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S586p
Silva, Joselma Gomes da.
Protocolo para a otimização das aulas remotas de alunos com transtornos:
adaptação curricular [recurso eletrônico] / Joselma Gomes da Silva. – Imperatriz:
Resilience Clínica Multidisciplinar, 2020.

Livro eletrônico.
Disponível em: www.clinicaresilience.com
Suporte: e-book.
Formato PDF.
ISBN 978-65-00-03593-3

1.Transtornos 2. Aprendizagem 3. Inclusão. I Título


CDU: 37.016
3
4

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO............................................................................. 7
1 DOMÍNIOS AMBIENTAIS COMO DISPARADORES DE 9
APRENDIZAGEM..............................................................................
2 PRIMEIRO DOMÍNIO: ROTINA......................................................... 10
2.1 Responsabilidades direcionadas a pais e/ou responsáveis....... 10
2.1.1 Dicas: Organização da rotina para manutenção da atenção e 10
motivação.........................................................................................
3 SEGUNDO DOMÍNIO: AMBIENTE DA CASA COMO MELHOR 13
ESPAÇO DE APRENDIZAGEM........................................................
3.1 Dicas:Organização do ambiente de aprendizagem....................... 14
4 TERCEIRO DOMÍNIO: COMUNICAÇÃO ENTRE A TRÍADE: o 15
mediador, a professora e a criança nos processos de aulas
remota...............................................................................................
4.1 Dicas: Comunicação eficiente nos mometos de aulas remotas. 15
5 QUARTO DOMÍNIO: O LUGAR DA ESCOLA E DOS 19
PROFESSORES NA APLICABILIDADE DAS AULAS
REMOTAS.........................................................................................
5.1 Dicas: Organização das Aulas Remotas Propostas pela Escola e 20
Professores...................................................................................
5.1.1 Horário e Pontualidade...................................................................... 21
5.1.2 Interatividade entre Pais e Escola..................................................... 22
5.1.3 Logística e seleção dos conteúdos prioritários................................ 23
5.2 Dicas: Estrutura Curricular Eficiente............................................. 24
5.3 Dica: Planejamento antecipado compartilhado............................ 27
5.4 Dica: Planejamento de aprendizagem executável em tempos de 28
pandemia..........................................................................................
5.5 Postura e indumentárias da professora na hora da aula ........... 33
5.6 Dicas: Organização do professor nos momentos de aula 34
remota...............................................................................................
5

5.7 Cuidados junto aos recursos necessários, usados nas aulas 36


remotas.............................................................................................
5.7.1 Dicas: Uso dos recursos de modo 36
eficaz.................................................................................................
6 AVALIAÇÃO APLICADA EM MOMENTOS DE AULA 39
REMOTA...........................................................................................
7 SUGESTÕES DE FERRAMENTAS PARA O PROFESSOR – 41
VIDEOCONFERÊNCIAS GRATUITAS.............................................
8 SUGESTÕES DE MATERIAIS PARA INTERCALAR NAS AULAS 42
DE CRIANÇAS DO 2º AO 5º ANO.....................................................
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................. 43
REFERÊNCIAS................................................................................. 45
6

SOBRE A AUTORA
7

APRESENTAÇÃO

A necessidade de repensar a educação de crianças com deficiências em um


momento de pandemia é premente.
As dificuldades em relação a adaptação de processos, recursos e manejos se
tornam intensas nesse cenário, visto asas diversas mudanças, sobretudo, no dia a dia
da escola e dos pais.
Assim, iniciativas que contribuem para reorganizar parte desse cenário
educacional, direcionado a alunos com deficiências, são bem vindas.
O presente documento
foi elaborado com o objetivo de
contribuir com o processo de
reelaboração do ensino de
caráter emergencial no que
concerne ao tempo,
planejamento, condução de
processos, definição de
papéis, postura, comunicação
e logística do trabalho com
alunos com deficiência.
O documento foi elaborado visando aos pais, escola e professores, e tendo
como prioridade a minimização dos impactos causados pela pandemia e reordenação
de ações.
Vale ressaltar que a necessidade de adaptação escolar já se caracteriza como
direito garantido por vários instrumentos legais, tais quais a Constituição Federal de
1988; a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 9394/96; a Lei Brasileira de Inclusão
(13.146/15), a Lei da Acessibilidade (10.098/00) Lei Berenice Piana (12.764/12), e
outros instrumentos de Leis como: o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Destaca-se aqui o artigo 59 da LDB (9394/96)

Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência,


transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação:
✓ currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização
específicos, para atender às suas necessidades;
✓ educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração
na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não
8

revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo, mediante


articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que
apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora;
✓ acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares
disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. (LDB, 9394/96)

Com base nesse cenário, esse livro apresenta uma proposta de adequação
curricular de alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental até o 5º ano (Anos
Iniciais). Entende-se que, para essa etapa da vida, o sujeito aprendente necessita de
instruções que o conduza a processos mais complexos de aprendizagens na sua
inteireza, ou seja, nas diferentes dimensões (cognitiva, emocional, social e
acadêmica) como preconiza a BNCC
(Base Nacional Comum Curricular).
Para tanto, deve-se priorizar a prática,
a experiencia, o nível de significado de
cada aprendizagem, a generalização
de comportamento, o controle
emocional e, principalmente, o
envolvimento de todos, para o
desenvolvimento de competências e
habilidades para a vida.
Vale lembrar que essa
proposta não tem pretensão de ser
definitiva, mas sim um ponto inicial para muitas outras tomadas de decisão de
profissionais da educação. Afinal, o ensino de alunos em geral, e aqueles com
deficiência em particular, pressupõem reflexão de posturas profissionais e humanas
além de modelos de atendimentos diferenciados, mediante as mudanças tanto no
contexto quanto no próprio sujeito aprendente / ensinante.
A busca de novas práticas no exercício da profissão de educador, a inovação
de ações e práxis, o desafio de se redesenhar, de se reinventar no campo da inclusão
se torna ainda mais significativa em um momento como estamos vivendo.
Portanto, você educador inclusivo, tenha sempre em mente essa premissa de
Sócrates “Só seu que nada sei” e faça do seu oceano de dificuldades iniciais, um
oceano de oportunidades de grandes e belos descortinamentos tanto para você
quanto para o seu aluno.
9

1 DOMÍNIOS AMBIENTAIS COMO DISPARADORES DE APRENDIZAGEM

O processo de aprendizagem é entendido como uma cadeia de estímulos


trabalhados, motivados por fatores de natureza interna, procedimento organizado pelo
próprio sistema nervoso central e externa, dotado de ações organizadas, planejadas,
com recursos capazes de resgatar memórias de experiências anteriores
possibilitadoras de reestruturação, readaptação, reinvenção, culminando em um
comportamento novo, e agora enriquecido.
Caracterizada como um procedimento que se faz em três momentos distintos
– entrada, processamento e respostas – as experiências cognitivas são momentos
organizados com fazeres desenvolvidos em ambientes direcionados, que se tornem
por si só, estimulo significativo, mesmo em espaços diferenciados (casa, escola, etc.).
Condições biológicas, a manipulação de estímulos de modo adequado,
compatíveis para o momento que se planejou e que agora se executa, a comunicação,
os direcionamentos, seja pelo aprendente ou pelo mediador, são domínios vistos
como condições, capazes de promover um imput limpo, tanto para aquele que medeia
a relação, entendido como pai / responsável, professor, escola, quanto para o
mediado – o aprendente.
O desenvolvimento do cérebro é biológico e, ao mesmo tempo, cultural e
ambiental. Os contextos de vida da pessoa desempenham um papel fundamental,
tanto para a organização, quanto para a reorganização das redes neuronais. Partindo
desta constatação da neurociência, Lima (2013). Nesse sentido, a presente proposta,
elenca esses domínios, considerados como condições para que sejam promovidas
experiências de aprendizagens significativas, e que promovam uma garantia da
qualidade desse processo, em um momento de grandes instabilidades de quem
ensina e de quem aprende, bem como, a entrada de outros autores de modo mais
intenso - pais e /ou responsáveis.
10

2 PRIMEIRO DOMÍNIO: ROTINA

2.1 Responsabilidades direcionadas a pais e/ou responsáveis

A rotina, no seu
ponto mais geral,
configura-se como um
comportamento
organizado que o ser
humano instala, para
lidar, cotidianamente,
e de modo
organizado, com
aberturas para flexibilidades controladas pelo próprio indivíduo e como forma de
administrar, de modo eficiente, suas aprendizagens e emoções diárias.

A palavra "rotina" tem, no seu sentido habitual, um caráter pejorativo, porque


nos faz pensar em conduta mecânica. Tratam-se de situações de interação,
importantíssimas, entre a pessoa adulta e a criança, em que a criança parte
de uma dependência total, evoluindo progressivamente a uma autonomia que
lhe é muito necessária.” (BASSEDAS, HUGUET e SOLE, 1999, p.2)

Pautada na fala dos autores sugere-se, nesse formato de atendimento


educacional, que os responsáveis pelo aluno, junto à escola, organizem uma rotina
estruturada, para que os novos comportamentos sejam trabalhados e se instalem,
adequando-se a esse novo momento da escola.

2.1.1 Dicas:
Organização da rotina para manutenção da atenção e motivação

✓ organize uma rotina visual para a criança. Essa rotina precisa determinar dias
e horas de cada atividade a ser desenvolvida pela criança, sempre
supervisionada pelos responsáveis. Nela faz-se necessário conter o horário de
atividades escolares dos dois momentos distintos: horário da aula com a
professora e o horário determinado para que os pais realizem a atividade de
casa com a criança e especifique uma atividade no turno da criança na escola
e outra no contra turno;
11

✓ para fazer a rotina visualizada, pesquise na internet figuras das tarefas que a
criança precisa desenvolver, selecione e imprima em um tamanho de 5cm por
5cm. Pegue uma cartolina branca (ou folha de papel chamex suficiente) separe
em colunas – 10 cm de largura por 40 cm de comprimento) os 7 dias para a
semana. Separe as colunas nomeadas, cada dia numa coluna, cortando-as,
ficando então 7 tiras e em cada uma delas o nome de cada dia da semana.
Você irá apresentar um dia de cada vez à criança. Assim, gradativamente, vai
fixando as figuras das atividades que serão realizadas durante o dia da criança,
com a hora associada;
✓ apresente um dia de cada vez. Nesse momento, chame a criança e diga a ela
que dia é hoje, diga também o que será realizado e vá fixando gradativamente
as figuras das atividades que serão realizadas, associada à hora. Desde o
momento que ela acorda, até a hora de ir dormir.
✓ reserve um local da parede próximo ao local onde a rotina foi fixada e fixe uma
faixa de papel, com 20cm de largura por 30cm de comprimento para que seja
colocado nessa tabela as gravuras das atividades já executadas. No topo da
folha deverá estar escrito: FIZ - GANHEI e um local onde seja possível colocar
uma recompensa visual (estrela, like, adesivos de cadernos, beijinhos com
batom para ficarem no papel, emoticons, etc.)

Fiz Ganhei

Esse quadro de atividades


realizadas ajuda a criança a visualizar
aquilo que já foi executado por ela,
colaborando também na compreensão
do processo e a passagem de tempo.
✓ Providencie um relógio grande,
de parede, que fique acessível
ao olhar da criança, para que
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seja determinado o tempo de cada atividade proposta. Esse relógio precisa


ter números grandes e que seja limpo de informações como cores ou
desenhos. Mostre à criança o tempo que será gasto para a atividade no
relógio. Se possível circule o número da hora com um pincel de quadro (verde
para começar e vermelho para parar). Ex.: se a atividade tiver duração de 1
hora e começar as 2h, circule o número 2 de verde e o número 3 de vermelho
e explique para a criança o que será realizado, mostrando que quando vai
começar e quando terminar. Essa medida ajuda a diminui o grau de ansiedade
trazido pela demanda.

✓ Nunca coloque na organização da rotina que será exposta atividades


prazerosas antes de atividades que requeiram mais concentração e
formalidade. Reserve as atividades mais prazerosas para depois dos
momentos que exijam mais esforço da criança. A troca de uma atividade
prazerosa por uma mais exigente pode ser mais complicada pelo fato de a
criança estar em um ambiente que já seja dela, acessível a todos os seus
objetos de preferências. Portanto na elaboração da rotina, selecione:

✓ o que gera muito prazer; o que é normal para ela; e o que é formal. Faça essas
intercalações deixando sempre uma atividade prazerosa para DEPOIS das
atividades formais;
✓ o que precisa de orientação direta do adulto. Organize para que esses
momentos também sejam
possíveis para você – pai
e/ou responsável estar
junto de modo intenso, sem
preocupação com outros
afazeres;
✓ nesse momento há uma
necessidade de uma
dedicação exclusiva do
adulto mediador;
Vale ressaltar que a mediação do adulto se faz necessária em toda a rotina.
Porém, em momentos de aprendizagem formal, essa responsabilidade aumenta, haja
vista que, você mediador (pai e/ou responsável), estará conduzindo direto e
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presencialmente a criança.
P. S. Se você tiver mais de uma criança e precisar fazer uma rotina a ela
também, faça com uma criança de cada vez, pois, as atividades a serem realizadas
podem ser diferentes.

3 SEGUNDO DOMÍNIO: AMBIENTE DA CASA COMO MELHOR ESPAÇO DE


APRENDIZAGEM

Outro aspecto a ser enfatizado é o ambiente, este precisa ser organizado para
o fim que se busca. Nesse sentido, estar atento às variáveis ambientais que podem
colaborar ou atrapalhar a aprendizagem, no seu sentido mais amplo, devem ser um
requisito, ao qual necessita de um olhar cuidadoso, para que seja possível eliminar ou
acrescentar demandas importantes que possam ser identificadas como facilitadores e
/ ou dificultadores dessa aprendizagem.
Piaget (2000) ressalta que o desenvolvimento de um aluno / ser humano,
resulta de combinações entre o potencial do organismo humano e as circunstâncias
oferecidas pelo meio e que os esquemas de assimilação vão se modificando
progressivamente, considerados estágios de desenvolvimento.
Neste contexto é possível compreender a estreita relação existente entre
capacidade de aprendizagem e o local de ensino, tornando o mesmo, ou seja, o
ambiente, um potencializador desses momentos pelos registros significativos (ou não)
que podem resultar dessa relação.
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3.1 Dicas:
Organização do ambiente de aprendizagem

✓ Separe um espaço com claridade que naturalmente informe a criança quando


é dia e quando é noite. A criança precisa ter o entendimento que está no turno
diário;
✓ No momento das atividades formais com direcionamento da escola, a criança
precisa estar devidamente
uniformizada, isto é, com o
uniforme da escola. Essa
postura contribui para que o
cérebro compreenda que haverá
a necessidade de maior atenção.
Nesse momento o cérebro passa
a se preparar. Portanto,
mantenha o uniforme sempre
organizado, pois o mesmo será
utilizado de segunda a sexta-
feira, como sempre ocorreu.
✓ Providencie uma mesa, cadeira, proporcional ao tamanho da criança. Ela
precisa ter apoio para colocar os pés, caso a mesa não tenha altura suficiente
para que os pés fiquem apoiados no chão ou em suporte.
✓ Na mesa devem estar organizados os materiais escolares (livros, cadernos,
revistas, um pote com lápis, borracha, etc.); coloque uma garrafa de água para
a criança sobre a mesa, para evitar as saídas (fugas) da criança e,
consequentemente, as quebras da atenção.
✓ No momento de trocar de atividade, use sempre o relógio. Mostre à criança que
acabou o tempo, que passou. E para que ela entenda, apague o que foi
marcado anteriormente, e marque um novo período. Ajude-a a fazer junto com
você para que entenda que o tempo está passando. Recompense-a pela
execução da atividade anterior. Dê parabéns, muito bem, estou feliz por você,
etc., ela precisa ser motivada pela realização e cumprimento da rotina.
15

4 TERCEIRO DOMÍNIO: COMUNICAÇÃO ENTRE A TRÍADE: o mediador, a


professora e a criança nos processos de aulas remotas

A capacidade de comunicar-se com outros seres da mesma espécie é o que


nos difere na condição de seres humanos, e o que mantém a raça em vigência no
planeta.
Frente a essa afirmação percebe-se o grau de importância que a comunicação
exerce sobre qualquer modelo de relação, seja educacional, familiar e outras.
Santos (2011)
acredita que a
comunicação é a
responsável por minimizar
possíveis insucessos
“precoces nas escolas”,
sendo que a maioria dos
riscos são previstos na
elaboração das situações operacionais, permitindo flexibilidade no trabalho, porém
essa comunicação precisa ser clara e objetiva, caso contrário pode resultar em
diversos problemas de natureza cognitiva, principalmente pelos ruídos que podem
gerar.

4.1 Dicas:
Comunicação eficiente nos mometos de aulas remotas

✓ A comunicação com a criança é um fator de grande importância. A organização


da rotina a priori orientada / visualizada, é um indicativo significativo para que
você adulto, também se organize para esse momento.
✓ O modelo de conduzir um momento mais formal, necessita tanto em você,
adulto, quanto na criança uma tranquilidade no que se refere à condução.
Portanto, tente ficar calmo (a) para que a criança fique calma também. A
princípio escute as orientações da professora. Você não está sozinho (a) e nem
irá realizar nenhum procedimento sozinho (a). Sua responsabilidade nesse
momento é:
✓ Dar tranquilidade à criança. É muito importante;
16

✓ Orientar a criança de acordo com as diretrizes dadas pela professora;


✓ Chamar a atenção da criança para que a mesma retorne (se volte) para a
professora, sempre que se fizer necessário;
✓ Tentar deixá-la organizada no que se refere a ambiente, e todos os materiais ao
seu alcance;
✓ E nos momentos necessários,
você também precisa manter sua
calma, falar devagar nas orientações,
sem evidência de aflição ou
intolerâncias.
✓ Quando a sua tolerância pai /
mãe / mediador acabar, e você não
conseguir conduzir o processo com
tranquilidade, PARE. Peça licença à
professora, remarque a aula e pare.
Não adianta continuar e fazer com
que a criança entre numa crise junto com você.
✓ Faça o máximo para que a criança não interprete que a sua paciência acabou
(completamente normal). Tente VOCÊ conduzir o processo de finalização do
momento o mais tranquilo que puder. Finalize o momento e remarque com a
professora.
P.S. Se você demonstrar para a criança suas reações, se ela perceber que a
sua tolerância acabou, ela saberá que esse modelo de comportamento usado, tornou-
se funcional para que ocorresse a fuga dessa demanda de atividades formais.
Portanto, quando você sentir que sua tolerância vai terminar, termine o momento
antes.
✓ Papai / mamãe / responsável, para os momentos planejados, tente ao máximo
cumprir a demanda junto ao professor. A sua desistência somente deverá
ocorrer em casos extremos. O objetivo aqui é instalar rotina. Portanto o ato de
reverberar é extremamente necessário;

✓ É certo que não será fácil inicialmente. Mas a sua persistência diária, mesmo
que se inicie com momentos menores e, gradativamente vai aumentando, sua
meta será alcançada com êxito. Não se trata de tarefa fácil instalar
17

comportamentos. Portanto, papai e mamãe, vamos ser persistentes.

✓ A professora precisa, mesmo na aula remota, manter a relação comunicativa


com a criança, chamando-a pelo nome, requerendo sua atenção e o comando
a ser dado precisa ter discurso direto e nomeado à criança;

✓ No momento das aulas remotas, quando você: papai, mamãe e/ou responsável
não entender algo orientado pela professora, peça a ela para repetir, pois você
adulto precisa também interagir com a professora nesse momento, uma vez
que você se tornou o filtro facilitador da aprendizagem e do desenvolvimento
da criança.
✓ Na condição de mediador, vá observando o momento da criança. Veja a
receptividade dela quanto aos conteúdos recebidos, como ela está absorvendo
os conhecimentos passados, observe o tempo dela para entender que ela tem
um tempo de tolerância que precisa ser respeitado, e esse tempo precisa ser
replanejado para que a meta seja alcançada.
✓ No momento das aulas remotas evitem falar os dois ao mesmo tempo,
(responsáveis e professor). Atendendo a essa postura será minimizada a
confusão auditiva para a criança e os comandos passarão a ser compreendidos
com mais limpeza de estímulos auditivos;
✓ Esteja em um ambiente livre de ruídos ao máximo, para que os mesmos não
se tornem distratores excessivos; (por isso a escolha do local, orientado a
priori). Sabemos que poderão haver
distratores, mas o importante é evitá-los
ao máximo.
✓ Aproveite você, responsável! Aproveite
esse momento para aprender com seu
filho (a), ver conteúdos que estão sendo
trabalhados, de que forma se dá a
absorção da criança, em que ele
apresenta mais facilidade e / ou
dificuldade, avalie o modo que o seu filho
aprende. No final, passe um feedback à
professora para que ela também entenda
e adeque as suas ações ao movimento interno de aprendizagem da criança.
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Cada um aprende a seu modo sendo necessário respeitar cada modo.


Ninguém o (a) conhece mais que você, mamãe e papai.

Lembre-se:
a criança está aprendendo e se adaptar a muitas situações diferentes ao mesmo
tempo. O papel do

adulto nesse momento é dar tranquilidade a essas adaptações, para que o melhor
resultado possível seja alcançado.
Os dois momentos: tanto da aula remota, quanto o da tarefa de casa, precisam
ocorrer com os mesmos critérios de organização e comunicação;
Que você, adulto, não apresente expertise acadêmica pedagógica para
desempenhar esse papel sem a ajuda
da professora, no entanto quando
precisar, peça novas explicações, etc.;
anote o tempo de tolerância da criança.
Depois passe esse tempo de
sustentação da atenção para a
professora para que ela adeque micro
quebras planejadas, para que essa
atenção tenha uma manutenção mais
qualitativa. Ex. Se a criança consegue
se manter ligada na fala da professora
por um tempo entre 5 a 8 minutos, se
antecipe, quando usar esse tempo, direcione a criança a fazer coisas rápidas como:
tomar um pouco d`água e logo depois retorne à atividade, ou peça para a criança
mostrar algo, depois volte, ou peça para fazer alguma ação como bater palmas, ou
cantar um fragmento de uma música, etc.
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ex. de Ficha de controle da atenção


Data Tempo de atenção Disciplina

tenha um bloco para anotações. Esse controle é muito importante para


adequações posteriores para que a professora possa reorganizar os tempos de
atividades e o planejamento proposto à criança. Essa medida garante um
planejamento mais compatível com o nível de tolerância do aluno, seja para mais
ou para menos em aulas posteriores.
É importante também, parar, analisar os comportamentos antecedentes que
tiveram influência direta na aula, sejam eles de natureza positiva ou negativa na
criança, considerando que as mesmas estão em casa suscetíveis a mudanças e
instabilidades naturais do ambiente.

5 QUARTO DOMÍNIO: O LUGAR DA ESCOLA E DOS PROFESSORES NA


APLICABILIDADE DAS AULAS REMOTAS

Sem dúvidas, o que a escola está tentando redesenhar-se nesse momento de


pandemia é buscar incansavelmente meios para aumentar o nível de interação com
alunos e famílias. No entanto, quando se reporta à população de alunos com
deficiências de grande ou pequeno porte, isso torna-se mais complexo, haja vista, a
seletividade de tecnologias que podem ser utilizadas, deixando esse desafio ainda
maior.
Programas que utilizam tecnologias educacionais nesse momento, podem, se
bem desenhados, ter grande efeito na aprendizagem. (Muralidharan, Singh e
Ganimian, 2019).
Destacam-se ainda, como exemplo, as possibilidades de individualização do
ritmo de aprendizagem para cada aluno, de maior engajamento das crianças com as
atividades pedagógicas, uma vez que elas apresentam determinadas habilidades
nessas ferramentas, entendidas como âncoras que podem ser aperfeiçoadas no dia
a dia da escola. A escola necessitará se reorganizar para esse público tal qual a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) já preconiza, mesmo em momentos
normais (sem aulas remotas) nos anos letivos normais.
20

5.1 Dicas
Organização das Aulas Remotas Propostas pela Escola e Professores

O formato de aulas remotas para crianças com transtornos precisa apresentar


uma configuração diferente nos quesitos abaixo:

✓ Horário e pontualidade;
✓ Interatividade entre pais e
escola;
✓ Logística e seleção dos
conteúdos prioritários;
✓ Planejamento antecipado
compartilhado;
✓ Postura e indumentárias da
professora na hora da aula;
✓ Cuidados com os recursos
necessários usados nas aulas;
Nesse sentido, segue os
direcionamentos necessários para conduzir com qualidade esse momento mais
sensível da aprendizagem.
21

5.1.1 Horário e Pontualidade

A escola necessita estabelecer o horário fixo para as aulas. Esse horário


necessita ser passado aos pais com antecedência para que eles também se
organizem no que se refere a sua própria rotina, haja vista que as crianças têm outras
atividades associadas como terapias, etc., assim como os pais também. Os
responsáveis precisam instalar esse processo de modo claro na rotina elaborada para
a criança e para ele mesmo.
A necessidade de fixar o horário se dá por uma exigência de organização
interna da criança com transtorno. As instabilidades de rotina traduzem-se como um
critério de grande prejuízo, principalmente em crianças com TEA e outros transtornos
como o déficit de atenção com e sem a presença da hiperatividade;
A escola precisa:
orientar seu professor a
NUNCA deixar a criança
esperando-a. Essa espera
aumenta o nível de ansiedade
da criança, despertando nela
uma frequência tanto das
estereotipias, quanto nas
situações de inquietação,
ansiedade, tornando essas
sensações grandes aspectos
impedidores da aprendizagem diminuindo o grau de receptividade das informações.

A escola precisa: orientar seu professor a entrar na aula com 5 minutos de


antecedência para que ela inicie o processo interativo com a criança. Ela chama a
criança pelo nome. Ex.: venha ...fulano...vamos iniciar a nossa aula!! E, a partir desse
chamado, vá orientando a criança e, consequentemente, conduzindo o responsável
que a acompanha

A escola precisa: orientar seu professor que este momento deverá ser
conduzido PELO PROFESSOR e não pelos pais. Os pais estão ali como auxiliares do
22

processo que estiver ao seu alcance. É preciso lembrar que os pais não apresentam
expertise didático-pedagógica para esse modelo de mediação.

Caso haja uma situação de ocorrência de atraso ou ausência por parte do


professor, ou dos pais, considerando o momento que está se vivenciando, é preciso
entrar em contato imediato por outros mecanismos diferentes da plataforma
(WhatsApp) para que seja possível comunicar aos responsáveis e explicar com
antecedência também para a criança, para que ela possa se organizar nesse sentido.
Essas instabilidades desorganizam a rotina da criança e esse processo causa grande
desconforto na mesma.

5.1.2 Interatividade entre Pais e Escola;

A parceria entre escola e família no processo de inclusão escolar sempre teve


e sempre terá lugar cativo. Aspectos como baixa autonomia dos alunos com
deficiência, implica em maior colaboração dos seus progenitores, com um nível de
envolvimento mais intenso do que dos alunos típicos.
Entende-se que, nesse momento, esse núcleo – o familiar – ocupa lugar de
relevância para que as relações entre aprendizagem e desenvolvimento ocorram,
costurados com o entendimento que precisa unir essas duas instituições a ponto de
gerar ampliação de repertório, e aprendizagem significativa.
O envolvimento das famílias é fundamental e, desde que orientado por um
olhar realista e cuidadoso, deve ser ainda mais estimulado nesse momento. O
fortalecimento da relação família-escola, especialmente se sustentado no pós-crise, é
uma das principais oportunidades
que ora se apresentam. (BRASIL,
2020).
No entanto, esse canal
interativo, para ser eficiente,
precisa de requisitos no que se
refere à definição de papéis de
cada um (professor e pais),
regras, horários, para que o
23

respeito permeie essa relação, bem como promoção de condições de trabalho e


condução de modo tranquilo nessa via de mão dupla. Portanto, escola e pais:
✓ Precisam determinar: um canal de comunicação (pode ser via
WhatsApp) e um horário diário (de acordo com a disponibilidade de ambos)
para realizar o feedback com os pais do momento da aula; nesse momento o
mediador irá passar para a escola as dificuldades e/ou facilidades
apresentadas pela criança no momento da aula, bem como a utilização
(eficiente ou não) dos recursos utilizados, no sentido de sustentar a atenção da
criança para aquilo que estava sendo proposto;

✓ Precisa reorganizar –
caso seja necessário - os
recursos utilizados no que se
refere a tempo, materiais e
ferramentas digitais;

✓ Precisa verificar quais as


necessidades dos pais, no
sentido de facilitar a relação
de aprendizagem remota,
nesse momento de pandemia;

✓ Precisa rever a maneira como está sendo utilizado a demanda de conteúdo;

✓ Precisa filtrar o que de fato é importante a ser aprendido. Não adianta desejar
que se tenha a mesma estrutura curricular que o ano normal. Esse processo
não irá acontecer a contento por nenhuma das partes;

5.1.3 logística e seleção dos conteúdos prioritários

Por currículo entende-se como uma infinidade de conceitos desde aquilo que
nomeamos de prévio, ou seja, desenvolvido sem a preseça da escola, advindos de
experiências que o sujeito tenha experienciado no percurso de vida, até a estrutura
organizada, pensada pela escola com o propósito de, numa escala evolutiva,
desenvolver com o aluno, seja ele deficiente ou não. Todos os seus modelos, porém
24

se entrelaçam, montando assim a arquitetura de desenvolvimento e de aprendizagem


de um indivíduo / aluno, que se vale desse currículo para estar no meio social,
acadêmico e emocional.
A flexibilidade curricular aplica-se também com grande destreza. Nenhum
indivíduo pode empoderar-se das experiências de outros. Essas diferenças culminam
na diversidade, elemento
que enriquece relações e
amplia horizontes. Na
Educação Inclusiva o
currículo também tem um
lugar de relevância por ser
uma ferramenta capaz de
adequar-se a todas as
situações, partindo de três
aspectos reconhecidos do
aluno: o que ele já tem, o
que está desenvolvendo e
o que precisa desenvolver, unido à demanda de tempo cronológico e biológico desse
sujeito.
O currículo na escola, em qualquer situação, seja ela inclusiva ou não, é um
referencial de base nacional, conforme determinam os artigos 26, 27 e 32 da LDBEN,
e deve ser desenvolvido levando em consideração os aspectos culturais, locais e as
peculiaridades dos educandos. Deve ser um currículo aberto e flexível de modo a dar
respostas educativas ao processo de escolarização formal em todos os níveis e
modalidades de ensino, tornando-o um processo dinâmico que possibilite sua
constante revisão e adequação. (BRASIL, 1996).

5.2 Dicas:
Estrutura Curricular Eficiente

A estrutura curricular das crianças com transtornos necessita ser refeita,


priorizando apenas conteúdos de base que servirão como pré-requisitos
indispensáveis para o seu processo de neurodesenvolvimento. A escola necessita
filtrar esse conteúdo a ser trabalhado como previsto em Lei para as crianças com
25

transtorno, haja vista a alteração do tempo e a dinâmica de aplicabilidade das aulas


remotas;
✓ Disciplinas que se caracterizam como imprescindíveis para a Lei
Brasileira de Inclusão são: Linguagem / Raciocínio Lógico / Competências
Sociais
✓ O tempo de aulas – não
pode ultrapassar de 20 minutos por
dia. Esse tempo precisa ser dividido
em 3 tempos de mais ou menos 7
minutos, posto que, o nível de
atenção do aluno com transtorno
não se sustenta de modo contínuo
como dos alunos típicos que
estejam na Educação Infantil até o
1º ano.
✓ O tempo de aulas – não pode
ultrapassar de 45 minutos por dia.
Esse tempo precisa ser dividido em
5 tempos de mais ou menos 9 minutos com alunos que estejam no Ensino
Fundamental do 2º ao 5º ano.
✓ As aulas NUNCA deverão ser gravadas em vídeos sem um feedback do
professor. O ideal é que a plataforma de aula seja ao vivo (a plataforma zoom
é uma excelente opção para esse procedimento – Zoom.us). Desse modo, a
professora e não o mediador, poderá ficar em contato com a criança. O pai
ocupa lugar somente de auxiliar nesse momento;
✓ Vídeos podem ser feitos como mais uma ferramenta de trabalho para a
apresentação de um texto, contação de histórias com uso de recursos como
fantoches, músicas e etc., mas nunca como aula diária;
✓ As atividades escritas, de livro, ou impressas deverão ser reduzidas por dois
motivos básicos:
o pelo pequeno sentido que ela pode oferecer. O momento é de construir na
criança um novo modelo de interação, priorizando outros aspectos como: a
atenção, a interatividade com a professora, o engajamento, a instalação de
tempo na rotina.
26

o pela inabilidade que os pais ainda apresentam para orientar essa infinidade
de tarefas tal qual acontecia na escola. O tempo menor, menos tarefas
escritas;
✓ A aula - deverá ser ministrada somente para a criança com transtorno
inicialmente. O professor deverá,
junto com os pais, estabelecer um
horário fixo para a criança, para que
ela tenha aulas todos os dias no
mesmo horário previamente
combinado, com comandos
direcionados a ela, sem que, nesse
momento haja outras interferências
(no caso, a intervenção dos colegas
de sala);
✓ No primeiro momento – é
necessário que a criança se habitue
a esse modelo de aula, para
posteriormente os colegas serem inseridos na sala, gradativamente;
✓ A inserção dos colegas na aula – deverá ser gradativa, ou seja, a criança
precisa ir se acostumando com outros estímulos nesse contexto. Por isso,
inicie com ela sozinha, (tempo - 2 a 3 semanas) depois, insira um colega,
convidado antecipadamente para estarem juntos e, novamente, precisa
observar as reações da criança com a inserção dos colegas;
✓ Participação com colegas – no caso das crianças do 2º ao 5º ano, se as
mesmas assim desejarem estar com eles, pode entrar na aula dos colegas no
momento deles. Assim a criança poderá vê-los, interagir como for possível.
Porém, seu momento será só seu na sua aula formal.
✓ Manifestações de comportamentos – precisam ser observadas e anotadas
pelo mediador para que sejam relacionados os comportamentos mais
aversivos que a criança esteja manifestando como: resistências, choros,
inquietações, falta de interesse da criança, estereotipias, desinteresse dos
recursos utilizados, comportamentos repetitivos ou rituais, rigidez,
irritabilidade, hiperatividade e impulsividade, autolesão e agressividade, os
que interferem na aprendizagem e o tempo de tolerância (comportamento em
27

excesso);
✓ Mediador, descreva os comportamentos como aparece na tabela abaixo, para
que seja possível reorganizá-lo. Observe o exemplo:

DData Antecedente Resposta Consequência


21/05 Início da tarefa Bateu as Pedi para se acalmar,
de matemática. Pedi para mãos na mesa com força segurei as mãos dele por 10
ele completar o cabeçalho mais de 5 vezes. segundos. Quando ele acalmou
com o nome dele. retomamos a atividade.

Esse modelo é o que se


nomeia de avaliação da
funcionalidade do aluno com
transtorno, ou seja, ver como ele
reage mediante uma demanda. Os
referidos comportamentos deverão
ser visíveis, para que seja possível
modificá-los.
Mediador, você pode separar
um bloco de anotações para que seja
feito esse controle frente às atividades
propostas. Assim é possível classificar os momentos de comportamentos aversivos e
os momentos de comportamentos adequados.
Com esse controle diante dos comportamentos aversivos, torna-se possível
identificar como deverá promover a mudança da estratégia para a criança, bem como,
o controle do tempo dela diante de cada atividade;

5.3 Planejamento antecipado compartilhado

Por planejamento entende-se como um caminho que a priori é traçado,


analisado, e direcionado a um sujeito ou um grupo de sujeitos, interpondo todas as
demandas necessárias para que se possa percorrer. Planejamento é um olhar além,
enxergar com os olhos hipotéticos e executar para que o que foi pensado, seja
alcançado. Dotado de objetivos, um planejamento precisa, na sua execução, ter a
28

persistência e a flexibilidade necessária, levando em conta todas as singularidades do


sujeito a ser atendido, posto que, não se traduz como receita pronta.
O planejamento educacional pode ser compreendido como as ações
prioritárias que devem ser realizadas pela escola, de acordo com os recursos locais,
do sujeito e do seu ambiente. (Mittler, 2003), e visando contemplar as necessidades
da população à qual ele é direcionado (Giné e Ruiz, 1995) para, assim atender a um
aluno com deficiências, nesse contexto instável e dentro de um ambiente atípico.

5.4 Dicas

Planejamento de aprendizagem executável em tempos de pandemia

✓ Que seja analisado ao final da


aula como foi sua ocorrência junto à
criança; precisa imediatamente
depois ser registrado o que foi
eficiente e o que não foi;

✓ Que seja realizado


semanalmente, posto que é preciso
levar em consideração as
anotações e feedback trazidos
pelos pais, para que as aulas remotas sejam planejadas;

✓ Esse planejamento precisa ser compartilhado com os pais antecipadamente.


Os mesmos podem ser enviados via e-mail / WhatsApp, para que os pais
possam providenciar os recursos necessários para o uso semanal;

✓ Cuidado com os recursos solicitados. Lembre-se, todos estão em casa, sem


muitas possibilidades de compras, muitas crianças não têm impressoras e /ou
computadores, tendo apenas o celular para que o momento ocorra;

✓ Priorize atividades práticas, com uso de materiais concretos para serem


manipulados. O uso excessivo de atividade em papel acaba por não fazer
muito sentido para o aluno;
✓ Por outro lado, aulas práticas, com recursos manipuláveis diminui
29

consideravelmente as tensões emocionais geradas dessas mudanças vividas,


tranquilizando a criança para propostas mais exigentes;
✓ Para as atividades escritas, priorize apenas uma a cada aula remota, nos
casos de crianças da Educação Infantil até o 1º ano, alterando a durabilidade
no tempo e não na quantidade. Das três opções de aula, priorize a atividade
escrita apenas para um dos momentos. Das 5 opções para crianças do 2º ao
5º ano, reserve dois momentos para atividade escrita.
✓ As atividades que serão enviadas para casa, precisam ser reduzidas em
número e fazerem relação direta com o que foi treinado na aula remota com
o professor;
✓ O link dos arquivos da aula gravada pela plataforma zoom, deverá,
diariamente, ser enviado para os pais por e-mail para que os mesmos possam
usar nos momentos que assim
desejarem com a criança, de
modo involuntário;
✓ O planejamento pode ser
enviado aos pais de modo
reduzido. O objetivo é que ele
entenda o que vai ocorrer, que
recursos serão utilizados e de
que maneira as atividades
serão desenvolvidas (local,
etc.) para que ele prepare o espaço;
✓ De vez em quando varie de espaços para trabalhar as atividades que irão
ocorrer no seu planejamento de aula, já que estamos confinados em casa.
Peça para o mediador fazer em lugares diferentes como: tapete, no chão, na
área da casa, cozinha, etc., mas tudo isso precisa estar devidamente
planejado e avisado aos pais de modo antecipado; nesses casos a aula
precisa ser visualizada no notebook porque você professor estará conduzindo
o processo;
30

Exemplo de um planejamento resumido que pode ser enviado aos pais


em formato PDF:

Nome: ___________________________________________

Segmento: Educação Infantil

Tempo de aula remota: aproximadamente 20 minutos para as 3 atividades


propostas

Data: _____ / ____ /2020 (segunda-feira)

Tempo da aula remota (aproximadamente 20 a 21 minutos

Atividade Objetivo Disciplinas Competências Recursos


e habilidades

Imitação Bater Coordenação Imitação motora Música que a


palminha motora e sem objeto; criança gosta;
2 vezes atenção; Parabéns pra você;
ao som da
Brincadeira motora
música;
junto com a
professora;

Pareamento Parear 10 Linguagem / Percepção Figuras grandes


palavras vocabulário visual; Palavras grandes
com 10 Atenção; escritas em tiras de
desenhos 5cm por 10cm
Rastreamento
alusivos escritas em letras
visual
caixa alta;

Rabisco Traçar Coordenação Traçar Pincel de quadro;


círculos motora Papel 40kg;

Para Saber
31

O conteúdo, até então


proposto para todo ano, precisa ser
selecionado, filtrado, ficando
determinado como meta para esse
momento, apenas 40% da estrutura
curricular inicial. Melhor 40% com
qualidade, que 100% sem eficiência.
Precisamos lembrar que o momento é
delicado, necessitará de muita calma,
de todos: da criança, dos mediadores
e do professor. Esse modelo de planejamento sugerido precisa ser:

✓ Replicado professor - para qualquer ano a ser trabalhado, baseado no


programa que a professora já selecionou para trabalhar com a criança, vale
ressaltar que é preciso filtrar o conteúdo mais importante dentre os
importantes, para serem trabalhados nesse formato;

✓ Antes da aula pais e responsáveis – não ofereça coisas que remetam a


criança a atividades informais como o uso do celular, tablete ou coisas dessa
natureza que sirva somente para brincadeiras. As atividades realizadas com
viés de brincadeiras e prazer, dificultam a troca.

✓ 15 minutos antes do horário da aula, pais ou responsáveis - vá oferecendo


atividades mais voltadas à aprendizagem formal, avise que as ___ horas a
professora ___ vai estar com ela na sala. Não se preocupe se a criança não
emite respostas oralizadas. Avise! Com certeza ela entende. Enquanto você
avisa, ela, mesmo sem falar, vai se organizando internamente;

✓ Professor, cada dia precisa - ter apenas 3 atividades como o sugerido.


Nesse momento de aula remota, o acúmulo de tarefas não traz qualidade ao
processo. Ao contrário, pode sim promover, gradativamente, um nível de
estresse, tanto para os responsáveis, quanto para a criança;

✓ Professor, organize o plano - finalizando sempre com uma atividade mais


lúdica, seja feita com a criança – nos casos das crianças da Educação Infantil
– no caso das crianças de 2º ao 5º ano, tenha uma atividade em que ela possa
ser recompensada. Ex.: um jogo interativo. Esse momento precisa ser
32

prazeroso;

✓ Pais ou responsáveis em todos os momentos trabalhados - você precisa


ter o seu bloquinho de anotações com
os itens acima sugeridos para pontuar a
funcionalidade das atividades e passar
para o professor, seja para reafirmar,
seja para reorganizar; analise o tempo.
Veja se a criança tem tolerância para
mais ou para menos. Esse tempo
precisa também ser ajustado;

✓ Pais ou responsáveis, as
atividades planejadas precisam ser
executadas - pela professora, ao vivo
para a criança. Para isso, tanto os pais,
quanto o professor deverão ter os recursos de modo igual para que os
responsáveis ACOMPANHEM a professora. Aqui a função é da professora e
não dos pais / responsável;

✓ Pais ou responsáveis, vocês têm a responsabilidade - de estimular a


criança, tentando manter um nível de atenção junto à professora, ajudando a
criança a ficar mais ligada ao que está sendo trabalhado.

✓ Pais ou responsáveis quanto à projeção da aula – se houver a


possibilidade de projetar na televisão (smart tv ou através do chrome crash)
torna-se muito mais motivador, traz o tamanho mais real da professora e o
nível de interação se amplia (para casos de crianças da Educação Infantil até
o 1º ano do Ensino Fundamental).

✓ Pais e professores do 2º ano em diante – é possível que já consiga ficar


frente ao notebook para a realização das atividades;

✓ Pais ou responsáveis ao uso do celular – somente em último caso. Quanto


menor a imagem, menor o nível de interação;
33

5.5 Postura e indumentárias da professora na hora da aula

O professor, apesar de ter


mudado de lugar, agora não mais na
escola, continua sendo o condutor do
processo de aprendizagem, detentor do
saber e da expertise didático-pedagogica
formal, com capacidade de realizar
análise minunciosa sobre cada momento
aplicado com o aluno, seja ele da
Educação Infantil, ou do Ensino
Fundamental, com capacidade suficiente
de readequar seus recursos para
atender melhor o aluno.
Nesse processo ganha um
aliado forte, a familia, como co-colaboradora das ações de promoção de
aprendizagem, pensadas e planejadas, mostrando-se cada vez mais significativas
para a criança. Esse professor tem seu papel claro e decisivo nesse processo, uma
vez que, apresenta competência suficiente para dirigir os momentos de aquisição,
mesmo sendo através do uso de ferramentas diferentes.
Ainda que as atividades escolares estejam sendo transpostas para dentro dos
domicílios, os professores seguem sendo essenciais para o processo de ensino-
aprendizagem. No caso do uso de tecnologias educacionais, por exemplo, as
evidências são claras em apontar que os docentes possuem papel fundamental para
que essas soluções tenham resultado positivo no desempenho acadêmico dos
estudantes. (Brasil, 2020).
Sua organização também se caracteriza como de grande importância. Está
se discutindo maneiras de minimizar os impactos trazidos por um modelo de aula
remota, que ainda não se apresenta registrada nas redes neuronais dos alunos,
principalmente os alunos com deficiências, sejam elas de grande ou pequeno porte.
Desse modo, todo tipo de memória que se puder resgatar com o objetivo de
organização interna para a aprendizagem, torna-se de grande relevância.
34

5.6 Dicas:
Organização do Professor nos Momentos de Aula Remota

✓ vista-se como se estivesse na


sala de aula presencial; com seu
uniforme diário. Esse processo ajuda
a criança a reconhecer você como
alguém que, apesar de ela estar em
casa, você também está formalmente
para um momento, resgatando as
memórias da sala de aula;

✓ Nunca deixe a criança


esperando. Chegue sempre 5
minutos antes da aula. Organize o
espaço e chame a criança pelo nome para começar;

✓ Separe os recursos e deixe todos ao seu alcance, para que não haja esperas
e espaços vazios;

✓ A espera aumenta na criança o nível de ansiedade, despertando, assim,


processos de ansiedade e estresse;

✓ Fale devagar, espere a criança olhar para você, chame-a pelo nome quando
estiver realizando as atividades planejadas; interaja ainda mais do que antes;

✓ O local da aula deve ser organizado antes da aula pois, a mesma poderá
ocorrer na mesa, no chão, na cozinha, na área de casa. Isso vai depender do
que foi, a priori, planejado e enviado aos pais;

✓ O professor, no momento da aula, se for em um lugar diferente, apresente o


local com motivação, para que a criança entenda que a aula acontecerá ali;

✓ Professor, no momento da aula, chame a companhia da mamãe / papai e / ou


responsável para participar com você do modelo mais interativo e próximo
possível;

✓ Oriente as ações. Você continua sendo o professor. A mamãe é apenas a sua


35

auxiliar;

✓ O que você for realizar, vá fazendo devagar, para que o mediador que estiver
com a criança, faça junto com você, utilizando-se dos mesmos recursos, a
priori, planejados;

✓ O mediador vai seguir suas instruções transformando para a criança aquilo que
ela está vendo projetado na televisão, computador, celular, etc. para a mesa,
tapete, etc.;

Roupa para a criança na hora da aula: cuidados dos pais e / ou


responsáveis

✓ Mantenha a rotina da criança.


Se a aula dela for pela manhã;
acorde-a como de costume, oriente-a
a escovar os dentes, tomar café, vá
avisando que daqui a pouco a aula vai
começar;

✓ Se for a tarde, dependendo do


horário, faça as mesmas atividades de
rotina, para que o impacto da criança
seja o menor possível;

✓ Evite dar a criança materiais que remetam a brincadeiras informais. Essa


atitude pode fazer com que haja resistências da parte dela para a troca de
ações;

✓ Coloque o uniforme da criança normalmente. O uso do uniforme dá a ela a


possibilidade de uma reorganização interna maior. O que é estímulo neutro,
passa a ser estímulo significativo pela instalação e resgate de uma rotina já
vivida;

✓ Separe em uma caixa os recursos que serão utilizados na aula; você deverá
ter os mesmos recursos do professor, pois você: papai e mamãe vão
“transformar em verdade” aquilo que a professora está fazendo na televisão;
36

5.7 Cuidados junto aos recursos necessários, usados nas aulas remotas

Os recursos a serem utilizados, traduzem-se como os condutores dos mais


eficazes estímulos. Por isso, muito
cuidado ao selecioná-los.
Segundo Cerqueira e Ferreira
(2000), “talvez em nenhuma outra
forma de educação, os recursos
didáticos assumam tanta importância
como na educação especial de
pessoas deficientes”. A manipulação
de diferentes materiais ajuda no
desenvolvimento da percepção tátil,
facilitando a discriminação de detalhes
e propiciando a movimentação dos
dedos.
Njoroge (1994) salienta que é preciso auxiliar os estudantes com deficiencias,
sejam elas de grande ou pequeno porte, estrutural, funcional, emocional ou sensorial
a alcançarem a utilização máxima, com a maior quantidade de adaptações. Também
é preciso ajudá-los a manter um equilíbrio real entre o que é possível e o que é prático.

5.7.1 Dicas:
Uso dos recursos de modo eficaz

É preciso idealizar a sala de aula na casa da criança sabendo-se que nem sempre
será possível disponibilizar recursos semelhantes aos da escola, levando em conta
que:
✓ a mamãe não tem expertise de criar recursos didáticos;

✓ a mamãe não disponibiliza muitas vezes dos mesmos recursos e nem de


tempo para ir procurar para comprar;
37

Dicas
Obrigações antecedentes às aulas remotas e uso dos recursos

✓ selecione junto com as mães o que é possível e o que tem disponível em casa
para momentos de variações de recursos;
✓ peça para a mamãe guardar embalagens vazias de comida (isopor) de frios,
rótulos, etc.; elas podem ser utilizadas com muita frequência;
✓ veja se os pais têm possibilidade de fazer algum tipo de impressão quando for
necessário. Caso não tenha, é preciso
substituir a atividade impressa para um
outro formato;
✓ os pais, juntos a você professor,
poderão selecionar determinados
brinquedos da criança e separá-los
para que eles se transformem em
materiais didáticos, utilizados nos
planejamentos das aulas;
✓ os brinquedos que forem
selecionados, precisarão ficar numa caixa separada para serem usados de
modo planejado e nas horas adequadas;

✓ peça aos pais a determinação do (s) espaço (s) a ser (em) utilizado (s) para
que você professor planeje as aulas levando em conta esses espaços
determinados;

✓ varie no seu planejamento, utilize-se de janelas sensoriais e multissensoriais


para que seja possível envolver a criança na aprendizagem proposta.

✓ utilize no seu planejamento, práticas diferentes, pelo menos uma vez na


semana.

✓ explore os vários ambientes da casa pelo menos uma vez por semana para
inovar a proposta das atividades e, com isso, generalizar comportamentos,
dar função ao que está sendo ensinado;

✓ veja os exemplos abaixo de uma casa com: cozinha, quarto, sala, quintal e
38

área:

Na cozinha Fazer uma receita, ver cores, cheiros, temperaturas, etc.; usar
bandejas de frios vazias para criar sequência de histórias; nomear os
móveis da cozinha e fixar em cada um; fazer lista de compras para
buscar; fazer lista de compras que não precisa comprar; somar os
gastos, etc.;

No chão Usar argila, tinta caseira, massa caseira, e outras texturas de


uso mais livre;

Na sala Parear figuras dos móveis com os móveis de verdade, nomear


os móveis, ajudar a organizar a mesa de jantar, nomear os utensílios
de refeição (ou lanche planejado para esse fim); ver texturas,
tamanhos, cores, etc.;

Em outra Para fazer misturas, desenhar, pintar, fazer varal de pinturas


mesa fixadas com pegadores de roupa, etc.;

No quintal Para a criança pegar, plantar, mexer na terra, plantar em


cartelas de ovos, estender roupas pequenas em um varal baixinho;
contar peças, somar peças de roupas, etc.; mexer com animais se tiver;
escrever os nomes, número de patas, corpo coberto, tipo de comida,
reprodução, etc.;

No quarto Trabalhar com pareamento de meias, selecionar roupas por


categorias, separar materiais de uso de higiene, selecionar roupas por
cor, por função, etc.;

Nos textos Priorize por trazer o máximo de realidade possível a esses


momentos de trabalhos com textos. Trabalhe em formato de contação
de histórias, crie recursos mesmo que descartáveis para o referido
texto, trabalhe com sequência (use a sequência do texto trabalhado
com a criança), trabalhe com imitação dos movimentos do texto, faça
perguntas relacionadas ao texto, sequencie personagens, etc.;

Invista na interpretação dos dados que muitas vezes não estão


visíveis. Crianças com transtorno têm muita dificuldade de entender os
dados não visíveis de um texto.
39

Perceba que a casa é também um universo


a ser explorado. Com uma riqueza muito grande de
ambientes significativos para a criança. Para que a
mesma seja utilizada de modo formal e funcional,
basta que seja planejada a aula de modo
antecipado e organizado junto aos pais /
responsáveis pela mediação da criança nesse
ambiente.
Esse é mais um modo de utilizar as aprendizagens de modo significativo,
inserido no dia a dia da criança, evidenciando a verdadeira essência do aprender.

6 MODELO DE AVALIAÇÃO APLICADA EM MOMENTOS DE AULA REMOTA

Por avaliação entende-se todo tipo de processo que evidencie, de modo claro,
situações de aprendizagem que possa retratar pontos, tanto que garantam o avanço,
quanto os que necessitem retornar, afim de manter uma qualidade esperada. Dentro
dessa categoria, três modelos são os mais discutidos – avaliação diagnóstica,
formativa e somativa.
Avaliação diagnóstica tem a função de identificar, numa visão plural, como
a aprendizagem do sujeito encontra-se organizada, evidenciando a linha de base em
que o aprendente se encontra. Esse modelo de avaliação permite uma visualização
dessa panorâmica para uma tratativa mais especifica sobre esse indivíduo, e assim
ele possa ser atendido nas suas demandas mais fragilizadas, potencializando-as por
reconhecê-las, reconhecer suas potencialidades e estimulá-las.
A avaliação diagnóstica para Haydt (2008) é a principal forma de pré-
requisitos para compreender se o aluno possui habilidades e conhecimentos para
receber novas aprendizagens. É também usada para caracterizar problemas de
aprendizagem.
O público alvo a quem esse protocolo se direciona, tem seja de modo formal
ou informal, sua avaliação diagnóstica, haja vista, ser ela a maneira mais eficiente de
identificar as necessidades e / ou habilidades de uma sujeito aprendente,
possiblitando construir um modelo de atendimento e recursos diferenciados, que
40

cumpram as exigências visualizadas.


A avaliação formativa se constrói no decorrer do processo. Tem como
função principal visualizar, entender o movimento de aprendizagem desse aprendente
e trabalhar para que as dificuldades sejam diminuídas no cotidiano da aprendizagem
proposta.
Compreender como o sujeito processa as informações recebidas (imput) e
com isso, identificar as fragilidades, e encontrar estratégias no processo, para
potencializar cada vez mais as áreas (de)eficientes, trata-se da grande
responsabilidade desse modelo de avaliação.

[...] A avaliação formativa opõe-se à avaliação somativa que constitui um


balanço parcial ou total de um conjunto de aprendizagens. A avaliação
formativa se distingue ainda da avaliação de diagnóstico por uma conotação
menos patológica, não considerando o aluno como um caso a tratar,
considera os erros como normais e característicos de um determinado nível
de desenvolvimento na aprendizagem.

A avaliação formativa, segundo os autores, é considerada como um


instrumento a mais no processo de aprendizagem, entendida como favorecedora de
modificabilidades no seu comportamento operante, ou seja, aprendidos, que possam
promover a evolução do aprendente e das suas aquisições tanto na escola, quanto
em outros espaços generalizados.
Esse modelo de avaliação – a formativa - em todas as situações propostas
nesse protocolo, se coloca como o modelo mais recomendável para a população a
que está sendo direcionado o referido documento, haja vista que, a visão macro dessa
proposta, pauta-se na qualidade diária de trabalho, de aquisição, de emoção, de
motivação, seja do aluno, professor, ou da família.
Avaliação somativa - o terceiro modelo avaliativo, que traz como função
principal, a de quantificar os resultados alcançados no período de aprendizagem
proposta ao aprendente. Necessita de um momento específico para que essa
constatação seja realizada, caracterizando esse processo como classificador, haja
vista que, “matematiza” aquilo que o aluno deu conta de fazer.
Esse modelo de avaliação – a somativa - descaracteriza o fazer desse
protocolo, posto que o mesmo não se encaixa em modelos tradicionais rígidos, pois a
mesma tem a pretensão de criar um acúmulo de informações recebidas, sem a
garantia de que foram instaladas de modo significativo para o aprendente. “A
41

avaliação somativa é uma avaliação muito geral, que serve como ponto de apoio para
atribuir notas, classificar o aluno e transmitir os resultados em termos quantitativos,
feita no final de um período” (BLOOM; HASTINGS; MADAUS, 1983, p. 100).
Frente aos três modelos avaliativos aqui discutidos, a avaliação formativa é a
recomendada para esse momento de sensibilidades, por levar em consideração o
conjunto de desordens que foram instalados nesse momento de quebras de rotina e
de processos de aquisições formais, na vida de todos os envolvidos (alunos, pais
professores, escolas).
O referido modelo de avaliação – a formativa – apresenta uma busca intensa
de sinais que possibilitarão a ordenação de processos, tanto internos, quanto externos
do aluno, garantindo uma qualidade de aprendizagem. O professor e os pais estarão
munidos de instrumentos que permitirão a visualização deses comportamentos
buscados, e discutirão sobre eles, tornando esse instrumento uma interface entre as
aprendizagens diárias e o modelo de mediação proposto.

7 SUGESTÕES DE FERRAMENTAS PARA O PROFESSOR –


VIDEOCONFERÊNCIAS GRATUITAS

Escolha aqui um modelo de compartilhamento de tela ao vivo, onde você tem


condição de interagir em tempo real com o aluno.

Plataforma Endereço para instalar Melhor acesso - Local

Zoom meeting https://zoom.us/ptpt/meetings.html Computador / celular /


tablete

Skype https://www.skype.com/pt-br/ Computador

Google meet https://gsuite.google.com.br/intl/pt- Computador


BRproducts/meet/

Mais recomendada: plataforma zoom


42

8 SUGESTÕES DE MATERIAIS PARA INTERCALAR NAS AULAS DE


CRIANÇAS DO 2º AO 5º ANO

Professor, ao escolher um dos acessos abaixo, primeiramente experimente,


agregue a seu conteúdo para que não fuja do
que você está propondo nas aulas;
Use com crianças do 2º ao 5º ano. Elas,
mais assertivamente, apresentam maiores
habilidades e entendem as instruções com mais
tranquilidade;
Disponibilize no máximo 10 minutos finais da
aula, 2 vezes por semana. Para as demais aulas insiram outra “novidade.
Tudo que você planejou usar deve estar estrategicamente disponível no
momento da aula para que não se perca tempo.
Uma aula bem preparada, com um check list bem feito dá muita tranquilidade
à criança e à família. O tempo colabora, a qualidade é máxima e haverá uma maior
agregação de valor ao seu trabalho.
Oriente a família passo a passo do que você planeja fazer na aula para que
ela vire a sua aliada sempre.
o Brincar.pt

Jogos separados por categorias: pensar, desporto, habilidades, meninas, aventuras,


etc. https://www.brincar.pt/

o Escola Games

Atividades separadas por


níveis de dificuldade, livros digitais
com e sem ledor e sugestões de
aplicativos.
http://www.escolagames.com.br/

Game Arkos

Este site incentiva o gosto pela leitura, para crianças do 2º ao 5º ano, há


campeonatos e premiações virtuais. https://gamearkos.com.br/

Jogos Educativos HVirtual


43

Maternal a Pré-escola. https://www.jogoseducativos.hvirtua.co m/

Instagram

https://www.instagram.com/p/CAInA2YD_VZ/?igshid=1rehq9h3bshmy
https://www.instagram.com/p/CAVEX09FGJ2/?igshid=sehxygvjvw
https://www.instagram.com/p/CADCnEEFEdE/?igshid=56d805elymhm
https://www.instagram.com/p/CADBv04lrPR/?igshid=1d0h5irv8ue12
Mundo Primaria
Material Educacional para trabalhar em casa ou on-line.
https://www.mundoprimaria.com/

Esses sites são algumas sugestões para você. Busque outros. O mais
importante é você ter ferramentas variadas para que a criança possa sentir-se
motivada a trabalhar em um modelo remoto com significado, planejado e
compartilhado com pais e /ou responsáveis

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Entender que nesse momento a escola sofre uma mudança no que se refere
a quebras de paradigmas educacionais trazidos pela pandemia e que permanecerão
no pós-pandemia, é também entender que, mais do que nunca, a escola necessita
alavancar, seguindo em frente, se reorganizando no sentido de viver novas
experiências e oportunidades as quais estão sendo-lhes oferecidas.
Vários elementos citados nesse documento, traz à tona uma necessidade,
que até então manteve-se camuflada e, nesse momento, se descortina com toda a
força para que seja refeita, tornando-se mais inclusiva cotidianamente.
Todos, nesse momento, mostram-se deficientes frente a um cenário de
reconstrução, inserções, incertezas e modificabilidades, podendo assim sentir na pele
o deslocamento de um lugar de conforto que até então apresentava segurança, para
um lugar inseguro e instável. Necessidades constantes de novas adaptações, de
cuidados consigo, com o outro, com o meio, reconstruindo, reinventando, com olhares
e escutas refinadas, anotações, avaliações.
Assim, sempre foi, e sempre será o universo da inclusão: enxergar para
promover o acesso ao caminho, como condição sine qua non para o desenvolvimento
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de qualquer ser humano que esteja na escola.


A promoção do acesso é
a condição mais humanizada e
assertiva para que, nesse
momento todos sejam incluídos,
especificamente os que buscam a
inclusão desde sempre, como são
os alunos com deficiências, seja
na educação, seja na sociedade.
Reinvente-se a cada dia.
Inclua-se. Inclua alguém. Isso é o
que nos torna humanos.
Este presente documento mostra-se apenas como a ponta de um grande
iceberg, fazendo-se entender que existe mais lugares para novos olhares,
complementações e experiências, permitindo novos acréscimos, agregações, com a
grande meta de contribuir para que ações sejam implantadas e vividas, fazendo do
processo de inclusão uma realidade palpável, organizada e sistemática, porém, com
possibilidades de serem modificadas de acordo com o aluno que se apresenta, ou
seja, como deve ser, respeitando as suas individualidades.
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