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(OBÉ)
Olófin, ” O Senhor das leis”, um dos títulos de Olódùmarè, decidiu um dia visitar
a Terra e ver de perto como as coisas andavam. Em sua caminhada conheceu
um homem que se chamava Obì, e que lhe impressionou muito por ele ser uma
pessoa muito justa, sem orgulho e pretensões, e sem nenhuma vaidade.
Então Olófin decidiu que Obì deveria viver muito alto, vestido de branco por
fora e por dentro, que sua alma seria imortal e que trabalharia para ele. Em
seguida, Olófin lhe apresentou Èsù, e entre ambos surgiu grande amizade,
sendo que os amigos de um passaram a ser amigos do outro. Os pobres, os
ricos, os corretos, os desajustados, todos eram amigos de Èsù.
Certo dia, Olófin convocou Èsù à sua presença e pediu-lhe que levasse um
recado para Obì, porém Èsù se recusou,e, ao ser inquirido sobre a razão da
recusa de ir à casa de seu amigo, respondeu-lhe que Obì havia mudado de
comportamento, tornara-se muito vaidoso e se recusava a receber em sua
casa os pobres e os humildes.
Olófin escutou em silêncio o relato de Èsù, e, quando este terminou, lhe disse:”
Vou ensinar uma lição a Obì”. Usando de um disfarce, Olófin foi até a casa de
Obì. Tocando a porta, foi recebido por Obì, que não lhe reconheceu, e foi
dizendo para se afastar dali, que ele não dava esmolas à ninguém. Olófin ao
ouvir aquilo, firmou a voz e lhe disse:” Olhe para mim! veja quem sou eu! Obì,
diante da presença de olófin, tratou de corrigir-se alegando um engano.
Olófin então lhe falou: ” Eu lhe acreditava um homem honesto, íntegro e bom,
sem falso orgulho ou vaidade, por isso o fiz branco por todos os lados e com
espírito imortal. Parece que de viver tão alto, sua cabeça chegou às nuvens.
Mas vou corrigir tudo isso. Você, a partir de agora, viverá no alto, mas só que
no alto das árvores, porém cairás e rolarás por terra, para que aprendas que
por mais elevado que uma pessoa esteja, também poderá cair por terra. Você
se vestirá de verde por fora e branco por dentro, mas algumas vezes será
negro. quando aprender a corrigir seus erros, eu o perdoarei. Até lá, você
deverá servir a todos os òrisà e ajudará a predizer o futuro a todos que
desejarem saber, tanto os ricos como os pobres e necessitados sem distinção
social ou de cor”.
Olodunmare também proclamou que, como um símbolo da prece, a árvore
somente cresceria em lugares onde as pessoas respeitassem os mais velhos.
Naquela reunião do Conselho Divino, a primeira noz de cola foi partida pelo
Próprio Olodunmare e tinha duas peças.
Ele pegou uma e deu a outra para Elenini, a mais antiga divindade presente.
A próxima noz de cola tinha três peças, as quais representavam as três
divindades masculinas que disseram as orações que fizeram nascer a árvore
da noz de cola.
O Obi deve ser sacrificado com faca “Obé ou Agadá”, exceto para o Orixá
Nanã. Orin “cântico”: (Obi dô, Obi dô Ireo! Pá agadá obi dô obi dô asé.)
O Povo do Santo com certeza já ouviu a expressão “eu comi do seu Obi”, em
afirmação e confirmação de que esteve presente no ritual pelo qual a pessoa
passou. O Obi é um fruto sagrado presente em 99,9 % dos rituais do
Candomblé, por esta razão cercado de muito mistério, conceitos, mitos e tabus.
Corre uma nota na internet que: “Obi não pode ser cortado com faca”, fato
aceito e passado por muitos sacerdotes renomados de forma errônea. Quando
o correto era dizer que: “antes do Obi responder alafia não poderia ser cortado”
isso para qualquer tipo de Obi; de duas, três, quatro ou mais gomos, até
porque o Obi para ser sacrificado ele tem que aceitar a sua condição de
sacrifício, mas depois deve ser sacrificado sim e não de qualquer forma, deve
ser sacrificado pelo local onde ele iria nascer, justamente no broto, lugar onde
iria germinar e tornar-se uma árvore (O sacrifício é justamente este, impedir
dele se tornar uma árvore em nome do ritual que está sendo feito). Todo Obi
deve ser tratado com muito carinho e respeito, igual a um animal de duas ou
quatro patas, deve estar limpo e sem nenhum ferimento e o seu sacrifício deve
ser rápido e preciso no local já mencionado, caso contrário seria como
sacrificar um animal pelos pés ou barriga ou caso contrário, deixando o animal
ferido sem ter a ideia de quando iria morrer. Depois de sacrificado as farpas do
seu futuro broto deve ser mastigado pelo sacerdote juntamente com o ataré
(pimenta da costa) e proferido o Ofó de Obi para que seu sacrifício e objetivos
sejam aceitos e torne-se realidade, servindo em seguida aos ancestrais, Ori e
Ara do indivíduo e seu Orixá, o restante pode ser colocado no Igbá Orixá,
partes dele ou total, quando oferecido partes dele o restante deve ser fatiado
com faca e servido a todos os presentes, as vezes só com água, com mel ou
melaço. O único Orixá que não permite o uso da faca no sacrifício do Obi é
Nanã, neste caso pode ser tirado o seu broto com os dentes e evita-se a
distribuição com os demais.