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INTRODUÇÃO AO
ANTIGO TESTAMENTO
JÚLIO P. T. M. ZABATIERO
1a Edição
São Paulo – 2019
PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA GERAL DA IPIB:
Áureo Rodrigues de Oliveira
PRESIDENTE DA FECP:
Heitor Pires Barbosa Junior
DIRETOR DA FATIPI:
Reginaldo von Zuben
COORDENADOR DO EAD:
César Marques Lopes
AUTOR:
Júlio Paulo Tavares Mantovani Zabatiero
REVISÃO:
Dorothy Maia
EDIÇÃO:
Reginaldo von Zuben e César Marques Lopes
Reservados todos os direitos desta edição. É proibida a reprodução total ou parcial dos textos e do
projeto gráfico desta obra sem autorização expressa de autores, organizadores e editores.
APRESENTAÇÃO
Módulo 1
O contexto histórico-cultural do Antigo Testamento
Módulo 2
Estudando a Torá (Pentateuco)
Módulo 3
Estudando os Profetas
Módulo 5
Estudando os Escritos: Literatura Apocalíptica
O contexto histórico-cultural
do Antigo Testamento
BÍBLIA Introdução ao AT
Veja estes objetivos como um guia para o seu estudo. Há muita infor-
mação no texto. Os objetivos indicam quais são as áreas mais importantes
que você deve estudar e concentrar o seu esforço de aprendizagem.
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BÍBLIA Introdução ao AT
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Por fim, também os nomes dos livros são diferentes. No antigo judaísmo
costumava-se dar ao livro, como título, as primeiras palavras do mesmo –
com exceção dos livros proféticos.
A diferença principal, porém, reside na compreensão da estrutura do
cânon. Para os judeus, a Torá é a parte mais importante da Escritura, ela
é o fundamento da Escritura, e as demais seções são subordinadas a ela.
Os Profetas são a segunda parte mais importante; funcionam como uma
espécie de interpretação da Torá, ou de como o povo de Israel, em sua
história antiga, seguiu ou não a vontade de seu Deus. Os Escritos ficam em
terceiro lugar e têm função mais tipicamente litúrgica, sendo uma espécie de
comentário dos Profetas e uma afirmação de esperança. As três partes são
consideradas Palavra de Deus, mas, para a compreensão da vontade de
Deus, deve-se observar a diferenciação canônica no Judaísmo. A mensa-
gem mais importante dessa ordem canônica judaica para nós é que, por um
lado, o Antigo Testamento é uma grande narrativa com unidade de enredo:
a eleição, a libertação, o pecado e a restauração do povo de Deus; por outro
lado, essa unidade é uma parte tensa, plural e complexa, que não pode ser
reduzida a uma única descrição teológica ou doutrinária.
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na relação com seu povo e com os demais povos da Terra. O bloco final é
composto pelos livros chamados poéticos (Salmos e Cantares) e sapien-
ciais (Provérbios, Jó e Eclesiastes). Por várias razões, esses livros não
receberam da pesquisa a mesma atenção que os outros blocos, mas têm
se tornado cada vez mais importantes na pesquisa atual.
OBRA
PENTATEUCO
DEUTERONOMISTA
OBRA PROFETAS
CRONÍSTICA
POÉTICOS
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curiosidade
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em síntese
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conceito
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entre Deus e o povo. Vejamos dois Salmos que descrevem esse papel
mediador do rei em Israel.
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BÍBLIA Introdução ao AT
através das gerações. Seja ele como chuva que desce sobre a
campina ceifada, como aguaceiros que regam a terra. Floresça
em seus dias o justo, e haja abundância de paz até que cesse
de haver lua. Domine ele de mar a mar e desde o rio até aos
confins da terra. Curvem-se diante dele os habitantes do deser-
to, e os seus inimigos lambam o pó. Paguem-lhe tributos os reis
de Társis e das ilhas; os reis de Sabá e de Sebá lhe ofereçam
presentes. E todos os reis se prostrem perante ele; todas as
nações o sirvam. Porque ele acode ao necessitado que clama
e também ao aflito e ao desvalido. Ele tem piedade do fraco e
do necessitado e salva a alma aos indigentes. Redime a sua
alma da opressão e da violência, e precioso lhe é o sangue
deles. Viverá, e se lhe dará do ouro de Sabá; e continuamente
se fará por ele oração, e o bendirão todos os dias. Haja na terra
abundância de cereais, que ondulem até aos cimos dos mon-
tes; seja a sua messe como o Líbano, e das cidades floresçam
os habitantes como a erva da terra. Subsista para sempre o
seu nome e prospere enquanto resplandecer o sol; nele sejam
abençoados todos os homens, e as nações lhe chamem bem-
-aventurado. Bendito seja o SENHOR Deus, o Deus de Israel,
que só ele opera prodígios. Bendito para sempre o seu glorioso
nome, e da sua glória se encha toda a terra. Amém e amém!
Findam as orações de Davi, filho de Jessé.
Aqui a ênfase inicial recai sobre o papel do rei como aquele que, em
nome de Deus e em seu lugar, faz a justiça acontecer – libertando os opri-
midos – e o povo de Deus ser abençoado. Libertar, fazer justiça e aben-
çoar são ações do próprio Deus, de modo que a atribuição ao rei dessas
funções indica que ele age em nome de Deus na Terra. Na segunda
parte do Salmo, se repete a ideia de que o rei, como mediador de YHWH,
governará todas as nações e crescerá em prosperidade.
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Note que no mesmo capítulo, nos versos 1-8, o texto fala dos sacerdotes
levitas e diz que eles “ministram” em nome de Deus, mas não exercem o
papel de mediadores. De fato, nem mesmo o profeta é um mediador pro-
priamente dito. Profeta e sacerdotes são porta-vozes da Palavra de YHWH.
A presença de YHWH entre seu povo não é mediada por seres humanos,
mas pelo próprio nome de YHWH, que é a presença de Deus no culto: “mas
buscareis o lugar que o Senhor, vosso Deus, escolher de todas as vossas
tribos, para ali pôr o seu nome e sua habitação; e para lá ireis” (Dt 12,5).
No livro de Levítico, o sacerdote é a pessoa consagrada a Deus para
servi-Lo e para representar o povo perante Ele: “o sacerdote é santo a
seu Deus” (Lv 21,7). Não há uma descrição detalhada da natureza do
sacerdócio em Levítico, mas, sim, a descrição das atividades sacerdotais:
apresentar sacrifício, orar, interceder, ensinar e purificar. São funções de
representação: o sacerdote representa o povo diante de Deus. Em certo
aspecto, o sacerdote é um intermediário entre o povo e Deus – mas não no
sentido que se dava à mediação real. A presença de Deus não é mediada
pelo sacerdote: Ele está presente na forma de sua glória e se coloca na
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BÍBLIA Introdução ao AT
Sua casa sempre que deseja. Não há textos que descrevam o papel do
sacerdote como aquele que “traz” Deus à comunhão com o Seu povo.
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Módulo 2
Que bom que você está de volta! Iniciamos o segundo módulo de nos-
sa disciplina de Introdução Histórico-Literária ao Antigo Testamento. Nes-
te módulo iremos estudar os cinco primeiros livros do Antigo Testamento,
conhecidos como Torá (pelos judeus) e como Pentateuco (pelos cristãos).
Como vimos no estudo do cânon, a Torá é a parte mais importante da
Bíblia para os judeus, até hoje. Assim, é importante que tenhamos pelo
menos uma visão geral dos conteúdos da Torá para que possamos co-
nhecer bem a nossa Bíblia e estabelecer prioridades em nossas crenças.
Como esta é uma disciplina introdutória, não poderemos entrar em
detalhes de todos os livros da Torá, mas estudaremos as principais for-
mas literárias em que o texto foi elaborado e alguns de seus conteúdos
teológicos principais.
Assim, vamos aos objetivos deste Módulo. Ao final do estudo você
deverá ser capaz de:
INTRODUÇÃO
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conceito
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e marginalizados, qualquer que seja a etnia (Is 19,24-26; Am 9,7; Rt; Jn;
Gn 12,1-4).
hebreus
EGITO clamor ÊXODO
Porém, muito mais do que contar como foi a vida e a saída do povo he-
breu do Egito, a narrativa de Êxodo 1-15 tem como objetivo estabelecer a
identidade de Israel e a sua relação com YHWH. Nesta bela narrativa, Israel
é descrito como um povo pequeno e frágil, que sofre nas mãos de nações
poderosas, mas é auxiliado por seu Deus, que tem como característica
principal ser um poderoso libertador. YHWH, o Deus de Israel, Deus dos
hebreus, não é como os deuses dos povos vétero-orientais, que moram
nos templos do rei ou do sacerdócio. YHWH mora em montanha, no Si-
nai, que está fora do território dos países poderosos do Antigo Oriente.
Quando olhamos para a história de Israel contada na Bíblia, percebemos
que na maior parte do tempo o povo de Deus foi dominado por impérios
estrangeiros – Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Macedônia, Roma. Em
contraposição aos reinos opressores humanos, Êx 1-15 anuncia o reinado
de YHWH, Deus libertador, que não se alia com os poderosos, mas com
os humildes e contritos.
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regem a vida social. Se alguém quebra a lei deve ser punido por isso, e o
Poder Judiciário é o responsável por aplicar a punição. Enquanto leis, pen-
samos nesses textos como se fossem produto ou de uma determinação
direta de Deus que deve ser aplicada em todo e qualquer lugar, em todo e
qualquer tempo; ou, ao contrário, pode-se pensar neles como sendo fruto
da vontade humana, de modo que poderíamos selecionar as leis válidas
e as leis revogadas.
O maior problema, porém, reside na confusão teológica que surge
do choque entre Lei e Graça na teologia cristã. “Lei” passa a ser en-
tendida como as leis do Antigo Testamento, superadas pela Graça de
Deus, de modo que já não têm mais nenhuma validade para os cristãos.
Esses hábitos de compreensão dos textos normativos do Pentateuco são
prejudiciais à interpretação dos mesmos. Precisamos, então, desenvolver
novos conceitos e hábitos hermenêuticos a fim de compreender esses
textos. Este será o tema da nossa sequência.
Os antigos judeus chamavam os seus textos normativos de torá.
Esta palavra hebraica significa, em primeiro lugar, instrução, ensina-
mento. Quando a torá vem de Deus, ela é um ensinamento com autori-
dade, cumpre uma função normativa. Uma norma não é a mesma coisa
que uma lei, embora ambas sejam muito parecidas. Todas as leis são
normas, mas nem todas as normas são leis. Lei é um tipo de norma que,
estabelecida pelo Estado, deve ser obedecida por todos os cidadãos
desse Estado, sob pena de punição. Lei é, em sentido mais amplo, o
conjunto de leis que definem a identidade político-jurídica de um país, e
que encontra na Constituição a sua expressão máxima. As normas são
guias para a conduta e os relacionamentos humanos, e a maioria delas
não está escrita, nem faz parte de um conjunto de leis de uma nação
ou Estado. Normas, nesse sentido mais genérico, são um componente
da cultura de um povo, enquanto leis são um componente da estrutura
política de um país.
A torá (no plural hebraico: torôth) no Pentateuco é da natureza das
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em síntese
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tornastes santos, pois que eu sou santo; não vos tornei, portanto, impuros
com todos esses répteis que rastejam sobre a terra. Sou eu YHWH que
vos fiz subir da terra do Egito para ser o vosso Deus: sereis santos, porque
eu sou santo” Levítico 11,44-45 (compare com Lv 19,2; 22,31-33).
A santidade do povo de Deus depende da santidade de Deus. YHWH
é um Deus santo e seu povo, necessariamente, precisa ser santo. Em que
consiste a santidade de YHWH? Em primeiro lugar, santidade significa a
peculiaridade de YHWH – Ele é um deus diferente de todos os demais
deuses –, por isso Israel é convocado a não ter nenhum outro deus diante
de YHWH. Como consequência de Sua peculiaridade, YHWH é um deus
exaltado acima dos demais deuses, Ele está acima de todos os poderes,
humanos ou sobre-humanos, que tenham existido ou que possam existir.
Em terceiro lugar, por ser santo, YHWH é um Deus exigente – não aceita
ser profanado por nada nem por ninguém –, a sua santidade é inviolá-
vel. Em quarto lugar, YHWH, o santo, santifica o seu povo – oferece a
seu povo participação na Sua santidade. Enfim, sendo peculiar e exaltado
acima de todos os poderes, YHWH é um deus transcendente – Ele não
sofre as limitações das coisas criadas --, mas na Sua transcendência Ele
se aproxima do Seu povo e vive em seu meio.
O Deus Santo de Israel aproxima-se do seu povo mediante o ato de
libertação. Como vimos no texto anterior, na Torá a graça de Deus é anterior
à exigência divina. Note a sequência do pensamento em Lv 11,44-45: no
verso 44, primeiro vem a afirmação de que YHWH é o Deus de Israel; a
seguir, a afirmação de que Ele santificou Israel e, enfim, a exigência de que
Israel não se torne impuro. A sequência é repetida no verso 45: YHWH liber-
tou Israel do Egito, por isso exige de seu povo que seja santo como Ele mes-
mo é santo. Mediante a ação libertadora, YHWH realiza uma aliança com o
povo liberto, fazendo-se Seu Deus e tornando aquele povo o Seu povo. O
agir de Deus torna mais concreta a nossa compreensão da peculiaridade de
YHWH: Ele é diferente de todos os demais deuses, porque somente Ele é
um Deus libertador, um Deus que socorre o necessitado e o oprimido.
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Liberta
SER Faz aliança POVO SANTO
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de que Ele não precisa de outros deuses para repartir as tarefas (no pen-
samento vétero-oriental, os deuses tinham funções especializadas, por
isso era necessário crer em vários deuses que cumpriam essas diferentes
tarefas, tais como guerrear, fazer chover, curar doenças etc.). Como Deus
pluralmente singular, YHWH é suficiente, Israel não necessita de nenhum
outro Deus para atender as suas necessidades, ou seja, YHWH não é um
deus especialista, parcial; e (c) YHWH é o único Deus não feito por mãos
humanas, os demais deuses são ídolos, fabricação de mãos humanas e
não são capazes de agir. O aniconismo da fé israelita não se restringia
apenas à ausência do uso de imagens da divindade, mas era expressão
da sua crença na exclusividade e na singularidade de YHWH. Por outro
lado, a expressão “YHWH nosso Deus” destaca a aliança entre o Senhor
e o povo israelita – aliança de amor, amizade, companheirismo, fidelidade
e soberania de YHWH sobre Israel e a favor de Israel.
conceito
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4. A REDAÇÃO DO PENTATEUCO
Para finalizar este estudo, veremos um tema que pode parecer compli-
cado e ameaçador, mas que, quando estudado com tranquilidade, é ape-
nas mais um assunto interessante para construirmos nosso conhecimento
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Nós estamos acostumados a ler livros que são escritos por um (ou
mais) autor(es) cujo(s) nome(s) aparece(m) várias vezes na capa, na
folha de rosto, na página de direitos, na orelha ou contracapa da obra.
Estamos acostumados com a noção de que autor é a pessoa que escreve
o livro e, assim, recebe os direitos autorais pelo trabalho que realizou.
Também estamos habituados a pensar que um livro é escrito por seu autor
“do começo ao fim” em um período específico de tempo, que pode ser de
semanas, meses ou anos. Desenvolvemos, consequentemente, a noção
de plágio, ou seja, de cópia não autorizada dos conteúdos produzidos por
um autor. Nos trabalhos acadêmicos, então, o uso de materiais de outros
autores deve ser destacado com aspas, notas de rodapé e outras formas
de mostrar a introdução do texto de outra pessoa no texto do novo autor.
Assim, autor, para nós, é simultaneamente produtor, autoridade e detentor
de direitos autorais.
Porque estamos acostumados com essa noção de autoria, atribuí-
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Estes são alguns dos sinais que mostram que Moisés não poderia ter
escrito sozinho o Pentateuco. Há vários outros sinais e indícios da pre-
sença da obra de diferentes pessoas no Pentateuco, mas não podemos
entrar em mais detalhes aqui. Passarei, diretamente, à descrição de uma
hipótese sobre a escrita do Pentateuco.
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Módulo 3
Estudando os Profetas
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Bom trabalho!
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Relato e resumo
Conquista Discursos de
da conquista
da Terra Deus e de Josué
2.1-11.23
Josué 1 -12 1.1-18
12.1-24
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Santuários 17,1-18,31
17,1-21,25
Conflitos intertribais 19,1-21,25
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Narrativas Discurso
Israel e Judá
14,1-2Rs 17,6 2Rs 17,7-41
Sobrevivência Assimilação
Judá
18,1-23,30 23,31-25,30
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século a.C.) e de Judá após o fim do reino de Judá (tomado pelos babilô-
nios no VI século a.C.) – vigiei (juízo) & vigiarei (restauração). Na segun-
da seção, o Senhor anuncia uma nova mentalidade sobre o pecado e a
culpa – cada um morrerá pela sua própria iniquidade – rompendo com a
forma tradicional de incluir filhos e netos na culpa dos pais/avós (quando
um fazendeiro ficava endividado, por exemplo, suas filhas e filhos pode-
riam ser escravizados para abater a dívida), mentalidade que permitia,
na prática, isentar os pais poderosos de castigo (note, por exemplo, que
é o filho de Davi com Batseba que morre, ao invés do pecador Davi, e
isto é atribuído pelo escritor ao juízo de Deus). Na terceira seção temos
um dos textos mais famosos do Antigo Testamento para os cristãos: o
anúncio da nova aliança!
O profeta anuncia a necessidade de renovação da aliança que fora,
segundo a denúncia profética, desrespeitada pelos líderes políticos e
religiosos de Judá. A nova aliança terá como característica predomi-
nante a internalização do conhecimento de Deus em cada membro do
povo da aliança – eliminando a mediação monárquico-sacerdotal de-
senvolvida pela teologia oficial da corte e do templo de Jerusalém. Note
como Jeremias usa termos semelhantes aos de Oséias capítulo 4, no
qual o profeta pré-exílico denunciava os sacerdotes por não ensinarem
ao povo o verdadeiro conhecimento de YHWH. Esta nova aliança é
descrita como uma nova relação entre YHWH e seu povo, mediante a
internalização da lei de YHWH: a radical afirmação “ninguém ensinará
a ninguém” e a declaração do perdão dos pecados diretamente por
YHWH, sem sacrifícios, devem ser entendidas como a pregação do fim
do monopólio sacerdotal sobre o ensino da lei do Senhor, bem como
a rejeição do sistema sacrificial. A Epístola aos Hebreus, em o Novo
Testamento, interpretou desta maneira a nova aliança de Jeremias,
acrescentando que foi mediante o sacrifício definitivo de Jesus, sumo
sacerdote e cordeiro sacrificial, que se concretizou em plenitude a pre-
gação de Jeremias
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Denúncia contra
Denúncia Denúncia contra Jerusalém
contra Judá Nações (13-23) (28-32)
(1-5, 10-12)
Pequeno Esperança de
Esperança (6-9) Apocalipse Salvação (33-35)
(24-27)
Apêndice Histó-
rico (36-39)
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O fim do O fim da
Juízo e o Babilônia e
Ungido de seus deuses
YHWH 40-45 46-48
Retorno a uma
nova Jerusalém
49-55
O
A denúncia Evangelho
56-59 60-62
A Esperança
63-66
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Jerusalém
Esperançosa
40-55
Jerusalém Jerusalém
Denunciada Renovada
1-39 56-66
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b) Outro aspecto peculiar deste livro que nos ajuda a aprender sobre
questões de escrita e editoração dos livros bíblicos é a diferença entre o
Texto Massorético (TM) e a Septuaginta (LXX). O texto de Jeremias na
LXX é cerca de um oitavo mais curto do que o texto do TM (e.g.: faltam, na
LXX, 33:14-26; 39:4-13; 51:44b-49a; 52:27b-30, além de frases e epítetos
de YHWH), e a ordem dos capítulos também é diferente – na LXX a ordem
é capítulos 1-25 + 46-51 = 26-45 + 52. Também ressalta à vista que a
composição do livro é bem complexa, aparentemente sendo o resultado
do ajuntamento de pequenas coleções de pregações de Jeremias. Os ca-
pítulos 30-31 do TM são os capítulos 37-38 da LXX.
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curiosidade
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Módulo 4
Estudando os Escritos
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gos em alguns desses livros), tendo sido escritos por volta dos séculos III e
II a.C. Eles refletem as estratégias de implantação da identidade étnico-reli-
giosa monocêntrica e as resistências à mesma, bem como o enfrentamento
com a cultura helênica pós-persa (séc. III a.C. em diante).
O livro dos Salmos e os livros sapienciais também são chamados de
livros poéticos, pois quase todos os seus textos são escritos como poesia
para uso pessoal ou litúrgico, declamada ou cantada. No Antigo Israel,
como hoje em dia, a música e a poesia eram meios privilegiados para
expressão da interioridade pessoal e comunitária, de tal modo que a lin-
guagem da poesia é, predominantemente, metafórica e simbólica, carac-
terísticas que dificultam a datação e o referencial (a que situações histó-
ricas o texto se refere) de poesias em particular (Sl, Ct), bem como sua
interpretação. No livro de Salmos são usados os seguintes termos para
descrever a música e a poesia litúrgicas:
• Mizmor – Poesia cantada, exclusivamente, com o acompanhamento
de instrumentos de corda;
• Shir – canto de qualquer tipo, mesmo sem acompanhamento instru-
mental;
• Mashal - comparação, provérbio, enigma, também usado para cântico
satírico;
• Quiná – lamento em geral, ou cântico fúnebre em especial;
• Tehillá - hino de louvor.
Diferentemente da poesia atual, a hebraica antiga não é caracteriza-
da pela rima, e sim pelo ritmo sonoro e pela métrica textual. A poesia é,
em geral, articulada por meio de versos e estrofes, podendo haver o uso
de estribilhos ou refrões. O paralelismo é a característica dominante da
poesia hebraica (e mesmo de textos não propriamente poéticos), tanto em
relação ao conteúdo, quanto em relação à forma. Por paralelismo se des-
creve o hábito linguístico hebraico antigo de apresentar as ideias através
da repetição temática. Ao invés de escrever em forma linear (introdução,
desenvolvimento, conclusão), como é nosso costume, os antigos judeus
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Agora, pois, ó Israel, que é que o Senhor teu Deus requer de ti?
Não é que temas Javé, teu Deus, andando em todos os seus
caminhos, e o amando, e servindo a Javé, teu Deus, de todo o
teu coração e de toda a tua alma, e guardando os mandamentos
de Javé e os seus estatutos que te ordeno hoje, para o teu bem?
Eis que os céus e os céus dos céus são de Javé, teu Deus,
a terra e tudo o que nela há. Contudo, Javé se ligou a teus
pais para os amar, a vós, descendentes deles, escolheu
dentre todos os povos, como hoje se vê.
Circuncidai, pois, o vosso coração, e não mais endu-
reçais a vossa cerviz.
Pois Javé, vosso Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor
dos senhores, o Deus grande, o valente, o terrível, que não
faz acepção de pessoas, nem aceita suborno; que faz jus-
tiça ao órfão e a viúva e ama o imigrante, dando-lhe pão e
vestes. Amai, pois, o imigrante, porque fostes imigrantes na
terra do Egito.
A Javé, teu Deus, temerás; a ele servirás, a ele te ligarás, e pelo
seu nome, jurarás.
Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e terrí-
veis coisas que os teus olhos têm visto.
Em setenta pessoas, teus pais desceram ao Egito; mas agora, Javé,
teu Deus, te multiplicou como as estrelas dos céus.
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2. OS ESCRITOS SAPIENCIAIS
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b) Jó
O livro de Jó e um dos mais belos da literatura mundial. Não é à toa
que apresenta, por um lado, grande fascínio para leitores e leitoras e, por
outro lado, grandes dificuldades para sua compreensão. Sua estrutura é
bastante simples: Prólogo (caps. 1-2); Diálogos (caps. 3-42,6) e Epílogo
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c) Cantares de Salomão
O livro de Cantares é uma coletânea de poesias de amor. Não sabe-
mos com certeza se há uma espécie de enredo, ou se, simplesmente, é
uma coleção sem ordem temática. As muitas tentativas de encontrar a es-
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d) Eclesiastes
Por fim, chegamos ao Eclesiastes. É o livro mais recente dos sapienciais
do cânon hebraico, escrito já no período helenístico. É conhecido, também,
como Qohélet (transliteração da palavra hebraica que indica o autor do livro
em Ec 1.1 e significa colecionador, pregador ou membro da assembleia).
De modo semelhante ao livro de Cantares, não há consenso entre os estu-
diosos sobre a estrutura do livro, nem mesmo com relação à interpretação
da estrutura temática e argumentativa do mesmo. O que mais importa para
entender Eclesiastes é perceber que o livro apresenta uma visão conflitiva
da sabedoria. Eclesiastes tenta, ao mesmo tempo, questionar as visões vé-
tero-oriental e helênica da sabedoria, e contrapor essas visões à sabedoria
baseada no temor a YHWH. Suas ideias básicas parecem ser: (a) a vida
humana é marcada pela finitude e pela morte, de modo que pouco importa o
ter, e sim, o ser fiel e temente a YHWH; (b) mesmo sendo finita, a vida huma-
na no presente é valiosa e deve ser vivida com intensidade, sob o temor de
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Salmos de Lamento
12, 44, 58, 60, 74, 79, 80, 83, 85, 89*, 90, 94,
Comunitário
123, 126, 129
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Cânticos de Fé 11, 16, 23, 27*, 62, 63, 91, 121, 125, 131
Salmos Hínicos
Salmos Litúrgicos
2, 18, 20, 21, 29, 45, 47, 72, 93, 95, 96, 97, 98,
Reais
99, 101, 110, 144
Tipos Especializados
Sabedoria 1*, 36*, 37, 49, 73, 112, 127, 128, 133
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quem Ele é e faz, a fim de que saibamos o que pedir e como agradecer.
I. Convocação ao Louvor
a) imperativo
b) dirigido à comunidade (plural)
II. Motivo do Louvor
a) palavra introdutória (porque etc.)
b) Deus descrito com oração subordinada, “Deus, tu que …”
c) a libertação divina
III. Nova convocação ao Louvor
a) imperativo
b) dirigido à comunidade (plural)
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por outro lado, deveriam ser usados em cultos públicos nos quais a leitura
da Palavra de Deus era um componente importante. Estes dois tipos es-
pecializados de Salmos são os mais recentes, já da época do Segundo
Templo, e manifestam o crescimento da importância da leitura da Palavra
no culto público e na vida devocional privada, juntamente com a sabedoria
necessária para entendê-la.
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Ed 1.1-10.44
A 1.1-6.22 - Construção Templo + Oposição
B 7.1-10.44 – A Torá e a Nova Identidade
Ne 1.1-10.40
A’ 1.1-7.4 - Construção do Muro + Oposição
B’ 7.5-10.40 - A Torá e a Nova Identidade
Ne 11.1-13.31
A’’ 11.1-12.47 - Restauração de Jerusalém e do Templo de Javé
B’’ 13.1-31 - ATorá e a Nova Identidade
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Atenção!
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costuma dizer que “nada mais muda”. Boaz se deixou afetar pela bondade
fiel de Rute, de modo que sua masculinidade (gênero) não funcionou de
modo patriarcal (machista).
Além das questões de gênero, o livro nos permite abordar questões
de raça. O texto se inicia com Elimeleque e seus filhos saindo de Israel
e migrando para Moabe a fim de escapar da fome. Em Moabe, os filhos
se casam com moabitas e, após dez anos, morrem deixando as viúvas
na terra: a mãe Noemi e as duas esposas. Rute, a moabita, declara
sua fé no Deus de Noemi e sua pertença à aliança (1.16 – os termos
da relação de aliança estão presentes na fala de Rute). Aparentemente,
tudo simples – a fome faz você mudar de país, no novo país você se
casa etc. etc. Porém, nada mais anormal e complicado do que este relato
aparentemente ingênuo. Por quê? A resposta é bíblica: (a) “Acabadas,
pois, estas coisas, vieram ter comigo os príncipes, dizendo: O povo de
Israel, e os sacerdotes, e os levitas não se separaram dos povos de outras
terras com as suas abominações, isto é, dos cananeus, dos heteus, dos
ferezeus, dos jebuseus, dos amonitas, dos moabitas, dos egípcios e dos
amorreus [...]” (Ed 9.1); (b) “Naquele dia, se leu para o povo no Livro de
Moisés; achou-se escrito que os amonitas e os moabitas não entrassem
jamais na congregação de Deus, porquanto não tinham saído ao encontro
dos filhos de Israel com pão e água; antes, assalariaram contra eles Ba-
laão para os amaldiçoar; mas o nosso Deus converteu a maldição em
bênção” (Ne 13.1-2).
Raça, assim como gênero, não é uma realidade biológica, mas po-
lítica e cultural. Que havia de errado com os moabitas? Biologicamen-
te, nada. Porém, ressalta o texto citado de Neemias, eles não só não
ajudaram Israel como ainda o amaldiçoou! Classificar uma raça como
inferior é procedimento similar ao de classificar um gênero como inferior.
Atribui-se ao inferior uma culpa, de modo que pode ser demonizado jus-
tificadamente pelo que se considera superior, que pode invocar o próprio
Deus como cúmplice da classificação injusta. A classificação, por sua
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Então, Boaz disse aos anciãos e a todo o povo: Sois, hoje, tes-
temunhas de que comprei da mão de Noemi tudo o que per-
tencia a Elimeleque, a Quiliom e a Malom; e também tomo por
mulher Rute, a moabita, que foi esposa de Malom, para suscitar
o nome deste sobre a sua herança, para que este nome não
seja exterminado dentre seus irmãos e da porta da sua cidade;
disto sois, hoje, testemunhas. Todo o povo que estava na porta
e os anciãos disseram: Somos testemunhas; o YHWH faça a
esta mulher, que entra na tua casa, como a Raquel e como a
Lia, que ambas edificaram a casa de Israel; e tu, Boaz, há-te
valorosamente em Efrata e faze-te nome afamado em Belém.
Seja a tua casa como a casa de Perez, que Tamar teve de
Judá, pela prole que o YHWH te der desta jovem (Rt 4.9-12).
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Módulo 5
Estudando os Escritos:
Literatura Apocalíptica
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Muito bem! Você chegou ao módulo final de nossa disciplina. Tem sido
um prazer e uma bênção acompanhar você em seu estudo do Antigo Tes-
tamento. Espero que o que estudamos aqui seja útil para sua mente e para
sua vida por muito tempo. Chegamos ao fim da disciplina e, não por coinci-
dência, estudaremos um livro dos Escritos que trata do fim. Vamos lá!
A ideia do ‘fim do mundo’ acompanha a humanidade há muito tempo.
Na virada do ano 999 para o ano 1.000 d.C. os povos ocidentais espera-
ram pela volta de Cristo. Na virada do milênio para 2.000, muitas mani-
festações apocalíticas foram feitas. O ano de 2012, considerado fim do
mundo em religiões da América Central, foi tema de filmes e revistas. Mas,
será mesmo que o mundo irá acabar? Quando? Como? Um livro que per-
tence à seção Escritos da Bíblia Hebraica tratou do tema do fim. É o livro
de Daniel. Este livro inaugurou a escrita de livros que vieram a se chamar
apocalipse. Muitos apocalipses foram escritos por judeus e não entraram
no cânon bíblico, mas alimentaram as esperanças judaicas de libertação
na época do domínio romano (c. 70 a.C. – 134 d.C.). Dada a complexidade
e a importância da literatura apocalíptica, vamos dedicar um módulo intei-
ramente a este tema. Você provavelmente irá se espantar com a noção de
fim do mundo apocalíptica.
Bem, você já sabe, temos objetivos para guiar o seu estudo. Ao final
deste Módulo você deverá ser capaz de:
Mãos à obra!
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INTRODUÇÃO
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dores nem males para o povo de Deus, que reinará sobre toda a criação.
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DUALIDADE
EXPECTATIVA MESSIAS
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alguém parecido com um ser humano (“um como filho de homem”) que se
aproxima do ancião e recebe o poder e o reino para sempre (7.13-14). Se
você não entendeu nada, não se preocupe, pois Daniel também não sabia
o que fazer com essas visões noturnas e, no próprio sonho, pede ajuda
exegética a um dos servos do ancião (7.15-16), e ouve a interpretação do
sonho (7.17-27). Acordado, Daniel permanece pensativo, inquieto, ansio-
so. Guarda o sonho e sua interpretação na memória (7.28).
O sonho de Daniel é semelhante aos sonhos de Nabucodonosor (capí-
tulos 2 e 4 de Daniel), não na sua simbologia, mas na visão da história. Da-
niel 7 é uma interpretação da história do povo de Israel. As bestas (como
a estátua e a árvore de Dn 2 e 4) são símbolos de reis poderosos (cf.
7.17). Em Daniel 7, quatro reis são descritos, não em sucessão histórica,
mas como se fossem contemporâneos. O mais terrível desses é o quarto
(interpretado como “reino” em 7.23s), do qual surgirão dez reis, seguidos
por um que “será diferente dos primeiros e abaterá três reis” (7.24). Este
não só dominará política e economicamente, mas também tentará acabar
com a própria Torá e a fé em Javé (7.25). O que se destaca na visão e sua
interpretação é que cada rei e reino tinham suas próprias características,
e que, apesar de sua força, cada um deles chegou ao fim – o reino e o
poder foram entregues ao povo de Javé. Sendo assim, por que Daniel teria
ficado inquieto a ponto de perder a cor do rosto (7.28)? Aparentemente
porque, antes do fim da última besta, o povo judeu ainda iria sofrer e muito!
Espiritualizante Resistência
Secularizada
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e, ao que tudo indica, o livro não poderia ter sido escrito fora do ambiente
de pensamento judaico ameaçado pelo helenismo.
O capítulo 7 de Daniel ocupa um lugar central no livro. É o último ca-
pítulo em aramaico e o primeiro em forma tipicamente apocalíptica. Como
texto aramaico, une-se aos capítulos 1-6; como texto de gênero tipicamen-
te apocalíptico, liga-se aos capítulos 8-12. Além desses fatores, o capítulo
7 também está associado aos capítulos anteriores por retomar os sonhos
de Nabucodonosor e aos posteriores por ditar o tom da interpretação dos
capítulos seguintes.
A estrutura do capítulo é relativamente clara:
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Os poderes O Reino de
deste mundo Deus
O tema da seção é que Javé, Rei dos reis e Deus dos deuses, irá
exercer sua soberania e, mais uma vez, libertar seu povo da dominação
estrangeira. Como um Deus fiel à sua aliança e promessas, Javé outor-
gará a Israel mais uma vez a liberdade e estabelecerá seu povo como o
povo mais importante da Terra (cf., especialmente, Isaías 40-55). Esta
mensagem de resistência e esperança é que ressoa no capítulo 7. Por
mais terrível e tremenda que seja a situação, Javé é soberano e justo, e
levará a história em sua correta direção. Devemos cuidar, porém, para não
anularmos o caráter simbólico do texto, nem a perspectiva pactual da ação
de Javé, que nunca age sozinho, transformando a história como que por
um passe de mágica. O poder de Javé é exercido em parceria com seu
povo. A fidelidade de Javé demanda a fidelidade de seu povo, de modo
que a história não é o efeito da ação solitária de Deus ou de seus anjos no
céu, mas da ação conjunta de Deus e seu povo na face da Terra.
Compreender a história e a soberania de Deus sobre a história são,
por um lado, motivo de alento e força para agir. Mas, por outro lado, são
também motivo de inquietação e reflexão (verso 28). O desafio é imenso,
e mesmo com Deus ao nosso lado somos pequenos demais para enfren-
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subjugado ao seu império, mas permite o retorno dos exilados à terra san-
ta. Durante a monarquia, o uso mais comum do termo em relação aos reis
da dinastia davídica tem a ver com a legitimidade dos mesmos ao trono
(iniciando em Samuel, com a discussão sobre a legitimidade de Davi no
lugar de Saul). Em períodos de ameaça estrangeira o título comumente
alude ao papel do rei como libertador da nação e é este uso que servirá
de fundamento para a ideia messiânica nos textos pós-canônicos. Desde
os textos de Jeremias se espera um rei davidida que irá reunificar Israel e
Judá e reinará em um período de paz e prosperidade para o povo de Deus
(mesmo sem o uso do verbo ou do adjetivo). Somente em Is 61.1 o termo
“ungido” não se aplica especificamente a um rei, talvez como alusão aos
cânticos do Escravo de YHWH (nos quais o termo não é usado).
Conceito
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Conceito
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primeiro século), afirma que “não haverá Messias para Israel, porque eles
já o desfrutaram nos dias de Ezequias” (Hillel apud Levinas, 1997,p. 83).
Levinas explica essa afirmação do seguinte modo:
a) A linguagem messiânica
A ideia messiânica no judaísmo pós-bíblico (até o período do Novo
Testamento) se construiu a partir da noção do rei ungido para guerrear em
nome de YHWH, mas assumiu contornos mais amplos do que os estabele-
cidos na Escritura. O primeiro aspecto constitutivo dessa ideia messiânica
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b) Figuras Messiânicas
Apresentarei brevemente as principais figuras messiânicas no judaís-
mo do Segundo Templo, incluindo aqui textos cristãos não-paulinos. Faço
isto apenas para mapear o terreno da construção da noção paulina de
Messias, sem a preocupação de completude na apresentação. São elas:
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dos dias não são tão claramente definidos nos Rolos, como o
do messias guerreiro davídico. O papel não era, necessaria-
mente, menos importante, porém tanto o messias sacerdotal
como o “profeta semelhante a Moisés” são mestres. Ensino e
Lei tinham enorme importância para a seita do Mar Morto. Ocu-
pava mais a atenção dos sectários do que a preparação para a
guerra escatológica. O ensino autêntico seria um componente
essencial do fim dos dias messiânicos. Quer o Mestre escato-
lógico fosse um profeta, sacerdote ou ambos, o importante era
que ele seria um Mestre da Justiça na era messiânica.
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CONCLUSÃO DA DISCIPLINA
Prezado Estudante
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Passamos pelo que a Bíblia Hebraica entende por livros proféticos, com
seu desafio a uma espiritualidade mais sólida e íntegra, e chegamos aos
Escritos, analisando os seus livros poéticos, narrativos e a literatura apo-
calíptica.
Nesta jornada, mais importante do que os conhecimentos aqui cons-
truídos é a nossa atitude ao ler a Bíblia. Assim, renovo aqui o convite que
já fiz no primeiro módulo: a introdução ao Antigo Testamento deve nos
motivar a ler e estudar cuidadosamente os livros veterotestamentários. Es-
pero que você possa, com esta leitura, entender o que a Palavra de Deus
diz, para que possamos viver de modo fiel ao Deus de toda a criação. Que
Deus nos abençoe!
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BIBLIOGRAFIA
BODA, Mark J. “Figuring the Future: The Prophets and Messiah”. In: POR-
TER, Stanley E. (ed.). The Messiah in the Old and New Testaments. Grand
Rapids: Eerdmans, 2007.
COLLINS, John J. The scepter and the star: Messianism in light of the
Dead Sea Scrolls. Grand Rapids: Eerdmans, 2010.
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