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8 - nº 3 • 2013
Sumário
ARTIGOS ORIGINAIS
Prevalência de sinais e sintomasosteomioarticulares em trabalhadores de cerâmica de São Miguel do Guamá - PA ......... 125
Willame Venícios de Lima Silva, Wellington Pinheiro de Oliveira, Valéria Conceição Passos de Carvalho
Influência do cuidador no comprometimento funcional e na qualidade de vida em doença Parkinson ............................ 131
Priscila Souza Batista, Tereza Cristina Carbonari de Faria, Carolina Kosour, Andreia Maria Silva, Adriana Teresa Silva, Luciana Maria dos Reis
Acidente Vascular Encefálico: perfil do cuidador informal de pacientes atendidos por um centro de
referência de Campina Grande/PB, Brasil ......................................................................................................................... 134
Henrique de Almeida Veras, Kívia Meira Guedes Barros, Tatiane Lima de Araújo Silva
Perfil sócio demográfico e hábitos de vida dos fisioterapeutas brasileiros ........................................................................ 147
Tatiane Lima de Araújo Silva, João Carlos Alchieri
REVISÃO
Exercício físico para disfunção muscular periférica na DPOC ............................................................................................ 155
Antonio Kerlon Araújo Lira, Maria Tereza Aguiar Pessoa Morano, Leidelamar Rosário Alves de Oliveira,
Thais Muratori Holanda, Mirizana Alves-de-Almeida
RELATO DE CASO
Abordagem fisioterapêutica na doença de Wilson ........................................................................................................... 172
Cláudia Batista Siqueira Leite, Juliana Batista de Noronha
Análise da funcionalidade de pacientes vítimas de acidente vascular encefálico – AVE após intervenção
fisioterapêutica no ambulatório da UFAM – ISB Coari, AM, Brasil ..................................................................................... 175
Elane Marinho de Lira, Irlei dos Santos, Alessandro dos Santos Pin
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A Revista Fisioterapia Ser é um periódico Técnico-científico sobre fisioterapia, registrado no International Standard
Serial Number (ISSN), sob o código 1809-3469, com distribuição trimestral no Brasil e na América Latina. É uma
publicação dirigida a fisioterapeutas, professores, pesquisadores, acadêmicos de fisioterapia, empresários e de-
mais instituições da área.
Editor Científico
Mário Antônio Baraúna - Uberlândia / MG
Conselho Científico
Alessandro dos Santos Pin (UFAM - Coari/AM) Júlio Guilherme Silva (UNISUAM - Rio de Janeiro)
Anke Bergmann (UNISUAM - Rio de Janeiro) Luís Guilherme Barbosa (UNEC - Minas Gerais)
Aureliano da Silva Guedes (UFPA - Belém/PA) Maria Goretti Fernandes (UNICAP - Recife/PE)
Beatriz Helena de S. Brandão (HSE - Rio de Janeiro) Mário Bernardo Filho (UERJ - Rio de Janeiro)
Bianca Callegari (UFPA - Belém/PA) Mário Oliveira Lima (UNIVAP - São Paulo)
Dean Azeredo Rodrigues de Oliveira (UEMG - Minas Gerais) Nadja de Souza Ferreira (UERJ - Rio de Janeiro)
Diego B. Colugnati (UFPI - Parnaíba/PI) Patrícia Froes Meyer (UFRN - Rio Grande do Norte)
Elhane Glass Morari-Cassol (UFSM - Santa Maria/RS) Sérgio Nogueira Nemer (HCN - Niterói/RJ)
Geraldo Magella Teixeira (UNCISAL - Maceió/AL) Vasco Pinheiro Diógenes Bastos (CUEC/FIC - Fortaleza/CE)
Jones Eduardo Agne (UFSM - Rio Grande do Sul) Victor Hugo do Vale Bastos (UFPI - Parnaíba/PI)
Assessores
Alessandro Júlio de Jesus Viterbo de Oliveira (UFAM - AM) Kátia Maria Marques de Oliveira (UCB - Rio de Janeiro)
Alexsander Evangelista Roberto (Rio de Janeiro - RJ) Leandro Azeredo (Rio de Janeiro - RJ)
Blair José Rosa Filho (UNIVERSO - Niterói/RJ) Ludmila Bonelli Cruz (UNIVERSO - Minas Gerais)
Fábio dos Santos Borges (UNESA - Rio de Janeiro) Marcelo Zaharur (FG - Guarulhos/SP)
Fábio Marcelo Teixeira de Souza (FRASCE - Rio de Janeiro) Marcos Antônio Orsini Neves (ESEHA - Rio de Janeiro)
Fernando Zanela da Silva Arêas (UFAM - AM) Maurício de Sant’ Anna Junior (UFRJ - Rio de Janeiro)
Geraldo Magela Cardoso Filho (UNITRI - MG) Nílton Petrone Vilardi Jr. (Rio de Janeiro - RJ)
Hélia Pinheiro Rodrigues Corrêa (UCB - Rio de Janeiro) Palmiro Torrieri (Rio de Janeiro - RJ)
Hélio Santos Pio (Rio de Janeiro - RJ) Odir de Souza Carmo (Rio de Janeiro - RJ)
Henrique Baumgarth (ABCROCH - Rio de Janeiro) Renato Campos Freire Júnior (UFAM - AM)
Jefferson Braga Caldeira (UNIGRANRIO - Rio de Janeiro) Rodrigo Cappato de Araújo (UPE - Pernambuco)
José da Rocha Cunha (UNESA - Rio de Janeiro) Rogério Eduardo Tacani (SÃO CAMILO - São Paulo)
José Tadeu Madeira de Oliveira (UNIG - Rio de Janeiro) Wagner Teixeira dos Santos (UGF - Rio de Janeiro)
Karla Maria Pereira Baraúna (Uberlândia - MG) Wellington Pinheiro de Oliveira (CESUPA - PA)
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Artigo Original
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Abstract
Introduction: The Municipality of São Miguel do Guamá, stands out as the largest ceramic center of the northern region,
employing about 18% of the local population. The activity of workers ceramic, requires repetitive stress and resistance,
requiring workers a high degree of performance that often exceeds its physical limit of the musculoskeletal system, leading to
the development of work-related musculoskeletal disorders. Therefore, this study aimed to identify the prevalence of
musculoskeletal symptoms and signs in workers ceramic of São Miguel do Guama (PA-Brazil). Methodology: Participants were
45 workers ceramic male, young adults, with 15 in the function of carrilheiros, 15 forneiros and 15 biqueiros, who agreed to
answer the Nordic Musculoskeletal Questionnaire, a questionnaire developed to standardize the measurement of reported
musculoskeletal symptoms. Results: It was found that 95,45% of workers reported pain or discomfort in at least one of the
body regions, these symptoms were frequent in the last 12 months and 7 days. It was observed that 24,44% of workers were
out of work in the last 12 months and the lumbar region was the most affected regardless of job function. Conclusion: The
study shows that the regions affected are related to the function and feature of work and demonstrates a high prevalence of
musculoskeletal symptoms in workers ceramic of São Miguel do Guama.
Keywords: prevalence, musculoskeletal symptoms, workers ceramic, nordic questionnaire.
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Tabela 1: Distribuição de dor ou desconforto nas regiões mais acometidas nos trabalhadores de cerâmica de São Miguel
do Guamá (PA).
3 (6,66%) ceramistas apenas. A região dorsal apresentou mai- Quando analisados os MMII na Figura 5, percebemos
or prevalência de dor ou desconforto nos carrilheiros e que a região dos joelhos foi mais prevalente de dor ou des-
biqueiros, com 5 (11,11%) acometidos cada, seguido dos conforto nos carrilheiros (6 - 13,33%), que nos biqueiros
forneiros com somente 2 (4,44%) trabalhadores, como apre- (2 - 4,44%) e forneiros (1 - 2,22%). Na região dos quadris/
sentado na Figura 3. coxas os mais acometidos também foram os carrilheiros
(5 - 11,11%), seguido pelos forneiros (3 - 6,66%), e nenhum
Figura 3: Distribuição de dor ou desconforto na coluna ver-
acometimento nos biqueiros e da mesma forma para os pés/
tebral em relação à função nos trabalhadores de cerâmica de
tornozelos, onde os carrilheiros foram os mais acometidos
São Miguel do Guamá (PA).
(5 - 11,11%), com os forneiros e biqueiros em seguida com
mesma frequência (1 - 2,22%).
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Tabela 2: Distribuição de afastamento do trabalho por re-giões corporais nos trabalhadores de cerâmica de São Miguel do
Guamá (PA).
Fonte: do autor.
lombar apresentou a maior prevalência de dor de 92,5%, como
observado nesta pesquisa.
Discussão Observou-se no estudo de Ghiotto e Saraiva12, com tra-
Existe uma carência na literatura científica de trabalhos balhadores da indústria metalúrgica da Serra Gaúcha (RS), na
que abordem a prevalência de alterações de saúde em trabalha- qual apresentaram maior prevalência de desconforto
dores das indústrias de cerâmica, portanto, dificultando a com- osteomuscular na coluna vertebral, e mais especificamente
paração com os achados da presente pesquisa, que levou os na região lombar com frequência de 63,2%, seguido pela re-
autores a fazê-lo com pesquisas de outras categorias laborais. gião cervical com 50,0% e pela região dorsal com 49,2%, como
A amostra da presente pesquisa contou com um grupo observado no presente estudo, no qual a região lombar
de trabalhadores das Cerâmicas de São Miguel do Guamá (88,88%) foi a mais afetada, seguida da região cervical (31,11%)
(PA), com média de idade de 29,26 anos, todos do sexo mas- e região dorsal com 26,66%, evidenciando maior agressão às
culino, como observado no trabalho de Batiz et al8, que regiões mais móveis da coluna vertebral.
pesquisou um grupo de trabalhadores movimentadores de Na pesquisa de Mores3, com coletores de lixo de uma
mercadorias com cargas, no qual, todos os operários eram do empresa do Vale dos Sinos (RS), na qual observou que nos
gênero masculino, com média de idade de 30 anos, corrobo- membros superiores a região mais afetada foram os ombros
rando os achados da presente pesquisa. (53,3%), seguida pelos punhos/mãos/dedos (36,7%) e as re-
Em uma pesquisa da Orquestra do ABCD Paulista realiza- giões dos cotovelos e antebraços com a mesma frequência
da por Oliveira e Vezzá9, mostrou que apenas 5 (7%) dos 69 (13,33%), diferentemente do observado neste estudo, onde a
músicos afirmaram não sentir nenhuma dor nos 12 meses ou região mais acometida foi o punho/mão/dedos (55,55%), se-
nos 7 dias precedentes. Este estudo confirma os achados do guido pelos antebraços (40,00%) e ombros (37,77%) e com a
presente estudo, uma vez que, apenas 2 entrevistados (4,44%) menor frequência os cotovelos (15,55%), possivelmente rela-
não relataram sentir nenhuma dor. cionado à função manual dos trabalhadores de cerâmica.
No estudo de Texeira et al 10, as análises apontaram que Para os membros inferiores observou-se na pesquisa de
90% dos músicos de uma orquestra semiprofissional da re- Silva13, com operadores da colheita florestal mecanizada de
gião Sul do Brasil , relataram dores nos últimos 12 meses em Viçosa (MG), uma maior frequência na região dos tornozelo/
alguma região do corpo, concordando com os achados deste pés (10,5%), seguida pelos joelhos (8,6%) e quadris/coxas
estudo, pois foi encontrada a presença de dor em 95,45% dos com apenas (3,9%), discordando dos achados deste estudo
trabalhadores durante os últimos 12 meses, mas diferente- onde a maior prevalência ocorreu nos joelhos (20,00%), de-
mente dos achados dos trabalhadores da Indústria pois nas coxas/quadris (17,77%) e com menor prevalência os
Metalúrgica de Canoas (RS), onde Picoloto e Silveira11 evi- tornozelos/pés (15,55%).
denciaram a presença de dor em 75,2% para o mesmo período, Em relação ao afastamento do trabalho foi observado no
demonstrando nas diferentes pesquisas um quadro crônico presente estudo que 24,44% dos trabalhadores foram afasta-
nas alterações musculoesqueléticas destes trabalhadores. dos das cerâmicas nos últimos 12 meses, confirmando os
Picoloto e Silveira11 identificaram em seu estudo, que tanto dados no estudo de Picoloto e Silveira11 em que 38,5% dos
nos últimos 12 meses como nos últimos 7 dias, a região mais trabalhadores já foram afastados do trabalho pela presença
acometida foi a coluna lombar (45%), concordando com os de dor e desconforto osteomusculares.
resultados da presente pesquisa, pois, tanto nos últimos 12 Quanto a região corporal que causou mais ausência no tra-
meses quanto nos últimos 7 dias a região anatômica mais balho nas cerâmicas nos últimos 12 meses, foi identificada a
acometida também foi a coluna lombar (88,88%). Pode-se ob- região lombar (24,44%), confirmando também os dados de
servar também, os achados do trabalho de Batiz et al8 com Picoloto e Silveira11 onde a lombar (22,9%) foi a região corporal
movimentadores de mercadorias com cargas, no qual a região que causou maior ausência ao trabalho, ambos resultados foram
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considerados estatisticamente significantes. Diferentemente dos das cerâmicas do município de São Miguel do Guamá (PA) e
achados de Serranheira et al14 que evidenciou nos trabalhado- demais olarias no Brasil.
res de uma Grande Empresa de Portugal uma maior prevalência
de afastamento proveniente de dores no joelho (15,5%). Referências
1. Nunes HM. Atividade ceramista: a cerâmica vermelha, seu sistema de produção e
suas implicações ambientais e socioeconômicas [monografia]. Belém: Universi-
Conclusão dade do Estado do Pará; 2006.
O presente estudo demonstrou uma grande prevalência 2. Valério GC. Pólo Cerâmico e dinâmica territorial do desenvolvimento em São Miguel
do Guamá [dissertação]. Belém: Universidade Federal do Pará; 2010.
de sintomas osteomiarticulares nos trabalhadores do municí- 3. Mores M. Prevalência de queixas osteomusculares em coletores de lixos em uma
pio de São Miguel do Guamá, dos quais, todos são homens, empresa do Vale dos Sinos – RS [monografia]. Novo Hamburgo: Centro Univer-
sitário FEEVALE; 2008.
com faixa etária média de vinte e nove anos, com turno de 4. Bachiega JC. Sintomas de distúrbios osteomusculares relacionados a atividades
trabalho de cerca de oito horas por dia em três funções de de cirurgiões-dentistas brasileiros [dissertação]. São Paulo: Universidade Nove
de Junho; 2009.
trabalho básicas: carrilheiros, forneiros e biqueiros. 5. Hungue TV, Pereira AAJ. Prevalência de dor osteomuscular entre os funcionários
A maioria dos trabalhadores estudados referiram dores administrativos da Unifebe. Revista da Unifebe. 2011; 9.
6. Pinheiro FA, Tróccoli BT, Carvalho CV. Validação do questionário Nórdico de
em alguma região do corpo ou em mais de uma, das quais se Sintomas Osteomusculares como medida de morbidade. Revista de Saúde Públi-
apresentaram da mesma forma durante os últimos doze meses ca. 2002; apud Kuorinka I, Jonsson B, Kilbom A. Standardised Nordic
e os últimos sete dias. questionnaires for the analysis of musculoskeletal symptoms. Appl Ergon, 1987;
18:233-237.
Este estudo evidenciou ainda que a s regiões acometidas 7. Mardock CBJ, Moraes SPC, Sampaio YR, Oliveira WP. Prevalência de Sinais e
estão correlacionadas com o trabalho, devido à exigência dos Sintomas Musculoesqueléticos em Músicos da Orquestra Sinfônica do Theatro
da Paz. Fisioterapia Ser, 2012; 7(3):144-148.
mesmos, dentre as quais a mais prevalente tanto a curto, quanto 8. Batiz EC, Silva JLN, Anzardo OEL. Prevalência dos sintomas musculoesqueléticos
a longo prazo foi a região lombar na coluna vertebral, o punho/ em movimentadores de mercadorias com cargas. Associação Brasileira de Enge-
nharia de Produção. 2011; 23(1).
mão/dedos nos membros superiores e os joelhos nos membros 9. Oliveira CFC, Vezzá FMG. A saúde dos músicos: dor na prática profissional de
inferiores, porem sem diferenças estatisticamente significantes. músicos de orquestra no ABCD paulista. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional.
2010; 35(121):33-40.
Em relação ao afastamento do trabalho nos últimos doze 10. Teixeira CS, Kothe F, Pereira EF, Gontijo LA, Merino EAD. O trabalho dos mú-
meses, foi observado que há uma forte relação entre o núme- sicos: análise das queixas musculoesqueléticas e suas relações com a prática
instrumental. Associação Brasileira de Engenharia de Produção. 2010 Jun;
ro de afastamentos e a presença de dores nos diferentes lo- 10(2):325-341.
cais do corpo, com diferenças altamente significantes. 11. Picoloto D, Silveira E. Prevalência de sintomas osteomusculares e fatores asso-
O presente estudo evidenciou as características prevalen- ciados em trabalhadores de uma indústria metalúrgica de Canoas–RS. Universi-
dade Luterana do Brasil. 2007 Ago; 13(2):507-516.
tes na sintomatologia musculoesquelética presente em traba- 12. Ghiotto G, Saraiva MC. Prevalência de sintomas osteomusculares em trabalhado-
lhadores de cerâmica, trazendo a necessidade de mais pes- res da indústria metalúrgica da Serra Gaúcha, RS. FEEVALE; 2011.
13. Silva EP. Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho de operadores da
quisas a cerca do tema. Possibilitou a proposição de progra- colheita florestal mecanizada [tese]. Minas Gerais: Universidade Federal de Vi-
mas de prevenção dos sinais e sintomas observados, como çosa; 2011.
14. Serranheira F, Pereira M, Santos CS, Cabrita M. Autorreferência de sintomas de
forma de amenizar os problemas ergonômicos presentes, bem lesões músculo- esqueléticas ligadas ao trabalho (LMELT) numa grande empresa
como um acompanhamento mais efetivo dos trabalhadores em Portugal. Revista Ocupacional. 2003; 21(2): 37 – 47.
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Figura 1: Correlação entre os instrumentos Hoehn & Yahr e estado de saúde do indivíduo e ao maior comprometimento
PDQ-39. Os dados representam as médias dos valores obti- da doença, respectivamente.
dos em cada instrumento para cada sujeito da pesquisa. Estes resultados podem estar relacionados aos cuidados
prestados em pacientes com maior comprometimento. Segun-
do Wanderley4, a prática do cuidador é comum no espaço
doméstico, com objetivo de oferecer atenção personalizada
aos indivíduos que necessitam de cuidados especiais, favo-
recendo o estado geral de saúde dos mesmos.
Foi observada também correlação direta entre a escala Hoehn
& Yahr e a UPDRS, demostrando que quanto maior o comprome-
timento da doença, pior o estado de saúde do indivíduo.
Segundo Schenkman9, o comprometimento maior da do-
ença e as alterações na marcha e na postura contribuem para o
alto risco de quedas, tornando-se o indivíduo com DP depen-
Figura 2: Correlação entre os instrumentos PDQ-39 e UPDRS. dente nas atividades funcionais, porém o mesmo deixa de fazer
Os dados representam as médias dos valores obtidos em cada suas atividades que lhe proporcionam prazer devido a suas
instrumento para cada sujeito da pesquisa. limitações, tornando-se isolado da sociedade e assim agravan-
do seu estado de saúde e necessitando de auxílio de cuidadores.
Por meio deste estudo, sabe-se que a confiabilidade e a
validade estabelecidas não garantem que tais resultados per-
maneçam intactos, o que demonstra a importância de novos
estudos com maior número de sujeitos e menor variabilidade
de dados, para maior compreensão sobre o assunto.
Conclusão
A doença de Parkinson causa diferentes níveis de compro-
metimento motor de acordo com a progressão da mesma neces-
Figura 3: Correlação entre os instrumentos Hoehn & Yahr e sitando, com o decorrer do tempo, do auxílio de cuidadores.
UPDRS. Os dados representam as médias dos valores obti- Concluiu-se, neste estudo, que a presença de cuidadores no
dos em cada instrumento para cada sujeito da pesquisa. estágio tardio da doença influenciou de forma positiva em rela-
ção à qualidade de vida, na população estudada.
Referências
1. Marsha, EM. Distúrbios Metabólicos, Hereditários e Genéticos dos Gânglios Basais
em Adultos. In: Umphred, DA. Reabilitação Neurológica. 4rd ed. Traduzido por
Neurological rehabilitation, 4th ed Apendice. Barueri, SP: Manole, 2004, p.705-717.
2. Jones, D. Doença de Parkinson. In: Stokes M, et al. Neurologia para Fisioterapeu-
tas. 1rd ed. Traduzido por Prof. Danilo Vicente Define. São Paulo, SP: Premier,
2000, p.167-177.
3. Goulart F, Santos CC; , Luci FTS, Cardoso F . Análise do desempenho funcional
em pacientes portadores de doença de Parkinson. Acta fisiátr 2004; 11(1):12-16.
4. Wanderley M.B. (coord). A publicação do papel dos cuidadores domiciliares:
uma questão em debate. São Paulo: Instituto de Estudos Especiais – PUC,1998.
5. Camargos ACR, Cópio FCQ, Sousa TRR, Goulart F. O impacto da doença de
Parkinson na qualidade de vida: uma revisão de literatura. Rev Bras Fisioter.
2004;8(3):267-72.
vância na prática clínica, uma vez que permite o estabeleci- 6. Franchignoni F, Salaffi F. Quality of life assessment in rehabilitation medicine.
mento de metas e objetivos terapêuticos adequados em cada Eur Med Phys. 2003; 39:191-8.
7. Hoehn MM, Yahr MD. Parkinsonism: onset, progression and mortality. Neurology
caso. Entre os instrumentos mais utilizados podem ser cita- 1967; 17 (5): 427-42.
8. Goulart F, Pereira LX. Uso de escalas para avaliação da Doença de Parkinson em
dos a Escala de Hoehn & Yahr Modificada, voltada para ava- fisioterapeutas. Abril 2005; 11:49-56.
liação da incapacidade e estado geral de pacientes com Do- 9. Schenkman M, et al. Longitudinal evaluation of economic and physical impact of
Parkinson’s disease. Parkinsonism Relat Disord 2001; 8: 41-50.
ença de Parkinson7, a Escala Unificada de Avaliação de 10. Schenkman ML, Clark K, Xie T, Kuchibhatla M, Shinberg M, Ray L. Spinal
Parkinson (UPDRS), que avalia aspectos como Comporta- movement and performance of Standing Reach Task in participants with and
without Parkinson Disease. Phys Ther. 2001; 81(8):1400-11.
mento e Humor, Atividade de Intervenção de Vida Diária 11. Fahns S, Elton RL, and members of the UPDRS Development Committee. Unified
Parkinson’s disease Rating Scale. In: Fahn S, Marsden CD, Calne D, Goldstein
(AIVD’s), Exame Motor, Complicações da Terapia e Compli- M. Recent developments in Parkinson’s disease. Florham Park [NJ, USA]:
cações Gerais8,11,13,14 e o Questionário PDQ-39, utilizado na Macmillan Healthcare Information; 1987. p.153-63.
12. Jenkinson C, Fitzpatrick R, Peto V, Greenhall R, Hyman N. The Parkinson’s disease
avaliação de fatores relacionados à qualidade de vida4,12,15 . Questionnaire (PDQ-39): development and validation of a Parkinson’s disease
No presente estudo foi observada correlação direta não summary index score. Age Ageing 1997; 26: 353-7.
13. Martínez-Martín P, Gil-Nagel A, Gracia Lm, Gómez Jb, Martínez-Sarriés J, Bermejo
significativa entre os instrumentos Hoehn & Yahr e PDQ-39. F. Unified Parkinson’s Disease Rating Scale characteristics and structure. Mov
Disord 1994; 9 (1): 76-83.
Resultado semelhante, porém com significância estatística, 14. Van HJ, Van DZA, Zwinderman A, Roos R. Rating impairment and disability in
foi observado entre escalas UPDRS e PDQ-39. Ambos os re- Parkinson’s disease: evaluation of the Unified Parkinson’s Disease Rating Scale.
Mov Disord 1994; 9(1): 84-8.
sultados demonstram que a qualidade de vida, avaliada pelo 15. Hagell P, McKenna SP. International use of health status questionnaires in Parkinson’s
questionário PDQ-39, é diretamente proporcional ao menor disease: translation is not enough Parkinsonism Relat Disord. 2003; 10:89-92.
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Artigo Original
Henrique de Almeida Veras1, Kívia Meira Guedes Barros², Tatiane Lima de Araújo Silva³
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Abstract
Introduction: Stroke is characterized by the installation of neurological deficit, determined by a brain injury, secondary to
a vascular mechanism and not traumatic. The patient’s caregiver involved is of great importance for the evolution of patient
situation as well as improving their quality of life. Objective: Tracing the profile the caregiver of patients with stroke,
demonstrating its importance to rehabilitation of these patients. Methodology: This is a quantitative study of descriptive
character, realized in a reference center (CRANESP), with 37 caregivers of patients of Physiotherapy, between the months April
and May 2011. As collection instrument, we used a sociodemographic questionnaire, as well as issues relating to role of
caregivers. Results and Discussions: The results show that approximately 70% of caregivers are women, 54% married, 46%
with low education and not received professional training for this function. All the subjects considered themselves apt for the
patient’s care, despite the low level of education and lack of professionalism, and reported follow physiotherapy guidelines.
Conclusion: Carers need training with health professionals for a better qualification. Therefore, it is inferred the need for more
information to the caregiver, because the successful rehabilitation of patients also depends on their collaboration.
Keywords: stroke, physiotherapy, caregiver.
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sequelados de AVE8, assim como a predominância da faixa técnicas e procedimentos identificados com profissões legal-
etária de 40 a 59 anos9. mente estabelecidas 13.
Neste sentido, as equipes de Atenção Básica e atendi-
Gráfico 1: Distribuição dos gêneros (a) e faixas etárias (b)
mento domiciliar devem orientar e supervisionar as pessoas
dos cuidadores.
que estão cuidando de indivíduos no domicílio. Para tanto, o
vínculo entre profissionais e a família/cuidador é fundamen-
tal, pois estes devem ser reconhecidos como parceiros para
os cuidados em saúde e precisam do apoio dos profissionais,
capacitação e respaldo sempre que necessário.
Um outro aspecto da falta de profissionalismo dos
cuidadores pode ser confirmado na prática do cuidado a pa-
cientes incapacitados funcionalmente, pois verifica-se que
Outro dado que caracteriza os cuidadores de pacientes muitos cuidadores possuem grau de parentesco com os mes-
sequelados de AVE é o estado civil. Como se verifica no grá- mos, o que corrobora alguns estudos9, 12 que observaram a
fico 2 a seguir, no qual os cuidadores casados são os mais ação de parentes na posição de cuidadores.
prevalentes, seguidos pela situação de solteiro. Gráfico 4: Distribuição da realização de curso (a) e grau de
Os dados coletados são coincidentes com os de outros parentesco (b) dos cuidadores.
trabalhos científicos. Em um estudo realizado em 2009, no
ambulatório de Neurologia Hospital Universitário Walter
Cantídio, município de Fortaleza, a idade média dos cuidadores
foi de 47,8 anos, sendo também significativo o número de
cuidadores acima de 51 anos de idade, ou seja, pessoas em
processo de envelhecimento que se encontram independen-
tes, cuidando de dependentes10.
Desse modo, o predomínio dessa faixa etária (acima dos
40 anos de idade) infere que, nesta fase da vida adulta, o ser Assim, apesar de alguns cuidadores se considerarem pro-
humano requer uma maior atenção psicossociobiológica, o fissionais habilitados para a sua função, observamos a baixa
que nem sempre é uma situação fácil para os cuidadores que escolaridade dos mesmos (gráfico 3), a não realização de cur-
poderão ter complicações com o cuidado de si11. so prévio por todos eles (100%) para se tornar um cuidador
(gráfico 4a) e a relação de parentesco em cerca de 60% dos
Gráfico 2: casos analisados (gráfico 4b); dados que podem configurar
Distribuição indicadores da baixa qualidade da assistência ofertada aos
de estado civil sequelados de AVE, podendo interferir no andamento e nos
dos cuidadores. resultados da reabilitação funcional.
Em outro contexto, a inserção nas funções de cuidadores
motivados pela obrigação do cuidado ou pela necessidade
de amor por parte do paciente é destacada por alguns auto-
Na amostra estudada, ficou bem explícita a baixa escola- res14. Nestes dois casos, a percepção do sequelado torna-se
ridade dos cuidadores (gráfico 3), pois esta função acaba diferenciada e, portanto, a assistência também se faz distinta.
sendo realizada por um parente que não possui atividade Desse modo, a necessidade de redefinição de papéis en-
laboral externas ao domicílio e que não tem perspectivas de tre os membros da família, a “escolha” de alguém para assu-
crescimento profissional. Todavia, esta realidade continua mir a responsabilidade dos cuidados e, em muitas vezes, a
longe do ideal, como a encontrada já em países desenvolvi- adequação do ambiente visando atender as demandas do fa-
dos, onde a atividade de cuidador configura-se em uma pro- miliar doente que retorna ao lar podem causar um impacto
fissão reconhecida e qualificada 12. econômico e social que alteram a estrutura familiar 15.
Por outro lado, apesar de ser observado a baixa escolari-
Gráfico 3: dade e o não profissionalismo do cuidador, todos se conside-
Distribuição raram aptos para assistir o paciente com AVE, pois como es-
da escolaridade ses cuidadores foram localizados em um serviço de Fisiotera-
dos cuidadores. pia e passaram por orientações diversas, pode-se deduzir
maior confiança em suas funções e resultados alcançados.
Essas evidências são importantes para o trabalho da Fisiote-
rapia, contudo, não podem mascarar a necessidade de maior
A qualificação dos cuidadores deve ser voltada para de- qualificação desse público, como já foi citada anteriormente.
senvolver e aprimorar habilidades em funções específicas
quanto aos cuidados diários do paciente, além de estimular e Conclusão
conduzir ações de promoção, de autonomia e empoderamento; Com base nas pesquisas realizadas para o desenvolvimen-
ressaltando que não fazem parte da rotina do cuidador as to do presente estudo, foi visto que a real função do cuidador é
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Artigo Original
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Abstract
The aim of this study was to evaluate the respiratory function of patients with chronic hemiparesis. It is a cross-sectional
study with a convenience sample of eight individuals with a diagnosis of stroke physiotherapy in eight healthy subjects,
matched for age sex, weight and height. The assessment of muscle tone of hemiparetic subjects was performed by the
Modified Ashworth scale, since assessment of respiratory muscle strength was performed by verifying the maximal inspiratory
and expiratory maximal static (MIP and MEP, respectively), and forced vital capacity and voluntary ventilation maximum were
performed by means of analog spirometer. The groups were compared using the Mann-Whitney test for correlation analysis
between the ventilatory and modified Ashworth scale was used the Spearman test. For all conditions considered as statistically
significant P <0.05. It was observed that individuals with hemiparesis (5 H / M 3) were older (mean and standard deviation) of
60.0 ± 7 years, with a mean of 3.7 ± 1.7 lesions (years). The control group (5H / 3 M) showed age (mean and standard error) of
49.7 ± 20.0 years. Differences were observed between groups in the evaluation of the MIP, with no observed differences
between the other ventilatory variables. No correlation between muscle tone and ventilatory variables for group AVE. We
conclude that patients with chronic hemiparesis have reduced maximum static inspiratory pressure, with consequent reduction
in inspiratory muscle strength. This phenomenon shows no correlation with the degree of spasticity. It is believed that during
the neurological evaluation routine with this group of patients, respiratory function should be included in the protocol.
Keyworks: physical therapy, health promotion, rehabilitation.
Introdução
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) caracteriza-se por dos, além de alterações cognitivas que impedissem a realiza-
ser um acometimento súbito de um déficit neurológico devido ção do protocolo. Todos os voluntários assinaram o Termo
à desorganização do suprimento sanguíneo no encéfalo, sen- de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme resolução
do sua etiologia isquêmica ou hemorrágica1,2 é uma das gran- 196/96 do Conselho Nacional de Saúde para pesquisa com
des causas de mortalidade em todo o mundo3. No Brasil, é uma seres humanos.
das causas mais frequentes de óbito na população adulta sen-
Avaliação do tônus muscular
do responsável por 10% das internações hospitalares4,5.
A avaliação do tônus muscular dos indivíduos hemipa-
Em estudo recente, o AVE apresenta-se como fator res-
réticos foi realizada através da escala da Ashworth Modifica-
ponsável pelo aumento da morbidade, acarretando em um
da7 utilizando-se inspeção, palpação e movimentação passi-
grande número de indivíduos portadores de sequelas, estas
va em flexão e extensão de cotovelo.
atingem em torno de 50% dos sobreviventes. As limitações
funcionais são comuns após o evento cerebrovascular, sen- Avaliação de força muscular respiratória
do a paresia do membro superior responsável por 43 a 69% A avaliação da força muscular respiratória foi realizada
destas alterações6. por meio da verificação das pressões inspiratória e expiratória
Moustafa & Baron (2008), relatam que o AVE apresenta estáticas máximas (PImax e PEmax respectivamente), de acor-
uma desorganização das conexões corticais com a medula es- do com o método descrito por Black e Hyatt8. Utilizou-se
pinhal, o tronco encefálico e o cerebelo. Como os neurônios manovacuômetro analógico (M120 – healthcare 2001 – EUA),
corticoespinhais são afetados, os problemas principais são além com o bucal apresentando orifício de dois milímetros,
da paresia, a diminuição do fracionamento dos movimentos objetivando dissipar as pressões geradas pela musculatura
contralateralmente à lesão1. Neste contexto, certamente existe da face e da orofaringe. Foram realizadas três aferições para
a hipótese de que além das sequelas motoras dos portadores cada indivíduo, com intervalo de dois minutos entre elas,
do AVE, os mesmos podem evoluir com alterações respiratóri- considerando-se para análise a melhor medida obtida por
as, como redução de força muscular, além de volumes e capaci- ambos os grupos. Os valores preditos foram considerados
dades. Portanto, o objetivo do presente estudo foi avaliar a de acordo com Neder et al 9.
função respiratória de pacientes hemiparéticos crônicos.
Avaliação de capacidade vital forçada e ventilação
voluntária máxima
Metodologia A avaliação da Capacidade Vital Forçada (CFV) foi reali-
Estudo transversal, com amostra de conveniência com- zada por meio de ventilômetro analógico (Wright Mark 8 –
posta por oito indivíduos com diagnóstico de AVE em acom- Ferraris Medical Limited England – 2001) respeitando-se to-
panhamento fisioterapêutico na Clínica Escola de Fisiotera- das as orientações de calibração fornecidas pelo fabricante.
pia do Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI) e oito indi- A Ventilação Voluntária Máxima (VVM) também foi avaliada
víduos sadios (controle), pareados por idade sexo, peso e por meio de ventilometria sendo o paciente estimulado pelo
altura. Foram incluídos no estudo pacientes com tempo su- avaliador a manter um ritmo constante e regular de ventilação
perior a seis meses de diagnóstico, e excluídos os indivíduos por um período de 15 segundos e o volume neste período de
com histórico de doença pulmonar e/ou cardiopatia prévia, tempo foi extrapolado para o valor em 1 minuto com unidade
pacientes que tiveram necessidade de alguma intervenção de de medida expressa em L/min. A VVM foi determinada a partir
fisioterapia respiratória até seis meses antes da coleta dos da- de, pelo menos, duas manobras aceitáveis9.
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Conclusão
Conclui-se que pacientes hemiparéticos crônicos apre-
sentam redução da pressão inspiratória estática máxima, com
consequente redução da força muscular inspiratória. Esse
fenômeno não apresenta correlação com o grau de espas-
ticidade. Acredita se que durante a avaliação neurológica de
rotina com esse grupo de pacientes, a função respiratória
deva ser incluída no protocolo.
Referências
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Artigo Original
Avaliação cinético-funcional de
pacientes com Parkinson
Abstract
Parkinson is a progressive neurological disorder that is associated with
degeneration of dopaminergic neurons, affecting the brain structures responsible
for movement. Given the relationship between Parkinson and changes in the balan-
ce, functionality and plantar pressure, it is appropriate to this study, which aims to
evaluate the functionality of patients with Parkinson’s. The study consisted of
eight individuals with Parkinson evaluated by the FIM scale, Scale and Berg
Baropodometry. To be studied according to MIF independence of the items: self-
care, sphincter, transfers, locomotion, communication and social behavior was
evidenced through the test modified independence. The classification with the
Berg Scale can be concluded that 50% of patients had moderate risk of falls and
finally Baropodometry who portrayed the plantar pressure and the oscillation
Parkinson’s patients, in which it was perceived that they demonstrated a higher
mean pressure on the right foot with p <0.01. As the center of gravity, 87.5% of
patients showed deviation to the left, standing with swing back under greater
pressure in the rearfoot with p = 0.03. In order to elucidate possible complications
from Parkinson’s disease this study showed that the kinetic functional assessmentis
necessary to map the interference of Parkinson’s disease in the them functionality.
Keywords: Parkinson’s disease, kinetic-functional assessment, physiotherapy.
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com faixa etária acima de 60 anos e que tivessem o diagnósti- Aspectos éticos
co clínico que comprovasse a doença por mais de um ano, e Na realização do estudo seguiram-se os princípios
que concordassem em participar da pesquisa. bioéticos previstos na Resolução 196/96 do Conselho Nacio-
nal de Saúde, referentes à pesquisa envolvendo seres huma-
Critérios de exclusão nos 10] sendo submetidos à devida aprovação do Comitê de
Desses excluiu-se pacientes com distúrbios congênitos, Ética em Pesquisa do Hospital Geral de Fortaleza, com o pro-
deformidades posturais e alterações cognitivas severas. tocolo de número 050808/10.
Nesta pesquisa, foram preservados, de acordo com Goldim
Procedimentos e instrumentos para coleta de dados
e Francisconi 11], os preceitos bioéticos fundamentais de
Os sujeitos da pesquisa foram selecionados de duas for-
respeito ao indivíduo, ou seja, o da autonomia, considerando
mas: pacientes da Clínica-escola Fanor e\ou pacientes indi-
a sua capacidade de autodeterminação; o da beneficência,
cados pelo médico especialista da área. Após a indicação dos
obedecendo às normas que exigem que os riscos da pesquisa
pacientes realizou-se uma conversa para explicar toda a pes-
sejam razoáveis à luz dos benefícios esperados, salvaguar-
quisa e consequentemente convidá-los a fazer parte desta.
dando o bem-estar dos seus participantes e priorizando a
Posteriormente, realizou-se a seleção dos participantes,
não-maleficência, e, finalmente à justiça, que se refere à obri-
que constou de oito indivíduos, sendo cinco do sexo mascu-
gação ética de tratar cada pessoa de acordo com o que é
lino e três do sexo feminino. Os mesmos compareceram à
moralmente certo e adequado. De dar a cada pessoa o que lhe
Clinica Posture, em apenas uma visita, com duração de apro-
é devido, considerando as providências especiais para a pro-
ximadamente 30 minutos cada avaliação.
teção dos direitos e bem-estar de pessoas vulneráveis.
O protocolo constou de três etapas Para tanto, foi solicitado aos participantes desta pesqui-
Na primeira etapa utilizou-se como parâmetro a escala de sa o consentimento livre e esclarecido, mediante a assinatura
MIF (medidas de interdependência funcional), através de uma do respectivo termo, assegurando-lhes seus direitos, resguar-
ficha de avaliação, no qual se verificou o desempenho do dados através desse documento.
indivíduo para a realização de um conjunto referente a 18
Riscos e benefícios da pesquisa
tarefas, dentre elas incluiu-se, autocuidados, controle
A pesquisa não trouxe risco físico e psicológico para os
esfincteriano, locomoção, comunicação e cognição social.
sujeitos da pesquisa, uma vez que são testes simples e de
Realizou-se perguntas a respeito desses itens, classificados
fácil execução, não os colocando em posturas que desenca-
em uma escala de graus de dependência de sete níveis, sendo
deiam quedas. Caso os pacientes viessem a apresentar da-
atribuído o valor hum, correspondente a uma total dependên-
nos psicológicos, por conta dos resultados da pesquisa, os
cia e o valor sete, corresponde a independência total 6.
mesmos seriam encaminhados ao psicólogo da instituição.
Na segunda etapa avaliou-se o equilíbrio funcional e di-
Foram mantidos em sigilo os dados coletados e o anoni-
nâmico do paciente com Parkinson, através da Escala de Equi-
mato dos indivíduos, não lhes trazendo assim, qualquer risco
líbrio Funcional de Berg (EEFB), composta por uma ficha de
ou prejuízo, tendo os mesmos o direito de desistirem de par-
avaliação feita por perguntas e respostas com pontuação
ticipar da pesquisa a qualquer momento.
variando entre zero a quatro pontos, totalizando o máximo de
Vale salientar que os dados obtidos terão valor científi-
56 pontos. Caso o paciente atingisse uma média de 45 pon-
co, com finalidade de divulgar informações acerca do assun-
tos, indicaria equilíbrio afetado, pois a mesma delimitaria o
to estudado, para que novas pesquisas surjam nesta área.
risco de quedas em idosos 7.
E, por último, o paciente foi avaliado através da
Baropodometria Eletrônica. Nesta, cada indivíduo era colo- Resultados e discussão
cado em posição ortostática confortavelmente, estático e imó- A presente análise condiz com a Avaliação Cinético Fun-
vel, sem a utilização de nenhum calçado, ou seja, com os pés cional, pois aplicou-se os testes de Medidas de Independên-
descalços, onde o mesmo seria posicionado em cima de uma cia Funcional, através da escala de MIF, Escala de Equilibrio
plataforma plana de sensores piezoelétricos, com uma aber- de Berg e a Barapodometria – realizados nos pacientes com
tura de 30º e 4 cm de distância entre os calcanhares. Esta Parkinson da clínica escola – Fanor e pacientes indicados
plataforma era acoplada a um notebook 9. pelo médico especialista na área.
Avaliou-se oito pacientes com faixa etária de 60 a 80 anos,
Análise dos dados tendo idade média, de 68,5 anos (62 – 80, + 6,7 dp) anos.
Os dados foram analisados com o software SPSS 15.0. A Observando que a população acometida pela Doença de
análise inicial foi realizada através da estatística descritiva, Parkinson teve uma predominância maior no gênero masculi-
incluindo tabulações de acordo com as variáveis selecionadas no (62,5 %). De acordo com a profissão dos pacientes duran-
no estudo. te a avaliação, houve predominância de 62,5% (5) aposenta-
Para os cruzamentos entre variáveis utilizou-se o teste dos, seguido 25% (2) doméstica (tabela 1).
de correlação de Pearson e teste t de student. Sabe-se que quanto menor a pontuação na escala de MIF,
Houve significância estatística quando o valor de p, ob- maior o grau de dependência. O presente estudo demonstrou
tido, foi ≥0,05. subdomínios de pontuações elevadas, pois a avaliação
Posteriormente, os resultados foram apresentados na daindependência funcional segundo a MIF, dos itens:
forma de gráficos e tabelas. autocuidados, esfíncteres, transferências, locomoção, comuni-
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Tabela 3: Análise descritiva e inferencial da baropodometria e estabilometria de pacientes com Parkinson, Fortaleza – 2010.
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Artigo Original
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Introdução
A Fisioterapia (do grego phýsis, natureza e therapeía, em 1991, alcançando o aumento considerável, em 2008, para
terapia) é definida como tratamento de doenças mediante 505 cursos de graduação em fisioterapia no Brasil 8.
massagens, exercícios físicos, aplicações de luz, calor, eletri- A partir do grande crescimento obtido dentro da fisiote-
cidade e utilização de aparelhos mecânicos, elétricos e eletrô- rapia, tanto nacional como internacionalmente, a profissão
nicos. É o método de tratar doenças e distúrbios da saúde; do fisioterapeuta tem se tornado indispensável dentro dos
tratamento de saúde 1. serviços de saúde. Em 2002, existiam 44.897 fisioterapeutas
O fisioterapeuta é um profissional de nível superior da registrados nos conselhos profissionais no Brasil 9. Em 2013,
área de saúde, pleno, autônomo, que atua isoladamente ou de acordo com o COFFITO atualmente existe 176 mil fisiotera-
em equipe, em todos os níveis de assistência à saúde. É o peutas registrados no Conselho, o que mostra um alto cresci-
profissional de saúde que se ocupa do movimento humano mento da profissão.
em toda a sua plenitude, com o objetivo de preservar, manter, As rápidas transformações pelas quais a sociedade vem
desenvolver e restaurar a integridade de órgãos, sistemas e passando, principalmente a partir do século XXI, têm deman-
funções corporais. A sua atuação engloba todos os níveis de dado dos fisioterapeutas não só o domínio de habilidades
atenção, desde a prevenção, passando pela promoção, de- técnicas, mas também um desempenho socialmente compe-
senvolvimento, tratamento e recuperação da saúde de indiví- tente para que se tenham relações profissionais e sociais mais
duos, grupos de pessoas ou comunidades 2. A Resolução nº satisfatórias, duradouras e gratificantes, buscando, desta
80 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional forma, uma auto-definição da sua identidade profissional para
(COFFITO), de 1987, diz que a fisioterapia é considerada uma poder obter o reconhecimento pessoal da sua profissão 10.
ciência aplicada, cujo objeto de estudo é o movimento huma- O fisioterapeuta torna-se cada vez mais complexo face à
no em todas as suas formas de expressão e potencialidades, constante qualificação dos serviços de assistência à saúde,
quer nas suas alterações patológicas, quer nas suas reper- que não se limitam mais a garantir sobrevida, mas a oferecer
cussões psíquicas e orgânicas, com objetivos de preservar, qualidade de vida às pessoas. Em decorrência disso temos a
manter, desenvolver ou restaurar a integridade do órgão, sis- ampliação da área de atuação profissional do fisioterapeu-
tema ou função 3. ta, que cresce a cada dia, descobrindo novas possibilidades
A origem da fisioterapia esteve ligada a Revolução In- de intervenção 10.
dustrial onde foram desenvolvidos trabalhos para recuperar O fisioterapeuta pode atuar em diferentes áreas de espe-
os trabalhadores acidentados e criados diversos tipos de gi- cialidades, sendo as mais conhecidas: a ortopedia, neurolo-
nástica e exercícios com a finalidade de aumentar a produtivi- gia, cardiologia, angiologia, ergonomia, reumatologia,
dade. As jornadas de trabalho abusivas de mais de 16 horas dermato-funcional (estética), reabilitação de queimados, pe-
diárias, o trabalho infantil e todo o contexto de exploração diatria, ginecologia e obstetrícia, geriatria, pneumologia,
dos operários e camponeses pela classe dominante geraram desportiva, oncologia, tendo as seguintes especialidades re-
uma quantidade de novas doenças em grande parte da popula- conhecidas: Acupuntura; Quiropraxia; Osteopatia; RPG;
ção 4. A principal motivação para a criação da fisioterapia no Pilates; Fisioterapia Pneumo-funcional; Fisioterapia
país a partir de 1929 foi o grande número de portadores de Neurofuncional 11. Em consequência das habilidades e com-
sequelas da poliomielite com distúrbios do aparelho locomotor, petências adquiridas na graduação e em cursos de pós-gra-
bem como o crescente aumento de acidentes de trabalho 5. duação, o fisioterapeuta, atualmente, exerce a profissão atu-
Nesta época surgiram então, grandes centros de reabilitação, ando nos mais diferentes locais, tais como: hospitais (ambu-
locais onde eram prescritas e realizadas as atividades de latórios, enfermarias, UTIs, serviços especializados), clínicas,
reaprendizagem do movimento, reeducação funcional, entre consultórios, indústrias, postos de saúde, creches, escolas,
outras, através, principalmente, das técnicas cinesioterápicas6. universidades, centros de pesquisa, clubes, órgãos governa-
No Brasil, a prática da fisioterapia foi iniciada dentro da mentais, dentre outros 4.
Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, quando era consi- Embora, nos últimos anos, a fisioterapia tenha ampliado
derada uma atividade de nível técnico. Em relação à formação e aprofundado seus conhecimentos técnicos e alargado sua
profissional, em 1951, começava o primeiro curso para forma- área de atuação, essa ampliação ocorreu, majoritariamente,
ção de fisioterapeutas no Serviço de Fisioterapia do Hospital no nível terciário. Mesmo com a ampliação das possibilida-
das Clínicas de São Paulo com duração de um ano. Esta for- des de atuação do profissional, ainda predomina uma aten-
mação continuou assim até 1956. No Rio de Janeiro, em 1954, ção destinada à recuperação de distúrbios ortopédico
foi criada a Associação Brasileira Beneficente de Reabilita- traumatológicos e neurológicos 5.
ção (ABBR), que deu origem ao Técnico de Reabilitação, cuja Seja qual for à área de intervenção do fisioterapeuta, a
denominação ficou sendo mesmo fisioterapeuta. Devido ao característica comum a todos eles é a relação interpessoal,
alto índice de indivíduos portadores de seqüelas motoras da com maior ou menor envolvimento afetivo que estabelece
poliomielite, a demanda por essa formação aumentou na dé- com a pessoa que necessita da sua ajuda 12. No Brasil, dife-
cada de 60 7. Por isso, em 13 de Outubro de 1969, no Brasil, a rentemente de alguns países, como os Estados Unidos, não
profissão de fisioterapeuta foi regulamentada através do De- há nenhum outro profissional de qualquer nível acadêmico
creto-Lei 938. No cenário nacional, o desenvolvimento da que execute técnicas de Fisioterapia ou auxilie o fisioterapeu-
profissão foi acompanhado pelo crescimento da oferta de ta 13. Diante do avanço da profissão e de suas construções
cursos de graduação, que evoluíram de 6, em 1970, para 48, no campo da saúde, este artigo teve por objetivo traçar um
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perfil sócio demográfico do fisioterapeuta brasileiro, conhe- Quanto aos aspectos profissionais, a carga horária mé-
cendo os seus principais hábitos de vida. dia de trabalho semanal foi de 35,4 ±16,35 horas. Houve pre-
dominância de fisioterapeutas com pós-graduação (69%, 717),
Metodologia que possuíam de 3 a 5 anos de atuação profissional (22,5%,
Trata-se de um estudo descritivo, do tipo transversal, rea- 234), seguidos de 6 a 10 anos (21,7%, 225).
lizado de março a julho de 2012, com 1040 fisioterapeutas Foi identificado que 61,7% (641) trabalham em apenas 1
registrados no conselho profissional das diversas regiões (nor- local, tendo 49,2% (512) como local de trabalho as clínicas e
te, nordeste, sul, sudeste e centro-oeste) do Brasil, através de 81,7% (850) tem exclusivamente a fisioterapia como sua ativi-
uma amostragem do tipo snowboll e não probabilística. Dentre dade profissional (tabela 2).
os instrumentos inicialmente foi utilizado um questionário con-
Tabela 2: Características profissionais dos fisioterapeutas
tendo questões de caráter socioeconômico e demográfico, como
brasileiros (N=1040).
também questões inerentes à atuação profissional do fisiotera-
Característica n %
peuta, composto de 19 itens, elaborado pelos autores.
Formação Graduado 323 31,1
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pes-
educacional Especialista 552 53,1
quisa envolvendo seres humanos da Universidade Estadual
Mestre 131 12,6
da Paraíba (UEPB), de acordo com a Resolução nº 196/96- Doutor 27 2,6
CNS. A coleta de dados foi realizada através de um site elabo- Pós-Doutor 7 7
rado pelos autores exclusivamente para esta pesquisa, onde Tempo de 0 a 2 anos 365 35
inicialmente os participantes aceitavam o termo de consenti- atuação 3 a 5 anos 234 22,5
mento livre e esclarecido (CAAE: 0551.0.133.000-09) e em se- profissional 6 a 10 anos 225 21,7
guida, respondia os questionários. A divulgação da pesquisa 11 a 15 anos 99 9,55
foi feita nas redes sociais, conselhos e associações de Fisio- Mais de 15 anos 117 11,25
Local de Clinica 512 49,2
terapia de modo a reduzir perdas amostrais, pois apenas os
trabalho Hospital 161 15,5
interessados preenchiam os instrumentos. Para os dados foi
Domicílio 156 15
adotado um nível de significância de 95%, utilizando a esta- IES 94 9
tística descritiva e inferencial. Outro local 117 11,3
Outra atividade Sim 190 18,3
Resultados profissional Não 85 81,7
Para caracterização da amostra foram analisados aspec- Fonte: Dados da pesquisa (Natal, RN, 2012)
tos socioeconômicos, demográficos, profissionais e hábitos Para análise dos hábitos de vida, foram pesquisadas in-
de vida, de 1040 fisioterapeutas das regiões do Brasil. A maior formações acerca do sono, atividade física, prática religiosa
representatividade foi da região Nordeste (48,7%, 506), se- e estado geral de saúde.A média de sono foi de 6,8±1,15 ho-
guida do Sudeste (21,8%, 227), Sul (15,6%, 162), Centro-Oes- ras por dia e o nível de satisfação com o horário do sono em
te (11,5%, 120) e por último, a região Norte (2,4%, 25). uma escala de 0 a 10, apresentou escore médio de 6,37 ±2,38.
A idade média foi de 31anos ±7,43 variando entre 20 a 61 Questionados quanto à prática religiosa foi observado
anos, o sexo feminino foi mais predominante (75,7%, 787), que 77,6% (n=807) praticam algum tipo de atividade religiosa
com 55,1% (573) de solteiros e 69,4% (722) que possuíam e que 22,4% (n=233) não têm nenhuma atividade religiosa.
filhos. Em relação à moradia e local de trabalho, 79,3% (824) Na análise do estado geral de saúde, os participantes
de fisioterapeutas morava em cidades do interior e 47,6% (495) atribuíram um escore médio de 7,1 ±1,83, onde 10 indica maior
trabalhava nestas cidades (tabela 1). satisfação com a saúde. Quanto à realização de atividade físi-
Tabela 1: Características socioeconômica e demográfica dos ca, 55% (572) dos participantes praticavam regularmente.
fisioterapeutas brasileiros (N=1040).
Característica n % Discussão
Sexo Masculino 253 4,3 No presente estudo, detectou-se grande presença de
Feminino 787 75,7 mulheres como fisioterapeuta, em comparação com os fisio-
Estado Civil Solteiro 573 55,1 terapeutas homens. Na maioria dos países, observa-se que
Casado 403 38,8
ao longo da história que o ato de cuidar é exercido por mulhe-
Separado/Divorciado 16 5,9
Viúvo 3 0,3 res 10. Como a Fisioterapia é uma área voltada à reabilitação,
Filhos Sim 722 69,4 consequentemente, o cuidado, as mulheres tornam-se maio-
Não 318 30,6 ria nesta profissão. Alguns estudos apresentam sempre o
Cidade Capital 216 20,8 sexo feminino como prevalente na fisioterapia, porém ao
onde reside Interior de pequeno porte 306 29,4 correlacionar com especialidades específicas, como a área
Interior de médio porte 168 16,2
desportiva, há uma prevalência do sexo masculino14,15,16.
Interior de grande porte 350 33,7
Cidade onde Capital 477 45,9 A idade média dos fisioterapeutas foi de 31 anos, e esse
trabalha Interior 495 47,6 fato reflete, possivelmente, o tempo necessário para, após o
Capital e Interior 68 6,5 término da graduação, o fisioterapeuta realizar os cursos de
Fonte: Dados da pesquisa (Natal, RN, 2012) especialização e aperfeiçoamento necessários para comple-
149
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mentar sua formação. Os dados da pesquisa corroboram com satisfatória. As ações em saúde e suas avaliações precisam
outros estudos, onde se tem uma idade média de 30 anos, levar em consideração o perfil dos profissionais e o contexto
indicando profissionais jovens e em início de carreira15,16,17. macroeconômico dos grupos, de acordo com a época e a re-
Para a carga horária de trabalho semanal foi ultrapassado gião em que se encontram para o sucesso e a qualidade das
o que preconiza a Resolução nº 8.856, de 01/03/1994 do COFFITO atividades planejadas. Para isto, no exercício desta profissão
3
que estabelece a carga horária semanal de 30hs para o fisiote- ainda há muito a se conhecer, sendo necessária mais pesqui-
rapeuta. Este dado é importante, pois retrata uma sobrecarga sa acerca destes profissionais de saúde.
laboral, uma vez que a maioria dos fisioterapeutas possui uni-
camente a fisioterapia como atividade profissional. Referências
Os fisioterapeutas estão se aprimorando cada vez mais, 1. Ferreira LC. O sujeito trabalhador na enfermagem: identidade e subjetivida-
verificou-se que a maioria dos fisioterapeutas possui curso de no mundo do trabalho. Brasília: Universidade de Brasília, 2000.
2 . Barros FMB. A formação do fisioterapeuta na UFRJ e a profissionalização
de pós-graduação. Ao especializar os profissionais adquirem da fisioterapia. Rio de Janeiro: Instituto de Medicina Social/Universidade
maior segurança profissional, principalmente no momento da do Estado do Rio de Janeiro, 2002.
conquista de uma vaga no mercado de trabalho 18. 3. Brasil. Resolução 80, de 21 maio, 1987. Conselho Federal de Fisioterapia
e Terapia Ocupacional. Disponível em: http://www.coffito.org.br.
Os resultados mostram que a inserção dos fisioterapeutas 4. Barros FBM. Poliomielite, filantropia e fisioterapia: o nascimento da
no mercado de trabalho mostra uma predominância pelo setor profissão de fisioterapeuta no Rio de Janeiro dos anos 1950. Ciências e
privado, na área clínica e com tempo de profissão pequeno, Saúde Coletiva. 2008;13(3):941-954.
5. Bispo JP. Formação em fisioterapia no Brasil: reflexões sobre a expansão do
afirmando os mesmos resultados em outros estudos 17, 18. A ensino e os modelos de formação. História, Ciências, Saúde. Manguinhos.
maioria dos profissionais tem na fisioterapia sua única ocupa- 2009;16(3):655-668.
ção, o que torna um fator de satisfação com a profissão. 6. Figueirôa RM. Aspectos da evolução histórica do fisioterapeuta no Brasil
em especial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de
Nos últimos 50 anos, predominaram as condições relaci- Medicina de Reabilitação, 2006.
onadas ao estilo de vida, incluindo doença cardíaca 7. Sanchez EL. Histórico da fisioterapia no Brasil e no mundo. São Paulo:
isquêmica, doenças relacionadas ao fumo, hipertensão, aci- Atualização Brasileira de Fisioterapia, 1984.
8. Marques AP, Sanches ES. Origem e evolução da Fisioterapia: aspectos
dente vascular cerebral, obesidade, diabetes e câncer 18. Por históricos e legais. RevFisioterUniv. 1994;1(1):5-10.
ser profissionais da saúde, os hábitos de vida não mudam em 9. Tucunduva LTCM. et al. A síndrome da estafa profissional em médicos
sua totalidade em relação a população em geral. A quantidade cancerologistas brasileiros. Revista da Associação Médica Brasileira.
2006;52(2):108-112.
diminuída do sono pode estar correlacionada com a carga 10 . Gava MV. Fisioterapia: História, Reflexões e Perspectivas. São Bernardo
horária de trabalho elevada dos fisioterapeutas, atribuindo do Campo: UMESP, 2004.
uma satisfação moderada com a saúde 17. 11 . Copetti SMB. Fisioterapia: De suas origens aos dias atuais. Revista In
Pauta. 2009;2(2):11-23.
12. Sousa JPF. O impacto do stress ocupacional no bem estar físico e emocio-
Conclusão nal dos fisioterapeutas. 1998. Disponível em: www.fisiopraxis.pt.
13. Formighieri VJ. Burnout em fisioterapeutas: influência sobre a atividade
Os estudos sobre o perfil de profissionais de saúde são de trabalho e bem-estar físico e psicológico. Florianópolis: Universidade
informações relevantes para possibilitar aos órgãos de saúde, Federal de Santa Catarina, 2003.
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to de ações assistenciais e educativas. Diante deste contexto, 15. Silva et al. Análise do perfil, funções e habilidades do fisioterapeuta com
pode-se concluir que o perfil dos fisioterapeutas brasileiros atuação na área esportiva nas modalidades de futebol e voleibol no Brasil.
caracteriza-se por profissionais jovens, do sexo feminino, qua- Rev Bras Fisioter. 2011;15(3):219-26.
16. Badaró AFV, Guilherm D. Perfil sociodemográfico e profissional de fisio-
lificados, que trabalham exclusivamente com a fisioterapia, prin- terapeutas e origem das suas concepções sobre ética. Fisioter. Mov.
cipalmente na área clínica e com carga horária elevada. 2011;24(3):445-454.
Em relação aos hábitos de vida, como a maioria dos bra- 17. Almeida ALJ, Guimarães RB. O lugar social do fisioterapeuta brasileiro.
Fisioterapia e Pesquisa. 2009;16(1):82-88.
sileiros, os fisioterapeutas dormem pouco, alguns praticam 18. Dornelas AA, Dean E. Physical Therapy practice and Health priorities. Rev
atividade física e tem sua percepção de saúde como Bras Fisioter. 2008;12(4):260-7.
150
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Artigo Original
Silvia Dannemann1
Abstract
The objective of this descriptive observational study was to describe lymphatic
drainage in fibrosis after lipoaspiration. A sample selection was random, with the
participation of 6 female patients aged between 16 and 60 after esthetic liposuction.
Os data were collected through pre and post physical therapy, which has developed
a manual therapy with positive pressure applied since 3 days after surgery, during
20 sessions, 2 to 3 times a week , lasting 30 to 40 minutes every other day. It was
used the classification of fibrosis as plaque, nodule and cord to determine the
manual therapy with positive pressure effective to each case of fibrosis. Patients
who underwent treatment from 3 th day showed early reduction of fibrosis types as
plaque, nodule or cord but those who started after the 7 day didn´t show such
improvement. As conclusion, the lymphatic drainage is effective to reduce fibrosis
in post liposuction.
Keywords: lymphatic drainage, fibrosis post liposuction.
151
Fisioterapia Ser • vol. 8 - nº 3 • 2013
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Figura 1: Tipos de fibrose: nodular, cordão e placa. Fibrose tipo Cordão: Realiza-se drenagem linfática manual
associada a manipulação, executadas com a polpa digital no
sentido anti-horário e horário, e a pompagem. (Fig 4)
Figura 4: drenagem
linfática manual
associada a
manipulação na
fibrose tipo cordão.
Figura 2: drenagem Nas áreas sem corte cirúrgico, podemos realizar a drenagem
linfática associada a linfática manual associada a manipulação, executadas com as
manipulação na mãos alternadas espalmadas no sentido anti-horário e horário.
fibrose tipo nódulo.
Resultados
Quanto à avaliação, observou-se a presença de edema
duro ou edema mole na região operada e, muitas vezes, edema
geral, dependendo do paciente. Os pacientes queixam-se de
Fonte: Pieta, 2012/2013. algia tipo ferroadas e queimação, com conseqüente diminui-
ção de amplitude de movimento. Em pacientes que trabalham
Fibrose tipo Placa: Realiza-se drenagem linfática manual as-
sentadas em posturas incorretas ocorreu a prevalência de
sociada a manipulação, executadas com as duas mãos
pregas cutâneas intercalando aderência e saliência, com as-
espalmadas no sentido anti-horário e horário; (Fig. 3).
pecto semelhante a “tábua de lavar roupas”, principalmente
Figura 3: drenagem linfática manual associada a manipula- nas regiões de dobra da cinta prescrita no pós-operatório.
ção na fibrose tipo placa. Uma observação que merece registro é a de que pacientes
com peles morenas e firmes são mais susceptíveis a edema
duro, fibroses locais e equimoses do que as pacientes de pele
clara e flácida. Observou-se na perimetria uma redução de 4
cm a 8 cm dependendo da região do paciente. Quanto ao
resultado da aplicação da drenagem linfática manual associa-
da a manipulação houve redução das fibroses do tipo placa,
nódulo ou cordão. Nos casos em que a fibrose tipo cordão
persistiu após 10 sessões correspondente ao período de 21
Fonte: Pieta, 2012/2013. dias de pós operatório.
153
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As pacientes que realizaram tratamento a partir do 3° dia lação demonstrou redução precoce da fibrose do tipo placa,
pós cirurgia apresentaram redução precoce da fibrose do tipo nódulo ou cordão. Nas pacientes que iniciaram o tratamento
placa, nódulo ou cordão, porém as que iniciaram após o 7° dia mais tardiamente, constatou-se a presença de fibrose por um
de cirurgia ou aquelas que no 3° dia de pós cirurgia, foi aplica- período mais prolongado, e também uma resposta mais lenta
do apenas drenagem linfática ou ultra-som, apresentaram mai- ao tratamento. Isso evidencia que o início precoce da drena-
or número de fibroses e necessitaram um período mais longo gem linfatica está diretamente relacionado a diminuição dos
de tratamento, comprometendo a recuperação pós-cirúrgica. depósitos de fribrinas nesta fase da cicatrização, e também ao
Um dado importante dos resultados é a plena satisfação resultado estético mais adequado.
das pacientes com o tratamento aplicado na recuperação do Soares et al. 18 afirmam que os sintomas presentes no pós
pós-operatório, principalmente relacionado à aparência e à operatório das cirurgias plásticas podem ser reduzidos com o
percepção ao toque e, melhora da dor. tratamento fisioterapêutico, principalmente com a drenagem lin-
fática manual, que favorece um rápida diminuição do edema, do
Discussão hematoma e da dor, além da neoformação vascular e nervosa,
O tecido adiposo subcutâneo apresenta duas camadas prevenção e diminuição da formação de cicatrizes e retrações,
separadas por uma fáscia superficial. A camada mais externa é proporcionando uma rápida recuperação dos pacientes.
chamada areolar, composta por adipócitos globulares e volu- Para Ribeiro 19, a drenagem linfática manual é indispensá-
mosos, em disposição verticais, onde os vasos sanguíneos vel no pós-operatório, devendo se iniciar o mais precoce-
são numerosos e delicados. Na camada mais profunda, cha- mente possível para ajudar na penetração do líquido exce-
mada lamelar, as células são fusiformes, menores e dispostas dente nos capilares sangüíneos e linfáticos intactos da re-
horizontalmente, onde os vasos são de maior calibre 14. A gião, prevenindo a formação de fibroses, além de agir no sis-
fáscia superficial tem importância não só por separar as 2 tema nervoso vegetativo, proporcionando o relaxamento.
camadas, mas também por servir de suporte elástico da tra-
ma vascular arterial,venosa e linfática. Conclusão
Para Avelar e Illouz 15, a camada areolar, além de mais Podemos concluir que a drenagem linfática manual asso-
resistente é responsável pela vascularização terminal da pele ciada a manipulação melhora a fibrose pós operatória decor-
e deve ser preservada com espessura regular, uma vez que a rente da lipoaspiração.
lipospiração pode determinar o aparecimento de depressões
cutâneas. Já a camada lamelar apresenta um maior número de Referências
lâminas de tecido conjuntivo, formadas por trabéculas por 1. Pitanguy I. Evaluation of body contouring surgery today: a 30-year perspective.
Plast Reconstr Surg. 2000 Apr; 105(4):1499-514.
onde passam vasos de maior calibre que não sofrerão tanta 2. Leibaschoff Gustavo H. Efficacy of the Different Types of Reciprocating Cannulas:
agressão da cânula. A lipoaspiração tende a ser mais agressi- A Comparative Clinical and Surgical Research Study. International Journal of
Cosmetic Surgery and Aesthetic Dermatology. March 2001. 3 (1): 13-16.
va quanto maior o número de regiões e o volume de gordura 3. Illouz,YG. Body contouring by ipolysis: a 5 years experience with over 3000
aspirado. De acordo com Bienfait (2000) 16, a fáscia é uma lâmi- cases. Plast Reconstr Surg 1983: p.72-511.
4. Utiyama Y; Di Chiacchio N; Yokomizo V; Benemond TM; Metelman U. Estudo
na de tecido conjuntivo que, por ser superficial, também é de- retrospectivo de 288 lipoaspirações realizadas no serviço de dermatologia do
nominada tela subcutânea, subcútis ou estrato subcutâneo. Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo An. Bras. Dermatol. 2003;
78 (4): 435-42.
Ela se localiza diretamente sob a pele e contém gordura, fascí- 5. Collins P. Selection and utilization of liposuction cannulas. J Dermatol Surg
culos de tecido muscular, vasos sangüíneos, nervos cutâneos Oncol 1988:p.14-1139.
6. Cárdenas-Camarena L. Lipoaspiration and its complications: a safe operation.
e quase a metade da gordura do corpo. A fáscia profunda loca- Plast Reconstr Surg. 2003.
liza-se sob a superficial, é contínua, envolve cada músculo e 7. Klein J. Postliposuction Care: Open Drainage and Bimodal Compression. In:
Tumescent Technique. Tumescent Anesthesia and Microcannular Liposuction.
sua espessura, varia de um músculo para outro. As superfícies St. Louis: Mosby, 2000. p. 281-293.
fasciais podem desenvolver aderências, que devem ser elimi- 8. Field Lawrence M. Blunt Liposuction Cannula Dissection in Reconstructive
Surgery. Springer Berlin Heidelberg San Francisco, CA, USA 2006.
nadas para restaurar o movimento uniforme e indolor. 9. Well Gerson Carvalho, Lofêgo Filho José Anselmo, Teixeira Eduardo,Oliveira
A formação de fibroses está relacionada a fatores como o Luciana França, Cristina Elisabete, Borges Fabio dos Santos.Aspectos gerais
da manobra descongestionante imediata após lipoaspiração tumescente:Manobra
tipo de pele, a extensão e profundidade de penetração da de Well. Fisioterapia Ser. Vol.4 – nº1. 2009 – Pág. 14 a 17
cânula, a extensão da área a ser lipoaspirada, a experiência do 10. Silva DB. A fisioterapia dermato-funcional como potencializadora do pré e pós-
operatório de cirurgia plástica. Fisio & Terapia. Rio de Janeiro. 2001.
profissional e a escolha do método da lipoaspiração 4. Vinãs 11. Mendonça RJ, Coutinho Neto J. Aspectos celulares da cicatrização. An Bras
(1998) 17 verificou que os traumatismos provocados pela Dermatol. 2009; 84(3):257-62.
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lipoaspiração nos vasos sanguíneos e linfáticos provocam 2002.
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gia do processo cicatricial, a fase proliferativa, no período de 14. Ciporkin H, Paschoal LH. Atualização Terapêutica e Fisiopatogênica da
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qüentemente, a deposição de fibrinas e colágenos pelos mes- 16. Bienfait M. Os desequilíbrios estáticos: filosofia, patologia e tratamento
fisioterápico.São Paulo: Summus, 1995.
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so através da drenagem linfática manual associada a manipu- 19. Ribeiro DR. Drenagem linfática manual da face. 4. ed. São Paulo. Senac. 2003.
154
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Revisão
155
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Abstract
THE consensus of WHO - Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease (GOLD), defines COPD as a preventable
and treatable disease with pulmonary and extrapulmonary manifestations significant that may contribute to the severity individually.
Although COPD is a lung disease, it is responsible for major systemic changes that may culminate in peripheral muscle dysfunction,
contributing to the physical inactivity. Currently the vision of health professionals regarding the form of treatment of this disease
is changing and a greater focus is being given to ways of pharmacological therapy as Pulmonary Rehabilitation, emphasizing the
application of physical exercises. Know-that this is a matter little explored in the Brazilian literature which necessitates the
establishment of work of this nature. Therefore, this review aims address the COPD with emphasis on peripheral muscle dysfunction
and make a survey on protocols of exercises in COPD, inserted in Pulmonary Rehabilitation programs or isolated presenting health
professionals the effects of the insertion of physical exercise directed toward strengthening peripheral muscles in clinical treatment
of patients with COPD. Objective-parallel elucidate which the prospects in the context of muscle strengthening, disseminating these
results especially, physiotherapists, doctors and nurses. For this proposal, searches were performed of scientific articles published,
using the databases Google academic and Scielo, seeking scientific evidence of the benefits of muscle strengthening in the general
state of health of patients with COPD.
Keywords: chronic obstructive pulmonary disease, rehabilitation.Peripheral muscles strengthening.
Introdução
O consenso da Organização Mundial de Saúde - Global periférica, fazer um levantamento sobre protocolos de exercí-
Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease 1, define DPOC cios utilizados para DPOC, inseridos nos programas de reabi-
como uma doença prevenível e tratável com manifestações litação pulmonar ou de forma isolada, apontando também
pulmonares e extrapulmonares significantes que podem con- quais as perspectivas no âmbito do fortalecimento muscular,
tribuir para a gravidade individualmente. Embora a DPOC aco- divulgando esses resultados especialmente, para fisiotera-
meta eminentemente os pulmões, ela é responsável por gran- peutas, médicos e enfermeiros.
des alterações a nível sistêmico (estruturais e metabólicas) que
podem culminar em disfunção muscular periférica, que junta- Metodologia
mente com a dispnéia contribui para o surgimento do ciclo Esta pesquisa se constituiu de uma revisão de literatura
dispnéia-inatividade física-disfunção muscular perférica. 2, 3, 4 realizada por meio de acesso a internet, no segundo semestre
A DPOC possui elevada incidência e altos custos, sendo de 2010, onde priorizou-se a pesquisa de artigos escritos em
responsável pela quinta maior causa de morte no Brasil e pela português e publicados nas bases de dados Google acadêmi-
quinta maior causa de internação no Sistema Único de Saúde. co e Scientifc Eletronic Library Online (Scielo). Os descritores
Sendo que 2.816 destas ocorreram no Ceará em 2004. A DPOC considerados para a busca dos artigos foram DPOC, Reabili-
e outras enfermidades respiratórias são consideradas um gra- tação Pulmonar e Fortalecimento muscular periférico, inseri-
ve problema de saúde pública, sendo responsáveis por um dos na plataforma de busca de forma isolada ou cruzada.
gasto de aproximadamente R$ 600.000.000 por ano no Brasil.5,6,7 A primeira base de dados verificada foi a Google acadê-
A abordagem da DPOC tem mudado muito nos últimos mico. Utilizamos a opção pesquisa avançada, fornecida pelo
anos, e essa mudança se deve ao fato de que a dispnéia pode próprio site, com o intuito de otimizar a busca. Inicialmente as
não ser o único fator limitante da atividade física, atribuindo- palavras foram colocadas de forma isolada, e depois de ma-
se a fadiga muscular à alterações sistêmicas. 8 Com base neira simultânea unidas pelo símbolo “+” (Ex. DPOC + Forta-
nisso, o tratamento da DPOC começa a ser traçado de uma lecimento muscular). A segunda base de dados verificada foi
maneira mais holística, unindo a estabilização da disfunção a Scielo, utilizando os mesmos descritores, de forma isolada
pulmonar com a melhora do condicionamento físico, propos- ou cruzadas unidas pelo símbolo “+”. Na base de dados Scielo,
tas bem destacadas nos programas de reabilitação pulmonar. na opção método de pesquisa foi selecionada a opção “inte-
Vários estudos estão sendo realizados tentando encontrar a grada”, no campo local, foi selecionada a opção “Brasil”, com
melhor forma de tratar essa patologia, e as evidências de que o intuito de filtrar artigos originários de outros países.
a reabilitação pulmonar (principalmente com a prática de ati-
vidade física e treinamento de força muscular inclusos no Resultados e discussão
programa) possibilita melhora na capacidade funcional, auto- Após a inserção dos descritores na base de dados Google
estima e qualidade de vida estão cada vez mais sendo descri- Acadêmico, os resultados foram selecionados, inicialmente pelo
tas pela literatura. 9,10,11 título do artigo, sendo encontradas 46 referências. Após leitu-
Portanto, estudos que possuam o intuito de elucidar for- ra dos resumos e de alguns artigos na íntegra, verificou-se que
mas de tratamento baseadas na implementação de treinamen- apenas 5 artigos estavam relacionados com a proposta do es-
tos aeróbios e de força muscular, tornam-se relevantes pelo tudo, ou seja, com assuntos referentes à DPOC com ênfase na
fato de que essas condutas diminuem os índices de disfunção muscular periférica, avaliação funcional de pacien-
internações e de mortalidade nos portadores de DPOC. tes com DPOC e treinamento muscular. Na base de dados Scielo
Os objetivos do presente estudo foram fazer uma revisão 102 referências foram encontradas, utilizando o título dos arti-
sobre a DPOC com maior enfoque na disfunção muscular gos como forma de escolha primária. Após a leitura dos resu-
156
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Quadro 1: Publicações localizadas, segundo o tema: DPOC, disfunção muscular periférica, mencionadas nas bases de dados.
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tes permaneciam mais tempo sentados durante o dia, chegan- e individual para cada paciente, baseado nas causas da intole-
do à conclusão de que os pacientes portadores de DPOC no rância ao exercício (Figura 2), visando readaptá-lo para sua
Brasil são menos ativos do que idosos saudáveis em relação vida laboral, e assim melhorar sua qualidade de vida, sendo a
à atividade física de vida diária, correlacionando esses resul- RP (quadro 2) a principal ferramenta que os profissionais de
tados com a capacidade funcional e capacidade máxima de saúde dispõem para conseguir alcançar esta meta. 8,14,19
exercício, também reduzidas.
Figura 2: Guia prático baseado na(s) causa(s) da limitação ao
O estudo de Simon et al (2009) relacionou a inatividade
exercício, indicando direções para as modalidades de trata-
física com o índice de prognóstico de mortalidade BODE (B-
mento para otimizar a performance ao exercício.
body mass idex; O- airflow obstruction; D- dyspnea; E-
exercise capacity), criado por Celli e colaboradores em 2004.
Este índice avalia, além da obstrução ao fluxo aéreo, variáveis
como índice de massa corpórea, tolerância ao exercício e
dispnéia, com pontuações entre 0 e 10, onde o valor da pon-
tuação é diretamente proporcional ao índice de mortalidade.
Naquele estudo, foram avaliados 38 pacientes com moderada
a grave obstrução de fluxo aéreo, alocados em grupos consi-
derados ativos ou inativos fisicamente. Os pacientes consi-
derados inativos fisicamente (aqueles que não praticam exer-
cícios de moderada intensidade por 30 minutos pelo menos 3
vezes por semana, segundo recomendações do Colégio Ame-
ricano de Medicina Esportiva) obtiveram maior pontuação
do índice BODE, corroborando com a teoria de que a inativi-
dade física aumenta os riscos de mortalidade.
Quadro 2: Publicações localizadas, segundo o tema: Reabilitação pulmonar na DPOC, mencionadas nas bases de dados.
158
Fisioterapia Ser • vol. 8 - nº 3 • 2013
A Reabilitação Pulmonar é sem dúvida umas das melho- tos, na pressão máxima inspiratória e melhora significativa da
res propostas de tratamento clínico da DPOC, principalmente qualidade de vida. Ribeiro e colaboradores (2008) avaliaram
pelo seu componente de atividade física. Chiesa (2005) em 10 pacientes com diagnóstico clínico e espirométrico de DPOC
um estudo com 18 pacientes portadores de DPOC moderada antes e após 8 semanas de reabilitação pulmonar, utilizando
a grave avaliou a relação entre a liberação de citocinas (IL- um protocolo simples de treinamento em cicloergômetro, exer-
1B, IL-6 e TNF- alfa), o exercício físico agudo e o exercício cícios com halteres para membros superiores e treinamento
regular. Os achados desse estudo revelaram que os pacien- de musculatura inspiratória utilizando o Threshold. Ao final
tes submetidos à reabilitação pulmonar liberaram menos IL- do estudo foi observado aumento da pressão inspiratória
1B, não havendo diferença significativa na liberação de IL-6 e máxima, da distância percorrida no teste de caminhada de 6
TNF-alfa. Não houve, segundo a autora, relação entre inten- minutos, diminuição da percepção de esforço físico e melho-
sidade de exercício e liberação de citocinas. E apenas os paci- ra no desempenho das atividades de vida diária, evidencian-
entes que apresentaram exacerbação da DPOC liberaram TNF- do que a reabilitação pulmonar proporciona benefícios mes-
alfa, concluindo que os exercícios regulares reduzem a libera- mo em um curto prazo de tempo.
ção de IL-1B. Os resultados descritos na literatura demons- Roceto e colaboradores (2007) analisando 34 pacientes
tram que os pacientes que participam regularmente dos pro- com DPOC obtiveram como resultados: diferença estatistica-
gramas reduzem significativamente os índices de internações, mente significativa para todos os domínios do Chronic
de mortalidade e melhoram sua qualidade de vida. 23,24,25 Respiratory Questionnaire (CRQ), melhora nas pressões
Rodrigues (2002) em estudo com 30 pacientes com DPOC inspiratória e expiratória máxima, aumento na distância percor-
observou que os pacientes submetidos ao programa de Reabilita- rida no teste de caminhada de 6 minutos e melhora na qua-
ção pulmonar tinham a percepção de esforço físico diminuída e a lidade de vida. Godoy et al (2008) em estudo com 30 pacientes
capacidade física funcional aumentada, juntamente com melhora portadores de DPOC, observou redução nos níveis de ansie-
nos testes incrementais de membros superiores e inferiores. dade e depressão, melhora na distância percorrida no teste de
Burtet (2004) em estudo com 54 pacientes observou me- caminhada de 6 minutos – TC6 e melhora na qualidade de vida.
lhora no nível de conhecimento da doença e da qualidade de Apesar de a reabilitação pulmonar ser comprovadamente
vida, sem alterações no peso corporal. Zanchet e colabora- benéfica para pacientes com DPOC, a rotina dos treinamentos
dores (2005) em estudo com 27 pacientes observaram melho- propostos ainda enfoca bastante o treino de endurance feitos
ra na distância percorrida no teste de caminhada de 6 minu- em esteiras, bicicletas ergométricas e cicloergômetros. No en-
Quadro 3: Publicações localizadas, segundo o tema: Treinamento de força muscular na DPOC, mencionadas nas bases de dados.
159
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tanto, este tipo de treinamento não proporciona aumentos sig- intensidade nos quesitos: ganho de força, melhora na resis-
nificativos de força e massa muscular. 26 Os mesmos autores tência, do tempo de endurance e da qualidade de vida. Nesse
citam o último consenso de reabilitação pulmonar da Socieda- estudo os autores não observaram melhora nos testes
de Torácica Americana (2006), que diz que a combinação de incremental limitado por sintomas em cicloergômetro, no tes-
treinos de resistência e de força é provavelmente a melhor es- te de caminhada dos 6 minutos e na função pulmonar. Esta
tratégia para tratar disfunção muscular periférica na DPOC. revisão trouxe o estudo de Hoff et al. (2007) que relatou me-
lhora da função pulmonar nos pacientes com DPOC através
Treinamento de força muscular periférica na DPOC de um protocolo de treino de força muscular de elevada in-
Comumente os pacientes portadores de DPOC são aco- tensidade utilizando um aparelho de pressão nas pernas. Os
metidos de fraqueza muscular e intolerância ao exercício, resultados mostraram que, além da melhora da força muscular
explicadas pela redução na área de secção transversa dos periférica (105%), houve melhora significativa da eficiência
músculos esqueléticos, alteração dos tipos de fibra muscular, mecânica em cicloergômetro (32%), do volume expiratório
com redução das fibras oxidativas e predominância das fibras forçado no 1 segundo – VEF1 (21,5%), da capacidade vital
gligolíticas. 26,28 Essa disfunção tem sido atribuída, também, forçada - CVF (~10%) e da relação VEF1/CVF (~2%). 33
mas não somente, a fatores como o estresse oxidativo sofrido Outro estudo acompanhou 32 pacientes portadores de
por esses pacientes e tem sido alvo de diversos estudos que DPOC grave dividindo-os em um grupo para fortalecimento e
envolvem o treinamento de força, isolado ou combinado com outro grupo controle não exercitado, durante oito semanas.
treinamentos voltados para condicionamento, a fim de se pro- O treinamento consistia de três séries, de dez repetições, de
mover uma restauração mais completa da capacidade funcio- três exercícios selecionados com uma periodicidade de três
nal de indivíduos portadores de DPOC. 13, 27 O quadro 3 de- vezes por semana. A intensidade de início foi de 50% de uma
monstra alguns trabalhos com esse intuito, localizados nas repetição máxima (1RM) na primeira semana, aumentando pro-
bases de dados pesquisadas. gressivamente até 85% de 1RM nas últimas semanas de trei-
Em um trabalho realizado com 12 indivíduos portadores no. A força voluntária máxima aumentou entre 16% e 44% no
de DPOC moderada a grave foram avaliados quanto ao índice grupo treinado e não se alterou no grupo controle. Não hou-
de massa corporal, força muscular respiratória, teste de exer- ve alteração significativa na distância percorrida no TC6 em
cício cardiorrespiratório, força de preensão palmar, pico de nenhum dos dois grupos. Entretanto, houve melhora do de-
torque e endurance de quadríceps femoral e comparados com sempenho no questionário de qualidade de vida e na resis-
indivíduos saudáveis. Seus achados mostraram redução de tência muscular no grupo experimental. 34
todas as variáveis estudadas nos portadores de DPOC, cor- Dourado e Godoy (2004) em uma revisão de literatura
roborando com a afirmação que a DPOC acarreta disfunção relataram os benefícios de vários tipos diferentes de trata-
muscular global. 28,32 mento da disfunção muscular esquelética na DPOC. Segun-
Em outro estudo, foi comparada a redução de força mus- do seus achados o exercício aeróbio melhora a concentração
cular de membros superiores e inferiores após um protocolo de enzimas oxidativas, a capilarização dos músculos treina-
de fadiga nos pacientes portadores de DPOC. Os autores dos, o limiar anaeróbio melhorando a capacidade física dos
utilizaram um dinamômetro portátil para avaliação antes e após pacientes. O treino de força melhora a força voluntária máxi-
o protocolo de fadiga, que consistiu de 3 séries de 10 repeti- ma e melhora o desempenho do questionário de qualidade de
ções com 80% da carga máxima obtida pelo paciente no teste vida, no entanto, não há relatos de que o treino isolado de
de uma repetição máxima e um minuto de repouso entre as força muscular melhora a endurance ou capacidade para de-
séries. Quanto aos resultados os autores observaram dife- senvolver atividades de longa duração. A administração de
rença estatisticamente significativa quanto à sensação de esteróides anabolizantes a curto prazo, segundo os autores,
dispnéia e fadiga, sendo maior na última, antes e após a apli- é eficaz no ganho de massa corporal e na tolerância ao exercí-
cação do protocolo e na comparação de membros superiores cio em doenças que progridem com perda de massa muscular
e inferiores, houve predomínio na fadiga de membros superi- e se bem aplicadas não apresentam efeitos adversos. E o
ores. O fato de a fadiga ter sido maior que a sensação de mesmo estudo apontou a estimulação elétrica neuromuscular
dispnéia, segundo os autores, pode ser explicada pelo fato como uma forma viável de tratamento, sendo esta interessan-
de que a realização de treino de força gera pouco aumento de te principalmente nos pacientes portadores de DPOC grave,
ventilação e, portanto pouca dispnéia. 29 O exercício aeróbio é com dispnéia aos mínimos esforços, aliviando os efeitos da
uma forma de treinamento que visa restaurar o condiciona- disfunção muscular e tornando possível a entrada desses
mento físico e é uma proposta rotineira nos programas de pacientes em programas de reabilitação pulmonar. Quanto à
Reabilitação Pulmonar, no entanto esta forma de treinamento, suplementação de creatina, os autores demonstram que esta
não reverte os efeitos deletérios da doença sob a função substância atua aumentando a massa magra e o tempo neces-
muscular de pacientes portadores de DPOC, além de não ser sário para fadiga muscular, aumenta a força muscular e o de-
bem tolerada nos casos mais graves. A inclusão de treino de sempenho em atividades de resistência dos pacientes que uti-
força muscular no tratamento clínico da DPOC deve ser in- lizam creatina mesmo em um curto período de tempo (7 dias).
centivada, e existem vários estudos demonstrando sua eficá-
cia na melhora do estado de saúde geral dos pacientes. 26 Conclusão
Em uma revisão de literatura destacou os efeitos positi- A DPOC deve ser considerada uma síndrome, com a
vos do treinamento de força isolado de baixa, moderada e alta disfunção muscular periférica sendo uma dos principais fato-
160
Fisioterapia Ser • vol. 8 - nº 3 • 2013
res responsáveis pela limitação funcional dos pacientes e 16. Hernandes NA et al. Perfil do nível de atividade física na vida diária de
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161
Fisioterapia Ser • vol. 8 - nº 3 • 2013
Revisão
Abstract
Introduction: Cancer brings with it various complications where physiotherapy
plays a key role to minimize the damage caused by these neoplasms. Objective: To
conduct a systematic review of literature on the benefits that physiotherapy offers
cancer patients affected by the disease. Methodology: The study was conducted in
national and international electronic databases PEDro, Brazil SciELO (Scientific
Electronic Library Online), LILACS (Latin American literature and Caribbean Health
Sciences), BIREME (Regional Library of Medicine) sites of organizations and
institutions devoted to the care of cancer patients, research on the subject and
available in higher education institutions all related to the descriptors Physical
Therapy , Cancer , Oncology and Palliative Care. Results: From the nine selected
articles, realized that physiotherapy is necessary and brings beneficial outcomes
for cancer patients before and after surgery as well as after discharge improving the
quality of life of the individual. Conclusion: The behavioral approaches used are
very similar, only changing the protocol of each service as it is directed to the
patient’s need. The most commonly used features intended to minimize
complications by improving the quality of life of patients.
Keywords: cancer, physiotherapy, benefits, quality of life.
162
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Introdução
O câncer é conhecido de muitos séculos, o mesmo foi profissional complementam os cuidados para com os pacien-
considerado como uma doença de países com grandes recur- tes oncológicos, melhorando os sintomas e ofertando uma
sos e chamados de desenvolvidos inicialmente, porem esse melhor qualidade de vida, adotando uma abordagem
status vem sendo modificado há algumas décadas, observa- humanista e integrativa do paciente8.
se que a maior parte dos índices de câncer são detectados em Mediante os dados expostos e devido à tímida presença
países em desenvolvimento e com poucos recursos segundo da fisioterapia oncológica nos espaços de saberes, objetivou-
o Instituto Nacional de Câncer (INCA)1. se realizar uma revisão sistemática da literatura sobre as con-
O câncer é uma patologia causada pelo aumento descon- dutas e os benefícios da fisioterapia em pacientes oncológicos,
trolado da produção de células normais que passaram por podendo assim apresentar essa especialidade entre os pro-
uma diferenciação, gerando um aglomerado celular denomi- fissionais da saúde como também para a população com o
nado de neoplasia ou tumor ². intuito de reduzir as barreiras presentes diante do acompa-
O perfil epidemiológico da doença vem sendo modifica- nhamento do fisioterapeuta com esses pacientes restringin-
do no Brasil assim ganhando grande relevância por ser um do o mesmo de obter uma eficácia no tratamento contra o
problema tido como de saúde pública. No país, no ano de câncer e uma melhor qualidade de vida.
2012 foi descoberto cerca de 52.680 casos de câncer de mama,
com um risco aproximado de 52 casos de câncer a cada 100 mil Metodologia
mulheres. Conhecendo a doença e a real situação de saúde O presente estudo consistiu em uma revisão de literatura
do nosso país, permite-se a produção de politicas de preven- sistemática sobre os possíveis benefícios da fisioterapia apli-
ção e combate a doença, estabelecendo prioridades e recur- cada em pacientes que são diagnosticados com câncer, de-
sos para modificar de forma positiva o contexto vivido pela nominada de Fisioterapia oncológica.
população brasileira ³. Foi realizada a captação de publicações, em língua portu-
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que em guesa, espanhola e inglesa, nas bases de dados científicos
2030 espera-se um número de quase 27 milhões de casos de eletrônicos nacionais e internacionais PEDro, SciELO Brasil
câncer, 17 milhões de mortes pela doença e 75 milhões de (Scientific Electronic Library Online), LILACS (literatura
pessoas vivas com câncer anualmente¹. latino-americana e do Caribe em ciências da saúde), BIREME
O Brasil reconhecendo a doença como um problema de (Biblioteca Regional de Medicina), sites de organizações e
saúde pública lançou a Politica Nacional de Atenção instituições voltadas ao atendimento de pacientes com cân-
Oncológica (PNAO) onde as ações de controle devem acon- cer, pesquisas sobre o assunto e disponíveis em instituições
tecer pela rede de atenção oncológica em conjunto com to- de ensino superior todos relacionados aos descritores Fisio-
das as instâncias governamentais, com suas secretarias, e terapia, Câncer, Oncologia e Cuidados Paliativos.
serviços de saúde com participação ativa da sociedade4. Os critérios de inclusão estabelecidos foram artigos pu-
O câncer traz com ele várias complicações as quais irão blicados nos últimos 13 anos de 2000 a 2013, assim como
definir o grau de disfunção do paciente mediante o tipo de artigos completos, na língua portuguesa, inglesa e espanho-
tumor que apresenta e o tipo de tratamento adotado para la, artigos da Revista Brasileira de Cancerologia, como arti-
esse individuo. A fisioterapia oncológica tem por objetivo gos que comtemplem os descritores escolhidos. Os critérios
preservar, manter, desenvolver e restaurar a integridade de exclusão são publicações com ano inferior a 2000, revi-
cinético-funcional do paciente, prevenindo distúrbios que sões sistemáticas, editoriais, artigos de opinião e os quais
surgem ao longo do tratamento oncológico5. não apresentassem os descritores selecionados. A seleção
A prevenção de complicações osteomioarticular, respira- ocorreu de Abril de 2013 a Agosto de 2013.
tória e por desuso é de responsabilidade da fisioterapia a
qual irá favorecer uma melhor qualidade de vida para o paci- Resultados
ente através de orientações domiciliares, diagnóstico e inter- Nas combinações dos descritores escolhidos foram en-
venção precoce. A intervenção da fisioterapia deve aconte- contrados no SciELO um artigo no cruzamento Fisioterapia e
cer em todas as etapas da doença: antes do tratamento, du- Oncologia, 17 na combinação Fisioterapia e Câncer e desses
rante o tratamento e após o tratamento, na possível recidiva apenas 10 abordam o tema e um na combinação Fisioterapia
da doença e nos cuidados paliativos6. e Cuidados Paliativos; no LILACS foram 74 artigos na combi-
A fisioterapia tem uma gama de recursos que contribuem nação Fisioterapia e Câncer, dos quais 43 são artigos com-
para a melhora da qualidade de vida desse paciente, o atendi- pletos e 25 falam sobre o assunto, 7 em Fisioterapia e
mento adequa-se ao que o individuo necessita no momento Oncologia, tendo três artigos completos e 6 sobre o assunto,
dentre os recursos podemos citar: métodos de terapia manu- 5 em Fisioterapia e Cuidados Paliativos, três artigos são com-
al, alongamentos, exercícios passivos e ativos para fortaleci- pletos e dois falam sobre o assunto; no PEDro foram 3 artigos
mento da musculatura, mobilizações articulares, alongamen- na combinação Fisioterapia e Câncer, nas outras combina-
tos, posicionamentos, exercícios respiratórios e técnicas de ções não foram encontrados resultados positivos e na
higiene brônquica, suporte de O2 e ventilação mecânica quan- BIREME 655 artigos com a combinação Fisioterapia e Câncer,
do necessário7. onde 185 são completos e 98 falam sobre o assunto, 30 com
A fisioterapia é fator determinante na equipe multidis- os descritores Fisioterapia e Oncologia, onde 4 falam sobre o
ciplinar, pois as técnicas disponibilizadas e efetuadas por esse assunto e 123 artigos de Fisioterapia e Cuidados Paliativos,
163
Fisioterapia Ser • vol. 8 - nº 3 • 2013
sendo 19 completos e 22 abordam o assunto; na Revista de Drenagem Linfática. Outros recursos foram citados como
Cancerologia do Instituto Nacional do Câncer foram encon- Massagem, Exercícios terapêuticos, Eletro-estimulação, alon-
trados 15 artigos completos no total, sendo que apenas 12 gamentos entre outros. Assim como as condutas os benefíci-
foram selecionados. Pode-se observar que não houve publi- os obtidos pela fisioterapia se restringem basicamente em
cação nos anos de 2013, 2007 a 2005 para os descritores Fisi- diminuição da dor, ganho de amplitude de movimento (ADM)
oterapia e Câncer no SciELO, no LILACS não foi observado e diminuição de edema.
publicação no ano de 2001, na BIREME nos anos de 2013,
2010, 2009 e 2007, no PEDro não foi obtido resultado. Discussão
A busca pelos artigos que apresentavam os descritores Até pouco tempo atrás não se via com bons olhos a
selecionados se resumiu em 169 artigos em sua totalidade, os prescrição de qualquer tipo de atividade física para pacientes
quais contemplavam o objetivo do presente estudo. Da sua oncológicos ou até mesmo um encaminhamento para a fisio-
totalidade foram selecionados de forma aleatória nove arti- terapia pelo fato desses pacientes se apresentarem de forma
gos, sendo distribuídos da seguinte forma: quatro artigos do mais debilitada pela própria doença ou até mesmo pelo tipo
SciELO, um do PEDro, um do LILACS, um da BIREME e dois de tratamento realizado. A crença de quanto mais repouso
da Revista Brasileira de Cancerologia. Foram descartados os melhor se deu pela suposição que os movimentos realizados
artigos que não estavam apresentados na integra e cuja poderiam agravar o quadro desse paciente.
temática não estava de acordo com a abordagem do estudo. Nessa fase da doença, o paciente esta frágil e as suas
A conduta fisioterapêutica encontrada na maioria dos funções vão diminuindo chegando a não se recuperar, este
artigos selecionados foram Cinesioterapia, Terapia Manual e estado débil leva a incapacidade funcional do mesmo alteran-
do a sua qualidade de vida17.
Tabela 1: Descrição de artigos da pesquisa selecionados. O repouso prolongado
gera a síndrome da imobilida-
de onde todos os sistemas do
organismo do individuo são
comprometidos. Essa situação
é comum onde não existe o
condicionamento físico, ge-
rando comprometimento gra-
dual de força muscular e fle-
xibilidade acarretando também
distúrbios respiratórios apre-
sentando sinais de dor enfati-
zando a necessidade da atua-
ção do fisioterapeuta17.
Em consonância ao autor
supracitado Faria9 em seu es-
tudo descritivo ressalta que a
fisioterapia é imprescindível
para esses pacientes, pois irá
reduzir os quadros dolorosos
e evitará possíveis complica-
ções no pós-operatório ou em
longos períodos de imobilida-
de. A fisioterapia é responsá-
vel pelo acompanhamento
das sequelas próprias do tra-
tamento, trabalhando de for-
ma preventiva para minimizar
os danos. A intervenção da
Fisioterapia se baseia na
Cinesioterapia Motora (exer-
cícios de alongamento global
e fortalecimento muscular,
exercícios ativos assistidos
prosseguindo para exercícios
ativos resistidos); Cinesiote-
rapia Respiratória (exercícios
respiratórios, técnicas de hi-
164
Fisioterapia Ser • vol. 8 - nº 3 • 2013
giene brônquica); manobras de drenagem linfática manual, litação além de receberem a cartilha informativa onde contem
movimentos de facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) as orientações sobre os cuidados que se tem que tomar com
e condutas para melhorar a postura do individuo como a Ree- o lado que foi realizado a cirurgia assim como os exercícios
ducação Postural Global (RPG). Pode-se também fazer uso dos que podem ser realizados em domicilio.
recursos analgésicos (Tens, crioterapia, mobilização passiva, O Programa era realizado no primeiro mês pós- operató-
técnicas de relaxamento miofascial) os quais irão complemen- rio com atividades em grupo contendo cinesioterapia ativa,
tar o tratamento favorecendo o alívio da dor, diminuindo os alongamentos e relaxamento. Em média são 19 exercícios, sen-
riscos de infecção, aumentando a mobilidade de membros e do realizado três vezes por semana, durante quatros sema-
reduzindo a necessidade de medicamentos analgésicos. nas, com duração de uma hora, totalizando 12 sessões. No
De forma diferente LEAL et al.,10 apresenta em seu en- final do programa as pacientes eram reavaliadas assim verifi-
saio clinico a comparação de duas técnicas de fisioterapia em cando a possibilidade de alta ou a necessidade de atendi-
linfedema pós-câncer de mama onde foram avaliadas 15 paci- mento adicional. Mediante as complicações apresentadas o
entes inicialmente, onde 12 foram incluídas no estudo de acor- programa de reabilitação era composto por cinesioterapia (exer-
do com os critérios de inclusão escolhidos. As candidatas cício e alongamento ativos), terapia manual (massa-gem,
voluntárias deveriam ter os seguintes quesitos: ter realizado pompagem, alongamento passivo, mobilização arti-cular do
esvaziamento linfático axilar unilateral, apresentar linfedema ombro, entre outras), complexo descongestivo fisioterapêutico
secundário ao tratamento no membro homolateral com dife- (drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo, exer-
rença entre os braços encontrada na perimetria realizada mai- cícios ativos, cuidados com a pele e in-dicação de braçadeira
or ou igual a 3 cm e aceitar participar do estudo mediante elástica compressiva). Foi observado que a fisioterapia é efi-
assinatura de um termo de consentimento livre e esclarecido. caz no processo de reabilitação de mulheres que passaram
As pacientes tinham sido submetidas ao tratamento de por esse tipo de cirurgia onde a maioria das mulheres apre-
linfedema com Fisioterapia Complexa Descongestiva (FCD) sentou funcionalidade da amplitude de movimento (ADM),
anteriormente e estavam em fase de manutenção. O tratamen- ausência de complicações, re-cebendo alta fisioterapêutica
to para o linfedema se divide em dois onde a fisioterapia tra- ao final do Programa.
balha com a FCD, técnica que combina drenagem linfática Assim como Faria9 e Nascimento et al.,11 o estudo de caso
manual (DLM), enfaixamento compressivo funcional (ECF), analítico descritivo realizado por Rett et al.,12 utiliza a
exercícios terapêuticos, cuidados com a pele e precauções cinesioterapia como ferramenta para reabilitar as pacientes que
para a vida diária. Tendo como objetivo reduzir de forma má- passaram pelo processo de mastectomia onde 39 mulheres fo-
xima o volume do membro possibilitando uma melhora estéti- ram integradas a um programa de reabilitação composto por
ca e funcional. Essa fase intensiva é determinada pela gravi- alongamento, exercícios ativo-livres e ativo-assistidos de mem-
dade do caso podendo ter uma duração de 3 semanas até bro superior (alongamento de cervical, de MMSS e movimen-
meses, sendo concluída quando se atinge a redução máxima tos ativo-livres de flexão, extensão, abdução, adução, rotação
do volume do membro (parcial ou total). A fase de manuten- interna e rotação externa dos ombros, isolados ou combina-
ção inicia com o fim da fase intensiva visando manter pelo dos). O protocolo utilizado proporcionou as pacientes uma
máximo de tempo as reduções obtidas. Os recursos mais apli- diminuição da dor e aumento significativo da ADM mostrando
cados são: automassagem linfática, exercícios, uso da braça- que é a fisioterapia tem papel fundamental na reabilitação des-
deira e cuidados com a pele. sas pacientes trazendo benefícios necessários e duradouros.
O estudo mostra que a FDC foi eficaz na redução do Sempre com o intuito de preservar as funções do
linfedema na fase intensiva. Essa redução manteve-se ao lon- individuo a fisioterapia é uma ferramenta essencial para esse
go dos períodos estudados com a braçadeira e cuidados com processo de restauração da funcionalidade. Oliveira et al.,13
o braço. A estimulação de alta voltagem (EAV) foi outro recur- utiliza a cinesioterapia (exercícios ativo livres de flexão, ex-
so utilizado com o intuito de absorver o edema, o mesmo tensão, abdução, adução, rotação interna e externa de ombro
proporcionou uma redução satisfatória da perimetria e da e alongamentos) para minimizar o dano funcional causado
volumetria do membro acometido. Porém o estudo mostra al- pelo tratamento cirúrgico e radioterapia, proporcionando
gumas diferenças entre as técnicas escolhidas, o tratamento mobilidade, flexibilidade evitando a possível formação de res-
realizado tanto pela fisioterapia complexa descongestiva quan- trição pelo tecido de cicatrização.
to ao protocolo realizado com a estimulação elétrica não mos- A fisioterapia respiratória é tão importante quanto à fi-
traram efetividade na redução do linfedema residual secun- sioterapia motora em pacientes diagnosticados por câncer.
dário ao esvaziamento linfático axilar, porém proporcionou a Lunardi et al.,14 em seu estudo retrospectivo mostra que a
manutenção das medidas avaliadas. fisioterapia aplicada em pacientes que passaram por cirur-
Já em seu estudo retrospectivo Nascimento et al.,11 mos- gia abdominal alta de câncer, diminui a prevalência de com-
tra as condutas fisioterapêuticas e as possíveis complica- plicações e problemas respiratórios, os quais poderiam le-
ções que venham a acometer mulheres após cirurgia por cân- var o paciente a óbito. A fisioterapia respiratória mostra a
cer de mama. O protocolo de atendimento começa no primeiro sua eficácia melhorando a saturação de oxigênio, tratando a
dia após a cirurgia onde as pacientes que passaram pelo pro- atelectasia, reduzindo a incidência de pneumonia, melho-
cesso cirúrgico eram orientadas a realizar três exercícios para rando o padrão ventilatório.
o membro superior (flexão, abdução e rotação de ombro), após Os pacientes receberam atendimento de fisioterapia no
a alta hospitalar são encaminhadas para o programa de reabi- pós operatório na UTI, na enfermaria cirúrgica e na enferma-
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Revisão
Cristiane França do Prado1, Juliane Queiroz1, Carolina Kosour2, Fernanda Masi Galhardo3,
Núbia Maria Freire Vieira Lima3, Desanka Dragosavac4, Cristiane Delgado Alves Rodrigues5
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Abstract
Introduction: the integrity of the temporomandibular joint (TMJ) is essential for the proper functioning of the stomatognathic
system that involves a proper function of speech, chewing, swallowing and posture of the mandible. Traumatic conditions,
among others, involving the installation of ATM provide disorders which characterize the temporomandibular disfunction
(TMD). Objective: the objective of this study was to demonstrate the relationship between intubation and temporomandibular
disorders, and promote critical thinking about the methods commonly used, and the technical precautions necessary in the
management of air to ensure the quality of care. Methodology: we performed a systematic search in the databases: PubMed,
LILACS, MEDLINE, Cochrane Library, PubMed, EMBASE and Brazilian Research Journal, which were used, found in the
Medical Subject Headings (MeSH) to identify publications, to date, which to address the following issue. Results: six studies
were included in this review and the results indicate that in cases of upper airway trauma may occur at ATMs that are
detrimental to joint function. It is clear that anesthesia and routine IOT lead to changes in the installation of ATM and
symptoms of TMD. Conclusion: the research also suggests that the evaluation of the TMJ should be a routine approach in
the airways of patients undergoing general anesthesia to ensure the technical precautions necessary when handling preventing
complications.
Keywords: mandibular condyle, mandibular injuries, intensive care unit, artificial respiration.
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dos da pesquisa 13,14, os trabalhos que cumpriram os critérios sons que podem ser intermitentes. Os deslocamentos anteri-
de inclusão foram avaliados pelos pesquisadores quanto a ores severos do disco podem causar travamento da articula-
qualidade metodológica segundo a escala de PEDro, excluin- ção prejudicando a abertura da boca - condição que tem sido
do-se estudos com score menor que três nesta escala 10,11. relatada nos procedimentos de IOT 19,20.
Durante a IOT o anestesiologista normalmente realiza
Resultados tanto a rotação quanto a translação da ATM para permitir a
Doze estudos foram encontrados pela procura na base abertura máxima da boca do paciente, visualizando com su-
de dados utilizando as palavras-chaves e critérios de exclu- cesso a epiglote e cordas vocais para a passagem do tubo
são. Desses estudos, seis foram publicados na forma de arti- endotraqueal. Martin et al 5. observaram que no decorrer do
go completo. Foram excluídos seis estudos: um por ser refe- procedimento, podem acontecer danos à ATM, devido ao
rente a neonatos, outro por não abordar a ATM e sim lesões excesso de forças aplicadas e ao temp o em que a articulação
dentarias secundárias a IOT, e quatro por se apresentarem é submetida a estas forças.
como carta ao editor. Ao final, seis estudos publicados foram A hipnose, analgesia, e o relaxamento, suprimem os me-
incluídos nesta revisão 15-20. As características dos estudos canismos de defesa da ATM e quando associados à manipu-
incluídos estão descritas na tabela 2. lação necessária ao procedimento de IOT, podem causar dis-
túrbios na ATM. No período pós-operatório os processos
Discussão patológicos que causam a redução dos movimentos mandi-
A ATM é de fundamental importância no sistema bulares estão ligados a edema periarticular, seroma intra-arti-
estomatognático, tanto como órgão capaz de fornecer infor- cular e alteração da função muscular 8.
mações sobre o movimento e posição como a ligação entre a Sinais e sintomas de desordens temporomandibulares,
mandíbula e base do crânio. Lesões da ATM podem causar caracterizados como morbidades dos procedimentos cirúrgi-
perturbações funcionais 1. cos, trazem prejuízos aos indivíduos por se manifestarem de
Os movimentos e a função normal da ATM dependem forma dolorosa, reduzir a função da mandíbula, e causar ma-
das contrações coordenadas dos músculos mastigatórios oclusão, desvios, limitação de movimento, ruídos articulares
agindo em um côndilo e complexo de disco articular intactos. e bloqueios. Cefaléia, zumbidos no ouvido, alterações visu-
A abertura da boca é um processo passivo que envolve o ais, e queixas neurológicas também têm sido relatadas. Devi-
relaxamento da maioria dos músculos mastigatórios, exceto o do aos diversos fatores etiológicos, o diagnóstico e trata-
pterigóide lateral e os músculos supra-hióideos, cuja contra- mento dos pacientes com DTM é complexo 20.
ção puxa o côndilo mandibular para frente 1. Em estudo realizado com 68 pacientes no qual foi avalia-
Os ligamentos e os músculos ajudam a estabilizar as arti- da a disfunção da ATM antes e após a cirurgia, notou-se que
culações, e a contração muscular súbita e inadequada quan- ao exame da boca e da mandíbula, a redução da abertura má-
do a boca está muito aberta, como em bocejo, pode produzir xima da boca, desvio da mandíbula durante a abertura ou
luxação. Pode ocorrer deslocamento anterior do disco articu- fechamento da boca, sons articulares e crepitação ou dor à
lar que provoca distúrbios na abertura da boca produzindo palpação, estavam presentes nos pacientes no dia imediata-
Tabela 2: Estudos encontrados nas bases de dados cujos resumos foram analisados para formar a lista de artigos potenciais
a pesquisa.
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mente após a cirurgia, o que indicava sintomas de DTM pós- distúrbios por tempo prolongado, não se pode excluir a evi-
IOT. Dos 68 pacientes avaliados, nove apresentaram distúr- dência das sequelas 8.
bios funcionais da ATM antes da intubação. Após a Diante do exposto, verificou-se que a disfunção da ATM
intubação, verificou-se que em quatro dos nove pacientes é uma morbidade comum da manipulação da via aérea no pa-
com DTM prévia, houve piora da disfunção, e três dos 59 ciente sedado, e a laringoscopia não é a condição exclusiva
indivíduos que não apresentavam disfunção no pré operató- para a ocorrência de distúrbios na ATM no pós-operatório.
rio desenvolveram DTM pela primeira vez 6. Após esta revisão, fica evidente o impacto do procedimento
A laringoscopia direta é um fator de risco para distúrbio de IOT na instalação dos sintomas e incidência de DTM.
na ATM, e é evidente a instalação de DTM em pacientes que
foram submetidos à laringoscopia direta. A incidência de Conclusão
disfunção da ATM em indivíduos normais após a Mediante a análise dos artigos o presente estudo confir-
laringoscopia direta pode chegar a 66% dos casos 8. ma a relação entre IOT e incidência de DTM e sugere que a
Entretanto, indivíduos submetidos à manipulação das avaliação da ATM deve integrar a rotina de abordagem das
vias aéreas superiores, mesmo que não tenha sido utilizada vias aéreas em pacientes que serão submetidos à anestesia
laringoscopia direta, também apresentam riscos de desenvol- geral e IOT para garantir as precauções técnicas e, assim,
verem alterações na ATM. Observou-se IOT por meio de prevenir as DTMs.
transiluminador com um lightwand e IOT por fibrobroncospia,
em ambas as técnicas, sem laringoscopia, os indivíduos apre- Referências
sentaram limitação de abertura da boca no pós-operatório 1. Biasotto-Gonzalez, DA. Abordagem Interdisciplinar das Disfunções
tendo diagnóstico de deslocamento anterior de disco 16. Temporomandibulares. 1a.Edição. Editora Manole: São Paulo, 2005. p.200.
2. Quinto CA. Classificação e tratamento das disfunções temporomandibulares:
Em estudo de 140 indivíduos dos quais 50, escolhidos qual o papel do fonoaudiólogo no tratamento dessas disfunções? Revista CEFAC.
aleatoriamente, foram submetidos à IOT e avaliados antes e 2000; 2(2):15-22.
3. Chavees TC, Oliveira AS, Grossi DB. Principais instrumentos para avaliação
após a cirurgia até o terceiro dia, observou-se que abertura da disfunção temporomandibular, parte I: índices e questionários; uma contri-
buição para a prática clínica e de pesquisa. Fisioterapia e Pesquisa. 2008; 15(
máxima da mandíbula estava reduzida em 10,5% para 20,2% 1): 92-100.
dos pacientes. Segundo os autores, em geral, esta limitação 4. Agró F, Salvinelli F, Casale M; Antonelli S. Temporomandibular joint assessment
in anaesthetic practice. British Journal of Anaesthesia. 2003; 90(5); p.707-708.
foi resolvida em cerca de três dias espontaneamente, supon- 5. Rodrigues ETT, Avaliação da articulação temporomandibular pós intubação
do que as alterações são transitórias. Contudo dois indivídu- orotraqueal. [Dissertação]. Campinas: São Leopoldo Mandic, 2008.
6. Pereira KNF, Andrade SLL, Costa MLG, Portal TF. Sinais e sintomas de pacien-
os, apresentaram limitação de abertura máxima da mandíbula tes com disfunção temporomandibular. Revista CEFAC, 2005; 7(2):221-8.
até o oitavo e décimo dia de pós-operatório. Comparou-se 7. Martin MD, Wilson KJ, Ross BK, Souter K. Intubation Risk Factors for
temporomandibular Joint/Facial Pain. Anesthesia Progress. Fall, 2007; 54(3):
ainda a prevalência de distúrbios de ATM no procedimento p. 109-14.
de IOT em que a laringoscopia foi utilizada, com abordagem 8. Lipp, Domarus H, Daubiander M, Leyser KH, Dick W. Temporomandibular Joint
Dysfunction after Endotracheal Intubation. Anaesthesist. 1987; 36(8):442-445.
por via nasal e através de máscara facial. Observou-se que 9. Rattan V. Prolonged Temporomandibular Joint Dislocation in an Unconscious
Patient After Airway Manipulation. Anesthesia e analgesia. 2006;102:1287–99.
quase exclusivamente os indivíduos submetidos à IOT com 10. Sampaio RF e Mancini MC. Estudos de revisão sistemática: um guia para síntese
laringoscopia, apresentavam desordem de ATM, concluin- criteriosa da evidência científica. Revista Brasileira de Fisioterapia , São Carlos,
2007; 11(1) 83-89.
do-se que a IOT com laringoscopia é o método mais traumá- 11. PEDro: Physiotherapy Evidence Database.[online]. Australian; 2006. [captu-
tico para a ATM 18. rado em 20 mar. 2006] Disponível em: http://www.pedro.fhs.usyd.edu.au/
index.html.
Outro estudo realizado com 100 indivíduos dos quais 50 12. Higgins JPT, Green S (editors). Cochrane Handbook for Systematic Reviews of
foram submetidos à IOT e 50 foram operados sob anestesia Interventions Version 5.0.1 [updated September 2008]. The Cochrane
Collaboration, 2008. Available from www.cochrane-handbook.org.
raquidiana ou peridural, sugere que os distúrbios da ATM 13. Berwanger O, Suzumura EA, Buehler AM, Oliveira JB. Como avaliar criticamen-
te revisões sistemáticas e metanálises? Revista Brasileira de Terapia Intensiva.
podem ser evidentes após o procedimento de IOT. Os partici- 2007; 19(4): 475-480.
pantes do estudo foram acompanhados no pré-operatório e 14. Dias RC, Dias JMD. Prática baseada em evidências: uma metodologia para a boa
prática fisioterapêutica. Fisioterapia em Movimento, Curitiba, jan/mar., 2006;
até os quatro primeiros dias de pós- operatório. Foi avaliada 19(1): 11-16.
a distância interoclusal, desvios da mandíbula durante a aber- 15. Small RH, Ganzberg SI, Schuster AW. Unsuspected temporomandibular Joint
Pathology Leading to a Difficult Endotracheal Intubation. Anesthesia and
tura e fechamento da boca, e lacerações da ATM 8. Dos 50 Analgesia. 2004; 99:383–5.
pacientes com IOT, 33 demonstraram redução na capacidade 16. Rastogi NK, Vakharia N, Hung OR. Perioperative Anterior Dislocation of the
Temporomandibular Joint. Anesthesia and analgesia. 1997; 84:924-6
de abertura bucal máxima de até 35% no primeiro dia pós- 17. Lipp M, Daublander M, Thierbach A, Reuss U. Movement of the
operatório. Rotura da ATM foi observada em 80% dos paci- temporomandibular joint during tracheal intubation. Anaesthesist. 1996;
45(10):907-22.
entes com IOT no primeiro dia pós-operatório. Nos pacientes 18. Lipp M, DaublSnder M, Ellmauer ST, Domarus H, Stauber A, Dick W. Changes
in temporomandibular joint functions in various general anesthesia procedures.
operados por anestesia raquidiana ou peridural não se obser- Anaesthesist. 1988; 37(6):366-73.
vou nenhum resultado patológico pós-operatório. Dessa for- 19. Aiello G, Metcalf I. Anaesthetic implications of temporomandibular joint disease.
Canadian Journal of Anesthesia. 1992; 39 (6):610-6.
ma o estudo conclui que a IOT de rotina leva a distúrbios 20. Herb K, Cho S, Stiles AM. Temporomandibular Joint Pain and Dysfunction.
temporários da ATM, e embora não revele a permanência dos Current Pain and Headache Reports. 2006;10:408–414.
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Relato de caso
Abordagem fisioterapêutica
na doença de Wilson
Abstract
The element copper in physiological amounts, is essential to life. In the Wilson’s
disease, its accumulation causes toxic effects in both liver cells, as in the basal
ganglia. Wilson’s disease is rare and has very peculiar symptoms. It’s record in the
literature, with a physiotherapy focus is very rare. The aim of this study is to report
an experience with a single case, from the standpoint physiotherapy, contributing
to the literature. The techniques of physical therapy should be based on symptoms.
The patient had neck pain as the main complaint. The resources used (thermotherapy,
passive kinesiotherapy and global postural reeducation) were not satisfactory. Neck
pain was the result of action of hypertonic trapezius muscles which hurt both the
application of resources and their outcomes.
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173
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de cervicalgia. Na avaliação postural, durante observação No entanto, em decorrência da síndrome distônica, havia
global do paciente (denominada Foto Geral)11, onde é reali- importante hipertonia de ação dos músculos trapézios, que
zado um exame rápido nas posições frente, perfil e de costas impossibilitou o trabalho nas duas posturas em pé. O atendi-
foi possível deduzir que o paciente apresentava retrações mento foi voltado para a postura deitada com abertura do
principalmente da cadeia muscular anterior. No quesito Exa- ângulo coxo-femoral com braços abertos e braços fechados.
me de Retrações11, também foi observada retrações na cadeia Após aplicação de 10 sessões o paciente relatou peque-
muscular anterior (conforme tabela 1). No quesito Reequili- no alívio das dores cervicais. Utilizando a escala visual de
bração11 foi observado pequenas compensações nas postu- dor, o paciente evolui do grau 8 para o 6. Não houve nenhuma
ras em pé, sentado e inclinado (tanto com (BA) braços aber- alteração do padrão postural. A assimetria era desencadeada
tos, como com (BF) braços fechados). No Interrogatório11 o pela hipertonia de ação, o que prejudicou o treinamento
paciente relatou que a dor cervical aparecia na postura em pé postural e o bom resultado do tratamento.
por tempo prolongado.
Conclusão
Tabela 1: Resultado do exame de retrações. As manifestações neurológicas da Doença de Wilson
Cadeia anterior Cadeia posterior são marcadas por fenômenos distônicos e discinéticos. Nes-
Cabeça Para frente x Nuca curta - se caso, essas manifestações levaram a importante hipertonia
Dorsal Hipercifose - Retificação - de ação dos trapézios, como conseqüência, dores cervicais
Lombar Hiperlordose - Retificação - estavam sempre presentes no dia-a-dia do paciente. Os re-
Pelve Anteroversão x Retroversão - cursos utilizados no tratamento fisioterapêutico (termoterapia
Joelhos Valgo/Recur. x Varo - superficial, cinesioterapia passiva e Reeducação Postural Glo-
Pés Planos x Cavo - bal) não contribuíram satisfatoriamente para o alívio das do-
Calcâneos Valgo x Varo - res, na melhora do padrão dos movimentos e na melhora do
Total 6 0 padrão postural. A hipertonia de ação prejudicou a aplicação
Na avaliação fotográfica observou-se cabeça lateralizada da técnica de Reeducação Postural Global. Existe a necessi-
à direita, assimetria de escápulas (direita mais alta), ombro dade de novas pesquisas utilizando outras técnicas de trata-
direito mais alto e escoliose torácica com curvatura principal mento fisioterapêutico nos casos em que a cervicalgia é cau-
à esquerda. Essas alterações desapareciam em decúbito, po- sada por manifestações neurológicas.
rém eram exacerbadas durante manutenção da postura em pé
ou sentada. Referências
1. Prado ALC, Fonseca DCBRP. Uma revisão sobre a doença de Wilson: relato de
Diante dessa avaliação, concluiu-se que o paciente apre- caso.Saúde. 2004;30(1-2):69-75.
sentava um padrão postural anteriorizado ou em fechamento, 2. Brito JCA, Coutinho MAP, Almeida HJK, Nóbrega PV. Doença de Wilson: diag-
nóstico clínico e sinais das “faces do panda” à ressonância magnética. Arq.Neuro
ou seja, retrações na cadeia muscular anterior (resumo da Psiquiatric.2005;63(1);176-179.
avaliação na tabela 2), sendo necessário o trabalho de reedu- 3. Ala A. et al.Wilson‘s disesase. Lancet.2007; 369:397-408.
4. Noble JA. A case study: identifying a new case of Wilson’s disease. J.Am Acad
cação com posturas globais de abertura de ângulo coxo- Nurse Pract. 2005;17(12):512-517.
femoral com braços abertos e fechados. 5. Yuce A et al. Wilson’s disease with hepatic presentation in childhood. Indian
Pediatr. 2000;37(1):31-36.
6. Rahman S et al .A case report on Wilson’s disease. Mymensingh Med J.
Tabela 2: Resumo da avaliação e escolha da postura 2003;12(2):142-145.
7. Peres LAB, Fornaciari IB. Doença de Wilson: relato de caso. J Bras Nefrol.
Foto Exame de Interrogatório Resultado 2002;24(1):60-63.
geral Retração Reequilibração 8. Jackson GH, Meyer A, Lippmann S. Wilson’s disease. Psychiatric manifestations
may be the clinical presentation. Postgrad Med.1994;95(8):135-138.
Abertura BF + + + + 4 9. Lee SY et al. Neuromuscular Electrical Stimulation Therapy for Dysphagia Caused
Abertura BA + + + + 4 by Wilson’s Disease. Ann Rehabil Med. 2012 June; 36(3): 409–413.
10. Firneisz G, Szalay F, Halasz P, Komoly S. Hypersomnia in Wilson’s disease: an
Fechamento BF + 1 unusual symptom in an unusual case. Acta Neurol Scand. 2000;101(4):286-288
Fechamento BA + 1 11. Souchard, PHE. Reeducação Postural Global. Lesões Articulares. Editions Le
Pousoe. 1998.
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Relato de Caso
Elane Marinho de Lira1, Irlei dos Santos2, Alessandro dos Santos Pin3
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Abstract
Stroke is one of the most prevalent neurological disorders of the cardiovascular system, and characteristics of symptoms
and signs related to the involvement of focal areas in the brain. Physical therapy has demonstrated an important role in
seeking the functionality return of these patients. The objective of this study was to report the case of three patients who
suffered stroke sunder went a protocol of physical therapy for functional recovery. Three individuals treated in physical therapy
ambulatory at the Federal University of Amazonas ISB/COARI-AM were analyzed, which underwent an evaluation by the
Functional Independence Measure-FIM, and treated according designed protocol to promote functional improvement in patients
with disorders after stroke. After 10 sessions, underwent are-evaluation by FIM to check the results. The results were positive
because the patients did not show lower scores on the first evaluation, and two of them raised the index in the post-treatment,
resulting in increased functionality such as personal care and mobility. The inclusion of victims of stroke within a physiotherapy
rehabilitation program is necessary in order to promote favorable results of functionality, improving their quality of life. The
protocol developed proved to be effective in improving patients’ functionality and should be studied with larger samples for
validation in the community.
Keywords: stroke, physical therapy, FIM.
Introdução
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é um dos proble- Dentre as diversas técnicas utilizadas na fisioterapia
mas neurológicos mais prevalecentes na categoria de doen- neurofuncional, encontram-se: cinesioterapia, hidroterapia,
ças de sistema cardiovascular, sendo clinicamente definido reeducação de cadeias musculares, equoterapia, métodos
como uma disfunção neurológica aguda, de origem vascular, Bobath eKabat, eletroterapia, dentre outras¹.
seguida da ocorrência súbita (em segundos) ou rápida (ho- Quando iniciada no começo do estágio agudo a reabilita-
ras) de sintomas e sinais relacionados ao comprometimento ção aperfeiçoa o potencial do paciente para a recuperação
de áreas focais no cérebro, sendo a terceira causa de morte funcional7. As condutas tomadas diante do AVE em fase agu-
em diversos países do mundo, como nos EUA e na maioria da são fundamentais e podem reduzir a letalidade da afecção8.
das nações desenvolvidas ou de menor poder econômico Na Fisioterapia, as atividades são constituídas como um
como Brasil, Portugal e países asiáticos¹. campo prático e reconhecidas como importante recurso de in-
Essa incidência tende a aumentar exponencialmente com a tervenção. Por essa razão, devem ser iniciadas imediatamente
longevidade, atingindo com maior frequência mais os homens junto ao indivíduo, promovendo a reorganização funcional por
do que as mulheres e é responsável pela grande parte das inca- meio da estimulação do lado não afetado, devolvendo a ele
pacidades físicas, sendo hoje, uma das causas mais comuns de parcialmente, senão totalmente, seu controle funcional.
disfunção neurológica que ocorre na população adulta². A Medida de Independência funcional – MIF analisa o
Aproximadamente 20% de pacientes que são vítimas de desempenho do indivíduo no desenvolvimento de tarefas,
AVE morrem dentro um mês; cerca de 50% dos sobreviventes sendo 18 itens agrupados em seis categorias: cuidados pes-
apresentam posteriores inaptidões consideráveis, precisan- soais, mobilidade, locomoção, comunicação e cognição soci-
do de cuidados e supervisão; os 30% restantes mostram déficits al6. A MIF é usada em mais de 100 instituições dos Estados
neurológicos presentes, mas são capazes de levar uma vida Unidos e em vários países estrangeiros. Para este finalidade,
independente³. Os pacientes que permanecem com deficiênci- as pontuações do paciente em 18 itens são somadas para
as as têm relacionadas à marcha e aos movimentos de membros produzir um escoretotal9,10.
superiores e inferiores, espasticidade¸ descontrole esfincteria- A MIF recentemente está sendo usada como ferramenta
no¸ dificuldades na realização das atividades de vida diária para interesses de pesquisa, pois é um instrumento
(AVDs) e na fala (como a afasia), déficit na capacidade sexual, multidisciplinar, composto por um conjunto de itens, de aplica-
prejuízo profissional e social, dentre outros4. ção rápida e uniforme, com medidas consistentes e confiáveis11.
Por esse ponto de vista o AVE não só eleva o risco de Desta forma, tem-se como objetivo neste estudo verifi-
mortalidade. Para os sobreviventes sobra a incapacidade fun- car a melhora funcional de 3 pacientes com diagnóstico clíni-
cional como resultado comum¹, podendo influenciar de ma- co de Acidente Vascular Encefálico (AVE), submetidos a tra-
neira total ou parcial a vida dos indivíduos, prejudicando-os tamento fisioterapêutico baseado num protocolo montado
em suas atividades diárias, tornando-os dependentes de um com as técnicas mais tradicionais no trato deste quadro, no
cuidador, sem autonomia nem capacidade de se relacionar Ambulatório de Fisioterapia Neurológica adulta da Universi-
socialmente, posteriormente gerando depressão que vai agra- dade Federal do Amazonas – UFAM, através do uso da MIF
var mais o prejuízo físico, psíquico-emocional e social deste5. como padrão avaliativo.
A fisioterapia é considerada uma intervenção não
farmacológica que envolve várias técnicas de terapias físicas Metodologia
locais ou globais, assim como todas as suas modalidades espe- Este relato foi desenvolvido no Ambulatório de Fisiote-
cíficas6. A reabilitação, neste caso específico, visa à reintegração rapia da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, sendo
dentro de um trabalho global, mantendo a tendência de primeiro classificado como estudo de caso; aqui, de três pacientes
tentar reduzir as limitações funcionais e, posteriormente, aumen- diagnosticados clinicamente com AVE isquêmicos, cujas ca-
tar a reintegração social ou adaptação no ambiente¹. racterísticas foram: a) sexo masculino, 76 anos, diagnóstico
176
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há aproximadamente 5 anos; b) sexo masculino, 20 anos, di- Tabela 1: Intervenções do protocolo desenvolvido para pa-
agnóstico há aproximadamente 5 meses e c) sexo feminino, cientes vítimas de AVE. Ao final do tratamento, foi aplicada
59 anos, diagnóstico há aproximadamente 4 anos. Os três novamente a MIF para registro dos ganhos.
pacientes apresentaram-se hemiparéticos, conscientes e Descrição Séries e/ou Tempo e/ou
contactuantes, dependentes nas AVDs e sem deformidades da intervenção parâmetros repetições
estruturadas em hemicorpo afetado. 1. mobilizações bilaterais e
Os três pacientes assinaram o Termo de Consentimento dissociações passivas de tronco, 3 23 seg.
com o paciente deitado em
livre e esclarecido (TCLE), concordando formalmente em par-
um tablado
ticipar do estudo. Os procedimentos descritos do referido 2. Alongamentos bilaterais dos
estudo foi aprovado pelo CEP UFAM, sob protocolo SISNEP flexores plantares, isquiotibiais,
Nº 0272.0.115.000-11. rotadores de tronco, extensores e 3 23 seg.
Foi aplicada inicialmente a escala validada no Brasil da flexores de cotovelo, trapézio, fibras
Medida de Independência Funcional (MIF) para a coleta de superiores, médias e inferiores,
esternocleidomastóideos e escalenos
dados e análise comportamental motora de cada um deles; ao 3. exercícios de ponte de quadril 3 7 a 8 seg.
passo que posteriormente foi aplicado um protocolo de trata- 4. Estimulação Elétrica F: de 20 a 100 Hz, 20
mento nos pacientes, objetivando o estímulo sensorial, mo- Funcional (FES)* T: de 200 a 300 µs, min.
tor e funcional. Para cada uma das 18 tarefas avaliadas pela 5. Mobilizações neurais em
MIF, o avaliador atribui uma pontuação que pode variar de 1 nervos de MMSS’s: medianos, 3 Aproximadamente
a 7, onde 1 significa assistência total ou não pode ser testado ulnares e radiais;MMII’s: ciáticos, 40 repetições rítmicas
fibulares e femorais
(- que 25% ); 2 significa assistência máxima (indivíduo = 25% 6. Fortalecimento isométrico e isométricos: isométricos:
ou mais); 3 significa assistência moderada (indivíduo = 50% isotônico com cargas progressivas 5 vezes 6 a 8 seg.
ou mais); 4 significa assistência mínima (indivíduo = 75% ou de membros superiores, tronco e isotônicos: isotônicos:
mais); 5 significa auxílio no preparo ou supervisão da tarefa membros inferiores 5 vezes 5 repetições
(indivíduo = 100%); 6 significa independência adaptada ou 7 . Facilitação Neuromuscular
Proprioceptiva – FNP, de MMSS’s, 2 para: MMSS, 4 repetições
modificada na execução da tarefa (dispositivo); e 7 significa
Cíngulo Superior, MMII’s e Cíngulo Cíngulo Superior,
completa independência (no tempo certo, com segurança)10. Inferior e Reversão de estabilizadores MMII e
Os pacientes foram acompanhados no ambulatório de com o paciente sentado e de pé Cíngulo Inferior
fisioterapia da UFAM – ISB COARI, em 10 sessões de reabi- 8. Estimulação da marcha,
-
Aproximadamente
litação fisioterapêutica, sendo três vezes por semana, por prática de caminhada 15 minutos
aproximadamente 50 minutos, com a aplicação do protocolo 9. Treino de tarefa específica, trabalhos
bimanuais e funcionais relacionados as - Aproximadamente
criado pelos pesquisadores.
atividades de vida diária (AVDs). 15 minutos
Este protocolo incluiu técnicas como Facilitação
*FES aplicado ao paciente caso necessário.
Neuromuscular Proprioceptiva – Método Kabat (FNP) e Mé-
todo Bobath, sendo aplicado de modo único ou com as tera- Tabela 2: Escores da MIF obtidos no pré e pós tratamento.
pias associadas em sequência, por meio de outras atividades
Pacientes A B C
empregadas gradualmente, partindo de realizações simples a Antes Depois Antes Depois Antes Depois
complexas, levando em consideração o quadro de evolução e Cuidados pessoais
as limitações funcionais característica de cada paciente. Os 1 Alimentar-se 7 7 4 5 7 7
detalhes deste seguem listados ao lado. 2 Arrumar-se 4 7 4 5 7 7
3 Banhar-se 4 7 3 3 7 7
4 Vestir-se parte superior 4 7 3 4 7 7
Resultados 5 Vestir-se parte inferior 7 7 4 5 7 7
O objetivo deste estudo foi avaliar o incremento funcio- 6 Higiene íntima 7 7 4 5 7 7
nal de 3 pacientes acometidos por AVE utilizando a MIF, após Controle Esfincteriano
tratamento fisioterapêutico baseado em protocolo criado para 7 Controle de urina 7 7 4 5 7 7
esta pesquisa. 8 Controle de fezes 7 7 7 7 7 7
Transferências
Os escores da Medida de Independência Funcional (MIF),
9 Cama, Cadeira 7 7 7 7 7 7
antes e após a intervenção fisioterapêutica, são apresenta- 10 Vaso sanitário 7 7 7 7 7 7
dos a seguir (tabela 2). 11 Banheiro, Chuveiro 7 7 7 7 7 7
O aumento da pontuação total observada a cada avalia- Locomoção
ção (com exceção do paciente “c” que manteve a pontuação 12 Marcha 4 7 6 7 7 7
inicial) representa melhora do quadro de independência fun- 13 Escadas 7 7 3 4 5 5
Comunicação
cional dos pacientes. 14 Compreensão 7 7 5 5 7 7
A importância nas alterações dos resultados das duas ava- 15 Expressão 7 7 3 3 7 7
liações utilizando a Medidas de Independência Funcional – Comunicação social
MIF nos pacientes evidencia melhora no quadro funcional dos 16 Interação social 7 7 3 5 7 7
pacientes, após intervenção fisioterapêutica realizada. 17 Solução de problemas 7 7 3 5 3 3
E a conservação do escore do paciente “c” significa que 18 Memória 7 7 3 5 4 4
Escore Total 110 126 78 90 110 110
não houve piora no quadro clinico do paciente durante as
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intervenções fisioterapêuticas, indicando manutenção das deambulação, maior domínio de alcance de objetos
funções instaladas e impedindo a regressão de seu estado contralaterais de membros superiores e maior estabilidade de
funcional (bastante satisfatório segundo seu escore). cíngulos superiores e inferiores.
Sabe-se que deambulação de pacientes hemiparéticos é
Discussão significativamente distinta à de indivíduos saudáveis da mes-
Aqui foram revisados estudos sobre funcionalidade após ma idade19. Houve elevação nos escores de treino de marcha
acometimento de acidente vascular encefálico, visto que as dos pacientes “a” e “b”, espelhando melhor locomoção inde-
mesmas comprometem ações dos movimentos corporais, limi- pendente em superfícies planas.
tando o desempenho de realização de tarefas de vida diária4. Ao final da aplicação do protocolo de tratamento eram
O protocolo para tratamento fisioterapêutico ofertado aos notáveis as mudanças de posicionamento corporal, propor-
participantes aqui foi criado a fim de promover acréscimo cionando ao participante a possibilidade de treinar reações de
funcional utilizando práticas e técnicas de intervenções endireitamento, equilíbrio e proteção minimizando
fisioterapêuticas com benefícios clínicos evidenciados, ofe- apossibilidade de quedas do paciente, estimulando-os em
recendo ao paciente empenho para aumentar sua funcionali- propriocepção. Durante sua aplicação, os pacientes “a” e “b”
dade, prevenir deformidades, conquistar maior nível possível apresentaram evolução positiva do quadro motor de forma ati-
de independência motora e melhorar sua qualidade de vida. va ou ativa assistida, porém, dentro dos limites de dificulda-
Observou-se boa aceitação deste por parte dos pacientes des7. O paciente “c” manteve suas funções motoras preserva-
Os participantes desta pesquisa tinham diferença de idade, das, o que não torna o protocolo menos eficaz, uma vez que os
de tempo de diagnóstico do acidente vascular encefálico e de resultados deste paciente se mantiveram dentro do quadro clí-
localização de lesão encefálica isquêmica. Apesar de estatistica- nico (de alto nível) já instalado, demonstrando que as condu-
mente o AVE atingir com maior frequência mais os homens que tas propostas foram benéficas a ponto de proporcionar preser-
as mulheres, a reabilitação não se diferencia por sexo12. vação características já instaladas pelo paciente.
O alongamento é amplamente utilizado, e é considerado Como a atividade motora se aperfeiçoa com o tempo e
um método seguro que visa a alongamento de um músculo a método de terapia empregado, num determinado instante a
um nível de tensão que pode ser tolerado por um determina- pessoa estará desempenhando certas atividades com mais des-
do tempo15. Foi aqui realizado nos músculos responsáveis treza que anteriormente e, à medida que a aprendizagem avan-
pelas principais funções motoras de membros superiores e ça, o desempenho torna-se cada vez mais consistente10, 21.
inferiores, por razões de aquecimento dos mesmos antes da A MIF foi um instrumento sensível para a mensuração
prática de determinadas tarefas. dos dados da pesquisa, relacionados à evolução funcional
Em parceria com o alongamento, a técnica de mobilização da paciente, uma vez que maior autonomia e independência
neural é usada para recuperar o movimento e elasticidade do na vida diária estão intimamente ligadas ao desempenho e
sistema nervoso, com o objetivo de melhorar a neurodinâmica controle dos movimentos22, 23, mostrando-se mais amplo nes-
e restabelecer o fluxo axoplasmático, restaurando assim a se aspecto, pois engloba a mobilidade, o cuidado pessoal,
homeostase do tecido nervoso, que promove o retorno às relações e interações pessoais.
suas funções normais. A técnica também é usada para recu- A razão da escolha de tempo de tratamento fechado em
perar a flexibilidade das articulações13, 14. São muitas vezes 10 (dez) sessões com aplicação do protocolo se deu por mo-
utilizadas para induzir o relaxamento muscular e aumento da tivos de maior controle de participação dos pacientes, pois
amplitude de movimento (ADM)15. A mobilização neural pro- existiam fatores como: dificuldade dos participantes de se
cura restaurar o movimento e a elasticidade do sistema ner- dirigir ao ambulatório de fisioterapia e tempo de reabilitação
voso, o que acaba por promover, portanto, o retorno as suas proposto dentro de um mês.
funções normais16. Não foi encontrado na literatura artigos que relatam rea-
A inclusão de exercícios isométricos e isotônicos se fez bilitação funcional em 10 sessões de intervenção de fisiotera-
necessário neste estudo, pois, atuam aumentando o recruta- pia. Em comparação a um estudo que necessitou de acompa-
mento deunidades motoras, melhorando a capacidade e o nhamento com indivíduos por 3 vezes por semana, durante 6
timing na geração de força, diminuindo a rigidez muscular e a semanas e com duração de 90 minutos para promoção de
hiperativação reflexa e preservando a extensibilidade funcio- fortalecimento muscular24, este protocolo mostrou-se eficaz
nal dos músculos. O fortalecimento muscular ainda promove na promoção de funcionalidade em curto espaço de tempo.
o aprendizado motor traduzido pelo desenvolvimento de pa- A colaboração da família ou cuidadores com a realização
drões neuromotores de coordenação por meio da prática da deste trabalho foi de grande importância para a garantia da par-
ação específica17. ticipação do paciente ao programa de reabilitação proposta21.
A FNP mostrou participação positiva a este protocolo,
pois seu objetivo é facilitar o movimento e a estabilidade Conclusão
corporal por meio da resistência do movimento e de estabili- Neste estudo pôde-se observar que o protocolo elabora-
zações, considerando reforço muscular benéfico a qualquer do para promover melhora funcional global dos pacientes
pessoa18. Os resultados desta prática condizem com a filoso- acometidos por AVE mostrou-se eficiente, de baixo custo,
fia da intervenção – de explorar toda a potencialidade do promovendo ganhos de mobilidade funcional,capacidade de
paciente – vistos na percepção de maior controle postural, manter cuidados pessoais e locomoção.Novos estudos de-
maior firmeza de membros inferiores durante treino de vem ser feitos com a aplicação deste protocolo, agora com
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Agenda
2014
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