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Mecânico de usinagem

Caderno de Informação Tecnológica – Retificação


3º e 4 º semestres
Setembro 2017
Sumário

1. Retificação .................................................................................................................................................... 7
1.1. Retificadora plana ..................................................................................................................................... 7
1.1.1. Retificadora tangencial.................................................................................................................... 7
1.1.2. Retificadora frontal .......................................................................................................................... 8
1.1.3. Avanço de corte na retificadora plana ............................................................................................ 9
1.1.4. Velocidade longitudinal da peça ..................................................................................................... 9
1.1.5. Velocidades em m/min. ................................................................................................................... 9
1.1.6. Avanço transversal........................................................................................................................ 10
1.1.7. Avanço transversal por passe ....................................................................................................... 10
1.1.8. Avanço de penetração do rebolo .................................................................................................. 10
1.2. Retificadora cilíndrica .............................................................................................................................. 11
1.2.1. Avanço de corte na retificadora cilíndrica ..................................................................................... 12
1.2.2. Avanço de penetração do rebolo .................................................................................................. 12
1.2.3. Velocidade de corte da peça na retificadora cilíndrica ................................................................. 13
1.3. Retificadora sem centro .......................................................................................................................... 13
1.4. Retificadora afiadora ............................................................................................................................... 14
2. Acessórios para retificação ...................................................................................................................... 15
2.1. Suporte balanceador ............................................................................................................................... 15
2.1.1. Eixo de balanceamento................................................................................................................. 15
2.1.2. Flange ........................................................................................................................................... 16
2.1.3. Mandris.......................................................................................................................................... 16
2.2. Placa magnética ...................................................................................................................................... 17
2.2.1. Classificação ................................................................................................................................. 17
2.2.2. Acionamento ................................................................................................................................. 17
2.2.3. Vantagens e desvantagens........................................................................................................... 18
2.2.4. Manutenção e conservação .......................................................................................................... 19
2.3. Nível de precisão ..................................................................................................................................... 19
3. Rebolos........................................................................................................................................................ 21
3.1. Tipos de rebolos ...................................................................................................................................... 21
3.2. Classificação ........................................................................................................................................... 21
3.2.1. Abrasivo ........................................................................................................................................ 21
3.2.2. Tipos de abrasivos ........................................................................................................................ 22
3.2.3. Granulometria ............................................................................................................................... 22

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3.2.4. Dureza ........................................................................................................................................... 23
3.2.5. Porosidade .................................................................................................................................... 23
3.2.6. Aglomerante .................................................................................................................................. 23
3.2.7. Tipos de liga .................................................................................................................................. 23
3.3. Especificação de rebolos ........................................................................................................................ 24
3.3.1. Identificação .................................................................................................................................. 24
3.3.2. Marcação da especificação .......................................................................................................... 24
3.4. Características e aplicações ................................................................................................................... 25
3.5. Inspeção .................................................................................................................................................. 26
3.6. Armazenagem ......................................................................................................................................... 26
3.7. Proteção pessoal ..................................................................................................................................... 27

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Caderno de Informação Tecnológica - Retificação

Introdução

O Caderno de Informação Tecnológica – Retificação deve ser utilizado para o desenvolvimento da


unidade curricular Usinagem em Máquinas Convencionais.

O docente deve utilizar os temas tratados neste caderno de acordo com o que está previsto na ementa
de cada unidade curricular.

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1. Retificação

A retificação é uma usinagem por abrasão de materiais ou peças, em estado natural ou tratados
termicamente. Utiliza, para esse fim, uma máquina denominada retificadora e por meio de uma ferramenta
chamada rebolo.

A retificadora permite dar às superfícies das peças uma usinagem com baixa rugosidade e com dimensões
mais precisas em relação a outras máquinas, como torno ou fresadora.

Quanto às operações que realizam, as retificadoras podem ser classificadas em:

 Plana
 Cilíndrica
 Especial

1.1. Retificadora plana

A retificadora plana permite retificar todos os tipos de superfície plana, podendo ser paralela,
perpendicular ou oblíqua.

A posição do eixo porta-rebolo em relação à superfície da mesa determina os processos de retificar e os


dois tipos de retificadora plana: a tangencial de eixo horizontal e a frontal de eixo vertical.

1.1.1.Retificadora tangencial

Na retificadora plana tangencial, o eixo porta-rebolo se encontra paralelo à superfície da mesa, sendo
a periferia do rebolo a superfície de usinagem.

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1. limitadores 8. cabeçote porta rebolo


2. volante para avanço longitudinal 9. coluna
3. alavanca de marcha-parada da mesa 10. mesa
4. regulagem da velocidade da mesa 11. regulagem do avanço automático
5. volante do avanço transversal vertical
6. volante do avanço vertical 12. painel de comando
13. unidade hidráulica
7. base
Fonte: Catálogo do fabricante Ferdmat

1.1.2.Retificadora frontal

Na retificadora plana frontal, o eixo porta-rebolo se encontra perpendicular à superfície da mesa.

Fonte: Telecurso – Processo de Fabricação 3

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1.1.3.Avanço de corte na retificadora plana

Os avanços de corte na retificadora plana são a resultante do avanço transversal e da velocidade


longitudinal da mesa.

Como todos os tipos de retificadoras planas possuem mecanismos adequados para a regulagem, é
necessária a observação da velocidade e do avanço, para se obter as melhores condições possíveis
para realizar o trabalho.

1.1.4.Velocidade longitudinal da peça

É a velocidade em metros por minuto com que se desloca a peça, alternadamente, da direita para a
esquerda e vice-versa. Em uma fase do movimento, a mesa avança no mesmo sentido de rotação do
rebolo (concordante) e, na outra, em sentido contrário (discordante).

As velocidades muito altas geralmente desgastam rapidamente o rebolo. Os fabricantes de rebolos


recomendam a seguinte tabela de velocidades em m/min.

1.1.5.Velocidades em m/min.

Material a
Aços
retificar Aço Aço Ferro Bronze
ligas Alumínio
Tipo de comum temperado fundido latão
tratados
rebolo
Reto plano 9 8,5 8 9 10 10

Copo (anel) 11 10,5 10 11 12 12

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1.1.6.Avanço transversal

É o avanço do rebolo, em milímetros, em cada passada da peça em seu deslocamento longitudinal.


O avanço em cada curso da mesa não deve exceder, em geral, a metade da espessura do rebolo.
Adotam-se avanços menores que a média para trabalhos de acabamento fino. Entretanto, na prática
se relaciona também o avanço com o tipo de material a retificar, como se recomenda na seguinte
tabela.

1.1.7.Avanço transversal por passe

Tipo de material Desbaste Acabamento


Aço 0,15.E a 0,25.E 0,02.E a 0,10.E
Ferro fundido 0,20.E a 0,45.E 0,05.E a 0,15.E
Bronze e latão 0,25.E a 0,50.E 0,10.E a 0,25.E
Alumínio 0,25.E a 050.E 0,10.E a 0,25.E
Sendo E = Espessura do rebolo em milímetros

No avanço transversal, o rebolo não deve sair da superfície mais da metade de sua espessura para
evitar a alteração da planicidade por curvatura dos extremos, que se produz pela perda de pressão
do rebolo na área de corte ao sair da superfície.

1.1.8.Avanço de penetração do rebolo

A penetração do rebolo está relacionada com o tamanho dos grãos que o compõem. Portanto,
quanto menor o tamanho do grão abrasivo menor deverá ser o volume de material removido. De
acordo com isto, o avanço de penetração não poderá ser maior do que a dimensão dos grãos
abrasivos do rebolo.

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Recomenda-se, como norma geral, para os distintos trabalhos, os seguintes avanços em mm:

 Para desbaste: 0,05 a 0,1 mm;


 Para acabamento: 0,02 a 0,005 mm.

1.2. Retificadora cilíndrica

Retificadora cilíndrica é a máquina utilizada na retificação de superfícies cilíndricas externas e internas,


bem como superfícies cônicas e faces.

1. inversão do movimento da mesa 8. cabeçote porta peça


2. limitadores 9. cabeçote de internos
3. regulagem da velocidade da mesa 10. cabeçote porta rebolo
4. sistema de lubrificação 11. contra cabeçote
5. volante para avanço longitudinal 12. painel de comando
6. alavanca de marcha-parada da mesa 13. avanço micrométrico transversal
7. unidade hidráulica 14. volante do avanço transversal

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1.2.1.Avanço de corte na retificadora cilíndrica

O avanço longitudinal da peça em relação ao rebolo é obtido com o movimento longitudinal da mesa
e depende da espessura do rebolo e do número de rotações da peça que está sendo retificada.

Sendo assim, o avanço é indicado como uma fração da espessura do rebolo, referente a uma
rotação da peça. A velocidade longitudinal da mesa é independente da velocidade da peça.

Para que a superfície trabalhada fique perfeitamente acabada, isto é, para que não sejam produzidas
espiras ou falhas, o avanço longitudinal da mesa deve ser menor do que a espessura do rebolo.
Entretanto, na prática, se aconselha observar a relação do avanço com a dureza do material a
retificar, de maneira que podem ser adotados os seguintes valores para o avanço transversal da
peça por rotação.

Avanço longitudinal por rotação da peça


(mm/volta)
Material
Desbaste Acabamento
Aço 0,25.E a 0,50.E 0,15.E a 0,25.E
Ferro fundido 0,30.E a 0,50.E 0,20.E a 0,30.E
Bronze e latão 0,60.E a 0,75.E 0,25.E a 0,50.E
Alumínio 0,06.E a 0,75.E 0,25.E a 0,50.E
Sendo E = Espessura do rebolo em milímetros

No avanço longitudinal o rebolo não deve sair da superfície mais da metade de sua espessura para
evitar a alteração da cilindricidade pela curvatura dos extremos, produzida pela perda de pressão do
rebolo na área de corte ao sair da superfície.

1.2.2.Avanço de penetração do rebolo

Como a penetração do rebolo está relacionada com o tamanho dos seus grãos, quanto menor for o
tamanho do grão abrasivo, menor será o volume do material removido. O avanço de penetração não
poderá ser maior que a dimensão dos grãos abrasivos do rebolo.

Na retificação cilíndrica recomenda-se dar menor penetração que na retificação plana, uma vez que a
fixação da peça oferece menos rigidez. Recomenda-se, como norma geral, para os diversos
trabalhos, os seguintes avanços em milímetros por passe:

 Para desbaste de – 0,01 a 0,03 mm;


 Para acabamento – 0,002 a 0,01 mm.

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1.2.3.Velocidade de corte da peça na retificadora cilíndrica

Para se efetuar o corte de materiais dentro das velocidades, recomendadas de acordo com
experiências, deve-se calcular o número das rotações por minuto com a finalidade de se obter
condições ideais de trabalho. Tanto a velocidade periférica como a velocidade de rotação têm as
mesmas definições que as dadas para as velocidades do rebolo e se calculam pela mesma fórmula:

1 000  60  V 19 100  V
N N
3,14 D D

Sendo:

 D – diâmetro da peça, em milímetros;


 V – velocidade de corte, em metros por segundo;
 N – n° de rotações por minuto (rpm).

Na prática é aconselhável observar a relação entre a velocidade da peça e a velocidade do rebolo


para diminuir seu desgaste. De um modo geral, podem ser adotados os seguintes valores para as
velocidades de corte de peças.

Velocidades periféricas da peça em metros por segundo


Material
Desbaste Acabamento Retificação interna
Aço 0,15 a 0,20 0,20 a 0,25 0,30 a 0,40
Aço temperado 0,20 0,25 a 0,30 0,40 a 0,50
Aços liga 0,15 0,15 a 0,20 0,40 a 0,50
Ferro fundido 0,25 a 0,30 0,25 a 0,30 0,60
Bronze latão 0,30 a 0,35 0,30 a 0,35 0,70
Alumínio 0,30 a 0,35 0,30 a 0,35 0,80

1.3. Retificadora sem centro

A retificadora sem centro ou “centerless” é um tipo de retificadora especial muito usada na produção em
série de peças cilíndricas. A peça, apoiada numa régua guia, é conduzida pelo rebolo e pelo rebolo de
arraste não abrasivo.

O rebolo de arraste gira devagar e serve para imprimir movimento à peça e para produzir o avanço
longitudinal. Por essa razão, o rebolo de arraste possui uma inclinação de 3 a 5 graus.

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Fonte: Telecurso – Processos de fabricação 3.

1.4. Retificadora afiadora

A retificadora afiadora é utilizada para afiação de ferramentas planas, cilíndricas e especiais, com cortes
laterais e de faces. Com a utilização de acessórios é possível realizar afiações em diversos tipos de
ferramentas, como por exemplo, fresas cilíndricas, helicoidais, ferramentas de torno, brocas,
alargadores, entre outras.

Fonte: Afiadora Universal de Ferramentas AMX-15

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2. Acessórios para retificação

2.1. Suporte balanceador

É um acessório indispensável para balancear rebolos que geralmente acompanha as retificadoras.


Existem dois tipos principais de suporte: os de cilindros retificados e os de régua com fio.

Suporte balanceador de cilindros retificados Suporte balanceador de régua com fio

Estes suportes podem se diferenciar em sua forma e são constituídos por um corpo de ferro fundido,
réguas com fio ou cilindros de aço tratados termicamente e retificados, fixados ou apoiados na parte
superior do corpo, contendo ou não nível de bolha.

Na parte inferior do corpo existem parafusos para nivelamento do suporte. O nível de bolha, quando
existente, encontra-se em uma parte próxima da base. Cao contrário, deve-se utilizar um nível de bolha
de precisão portátil.

Para perfeitas condições de uso, o suporte de balanceamento deve estar:

 Com as réguas ou cilindros sem sulcos ou marcas;


 Com o eixo de balanceamento dentro da tolerância de coaxialidade.

2.1.1.Eixo de balanceamento

Produzido em aço, tratado termicamente e retificado, é composto de dois corpos cilíndricos do


mesmo diâmetro nos extremos e, na parte central, um cone no qual, é fixado com uma porca o
conjunto rebolo flange. Deve ser manuseado com muito cuidado, evitando quedas e choques para
não danificá-lo.

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2.1.2.Flange

Este acessório serve para montar como também para balancear os rebolos. Fabrica-se em aço e
está constituído por: cubo-flange, flange superior, jogo de contrapesos e
parafusos de fixação. O cubo-flange e flange superior se complementam e fixam entre
si o rebolo, por meio dos parafusos.

Flange Contrapeso

2.1.3.Mandris

São eixos de aço com um extremo para fixação do rebolo. São acessórios confeccionados pelos
fabricantes das retificadoras dada a especificidade do sistema de fixação.

Fonte: manual da retificadora Ferdimat

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2.2. Placa magnética

Placas magnéticas são dispositivos usados para fixar peças de metal ferroso em máquinas operatrizes
(retificadoras, plainadoras, fresadoras e eletro-erosão), por meio de atração magnética. O
funcionamento das placas magnéticas se baseia em um conjunto de imãs permanentes, responsáveis
pela criação do campo magnético.

2.2.1.Classificação

Quanto à forma

Há dois tipos de placas magnéticas: as de forma prismática (retangulares), geralmente adaptadas em


mesas de máquinas, e as de forma cilíndrica (circulares) que podem ser adaptadas a eixos de
cabeçotes porta-peças. As placas magnéticas cilíndricas podem adaptar-se também a mesas de
máquinas ferramenta.

Placa magnética - Ímãtec Produtos Magnéticos Ltda Epp

Quanto à fixação

A placa pode ser magnetizada com imãs permanentes ou por meio de corrente elétrica contínua.
Dessa forma, pode ser chamada de placa de imã permanente ou placa eletromagnética,
respectivamente.

2.2.2.Acionamento

Quanto a forma de acionamento, as placas magnéticas estão divididas basicamente em três tipos:

 Placas magnéticas - esse tipo de placa não utiliza energia elétrica e sua vida útil (na área
magnética) é indefinida. O acionamento é realizado manualmente por uma alavanca lateral, que
ao ser girada 180º provoca o deslizamento do núcleo dos ímãs permanentes produzindo um

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campo magnético na superfície superior da placa proporcionando uma forte aderência entre
placa e peça, fixando-a.

 Placas eletromagnéticas - a magnetização é gerada por um conjunto de bobinas internas que são
eletricamente energizadas.

Ao acionar uma chave inversora externa, ligam-se as bobinas a um circuito de corrente contínua
produzindo-se campos magnéticos, que se transmitem à superfície das peças separadas (que
formam a placa superior), fixando fortemente a peça. Terminada a operação inverte-se o sentido da
corrente por meio da chave inversora por breve tempo para desmagnetizar a peça, desligando-se em
seguida para retirá-la.

Observação:
Não se deve usar fluido de corte nas placas eletromagnéticas, a não ser que estas tenham
constituição especial, apropriada a refrigeração úmida.

 Placas eletro permanentes - tem o seu acionamento por meio de um surto de tensão, que
fornece um impulso elétrico a um conjunto interno de ímãs permanentes. Após a magnetização,
a peça presa na placa não se soltará, mesmo com a falta de energia, ocasionada por queda de
tensão, corte de cabo ou queima de bobina. O desligamento ocorre pela emissão de um novo
impulso elétrico de efeito inverso, que soltará a peça, desmagnetizando-a.

2.2.3.Vantagens e desvantagens

A fixação da placa na máquina é rápida e fácil, pois não necessita de alinhamento, a não ser que se
use a régua de referência. Outra vantagem não conseguida com outros sistemas é que permite a
fixação de peças de pouca espessura ou de fácil deformação ou de difícil fixação.

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A placa magnética tem a desvantagem de não poder fixar peças que não tenham propriedades
magnéticas como o alumínio, cobre e bronze.

2.2.4.Manutenção e conservação

É importante a revisão periódica do magnetismo da placa, e em caso de perda das propriedades


magnéticas, será necessário repará-la.

Para estar em condições de uso, deve ter sua superfície livre de sulcos e rebarbas, os furos roscados
para fixar as réguas devem estar em bom estado e, depois de concluído o trabalho, recomenda-se
uma limpeza e aplicação de uma película fina de óleo, graxa ou vaselina para evitar a oxidação.

2.3. Nível de precisão

Utilizado para nivelar máquinas de precisão ou na medição de planeza. Dada a sua aplicação, deve ter a
inscrição da sensibilidade em seu corpo.

Fonte: Novo TC – Manutenção – Fig. 8A

Os níveis de precisam podem ser encontrados no formato quadrangular, utilizados para nivelamento de
máquinas de precisão, com referência ao plano horizontal ou vertical. Também devem conter a inscrição
de sua sensibilidade.

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O nível de precisão é fabricado de ferro fundido e apresenta ampolas de vidro ligeiramente recurvadas,
preenchidas com um líquido que pode ser álcool, éter ou benzina.
O pequeno espaço das ampolas, não ocupado pelo líquido, mas pelo seu vapor, é chamado bolha.

Quando o instrumento está na horizontal, a bolha para no centro do vidro, limitada por duas linhas de
referência. Este tipo de nível é conhecido por nível de bolha.

Nos dois lados da divisão central são traçados outras divisões eqüidistantes que servem para dar o valor
do afastamento em relação ao centro.

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3. Rebolos

Rebolo é uma ferramenta abrasiva constituída de grãos abrasivos ligados por um aglutinante ou liga, com
formas e dimensões definidas. É utilizado nos trabalhos de cortar, desbastar, retificar e afiar.

3.1. Tipos de rebolos

A representação dos tipos de rebolos é feita por meio de símbolos, conforme norma. Na tabela abaixo
são apresentados exemplos de tipos de rebolos.

Tipo 1: Reto Tipo 2: Anel Tipo 5: Rebolo Tipo 11: Copo cônico
Tipo 6: Copo reto
rebaixado de um lado

Tipo 12: Prato Tipo16 : Rebolo com Tipo 31: Segmentos Tipo 35: Anel colado Tipo 41: Disco de corte
bucha roscada ogival ou fixado

A seta preenchida ( ► ) indica a superfície de trabalho.

3.2. Classificação

O rebolo é classificado segundo o tipo de abrasivo, tamanho do grão, dureza, porosidade e aglomerante
(liga).

3.2.1.Abrasivo

O abrasivo é um produto granulado, sintético ou natural, usado de várias formas com a finalidade de
remover o material das superfícies das peças.

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3.2.2.Tipos de abrasivos

Abrasivo Símbolo Aplicação

Óxido de alumínio cinza ou marrom A Aços carbono não tratados até 45RC, ferros fundidos cinzentos.

Óxido de alumínio branco AA Aços liga, aços tratados termicamente até 62RC.
Óxido de alumínio cinza +
DA Aços tratados termicamente até 52RC.
Óxido de alumínio branco
Afiação de ferramentas: machos, fresas, etc.
Óxido de alumínio rosa DR
Aços especiais até 55RC.
Carbeto de silício preto C Ferro fundido cinzento, não ferrosos, não metálicos e vidro.
Metal duro, cerâmica, pedras semipreciosas, aços com dureza acima de
Carbeto de silício verde GC
62RC.

Observação:
Os fabricantes podem codificar tipos especiais de abrasivos.

3.2.3.Granulometria

Representada na especificação dos rebolos por meio de um número, a granulometria indica o


tamanho do grão abrasivo. Quanto menor o número indicado, maior o tamanho do grão e vice versa.
Rebolos com granulação grossa permite maior remoção de material e os com granulação fina
produzem melhor acabamento superficial.
Os fabricantes podem combinar os grãos em um mesmo rebolo. Essa combinação é indicada com
um código opcional na especificação. O tamanho do grão será o valor de seu número dividido por
25,4, por exemplo, grão número 60 mede 0,42mm.

O quadro a seguir mostra a classificação dos grãos em grosso, médio, fino e muito fino.

Grosso Médio Fino Muito fino


4 30 70 230
5 36 80 240
6 40 90 280
7 46 100 320
8 54 120 360
10 60 150 400
12 180 500
14 220 600
16 800
20 1000
22 1200
24 1500
2000

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3.2.4.Dureza

O termo dureza, quando aplicado ao rebolo, refere-se à tenacidade com que o aglutinante retém as
partículas cortantes ou grãos abrasivos.

O grau de dureza é designado por letras em ordem crescente, de A a Z. A classificação do rebolo


quanto à dureza é dada pelo quadro a seguir.

Extremamente Extremamente
Muito mole Mole Médio Duro Muito duro
mole duro

A E K O S W X

B F J N R V Y

C G I M Q U Z

D - H L P T -

3.2.5.Porosidade

Porosidade ou estrutura é o espaço existente entre os grãos abrasivos e o aglutinante. Proporciona o


ângulo de corte ao grão e está simbolizada por uma série de números de 0 a 99. Quanto maior for a
numeração, mais aberto será o aglutinamento dos grãos.

3.2.6.Aglomerante

O aglomerante é um material utilizado para ligar os grãos abrasivos, formando ferramentas


abrasivas.

3.2.7.Tipos de liga

Liga Representação
Ligas resinoides e outras ligas orgânicas termofixas B
Liga resinoide de fibra reforçada BF
Liga do tipo shellac E
Liga de magnesita MG
Liga de termoplástico PL
Liga de borracha R
Liga de borracha reforçada RF
Liga vitrificada V

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3.3. Especificação de rebolos

A marcação feita nos rebolos, informando dimensão e especificação, facilita ao usuário a sua
identificação e a apropriada utilização da ferramenta abrasiva.

3.3.1.Identificação

Os fabricantes normalmente marcam os rebolos na seguinte ordem quanto às suas dimensões:

 Tipo de rebolo (por exemplo, Tipo 1 – Reto).


 Diâmetro externo (por exemplo, D = 254 mm).
 Altura total do rebolo (por exemplo, T = 25,4 mm).
 Diâmetro do furo (por exemplo, H = 75 mm).
 RPM máximo (por exemplo, RPM = 2300).

Observação:
Os rebolos também podem ser marcados com códigos do fabricante para designar características
especiais.

3.3.2.Marcação da especificação

Os rebolos são marcados quanto à sua especificação na seguinte ordem:

 Tipo de abrasivo.
 Tamanho do grão.
 Dureza.
 Porosidade.
 Aglomerante (liga).
 Identificação da liga (variação conforme fabricante)

Exemplo

Tipo 1, 254 x 25,4 x 75 AA 60 K6V, 2300 RPM

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Tipo de rebolo Tipo 1


Diâmetro externo 254
Altura total 25,4
Diâmetro do furo 75
Tipo de abrasivo AA
Tamanho do grão 60
Dureza K
Porosidade 6
Aglomerante (liga) V
RPM máximo 2300

3.4. Características e aplicações

Os rebolos são construídos em formatos diferentes. Estes formatos são padronizados e apropriados
para aplicações específicas, visando o melhor desempenho do trabalho.

Rebolo
Ferramentas abrasivas Ferramentas abrasivas tipo
Descrição do rebolo Segmentos e anéis montado Limas
com alívios ou rebaixos copo ou prato
em haste

Formato

Tipo
1 5 7 6 11 12 31 35 36-37 52 54
Máquinas
Cilíndrica ● ● ●

Eixo-comando ● ●

Centerless ● ● ●
Retificas de

brocas
Retifica de roscas ● ● ●

Retifica Interna ● ● ● ●

Superacabamento ●

Retifica Plana ● ● ● ● ● ● ● ●
Retifica de
● ●
Engrenagem
Retifica de esferas de

rolamentos
Afiação de
● ● ● ● ● ● ●
ferramentas
Afiação de serras ● ●
Operação de
● ● ● ● ● ● ●
rebarbação

Outros tipos de rebolo, suas dimensões detalhadas e perfis encontram-se especificadas nos desenhos
de catálogos dos fabricantes.

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3.5. Inspeção

Se observados todos os tópicos, a operação de remoção de material com abrasivos é segura, porém,
acidentes acontecem. Estes acidentes são motivados mais por desconhecimento dos fatores envolvidos
na operação do que por defeito de fabricação do rebolo.

No recebimento do rebolo, o usuário deve:

 Examinar o material recebido para verificar possíveis danos durante o transporte.


 Caso o rebolo apresente algum defeito não deve ser utilizado, podendo ocasionar ferimentos ao
usuário e também avarias ao equipamento.
 Realizar teste de som nos rebolos com liga vitrificada.
 Realizar inspeção dimensional.
 Verificar características e marcação de rotações máximas.

Na montagem da máquina, o usuário deve:

 Realizar inspeção visual.


 Realizar teste de som nos rebolos com ligas vitrificadas.
 Realizar inspeção dimensional.
 Montar o rebolo sem forçá-lo no eixo e nos flanges.
 Sempre usar rótulos novos nas montagens. Eles devem garantir a cobertura de toda a área de
contato.
 Observar que os flanges tenham o mesmo diâmetro e a mesma área de contato com o rebolo.
 Observar que os flanges tenham no mínimo 1/3 do diâmetro do rebolo.
 Apertar parafusos e porcas.
 Realizar o balanceamento do rebolo.
 Realizar teste de rotação. Deve deixar o rebolo girar no mínimo 2 minutos, na velocidade de
trabalho, com as devidas proteções e afastamento do usuário, evidenciando problemas que podem
ocasionar a quebra do rebolo e que não foram identificados em ensaios anteriores.

3.6. Armazenagem

A armazenagem ou estocagem dos rebolos devem seguir normas específicas:

 Quase todos os rebolos retos e rebaixados, de altura média, devem ser colocados em prateleiras
com divisões, permitindo o apoio em dois pontos.
 Anéis e copos retos, de grande diâmetro, podem ser empilhados, intercalados com papel corrugado

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Caderno de Informação Tecnológica - Retificação

ou papelão ou guardados em prateleiras com divisões, apoiados em dois pontos.


 Rebolos pequenos de vários formatos podem ser guardados em gavetas ou caixas.

3.7. Proteção pessoal

O operador deve trabalhar com óculos de segurança ou protetor facial para proteger os olhos das
fagulhas que se desprendem durante o processo de usinagem.

Para evitar exposição ao pó em operações a seco, é necessário ligar um sistema de aspiração capaz de
absorver pó e cavacos pequenos.

Nas máquinas retificadoras deverá ser usado fluido de corte, sempre que possível, com sistema de
filtragem.

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Caderno de Informação Tecnológica - Retificação

Material elaborado, organizado e revisado para o Curso de Aprendizagem Industrial Mecânico de Usinagem, estruturado com base na
Metodologia SENAI de Educação Profissional: SENAI – DN, Brasília, 2013.

Elaboração, organização e revisão:


Escola SENAI “Ary Torres” – CFP 1.12
 Eduardo de Lélis Santos
Escola SENAI “Hermenegildo Campos de Almeida” – CFP 1.22
 Clayton Processo dos Santos
Escola SENAI “Eng. Octávio Marcondes Ferraz” – CFP 602
 Fernando Reinaldo dos Santos
Núcleo de Supervisão Educacional
 Edilson Rafael Milaré
 Luiz Alberto Castaldelli
 Marcio Antonio Barbosa
 Mário Minoru Kitazawa
Gerência de Educação
 Daniela Falcão Rocha
 Márcio José do Nascimento
 Regilene Ribeiro Danesi

Parte das ilustrações foram alteradas ou feitas por:


 Clayton Processo dos Santos – CFP 1.22
 Sylvio Roberto Scatolin Junior – CFP 5.12

Elaborado, organizado e revisado com base nos materiais:

 SENAI/SP. Mordente Metálico. Dario do Amaral Filho et ali. São Paulo, 1993.
 SENAI.SP. Tecnologia Aplicada I – Caminhão betoneira cara chata. 1997, atualizado pelo Comitê Técnico de Tecnologia
dos Materiais em 2007.
 SENAI.SP. Tecnologia Aplicada I – Caminhão betoneira cara chata. 1997, atualizado pelo Comitê Técnico de Processos
de Usinagem em 2008.
 SENAI.SP. Controle de Medidas. 1988, atualizado pelas unidades escolares do SENAI em 2009.
 SENAI.SP. Tecnologia Aplicada II – Caminhão betoneira cara chata. 1998, atualizado pelas unidades escolares do
SENAI em 2010.
 SENAI.SP. Tecnologia Aplicada I – Caminhão betoneira cara chata. 1997, atualizado pelas unidades escolares do SENAI
em 2011.
 SENAI.SP. Bloco paralelo . 2 ed. São Paulo, 1990. (Col. SMO Retificador Mecânico).

As seguintes revisões dos materiais acima foram consideradas:

Comitê Técnico de Tecnologia dos Materiais/2007


 Aécio Morais Lapa
 Evirley Lobo Marques
 Francisco Egidio Messias
 Gilberto Burkert
 Gilberto Carlos de Lima
 Marcelo da Silva Guerra
 Marcos Domingos Xavier
 Marcos Gonçalves de Oliveira
 Rogério Augusto Spatti

Comitê Técnico de Processos de Usinagem/2008 e 2009


 Carlos Alberto Dal Ri

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Caderno de Informação Tecnológica - Retificação

 Carlos Eduardo Binati


 Eduardo Gavira Bonani
 José Roberto da Silva
 Ladislau Luiz Marinho
 Leandro Caccalano
 Rogério Augusto Spatti
 Ronaldo Pereira da Silva

Comitê Técnico GED/FIC Metalmecânica/2010


 Raul Callori
 Antonio Varlese
 Celso de Hypólito
 Eduardo Francisco Ferreira
 Eugenício Severino da Silva
 Humberto Aparecido Marim
 José Carlos de Oliveira
 José Serafim Guarnieri
 Manoel Tolentino Rodrigues Filho
 Rinaldo Afanasiev
 Roberto Aparecido Moreno

Unidades Escolares do SENAI-SP/2009


Conteúdo técnico atualizado por docentes das Unidades Escolares com critérios definidos pela Gerência de Educação do SENAI-SP em
concordância com a Ditec 010 v.6 – Diretrizes para a produção de material didático impresso.

Unidades Escolares do SENAI-SP/2010


Conteúdo técnico atualizado por docentes das Unidades Escolares com critérios definidos pela Gerência de Educação do SENAI-SP em
concordância com a Ditec 010 v.6 – Diretrizes para a produção de material didático impresso.

Unidades Escolares do SENAI-SP/2011


Conteúdo técnico avaliado por docentes das Unidades Escolares com critérios definidos pela Gerência de Educação do SENAI-SP em
concordância com a Ditec 010 v.6 – Diretrizes para a produção de material didático impresso.

Créditos dos materiais de referência:

Elaboradores:
 Abilio José Weber
 Adriano Ruiz Secco
 Alfredo Marangoni
 Benjamin Prizendt
 José Ari de Lima Nelson Cruz Paiva Sebastião Luiz da Silva
 Regina Célia Roland Novaes
 Selma Ziedas
Ilustradores:
 Gilvan Lima da Silva
 José Joaquim Pecegueiro
 José Luciano de Souza Filho
 Leury Giacomeli

Outras referências:

FROTA, Maurício Nogueira; OHAYON, Pierre. Padrões e unidades de medida: referências metrológicas da França e do
Brasil/INMETRO. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 1999.

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Caderno de Informação Tecnológica - Retificação

SCHIMIDT, Walfredo. Metrologia Aplicada. São Paulo: Editora EPSE, 2003.

BRASIL, Nilo Indio. Sistema Internacional de Unidades: grandezas físicas e físico-químicas: recomendações das Normas ISO para
terminologia e símbolos. Rio de Janeiro: Interciência, 2002.

INMETRO. Vocabulário Internacional de Metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados. Duque de Caxias, Rio de
Janeiro: INMETRO, 2012.

INMETRO. Sistema Internacional de Unidades: SI. Duque de Caxias, Rio de Janeiro: INMETRO/CICMAI/SEPIN, 2012.

http://mmborges.com/processos/USINAGEM/FURACAO.htm

http://www.solucoesindustriais.com.br/images/produtos/imagens_148/p_base-magnetica-para-furadeira-9.jpg

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Caderno de Informação Tecnológica - Retificação

CONTROLE DE REVISÕES

REV. DATA NATUREZA DA ALTERAÇÃO

00 27/10/2015 Primeira emissão – versão preliminar para piloto

01 27/09/2017 Primeira revisão – versão para implantação na rede

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