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CUNHA, Eugênio.

Autismo e Inclusão: Psicopedagogia e práticas


educativas na escola e na família/ Eugênio Cunha. – 7ed. – Rio de Janeiro:
Wak Editora,2017. 140p.
Proveniente de causas ainda não conhecidas, o transtorno do espectro autista
se manifesta durante os primeiros anos de vida do indivíduo, contudo, devido à
variação de sintomas e os diferentes comportamentos apresentados, acaba se
tornando complexo e demorado o processo que leva ao diagnóstico. Esta
dificuldade acaba fazendo com que o diagnóstico se dê tardiamente, o que
pode interferir diretamente no desenvolvimento deste indivíduo, uma vez que a
intervenção precoce é capaz de proporcionar muitos ganhos para a criança e
até mesmo melhorar seu prognóstico, fazendo com que a mesma possa se
desenvolver e adquirir habilidades de forma mais efetiva.
A obra se direciona não somente aos profissionais que irão trabalhar com o
aprendente autista, afinal o aprendizado não acontece somente dentro da
escola ou em setting terapêutico, ele começa em casa. A intervenção se dá
através de práticas educativas corretas, tendo em vista que nenhum indivíduo é
igual a outro, logo podemos perceber que um autista não apresenta as
mesmas características que outro autista. Sendo assim, as práticas educativas
e de intervenção devem ser pensadas e aplicadas de acordo com as
necessidades de cada pessoa.
Para que o aprendente com diagnóstico de TEA possa de fato aprender e
desenvolver suas habilidades é necessário primeiramente que o mesmo seja
incluso, assim devemos ressaltar a importância de um currículo com atividades
funcionais. Os materiais pedagógicos possuem grande importância na
educação do autista, tendo em vista que para que esse aprendizado se dê de
maneira efetiva o profissional precisa trabalhar com ele utilizando o concreto,
somente palavras que expliquem determinado conteúdo ou atividade, não são
suficientes, é necessário apresentar algo que possa ser visualizado e até
Um indivíduo não autista pode aprender através de uma simples brincadeira e
através desta desenvolver tanto habilidades motoras como cognitivas, a base
para seu desenvolvimento. A visão Montessoriana defende que a criança é
capaz de criar sua própria “carne mental”, mas quando se trata de uma criança
com autismo devemos saber que a mesma possui uma relação diferente entre
cérebro e sentidos, nem sempre as informações recebidas são transformadas
em conhecimento. O indivíduo diagnosticado com TEA se atrai pelos objetos
de acordo com o estímulo que o mesmo promove, podemos citar um brinquedo
simples, um carrinho, uma criança típica faria com que o carrinho “andasse”,
para frente ou para trás, já a criança com autismo poderia encontrar outras
formas de manusear o mesmo, como fazer as rodinhas girarem por exemplo.
Uma pessoa com autismo pode apresentar dificuldade para concentrar-se,
desta maneira ao pensar neste indivíduo como aprendente o autor traz
algumas dicas valiosas para que o profissional consiga realizar a devida
intervenção, dentre elas está a importância de receber a criança em um
ambiente neutro, pois muitas informações em um só lugar e momento podem
gerar mais estímulos que o necessário. Não podemos esquecer de citar a
importância de conhecer e sentir esta criança, é impreterível que o profissional
tenha um momento de observação, onde será possível identificar quais objetos
e atividades atraem a atenção desta criança e com isso pensar e preparar
atividades de forma individualizada, usando como apoio a linha de interesse
desse indivíduo, assim sendo possível atrair e sustentar a atenção do mesmo.
Cunha nos mostra também detalhes importantes aos quais tanto o profissional
que irá ter contato direto com a criança autista, quanto a família da mesma
devem se atentar. O autor fala da importância de ter uma “carta na manga”, ele
nos oferece de forma sucinta métodos relacionados ao comportamento, que
por sua vez podem ajudar não só no aprendizado e desenvolvimento dessa
criança na escola, em setting terapêutico e até mesmo em casa. Um deles é a
ciência ABA (análise do comportamento aplicada) que consiste basicamente
em reduzir comportamentos inadequados e reforçar comportamentos positivos.
Independente do ambiente em que ocorra esta intervenção, é necessário antes
de mais nada construir um vínculo afetivo com o autista, seja ele menino ou
menina, criança ou adolescente, alguém que apresente sintomas leves ou
severos, pois mesmo que ele encontre dificuldades para compreender os
sentimentos e a subjetividade das pessoas, o mesmo não está desprovido de
emoções.

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