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Comunicação Terapêutica – criança

Existe através do universo um misterioso e desconcertante vínculo de


comunicação.”(Carl Rogers,1983, p.11)

Na comunicação terapêutica com crianças o terapeuta precisa estabelecer uma


relação profunda e única centrada na pessoa dela e no que a criança vivencia no
encontro com o terapeuta . A suspenção fenomenológica , como Husserl nomeou , vem
como um instrumento importante na busca da própria criança que habita o amago de o
terapeuta É colocar os rótulos e preconceitos de lado para “olhar” verdadeiramente a
pessoa da criança que vem para a terapia . C. Rogers (1975) propõe que “ver através
dos olhos da outra pessoa é perceber o mundo tal como lhe aparece, acender, pelo
menos parcialmente, ao quadro de referência interna da outra pessoa. Tem-se
também aí a preocupação redobrada do terapeuta em relação ao seu próprio campo
fenomenal, pois isso ajudaria a captar com mais precisão o que está sendo comunicado pelo
cliente. Buscava-se, assim, melhorar o acesso do terapeuta ao campo fenomenal do cliente, o
que auxiliaria a trazer experiências à consciência.

A postura do terapeuta é criar uma relação caracterizada pelo calor e empatia ,pelo
interesse, capacidade de resposta e uma dedicação afetiva num grau limitado com
clareza e precisão proporcionaria os mecanismos necessários para alcançar esta meta
Quando compreendemos o sujeito de forma integral e não parcialmente com suas
preocupações e defesas deixamos um espaço em branco que será preenchido com o
crescimento do outro, e isso ajudará a novos caminhos e possibilidades de
transformação organísmica.
A comunicação na relação terapêutica é composta por manifestações verbais e não verbais.
A relação estabelecida entre campo fenomenal, consciência e comunicação fundamenta a
terapia rogeriana como um espaço para a livre expressão do cliente.

A criança encontra-se um uma fase de construção de sua imagem e identidade e


necessita sentir -se aceita e respeitada na sua singularidade, de sentir-se
merecedora do amor dos que lhe são importantes. Para as crianças é difícil explicar
suas emoções, pensamentos e sentimentos de forma nítida para o terapeuta, mas são
frequentemente capazes de demostrar suas ideias , medos , fantasias e desejos por meio
da brincadeira e do corpo . Por isso é muito valioso a habilidade do terapeuta na
percepção da comunicação não-verbal.

 A criança utiliza-se do corpo para se comunicar, para se colocar no mundo. O corpo é o


ser no mundo do homem, é o corpo a primeira via por meio da qual a criança entra em
relação com os outros e é essa a primeira via de comunicação, anterior a linguagem
verbal. Trata-se da interação através do corpo, das posturas corporais, do diálogo tônico.
Essa é a chamada comunicação não-verbal. É através desse tipo de comunicação
que se inicia o processo.

Os primeiros momentos de atendimento e comunicação com à criança envolvem a


busca por esse “contato”. Estabelecer contato, comunicar-se, é bem diferente de fazer
um rapport, “deixar a criança à vontade”. Trata-se de buscar uma comunicação com a
pessoa que está por traz do sintoma, das defesas. Há naquela criança que esperneia no
colo da mãe, para não entrar na sala do terapeuta, uma pessoa.
Os primeiros momentos de atendimento e comunicação com à criança envolvem a
busca por esse “contato”. Estabelecer contato, comunicar-se, é bem diferente de fazer
um rapport, “deixar a criança à vontade”. Trata-se de buscar uma comunicação com a
pessoa que está por traz do sintoma, das defesas. Há naquela criança que esperneia no
colo da mãe, para não entrar na sala do terapeuta, uma pessoa.
Ao atender uma criança, se faz necessário que sejam estabelecidas Condições
Facilitadoras dessa modalidade de comunicação.  Essas condições podem ser
entendidas, tanto do ponto de Vista Externo: estrutural, quanto do Ponto de vista
interno: relacional.
Do ponto de vista estrutural - uma estrutura física que ofereça ao terapeuta condições
seguras de trabalho, isso inclui  móveis em excesso, peças de decoração e outros
materiais desnecessários, muitas vezes se interpõem a relação terapeuta criança. Fazem
com que este precise se ocupar mais com os limites relacionados ao ambiente.
Do ponto de vista relacional - disponibilidade pessoal para receber uma criança.
abertura para estar com ela. O objetivo não é avaliá-la, observar seus sintomas ou
diagnosticá-la, mas sim, encontrá-la, conhecer a pessoa que está ali sua forma de
comunicar-se. A ênfase do terapeuta ACP é na relação, na unicidade da criança e na sua
universalidade .

Referência

F re i re, E. & Tambara, N. A terapia centrada na pessoa: os desafios da clínica.


A Pessoa como Centro,2001; 7: 81-88.

Rogers, C. . Em Busca de Vida: da Terapia Centrada no Cliente à Abordagem Centrada


na Pessoa. São Paulo: Summus. 1983

Rogers, C. A terapia centrada no paciente. L i s b o a :Moraes Editores. 1974

Schlien, J. A. Empatia em psicoterapia. A Pessoa Como Centro, 1998; 1: 40-53.

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