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O Nkisi para a caça!!!

Lau, que significa "sorte", é um nkisi para caça.


Nas áreas densamente florestadas do norte do Kongo, caçar é mais importante
do que no sul. É uma tarefa exclusivamente masculina, não apenas praticamente,
como mostra este texto, mas ideologicamente. Uma caçada de sucesso é uma
função da solidariedade coletiva de homens não contaminados por contato com
mulheres.
O nkisi pode ser usado não apenas na caçada, isto é, para "soltar" a caça, mas
também para soltar alguém que foi capturado por uma aldeia hostil. Soltar é mais
uma vez matéria de "trazer abaixo" do alto do telhado. A assistente feminina do
sacerdote do amuleto é requerida para mimar o desespero do inimigo. O arbusto
nlombo é empregado porque seu nome implica a “escuridão, obscuridade” que
vai ajudar o prisioneiro a escapar! O nkisi também traz sorte.
Na aldeia, se um homem acha que sua sorte se foi, ele combina um dia com o
nganga de Ma mbuku mongo, ou algum outro nkisi. O nganga lhe diz, "vá atrás
de Lau, pois ele é que está mantendo sua sorte afastada". Então, o homem vai
atrás do nganga Lau.. No dia em que a caçada está marcada, todos os caçadores
da aldeia reúnemse, seguram o bastão e arrastam o nkisi todos de uma vez. Quando eles
alcançam a casa do homem [da aldeia], põem o nkisi no telhado e
repentinamente o fazem cair de novo. Se o osso de algum animal, tal como um
gato selvagem, cai durante a puxada ou a queda do nkisi, eles dizem, "Agora
vamos caçar, porque vamos matar um gato selvagem". Após terem puxado o
nkisi, ninguém que abraçar uma mulher naquela noite pode se juntar a eles.
Após o tratamento, o nganga dá sua benção aos caçadores e eles partem para a
caçada. Se eles matarem alguma caça, aplaudem o nkisi; do contrário, o que eles
acreditam e dizem então é que alguém teve um encontro sexual e arruinou a
puxada do nkisi e por isso é que não há caça.
Se pegam alguma coisa, dividem tudo entre eles e dão uma perna para o nganga
Lau. Se não conseguem nada, então estão com problemas, ele não poderá
ajudálos.
Este nkisi está dividido em duas partes. Uma é para matar caça, então qualquer
que seja o animal que cacem, ou que seja pego com uma armadilha, será
amarrado numa corda; se fêmea, pelo lado esquerdo, se macho, pelo lado direito. No dia
marcado para a caçada, tocam berrantes em todas as entradas da aldeia.
A segunda parte do nkisi é dedicada a soltar um cativo. Eles vão à floresta,
arrancam um arbusto nlombo e amarramno no alto do mastro de uma casa;
então os homens e as mulheres se aproximam e puxamno para fora. Assim que
é trazido abaixo, todos eles seguram suas tangas. Naquele dia, a pessoa que foi
aprisionada noutra aldeia será capaz de escapar. É este o poder do nkisi.
Nota:
Ninguém fica rico no Kongo com agricultura de subsistência. A maior parte do
trabalho nas plantações é feito por mulheres. Um homem precisa de pelo menos
uma mulher, para produzir comida para seu lar, e crianças, para aumentar sua
importância social, mas ele mesmo engaja a maior parte de sua energia para ficar
rico, se ele puder, através de táticas agressivas de comércio, guerra e caça
combinado. As metáforas utilizadas em relação a estas atividades eram similares,
e expressavam a visão de que o sucesso do homem nelas dependia em parte em
evitar contato com mulheres. Uma distinção ritual era feita, como no nkisi
Mbumba, entre o sangue de matar, com o qual os guerreiros se lambuzam, e o
sangue menstrual, que devem evitar. A floresta, domicílio de animais e ancestrais
era o domínio dos homens; a aldeia e a vegetação baixa eram relativamente
femininas. As mulheres, entretanto, estavam incluídas entre os itens da
prosperidade que um homem de sucesso esperava obter, e que ele então teria de
ter para se proteger contra os interesses predatórios de seus iguais. Supunhase
que um nkisi como Mwivi, “Ladrão”, favorecia tanto a caça quanto a sedução de
mulheres.
oloje iku ike obarainan
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