso em:16 de dez. 2023.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=377899
Popper, Karl;(1935;The Logic of Scientific Discovery
Text of Proposed Laws; Disponivel em: https://vig.cdn.sos.ca.gov/2014/general/pdf/text-of-
proposed-laws1.pdf. Acesso em: 17 de de. 2023.

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