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CONSIDERAÇÕES ANATÔMICAS SOBRE

PROPAGAÇÕES DE INFECÇÕES
ODONTOGÊNICAS

Propagação de infecções de origem dental:


 Ficam circunscrita na área de origem ou podem irradiar através de vasos linfáticos e venosos
 Principal via de difusão: espaços conjuntivos da face e pescoço.
 Tecido celuloadiposo que ocupa espaços entre estruturas mais
resistentes.
 A propagação depende da virulência dos microrganismos envolvidos: pacientes com diabetes não
controlada podem sofrer rápida multiplicação bacteriana, mesmo com organismo de virulência baixa.
assim que a infecção aumenta e o pus insinua-se entre os tecidos, forma um abcesso, cuja localização depende
das barreiras anatômicas (osso, músculos, tendão e fáscia) que irá encontrar.

Relações Alveolodentais
 Os processos supurativos agudos vão em direção aos locais de menor resistência
 O osso alveolar é a primeira barreira
 A infecção periapical evolui até alcançar e perfurar uma das lâminas corticais externas
 Maxila: lâmina mais fina, facilitando a penetração dos abcessos vestibularmente.
 Mandíbula: estrutura mais densa que obriga o abcesso a escolher o caminho mais longo do espaço periodontal
(via de menor resistência); resulta na destruição do osso inter-radicular.

Vias de disseminação de processos sépticos dos dentes superiores


 Na região de incisivos a infecção tende a ficar na parte intrabucal por influência do musculo orbicular
da boca e pelo tecido denso na base do nariz;
 Em incisivos laterais, o processo séptico pode alcançar o sulco nasolabial;
 Em casos que se direciona ao palato, a disseminação é limitada por conta da inserção densa
 a submucosa do palato é aderida ao periósteo, logo os abcessos são
encontrados abaixo do periósteo, mais profundo que os vasos e nervos
palatinos; a incisão deve ser feita paralelamente a ele e próximos ao
arco dental.
 Os abcessos de molares superiores podem difundir-se em direção às estruturas mais profundas na
cabeça e no pescoço. A infecção nesse espaço pode levar ao envolvimento do espaço temporal.

Vias de disseminação de processos sépticos dos dentes inferiores


 As infecções dos incisivos inferiores têm sua via de disseminação determinada pela origem do músculo
mentoniano;
 O edema aparecerá na ponta do mento ou abaixo dela, na linha mediana, podendo invadir o espaço
submandibular;
 As infecções periapicais dos caninos tendem a se localizar no vestíbulo bucal  ocasionalmente,
ultrapassa a origem muscular e torna-se extrabucal.
 O primeiro pré-molar está mais próximo da lâmina vestibular e o segundo pré-molar é quase vertical
entre as duas lâminas.
 quando há processo de inflamação originados desses dois dentes
migram até o espaço coletor formado pelos músculos abaixador do
ângulo da boca, masseter, bucinador e pelo corpo da mandíbula.
 os abcessos dessa região tendem a se superficializar, frequentemente
vindo “a furo”, a cicatrização é antiestética.
 se perfurar a lâmina alveolar lingual, pode se tornar abcesso sublingual,
isso porque o ápice do pré-molar se encontra acima da origem do
músculo milo-hioideo.

Outras vias mais profundas


 Abcessos do espaço infratemporal podem alcançar o espaço parafaríngeo e mais raramente a órbita, por
meio da fissura orbital inferior;
 O espaço parafaríngeo se comunica com o espaço submandibular, de onde podem provir infecções no
espaço biológico, incluindo edema da laringe, trombose da veia jugular interna e erosão da artéria carótida
interna com muita hemorragia.
 Soalho do seio maxilar: vasos linfáticos correm na mucosa do seio maxilar em direção aos forames
alveolares ou ao forame infraorbital; assim a infecção periapical pode ser levada ao seio por meio dessa via;
 Terceiro molar: um paciente com abcesso no espaço pterigomandibular não mostrará evidência de edema
externo. No exame intrabucal, revelará uma saliência do palato mole e do arco palatoglosso, com desvio da
úvula para o lado não afetado.
 O abcesso pterigomandibular é acompanhado por trismo e dificuldade para engolir e respirar.
 O abcesso peritonsilar não apresenta trismo, caso apresentar será muito pouco e não dificultará na
deglutição e nem na respiração;
 O abcesso sublingual provoca edema, elevação da língua e variados graus de dificuldades respiratórias; ele
raramente alcança a superfície da pele ou se difunde para outras regiões devido às barreiras anatômicas,
das quais a principal é a fáscia cervical.
 Forma triangular; começa na base da mandíbula e se estende até o nível do osso hioide; se a
pressão aumentar muito, o pus toma alguma via e entra em outro espaço; via mais comum: local
onde os vasos faciais perfuram a fáscia cervical e o musculo platisma em direção do espaço
subcutâneo.
 Observação: do espaço parafaríngeo a infecção pode descer à cavidade torácica ou alcançar a
base do crânio por meio de seus forames. Felizmente isso é raro. Aliás, a propagação das infecções
bucais a regiões profundas da cabeça e pescoço constitui cerca de 8% dos casos.

Tratamento
1. O tratamento de abcessos odontogênicos deve ser medicamentoso e cirúrgico;
2. Antibióticos e quimioterapia combatem a disseminação, mas o uso indiscriminado de antibióticos
permite a propagação da infecção;
3. É aconselhado usar um antibiótico que age na maior porcentagem dos casos até que a sensitividade
seja determinada;
4. Tratamento cirúrgico é o método de escolha em muitos casos, antibioticoterapia coadjuvante.

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