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sempre renovados em uma busca constante que envolve, em primeiro lugar, a
dimensão científica de refazer percursos ainda não trilhados, ou seja, de reacender
a ciência e o conhecimento enquanto construções históricas e sociais. Algo finito,
é bem verdade, porém ilimitado e inconcluso.
Em segundo lugar, a dimensão pedagógica que pressupõe o ensino e a
publicização do conhecimento realizado. De certa forma, o fim de toda pesquisa
não é (e nem pode ser) o limite da produção do conhecimento, mas as possibilidades
de amplificação do saber, de repartir e compartilhar, ou partilhar com, a sociedade
os resultados, sejam as confirmações ou as refutações de pesquisas.
E, por fim, a dimensão pessoal em que estão amalgamados os desafios
profissionais, éticos, da afetuosidade, da sociabilidade, da humanização e da
produção de algo que, embora constituído sob a perspectiva da teoria, resulte na
construção e na ressignificação da concretude da realidade humana.
É, pois, nesse sentido de ganha corpo o pensamento de Saramago: todo o
exercício de produção é sim um esforço solitário, em que pese à presença de quem
orienta, mas há momentos em que a solidão se torna dominante. Momentos em
que o labirinto das possibilidades, dos conceitos, da teoria parece não apenas
desafiar, mas comprimir e obnubilar as possibilidades de saída. No entanto, todo
esse processo não é estéril, gerando mais conhecimento. Além disso, há sempre
um fio de Ariadne a indicar possibilidades de saída do labirinto ao pesquisador.
Esse fio de Ariadne não se trata de algo mítico ou um achado divinizado,
mas a utilização de um método científico, condição sine qua non para qualquer
estudo ou pesquisa científica. Os pesquisadores não contam com a sorte, mas
se desafiam em extensas jornadas de trabalho na solidão dos desertos pessoais.
Nesse sentido, não se contentam com miragens ou com a brevidade de oásis,
mas propondo alternativas nas improváveis soluções. Trata-se, portanto, de um
outro, de um novo olhar sobre uma realidade concreta. A pesquisa científica é
constituída por estes desafios,
Compreende-se que o campo da pesquisa em Educação é também permeado
de tais desafios, sendo que o primeiro deles é a escolha. A escolha de temas da
Educação que se apresenta em uma dimensão polissêmica. Ao pensarmos na
dimensão epistemológica pensamos em formas de aprender e ensinar; história e
a filosofia da educação ao longo dos séculos ou em sua contemporaneidade; as
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alimentação escolar aproximando o consumo e a produção, em que Lopes e
Cunha, resultado de uma pesquisa sobre o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE). O PNAE constitui-se em política pública singular no mundo
e a pesquisa observou que o Programa aproximou a produção e o consumo, o
agricultor familiar e a alimentação escolar, resultando benefícios tanto para o a
alimentação escolar quanto para o desenvolvimento local. O PNAE promove,
segundo Lopes e Cunha para a reconexão entre a oferta da alimentação escolar
e uma prática educativa para a formação de hábitos alimentares saudáveis.
Como conclusão os autores apontam que o uso do contexto da participação
da agricultura familiar no PNAE pode aproximar a escola, os estudantes e a
comunidade na discussão da produção local de alimentos e dos impactos das
escolhas alimentares na vida da comunidade.
No terceiro capítulo, Conhecimento e pesquisa nas ciências humanas:
perspectiva de professores da educação superior, Braga, Lacerda e Galvão
discutiram a complexidade da temática da produção do conhecimento, a
partir de duas questões: O que vem em sua mente quando você pensa no termo
Conhecimento? Como você produz conhecimento?. A pesquisa constitui-se em estudo
de caso realizado com professores de uma Instituição de Ensino Superior (IES)
e, conforme os autores, Os docentes estabeleceram uma relação entre o mundo
físico e espiritual ao tentarem definir o termo conhecimento, fazendo com que a
Metafísica quanto a Ontologia ganhassem destaques nas falas dos participantes.
Quanto ao nível do conhecimento sensível, os entrevistados privilegiaram a
experiência cotidiana nos discursos, evidenciando falas não carregadas de rigor
e de objetividade.
Políticas públicas e análise de políticas educacionais – concepções e processos
num contexto de globalização é o título do quarto capítulo de autoria de Limeira
que propões uma análise de conceitos como política, políticas públicas e
políticas educacionais no contexto da pesquisa em Educação, ou de forma mais
aprofundada da pesquisa em políticas educacionais. Conforme a autora, a análise
política necessita um criterioso acompanhamento de uma pesquisa em âmbito
regional, local e organizacional que possibilite identificar os níveis de aplicação,
espaços de adequações e de possíveis contradições nos discursos.
Na sequência, sexto capítulo, Pereira realizou um ensaio acadêmico em que
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ano do ensino fundamental e suas concepções sobre afetividade: efeitos na prática
docente e na aprendizagem, identificam na sala de aula o local propício para
o aflorar de emoções. Contudo, reconhecidamente esta relação é ignorada,
prevalecendo, conforme os autores, ainda na atualidade uma cisão entre a visão do
sujeito em sua dimensão integral. A pesquisa realizada com doentes do 6º.ano do
ensino fundamental, revelou a necessidade da compreensão dos alunos enquanto
sujeitos que, além de adquirirem o conhecimento, possam também contribuir
com o processo de humanização da sociedade.
O tema das relações étnico-raciais e, particularmente, da educação
quilombola e de sua resistência em Mesquita, Cidade Ocidental (GO) foi
resultado da pesquisa de Neres. Histórico da resistência negra em Mesquita e a
atualidade da luta emancipatória é o título do capítulo décimo segundo, em
que Neres apresenta a história da constituição do quilombo Mesquita, ainda
em finais do séc. XVII, as fontes históricas existentes nas certidões cartoriais e
eclesiais, até o momento contemporâneo, em que o Estado brasileiro reconheceu
Mesquita com área quilombola. Mas, esse reconhecimento legal não implicou na
efetivação da posse e propriedade por parte dos remanescentes dos quilombolas.
Nesse sentido, Neres situa a disputa entre a especulação imobiliária e a população
local, envolvendo inclusive a gestão escolar.
É incessante observar que os seis capítulos que concluem a obra tem como
temática o financiamento da educação. Aliás, o financiamento da educação,
desde o final dos anos 1990, assumiu centralidade na pesquisa em educação.
Observamos que, seja na educação superior, seja na educação básica, as pesquisas
sobre as políticas de financiamento a educação, ou mesmo no contexto das
políticas educacionais estão na ordem do dia. Na obra em tela não optamos por
realizar uma divisão em duas partes, mas, dada a constância do tema, optou-se
por organizar os capítulos sobre o financiamento em proximidade.
Dessa forma, Wathier e Guimarães-Iosif, em Cifras federais da educação:
pistas para uma análise complexa, capítulo décimo-terceiro, apresentam
a complexidade do tema como uma riqueza que permite que estudos de
financiamento sirvam para compreender diversas dimensões das políticas
educacionais e da sociedade brasileira, ultrapassando as questões financeiras, mas
mantendo ligações com elas, no imbricado jogo de atores e conhecimentos que
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da meta 1 do PNE no DF. A pesquisa que deu origem ao estudo, intitulado
O financiamento da educação no Distrito Federal: uma análise dos prováveis
impactos da crise econômica no cumprimento da meta 1 do Plano Nacional de
Educação, procurou estimar as possíveis limitações do DF no cumprimento da
universalização da educação básica na referida unidade da Federação.
Souza e Bentes apresentaram um estudo sobre o financiamento da educação
no campo, trabalhando com a perspectiva histórica da proteção constitucional
de recursos, também conhecida como vinculação de verbas. O capítulo dezoito,
cujo título é O financiamento da educação do campo no Brasil: a vinculação dos
recursos do Império a atual República democrática, parte de uma análise das
Constituições Brasileiras e seus dispositivos que garantem a vinculação de verbas
para a educação do campo.
A temática do controle social dos recursos é o tema de pesquisa de Ribeiro
e Jesus, os pesquisadores estudaram o Sistema de Informações sobre Orçamentos
Públicos (SIOPE) e apresentou, no décimo nono capítulo, o estudo intitulado
O monitoramento do Fundeb: conhecendo o sistema de informações sobre
orçamentos públicos em educação (Siope). Ribeiro e Jesus procuram demonstra
que o aperfeiçoamento do SIOPE poderá contribuir de forma significativa como
uma ferramenta de controle social e democrático tanto para os gestores públicos
quanto paras os cidadãos em geral no sentido de compreender o que é orçado e o
que é efetivamente gasto com a educação básica brasileira.
Novas gerações de pesquisadores em educação surgem e se consolidam.
Novos olhares sobre o novo ou sobre o já vivenciado se descortinam. Novos
cenários ou os antigos cenários são objeto de novos olhares. Assim o conhecimento
e a ciência se ressignificam, se revigoram e permanecem as esperanças de novos
tempos. Esperamos com essa obra contribuir nesse sentido.
Os organizadores.
SARAMAGO, José. Manual de pintura e caligrafia. São Paulo: Cia. das Letras,
2010.
PAZ, Octávio. O labirinto da solidão e post scriptum. São Paulo: Paz e Terra, 1992.
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