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Al Chukwuma Okoli1
Atelhe George2
Introdução
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África e a ‘Barganha da Globalização’: Rumo a uma Soberania Econômica Coletiva
Esclarecimentos Conceituais
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África e a ‘Barganha da Globalização’: Rumo a uma Soberania Econômica Coletiva
Termo Conceituação
Soberania coletiva Este é um mecanismo para alavancar e
coordenar as jurisdições nacionais em
um arranjo multilateral dedicado ao
supranacionalismo funcional. Parte-se do
princípio de que “os Estados têm e estão
dispostos a ceder parte de sua soberania para
efetivamente atingir competências comuns
por meio de uma entidade supranacional”
(Wachira 2007, 1).
Soberania econômica “De maneira geral, a soberania econômica
abrange o direito de continuar e preservar
as atividades econômicas intimamente
ligadas à existência do Estado. Um teste
para a validade de uma reivindicação de
soberania econômica envolve a consideração
de três elementos: 1) a interferência em uma
política estatal fundamental preexistente; 2)
a relação entre a parte na disputa e a política
estatal; e 3) a presença ou ameaça de dano
ao próprio Estado” (Waller & Simon 1985,
8). Simplificando, soberania econômica
significa a “habilidade de um Estado de
impor as regras de apropriação, troca e uso
de recursos” (Savanovic 2014, 1038) dentro
de suas esferas jurisdicionais sem obstáculos
externos.
Globalização “Isso se refere à transformação do mundo
em uma sociedade global, caracterizada
pela interconectividade e interdependência”
de pessoas e nações (Okoli & Atelhe 2018,
102). “A globalização é caracterizada pela
dinâmica e dialética da integração espacial
e temporal nas escalas mundial e regional.
É um fenômeno dinâmico e complexo com
expressões multifacetadas nos domínios da
política, economia, meio ambiente e cultura”
(Okoli e Atelhe 2018, 103).
Termo Conceituação
Barganha da globalização As possibilidades negociáveis de uma nação
no processo de globalização, mediadas por
sua posicionalidade estrutural e também
pela vantagem de barganha competitiva
nesse contexto. A barganha da globalização
da África é baixa e pouco promissora, em
grande parte devido ao subdesenvolvimento
e à dependência de seus Estados, que os
tornaram subjugados às extravagâncias
e aos caprichos dos centros globais (cf.
Okoli 2017). Isso representa um desafio de
prosperidade fenomenal para o continente
na era da globalização em curso.
Multilateralismo “Coordenar as relações entre dois ou mais
Estados com base em certos princípios
acordados” (Ruggie 1992, 568). São relações
baseadas em regras, institucionalizadas
e normativamente sancionadas, voltadas
para a busca de competências superiores
mutuamente benéficas que transcendem as
jurisdições territoriais baseadas no Estado
(Bouchard & Peterson 2011, ver também
Tabela 2).
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Em seu nível mais básico, a soberania é o status legal que todos os Estados
possuem quando são reconhecidos por seus pares por meio das Nações
Unidas, refletindo sua jurisdição sobre um território e a população
permanente que nele vive. Os governos de Estados soberanos têm o direito
legítimo de usar a força em legítima defesa e de manter a segurança dentro
de seus territórios; celebrar acordos com outros Estados na condução de
suas relações internacionais; e escrever as leis pelas quais seus países são
governados.
Valoriza a segurança nacional voltada para Valoriza a segurança nacional voltada para
dentro fora e para dentro
Caracterizado pela busca unilateralista do Caracterizado pela busca multilateralista do
interesse nacional interesse nacional
É Estado-cêntrico É centrado na cidadania (soberania popular)
É pró-defesa (preservação do Estado) É pró-desenvolvimento (prosperidade nacional)
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O Imperativo
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Desafios e Possibilidades
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Considerações Finais
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REFERÊNCIAS
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RESUMO
A situação existencial da África na ordem global prevalecente é tal que nenhum Estado
pode se permitir levar a soberania nacional muito a sério. Além da miríade de desafios
estruturais impostos ao continente pela globalização, a África enfrenta uma gama de
problemas políticos e econômicos que só podem ser resolvidos de forma significativa
por meio de alguma forma de colaboração multilateral estratégica. A aspiração da
África à soberania econômica foi restringida pelas condicionalidades estruturais
da globalização, que mantiveram o continente excessivamente fraco, dependente e
subdesenvolvido. A restrição é tão imanente que os Estados africanos individuais
dificilmente podem arcar até mesmo com a soberania relativa para desfrutar de um
equilíbrio estratégico nas assimetrias de interdependência rapidamente ossificantes
que caracterizam a economia política global contemporânea. É postulado neste artigo
que o remédio para a África reside na capacidade de seus Estados transcenderem
suas divisões territoriais e nacionalistas enfraquecedoras e capitalizar os mecanismos
multilaterais continentais existentes para a convencionalização da soberania coletiva,
baseada no princípio do supranacionalismo pan-africano. Para esse fim, alavancar e
maximizar os ganhos e possibilidades dos organismos supranacionais regionais e
continentais existentes se tornaria saliente e expediente.
PALAVRAS-CHAVE
África; Soberania econômica; Globalização; ‘Barganha’ da globalização;
Multilateralismo.