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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Curso de Bacharelado em Biblioteconomia Matutino – BIBM 2020.1


Maria Carolina Mattos Macêdo
Resumo do Filme “Balzac e a costureirinha”
Disciplina: Literatura na formação do leitor

Durante o período de afirmação do Regime Comunista na China na década de


1970, sob o governo de Mao-Tsé Tung, dois jovens de 17 anos, Luo Min e Ma,
estudantes de famílias de posição política contrária ao governo vigente, são
mandados para o Comitê Revolucionário da Montanha Fênix, costume que objetivava
“adestrar” os jovens a partir dos ensinamentos de um chefe que cobrava, além dos
trabalhos forçados no campo e pela disciplina sem distrações, a adoração cega ao
mandatário do Regime.
Na chegada à casa na bela montanha em que os rapazes passariam seu
período de trabalhos, encontram um violino, instrumento desconhecido pelo chefe e
todos os outros, que pensaram ser um brinquedo, mas Luo começa a tocar, mas
precisa justificar a obra de Mozart como uma ode ao Líder Mao-Tsé Tung, em torno
do qual tudo se justifica naquele contexto, ou não poderia ficar com o instrumento,
que seria destruído, já que nenhum prazer era permitido.
A descoberta de que próximo dali haveria um lago em que lindas moças
tomavam banho, faz com que os rapazes acabem indo até lá, caindo em um buraco,
se acidentando e sendo descobertos, mas com isso conhecendo a Costureirinha,
personagem central da história e fio condutor das transformações que a leitura passa
a tecer na trama e na vida dos personagens a partir da amizade e da cumplicidade
que os três passam a desenvolver.
Nesse lugar inóspito para quem necessita da leitura literária como fonte de
alimento para sobrevivência da alma, Luo e Ma descobrem que um dos trabalhadores,
nomeado como “Quatro Olhos” por usar óculos, tem uma mala de livros, e tramam,
com ajuda da Costureirinha, um plano exitoso para conseguir sequestrar a mala de
sua casa.
Sob uma camada de livros com temática Comunista, encontram clássicos da
literatura como Balzac e Gogol, que começam a ler e a despertar o imaginário da
Costureirinha, satisfazendo sua curiosidade para um mundo até então desconhecido.
Tanto a leitura quanto a contação de histórias a partir da exibição de filmes mudam o
mundo da costureirinha, que começa a passar por transformações perceptíveis até a
seu avô, o velho alfaiate, que em uma das visitas à vila agrária escolhe pernoitar na
casa dos rapazes para sondar o que vem acontecendo com sua neta.
O filme é repleto de simbolismos, como a “Gruta dos livros”, onde escondem
a mala, quando decidem levar um livro por vez para leitura, a fim de que não perder
todo seu tesouro, caso sejam descobertos; ou a compra do par de tênis pela
Costureirinha, como signo da sua busca pela cultura ocidental, tão falada nos
romances do Conde de Monte Cristo, as cidades de Marselha, Paris; o corte de
cabelos na fuga, pois o mundo em que vive já não lhe cabe e o caminho que quer
trilhar também está para muito além do que pode apenas imaginar.
O tempo dá um salto de vinte anos, quando Lou retorna para a despedida dos
moradores do local, que será inundado pela construção de uma barragem, e
reencontra Ma, mas não consegue descobrir o paradeiro da Costureirinha que, depois
de meses daquele primeiro encontro no lago, e de um triângulo de amizade e amor,
abandonou seu modo de vida, conquistada que foi pela Literatura, e fugiu em busca
do espaço que a imaginação e os livros lhe apontavam.
Lou e Ma assistem a um documentário que mostra a área inundada após a
construção da barragem. No filme uma antiga máquina de costura flutua na enchente.
Costurou o passado dos três protagonistas, mas através da literatura literária e no
espaço de fruição da leitura, nas entrelinhas, a Costureirinha aprendeu a escrever
seu próprio texto.

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