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Psicologia aplicada aos Programas de Prevenção.

A Psicologia e o Direito são ciências diferentes, mas que caminham para o mesmo alvo: o
ser humano. O relacionamento entre as duas é essencial para o cumprimento da Justiça,
pois ambas objetivam a diminuição do sofrimento do homem.

A Psicologia Jurídica  ou Forense é uma vertente da Psicologia que abrange o estudo, a


avaliação, a prevenção, o acompanhamento e o tratamento de fenômenos psicológicos
que afetam ou podem vir a afetar a conduta de uma pessoa ao ponto de levá-la a
infringir as normas legais vigentes na sociedade.

Consistente na aplicação dos conhecimentos psicológicos aos assuntos relacionados ao


Direito, principalmente quanto à saúde mental, quanto aos estudos sociojurídicos dos
crimes e quanto a personalidade da Pessoa Natural e seus embates subjetivos. Por esta
razão, a Psicologia Forense tem se dividido em outros ramos de estudo, de acordo com
as matérias a que se referirem.

Os Programas de estudo e prática dos Programas de Prevenção e Intervenção vão


desde o cuidado da saúde mental de funcionários de um tribunal ou fórum por exemplo ,
até casos de verificação de abuso infantil. Nesses programas constam : planejamento e
realização de programas de prevenção, tratamento, reabilitação e Integração ao meio
social; planejamento de campanhas de combate à criminalidade.

O Ministério da Saúde de nosso país elaborou norma técnica para “Prevenção e


tratamento dos agravos resultantes da violência sexual contra mulheres e adolescentes”
(MS, 1999), na qual traça diretrizes para a organização da atenção às vítimas e ressalta
que todas as unidades de saúde que tenham serviços de ginecologia e obstetrícia devem
estar capacitados para o atendimento, sem necessidade de criação de serviços
específicos para esse fim. Além da avaliação clínica , deve-se avaliar as condições da
família para proteger a vítima de novos abusos e identificar pessoas (familiares e/ou
pessoas afins) com as quais se possa contar para essa tarefa e para dar continuidade ao
tratamento.

A prevenção da violência, à semelhança de outros agravos, pode ser trabalhada em três


clássicos níveis primário – tem como alvo a população em geral, objetiva reduzir a
incidência da violência e atua através de intervenções que educam, promovem a
competência social, incentivam mudanças e ampliam as redes sociais; secundário –
dirigido a grupos que se considera serem de alto risco, objetiva reduzir a duração e a
gravidade dos eventos através de detecção e tratamento precoces; e terciário – tem como
alvo as vítimas, objetiva reduzir sequelas e evitar reincidências e atua através do
tratamento das vítimas e seus familiares.

Como a psicologia pode ser usada para evitar crimes: O papel do psicólogo em
programas de reabilitação.
Compreender os aspectos da criminalidade e do comportamento criminoso pode levar à
criação de estratégias mais eficientes para reabilitar criminosos e prevenir crimes.

Para ocorrer o crime é necessário haver uma oportunidade e uma escolha individual.
Portanto, para se falar sobre prevenção de crimes é necessário aprofundar e discutir
sobre o comportamento criminal, escolhas individuais, ambiente e a eficiência dos
métodos que têm sido usados para lidar com crimes.

Muitos argumentam que a única maneira de prevenir os crimes é tratar os criminosos


com mais rigor, punindo-os de forma adequada, tirando-lhes a liberdade. No entanto,
apenas privá-los da liberdade e mantê-los afastados da sociedade não pode ser a melhor
solução para evitar crimes, tendo em vista o fato de que se não houver um programa
eficiente para a reabilitação, provavelmente, os infratores não estarão preparados para
voltar à sociedade, tornando-se mais agressivos e perigosos para outras pessoas, pois
não é por acaso que prisões são popularmente chamadas de “escolas do crime”.

Portanto, alguns autores afirmam que para prevenir crimes é necessário trocar o foco
dos crimes para os indivíduos, trabalhando com as suas razões para cometerem crimes.
Os criminosos não nascem com uma natureza criminosa, eles se tornam moralmente
"monstros" por causa de interferências no seu desenvolvimento. Por conseguinte, como
as pessoas são interdependentes e responsáveis uns pelos outros, recebendo influências
do meio ambiente, família e sociedade, a escolha de um indivíduo em ser criminoso ou
não, vai depender do ambiente em torno dele.

Autores do saber afirmam que todos os infratores são diferentes e eles cometem crimes
por razões diferentes. Para eles, não há uma explicação simples sobre o comportamento
criminal, parte porque o que se sabe sobre o crime baseia-se em criminosos que estão
pagando por seus crimes, mas há muitos que cometem infrações e nunca foram presos.
Assim, para entender o comportamento criminoso e seu desenvolvimento, é necessário
sim, levar em consideração aspectos como primeiras influências, ambiente familiar, as
circunstâncias atuais, status social e crises na vida do criminoso, porém, com certa
cautela, pois pessoas diferentes são afetadas de formas diferentes pelos mesmos fatores.

Abordagens Psicológicas na Prevenção de Crimes

A psicologia da conduta criminosa (PCC) que usa métodos tais como a psicologia da
personalidade e social geral, como uma forma de tentar entender, prever e prevenir o
comportamento criminoso. Este autor acredita que a abordagem psicológica é aberta e
flexível, levando em consideração que as causas dos crimes são circunstanciais,
situacionais, culturais, estruturais e político-econômico.  Portanto, tomando a psicologia
da conduta criminosa como base para a construção de programas de reabilitação, é
possível trabalhar em diferentes aspectos com os criminosos, o que pode reduzir a
reincidência.
Deste modo, quando o programa de reabilitação é baseado em princípios com alto efeito
na redução do comportamento criminoso, estudos mostraram uma diminuição na
reincidência de20 a40 por cento. Assim sendo, este autor acredita que a psicologia pode
contribuir muito para os programas de reabilitação, usando sua metodologia e aplicação
de sua teoria a alguns aspectos do crime, como por exemplo, o uso de trabalho clínico
em casos de ofensas violentas ou sexuais.

Os tratamentos com foco na teoria do comportamento cognitivo, parecem ser mais


eficazes do que outros tratamentos, pois neste tipo de tratamento os infratores são
treinados para desenvolver suas próprias habilidades interpessoais, para fazer escolhas e
tomar diferentes direções para superar os crimes. Este autor acredita que a psicologia
criminal pode contribuir para prevenções de crimes, programas de reabilitação e
tratamento das vítimas, usando teorias do comportamento.

Para ter sucesso, programas de tratamento precisam ser bem planejados, projetados e
realizados. Este autor também defende a idéia de que programas que seguem um
comportamento cognitivo e abordagem de aprendizagem social, são mais eficazes do
que outras técnicas, tais como aconselhamento, por exemplo.

Porém, mais do escolher a abordagem mais eficiente, é essencial que o tratamento


funcione para o tipo de delinquente em questão, levando em consideração fatores de
risco que podem levar à atividade criminosa, como gênero, idade e história passada.

A maioria dos tratamentos funcionam melhor do que nenhum tratamento e é possível


identificar as principais características presentes em programas de reabilitação
eficientes, tais como: estrutura e foco de uma abordagem particular a um
comportamento específico; programas concebidos a partir de características específicas
dos infratores e generalização para além do ambiente institucional.

Os programas de prevenção e reabilitação envolvem também uma análise da situação,


levando em consideração a relação entre comportamentos e ambiente prisional.
Portanto, deve-se tomar providências para evitar superlotação, condições desumanas e
até bullying na prisão, o que contribuirá para uma melhora do comportamento dos
presos e melhor adesão aos programas de reabilitação. 

Psicologia aplicada ao Sistema Correcional e Programas de Prevenção. Trata-se do


trabalho de aconselhamento e acompanhamento de detentos, focado em sua reabilitação
para o convívio social, minimizando os efeitos do encarceramento. Além disso, envolve
a atuação junto aos familiares dos presos.

No que diz respeito aos programas de prevenção, poderiam ser a solução da


delinquência do crime, desde que fosse possível mudar o ambiente primário dos
agressores, por meio da identificação prévia e da prevenção dos comportamentos
antissociais. Entretanto, tanto a aplicação na Educação Básica quanto a atuação de
psicólogos nas variáveis relacionadas à criminalidade são limitadas, tornando a
prevenção pouco efetiva. Sendo assim, é somente pelas pesquisas na área que a
prevenção vem sendo timidamente semeada.

Conclusão

Importante que se mude o foco da prevenção do abuso sexual, passando do nível


individual e familiar para o nível comunitário e social, compreendendo as normas e
valores que sustentam este tipo de abuso, para atuar na base do problema. Para isso,
acredita ser necessário responder a difíceis perguntas para que se complemente e
reforce, com a prevenção primária, os esforços de identificar e tratar vítimas: que
normas e valores sociais dão suporte ou encorajam o abuso sexual de crianças? Como
eles são expressos e reforçados? Que instituições (família, mídia, igreja, escola) são
mais influentes no estabelecimento e reforço dessas normas e desses valores e,
consequentemente, podem ser mais influentes para mudá-los?

Considerando o abuso sexual como um fenômeno multifatorial, parece óbvio que as


medidas preventivas, em todos os níveis, deveriam contemplar a ampla gama de fatores
envolvidos para que fossem realmente eficazes. Para isso, a atuação conjunta
intersetorial é o caminho que tem sido apontado pelos que atuam nessa área, embora
ainda não seja uma prática difundida.

É de suma importância o papel do psicólogo que atua nessas esferas da justiça,


contribuindo para sua efetivação e na busca de possibilidades para o bem-estar e
recuperação do indivíduo. Nesse ponto vale chamar a atenção, tendo em vista ser essa
uma questão social, pois reflete plenamente na sociedade, na qual, todos, de alguma
maneira fazemos parte. Destaca-se ainda que há um longo caminho a trilhar no
entendimento e caracterização da área.

 Referências

Assis, S.G., 1995. trajetória sócio-epidemiológica da violência contra crianças e


adolescentes: metas de prevenção e promoção. tese de doutorado, rio de janeiro: ensp/
Fiocruz.
Azevedo, M. S T. comissão de direitos humanos – conselho federal de psicologia/sp. in:
congresso ibero-americano de psicologia jurídica, 3., 2000, São Paulo. Anais. São Paulo
Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2000.

Bechelli, l. p. de c.; santos, m. a. dos. o paciente na psicoterapia de grupo. rev. latino-am


enfermagem 2005. disponível em: . acesso em: 27 de fevereiro, 2018.

Foucault, M. a verdade e as formas jurídicas. rio de janeiro: nau, 1974.


Popolo, Juan h. del. psicologia judicial. Mendonza: Ediciones jurídicas cuyo, 1996.

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