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DESENVOLVIMENTO
NEUROPSICOMOTOR E
APRENDIZAGEM
CONTEXTUALIZANDO
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passa de deitado para sentado. Posteriormente, ele evolui do sentar para o
engatinhar, em seguida para o andar e o correr, mas isso ocorre de acordo com a
maturação e o envolvimento do ser junto ao meio social, ou seja, há uma demanda
do ambiente por meio da influência de outros humanos ou até mesmo de
estímulos relacionados a objetos, como brinquedos, roupas e outros acessórios,
uma vez que a criança procura se relacionar com os objetos, o que é uma
sociointeração, e, assim, tem construções de pensamento. A patir disso, tem uma
maturação de outros processos cognitivos, como linguagem, memória, atenção,
percepção, planejamento etc.
Conforme comentado anteriormente, Wallon (Fonseca, 2008, p. 19-20)
demostrava enorme interesse sobre o comportamento motriz e sua relação com
desenvolvimento, estrutura e maturação das crianças. Além disso, é considerado
um dos primeiros autores na Europa a relacionar a funcionalidade
neuropsicológica e a função tônica, esta corresponde ao comportamento motor.
O mais interessante é que esse autor não apenas relacionava isso a motricidade,
mas a afetividade e a aprendizagem humana. Dado esse enfoque no
desenvolvimento humano referente a motricidade, tem-se uma prévia dos
conteúdos que serão trabalhados no decorrer desta aula.
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em direção ao gol. Ou seja, houve um planejamento, um comportamento pré-
motor e posteriormente motor (execução). Para ilustrar de forma estrutural
cerebral toda essa explicação, abaixo segue uma imagem com a descrição visual
de como ocorre toda a situação:
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TEMA 3 – EMOÇÕES, AFETIVIDADE E O COMPORTAMENTO MOTOR
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primária intitulada tristeza e produzindo a fraqueza de não conseguir se controlar
em uma situação de impulso.
A concepção da funcionalidade das emoções e sua relação com as funções
cognitivas têm sido motivo de exploração há algum tempo. De acordo com
pesquisas realizadas por Walter Mischel (Gazzaniga, 2017), utilizando a aplicação
do método Delay of gratification, ou atraso de gratificação, foi possível analisar o
comportamento humano e sua relação com autocontrole e tomada de decisão,
que possuem ligações diretas com a motricidade voluntária dirigida a um objetivo
específico, inclusive ligado às emoções.
No experimento, crianças eram colocadas individualmente em uma sala
espelhada e era dado um marshmallow para cada uma. Fazia-se um acordo de
que elas deveriam aguardá-lo para futuramente receber outro marshmallow. Na
ocasião, Mischel avaliou indivíduos com quatro anos de idade e, posteriormente,
acompanhou-os dez anos mais tarde. Por meio do acompanhamento, houve
possibilidade de analisar que indivíduos que conseguiram adiar a gratificação
tornaram-se mais competentes socialmente e mais capazes de lidar com
frustrações.
Mischel (Gazzaniga, 2017) classifica com sua colega de pesquisa Janet
Metcalfe estratégias para esse autocontrole, como cognições quentes e cognições
frias, em que relata também especificações e funções cerebrais para esses
critérios. Diante do método utilizado, cada criança desenvolvia sua técnica de
autocontrole em relação às emoções contidas na atividade. Havia crianças que
desenvolviam técnicas como fechar os olhos, pensar em nuvens ou não olhar para
o alimento. Cada indivíduo foi questionado a respeito da técnica utilizada para
desenvolver o autocontrole exigido, e foi possível notar as cognições quentes
sendo transformadas em frias, pois o indivíduo alterava a situação gratificante
para um conceito apenas simbólico.
Com isso, podem-se verificar as situações de defesa através das cognições
frias de um indivíduo frente a um evento aversivo, uma vez que o objeto desejado
simbolicamente torna-se indesejado. Conforme Mischel (Gazzaniga, 2017),
através dessa teoria, pode-se afirmar que a função da amígdala processa os
aspectos gratificantes (cognições quentes), enquanto o hipocampo processa os
conceitos simbólicos (cognições frias), planejamentos e objetivos estratégicos e,
por esse motivo, responsabiliza-se pelo autocontrole, junto com outras estruturas
cerebrais, como o córtex frontal.
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Ledoux (2001), em seu livro O cérebro emocional, relata a maneira
interpretativa de neurologistas referente a emoção e cognição, pois eles dividem
uma da outra, porém, mais tarde, pode-se comprovar o vínculo de ambas. Como
no experimento, dá-se a entender como as crianças fugiam psiquicamente do
contexto, utilizando a memória em caso de lembrar-se das nuvens, ou o próprio
autocontrole freando o impulso para não ingerir o alimento e aguardar a premiação
avisada.
Assim, pode-se inferir que a emoção tem grande influência nos processos
de adaptação e condução de aprendizagem, pois o amadurecimento no
desenvolvimento humano influencia diretamente a aprendizagem. Henry Wallon
trata a efetividade ou a vida emocional essencial para a aprendizagem, pois esta
deve ser considerada para todos os contextos do cotidiano. Um aluno que
expressa alegria ou tristeza tem grandes alterações não apenas fisiológicas
viscerais no organismo, mas também nas ações dos processos psicológicos, e
isso pode afetar sua capacidade cognitiva do aprender.
Exatamente por isso se deve analisar todo o funcionamento da
aprendizagem, suas estruturas, a capacidade emocional e a de lidar com estas.
Um aluno que apresenta medo de frequentar uma escola devido a uma
complicação fisiológica não pode ser encarado apenas como um aluno que está
só com medo, mas deve ser considerado o que isso pode gerar de transformação
no estado de aprendizagem do aluno (Almeida, 1999, p. 74).
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p. 100). Abaixo segue, a descrição desse processo a partir de uma figura
ilustrativa do cérebro:
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TEMA 5 – PRÁTICAS PSICOPEDAGÓGICAS E PSICOMOTRICIDADE
FINALIZANDO
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importância no desenvolvimento motor. A ação de profissionais preparados e
atentos a todos os processos relacionados a interação social, afetividade e
emoções e aos pensamentos proporciona um auxílio no acompanhamento
neuropsicomotor de cada indivíduo.
Como foi discorrido nesta aula, o entendimento de estruturas cerebrais,
suas interligações, seus funcionamentos e interligações sistemáticas ajuda a
compreender como se pode trabalhar no bom desenvolvimento de cada indivíduo
e, com isso, possibilita o respeito de suas particularidades, o gradativo
amadurecimento e o equilíbrio do sistema biológico. Por este motivo, o
conhecimento do desenvolvimento neuropsicomotor é de extrema importância
para compreensão dos processos de aprendizagem.
LEITURA COMPLEMENTAR
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REFERÊNCIAS
LEDOUX, J. O que o amor tem a ver com isso? In: O cérebro emocional: os
misteriosos alicerces da vida emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 11-20.
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