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TIETZ - Fundamentos de Química Clínica - 6º Edição 02 - 02
TIETZ - Fundamentos de Química Clínica - 6º Edição 02 - 02
u
0 2 S a t " devem ser i n t e r p r e t a d o s c o m cautela p o r q u e esta abor-
dagem algorítmica assume: (1) a f i n i d a d e n o r m a l da h e m o g l o b i n a
pelo O i , (2) concentração de 2,3-difosfoglicerol (2,3-DPG) n o r m a l
e (3) ausência de disemoglobinas. Estas estimativas calculadas
v a r i a m 6 % e m relação aos valores mensurados. Conseqüente-
mente, a utilização dos valores estimados é desencorajada.'
A d i m i n u i ç ã o na F 0 2 H b i n d i c a baixa P 0 2 a r t e r i a l o u prejuízo
da capacidade da h e m o g l o b i n a de ligar-se ao 0 2 . A d i m i n u i ç ã o
na P 0 2 i n d i c a u m a capacidade reduzida do 0 2 de difundir-se do
ar alveolar para o sangue. Isto é decorrente de h i p o v e n t i l a ç ã o o u
desvio v e n o a r t e r i a l a u m e n t a d o , que é secundário à insuficiência
cardíaca o u p u l m o n a r . A h e m o g l o b i n a t o t a l baixa é considerada
c o m o resultante de u m a d i m i n u i ç ã o n o n ú m e r o de eritrócitos
c o n t e n d o concentrações n o r m a i s de h e m o g l o b i n a (anemia nor-
m o c r ô m i c a ) o u u m a d i m i n u i ç ã o na concentração m é d i a de
h e m o g l o b i n a nos eritrócitos (anemia h i p o c r ô m i c a ) . A d i m i n u i -
ção de F 0 2 H b t a m b é m ocorre c o m o resultado de intoxicações
que c o n v e r t e m parte da h e m o g l o b i n a nas espécies C O H b ,
M e t H b , S u l f H b o u c i a n o m e t e m o g l o b i n a que não irão ligar 0 2 Figura 24-2 C u r v a d e dissociação d o oxigênio paTa sangue h u m a n o
capitai arterializado não é aceitável: (1) q u a n d o a pressão sanguí- mudanças. E m u m sangue fresco d r e n a d o c o m P O j n o r m a l
nea sistólica é m e n o r que 95 m m H g , (2) e m casos de vasocons- m a n t i d o anaerobicamente, a respiração celular acarreta d i m i n u i -
trição, (3) de pacientes sob terapia de 0 2 , (4) de recém-nascidos ção na P 0 2 a u m a taxa de - 2 m m H g / h a t e m p e r a t u r a a m b i e n t e
d u r a n t e as p r i m e i r a s horas após o n a s c i m e n t o o u (5) de recém- e 5 a 10 m m H g / h a 37°C. O s efeitos adversos da glicólise e
nascidos c o m a s í n d r o m e do estresse respiratório. Estas situações respiração n o p H , c t C O ^ , PO2 e P C 0 2 do sangue são evitados
p r o p o r c i o n a m u m risco p a r t i c u l a r de misturar sangue capilar q u a n d o a análise é realizada em até 3 0 m i n u t o s após a coleta. Se
arterializado c o m sangue das vênulas, r e s u l t a n d o em valores a análise precisa ser adiada o u se as circunstâncias c r i a m u m risco
baixos de P O j errôneos. A p u n ç ã o capilar deve ser precedida de de atraso, a seringa o u o t u b o c o n t e n d o o sangue deve ser imerso
a q u e c i m e n t o d o sítio de p u n ç ã o na pele por 10 m i n u t o s para e m u m a m i s t u r a de gelo e água até ser possível realizar a análise.
alcançar a vasodilatação e f l u x o sanguíneo adequado nos capila- Sob estas condições, inibe-se a glicólise e as alterações são insig-
res locais. O a q u e c i m e n t o p o d e ser feito pela imersão d o braço nificantes.
o u da perna em água aquecida a 4 5 ° C para a coleta a p a r t i r dos As pequenas alterações esperadas nos valores c o m atrasos na
dedos de u m a criança o u de u m a d u l t o o u d o calcanhar de u m análise são reais apenas q u a n d o a c o n t a g e m de leucócitos ( W B C )
bebê. A p r i m e i r a gota de sangue deve ser enxugada, e as gotas é n o r m a l o u levemente elevada. A glicólise, e os efeitos resultan-
formadas subsequentemente devem ser recolhidas e m t u b o de tes n o p H , POT e P C 0 2 , a u m e n t a d r a m a t i c a m e n t e c o m a elevação
coleta capilar c o n t e n d o h e p a r i n a liofilizada. A p e n a s o sangue de acentuada na c o n t a g e m de leucócitos, c o m o ocorre na leucemia
f l u x o livre fornece amostra satisfatória, e a coleta das gotas assim q u a n d o a P 0 2 d i m i n u i r a p i d a m e n t e em vários minutos. 1 4 A ú n i c a
que estas são formadas m i n i m i z a m a exposição aeróbica. alternativa para o b t e r valores precisos dos gases sanguíneos destes
O transporte e a análise das amostras devem ser imediatos. pacientes é realizar a análise imediata u t i l i z a n d o dispositivos de
M é d i c o s que u t i l i z a m as mensurações dos gases sanguíneos e p H teste r á p i d o o u levando o analisador de gases sanguíneos até o
n o m a n e j o d o c u i d a d o c r i t i c o geralmente necessitam q u e o paciente.
t e m p o entre a aquisição da amostra e o resultado seja m u i t o
c u r t o . O ideal é q u e as amostras n u n c a sejam estocadas antes da
análise. E n t r e t a n t o , o atraso na análise em até 1 h o r a apresentará Instrumentação
efeitos m í n i m o s nos valores relatados para a m a i o r i a das amos- U m esquema característico de u m i n s t r u m e n t o típico é m o s t r a d o
tras. O p H do sangue fresco d r e n a d o e guardado d i m i n u i a u m a na Figura 24-3. Os p r i n c í p i o s e l e t r o q u í m i c o s e aspectos estrutu-
taxa de 0 , 0 4 a 0,08 p H U / h a 37°C, 0,02 a 0 , 0 3 / h a 2 2 ° C e rais dos eletrodos são discutidos n o C a p í t u l o 5. Desenvolvimen-
< 0 , 0 1 / h a 4 ° C . A d i m i n u i ç ã o n o p H é acompanhada p o r u m a tos recentes na i n s t r u m e n t a ç ã o i n c l u e m " p e r f i l de u r g ê n c i a " ,
d i m i n u i ç ã o c o r r e s p o n d e n t e na glicose e u m a u m e n t o equivalente e q u i p a m e n t o s para testes rápidos o u para serem utilizados ao
n o lactato. A P C O j a u m e n t a - 5 m m H g / h a 3 7 ° C , 1 m m H g / h lado d o paciente. V á r i a s empresas a t u a l m e n t e p r o d u z e m instru-
a 2 2 ° C e apenas - 0 , 5 m m H g / h a 2 ° C a 4 ° C . A glicólise pelos mentos: (1) pequenas, (2) portáteis, (3) a u t ô n o m o s e (4) fáceis de
leucócitos, plaquetas e reticulócitos é a causa p r i m á r i a destas setem operados, projetados para operações "satélites ao laborató-
O; alio
CO* baixn M
w
GasBs
calibradoras
O- baixo
CO. alto w
PH
alto
Tampôas-
pacrSo
PH
baixo
dtti
1 6
bomba
\
LOJ
T5
Sonda de
anostra J-AJV
w
Figura 24-3 Esquema de um equipamento de análise de gás sanguíneo. H, dispositivo de um ficaçãOj V, válvula;
C, câmara; B, banho de temperatura constante a 37°C; W, lixo; M, computador; D/P, mostrador/ mpressora. E
(eletrodos) onde Bj é POj, E2 PCOi, E^ pH e E^ Teferência para o pH..
Eletrólitos e Gases Sanguíneos CAPÍTULO 24 459
Testes de p r o f i c i ê n c i a estabelecidos pela l e i federal nos p o r ser o m a t e r i a l de c o n t r o l e que mais se a p r o x i m a das amostras
Estados U n i d o s ( C L 1 A '88) a d m i t i r a m nova i m p o r t â n c i a para o dos pacientes na suas interações c o m os eletrodos para gases.
c o n t r o l e de q u a l i d a d e n a análise de gases sanguíneos. Estas regras A i n d a , este material é mais sensível à deterioração das m e m b r a -
tornaram-se efetivas em j a n e i r o de 1991 e estabeleceram critérios nas permeáveis a gases dos eletrodos q u e os controles f l u i d o s
para o d e s e m p e n h o i n t e r l a b o r a t o r i a l satisfatório c o m o : (1) p H , aquosos. A s desvantagens substanciais são: (1) o t e m p o necessário
valor estipulado + 0,04; (2) P O í , valor estipulado ± 3 D P e (3) para a t o n o m e t r i a , p a r t i c u l a r m e n t e se f o r e m desejáveis duas o u
P C 0 2 , valor estipulado ± 8 % o u + 5 m m Hg, o que for maior. três concentrações d o c o n t r o l e ; (2) dificuldades para se o b t e r e m
V á r i o s analisadores novos apresentam " a u t o Q C " o u u t i l i z a m amostras de sangue frescas e n o r m a i s ; (3) necessidade de cálculos
" Q C e l e t r ô n i c o " . O a u t o Q C consiste em u m m a t e r i a l Q C on repetidos (e risco de erro de cálculo) de P C O i e P 0 2 dos gases
baard (na placa de c i r c u i t o ) que é a u t o m a t i c a m e n t e analisado pelo de e q u i l í b r i o ; (4) necessidade de m a n t e r misturas especiais de
e q u i p a m e n t o e m intervalos d e t e r m i n a d o s q u e p r e e n c h e m os gases e (5) i n a p l i c a b i l i d a d e n o c o n t r o l e da mensuração d o p H .
r e q u e r i m e n t o s reguladores. O Q C eletrônico é mais c o m u m e m
e q u i p a m e n t o s c o m cartuchos de eletrodos descartáveis e consiste Controle da Temperatura e Correção
em cartuchos q u e v e r i f i c a m a especificação eletrônica dos instru- A t e m p e r a t u r a exata de 3 7 ° C é essencial para a mensuração
mentos. Estes sistemas de Q C e l e t r ô n i c o devem fornecer u m acurada do p H e gases sanguíneos, a i n s t r u m e n t a ç ã o estado-da-
resultado q u a n t i t a t i v o , em vez de getai resultados qualitativos arte é f o r n e c i d a c o m sensores térmicos encaixados n o aquecedor
c o m o " O K " o u "não O K " , para serem aceitáveis para a m a i o r i a que c i r c u n d a a câmara de mensuração e se c o m u n i c a m c o m o
das agências reguladoras. Para discussão a d i c i o n a l deste tema, ver c o m p u t a d o r . A l a r m e s audíveis o u visíveis sinalizam o desvio da
testes rápidos n o C a p í t u l o 12. t e m p e r a t u r a além da tolerância estabelecida (geralmente 37 ±
0,1°C). T a m b é m são utilizados tampões sensíveis â temperatura,
Materiais de Controle c o m o o H E P E S (ácido N-[2-hidroxietil|-piperazina-N'-2-etanossul-
Os materiais de c o n t r o l e de qualidade v a r i a m de f l u i d o s comer- f ô n i c o ) o u T E S (ácido N - t r i s l h i d r o x i m e t i l ] m e t i l - 2 - a m i n o e t a n o s -
ciais c o m base e m sangue a f l u i d o s aquosos. A l t e r n a t i v a m e n t e , s u l f õ n i c o ) , nos p r o c e d i m e n t o s de garantia de qualidade do p H .
tampôes-padrão independ entes t ê m sido usados para c o n t r o l e do N a equação de Henderson-Hasselbalch, p K 1 e a são utilizados
p H e sangue t o t a l s u b m e t i d o à t o n o m e t r i a para c o n t r o l e P C 0 2 c o m o constantes para a t e m p e r a t u r a a 3 7 ° C . A câmara de amostra,
e POj. c o m t e m p e r a t u r a c o n t r o l a d a , de u m i n s t r u m e n t o apresenta 37 ±
0 , l a C , e é nesta t e m p e r a t u r a que são realizadas todas as mensu-
Materiais de Controle com Base em Sangue e com Base e m rações de p H e pressão parcial dos gases. A t e m p e r a t u r a c o r p o r a l
Fluorocarbono de u m paciente f e b r i l p o d e estar elevada, 4 0 C C a 4 1 ° C , o u u m
M a t e r i a l de c o n t r o l e comercial c o m base e m sangue t i p i c a m e n t e paciente p o d e estar h i p o t é r m i c o para u m a cirurgia de revascula-
consiste e m e r i t r ó c i t o s h u m a n o s usados e m teste de h e m a g l u t i - rização c a r d i o p u l m o n a r e apresentar temperatura de 2 3 ° C . A
nação (tflnned) suspensos e m u m a solução t a m p ã o e selados em m a i o r i a dos i n s t r u m e n t o s de gases sanguíneos, após o Tegistro no
recipientes c o m u m a m i s t u r a gasosa c o m c o n t e ú d o s de O? e C O j teclado da t e m p e r a t u r a real d o paciente, irá calcular e apresentar
conhecidos. M a t e r i a i s de f l u o r o c a r b o n o não-sanguineos c o m o p H e P C 0 2 corrigidos de acordo c o m a t e m p e r a t u r a e calcular
p r o p r i e d a d e carreadora de O2 semelhante àquela d o sangue os valores derivados dos dados p r i m á r i o s corrigidos de acordo
t a m b é m estão disponíveis. Estes p r o d u t o s geralmente são feitos c o m a temperatura.
em três concentrações de: (1) p H , (2) P C 0 2 e (3) PO?. Q u a n d o A correção do p H e P C 0 2 de acordo c o m a t e m p e r a t u r a real
lacrados, estes tipos de m a t e r i a l de c o n t r o l e apresentam a vanta- do paciente geralmente é o m i t i d a em estados de h i p e r t e r m i a . A
gem de t e m p o de validade extenso na geladeira: 20 a 28 dias para m a g n i t u d e da correção para 4 0 ° C (104°F) seria de + 0,045 para
os eritrócitos usados em teste de h e m a g l u t i n a ç ã o e u m t e m p o o p H e + 13% para a P C 0 2 . Existem discordâncias c o m relação
m a i o r para os outros. aos estados hipotérmicos. 1 9 U m a p o l í t i c a p r u d e n t e para o labora-
t ó r i o é gerar e relatar resultados corrigidos de acordo c o m a
Materiais de Controle Fluidos Aquosos t e m p e r a t u r a para o pH
e PCOT apenas q u a n d o h o u v e r requeri-
O s materiais de c o n t r o l e f l u i d o s aquosos disponíveis consistem m e n t o específico do m é d i c o . A l é m disso, c o m o recomendação
e m m e i o t a m p o n a d o selado em recipientes c o m misturas gasosas. do C L S I (C46-A) É , os resultados corrigidos de acordo c o m a
O f l u i d o é e q u i l i b r a d o c o m o gás p o r m e i o de agitação vigorosa t e m p e r a t u r a n u n c a devem seT relatados sem os resultados origi-
m a n u a l p o r u m p e r í o d o de t e m p o prescrito i m e d i a t a m e n t e antes nais m e d i d o s a 37 Q C.
de o operador abrir o recipiente e colocar o f l u i d o n o instru-
m e n t o . A desvantagem dos controles aquosos é a falta de seme-
lhança c o m o sangue. Viscosidade e tensão s u p e r f i c i a l baixas Intervalos de Referência
conferem diferentes características à lavagem e p r e j u d i c a m a capa- Os intervalos de referência para P O i , S O i , PCO-j e p H d o sangue
cidade de r e f l e t i r coagulação. A m a i o r c o n d u t i v i d a d e elétrica arterial estão listados n o C a p í t u l o 45. A P 0 3 d o sangue arterial,
d i m i n u i a sua eficiência na detecção de superfície inadequada, e baixa ao nascimento, a u m e n t a para u m a concentração n o a d u l t o
os coeficientes t é r m i c o s mais baixos os t o r n a m lentos na detecção de 83 a 108 m m H g . A fração de saturação, S 0 2 (aB), p o d e ser
de falhas n o c o n t r o l e da temperatura. Estas desvantagens são tão baixa q u a n t o 0 , 4 0 ao nascimento, mas depois sobe para 0,95
mais evidentes em relação a P 0 2 . E m alguns laboratórios, con- a 0,98. A F 0 2 é 0 , 9 0 a 0,95 e m adultos saudáveis. A P 50 corrigida
troles s u b m e t i d o s à t o n o m e t r i a são utilizados j u n t a m e n t e c o m os para o p H 7,40 é 18 a 24 m m H g para os recém-nascidos e 24 a
controles comerciais, mas isso está se t o r n a n d o raro c o m o resul- 29 m m H g para os adultos. Os intervalos de referência para
tado da c o n f i a b i l i d a d e e da facilidade de uso dos analisadores de P C 0 2 d o sangue arterial, n o nível do mar, das crianças é u m
gases sanguíneos m o d e r n o s . p o u c o m e n o r em relação aos adultos. O i n t e r v a l o de referência
para os adultos é de 35 a 45 m m H g . Os valores d i m i n u e m c o m
Sangue total Submetido à Tonometria a a l t i t u d e acima d o nível do m a r na taxa de 3 m m H g / k m (5 m m
A utilização de sangue s u b m e t i d o à t o n o m e t r i a para c o n t r o l e de H g / m i l h a ) . D u r a n t e a gravidez, a P C 0 2 cai g r a d u a l m e n t e para
qualidade de P 0 2 e P C 0 2 é considerada o m é t o d o preferencial u m a m é d i a de 28 m m H g i m e d i a t a m e n t e antes d o paTto.
Eletrólitos e Gases Sanguíneos CAPÍTULO 24 461
O p H d o sangue arterial nas primeiras horas de v i d a pode 4 C l i n i c a i and Laboratory Standards I n s t i t u t e / N C C L S . Standardization of
variar n o intervalo de 7,09 a 7,50, mas depois varia entre 7,35 e sodium and potassium ion-selective electrode systems to thc flame
7,45. phoromecric reference method; A p p r o v e d Guideline, 2nd ed. C L S I /
N C C L S D o c u m e n t C29-A2. Wayne, FA: Clinicai and Laboratory
Standards Institute, 2000.
Monitoramento Contínuo e Não Invasivo d o s
5 C l i n i c a i and Laboratory Standards I n s t i t u t e / N C C L S . Sweat testing:
Gases Sanguíneos
Sample collection and quantitative analysis; A p p r o v e d Guideline, 2 n d
C o m o descrito anteriormente, os oxímetros de pulso são dispo-
ed. C L S I / N C C L S D o c u m e n t C34-A2. Wayne, PA: C l i n i c a i and
sitivos não invasivos que m o n i t o r a m S O j H b . Os oxímetros de
Laboratory Standards Institute, 2000.
pulso antigos eram suscetíveis a erros dependendo da colocação 6. C l i n i c a i and Laboratory Standards I n s t i t u r e / N C C L S . B l o o d gas and p H
e movimentação, mas novas tecnologias tornaram estes dispositi- analysis and related measurements. A p p r o v e d Guideline. C L S I / N C C L S
vos m u i t o confiáveis. D o c u m e n t C46-A. Wayne, PA: C l i n i c a i and Laboratory Standards
A monitoração transcutânea de P C 0 2 e PO2 apresenta u m Institute, 2001.
valor particular e sucesso geral n o cuidado neonatal e pediátrico. 3 7- Clinicai and Laboratory Standards I n s t i t u t e / N C C L S . Procedures for the
Estes dispositivos consistem em u m eletrodo adesivo envolto por collection of arterial b l o o d specimens; A p p r o v e d Guideline, 4 t h ed.
gel que aquece a pele de 4 3 ° C a 4 4 ° C para arterializar os capila- C L S I / N C C L S D o c u m e n t H11-A4. Wayne, PA: C l i n i c a i and Laboratory
res e facilitar a difusão do O2 através da pele. Embora os eletrodos Standards Institute, 2004-
sejam consideravelmente diferentes na aparência daqueles utili- 8. Creer M H , Ladenson J. Analytical errors due to lipidemia. Lab M e d
zados nos instrumentos analisadores de gases sanguíneos, eles 1983,14.351-5.
operam exatamente com o mesmo p r i n c í p i o eletroquimico. A 9, Cystic Fibrosis Foundation Center Committee: Sweat testing guidclines.
monitoração transcutânea de PO? varia amplamente dependendo Bethesda, M D . Cystic Fibrosis F o u n d a t i o n { h t t p : / / w w w . c f f org), 2005.
se o lado da aplicação reflete o f l u x o sanguíneo arterial, capilar 10. D o n BR, Sebastian A , C h e i t l i n M , Christiansen M , Schambelan M
o u venoso. Todavia, existe pouca diferença entre a P C O j arterial Pseudohyperkalemia caused by fist clenchíng d u r i n g phlebotomy. N Engl
J M e d 1990;322:1290-2.
e venosa; p o r isso, o m o n i t o r a m e n t o transcutâneo da P C 0 2 é
11. Eng W , LeGrys V A , Schechter M , Laughton M , Parker P M Sweat testing
menos problemático, e os oxímetros de pulso freqüentemente são
in preterm and f u l l t e r m infants less than 6 weeks of age. Pediatr
utilizados c o m o u m substituto para a P 0 2 . 3 N o entanto, é reco-
P u l m o n o l 2005;40:64-7-
mendado que os valores arteriais de base sejam obtidos antes de
12 Farrell PM, Lai HJ, L i Z, Kosorok M R , Lavoza A , Green C G , et al.
iniciar o m o n i t o r a m e n t o não invasivo.
Evidence o n improved outcomes w i t h early diagnosis of cystic fibrosis
A l é m do m o n i t o r a m e n t o de P 0 2 e P C 0 2 , estão disponíveis
through neonatal screening. enough is enough. J Pediatr 2005; 147:
dispositivos que t a m b é m m o n i t o r a m p H , eletrólitos e hemató- S30-S36
crito. U m deles é de uso ú n i c o , com cartucho alinhado consis- 13. H a m m o n d KB, Turcios N L , G i b s o n LE C l i n i c a i evaluation of the
t i n d o em seis eletrodos convencionais. 2 O cartucho é anexado a macroduct sweat collection system and conductivity analyzer i n the
uma l i n h a arterial e, c o m o comando do operador, drena " 1 , 5 diagnosis o f cystic fibrosis. J Pediatr 1994;124:255-60.
m L de sangue para dentro do cartucho o n d e acontece a análise. 14. Hess CE, Nichols AB, H u n t W B , Suratt PM. Pseudohypoxemia
A análise d u r a cerca de 60 segundos, e depois deste t e m p o o secondary to leukemia and thrombocytosis. Kl Engl J M e d 1979;301.
sangue retorna pela l i n h a arterial. Os cartuchos são submetidos 361-3.
à calibração de dois pontos antes de serem utilizados, e u m p o n t o 15. Mueller RG, Lang G E Blood gas analysis: effects o f air bubbles in
de calibração é usado para lavar os sensores após cada análise. syririge and delay i n estimation. Br M e d J C l i n Res 1982;285:1659.
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first two weeks o f l i f e . A m ] Perinatol 1994; 11 237-41
CAPÍTULO 2 5
Hormônios**
Michael Kleerekoper, M.D., F.A.C.B., M.A.C.E.
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES
A d e n o - h i p ó f i s e : L o b o glandular anterior da hipófise.
A u t ó c r i n o : U m m o d o de ação h o r m o n a l n o qual u m
h o r m ô n i o se liga aos receptores na superfície o u dentro da
U m h o r m ô n i o é u m a substância química produzida n o
corpo por u m órgão específico, células de u m órgão o u
células espalhadas que têm u m efeito regulatório especí-
fico na atividade de u m órgão ou órgãos. Eles são produzidos em
u m local n o corpo e exercem sua(s) ação(óes) em locais distantes
célula que o p r o d u z i u e, desse m o d o , afeta a função
através do que é chamado sistema e n d ó c r i n o . Tem havido cres-
daquela célula.
cente reconhecimento de que vários h o r m ô n i o s exercem ações
B i o r r i t m o : Ocorrência cíclica de eventos fisiológicos, como u m
localmente pelo chamado sistema parácrino. O u t r o s h o r m ô n i o s
r i t m o circadiano.
exercem suas ações nas células de origem, regulando sua própria
E n d o c r i n o l o g i a : O estudo científico da função e patologia das
síntese e secreção via sistema a u t ó c r i n o . Os h o r m ô n i o s endócri-
glândulas endócrinas.
nos clássicos i n c l u e m insulina, tiroxina e cortlsol. Neurotransmis-
Horaeostasia: O processo de manter o ambiente i n t e r n o d o
sores e neuro-hormônios são exemplos de sistema parácrino, e
c o r p o estável.
certos fatores de crescimento que estimulam a síntese e secreção
H o r m ô n i o : U m a substância química que tem u m efeito
de h o r m ô n i o s verdadeiros a partir da mesma célula são exemplos
regulatório na atividade de certo(s) órgão(s) o u tipos de
de sistemas autócrinos. A Figura 25-1 mostra a localização de
células.
várias glândulas endócrinas n o corpo, e a Tabela 25-1 resume os
H o r m ô n i o s H i p o t a l â m í c o s : H o r m ô n i o s do h i p o t á l a m o que
tipos de ações hormonais.
exercem controle sobre outros órgãos, principalmente a
glândula hipófise.
Meia-vida: E m endocrinologia, o tempo necessário para a
CLASSIFICAÇÃO
concentração de u m h o r m ô n i o cair ã metade n a circulação
Os h o r m ô n i o s são geralmente classificados como (1) p o l i p e p t í d i o
(sangue) ou em o u t r o f l u i d o corporal específico.
ou proteína, (2) esteróide o u (3) derivados de aminoácidos.
Pârtcreas
Baço Crescimento e Desenvolvimento
Adronyí O crescimento e o d e s e n v o l v i m e n t o n o r m a i s de t o d o o orga-
Córtex renal
n i s m o h u m a n o é d e p e n d e n t e de u m a complexa f u n ç ã o integra-
tiva de muitos h o r m ô n i o s , i n c l u i n d o os esteróides go nada is
(estrógeno e andrógeno), h o r m ô n i o de crescimento, c o r t i s o l e
t i r o x i n a . O u t r o s h o r m ô n i o s são responsáveis especificamente
pelo crescimento e d e s e n v o l v i m e n t o das próprias glândulas endó-
crinas e, p o r t a n t o , responsáveis pelo c o n t r o l e da síntese e secre-
ção de outros h o r m ô n i o s . Estes são p r e d o m i n a n t e m e n t e os hor-
m ô n i o s da g l â n d u l a h i p ó f i s e a n t e r i o r e i n c l u e m :
• G o n a d o t r o f i n a s [ h o r m ô n i o luteinizante ( L H ) e h o r m ô n i o
f o l í c u l o estimulante ( F S H ) ] r e g u l a m o d e s e n v o l v i m e n t o , o
crescimento e a f u n ç ã o dos ovários e testículos. Estes
h o r m ô n i o s , p o r sua vez, regulam o crescimento puberal, o
desenvolvimento e a m a n u t e n ç ã o d o esqueleto e músculos
e a d i s t r i b u i ç ã o da g o r d u r a c o r p o r a l ( C a p í t u l o 42).
lusliculo Ovários
• A C T H regula o crescimento das glândulas adrenais e a
síntese e secreção de seus h o r m ô n i o s ( C a p í t u l o 39).
Figura 25-1 Localização das glândulas endócrinas em humanos.
• H o r m ô n i o e s t i m u l a n t e da t i r e ó i d e ( T S H ) regula o
(Modificada de Turner CD. General Endócrina lo gy, 4th ed,
crescimento da g l â n d u l a t i r e ó i d e e a i o d i n i n a ç ã o de
Philadelphia: W B Saunders, 1996)
a m i n o á c i d o s para p r o d u z i r os h o r m ô n i o s t i r e o i d i a n o s
t r i i o d o t i r o n i n a e t i r o x i n a ( C a p í t u l o 41). 1
A p r o d u ç ã o e liberação destes h o r m ô n i o s hipofisários são
controladas pelos h o r m ô n i o s h i p o t a l ã m i c o s do sistema h i p o -
tálamo-hipofisário.
menos, e amplas flutuações e m suas concentrações p o d e m ser
vistas e m várias circunstâncias fisiológicas e patológicas. Estes Controle Homeostático das Vias Metabólicas
h o r m ô n i o s i n i c i a m suas respostas ligando-se a receptores da As m ú l t i p l a s vias metabólicas estão sob c o n t r o l e h o r m o n a l .
m e m b r a n a celular (na superfície o u d e n t r o da m e m b r a n a ) e Exemplos i m p o r t a n t e s i n c l u e m a regulação da glicose sanguínea
( n o r m a l m e n t e ) e s t i m u l a n d o u m sistema celular de "segundo e a homeostasia d o m e t a b o l i s m o d o cálcio, água e eletrólitos.
mensageiro" { c o m o aqueles e n v o l v e n d o a adenosina m o n o f o s f a t o
cíclico [ A M P ] d e n t r o da célula) q u e levam às ações específicas Regulação da Glicose Sanguínea
destes h o r m ô n i o s na célula. E m resposta a u m aporte de glicose, há p r o n t a liberação de insu-
l i n a pelo pâncreas que regula a d i s t r i b u i ç ã o da glicose para d e n t r o
Hormônios Esteroidais das células (tecido adiposo, m ú s c u l o , fígado, cérebro) para o
O c o r t i s o l e o estrógeno são exemplos de h o r m ô n i o s esteroidais m e t a b o l i s m o necessário a f i m de p r o d u z i r energia a p a r t i r desta
( C a p í t u l o s 4 0 e 42, respectivamente). Eles são h i d r o f ó b i c o s e glicose. U m n ú m e r o de h o r m ô n i o s contra-reguladores e n t r a m e m
insolúveis e m água. N o plasma, estes h o r m ô n i o s c i r c u l a m ligados jogo para regular ainda este processo e assegurar que os níveis
reversivelmente às proteínas transportadoras (p. ex., g l o b u l i n a sanguíneos de glicose não se t o r n e m m u i t o baixos. Estes i n c l u e m
ligadora de c o r t i s o l e g l o b u l i n a ligadora de h o r m ô n i o sexual) glucagon, cortisol, e p i n e f r i n a e h o r m ô n i o de crescimento.
c o m somente u m pequena fração livre o u não ligada d i s p o n í v e l
para exercer a ação fisiológica.' 1,6,12 A meia-vida dos h o r m ô n i o s Regulação do Cálcio Séríco
esteroidais é de 30 a 9 0 m i n u t o s . Os h o r m ô n i o s esteroidais livres, U m receptor sensível a cálcio (CaSR) na g l â n d u l a p a r ó t i d a reco-
sendo h i d r o f ó b i c o s , e n t r a m na célula p o r difusão passiva e se nhece a concentração do cálcio i o n i z a d o n o a m b i e n t e e regula a
l i g a m a receptores intracelulares n o citoplasma o u no n ú c l e o . síntese e secreção d o p a r a t o r m ô n i o ( P T H ) . Q u a n d o a concentra-
ção d o cálcio i o n i z a d o cai (tão i m p e r c e p t i v e l m e n t e que a m a i o r i a
Hormônios Relacionados c o m Aminoácido dos métodos analíticos não é sensível o suficiente para detectar
Os h o r m ô n i o s que são derivados de a m i n o á c i d o s , c o m o as cate- a m u d a n ç a ) , a síntese e secreção d o P T H são estimuladas. Este
colaminas e a t i r o x i n a (Capítulos 2 6 e 41, respectivamente), são P T H a d i c i o n a l tentará restaurar o cálcio sérico (livre) aumen-
Hormônios CAPÍTULO 25 465
HIPOTÁLAMO
Hormônio liberador de tireotrolina (TRH) Peptídio (3 aa, Glu-His-Pro)* Hipófise anterior Liberação de TSH e prolactina (PRL)
Hormônio liberador de gonadotrofina Peplídio {10 aa) Hipófise anterior Liberação de FSH e LH
(Gn-RH) ou hormônio liberador do
hormônio luteinizante (LIl-RII)
Hormônio liberador de corticotrofina (CRH) Peptídio (41 aa) Hipófise anterior Liberação de ACTH e hormônio p-lipotrópico
(LPH)
Hormônio liberador do hormônio Peptídios (40, 44 aa) Hipófise anterior Liberação do hormônio de crescimento (GH)
de crescimento (GH-RH)
Somatostatina1 (SS) ou hormônio inibidor Pepiídios (14 e 28 aa) Hipófise anterior Supressão da secreção de vários hormônios
do hormônio de crescimento (GH-IH) (p.ex., GH, TSH, gastrina, polipeptídio
intestinal vasoativo [VIP], polipeptídio
inibidor da gastrina [GIP], secretina,
motilina, glucagon e insulina)
Oxitccina Peptídio (9 aa) Músculos lises (útero, Contração; ação no trabalho de parto e no
glândula mamária) transporte do esperma; ejeção de leite
GLÂNDULA PINEAL
Serotorina ou 5-hidroxitriptamina Indoleamina Sistemas cardiovascular, Ncurotransmisscr; estimulação ou inibição
(5-HT) respiratório e de vários músculos lisos e nervos
gastrointestinal; cérehro
Melatonina Indoleamina Hipotálamo Supressão da secreção de gonadetrofina e
GH; indução do sono
GLÂNDULA TIREÓIDE
Tiroxina (T,,) e triiodotironina (Ta) lodoamino ácidos Tecido corporal geral Estimulação do consumo de oxigênio e da
taxa metabólica do tecido
Calcitonína ou tirocalcitonina Peptídio (32 aa) Esqueleto Incerto nos humanos
GLÂNDULA PARATIREÓIDE
Paratormônio (PTH) ou paratirina Peptídio (84 aa) Rim Aumenta reabsorção de cálcio; inibe
reabsorção de fosfato; aumenta da
produção de 1,25-diidroxicolecalciferol
Esqueleto Aumenta da reabsorção óssea
Continua
466 PARTE IV Analitos
CÓRTEX ADRENAL
Aldosterona Esferóide Rim Balanço de água e sal
Androstenedíona5 Esteróide Precursor hormonal Convertido para estrógeno e testosterana
Cortisol Este roide Vários Metabolismo dos carhoidratos, proteínas e
gorduras; efeitos antiinflamatórios; outros
Deidroepiandrosterona (DHEA) e Esteróides Precursores hormonais Convertidos para estrógeno e testosterona
sulfata de deidroepiandrostenediona
(SDHEA)
17-hidroxiprogestercna Esteróide Precursor hormonal Convertido para cortisol
MEDULA ADRENAL
Norepinefrina e epinefrina Aminas aromáticas Receptores simpáticos Estimulação do sistema nervoso simpático
Epinefrina Fígado e músculo, Glicogenólise
tecido adiposo Lipólise
OVÁRIO
DHEA e SDHEA Esteróides Precursores hormonais Convertidos para androstenediona
Estrógenos Esteróides fenólicos Órgãos sexuais femininos Desenvolvimento de características sexuais
secundárias
Gsso Controle da maturação esquelética
Inibiria A Peptídio (suburidade a Hipotálamo, tolículo Inibe a secreção de FSH; estimula a
e subunidade ovariano produção de ardrcgeno pelas células da
teca
Inibina B Peptídio (subunidade a e Ver Inibina A Ver Inibina A
subunidade pB)
Progesterana Esteróide Estruturas reprodutivas Preparação do útero para a implantação do
acessórias femininas óvulo fecundado, manutenção da gestação
TESTÍCULO
Inibina B Ver acima Hipófise anterior, hipotálamo Controle da secreção de LH e FSH
Testosterona Esteróide Órgãos sexuais masculinos Desenvolvimento das características sexuais
acessórios secundárias, maturação e função normal
PLACENTA
Estrógenos Ver acima Ver acima Ver acima
Progesterana Ver acima Ver acima Ver acima
Gonadotrofina coriônica (CG) ou Glicoproteína, heterodímero' Mesmos do LH Mesmas do LH; prolonga a função da corpo
coriogonadotrofina (a, 92 aa; p, 145 aa] lúteo
PÂNCREAS
Glucagon Peptídio {29 aa) Fígado Glicogenólise
insulina Peptídio" Fígado, gordura, músculo Regula o metabolismo dos carboidratos;
lipogênese
TRATO GASTROINTESTINAL
Gastrina Peptídio (17 aa) Estômago Secreção do ácido gástrico, crescimento da
mucosa gástrica
Grelina (GHRP) Peptídio {28 aa) Hipófise anterior Secreção de GH
RIM
1,25-(OH)2 colecalciferol Estero] Intestino Facilita a absorção de cálcio e fósforo;
Osso aumenta a reabsorção óssea
em conjugação com o PTH
Rim Aumenta a reabsorção de cálcio filtrado
Eritropoietina Peptídio (165 aa) Medula óssea Estimula a formação de células vermelhas
Sistema renina-angiotensina-aldosterona Peptídios (renina, 297 aa; Renina (renal) catalisa a Ang II aumenta a pressão sanguínea e
Ang 1,10 aa; Ang II, 8aa, hidrólise do estimula a secreção de aldosterona
produzida a partir da Ang 1 angiotensinogênio (hepático, (ver adrenal)
pela enzima conversora do 485 aa) em Ang 1 no
angiatensinagênio) espaço intravascular
Hormônios CAPÍTULO 25 467
FÍGADO
IGF-I anteriormente denominada Peptídio (70 aa) Maicria das células Estimula o crescimento linear das células
somatomedina
IGF-II Peptídio (67 aa) Maioria das células Atividade semelhante à insulina
CORAÇÃO
Peptídio nairiurético tipo B Peptídio com uma ligação Tecidos vascular, renal Regula o volume sanguíneo e a pressão
dissulfídica dentro da e adrenal sanguínea
cadeia (32 aa)
TECIDO ADIPOSO
Adiponectina Peptídio oligòmero de Músculo Aumenta a oxidação de ácidos graxos
subunidades de 30 kD Fígado Suprime a formação de glicose
Leptina Peptídio (167 aa) Hipotálamo Inibe o apetite, estimula o metabolismo
Resistira Peptídio (94 aa) Fígado Resistência insulínica
MONÓCITOS/LINFÓCITOS/MACRÓFAGOS
Ciiocinas (p. ex.: interleucinas 1-18, Peptídios Muitos Estimula ou inibe o crescimento celular;
fator de necrose tumoral, interferon) outro
NH 2 NH*
Estoque do retículo
endoplasrn ático
Cí*nodiJltri3 \
quin«S& ;
Figura 25-3 T r a n s d u ç ã o de sinal p o r receptores de superfície celular que estão acoplados c o m proteínas G .
São mostrados dois receptores sete de d o m í n i o s t r a n s m e m b r a n a , ligados a diferences proteínas G (G s e G J .
A ativação d o G J e v a à estimulação da e n z i m a efetora adenilato ciclase e à p r o d u ç ã o d o segundo mensageiro
c A M P , causando a ativação da p r o t e í n a quinase A ( P K A ) e a iniciação de potenciais cascatas de fosforilacão A
ativação da G q leva à estimulação da enzima efetora fosfolípase C-|3 e à p r o d u ç ã o dos segundos mensageiros IP3
e d i a c i l g l i c e r o l ( D A G ) , que a t i v a m a p r o t e í n a quinase C (PKC) e i n i c i a m u m a cascata p o t e n c i a l de fosforilacão.
{De C o n n P M , M e l m e d S, Eds. T e x t b o o k o f e n d o c n n o l o g y . T o t o w a , N ) : H u m a n a Press, 1997.)
Grupa I: Receptores olfatário, adenosina, melanocortina Grupo I: Receptores de fator alfa feromônio
Grupo II: Receptores adrenérgico. muscarínico, de serotonina, de DA
Grupo 111: Receptores de rieurcpeptidio e opsinas de vertebrados
Grupo IV: Receptores de bradicinina e de opsinas de invertebrados
Grupo V: Receptores de hormônios peptídicos e glicoprotéicos, de Família E : Receptores relacionados com o receptor de feromônio
quimiocira STE3
Grupo VI: Receptores de melatonina e órfãos
Grupo I: Receptor de fator A feromônio
GlicusiUi^ãu
Ligação agonista
Cisteínas conservadas
Ligação antagonista
da PKA
COOH
Fosforilação de |3ARK
Ligante
ensaio, o h o r m ô n i o não marcado desloca quantidades rastreadas
de h o r m ô n i o marcado r a d i o a t i v a m e n t e dos sítios do receptor.
U m segundo c a m i n h o m e d e u m a resposta, c o m o a produção de
c A M P , q u a n d o u m a amostra testada é a d i c i o n a d a a u m a prepa-
ração que i n c l u i o receptor e os co-fatores necessários. E m geral,
os ensaios baseados em receptor são mais simples de se realizarem
que os bioensaios e t ê m m a i o r sensibilidade. O ensaio receptor
t a m b é m t e m u m a v a n t a g e m sobre os i m u n o e n s a i o s e m que eles
r e f l e t e m a f u n ç ã o biológica de u m h o r m ô n i o , chamada de capa-
cidade de se ligar a sítios específicos d o receptor. E m contraste,
os i m u n o e n s a i o s p o d e m m e d i r o h o r m ô n i o ativo e o p r ó - h o r m ô -
n i o i n a t i v o , o h o r m ô n i o p o l i m é r i c o e os m e t a b ó l i t o s q u a n d o
todos possuem u m d e t e r m i n a n t e a n t i g ê n i c o ou u m c o n j u n t o de
í «
N d e t e r m i n a n t e s em c o m u m . E m geral, os ensaios baseados em
|
GDP receptor não são tão sensíveis c o m o os i m u n o e n s a i o s , e enzimas
nas amostras biológicas p o d e m degradar o receptor o u destruir
o traçador marcado. A c o m p l e x i d a d e e l a b i l i d a d e adicionais das
preparações de receptores t a m b é m c o n t r i b u e m para a aplicação
Figura 2 5 - 5 C i c l o da p r o t e í n a G . ( D e C o n n P M , M e l r n e d S, l i m i t a d a destes ensaios na r o t i n a clínica dos laboratórios.
Eds. T e x t b o o k o f e n d o c r i n o l o g y . T o t o w a , N ] : H u m a n a Press,
1997.).) Técnicas de Imunoensaios
O s i m u n o e n s a i o s que empregam a n t i c o r p o s são a m p l a m e n t e
nível d o tecido-alvo. A s manifestações clínicas dependerão d o usados para q u a n t i f i c a r os h o r m ô n i o s ( C a p í t u l o 10). G e r a l m e n t e ,
sistema h o r m o n a l afetado e d o t i p o de a n o r m a l i d a d e ( C a p í t u l o s os ensaios de a n t i c o r p o marcado ( i m u n o r r é f r i m ) com marcado-
22, 26 e 38-42). A doença e n d ó c r i n a mais c o m u m nos Estados res n ã o isotópicos são o m é t o d o escolhido para m e d i r vários
U n i d o s é o diabetes mellitus ( D M ) . O D M t i p o 1 resulta da falên- h o r m ô n i o s , especialmente os maiores c o m o os h o r m ô n i o s pep-
cia do pâncreas em secretar a i n s u l i n a ainda que o pâncreas esteja tídicos e proteicos. Os ensaios i m u n o m é t r i c o s u s a m concentra-
de o u t r o m o d o n o r m a l ( C a p í t u l o 22). O D M t i p o 2 é o t i p o mais ções saturantes de dois o u mais a n t i c o r p o s (freqüentemente
c o m u m de D M e resulta da resistência do órgão-alvo à ação da m o n o c l o n a i s ) q u e são preparadas c o n t r a diferentes epítopos da
insulina, a q u a l é secretada p e l o pâncreas e m quantidades abun- m o l é c u l a de proteína. U m o u dois dos a n t i c o r p o s são n o r m a l -
dantes e circula e m altas concentrações. O D M secundário ocorre m e n t e ligados a u m sistema de separação de fase sólida e extraem
q u a n d o u m a doença não e n d ó c r i n a , c o m o a pancreatite, destrói o h o r m ô n i o da amostra de soro e o i m o b i l i z a m na superfície
o pâncreas, i n c l u i n d o as células secretoras de i n s u l i n a . A carac- sólida. O a n t i c o r p o remanescente é ligado a u m a m o l é c u l a sina-
terística b i o q u í m i c a do D M é a hiperglicemia. Por o u t r o lado, lizadora, a q u a l é m e d i d a depois q u e o a n t i c o r p o se liga ao hor-
existem tumores r a i o s do pâncreas p r o d u t o r e s de i n s u l i n a (insu- m ô n i o i m o b i l i z a d o . O sinal resultante é u t i l i z a d o para q u a n t i f i -
l i n o m a s ) nos quais a p r o d u ç ã o de i n s u l i n a não é regulada pela car o h o r m ô n i o ligado.
concentração sanguínea da glicose, e sua característica b i o q u í -
mica é a hipoglicemia. Técnicas Instrumentais
Os espectrómetros de massa ( C a p í t u l o 8) associados aos cromató-
FORMAS DE MEDIDA DOS HORMÔNIOS E grafos gasoso e l í q u i d o ( C a p í t u l o 7) são ferramentas analíticas
ANALITOS RELACIONADOS qualitativas e quantitativas poderosas que são amplamente usadas
Os h o r m ô n i o s são m e d i d o s p o r u m a variedade de técnicas ana- para m e d i r h o r m ô n i o s . Os avanços técnicos na espectrometria de
líticas, i n c l u i n d o biomarcadores, marcadores de receptores, i m u - massa resultaram n o desenvolvimento da técnica de ionização/
noensaio e técnicas i n s t r u m e n t a i s , c o m o a espectrometria de dessorção a laser assistida p o r m a t r i z ( M A L D i ) e de técnicas de
massa associada a cromatografia l í q u i d a o u gasosa. ionização p o r elmo spray que p e r m i t e m seqüenciamento de peptí-
dios e determinação de massa de quantidades de picomoles de
Técnicas de Bioensaio anahtos.
Os bioensaios são baseados nas observações de respostas fisioló-
gicas específicas para o h o r m ô n i o que esteja sendo dosado. Os
bioensaios i n vivo n o r m a l m e n t e envolvem a injeção do m a t e r i a l
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472 PARTE IV Analitos
Catecolaminas e Serotonina
Graeme Eisenhofer, Ph.D., Thomas G. Rosano, Ph.D., D.A.B.F.T., D.A.B.C.C.,
e Ronald J. Whitley, Ph.D., F.A.C.B., D.A.B.C.C.
A
H Norepineírina
s catecolaminas e a s e r o t o n i n a são aminas biogênicas que Serotonina (Noradrenalina)
servem c o m o sinais neuronais o u h o r m o n a i s e m u m a (5-Hidroximptamina, 5-HT)
a m p l a gama de processos fisiológicos. As catecolaminas
de o c o r r ê n c i a n a t u r a l , d o p a m i n a e n o r e p i n e í r i n a ( n o r a d r e n a - HO H
l i n a ) , f u n c i o n a m c o m o neuTOtransmissores n o cérebro e nervos HO . NH-. HO.
simpáticos p e r i f é r i c o s , e n q u a n t o a e p i n e f r i n a ( a d r e n a l i n a ) age
c o m o u m h o r m ô n i o l i b e r a d o pela m e d u l a adrenal. 2 As cateco-
l a m i n a s são essenciais para a m a n u t e n ç ã o da homeostase cor-
HO'
I HO"
CHi
COOH
HO
Tirosina
QUÍMICA, BIOSSÍNTESE, LIBERAÇÃO E I
METABOLISMO Tiroiirifl hidroxilase Triplo/uno judroxilisf
A q u í m i c a das aminas biogênicas será descrita e m p r i m e i r o lugar,
seguida pela sua biossíntese, liberação e metabolismo. Esses peque-
HO.. ^
1 „NH2 HO
V
I
s *
nos c o m p o n e n t e s eletricamente carregados d e s e m p e n h a m u m
papel v i t a l na homeostase. X . J COOH
Tr o o H
HO
Ti
cadeia lateral na posição u m (Figura 26-1). As substituições h i d r o - HO NHi HO„ NHi
x i l e m e t i l n o lado e t i l a m i n a da cadeia d i s t i n g u e m as catecolami-
L
nas i n d i v i d u a i s tanto e m sua estrutura q u a n t o e m sua função. As
HO
catecolaminas d e m o n s t r a m graus variáveis de instabilidade alca- Dopamina
H
l i n a nos f l u i d o s biológicos, e a sua estrutura d i i d r o x i b e n z ê n i c a o u 5-HidroxitTÍ ptamina (Serotonina)
catecol é sensível à formação oxidativa de q u i n o n a s na presença I I
Dopíi mi rui (3-/iícÍT0X!Ídse Serotonina N-ucelikransfeTasí
de ar e luz. A serotonina, c o m a sua estrutura i n d o l e a m í n i c a , é
d i s t i n t a das catecolaminas, mas é t a m b é m u m a i m p o r t a n t e a m i n a
OH
l
biogênica de ocorrência natural. A m e l a t o n i n a é a p r i n c i p a l i n d o -
l e a m i n a p r o d u z i d a a p a r t i r da serotonina pela glândula pineal. HO ..NH; HO. v NH
Yi ^ I
Cr CHJ
Biossíntese llO
A etapa l i m i t a d o r a da velocidade na biossíntese das catecolaminas Norepineírina N-Ace ci l-5-h i d roxitrí ptamina
envolve a conversão d a t i r o s i n a para 3 , 4 - d i i d r o x i f e n i l a l a n i n a I
Feniletanoluminú H idTM lindo í •
(L-dopa) pela enzima tirosina-hidToxilase (Figura 26-2). U m a enzima
NtruriLtrans/frajf 0-m ê [ i I na ii afera se
correlata, a t r i p t o f a n o hidroxilase, catalisa a conversão d o tripto-
fano a 5-hidroxitripcofano n a p r i m e i r a etapa da síntese da seroto- k I
OH H
n i n a . As fontes teciduais de catecolaminas são p r i n c i p a l m e n t e
HO.. A .N_ H3C—0„ ^ NH
dependentes da presença da tirosina hidroxilase, que está, e m TH,
grande parte, c o n f i n a d a aos n e u r ô n i o s dopaminérgicos e noradre- O CHj
nérgicos d o sistema nervoso central e aos sistemas simpático e HO
H
m e d u l a r adrenal nos tecidos periféricos. Semelhantemente, as Epinefrina N - A c e t Ll'5-me toxi tri p t a m i n a
fontes de serotonina são bastante dependentes da presença da (Melatonina)
t r i p t o f a n o hidroxilase nos n e u r ô n i o s serotoninérgicos d o sistema Figura 26-2 Biossíntese das catecolaminas e serotonina e
nervoso central, na glândula p i n e a l e e m alguns tecidos endócrinos metabolismo da serotonina para melatonina.
Catecolaminas e Serotonina CAPÍTULO 26 475
Corrente sanguínea
periféricos, p a r t i c u l a r m e n t e as células enterocromafins do trato
digestivo. As plaquetas t a m b é m c o n t ê m grandes quantidades de sero- Terminação
tonina, mas esta é derivada da serotonina sintetizada pelas células nervosa simpática
enterocromafins do trato gastrointestinal. - * DHPG
T a n t o a conversão de L-dopa pata d o p a m i n a q u a n t o a d o 5-
L-DOPA
h i d r o x i t n p t o f a n o paTa serotonina são catalisadas pela L-descarbo-
xilase dos a m i n o á c i d o s aromáticos (Figura 26-2), u m a enzima
c o m u m a extensa d i s t r i b u i ç ã o t e c i d u a l e ampla especificidade de
substratos para a m i n o á c i d o s aromáticos. A d o p a m i n a e a seroto-
n i n a formadas n o citoplasma pela L-descarboxilase dos a m i n o á -
cidos aromáticos são então transportadas e m grânulos secretóiios
vesiculares o n d e as aminas são concentradas e armazenadas p r o n t a s
para a liberação exocítica c o m o os principais neurotransmissores
dos n e u r ô n i o s d o p a m i n é r g i c o s e serotoninérgicos do sistema
nervoso central. A d o p a m i n a f o r m a d a nos n e u r ô n i o s noradre- NE
nérgicos e nas células c r o m a f i n s é p o s t e r i o r m e n t e c o n v e r t i d a e m
n o r e p i n e f r i n a pela d o p a m i n a P-hidroxilase, uma enzima c o m
presença exclusiva nos grânulos secretórios. A presença a d i c i o n a l
da f e n i l e t a n o l a m i n a N-metiltransferase nas células c r o m a f i n s da
m e d u l a adrenal acarreta a conversão posterior de n o r e p i n e f r i n a NMN
em e p i n e f r i n a .
A m e l a t o n i n a é sintetizada a p a r t i r da serotonina na g l â n d u l a
- • m h p g
pineal, p o r duas enzimas a l t a m e n t e específicas, sendo a p r i m e i r a
etapa catalisada pela serotonina-N-acetiltransferase e a segunda,
pela h i d r o x m d o l - O - m e t i l t r a n s f e r a s e .
Célula extra neuronal
regulação da atividade do sistema nervoso simpático e do estado Exercício, alimentação excessiva, baixa ingesta de sal, posição
geral de atenção e vigilância. ereta, estresse m e n t a l e o envelhecimento a u m e n t a m a descarga
A d o p a m i n a produzida nos neurônios dopaminérgicos, que simpática. Concentrações plasmáticas aumentadas de norepine-
são responsáveis p o r mais da metade de toda a p r o d u ç ã o de f r i n a t a m b é m são encontradas em distúrbios c o m o insuficiência
catecolaminas do cérebro, possui funções e exibe distribuições cardíaca, hipertensão e depressão.
que são notavelmente diferentes daquelas da n o r e p i n e f r i n a . A
d o p a m i n a n o cérebro i n f l u e n c i a o c o m p o r t a m e n t o de busca de
gratificação, sendo i m p o r t a n t e para a iniciação e m a n u t e n ç ã o do Sistema Medular Adrenal
m o v i m e n t o . Os distúrbios da produção e liberação de d o p a m i n a As glândulas adrenais humanas r e c o b r e m os pólos superiores dos
n o cérebro estão, p o r t a n t o , envolvidos em estados de dependên- rins. Cada glândula consiste em u m córtex externo e u m a f i n a
cia a drogas e são centrais n o distúrbio do m o v i m e n t o que carac- medula central interna c o n t e n d o células cromafins. U m traço
teriza a doença de Parkinson. A neurotransmissão da d o p a m i n a característico das células cromafins medulares adrenais é a pre-
t a m b é m está envolvida n o processamento dos sinais sensórios e sença de numerosos grânulos de armazenamento de catecolami-
na regulação da liberação h o r m o n a l . Os neurônios d o p a m i n é r - nas. Esses grânulos se t o r n a m acastanhados q u a n d o expostos às
gicos da retma e do b u l b o o l f a t ó r i o possuem projeções ultracur- soluções de b i c r o m a t o de potássio, n i t r a t o de prata amoniacal ou
tas que t r a n s m i t e m sinais d e n t r o desses centros neuronais para tetróxido de ósmio devido à oxidação e polimerização da epine-
a visão e o olfato. Os n e u r ô n i o s dopaminérgicos n o h i p o t á l a m o f r i n a e da n o r e p i n e f r i n a . Este processo é conhecido c o m o "reação
possuem influências regulatórias sobre a liberação de diversos c r o m a f i m " , de onde v ê m os termos células cromafins e grânulos
h o r m ô n i o s da hipófise. cromafins.
A serotonina, assim como a n o r e p i n e f r i n a , é p r o d u z i d a por C o n q u a n t o seja f r e q ü e n t e m e n t e considerada u m a parte d o
pequenos grupamentos de n e u r ô n i o s em regiões d o t r o n c o ence- sistema nervoso simpático, a m e d u l a adrenal produz e secreta
fálico, mas serve a u m a diferente gama de funções c o m p o r t a m e n - u m a catecolamina diferente, a e p i n e f r i n a , c o m funções diferen-
tais e fisiológicas. Os processos fisiológicos e comportamentais tes daquelas da n o r e p i n e f r i n a secretada pelos nervos simpáticos.
influenciados p o r esse sistema serotoninérgico incluem a m e m ó r i a , A m e d u l a adrenal e os nervos simpáticos t a m b é m são regulados
aprendizado, c o m p o r t a m e n t o alimentar, padrões de sono, ter- separadamente, f r e q ü e n t e m e n t e em direções divergentes, e m
moTregulação, modulação da dor, função cardiovascular e regu- resposta a diferentes formas de estresse. A epinef ri n a é secretada
lação h i p o t a l â m i c a dos h o r m ô n i o s hipofisários. pelas células cromafins adrenais d i r e t a m e n t e na corrente sanguí-
nea para agir sobre células distantes dos locais de liberação. A
Sistema Nervoso Simpático e p i n e f r i n a e a n o r e p i n e f r i n a p o s s u e m u m a p o t ê n c i a de efeito
A transmissão nervosa simpática opera abaixo do nível da cons- c o i n c i d e n t e , mas t a m b é m d i f e r e n t e sobre os adrenoceptores a
ciência n o controle da função fisiológica de vários órgãos e tecidos e |3. A p r o x i m i d a d e entre os locais de liberação da n o r e p i n e -
corporais (Figura 26-5). 4 O sistema nervoso simpático desempe- f r i n a e da e p i n e f r i n a e os adrenoceptores t a m b é m d e t e r m i n a
n h a u m papel p a r t i c u l a r m e n t e i m p o r t a n t e na regulação da diferenças nas respostas mediadas pelo a d r e n o c e p t o r às duas
função cardiovascular e m resposta ao estresse postural, ao d o exer- catecolaminas. D e v i d o a esses fatores, a e p i n e f r i n a exerce os
cício físico, ao térmico e ao mental. C o m a ativação simpática, a seus efeitos e m populações de adrenoceptores diferentes daque-
freqüência cardíaca é aumentada, as arteríolas periféricas sofrem las da n o r e p i n e f r i n a A e p i n e f r i n a liberada pelas glândulas
constrição, as arteríolas esqueléticas se d i l a t a m e a pressão san- adrenais é mais i m p o r t a n t e c o m o u m agente m e t a b ó l i c o do
guínea se eleva. Os sinais simpáticos trabalham e m e q u i l í b r i o que c o m o u m h o r m ô n i o r e g u l a d o r h e m o d i n â m i c o . E m parti-
c o m a porção parassimpática do sistema nervoso a u t ô n o m o a f i m cular, a e p i n e f r i n a estimula a lipólise, a cetogênese, a termogê-
de manter u m ambiente i n t e r n o estável. nese e a glicólise, elevando a glicose plasmática através d o estí-
Os sinais eferentes o u aferentes do sistema nervoso central m u l o à glicogenólise e à gliconeogênese. A e p i n e f r i n a t a m b é m
são transmitidos através de n e u r ô n i o s simpáticos colinérgicos possui potentes efeitos sobre a f u n ç ã o p u l m o n a r , p r o v o c a n d o a
pré-ganglionares, que saem da medula espinal e convergem para dilatação das vias aéreas.
gânglios simpáticos ao longo da coluna espinal ou para gânglios
viscerais (Figura 26-5). Os ramos terminais das fibras pós-ganglio- Sistema Dopaminérgico Periférico
nares que se p r o j e t a m desses gânglios para órgãos-alvo possuem A d o p a m i n a geralmente é encarada como u m neurotransmissor
varicosidades que f o r m a m u m rico terreno de plexos para o cerebral ou c o m o u m i n t e r m e d i á r i o na produção de norepinefrina
contato sináptico c o m u m grande n ú m e r o de células efetoras e m e epinefrina nos tecidos periféricos. A contribuição do cérebro para
glândulas e fibras musculares. A maioria dos nervos simpáticos as concentrações plasmáticas e excreção urinária de metabólitos
pós-ganglionares libera n o r e p i n e f r i n a c o m o o seu neurotransmis- da dopamina é, c o n t u d o , relativamente secundária, e a d o p a m i n a
sor. E m localizações limitadas, as terminações dos nervos simpá- produzida pelos nervos simpáticos e pela medula adrenal é prin-
ticos l i b e r a m acetilcolina. As fibras simpáticas que l i b e r a m ace- cipalmente convertida em norepinefrina. A m a i o r parte da dopa-
tilcolina i n e r v a m as glândulas sudoríparas e a medula adrenal, m i n a e dos metabólitos dopaminérgicos circulantes e urinários é,
esta ú l t i m a estimulando a liberação de epinefrina pelas células portanto, derivada de outras fontes (Figura 26-6)-1
cromafins. Nos rins, a d o p a m i n a f u n c i o n a como u m a substância efetora
A n o r e p i n e f r i n a plasmática e a u r i n á r i a são p r i n c i p a l m e n t e autócrma ou parácrina que c o n t r i b u i para a regulação da excreção
derivadas de n e u r ô n i o s simpáticos pós-ganglionares c o m pouca de sódio. A o contrário dos sistemas catecolaminérgicos neuronais,
c o n t r i b u i ç ã o d o sistema nervoso central o u da liberação h o r m o - a produção de d o p a m i n a nos rins é, em grande parte, indepen-
nal pela m e d u l a adrenal. D e v i d o a processos intervenientes neu- dente da síntese local de L-dopa pela tirosina hidroxilase. A pro-
ronais e extraneuronais de remoção, a quantidade de norepine- dução de d o p a m i n a nos rins depende, principalmente, da capta-
f r i n a que escapa para a corrente sanguínea representa menos de ção de L-dopa da circulação e da sua conversão em d o p a m i n a pela
10% da n o r e p i n e f r i n a total liberada pelos nervos simpáticos. descatboxila.se dos aminoácidos aromáticos (Figura 26-6). Por-
Alterações da liberação e da concentração plasmática da norepi- tanto, a maior parte da d o p a m i n a excretada na u r i n a deriva da
nefr ina o c o r r e m e m resposta a estados fisiológicos e patológicos. captação renal de descarboxilação da L-dopa circulante.
478 PARTE IV Analitos
Cérebro
Cabeça e pescoço,
p. ex., pupilas,
glândulas salivares,
vasos intracranianos ^
e faciais
Trato respiratório}'" ^ __ C1 -
e pulmões Porção
— 1
cervical da
medula
Coração <J espinal
Sangue periférico ..
vasos
————
f
Gânglio
/
/
Parçáo
torácica da
medula
- ^ celíaco
Estomago, v espinal
fígado, pâncreas '' —
Gân
Medula ?[io
mesenterico
adrenal
superior
—
Porção
Gânglio mesentérico
Rins e lombar da
superior
intestinos medula
espinal
Cólon
pélvico
Porção
sacra da
Gânglios medula
• \ yX hipogástricos espinal
Bexiga urinária e
órgãos genitais
ir rente
nguínea
1
DOPA
crinas intestinais e os vasos sanguíneos submucosos. Esta rede
sente o a m b i e n t e n o i n t e r i o r d o l ú m e n , regula o f l u x o sanguíneo
local e c o n t r o l a a secreção das células epiteliais.
- y O E N S está conectado ao sistema nervoso central através de
f
i _ n e u r ó n i o s parassimpáticos extrínsecos e simpáticos motores, assim
DOPA c o m o por n e u r ó n i o s sensórios espinais e vagais. Através dessas
L-AADO | conexões b i d i r e c i o n a i s , o E N S p o d e ser m o n i t o r a d o e m o d i f i -
cado. 3 A despeito da presença dessas conexões nervosas extrín-
DA
secas, o E N S t a m b é m p o d e f u n c i o n a r de f o r m a a u t ó n o m a e m
APLICAÇÕES CLÍNICAS
A dosagem das catecolaminas, da s e r o t o n i n a e dos seus metabó-
litos é usada nas investigações de u m a variedade de processos
E m b o r a os rins representem a p r i n c i p a l f o n t e de d o p a m i n a fisiopatológicos, mas as dosagens laboratoriais clínicas das aminas
l i v r e u r i n á r i a , esta fonte não é responsável pelas quantidades e dos seus m e t a b ó l i t o s são direcionadas, p r i n c i p a l m e n t e , para o
m u i t o maiores de m e t a b ó l i t o s excretados d a d o p a m i n a , tais diagnóstico dos tumores n e u r o e n d ó c r i n o s . Os tumores n e u r o e n -
c o m o o ácido homovanílico (HVA.) e o sulfato de d o p a m i n a . Pro- d ó c r i n o s p r o d u t o r e s de catecolaminas i n c l u e m f e o c r o m o c i t o m a s ,
porções substanciais desses m e t a b ó l i t o s são produzidas n o trato paragangliomas e neuroblastomas, e n q u a n t o os tumores p r o d u -
gastrointestinal, o n d e a d o p a m i n a parece f u n c i o n a r c o m o u m tores de s e r o t o n i n a são t i p i c a m e n t e carcinóides.
n e u r o m o d u l a d o r entérico o u c o m o u m a substância p a r á c n n a o u
a u t ó c r i n a . Todavia, ao c o n t r á r i o dos rins, o n d e a d o p a m i n a é Feocromocitoma
p r o d u z i d a p r i n c i p a l m e n t e a p a r t i r da L-dopa circulante, a p r o d u - Os tumores p r o d u t o r e s de catecolaminas que d e r i v a m de células
ção de d o p a m i n a n o t r a t o gastrointestinal exige a presença da c r o m a f i n s p o d e m o c o r r e r t a n t o n o i n t e r i o r das glândulas adre-
tirosina hidroxilase o u de outras fontes de L-dopa. nais, o n d e são d e n o m i n a d o s f e o c r o m o c i t o r n a s , c o m o e m locais
O c o n s u m o de a l i m e n t o s eleva as concentrações de L-dopa, extra-adienais, o n d e são d e n o m i n a d o s paragangliomas.' Os para-
de d o p a m i n a e dos m e t a b ó l i t o s da d o p a m i n a , p a r t i c u l a r m e n t e o gangliomas derivados de tecidos c r o m a f i n s simpáticos extra-adre-
sulfato de d o p a m i n a , i n d i c a n d o q u e os constituintes dietéticos nais geralmente p r o d u z e m quantidades significativas de catecola-
t a m b é m p o d e m representar uma i m p o r t a n t e f o n t e de d o p a m i n a minas — e t a m b é m são c o m u m e n t e d e n o m i n a d o s feocromocito-
periférica (Figura 26-6). A t u a l m e n t e está claro que o sulfato de mas extra-adrenais.
d o p a m i n a é p r i n c i p a l m e n t e p r o d u z i d o p e l o trato gastrointestinal A presença de u m f e o c r o m o c i t o m a geralmente é suspeitada
a p a r t i r da d o p a m i n a dietética ou da l o c a l m e n t e sintetizada. Isso d e v i d o aos sinais e sintomas que r e f l e t e m os efeitos biológicos
c compatível c o m os achados de que o trato gastrointestinal c o n t é m das catecolaminas liberadas pelo t u m o r . A hipertensão é o sinal
elevadas concentrações da enzima suífotransferase específica res- mais c o m u m , p o d e n d o ser m a n t i d a o u paroxística. Os sintomas
ponsável pela conjugação das catecolaminas e dos m e t a b ó l i t o s i n c l u e m cefaléia, palpitações, diaforese (sudorese excessiva), palidez,
c a t e c o l a m í n i c o s c o m sulfatos. náusea, crises de ansiedade e fraqueza generalizada. 8
Os feocromocitomas são raros, o c o r r e n d o e m menos de 0 , 2 %
Sistema Nervoso Entérico dos pacientes c o m hipertensão. C o n t u d o , e m v i r t u d e da elevada
O sistema nervoso e n t é r i c o (ENS) é d e f i n i d o c o m o u m sistema prevalência da hipertensão e d o a m p l o espectro de sintomas pro-
i n d e p e n d e n t e e i n t e g r a d o de n e u r ó n i o s e células de s u p o r t e duzidos pelos f e o c r o m o c i t o m a s , m u i t o s dos quais o c o r r e m e m
localizado n o t i a t o gastrointestinal, vesícula b i l i a r e pâncreas. 3 O outras condições clínicas, os f e o c r o m o c i t o m a s deve ser conside-
E N S é c o m p o s t o p o r duas redes de plexos de n e u r ó n i o s i n t r í n - rados em m u i t o s pacientes c o m e sem hipertensão. Os pacientes
secos, o plexo mesentérico e o plexo submucoso. A m b o s estão c o m u m alto risco de f e o c r o m o c i t o m a , nos quais os exames
e m b u t i d o s na parede d o i n t e s t i n o e se estendem d o esôfago ao p o d e m ser realizados i n d e p e n d e n t e m e n t e da presença de sinais
480 PARTE IV Analitos
A elevada sensibilidade diagnostica da dosagem plasmática o u desfavorável. 15 O s neuroblastomas são mais notáveis n o que diz
urinária fracionada de normetanefrina e metanefrma t o m a esses respeito a u m subgrupo de casos com completa regressão o u matu-
testes a escolha mais adequada para a avaliação inicial de u m ração para g a n g l í o n e u r o m a , u m a neoplasia benigna. A m a i o r i a
paciente c o m suspeita de feocromocitoma. Os resultados negativos dos t u m o r e s c l i n i c a m e n t e diagnosticados, c o n t u d o , é agressiva
desses exames praticamente excluem u m feocromocilorna. As exce- e apresenta u m resultado desfavorável. O estágio clínico da
ções i n c l u e m pequenos tumores (< 1 cm) encontrados durante doença (localizada versus disseminada) c o n s t i t u i u m i m p o r t a n t e
triagens de rotina de tumores que não sintetizam norepinefrina o u fator p r o g n ó s t i c o . O s pacientes c o m estágios precoces mais
epinefrina. Os tumores que produzem exclusivamente dopamina localizados da doença, o u os lactentes c o m m e n o s de 1 ano de
p o d e m não ser descobertos através das dosagens de normetane- idade c o m u m t u m o r p r i m á r i o localizado e disseminação l i m i -
frina, metanefrina e aminas precursoras. Tais tumores, contudo, tada à pele, fígado e / o u m e d u l a óssea, são considerados de
p o d e m ser detectados através da dosagem de metoxitiramina plas- m e l h o r p r o g n ó s t i c o do que os o u t r o s estágios. I n f e l i z m e n t e , a
mática o u urinária, o metabólico O-metilado da dopamma. As i n c i d ê n c i a global de n e u r o b l a s t o m a metastático n o m o m e n t o
dosagens da dopamina plasmática também podem ser úteis, consi- do diagnóstico é de, a p r o x i m a d a m e n t e , 6 0 % e a necessidade de
derando que a dopamina urinária é, em grande parte, derivada de detecção mais precoce de crianças c o m t u m o r e s de dissemina-
extração renal e descarboxilação da L-dopa e, conseqüentemente, ção progressiva permanece u m desafio diagnóstico. C o n s u l t e o
proporciona u m teste relativamente insensível e inespecífico para a Q u a d r o 26-2 para u m resumo dos pontos-chave sobre os neu-
detecção de u m t u m o r produtor de dopamina (Figura 26-6). roblastomas-
As elevações das metanefrinas fracionadas plasmáticas o u A hipertensão e os sinais e sintomas de excesso de catecola-
urinárias são geralmente altas o suficiente para estabelecer con- minas são raros e m u m neuroblastoma, u m resultado da armaze-
clusivamente a presença da m a i o r i a dos casos de feocromoci- nagem ineficiente de catecolaminas que acarreta a metabolização
toma. Todavia, se o paciente apresentar u m t u m o r que produza intracelular e liberação principalmente como metabólitos inativos.
u m a pequena quantidade de catecolaminas, os resultados falso- Os pacientes c o m u m e n t e se apresentam c o m uma massa t u m o r a l
posítivos p o d e m c o n t i n u a r difíceis de serem distinguidos dos e sinais clínicos dos efeitos compressivos sobre estruturas vizinhas
verdadeiros resultados positivos e exames b i o q u í m i c o s adicionais ou anomalias hematológicas decorrentes d o envolvimento da
são necessários. 10 Antes que os exames bioquímicos sejam inicia- medula óssea.
dos, deve-se considerar a eliminação das possíveis causas de resul- As evidências laboratoriais de u m t u m o r f u n c i o n a l p r o d u t o r
tados falso-posirivos, Estas p o d e m ser devidas a condições inade- de catecolaminas são importantes na avaliação clínica q u a n d o se
quadas de coleta das amostras (p. ex., coleta de sangue sem u m suspeita de u m neuroblastoma. Os padrões de secreção de cate-
período prévio de 20 m i n u t o s de repouso em decúbito dorsal), colaminas e de metabólitos, n o entanto, p o d e m diferir acentua-
o u a medicamentos damente entre os pacientes com o t u m o r . As células d o neuro-
Q u a n d o os exames bioquímicos c o n t i n u a m a produzir resulta- blastoma possuem a capacidade de sintetizar d o p a m i n a e norepi-
dos duvidosos, o teste de supressão pela clonidina pode ser ú t i l nefrina, dependendo do seu grau de m a t u r i d a d e metabólica,
para uma ulterior confirmação o u exclusão de u m feocromoci-
toma. C o n f o r m e originalmente apresentado, este teste foi conce-
b i d o para diferenciar os pacientes com elevações das catecolaminas I
provocadas por feocromocitomas daqueles com aumentos provo- QUADRO 26-2 Pontos-Chave dos Neuroblastomas
cados pela ativação simpática. Através da ativação dos adrenocep-
BIOLOGIA
totes alfa 2 n o cérebro e nas terminações nervosas simpáticas, a
• Tumores que ocorrem quase exclusivamente em crianças e que se
c l o n i d i n a suprime a liberação da norepinefrina pelos nervos sim-
desenvolvem a partir de células da crista neural primitiva do sistema
páticos. Conseqüentemente, reduções da norepinefrina plasmática
simpaticoadrenal, sendo cerca de 6G% derivados de tecido simpáiico
elevada após a clonidina sugerem ativação simpática, enquanto a
extra-adrenal e 40% das adrenais.
ausência de u m a diminuição sugere u m feocromocitoma. Subse- • 0 comportamento biológico dos tumores é altamente variável, com regressão
qüentemente, o teste também se revelou ú t i l na distinção entre espontânea de alguns tumores, mas a maioria (60%) apresenta um curso
aumentos da normetanefrina plasmática causados p o r u m feocro- agressivo com doença maligna disseminada e um resultado desfavorável.
m o c i t o m a e aqueles provocados por ativação simpática.'
APRESENTAÇÃO
Neuroblastoma • Os reuroblaslomas produzem quantidades variáveis de dopamina e
O s neuroblastomas são neoplasias que se o r i g i n a m das células norepineírina, mas demonstram uma capacidade precária de armazenamento
da crista neural p r i m o r d i a l do sistema nervoso simpático.'' 5 Os e liberação das catecolaminas. Conseqüentemente, os tumores raramente
neuroblastomas são quase exclusivamente u m câncer pediátrico, produzem sinais e sintomas de excesso de catecolaminas.
sendo responsáveis p o r aproximadamente 7 % dos cânceres da " A suspeita da doença geralmente se baseia na palpação de uma massa,
infância, e a malignidade mais c o m u m d o p r i m e i r o ano de vida. nas complicações geradas pela ocupação de espaços peio tumor, ou pelos
QUADRO 26-3 Pontos-Chave dos Carcinõides aumentadas uma vez que o 5 - H T P é convertido em serotonina
nos rins; o 5 - H I A A pode estar levemente elevado.
BIOLOGIA Os pacientes c o m tumores carcinõides produtores de seroto-
" São tumores neuroendócrinos derivados das células enterocromafins dos nina geralmente apresentam impressionantes elevações da excre-
tratos gastrointestinal e respiratório.
ção urinária de 5 - H I A A (de pelo menos 10 vezes), mas ocasional-
• Geralmente se desenvolvem como tumores pequenos (< 2 cm) de
mente as elevações são menores. Elevações falso-positivas p o d e m
crescimento lento, mas com propensão a metastatizar.
ocorrer se o paciente ingerir alimentos ricos em serotonina o u
• Sintetizam, armazenam e liberam uma variedade de hormônios peptídicos
medicamentos, tais como banana, abacaxi, kiwi, ameixa e abacate,
e aminas biogênicas, incluindo a serotonina.
e medicamentos para tosse contendo guaifenesina. Inversamente,
álcool, aspirina e outras drogas p o d e m s u p r i m i r as concentrações
APRESENTAÇÃO
de 5 - H I A A . Os pacientes deveriam evitar esses agentes durante
• Obstrução intestinal e dor abdominal.
• Sintomas relacionados à secreção de aminas vasoativas e peptídios
as coletas de u r m a de 24 horas. As coletas incompletas o u em
resultando na síndrome carcinóide (rubor, diarréia, brancoconstrição e excesso de u r i n a de 24 horas p o d e m ser mais precisamente ava-
insuficiência cardíaca direita) relativamente rara e geralmente ocorrendo liadas em termos de taxa de creatinina. O 5 - H I A A plasmático de
após o desenvolvimento de metástases. jejum foi proposto como u m conveniente substituto para as
coletas urinárias.
DIAGNOSTICO BIOQUÍMICO A maioria dos médicos se vale da dosagem de 5 - H I A A para
• 0 diagnóstico bioquímico depende, principalmente, das dosagens de diagnosticar a síndrome carcinóide. Mas quando u m paciente
serotonina, de seus metabólitos (5-HIAA) e dos precursores da serotonina fortemente suspeito de síndrome carcinóide exibe elevações
(5-HTP) na urina, plasma, sangue total e plaquetas. normais ou limítrofes de 5 - H I A A u r i n á r i o , a documentação de
" Os resultados falso-positivos são comuns devido a intluências concentrações elevadas de serotonina nas plaquetas, plasma, sangue
dietéticas. total ou u r i n a pode ajudar a estabelecer o diagnóstico. A seroto-
n i n a plaquetária f o i descrita c o m o mais sensível do que o 5 - H I A A
u r i n á r i o para a detecção dos carcinõides que produzem pequenas
o u moderadas quantidades de serotonina, tais como os carcinõi-
des do intestino anterior e posterior e os carcinõides do intestino
médio com u m pequeno v o l u m e t u m o r a l . A l é m disso, as concen-
ativas, i n c l u i n d o histamina, calicreína, hradicininas, taquicini- trações plaquetárias de serotonina não são afetadas pela dieta do
nas, prostaglandinas, d o p a m i n a e norepinefrina. A produção paciente. N o entanto, as plaquetas p o d e m estar saturadas na
dessas substâncias varia em relação ao tecido de origem do t u m o r . presença de taxas elevadas de secreção de serotonina, sendo o
Os carcinõides do intestino m é d i o liberam grandes quantidades 5 - H I A A frequentemente preferido para o m o n i t o r a m e n t o da pro-
de serotonina, enquanto os tumores derivados do intestino ante- dução elevada de serotonina.
rior secretam primariamente 5-hidroxitriptofano (5-HTP) (um pre-
cursor serotoninérgico) e histamina, em vez de serotonina. Os METODOLOGIA ANALÍTICA
carcinõides primários do intestino posterior geralmente não N a prática clínica, as determinações laboratoriais das catecolami-
exibem atividade secretora. nas, serotonina e dos seus metabólitos nos líquidos corporais são
A secreção de substâncias na circulação sistêmica desempe- principalmente realizadas para diagnóstico e acompanhamento
n h a u m i m p o r t a n t e papel no desenvolvimento da s í n d r o m e car- de pacientes c o m tumores produtores de catecolaminas e seroto-
cinóide. A síndrome completamente desenvolvida associada às nina. A maioria dos laboratórios dosa as catecolaminas livres
manifestações humorais desses tumores é impressionante, mas urinárias, metanefrina, n o r m e t a n e f r i n a e V M A na avaliação dos
rara, geralmente só ocorrendo após as metástases hepáticas, c o m feocromocitomas n As dosagens plasmádcas das catecolaminas são
a liberação dessas substâncias diretamente na circulação sistê- usadas em alguns centros médicos, sendo as metanefrmas plas-
mica. A apresentação clínica clássica da síndrome carcinóide máticas cada vez mais dosadas (Figura 26-7). Para a detecção dos
i n c l u i u m r u b o r p r o n u n c i a d o (especialmente na face e no neuroblastomas, o H V A e o V M A urinários são mais c o m u m e n t e
pescoço), diarréia, broncoconstrição e eventual insuficiência val- solicitados na prática clínica, mas outros metabólitos das cateco-
vular cardíaca direita. A superprodução de serotonina é encon- laminas e da dopamina também são dosados. A avaliação diag-
trada em 9 0 % a 100% dos pacientes c o m síndrome carcinóide, nostica dos pacientes c o m tumores carcinõides envolve, rotinei-
e acredita-se que esta seja responsável pela diarréia por causa dos ramente, a dosagem de 5 - H I A A ; a dosagem de serotonina nas
seus conhecidos efeitos sobre a motilidade gástrica e secreção de plaquetas e u r i n a t a m b é m é determinada.
fluidos.
A avaliação laboratorial clínica da síndrome carcinóide conta Coleta e Armazenamento das Amostras
c o m as dosagens da serotonina e dos seus metabólitos nos f l u i d o s As condições sob as quais as amostras de plasma e de u r i n a são
e tecidos corporais. 5 Nos pacientes c o m a típica síndrome carci- coletadas p o d e m ser cruciais para a confiabilidade e interpreta-
nóide, a 5 - H T P é convertida em serotonina e armazenada nos ção dos resultados dos exames. N o passado, muitos clínicos pre-
grânulos secretorios tumorais e nas plaquetas. U m a pequena quan- feriam as coletas de urina de 2 4 horas à coleta de amostras san-
tidade de serotonina permanece no plasma, mas é convertida em guíneas, uma vez que as primeiras evitavam as rígidas condições
5-H1AA, que é excretado pela urina. Esses pacientes apresentam associadas à coleta de catecolaminas sanguíneas (p. ex., as amos-
concentrações de serotonina elevadas n o sangue e plaquetas e tras devem ser colhidas após 20 m i n u t o s ou mais de repouso em
uma excreção urinária de 5 - H I A A aumentada. Todavia, alguns decúbito dorsal) e são mais convenientemente implementadas
tumores carcinõides do intestino anterior carecem da L-descai- pela equipe clínica. N o entanto, os pacientes acham a coleta de
boxilase ácida dos aminoácidos aromáticos e secretam 5-HTP, em u r i n a de 24 horas difícil e inconveniente. A confiabilidade do
vez de serotonina, na corrente sanguínea. 9 Os pacientes c o m esses m o m e n t o da coleta freqüentemente é duvidosa. As metanefrinas
tumores apresentam concentrações normais de serotonina no plasmáticas não são p r o n t a m e n t e influenciadas pelo trauma da
sangue e nas plaquetas, mas as quantidades urinárias estão f l e b o t o m i a como as catecolaminas, mas as condições de coleta
484 PARTE IV Analitos
HMBA HMBA
NMN EHPEA HMBA
MN
MTY
NMN
MN
LA , /, , s
*wV\J --
1 r -r— 1 i i
10 20 30 0 10 20 30 10 20 30
Tempo (min) Tempo (min) Tempo (min)
Figura 26-7 Cromatogramas obtidos pela HPLC com detecção eletroquímica após a injeção de uma solução-
padrão (A) e após injeções de extratos purificados de amostras do plasma de uma paciente normal (B) e de uma
outra paciente com um feocromocitoma. A solução-padrão continha 500 pg de normetanefrina (NMN),
metanefrina (MN) e metoxiriramina (MTY], e 1.000 pg de dois padrões internos, 3-hidT0xi-4-met0xikenzilamina
(HMBA) e 3-etoxi-4-hidroxifeni 1 ecoxiamina (EHPEA). Os valores mostrados para as concentrações plasmáticas de
N M N e MN em indivíduos com e sem feocromocitoma foram calculados após a correção para recuperações dos
padrões internos a partir de 2 mL de amostras de plasma sujeitos à extração por troca catiõnica.
da amostra de sangue ainda exigem consideração q u a n d o existem As amostras de plasma ricas e m plaquetas são preparadas a
problemas na distinção e n t r e resultados verdadeiramente positi- p a r t i r d o sangue t o t a l através de centrifugação e m baixa veloci-
vos e os falso-positivos. O paciente deve jejuar p o r 12 boras antes dade. A f i m de prevenir a redução da concentração de serotonina,
da coleta. Para as coletas urinárias, as i n f l u ê n c i a s da d i e t a e da o plasma r i c o em plaquetas é preparado d e n t r o de u m a h o r a
ativação s i m p a t i c o a d r e n a l associadas à atividade física o u a alte- depois que o sangue tenha sido coletado e colocado no gelo. A
rações posturais t a m b é m não são tão facilmente controladas c o m o f i m de reduzir a p r o b a b i l i d a d e de r u p t u r a plaquetária, as amostras
o são para as coletas sanguíneas. Coletas p o n t u a i s o u n o t u r n a s de n u n c a devem ser congeladas antes que o plasma livre de células
u r i n a corrigindo-se as diferenças na duração da coleta c o m a seja o b t i d o . Plasma e pellets são armazenados congelados a - 2 0 C
utilização da excreção u r i n á r i a de c r e a t i n i n a f o r n e c e m alternati- e analisados d e n t r o de u m a a duas semanas após a coleta.
vas para as coletas de u r i n a de 24 horas que p o d e m superar alguns A s amostras de u r i n a de 24 horas para s e r o t o n i n a e 5 - H 1 A A
desses problemas. são coletadas em garrafas m a r r o n s de 2 L de p o l i p r o p i l e n o con-
As catecolaminas nas amostras u r i n á r i a s preservam-se m e l h o r tendo, cada u m a , 2 5 0 m g de m e t a b i s s u l f i t o de sódio e E D T A
c o m ácido c l o r í d r i c o , a f i m de q u e se m a n t e n h a a u r i n a ácida. c o m o conservantes. As amostras são acidificadas até o p H 4 c o m
Para armazenamento p o r períodos prolongados de t e m p o , as ácido acético antes do c o n g e l a m e n t o . M a i s i m p o r t a n t e , a amostra
deve ser refrigerada d u r a n t e a coleta.
alíquotas t ê m m e l h o r conservação congeladas a - 8 0 ° C para m i n i -
mizar a auto-oxidação e a desconjugação. As amostras sanguíneas
são mais b e m coletadas e m tubos c o n t e n d o h e p a r i n a o u ácido Interferências e Influências da Dieta e de
etilenodiaminotetTacético ( E D T A ) , c o m o anticoagulantes, e guar- Medicamentos
dadas em gelo antes da centrifugação a 4 ° C , c o m separação do Os constituintes dietéticos o u m e d i c a m e n t o s t a n t o p o d e m pro-
plasma para posterior a r m a z e n a m e n t o a - 8 0 ° C . vocar u m a interferência analítica direta nos ensaios q u a n t o i n f l u e n -
A dosagem da s e r o t o n i n a n o sangue t o t a l é p o p u l a r u m a vez ciar os processos fisiológicos q u e d e t e r m i n a m as concentrações
que o d e m o r a d o i s o l a m e n t o das plaquetas não é necessário. Para plasmáticas e urinárias das m o n o a m i n a s e seus metabólitos. N a
a s e r o t o n i n a n o sangue t o t a l , o sangue venoso é extraído para p r i m e i r a circunstância, a interferência pode ser altamente variá-
u m t u b o c o n t e n d o E D T A potássico c o m o anticoagulante, deli- vel, d e p e n d e n d o do m é t o d o de dosagem em particular. N a ú l t i m a
cadamente m i s t u r a d o , colocado n o gelo e transferido para u m circunstância, a i n t e r f e r ê n c i a geralmente é de natureza mais gené-
t u b o de armazenamento. U m a a l í q u o t a de sangue é então remo- rica, sendo i n d e p e n d e n t e do m é t o d o de mensuração.
vida para u m a c o n t a g e m plaquetária. As amostras de s e r o t o n i n a O desenvolvimento de novas drogas, variações nas técnicas de
sanguínea são armazenadas congeladas a - 2 0 ° C , preferencial- ensaio e as contínuas melhorias nos p r o c e d i m e n t o s analíticos
m e n t e e m u m i n t e r v a l o de duas horas após a coleta. freqüentemente t o m a m difícil identificar quais medicamentos c o m
Catecolaminas e Serotonina CAPÍTULO 26 485
interferência direta deveriam ser evitados para u m d e t e r m i n a d o usadas para detectar as metanefrinas na u r i n a , a m a i o r i a dos
teste analítico. Fontes mais p r o n t a m e n t e identificáveis e generali- p r o c e d i m e n t o s de c r o m a t o g r a f i a l í q u i d a de alta performance
zadas de interferência, que são independentes do m é t o d o de ( H P L C ) é baseada na detecção eletroquímica (Figura 26-7). As
ensaio e m particular, tendem a estar associadas a drogas que condições da c o l u n a e as fases estacionárias v a r i a m ; as aplicações
possuem ações primárias sobre os sistemas m o n o a m í n i c o s . D e v i d o típicas i n c l u e m a cromatografia de fase reversa c o m reagentes de
à i m p o r t â n c i a desses sistemas c o m o alvos terapêuticos, tais medi- pareamento i ô n i c o e c r o m a t o g r a f i a de troca catiônica baseada em
camentos representam u m a f o n t e relativamente c o m u m de resul- sílica. M é t o d o s novos e progressivamente populares envolvendo
tados falso-positivos. Os antidepressivos tricíclicos e m particular H P L C acoplados a u m espectrômetro de massa ( L C - M S / M S )
são u m a i m p o r t a n t e f o n t e de resultados falso-positivos para as oferecem as vantagens do c u r t o t e m p o de corrida c r o m ato gráfica,
dosagens de n o r e p i n e f r i n a e n o r m e t a n e f r i n a , u m resultado das elevado r e n d i m e n t o da amostra e e l i m i n a ç ã o da interferência
ações primárias desses agentes n a i n i b i ç ã o da recaptação das m o n o - medicamentosa.
aminas. O u t r o s medicamentos que p o d e m provocar u m a interfe-
rência significante, mas que são menos c o m u m e n t e encontrados Catecolaminas Urinárias e Plasmáticas
d u r a n t e os exames para f e o c r o m o c i t o m a , i n c l u e m L-dopa, Sinemetj Os m é t o d o s f l u o r i m é t r i c o s e radioenzimáticos para análise das
alfa-metildopa ( A l d o m e t ) e os i n i b i d o r e s da M A O . catecolaminas u r i n á r i a s o u plasmáticas f o r a m substituídos pelos
A i n t e r f e r ê n c i a dietética p o d e ser p a r t i c u l a r m e n t e preocu- m é t o d o s H P L C . Numerosas técnicas pré-analíticas de limpeza
pante para as dosagens dos m e t a b ó l i t o s da serotonina utilizados estão disponíveis para a extração das catecolaminas do plasma e
n o diagnóstico dos carcinõides, exigindo u m a instrução dietética da urina. O procedimento de extração mais c o m u m envolve a extra-
detalhada para esses pacientes. As fontes dietéticas de 5-hidro- ção c o m a l u m i n a (Figura 26-9). Paia as catecolaminas urinárias,
x i i n d ó i s (p. ex., nozes, bananas, abacate, berinjela, abacaxi, ameixa o p r o c e d i m e n t o de extração c o m a l u m i n a p o d e ser c o m b i n a d o
e tomate) deveriam ser restritas p o r três a q u a t r o dias antes e c o m o u sem a etapa de t r o c a c a t i ô n i c a . Géis de ácido b ó r i c o
d u r a n t e a coleta de u r i n a . Se possível, os pacientes devem se abster o f e r e c e m u m a a b o r d a g e m a l t e r n a t i v a para a absorção seletiva
de todas as medicações conhecidas que possam provocar u m a das catecolaminas. Solventes orgânicos, desprotemização ácida,
aparente elevação (guaiacolato de glicerol, mefesina, fenacetina e u l t r a f i l t r a ç ã o e o u t r o s p r o c e d i m e n t o s de extração da fase sólida
acetaminofen) o u redução ( m e t a n a m i n a , fenotiazina, t r a n q ü i l i - t a m b é m p o d e m ser usados n o pré-tratamento das amostras.
zantes, ácido h o m o g e n t í s i c o , ácido acético e levodopa) do 5- M u i t o s p r o c e d i m e n t o s H P L C analisam extratos u t i l i z a n d o a cro-
F I I A A . A o c o n t r á r i o do 5 - H I A A , as dosagens da serotonina não m a t o g r a f i a de fase reversa c o m reagentes de p a r e a m e n t o i ô n i c o ;
são significativamente i n f l u e n c i a d a s pela ingestão em c u r t o prazo o u t r o s p o d e m usar as colunas H P L C de troca catiônica para
de alimentos ricos e m s e r o t o n i n a . separar as a m i n a s extraídas. A detecção e l e t r o q u í m i c a u t i l i z a n d o
a mensuração a m p e r o m é t r i c a o u c o u l o m é t r i c a é c o m u m e n t e
Intervalos de Referência usada para q u a n t i f i c a r as catecolaminas. A separação H P L C
O uso de populações de referência adequadamente combinadas t a m b é m p o d e ser acoplada à detecção p o r fluorescência, mas
é i m p o r t a n t e para u m a triagem eficaz de tumores pr oduto res de técnicas de derivação pré o u pós-coluna são necessárias para
m o n o a m i n a s entre diferentes populações de pacientes. As cateco- a p r i m o r a r o l i m i t e de detecção mais b a i x o e a especificidade
laminas e m e t a n e f i i n a s urinárias e plasmáticas possuem diferentes q u í m i c a . F o r a m descritos p r o c e d i m e n t o s automatizados q u e
faixas em pacientes hipertensos o u hospitalizados, comparadas c o m são adequados para as aplicações clínicas de r o t i n a ; o pré-trata-
v o l u n t á r i o s saudáveis, crianças, comparadas c o m os adultos, e m e n t o m a n u a l p o d e o u não ser necessário. M a i s r e c e n t e m e n t e
h o m e n s , c o m mulheres (Figura 26-8). A l é m disso, as quantidades para as dosagens u r i n á r i a s , a m e t o d o l o g i a da espectrometria de
de catecolaminas e metanefrinas nas amostras de u r i n a de 24 horas massa f o i desenvolvida c o m alta capacidade e especificidade de
e n o plasma são altamente desviadas para a direita. A normaliza- rendimento.
ção das distribuições geralmente pode ser o b t i d a através da trans-
formação logarítmica, p e r m i t i n d o , desse m o d o , uma determina- Ácido Vanililmandélico Urinário e Ácido
ção paramétrica de intervalos de referência. Homovanílico
O ácido v a n i l i l m a n d é l i c o ( V M A ) é o p r i n c i p a l p r o d u t o f i n a l do
Metanefrinas Urinárias e Plasmáticas m e t a b o l i s m o da n o r e p i n e f r i n a e da e p i n e f r i n a , e n q u a n t o o ácido
Fracionadas homovanílico (HVA) é o principal produto final do metabolismo
Metanefrinas, normetanefrina e metanetanefrinaj e o metabólito da d o p a m i n a . A m b o s os m e t a b ó l i t o s são excretados na u r i n a em
O - m e t i l a d o da d o p a m i n a , a m e t o x i t i r a m i n a , estão presentes n o quantidades u m t a n t o elevadas, t o r n a n d o a sua análise relativa-
plasma e u r i n a nas formas livre e conjugada a sulfato o u glicuro- m e n t e simples. O V M A , ao c o n t r á r i o do H V A , não é significan-
n í d e o . A s concentrações plasmáticas de conjugados livres são 20 temente conjugado. N o e n t a n t o , u m a vez que grandes quantida-
a 3 0 vezes mais elevadas d o que aquelas dos metabólitos livres, des de H V A t a m b é m estão presentes na u r i n a sob a f o r m a livre,
u m a conseqüência da depuração circulatória mais r á p i d a dos ambos os m e t a b ó l i t o s são c o m u m e n t e dosados sem uma etapa
m e t a b ó l i t o s livres d o q u e a dos conjugados. A depuração dos de hidrólise. C o m p a r a d a s às metanefrinas e às catecolaminas, as
m e t a b ó l i t o s livres se dá através da captação ativa para os tecidos dosagens de V M A e de H V A possuem u m l i m i t a d o valor para o
e pela posterior metabolização pela desaminação o u conjugação. diagnóstico do f e o c r o m o c i t o m a , mas são c o m u m e n t e usadas para
Os m e t a b ó l i t o s conjugados e n t ã o produzidos são depurados de o diagnóstico do n e u r o b l a s t o m a . O s p r i m e i r o s m é t o d o s espectro-
m o d o relativamente l e n t o através da extração renal e efeminação f o t o m é t r i c ô s para a determinação d o V M A e do H V A foram, em
pela u r i n a . A s metanefrinas u r i n á r i a s são então r o t i n e i r a m e n t e grande m e d i d a , substituídos pela cromatografia gasosa ou, mais
dosadas após a h i d r ó l i s e ácida, representando, p r i n c i p a l m e n t e , c o m u m e n t e , pela H P L C . Os m é t o d o s de cromatografia gasosa
m e t a b ó l i t o s conjugados, e n q u a n t o as metanefrinas plasmáticas c o m ionização p o r chama o u detecção espectrométrica de massa
geralmente são dosadas sob a f o r m a livre. são altamente específicos e p o d e m , s i m u l t a n e a m e n t e , d e t e r m i n a r
O isolamento das metanefrinas a p a r t i r da u r i n a o u do plasma V M A e H V A . A H P L C geralmente retrata a separação isocrática
geralmente é realizado c o m a cromatografia de troca tônica. E m b o r a da fase reversa c o m detecção e l e t r o q u í m i c a , espectrofotométrica,
a fluorescência nativa e a absorção de u l t r a v i o l e t a possam ser f l u o r i m é t r i c a o u pós-colunar. A s aplicações de H P L C são relati-
486 PARTE IV Analitos
A Normotensos (n = 175)
90- 60 n 0,46 2,76
80-
50
70 -
60 40
50
30-1
40 H
30 20
20
10-1
10
1
0 I I ! I I I -1—i i
1 2 3 4 5 6 0,25 0,5 1,0 2,0 4,0 8,0
B H i p e r t e n s a s (n = 110)
35 30-1 0,60 4,21
30- 25-
25-
20
20
15
15-
10 ^
10 -
5-
5
0 •1 'i r 0 ~l l~l
0 6 7 0,25 0,5 1,0 2,0 4,0 8,0
C Normotensos (n=175)
70 35 0,10 0,55
60- 30
50 25
Figura 2 6 - 8 Distribuições de 40 20
freqüência para a norepinefrina
30 15
plasmática ( A e B ) e paia a
normetanefrina plasmática livre (C e 20-] 10
D ) e m voluntários normotensos
rL
saudáveis (A e C) comparados a 10 5
pacientes c o m hipertensão essencial
0 0
(B e D). As distribuições exibidas o 0,2 0,4 0,6 0.8 1.0 0,063 0,125 0,25 0,5 1,0
nos painéis na direita foram
D Hipertensos (n = 110)
normalizadas por transformação
35 30 i 0,13 0,77
logarítmica. O s intervalos de
confiança de 9 5 % (indicados pelas 30- 25 -
linhas verticais tracejadas) foram
25
estimados c o m a utilização de 20
distribuições normalizadas. Observe 20
que as distribuições nos hipertensos 15 -j
exibem u m desvio para 15
concentrações plasmáticas mais 10
10-
elevadas, comparadas às distribuições
5 -I
e m n o r m o t e n s o s c o m limites 5
inferiores e superiores de referência C L _ ~L
0
correspondentemente mais altos. o 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0,063 0,125 0,25 0,5 1,0
Norepinefrina plasmática (nmol/L)
Catecolaminas e Serotonina CAPÍTULO 2 6 487
w w
q u e c o n t é m u m m o d i f i c a d o r o r g â n i c o e, possivelmente, u m rea-
Alumina
g e n t e d e p a r e a m e n t o iônico. A s e r o t o n i n a é p r o t o n a d a e m u m a
faixa d e p H d e 3 a 6 , e a adição de r e a g e n t e de p a r e a m e n t o i ô n i c o
cria u m c o n j u g a d o sem carga q u e a u m e n t a a a f i n i d a d e da sero-
t o n i n a pela fase b i d r o f ó b i c a estacionária, Para as dosagens d e
4. Misture bem por 5. Centrifugue para 6. Aspire o sobrenadante
20 min formar os pellets de q u a n t i d a d e s m u i t o p e q u e n a s de s e r o t o n i n a ou p a r a projetos espe-
de plasma e Tris
cializados, a H P L C c o m d e t e c ç ã o a m p e r o m é t r i c a ou d e t e c ç ã o
O £3
alumina .
coulométrica f r e q ü e n t e m e n t e é preferida à detecção fluorimé-
Catecóis s e
adsorvem à trica. Para a p r i m o r a r a sensibilidade analítica, alguns p r o c e d i m e n -
Catecóis
alumina em tos H P L C i n c o r p o r a m a derivação pré-colunar c o m reagentes
adsorvidos à
um pH f l u o r e s c e n t e s e q u i m i o l u m m e s c e n t e s , a l c a n ç a n d o , desse m o d o ,
alumina
básico
limites de detecção n a faixa de f e n t o m o l .
' 0
Ácido 5-Hidroxiindolacético
Assim c o m o a s e r o t o n i n a , o 5-HLAA é f o r t e m e n t e f l u o r e s c e n t e e
u m a série de p r o c e d i m e n t o s f l u o r i m é t r i c o s f o r a m desenvolvidos
p a t a a análise q u a n t i t a t i v a M é t o d o s m a i s seletivos e sensíveis para
7. Lave a alumina 8. Remava os catecóis 9. Transfira o eluente q u a n t i f i c a ç ã o d o 5-HLAA n a u r i n a e n o p l a s m a i n c l u e m a croma-
duas vezes com H,0 em ácida diluído ácido para o frasco tografia gasosa, i m u n o e n s a i o s , H P L C e L C - M S / M S . A t u a l m e n t e ,
(p. ex., acético a 0,2 M) para injeção na HPLC a H P L C é o m é t o d o mais d i f u n d i d o d e d o s a g e m d o 5 - H I A A n o
l a b o r a t ó r i o clínico, t e n d o s u b s t i t u í d o a m p l a m e n t e os m é t o d o s
Catecóis
Misturado removidos fotométricos e fluorimétricos. N u m e r o s o s m é t o d o s de H P L C f o r a m
com H 2 0, da alumina descritos para a d o s a g e m d o 5-HLAA, t a n t o s e p a r a d a m e n t e q u a n t o
centrifugado- com formação em c o m b i n a ç ã o c o m o u t r a s substâncias de interesse clínico. A
e aspirado de vórtice
m a i o r i a dos p r o c e d i m e n t o s emprega separações d e fase reversa e
em pH ácido • w
p a r e a m e n t o i ô n i c o sob c o n d i ç õ e s isocráticas otimizadas. A sílica
ligada ao alquil, tal c o m o o octadecilsilil (C18), muitas vezes é
Figura 2 6 - 9 P r o c e d i m e n t o de extração p o r a l u m i n a das
utilizada c o m o a fase estacionária h i d r o f ó b i c a , e u m a mistura-
c a t e c o l a m i n a s plasmáticas A l é m da extração das c a t e c o l a m i n a s
t a m p ã o aquosa orgânica e m u m p H ácido é f r e q ü e n t e m e n t e
( n o r e p i n e f r i n a , e p i n e f n n a e d o p a m i n a ) , este p r o c e d i m e n t o t a m h é m
empregada c o m o fase móvel polar.
p e r m i t e a extração de o u t r o s catecóis, i n c l u i n d o o 3,4-diidrofenilglicol
A dececção e l e t r o q u í m i c a u t i l i z a n d o a d o s a g e m c o u l o m é t r i c a
(o m e t a b ó l i t o d e s a m i n a d o d a n o r e p i n e f r i n a e d a epinefrína), o ácido
ou a m p e r o m é t r i c a é preferível para a d o s a g e m específica de p e q u e -
3,4-diidroxifenilacético (o m e t a b ó l i t o d e s a m i n a d o da d o p a m i n a ) e a
n a s q u a n t i d a d e s d e 5-HLAA. A l g u n s sistemas H P L C utilizam a
L-dopa, o p r e c u r s o r da d o p a m m a . d e t e c ç ã o f l u o r i m é t r i c a , c o m o u s e m derivação, p a r a u m a d o s a g e m
m e n o s rigorosa d e 5 - H I A A . A extração p r e l i m i n a r d o 5 - H I A A
p o d e ser u s a d a c o m o e t a p a inicial d e p u r i f i c a ç ã o antes da análise
p o r H P L C . Solventes o i g â n i c o s , resinas d e troca a n i ô n i c a e
o u t r o s p r o c e d i m e n t o s de extração da fase sólida f o r a m utilizados.
v ã m e n t e livres de i n t e r f e r ê n c i a e p o d e m f o r n e c e r d o s a g e n s simul- Para m u i t o s sistemas, a i n j e ç ã o direta d e u r i n a n a c o l u n a analítica
t â n e a s de V M A , H V A e o u t r o s m e t a b ó l i t o s . constitui prática c o m u m e as amostras m u i t a s vezes são mera-
m e n t e diluídas c o m u m t a m p ã o p a r a proteger o sistema H P L C
Serotonina de c o n t a m i n a ç ã o .
A s e r o t o n i n a p o d e ser d o s a d a n o s a n g u e total, soro, p l a s m a rico
e m p l a q u e t a s , p l a s m a p o b r e em p l a q u e t a s (isto é, p l a s m a livre d e
plaquetas), pelkts isolados de plaquetas, u r i n a e l í q u i d o cerebros-
p i n a l (CSF). A H P L C c o m dececção f l u o r i m é t r i c a o u eletroquí- REFERÊNCIAS
mtca constitui o m é t o d o cromatográfico mais f r e q ü e n t e m e n t e
1 Eisenhofer G, Kopin 1J, Goldstein DS. Catecholamine metabolism- a
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contemporary view wíth imphcations for physiology and medicine.
f o r a m desenvolvidas p a r a a d o s a g e m d a s e r o t o n i n a separada-
Pharmacol Rev 2004;56:331-49.
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2. Goldstein DS, Eisenhofer G , McCarty R, eds. Carecholamines: Bridging
b o l i c a m e n t e r e l a c i o n a d o s , tais c o m o 5 - H T P e 5-H1AA. A extra- basic science with clinicai medicine. Advances in Pharmacology. San
ção p r e l i m i n a r e a desproteinização são necessárias a n t e s da Diego: Academic Press, 1998.
análise, e diversas escolhas estão disponíveis. A extração c o m sol- 3. Goyal RK, H i r a n o 1. T h e enteric nervous system N Engl J Med
v e n t e o r g â n i c o foi, e m g r a n d e m e d i d a , s u b s t i t u í d a p o r procedi- 1996;3 34.1106-15.
m e n t o s q u e e m p r e g a m resinas de troca catiônica. O u t r o s proce- 4. H o f f m a n BB, Taylor P. Neurotransmission: the a u t o n o m i c and somatic
d i m e n t o s d e extração da fase sólida i n c l u e m a c r o m a t o g r a f i a de motor nervous system. In: H a r d m a n JG, Limbird LE, Gilman AG, eds.
fase reversa u t i l i z a n d o c a r t u c h o s descartáveis de octadecilsilil- G o o d m a n and Gilman's the pharrnacological basis of therapeutics, 10th
sílica. U m a série de m é t o d o s s i m p l e s m e n t e d e s p r o t e i n i z a m , c o m ed. New York: McGraw-Hill, 2001:115-53.
488 PARTE IV Analitos
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6. Kulke MH, Mayer RJ. Carcinoid tumors. N EnglJ Med 1999;340: 12. Rosano TG, Swift TA, Hayes LW. Advances in catecbolamine and
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Blackwell Science, 2006.
A
PÍ
TUL
O 27
Vitaminas e Elementos-Traço*
Alan Shenkin, Ph.D., F.R.C.P., F.R.C.Path.,
e Malcolm Baines, F.R.S.C., F.R.C.Path.
S
traço.
u p r i m e n t o s a d e q u a d o s de v i t a m i n a s e elementos-traço são
10. Descrever as exigências da coleta de amostras para elementos-
f u n d a m e n t a i s para a m a n u t e n ç ã o da saúde e o desenvolvi-
traço.
m e n t o h u m a n o (http://www.iom.edu). 2 ' 6 A Tabela 27-1
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES resume a ingestão dietética r e c o m e n d a d a (RDA) estabelecida n o s
Estados U n i d o s da América e as recomendações para ingestão de
A p o e n z i m a : A porção protéica de u m a enzima que necessita de
nutrientes p o r populações (da c o m u n i d a d e européia) de vitami-
u m a coenzima.
nas e elementos-traço. As conseqüências de u m a ingestão inade-
A v i t a m i n o s e : U m a doença, descrita c o m o u m a s í n d r o m e da
quada de elementos-traço são mostradas na Figura 27-1.
deficiência, resultante da carência de v i t a m i n a .
C o e n z i m a : U m a substância difusível e termoestável o u
molécula orgânica (algumas vezes derivada de u m a
vitamina) de baixo peso molecular que, q u a n d o c o m b i n a d a VITAMINAS
c o m u m a proteína inativa d e n o m i n a d a apoenzima, f o r m a Vitaminas são compostos orgânicos necessários na dieta para a
u m c o m p o s t o ativo ou u m a enzima completa d e n o m i n a d a saúde, o crescimento e a reprodução. 1 ' Historicamente, os grupos
holoenzima com f u n ç ã o catalítica em u m sistema vitamínicos são representados por u m algarismo arábico subs-
enzimático. crito após u m a letra para designar similaridades estruturais ou
Co-fator: U m reagente natural, u s u a l m e n t e u m íon metálico ou funcionais (p. ex., A j [retinol] e A2 [3-diidrorretinol]) o u para
u m a coenzima, necessário a u m a reação catalítica. indicar a o r d e m aproximada em que são identificados c o m o
E l e m e n t o - t r a ç o : Molécula inorgânica e n c o n t r a d a em tecidos m e m b r o s d o c o n h e c i d o complexo B (p. ex., Bi [tiamina] e B 2
h u m a n o s o u animais em concentrações expressas e m [riboflavina]. N o m e s químicos usuais são utilizados. Esses fre-
miligrama por quilograma, ou inferior. q ü e n t e m e n t e refletem a presença de algum átomo específico
E l e m e n t o - u l t r a t r a ç o : Molécula inorgânica e n c o n t r a d a e m (tiamina), grupo f u n c i o n a l principal (piridoxamina), ou m e s m o
tecidos h u m a n o s o u animais em concentrações expressas u m a grande p a r t e da estrutura molecular (filo^uinorui). Partes de
e m micrograma p o r quilograma, ou inferior. alguns n o m e s refletem propriedades f u n c i o n a i s (colecalciferol).
E s t a d o N u t r i c i o n a l : A condição do corpo relacionada à U m a outra classificação está associada à solubilidade relativa
nutrição, geralmente, o u em referência a u m n u t r i e n t e das vitaminas. Aquelas do grupo li£>ossofúuEl (A, D, E e K) são
específico, c o m o u m elemento-traço. mais solúveis em solventes orgânicos, e n q u a n t o as d o complexo
H i p e r v i t a m i n o s e : U m a condição n ã o saudável resultante do B e a vitamina C são Ímirosíoiúwis. Esse f r a c i o n a m e n t o geral
excesso de vitamina. baseado n a solubilidade é útil n ã o apenas para registrar proprie-
H i p o v i t a m i n o s e : U m a condição n ã o saudável resultante da dades físicas gerais, mas t a m b é m c o m o u m lembrete de que as
carência de vitamina, intercambiável c o m a avitaminose. vitaminas hpossolúveis são (1) absorvidas, (2) transportadas e (3)
H o l o e n z i m a : O composto f u n c i o n a l (isto é, cataliticamente armazenadas por longos períodos. A maioria das vitaminas
ativo) f o r m a d o pela combinação de u m a apoenzima e u m a hidrossolúveis é m e n o s retida e mais excretada na urina. E m
coenzima apropriada. geral, as vitaminas hidrossolúveis f u n c i o n a m c o m o coenzimas
para diversas reações enzimáticas i m p o r t a n t e s de mamíferos e
microrganismos. E m contraste, as vitaminas lipossolúveis geral-
O autor agradecidamente reconhece as contribuições prévias de Donald B.
McCoTmíck, Harry L. Green, George G. Klee e David B. Milne, nas quais se m e n t e n ã o f u n c i o n a m c o m o coenzimas e são r a r a m e n t e utilizadas
baseiam partes deste capítulo. p o r microrganismos.
TABELA 27-1 Ingestões Oral e Intravenosa de Micro nutrientes por Adultos13
Nutrição parenteral
RDA (USA) PRI (Europa) Quantidade e m 2.000 kcal Ingestão IV
VITAMINAS
Apfl 900 700 1.000-2.160 1000
D ng 5-15 0-10 8,5-14,6 5
E mg 15 0,4/g PUFA 20-64 10
KMA 120 100-200 150
Tiamina mg 1,2 1,1 1,4-3,4 6
Riboílavina mg 1,3 1,6 2-6 3,6
Pirodoxina mg 1,3 1,5 2-13,8 6
Niacina mg 16 18 18-45 40
Folato jjg 400 200 340-880 600
B12 ng 2 1,4 3-15 5
Ácido panflotêriico ng 5* 2-12 1 7-20 15
Biotina fig 30* 15-100 100-660 60
Ácido ascórbico mg 00 45 100-300 200
ELEMENTOS-TRAÇO
Zinco mg 11 9,5 13-36 3,2-6,5
Cobre mg 0,9 1,1 2-3,4 0,3-1,3
Selênio pg 55 55 30-130 40-100
Cromo ng 25 30-200 10-20
Molibdênio pg 45* 74-240 19
Magnésio mg 2-3* 1-10 1 2,4-8 0,05-0,2
Funções teciduais
ótimas com estoque
corporal (se
existente) repleto
i
Mobilização de
estoques (se
existente]
Conteúdo
intracelular reduzido
4,
Funções
bioquímicas Atividade enzimática intracelular reduzida
debilitadas - efeitos metabólicos
- sistemas antioxidantes
Expressão/regulação gènica
Efeitos funcionais
inespeclficos Curto prazo: Efeitos cognitivos
Fadiga/capacidade laboral
Funções imunológicas
X
Morte
Sintomas de
N o m e Químico Deficiência ou E n s a i o s Diretos e
Nome Comum Trivial Funções Gerais Doença Indiretos
LIP0SS0LÚVEIS
Vitamina A Retinol, retinal, ácido Visão, crescimento, reprodução Nictalopia, xeroftalmia, Fotométrico, HPLC,
retinóico queratomalácia fluorimétrico, RIA
Vitamina D2, D3 Ergocalciferol Modulação do metabolismo de Raquitismo (jovem), CPB, HPLC, RIA
Colecalciferol Ca2+, calcificação dos ossos osteomalácia (adulto)
e dentes
Vitamina E Tocaferóis, tocotrienóis Antioxidantes de lipídios Peroxidação lipídica, incluindo Fotométrico. HPLC, hemólise
insaturados, funções fragilidade das células de eritrócito
neurológicas e reprodutivas vermelhas, anemia hemolítica
(prematuros, recám-nascidos)
Vitamina K,, K2 Filoquinonas Coagulação sanguínea, Tempo de coagulação aumentada, HPLC, protrombina,
Menaquinonas osteocalcinas tempo de RIA, doença (pratrombina anormal, teste
hemorrágica (recém-nascido) de PIVKA)
HIDROSSOLÚVEIS
Vitamina B, Tiamina Metabolismo de carboidratos, Beribéri, Síndrome de Fluorimétrico, transcetolase,
funções nervosas, Wernicke-Korsakoff HPLC
Vitamina B2 Ribollavina Reações de oxidação-redução Estomatite angular, Fluorimétrico, HPLC, glutationa
dermatite, fotofobia redutase
Vitamina BE Pirodoxina, piridoxal, Metabolismo de aminoácidos, Convulsões epileptiformes, HPLC, aspartato transaminase,
piridoxamina fosfolipídios e glicogênio dermatite, anemia ácido piridóxico urinário
hipocrômica
Niacina Ácido nicotínico, Reações de oxidação-redução Pelagra Fluorimétrico, HPLC,
nicotinamida coenzimas niacinamida e
nicotinamida
Ácido folico Ácido Pteriolglutâmico Biossíntese de ácidos nucléicos Anemia megaloblástica, CPB, microbiológico,
e aminoácidos defeitos do tubo neural homocisteína
Vitamina B12 Cianocobalamina Metabolismo de aminoácido e Anemias megaloblástica e CPB, microbiológico, RIA,
cetoácido de cadeira perniciosa, neuropatia metiimalonato
ramificada
Biotina Reações de carboxilação Dermatite Microbiológico, CPB,
carboxilase, ligação de avidina
Ácido pantotênico Metabolismo geral, transferência Síndrome do ardor nos pés Microbiológico, RIA, CPB/HPLC
de grupas acetil e acil
Vitamina C Ácido ascórbico Formação do tecido conjuntivo, Escorbuto Fotométrico, HPLC, enzimático
antioxidante
HPLC, cromatografia Uquida de dito eficiência, RIA, radioímitinoensaia; CPB, ligação competiva de frateína, teste de PIVKA, frroietnós i-nduridas om enfoluídas no antagonismo ou
ausência de uituTTiírui K.
A Tabela 27-2 fornece u m a lista das 13 vitaminas conhecidas ésteres de retinil, p a r t i c u l a r m e n t e o palmitato. N a família da
e os grupos vitaméricos essenciais para os h u m a n o s . vitamina A estão incluídos alguns carotenóides da dieta (compos-
tos poliisoprenóides C40) q u e são classificados c o m o provita-
Vitamina A mina A, pois são clivados biologicamente para produzir retinol.
A vitamina A exerce muitas f u n ç õ e s importantes no c o r p o , t e n d o Exemplos são a-caroteno, p-caroteno e p-criptoxantina. O s com-
papel de particular significado n a visão. postos de vitamina A são óleos amarelados ou sólidos com baixo
p o n t o de fusão ( d e p e n d e n d o da pureza d o isômero), que são
Química praticamente insolúveis em água, mas solúveis em solventes orgâ-
V i t a m i n a A é o t e r m o nutricional para o grupo de compostos nicos e óleo mineral.
c o m estrutura f o r m a d a de 20 carbonos c o n t e n d o u m anel de
cicloexenil (anel p-ionona) metil-substituido e u m a cadeia lateral Fontes Dietéticas
isoprenóide (Figura 27-2), com u m g r u p a m e n t o hidroxil (retinol), A vitamina A pré-formada é obtida de alimentos de origem
u m grupo aldeído (retinal), u m g r u p a m e n t o carboxílico (ácido animal, tais c o m o (1) fígado, (2) outros órgãos formados p o r
retinóico) ou u m g r u p a m e n t o éstei (éster de retinil) n o c a r b o n o músculos e (3) óleos de peixe. O u t r a s fontes são creme de leite
terminal C 1 5 . O retinol, o principal v i t ã m e r o da v i t a m i n a A, integral, manteiga e margarinas fortificadas. As pró-vitaminas A
será oxidado reversivelmente a retinal - que c o m p a r t i l h a todas carotenóides são obtidas de frutas e vegetais c o m pigmentos
as atividades biológicas d o retinol - ou sofrer posterior oxidação amarelo-alaranjados e de vegetais c o m folhas verdes. O U. S.
a ácido retinóico, q u e d e m o n s t r a parte de sua atividade biológica. N a t i o n a l H e a l t h a n d N u t r i t i o n E x a m i n a t i o n Survey ( N H A N E S -
As formas principais de a r m a z e n a m e n t o de vitamina A são os II) indicou que a p r o x i m a d a m e n t e 2 5 % das necessidades de vita-
492 PARTE IV Analitos
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Figura 2 7 - 2 Formas vitamínicas de A 1 ; A 2 e {3-caroteno
1tdu Mi<
m i n a A são fornecidos pelos carotenóides e cerca de 7 5 % , pelo Figura 2 7 - 3 Participaçao de vitâmeros A no ciclo visual.
retinol pré-formado.
gica similar ao RRR-a-tocoferol (anteriormente D-a-tocoferol). É trado a associação entre a r e d u ç ã o na ingestão de vitamina E (e
i m p o r t a n t e t a m b é m notar que R R R se refere às posições 2, 4 e 8 outros fatores da dieta) e u m a u m e n t o n a incidência de doença
de R na cadeia de Tocoferol. O s prefixos gregos a , (3, y e 5 indicam crônica, p a r t i c u l a r m e n t e em doenças cardiovasculares e câncer.
a presença o u ausência de g r u p a m e n t o s metil nas posições 5 e 7 Entretanto, a maioria dos estudos que avaliam a s u p l e m e n t a ç ã o
(Figura 27-4). Tocoferóis e tocotrienóis são (1) óleos viscosos à tem f a l h a d o ao tentar d e m o n s t r a r q u a l q u e r benefício.
temperatura ambiente, (2) lipossolúveis e (1) insolúveis em solu-
ções aquosas. Na ausência de oxigênio, os tocoferóis e tocotrienóis Necessidades e Recomendações para a ingestão
t a m b é m são estáveis e m a m b i e n t e ácido e quente, mas sensíveis de Nutrientes
ao oxigênio em soluções alcalinas e n a luz ultravioleta. A q u a n t i d a d e diária necessária de vitamina E está relacionada
com o c o n t e ú d o celular de ácidos graxos poliinsaturados. Acre-
Fontes Dietéticas dita-se q u e a necessidade m í n i m a de v i t a m i n a E para adultos é
As principais fontes dietéticas de vitamina E são (1) óleos e gor- de 3 a 4 m g / d i a para aqueles que c o n s o m e m u m a q u a n t i d a d e
duras, particularmente óleos de germe de trigo e óleo de girassol, m í n i m a de ácidos graxos essenciais n a dieta. Entretanto, a R D A
(2) grãos e (3) nozes. Carnes, frutas e vegetais c o n t r i b u e m p o u c o de v i t a m i n a E para adultos foi a u m e n t a d a , n o ano 2000, pelo
para o f o r n e c i m e n t o de v i t a m i n a E. O gama-tocoferol é a princi- Food a n d N u t r i t i o n Board dos Estados U n i d o s de 10 para 15
pal f o i m a de vitamina E e n c o n t r a d a em diversas sementes utili- m g / d i a . 4 A maioria das recomendações para a ingestão européia
zadas n a dieta nos Estados U n i d o s , mas está presente em apenas está relacionada à ingestão de ácidos graxos poliinsaturados. U m a
u m q u a r t o a u m d é c i m o da concentração de a-tocoferol n o outra modificação nas novas recomendações é de que as necessi-
plasma h u m a n o . dades diárias devem ser alcançadas apenas pelo RRR-a-tocoferol,
u m a vez q u e as outras formas de v i t a m i n a E n ã o são convertidas
Absorção, Transporte, Metabolismo e Excreção em a-tocoferol, s e n d o p o b r e m e n t e reconhecidas pela proteína
N a presença da bile, a vitamina E é absorvida n o intestino transportadora de a-tocoferol n o fígado.
delgado. A maioria das formas de vitamina E é absorvida de
maneira não seletiva e excretada nas partículas de quilomícrons. Deficiência
Essas são transportadas para os tecidos periféricos (principal- Recém-nascidos p r e m a t u r o s e c o m baixo peso são particular-
m e n t e o adiposo) com o auxílio da lipoproteína lípase. O fígado m e n t e suscetíveis ao desenvolvimento de deficiência de v i t a m i n a
absorve os quilomícrons remanescentes, o n d e o a-tocoferol é E, u m a vez que a transferência placentária é pobre e os recém-
i n c o r p o r a d o à lipoproteína de densidade m u i t o baixa (VLDL). A nascidos possuem q u a n t i d a d e s limitadas de tecido adiposo. O s
vitamina E é excretada pela bile e n a u r i n a c o m o ácido tecoferô- sinais da deficiência incluem (1) irritabilidade, (2) edema e (3)
nico e seu conjugado (3-glicuronídeo. anemia hemolítica. Apesar de os sintomas da deficiência de vita-
m i n a E serem raros e m crianças e adultos, a deficiência ocorre
em algumas condições. Estados de m á absorção de lipídios, c o m o
Funções na fibrose cística e n a colestase crônica em crianças, são conhe-
A v i t a m i n a E é considerada necessária para (1) funções neuroló- cidos causadores de n e u r o p a t i a e a n e m i a hemolítica, assim c o m o
gicas e reprodutivas, (2) proteção de célula vermelha c o n t r a hemó- da d e s o r d e m genética a b e t a l i p o p r o t e m e m i a (as (Mipoproteínas
lise, (3) prevenção de retinopatia em recém-nascidos p r e m a t u r o s são t r a n s p o r t a d o r a s de v i t a m i n a E).
e (4) inibição de reações e m cadeias de radicais livres da peroxi-
dação de lipídios. Essa última ocorre, principalmente, com os Toxicidade
ácidos graxos poliinsaturados dos fosfolipídios de m e m b r a n a . O s O excesso da ingestão de v i t a m i n a E é u s u a l m e n t e atingido
tocoferóis e tocotrienóis i n i b e m f o r t e m e n t e a peroxidação de apenas p o r suplementação n a dieta e p o d e causar deficiência das
lipídios p o r q u e eliminam radicais peroxil e m velocidades supe- vitaminas D c K, p o r competição pela absorção. U m a revisão
riores àquelas que esses radicais livres reagem com a cadeia de detalhada sobre a ; tolerância e a segurança da vitamina E sugeriu
ácido graxo adjacente o u com as proteínas de m e m b r a n a . O s que a ingestão de até 3 . 0 0 0 m g / d i a é segura Efeitos colaterais
radicais tocoferil e tocotrienil resultantes p o d e m e n t ã o reagir com reversíveis, c o m o (1) sintomas gastrointestinais, (2) creatinúria
outros radicais peroxil para produzir tocoferonas (não são radicais elevada e (3) inibição da coagulação sanguínea, têm sido obser-
livres) ou ser regenerados pela transferência de u m elétron para vados para ingestões entre 1.000 e 3.000 m g / d i a . O Food a n d
o ascorbato, f o r m a n d o o radical ascorbil. Assim, as vitaminas E N u t r i t i o n Board dos Estados U n i d o s t e m r e c o m e n d a d o q u e o
e C agem sinergisticamente para diminuiT a peroxidação de lipí- limite m á x i m o tolerável de ingestão de v i t a m i n a E seja de 1.000
dios (Figura 27-5). Muitas avaliações epidemiológicas têm mos- jig/dia para adultos com 19 anos ou mais. 4
COOH
© 0
/
Radical livre Radical livre Vitamina E
de ascorbato \ \ // TocH o Radical peroxil
de ascorbato
\ / o
(da peroxidação de lipídios)
Desidroascorbsco
/ \ ©
V-\=/'w'00H
Ascorbato Toe " Radical q H i d r o p e r ó x i d o de lipídio
tocoferil
OH
Figura 2 7 - 5 Ação sinérgica entre a v i t a m i n a E e o ácido ascórbico na quebra da reação em cadeia de radicais.
Vitaminas e Elementos-Traço CAPÍTULO 2 7 495
^ T T I
CH3
dente de mDPH
NADP
<£>
Mil
Avaliação Laboratorial do Estado (li
Por a p r e s e n t a r c o n c e n t r a ç õ e s plasmáticas r e l a t i v a m e n t e baixas
( a p r o x i m a d a m e n t e 5 0 vezes inferiores às de v i t a m i n a D e 10 3 vezes
o ei
mais baixas d o q u e as das v i t a m i n a s A e E), a v i t a m i n a K s e m p r e HjC >r -s
l l
r e p r e s e n t o u u m desafio d o p o n t o de vista analítico. C o n s e q ü e n -
t e m e n t e , a avaliação d a presença de vi t ami na K t r a d i c i o n a l m e n t e d)H ÍH
foi acessada d e m a n e i r a f u n c i o n a l , p r i m a r i a m e n t e pelo efeito da Tiamina pirofosfaco
v i t a m i n a n o t e m p o d e coagulação. O t e m p o de p r o t r o m b i n a (PT)
Figura 2 7 - 8 Tiamina e a coenzima pirofosfato.
é analisado pela adição de t r o m b o p l a s t i n a tecidual ao plasma
Vitaminas e Elementos-Traço CAPÍTULO 2 7 497
e m concentrações superiores. A tiamina absorvida é fosforilada oftalmoplegia, (7) edema (beribéri úmido), (8) desgaste muscular
n a célula, p r i n c i p a l m e n t e a pirofosfato, mas, d o lado seroso, 9 0 % (beribéri seco), (9) taquicardia e (10) coração a u m e n t a d o . E m
da tiamina transferida está na f o r m a livre. A tiamina é transpor- recém-nascidos, os s i n t o m a s aparecem r e p e n t i n a m e n t e e são
t a d a pelo sangue portal até o fígado. A vitamina livre ocorre n o graves, u s u a l m e n t e envolvendo falha cardíaca e cianose.
plasma, m a s a T P P é o c o m p o n e n t e celular primário. Aproxima- A deficiência de tiamina ocorre por (1) ingestão i n a d e q u a d a
d a m e n t e 3 0 m g são armazenados pelo corpo, sendo 8 0 % como decorrente de dietas d e p e n d e n t e s de grãos beneficiados e n ã o
pirofosfato, 10% c o m o trifosfato e o restante como t i a m i n a e seu enriquecidos, c o m o arroz e trigo, e (2) ingestão de peixes crus
m o n o f o s f a t o . As três enzimas teciduais conhecidas p o r participa- c o n t e n d o tiaminases microbianas. O alcoolismo crônico geral-
rem n a f o r m a ç ã o dos ésteres d e fosfato são (1) tiaminoquinase, m e n t e leva à deficiência de tiamina causada pela redução da
(2) TPP-adenosina trifosfato (ATP) fosforil transferase (5'-adeni- ingestão, d i m i n u i ç ã o na absorção e estoques reduzidos e, clinica-
lico q u i n a s e citossólica) e (3) tiamina trifosfatase. mente, p o d e levar à s í n d r o m e de Wernicke-Korsakoff. O u t r o s
Cerca da m e t a d e dos estoques corporais é e n c o n t r a d a nos grupos de risco incluem (1) aqueles que recebem nutrição paren-
músculos esqueléticos, sendo o restante em maior parte distribu- tal total (TPN) sem a s u p l e m e n t a ç ã o adequada de tiamina, (2)
ído entre coração, fígado, rins e tecidos nervosos (incluindo o pacientes idosos utilizando diuréticos e (3) pacientes que fazem
cérebro, q u e c o n t é m a maior parte do trifosfato). A meia-vida diálise por m u i t o tempo.
estimada d a tiamina é de 9,5 a 18,5 dias.
Toxicidade
Funções N ã o são conhecidos relatos de efeitos adversos por c o n s u m o
A tiamina é necessária ao organismo c o m o pirofosfato (TPP) para excessivo de tiamina de alimentos e s u p l e m e n t o s (suplementos
dois tipos gerais de reação: (1) descarboxilação oxidativa de 2- de 50 m g / d i a são a l t a m e n t e disponíveis sem prescrições).
oxiácidos catalisada p o r complexos de desidiogenases e (2) for-
mação de 2-cetóis (cetoses) catalisada pela transcetolase. A T P P Avaliação Laboratorial do Estado
f u n c i o n a c o m o u m a coenzima c o o r d e n a d a ao Mg2+ n a conhecida C o m o a f u n ç ã o biológica básica da tiamina é a de agir c o m o co-
transferência de "aldeído ativo" e m complexos múltiplos enzimá- f a t o r de pirofosfato e m vários sistemas enzimáticos, duas estraté-
ticos que afetam a conversão descarboxilativa dos ácidos 2-oxiá- gias diferentes de avaliação do estado são utilizadas. E m u m a , o
cidos para os derivados da acetil-coenzima A (acil-CoA), tal c o m o analito, livre ou fosforilado, é d o s a d o d i r e t a m e n t e e m u m f l u i d o
na piruvato desidrogenase e n a 2-oxoglutarato desidiogenase. corporal ou e m u m tecido apropriado. N a segunda, as proprie-
Essas geralmente estão localizadas na mitocôndria, o n d e são efi- dades de co-fator enzimático são exploradas n u m ensaio funcio-
c i e n t e m e n t e utilizadas n o ciclo de Krebs (ciclo dos ácidos tricar- nal. A m b a s as estratégias têm vantagens e desvantagens, mas u m
boxílicos). consenso sobre qual é a mais útil ainda n ã o foi alcançado; as duas
A transcetolase é u m a enzima d e p e n d e n t e de TPP e n c o n t r a d a são provavelmente complementares, cada u m a a p r e s e n t a n d o
n o citosol d e células d e diversos tecidos, especialmente fígado e alguma, mas n ã o todas, as informações necessárias para avaliar a
células do sangue, o n d e as principais vias metabólicas de carboi- tiamina a d e q u a d a m e n t e .
dratos o c o r r e m . N a via das pentoses fosfato, q u e a d i c i o n a l m e n t e A enzima mais c o m u m e n t e utilizada para o ensaio f u n c i o n a l
s u p r e m q u a n t i d a d e s de n i c o t i n a m i d a adenina dinucleotídeo é a transcetolase, e estão disponíveis variados m é t o d o s para a sua
fosfato reduzidas (NADPH), necessárias para as reações de bios- dosagem. N o p r o c e d i m e n t o de Brin, as atividades das formas
síntese, essa enzima catalisa a transferência reversível da porção holo e apo de transcetolase de eritrócitos h e m o h s a d o s são
glicoaldeídica dos dois primeiros carbonos de u m a cetose fosfato medidas antes e depois da adição de TPP. O teste de ativação da
d o a d o r a para u m c a r b o n o aldeídico de u m a aldose fosfato. transcetolase é feito em d u a s etapas: u m a m e d e a atividade basal,
e a outra, o grau e m que a atividade basal é a u m e n t a d a pela T T P
Necessidades e Recomendações para Ingestão de exógena, e cada u m a é i n f l u e n c i a d a p o r diferentes fatores. Existem
Nutrientes evidências de que, e m estados de deficiência crônica, a síntese de
C o m o a t i a m i n a é necessária para o metabolismo de carboidra- a p o e n z i m a p o d e diminuir. E m estudos comparativos das concen-
tos, gorduras e álcool, existe u m a correlação direta e n t r e a neces- trações de T P P em eritrócitos, as melhores correlações são obtidas
sidade e a q u a n t i d a d e de ingestão de alimento metabolizável. com a atividade basal, e n ã o com o coeficiente de ativação.
Existe u m a necessidade maior e m situações nas quais o metabo- A dosagem direta da c o n c e n t r a ç ã o de tiamina circulante p o d e
lismo está a u m e n t a d o (p. ex., e m condições normais de a u m e n t o ser feita n o plasma, nos eritrócitos ou n o sangue total. Acredita-
de atividade muscular, gravidez ou lactação, ou em casos anor- se que a concentração n o plasma ou n o soro reflete a ingestão
mais de febre prolongada, pós-trauma e hipertireoidismo). Sinais recente e é, principalmente, t i a m i n a n ã o fosforilada e e m baixas
clínicos da deficiência em adultos são evitados com ingestões de concentrações (em torno de 10 a 20 n m o l / L ) . C o m o o eritrócito
tiamina superiores a 0,15 a 0,2 m g / 1 . 0 0 0 kcal, m a s 0,35 a 0,4 c o n t é m a p r o x i m a d a m e n t e 8 0 % d o total de tiamina do sangue
m g / 1 . 0 0 0 kcal p o d e m estar mais próximos da q u a n t i d a d e neces- total maioritariamente c o m o pirofosfato, e os estoques dos eri-
sária para m a n u t e n ç ã o da excreção urinária e para a atividade d e trócitos são depletados e m taxas similares a outros órgãos princi-
transcetolase de eritrócito d e p e n d e n t e de T P P d e n t r o dos inter- pais, a dosagem de T P P e m eritrócitos, por H P L C , é u m b o m
valos de referência normais. A R D A atual é 1,2 m g / d i a para indicador de estoques corporais. M é t o d o s típicos e m p r e g a n d o a
adultos d o sexo masculino e 1,1 m g / d i a para mulheres. Necessi- H P L C incluem (1) u m a etapa d e precipitação de proteínas, (2)
dades adicionais são r e c o m e n d a d a s na gravidez e lactação. 2 formação do f l u o r ó f o r o t i o c r o m o pré- ou pós-coluna, u s u a l m e n t e
com ferricianeto alcalino e (3) separação isocrática. Amostras de
Deficiência sangue total p o d e m ser analisadas de maneira similar para eritró-
Beribéri é a doença resultante da deficiência de t i a m i n a . Sinais citos lavados.
clínicos da deficiência de t i a m i n a envolvem, p r i m a r i a m e n t e , os
sistemas nervoso e cardiovascular. N o adulto, os s i n t o m a s mais Intervalos de Referência
f r e q ü e n t e m e n t e observados, são: (1) c o n f u s ã o m e n t a l , (2) anore- Algumas orientações de intervalos de referência para a atividade
xia, (3) fraqueza muscular, (4) ataxia, (5) paralisia periférica, (6) da transcetolase de eritrócito são de 0,75 a 1,30 U / g H b (48,4 a
498 PARTE IV Analitos
Química Funções
V i t a m i n a B z refere-se à r i b o f l a v i n a e seus m e t a b ó l i t o s relaciona- As coenzimas de r i b o f l a v i n a são aptas a participar d e processos
dos, q u e a t u a m c o m o co-fatores de diversas enzimas envolvidas de t r a n s p o r t e d e u m e d e dois e l é t r o n s e têm u m p a p e l central
e m reações d e redução-oxidação. O c o m p o s t o p a r e n t a l , ribofla- n o a c o p l a m e n t o da via d e o x i d a ç ã o d e dois elétrons da m a i o r i a
vina (7,8-dimetil-10-[r-D-ribitil]isoaloxazina) é u m c o m p o s t o dos substratos p a r a a t r a n s f e r ê n c i a d e u m e l é t r o n d a cadeia res-
a m a r e l o f l u o r e s c e n t e . Seu p a p e l fisiológico p r i n c i p a l é a t u a r piratória, e s t a n d o , assim, envolvidas n a p r o d u ç ã o d e energia.
c o m o p r e c u r s o r d e F M N (riboflavina-5'-fosfato) e FAD. A forma- A d i c i o n a l m e n t e , as f l a v o p r o t e í n a s catalisam reações d e (1) desi-
ção d o F M N , pela ação da f l a v i n o q u i n a s e , se d á pela fosforilação drogenações, (2) hidroxilações, (3) descarboxilações oxidativas,
d e r i b o f l a v i n a , e o F A D é f o r m a d o pela ação de F A D sintase, a (4) desoxigenações e (5) r e d u ç õ e s d e oxigênio a p e r ó x i d o d e
partir de F M N e A T P (Figura 27-9). As flavinas são termoestáveis, h i d r o g ê n i o . O u t r a s f u n ç õ e s i m p o r t a n t e s da r i b o f l a v i n a i n c l u e m
p o r é m são sensíveis à luz. o m e t a b o l i s m o d e drogas e m c o n j u n ç ã o c o m enzimas c i t o c r o m o
P-450 e o m e t a b o l i s m o d e lipídios.
Fontes Dietéticas As flavinas t a m b é m a p r e s e n t a m atividades pró-oxidativas e
F o n t e s ricas das f o r m a s da c o e n z i m a são o fígado, r i m e o c o r a ç ã o . antioxidativas. Acredita-se q u e essas c o n t r i b u e m p a r a a u m e n t a r o
M u i t o s vegetais t a m b é m c o n s t i t u e m boas fontes, assim c o m o o estresse oxidativo, peta c a p a c i d a d e de p r o d u z i r s u p e r ó x i d o e p o r
leite, mas os cereais a p r e s e n t a m baixo teor d e flavina. E n t r e t a n t o , catalisar a p r o d u ç ã o d e p e r ó x i d o d e h i d r o g ê n i o . C o m o anti-oxi-
as práticas a t u a i s d e f o r t a l e c i m e n t o e e n r i q u e c i m e n t o destes d a n t e , o F A D é u m a c o e n z i m a da g l u t a t i o n a Tedutase n a regene-
ú l t i m o s os fizeram c o n t r i b u i n t e s significantes d a d e m a n d a ração d e glutationa reduzida a p a r t i r de glutationa oxidada, neces-
diária. sária para a r e m o ç ã o de p e r ó x i d o s d e lipídios. A deficiência d e
riboflavina está associada ao a u m e n t o n a peroxidação d e lipídios.
Absorção, Transporte, Metabolismo e Excreção As flavinas t a m b é m t ê m a h a b i l i d a d e de d i m i n u i r as concentra-
A m a i o r q u a n t i d a d e de r i b o f l a v i n a d a dieta é c o n s u m i d a c o m o ções de homocisteína, s e n d o o F A D u m co-fator d a metilenote-
u m c o m p l e x o d e p r o t e í n a s d o s a l i m e n t o s c o m as c o e n z i m a s F M N t r a i d r o f o l a t o r e d u t a s e n a remetilação da h o m o c i s t e í n a .
e FAD. Essas c o e n z i m a s são liberadas da associação n ã o c o v a l e n t e
a p r o t e í n a s pela acidificação gástrica. A v i t a m i n a é absorvida, Necessidades e Recomendações para Ingestão de
p r i m a r i a m e n t e , pelo i n t e s t i n o d e l g a d o p r o x i m a l p o r u m transpor- Nutrientes
t a d o r saturável, d e m a n e i r a r á p i d a e p r o p o r c i o n a l à ingestão, A avaliação da n e c e s s i d a d e d e r i b o f l a v i n a é f u n d a m e n t a d a n a
a n t e s d e atingir u m p l a t ô e m d o s e s p r ó x i m a s a 27 m g de ribofla- relação e n t r e a ingestão e os sinais óbvios de (1) h i p o r r i b o f l a v i -
vina p o r dia. O s sais biliares a p a r e n t e m e n t e facilitam a a b s o r ç ã o . nose, (2) excreção d a v i t a m i n a pela u r i n a , (3) c o n t e ú d o de ribo-
O t r a n s p o r t e de f l a v m a s pela c o r r e n t e s a n g u í n e a h u m a n a envolve flavina e m eritrócitos e (4) atividade d e g l u t a t i o n a r e d u t a s e e m
a ligação f r o u x a à a l b u m i n a e f o r t e a várias globulinas, particu- eritTÓcitos. C o m base e m c o n s i d e r a ç õ e s c o m o essas, a R D A atual
l a r m e n t e i m u n o g l o b u l i n a s . A c a p t a ç ã o de r i b o f l a v i n a pelas foi f i x a d a e m 1,3 m g / d i a p a r a h o m e n s a d u l t o s e 1,1 m g / d i a para
células d o s ó r g ã o s é u m processo q u e r e q u e r u m c a r r e a d o r espe- m u l h e r e s . Necessidades a d i c i o n a i s são sugeridas n a gravidez e
lactação.
Deficiência
A deficiência de r i b o f l a v i n a é caracterizada por (1) d o r de gar-
ganta, (2) hipeTemia, (3) e d e m a s de m e m b r a n a s d a f ar i nge e d a
m u c o s a oral, (4) queilose, (5) e s t o m a t i t e angular, (6) glossite
(língua c o m coloração m a g e n t a ) , (7) d e r m a t i t e seborréica e (8)
a n e m i a n o r m o c í t i c a e normocTÔmica. E n t r e t a n t o , alguns desses
s i n t o m a s , c o m o glossite e d e r m a t i t e , q u a n d o e n c o n t r a d o s nesse
cenário, p o d e m ser r e s u l t a n t e s de complicações associadas a
o u t r a s deficiências.
A p e s a r de a r i b o f l a v i n a ser a m p l a m e n t e e n c o n t r a d a e m ali-
m e n t o s , m u i t a s pessoas vivem l o n g o s p e r í o d o s d e baixa ingestão,
e, c o n s e q ü e n t e m e n t e , sinais discretos d a deficiência são c o m u n s
e m m u i t a s partes d o m u n d o . E m adição à ingestão i n s u f i c i e n t e ,
FAD a deficiência f u n c i o n a l t e m s i d o i n d u z i d a p o r doenças, tais c o m o
h i p o t i r e o i d i s m o e insuficiência adrenal, q u e i n i b e m a conversão
Figura 2 7 - 9 Riboflavina e FMN como componentes do FAD, d e r i b o f l a v i n a às respectivas coenzimas. E m v i r t u d e da a m p l a
Vitaminas e Elementos-Traço CAPÍTULO 2 7 499
Aldeído
oxidíLse
Piíidoxamina Piridoxal *" Ácido pirídáxico Piridoxina
\ / \ /* Pi
/ \ /ATt>
lumasí
*.V
?r \ /"ATP
V
"A A-TA k
QuiruiSe Fosfatase uiitase
ADP ADP
Ja* ADP
H,0
Piridoxamina Piridoxal 5'- Piridoxina
5'-fosfaco fosfato 5 -fosfato
Obridose Oxida se
V- y
C o n c e n t r a ç õ e s de ácido metilmalônico inferiores a 376 mática pela m a n u t e n ç ã o de íons metálicos n a forma reduzida
n m o l / L têm sido consideradas aceitáveis em populações de (particularmente ferro e cobre). Exemplos são (1) protocolágeno
idosos nos Estados U n i d o s , assim c o m o as inferiores a 320 n m o l / hidroxilase, que hidroxila resíduos prolil e lisil e m peptídeos
L em u m g r u p o de indivíduos idosos alemães. nascentes, e m proteínas d o tecido conectivo, tais c o m o o colá-
geno (2) biossíntese de carnitina, n a qual atua c o m o co-fator para
Vitamina C - Ácido Ascórbico a 6-N-trimetil-lisina hidrolase e y-butirobetaína hid rolas e, (3)
A vitamina C (ácido L-ascórbico) participa como agente redutor degradação da tirosina via 4 - O H fenilpiruvato dioxigenase, (4)
de muitas reações b i o q u í m i c a s de hidroxilação. síntese de h o r m ô n i o s adrenais via d o p a m i n a (3-hidroxilase, (5)
biossíntese de corticosteróides e aldosterona, (6) hidroxilação d o
Química colesterol n a formação de ácidos biliares e (7) metabolismo do
O t e r m o vitamina C refere-se a todas as moléculas que exibem folato e funções leucocitárias.
propriedades antiescorbúticas e m h u m a n o s e inclui o ácido O ácido ascórbico é u m dos mais efetivos antioxidantes
ascórbico e a sua forma oxidada, o ácido diidroascórbico ( D H A ) hidrossolúveis e m fluidos biológicos e é fisiologicamente impor-
(Figura 27-13). O ácido L-ascóibico é a f o r m a enólica da 2-oxo- tante n a depuração de espécies reativas de oxigênio e de nitrogê-
L-gulofuranolactona, e a hidroxila enólica d o C 3 do anel tem u m nio. O radical ascorbil é relativamente estável, graças à estabiliza-
pKa de 4,2, responsável pela sua natureza ácida. As plantas e a ção da ressonância dos elétrons n ã o pareados. O ascorbato rege-
maioria dos animais possuem a habilidade de sintetizar a vita- nera outras moléculas antioxidantes pequenas, i n c l u i n d o (1) a -
mina a partir de D-glicose via lactonas do ácido D-glicurônico e tocoferol, (2) glutationa reduzida, (3) urato e (4) P-caroteno, a
ácidos de L-gulônicos. O s h u m a n o s e outros mamíferos, entre- partir dos seus respectivos radicais, e p o d e p o r t a n t o prevenir
tanto, n ã o possuem a L-gulonolactona oxidase, a enzima que d a n o s oxidativos a macromoléculas biológicas, i n c l u i n d o D N A ,
catalisa a formação de 2-oxo-L-gulonolactona, que espontanea- lipídios e proteínas.
m e n t e tautomeriza a ácido L-ascórbico. Então, a sua ingestão
diária p o r h u m a n o s e alguns mamíferos é essencial. Necessidades e Recomendações para Ingestão de
Nutrientes
Fontes Dietéticas A q u a n t i d a d e necessária de v i t a m i n a C pata aliviar e curar os
Excelentes fontes de vitamina C são (1) frutas cítricas, (2) bagas, sinais clínicos do escorbuto é apenas de 10 m g / d i a , que é, pro-
(3) melões, (4) tomatesj (5) p i m e n t a s verdes, (6) brócolis, (7) vavelmente, p r ó x i m o da necessidade m í n i m a h u m a n a . Essa quan-
couve de Bruxelas e (8) vegetais de folhas verdes. tidade, entretanto, n ã o é a d e q u a d a para m a n t e r a concentração
próxima à saturação dos tecidos em h o m e n s adultos ou m a n t e r
Absorção, Transporte, Metabolismo e Excreção o estado nutricional ótimo. A recomendações atuais do Institute
A absorção gastrointestinal d o ácido ascórbico ocorre, em baixas of M e d i c i n e dos Estados Unidos 11 são R D A de 90 m g / d i a para
concentrações, por transporte ativo d e p e n d e n t e de sódio e, em h o m e n s adultos e de 75 m g / d i a para mulheres, c o m o a u m e n t o
altas concentrações, p o r d i f u s ã o simples. O ácido ascórbico da dose d u r a n t e a gravidez e a lactação. Alguns grupos especiais,
absorvido move-se r a p i d a m e n t e das células intestinais para o c o m o os f u m a n t e s , devem tomar 3 5 m g / d i a adicionais.
sangue, por difusão facilitada. A captação de ascorbato é mediada
p o r transportadores d e p e n d e n t e s de sódio e do D H A p o r difusão Deficiência
facilitada por transportadores de glicose. A vitamina C é encon- A deficiência prolongada de vitamina C leva à doença clássica
trada na maioria dos tecidos, mas os tecidos glandulares, c o m o d e n o m i n a d a escorbuto, que ainda é observada em diversos
(1) pituitária, (2) córtex adrenal, (3) c o r p o lúteo e (4) timo, países. O s grupos de risco mais i m p o r t a n t e s incluem (1) h o m e n s
c o n t ê m altas quantidades. A retina possui concentrações de 20 idosos, particularmente os de vida solitária, (2) d e p e n d e n t e s de
a 30 vezes superiores à plasmática. A concentração corporal total álcool, (3) f u m a n t e s , (4) aqueles c o m dieta desbalanceada, (5)
de vitamina C é de 2 g, e a meia-vida biológica, de cerca de 16 alguns pacientes com doenças mentais, (6) pacientes com insufi-
dias. A excreção do ascorbato n ã o m o d i f i c a d o cresce com o ciência renal submetidos à diálise peritoneal ou hemodiálise e (7)
a u m e n t o da dosagem, e as doses ingeridas superiores a 5 0 0 mg alguns pacientes com câncer. A carência de vitamina C leva à
são excretatdas quase t o t a l m e n t e e m 24 horas. D H A que n ã o é inabilidade n a formação a d e q u a d a da substância intercelular do
reciclável p o d e ser delactonizado irreversivelmente para ácido tecido conjuntivo e traz conseqüências c o m o o inchaço, fragili-
2,3-dicetogulõnico e, em seguida, degradado a ácido oxálico para dade e f r e q ü e n t e m e n t e hemorragias ou injúrias das juntas e de
excreção urinária. outras áreas, o n d e o tecido e s t r u t u r a l m e n t e e n f r a q u e c i d o n ã o
suporta a tensão. Alguns pacientes c o m escorbuto p o d e m desen-
Funções volver anemia, alterações radiológicas características de osteopo-
O ácido ascórbico age c o m o co-fator de diversas oxidases de rose ou m o r t e súbita por falha cardíaca. As doenças causadas pela
f u n ç ã o mista em processos n o s quais promove a atividade enzi- deficiência de vitamina C q u e p o d e m refletir sua atuação c o m o
antioxidante incluem (1) risco a u m e n t a d o de doenças coronaria-
nas, c o m o d e m o n s t r a d o e m coorte de h o m e n s finlandeses, e (2)
HO O o o a u m e n t o d o risco de m o r t e p o r infarto, em coorte de pessoas
^1 idosas britânicas.
i '<
I
T ,%
on H,C
i ^OH
Toxicidade
A vitamina C geralmente é b e m tolerada por pessoas saudáveis,
e ingestões suplementares de 2 a 4 g / d i a - c o m o as feitas p o r
ÍH il-I
algumas pessoas para prevenir ou m e l h o r a r o resfriado - geral-
wiliu L-UrCL 1 IICU Ácidos desidroascórbic m e n t e n ã o são arriscadas, e m b o r a sejam relatadas irritações do
trato gastrointestinal. O u t r o s efeitos adversos potenciais, mas
Figura 2 7 - 1 3 Ácidos L-ascórbico e desidioascórbico raros, incluem (1) a u m e n t o n a excreção de oxalato e formação
504 PARTE IV Analitos
de cálculos renais, (2) a u m e n t o na excreção urinária de ácido está principalmente ligada a proteínas. E m adição, alguma biotina
úrico, (3) absorção excessiva de ferro, (4) d i m i n u i ç ã o nas concen- está associada n ã o covalentemente c o m o u m complexo c o m a
trações de vitamina B n , (5) c o n d i c i o n a m e n t o sistêmico e (6) avidina, u m a proteína d a clara d o ovo.
escorbuto recorrente. Ingestões de q u a n t i d a d e s superiores a 200
m g / d i a levam a u m p e q u e n o a u m e n t o de concentrações plasmá- Fontes Dietéticas
ticas n o estado de equilíbrio e sugerem que a sobrecarga de Boas fontes de biotina incluem (1) fígado, (2) rim, (3) pâncreas,
vitamina C seja improvável. O limite máximo tolerável em adultos (4) ovos, (5) levedura e (6) leite. Grãos de cereais, frutas, a maioria
foi estipulado em 2 g / d i a . dos vegecais e carnes são fontes pobres.
Deficiência
A deficiência de biotina é tara, mas p o d e ser observada (1) com o
c o n s u m o prolongado de clara de ovo crua, (2) na T P N sem suple-
Figura 2 7 - 1 4 Biotina
mentação de biotina e (3) em pacientes com deficiência genética
Vitaminas e Elementos-Traço CAPÍTULO 2 7 505
d e biotinidase. As deficiências (1) e (2) p o d e m sofrer complicações f o r m a d o e é então reduzido a ácido diidrofólico (H2PteGlu ou
p o r efeitos n a microbiota intestinal q u e p r o d u z b i o t i n a . O s sinto- D H F / F H 2 ) o u a t e t r a i d r o f o l a t o ( H 4 P t e G l u ou T H F / F H 4 ) . A p e n a s
mas incluem (1) anorexia, (2) náusea, (3) vômito, (4) glossite, (5), as f o r m a s reduzidas são b i o l o g i c a m e n t e ativas. O s d e m a i s deriva-
palidez, (6) depressão e (7) d e r m a t i t e seca e escamosa. dos de folato a p r e s e n t a m m ú l t i p l o s resíduos d e ácido g l u t â m i c o
(H^PteGluj,). M ú l t i p l a s f o r m a s de ácido fólico são f o r m a d a s pela
Toxicidade substituição de g r u p o s f u n c i o n a i s , tais c o m o metil, formil, meti-
N ã o f o r a m r e l a t a d o s efeitos adversos da b i o t i n a q u a n d o ingerida l e n o , h i d r o x i m e t i l e o u t r o s n o s á t o m o s de n i t r o g ê n i o n o r e s í d u o
até 3 0 0 vezes o q u e se ingere n a dieta n o r m a l , c o m o o b s e r v a d o d e ácido pteróico, u s u a l m e n t e N 3 ou l i g a n d o N s c o m N l c . A
e m pacientes c o m deficiência d e b i o t i n i d a s e . forma principal é o 5-metiltetraidrofolato.
Á c i d o fólico Funções
As coenzimas d o folato, e m c o n j u n t o c o m as coenzimas derivadas
Figura 2 7 - 1 5 Esmitura do ácido fólico.
das v i t a m i n a s B12, B 6 e B 2 , são essenciais para m e t a b o l i s m o d e
506 PARTE IV Analitos
Dieta . H H NH2
I
Folato (F) . - H,C—S — C C—CH
| \
H H COOH
NADPH
©
+ H NADPH
© / Metionina
+ H ATP
Meti o ninei
Diidrofolato (FHi) -> Tetraidrofolato (FH4)
íideno.5ÍÍ
Dirncril
Serma PPi + Pi transferase
\ / "Ikiuü. ,
VitB6
S-Adenosil metionina
Glicina NP-Meril
N 5 ,N 10 -M etileno FH 4
FH4 transferose e ~ AceptoT
vitamina BJ2 Metil transferase
- Aceptor metilado
N5,N10-M etileno
/
FJHL redutase VitB,
S-Adenosil hornocisteína
N5-Metil FFI4
Adenosina
\ H H NHn
>.cl i IV. HS—C—C—CH
H2N h H,N H II II NH? -\
Cistationana \ I 1 1 /
H H V.OOH
H C — C — SH HC—Ç—S —C—C—CH Cistationina
Hornocisteína
Vit B * X
p-siriMiÊ
HOOC/ H HOOc/ h H H COOH
Vit Bfi
Cisteína Cistationina
+ NH? + a-Cetobutirato
d e h o m o c i s t e í n a e m m e t i o n m a . A variante h o m o z i g ó t í c a T T t e m
u m a i n c i d ê n c i a e m t o r n o d e 12% nas p o p u l a ç õ e s asiáticas e
OH "NH-,
caucasianas e u m a p e r d a de atividade enzimática d e cerca de t > 1
5 0 % , e n q u a n t o a v a r i a n t e heterozigótica C T tem u m a i n c i d ê n c i a ' I I xs-
' N''
d e até 5 0 % e m a l g u m a s p o p u l a ç õ e s . U m a o u t r a enzima envolvida
Ácido nicotínico (niacina) Nicotinamida (niacinamida)
n o m e t a b o l i s m o d e folato, a m e t i o n i n a sintase, t a m h é m apre-
senta dois p o l i m o r f i s m o s r e l a t i v a m e n t e prevalentes, apesar d e se
acreditar q u e esses sejam b e n i g n o s . Acredita-se q u e a a b s o r ç ã o NH,
d o folato, a p a r t i r de a l i m e n t o s c o n t e n d o p o l i g l u t a m i l folato, seja HO , 0 , OH N. , X -
r e d u z i d a p o r u m a v a r i a n t e da g l u t a m a t o c a r b o x i p e p t i d a s e II. A- " o o // "f
-o-H-o-H-o-, y - - s > '
r :
C
Toxicidade f y '\ <!>9 AH
N e n h u m efeito adverso tem sido r e l a t a d o pelo c o n s u m o d e ali-
m e n t o s f o r t i f i c a d o s c o m folato, assim, n e n h u m sinal d e toxici-
d a d e é associado à s u p l e m e n t a ç ã o de folato. Pelas l i m i t a d a s evi- a Coenzimas de pitidinas rmcleotídeos
)
V (1
i h
^^ J
vasodilatação ou " r u b o r " , u m a q u e i m a ç ã o ou sensação de formi- OH CH, N
í O
\/
g a m e n t o da face ( q u e p o d e ficar ruborizada), d o b r a ç o e d o peito,
H L ! : — C H J — O — P — O — P — O-
e acredita-se q u e é m e d i a d a p o r p r o s t a g l a n d i n a s . O u t r o s efeitos
w
CH 3 AH AH
colaterais d e t r a t a m e n t o s c o m altas doses de n i a c i n a são (1) í HN
p r u r i d o , (2) n á u s e a , (3) v ô m i t o e (4) diarréia, e m b o r a esses sinto-
m a s f r e q u e n t e m e n t e d i m i n u a m c o m terapia c o n t í n u a . O s sinto- Ó ÒH
l*
Avaliação Laboratorial do Estado
A t é o m o m e n t o , n e n h u m m a r c a d o r s a n g u í n e o é c o m u m e n t e uti- Figura 2 7 - 1 8 Pantotenato e 4'-fosfopanteteína como componente
lizado c o m o indicador d o e s t a d o de niacina. A maioria das avalia- de CoA.
Vitaminas e Elementos-Traço CAPÍTULO 2 7 509
Funções ELEMENTOS-TRAÇO
O ácido p a n t o t ê n i c o tem dois papéis m e t a b ó l i c o s p r i n c i p a i s (1) O t e r m o eíemento-traço era o r i g i n a l m e n t e utilizado para descrever
c o m o p a r t e da C o A e (2) c o m o g r u p o prostético d a p r o t e í n a a q u a n t i d a d e de analito i n o r g â n i c o residual d e t e r m i n a d o q u a n -
c a r r e a d o r a d e acil (ACP). N o p r i m e i r o papel, a C o A está p r i m a - t i t a t i v a m e n t e e m u m a a m o s t r a . M é t o d o s analíticos mais sensíveis
r i a m e n t e envolvida e m reações d e t rans ferênci a d e acetil e acil a t u a l m e n t e f o r n e c e m q u a n t i f i c a ç ã o mais a c u r a d a d a m a i o r i a d o s
e m processos catabóíicos de c a r b o i d r a t o s , lipídios e proteínas. m i c r o n u t r i e n t e s i n o r g â n i c o s presentes e m c o n c e n t r a ç õ e s m u i t o
E n q u a n t o p o r ç ã o 4 ' - f o s f o p a n t e t e í n a d a ACP, o g r u p o prostético, baixas e m f l u i d o s c o r p o r a i s e tecidos. A q u e l e s presentes e m
associado p o r ligação fosfodiéster, utiliza a e x t r e m i d a d e sulfidril f l u i d o s c o r p o r a i s ((.ig/dL) e e m tecido ( m g / k g ) são, e n t r e t a n t o ,
para trocar c o m m a l o n i l - C o A , para f o r m a r u m a ACP-S m a l o n i l a i n d a a m p l a m e n t e referidos c o m o "elementos-tiaço", e aqueles
tioéster, q u e tem a cadeia a l o n g a d a d u r a n t e a biossíntese d e e n c o n t r a d o s e m n g / d L o u |J.g/kg, c o m o " e l e m e n t o s - u l t r a t r a ç o " .
ácidos graxos. As necessidades dietéticas c o r r e s p o n d e n t e s são cotadas e m m g /
dia ou | i g / d i a , r e s p e c t i v a m e n t e . U m e l e m e n t o é c o n s i d e r a d o
Necessidades e Recomendações para Ingestão de essencial q u a n d o os sinais e s i n t o m a s i n d u z i d o s pela deficiência
Nutrientes dietética são u n i c a m e n t e revertidos p o r u m s u p r i m e n t o ade-
A AI foi estabelecida c o m o 5 m g / d i a p a r a i n d i v í d u o s acima de q u a d o de u m elemento-traço p a r t i c u l a r (Figura 27-19).
13 a n o s . D o s e s adicionais de 1 m g / d i a e 2 m g / d i a são sugeridas
p a r a m u l h e r e s grávidas e lactantes, respectivamente. 2 Considerações Analíticas
Fatores analíticos q u e devem ser c o n s i d e r a d o s nas dosagens d e
Deficiência elementos-traço i n c l u e m (1) a d e q u a ç ã o da a m o s t r a , (2) fatores
A extensa d i s p o n i b i l i d a d e d e á c i d o p a n t o t ê n i c o n o s a l i m e n t o s é pré-analíticos, (3) e q u i p a m e n t o p a r a coleta, (4) m e t o d o l o g i a e (5)
p r o p o r c i o n a l aos seus diversos papéis e faz com q u e a deficiência segurança na qualidade.
e m h u m a n o s seja improvável. O s s i n t o m a s p r o d u z i d o s e m volun-
tários a l i m e n t a d o s c o m a n t a g o n i s t a d e p a n t o t e n a t o o u c o m Adequação da Amostra
dietas semi-sintéticas p r a t i c a m e n t e livres d e p a n t o t e n a t o f o r a m A m o s t r a s de s a n g u e total, p l a s m a e s o r o são mais c o m u m e n t e
(1) irritabilidade, (2) h i p o t e n s ã o p o s t u r a l e b a t i m e n t o s cardíacos s u b m e t i d a s p a t a análises diretas d e elementos-traço. D e t e r m i n a -
acelerados n o exercício, (3) distresse epigástrico c o m anorexia e ção direta desses e l e m e n t o s , e n t r e t a n t o , t e m sido feita e m qual-
constipação, (4) d o r m ê n c i a e f o r m i g a m e n t o das m ã o s e d o s pés, q u e r f l u i d o c o r p o r a l ou tecido. Por exemplo, a m o s t r a s de t e c i d o s
(5) reflexos de t e n d õ e s p r o f u n d o s hiperativos e (6) fraqueza dos p a r a análise p o d e m ser obtidas p o r biópsia d e aspiração c o m
m ú s c u l o s extensores d o s d e d o s . H i s t o r i c a m e n t e , a deficiência de agulha (fígado ou osso) ou após u m a autopsia. A m o s t r a s d e
ácido p a n t o t ê n i c o t e m sido associada à s í n d r o m e d o " a r d o r n o s cabelo e u n h a s oferecem u m a m a n e i r a n ã o invasiva d e coletar
pés" vivenciada p o r p r i s i o n e i r o s da S e g u n d a G u e r r a M u n d i a l , n a a m o s t r a s teciduais e são utilizadas p a r a avaliar exposição a m e t a l
Ásia, aliviada a p e n a s c o m a s u p l e m e n t a ç ã o d e ácido p a n t o t ê n i c o , tóxico, mas p r o b l e m a s d e c o n t a m i n a ç ã o e x t e r n a q u e p o d e m
e n ã o pela s u p l e m e n t a ç ã o c o m o u t r a s v i t a m i n a s d o g r u p o B. surgir pela p o l u i ç ã o a m b i e n t a l , cosméticos o u x a m p u s são difíceis
de controlar.
Toxicidade
N ã o existem relatos de efeitos adversos, c o m exceção d e diarréia
m o d e r a d a ocasional, c o m d o s e s orais elevadas de ácido p a n t o t ê -
nico, c o m o , p o r exemplo, 20 g / d i a Ótir
100%
( Cobre \
• da dieta 1.2
Figaca
(-9,9 mg)
v
V
\
Plasma,
Cérebro, ceruloplasmina,
músculo, albumina, Sangue
coração, osso, aminoácidos (albumina,
pulmão, etc aminoácidos)
( - 9 0 mg)
i ^
Rim
N
í! ujLC O,1
. jai»-
f Uhna
\ ® 0 ug/tiia )
absorção do manganês a u m e n t a e m baixas ingestões dietéticas e Pacientes c o m doença grave de fígado p o d e m apresentar
d i m i n u i e m ingestões elevadas, e estudos de rastreamento sugerem sinais neurológicos e c o m p o r t a m e n t a i s , decorrentes da neuroto-
eficiência n a absorção entre 2 % e 15%. U m a vez absorvido, o xicidade do manganês, induzidos p o r falha n a excreção de man-
m a n g a n ê s ligado à albumina é t r a n s p o r t a d o pelo sangue portal ganês n a bile. Deposição de m a n g a n ê s n o globus fpaüidws d u r a n t e
ao fígado e exportado, então, para outro tecido, ligado à trans- falha hepática resulta na hiperintensidade de sinal de ressonância
ferrina e, possivelmente, a ci2-macroglobulina. A excreção de magnética em T l .
manganês ocorre p r i n c i p a l m e n t e pelas fezes, via bile, s e n d o que O s pacientes que recebem o manganês intravenosamente
a excreção pela u r i n a é m u i t o baixa. d u r a n t e T P N t a m b é m m o s t r a r a m evidências de retenção e depo-
sição de m a n g a n ê s n o cérebro m é d i o e n o t r o n c o cerebral. O s
Funções sintomas típicos são tremor semelhante ao observado no mal de
O m a n g a n ê s é um constituinte de muitas metaloenzimas impor- Parkinson e anormalidades n a marcha.
tantes e t a m b é m age como u m ativador inespecífico de algumas Recomenda-se agora que s o m e n t e 1 (ig de m a n g a n ê s p o r
enzimas. O s íons Mn 2 + substituem os íons Mg 2 ' d u r a n t e a ativação quilograma (18 n m o l / k g ) seja a d m i n i s t r a d o d u r a n t e T P N em
dessas enzimas. recém-nascidos e q u a n t i d a d e s inferiores a 1 a 2 flg/dia (55 a 110
Superóxido Dismutase. A S O D d e p e n d e n t e de m a n g a n ê s é ^ m ó i / d i a ) em adultos. Todos os pacientes que requerem a nutri-
u m a enzima mitocondrial e constitui u m fator i m p o r t a n t e na ção intravenosa prolongada (IVN), especialmente aqueles porta-
limitação da toxicidade do oxigênio. A enzima catalisa a quebra dores de colestase, devem ser m o n i t o r a d o s q u a n t o à retenção de
do radical 02 a H2O2, que é, então, removido pela catalase e pela manganês.
glutationa peroxidase.
Piruvato Carboxiiase. Esta enzima atua em c o n j u n t o com a Avaliação Laboratorial do Estado
fosfoenol piruvato (PEP) carboxiquinase, u m a enzima ativada por C â n u l a s de plásticos devem ser utilizadas para a flebotomia, e a
íons manganês. Estas enzimas são necessárias para a formação do hemólise deve ser impedida d u r a n t e a separação da amostra. O
PEP a partir de piruvato, u m a reação-chave na síntese hepática sangue total tem a p r o x i m a d a m e n t e dez vezes mais manganês que
da glicose. o plasma ou o soro e n ã o é afetado pela c o n t a m i n a ç ã o por
Arginase. A arginase é a enzima terminal do ciclo da uréia, agulhas de aço utilizadas n a coleta da amostra. N a prática, isto
hidrolisando a L-arginina, a uréia e ornitina. A atividade da faz com que a m e d i d a de m a n g a n ê s d o sangue total seja o m é t o d o
arginase afeta a p r o d u ç ã o do óxido nítrico, por limitar a dispo- mais extensamente utilizado para m o n i t o r a r o estado d o manga-
nibilidade da L-argmina. nês e m laboratórios clínicos.
GliCOSil Transferases. Estas enzimas são responsáveis pela
adição seqüencial de moléculas de carboidratos nas proteínas Intervalos de Referência
para f o r m a r as proteoglicanas e, em última análise, o tecido O intervalo de referência para o manganês n o soro é de 0,5 a 1,3
conjuntivo e a cartilagem. São, c o n s e q ü e n t e m e n t e , i m p o r t a n t e s jag/L (9 a 24 nmol/L). O intervalo da referência p a T a o sangue total
para a integridade estrutural d o osso e da pele e para a cicatriza- é de 5 a 15 [ig/L (90 a 270 n m o l / L ) . Incrementos n o manganês
ção n o r m a l . sérico superiores a 5,4 M-g/L ( > 3 0 n m o l / L ) ou, sanguíneo, superio-
res a 20 |ig/L (> 360 n m o l / L ) indicam retenção de manganês.
Necessidades e RecomendaçõGs para Ingestão de Nutrientes
Em virtude da falta da i n f o r m a ç ã o de d e m a n d a s dietéticas de Molíbdênio
manganês, o Food a n d N u t r i t i o n Board estabeleceu c o m o ade- A necessidade essencial do m o l i b d ê n i o para animais e seres
q u a d a a ingestão para adultos do sexo masculino de 2,3 m g / d i a h u m a n o s é baseada e m sua incorporação às metaloenzimas.
e para os d o sexo f e m i n i n o de 1,8 m g / d i a . Há u m a preocupação
relativa à toxicidade potencial do manganês para recém-nascidos, Química
pois estes apresentam fígado i m a t u r o e reduzida excreção biliar M o l i b d ê n i o ( n ú m e r o atômico 42, massa atômica relativa 95,94)
do excesso de manganês. é u m metal da segunda série de transição. O elemento apresenta
diversos estados de oxidação, p o r é m o mais estável em sistemas
Deficiência biológicos é M o f i \ c o m o e n c o n t r a d o n o m o l i b d a t o (M0O4 2 ').
A deficiência visível do manganês não foi d o c u m e n t a d a em seres Existe u m a sobreposição entre a química do molibdênio, tungs-
h u m a n o s com dietas naturais. E n t r e t a n t o , em estudos com ténio e vanádio. As enzimas d e p e n d e n t e s de m o l i b d ê n i o são
animais, sinais de deficiência e x p e r i m e n t a l m e n t e induzida do ecologicamente vitais, facilitando os i m p o r t a n t e s ciclos do
manganês incluem (1) crescimento e f u n ç ã o r e p r o d u t o r a preju- carbono, nitrogênio e enxofre.
dicados, (2) anormalidades n o esqueleto, (3) tolerância à glicose
d i m i n u í d a e (4) d a n o s à síntese de colesterol. H o m e n s jovens Fontes Dietéticas
alimentados e x p e r i m e n t a l m e n t e c o m dietas de baixas concentra- Boas fontes d o m o l i b d ê n i o são (1) legumes, tais c o m o ervilhas,
ções de manganês desenvolveram lesões de pele e baixos níveis lentilhas e feijões, (2) grãos e (3) nozes. N o s Estados U n i d o s , a
de colesterol n o plasma. ingestão dietética média de adultos é 76 a 109 jlg M o p o r dia.
A deficiência de prolidase em recém-nascidos é u m a desor-
dem genética rara, que s a b i d a m e n t e é associada a anormalidades Absorção, Transporte, Metabolismo e Excreção
na bioquímica d o manganês. O m o l i b d ê n i o é absorvido eficientemente e m formas dietéticas
b e m variadas, principalmente c o m o molibdato, e m b o r a a inibi-
Toxicidade ção competitiva da absorção pelo sulfato reduza a absorção intes-
O risco ocupacional à saúde de trabalhadores sujeitos à exposição tinal. Entre 8 0 % e 9 0 % do m o l i b d ê n i o n o sangue total encontra-
prolongada à poeira ou às emanações c o n t e n d o manganês é b e m se ligado às proteínas das células vermelhas. O transporte de
reconhecido (Capítulo 32). Sintomas neurológicos que se asse- q u a n t i d a d e s inferiores pelo plasma p o d e envolver a a 2 -macroglo-
m e l h a m à doença de Parkinson desenvolvem-se l e n t a m e n t e em bulina. A excreção urinária reflete d i r e t a m e n t e a ingestão dieté-
meses ou anos. tica do molibdênio.
516 PARTE IV Analitos
©Tl
[Se]Cys
Proteínas
Vias metabólicas do selênio Selenida
de [igação
(Adaptado de Suride.) A via 1 (Se3*)
1
ao selênio
usa a mserção traducional de
selenocisteína, mediada pelo
tRNA 5 ", enquanto a via 2 Selenofosfato
incorpora seíenocisteína Serina
usando tRNACT1.
[SelCys-tRNA
Zn do
Fígado dieta -10
(1Uí>mg) mg/dia
205 m g / d \ \
\
5,3 mg^d
Rim
f f^ih na. \
\ iransniraçSc ' w
Ffc7es
-9,6 mg/cto
Urína
0,4 mgidia
v y
síntese hepática da M t é induzida por inrerleucina-1, interleucina- Recém-nascidos e crianças e m fase inicial da infância necessitam
6 e glicocorticóides, e m resposta à infecção, ao t r a u m a e a outros de q u a n t i d a d e s inferiores. E m virtude de a u m e n t o de ácido fítico
fatores de estresse. e de fibras na dieta, os vegetarianos estritos p o d e m necessitar de
A excreção fecal inclui t a n t o o zinco dietético n ã o absorvido q u a n t i d a d e s até 5 0 % maiores d e zinco por dia. 6
q u a n t o o zinco secretado n o v a m e n t e n o intestino. A excreção
u r i n á r i a de zinco é n o r m a l m e n t e apenas cerca d e 0,5 m g / d i a , Deficiência Clinica
mas a u m e n t a e x t r e m a m e n t e d u r a n t e doença catabólica e cetose. C o m o p o d e se esperar, a partir das múltiplas funções bioquími-
A liberação d o c o n t e ú d o intracelular do músculo esquelético foi cas do zinco, a apresentação clínica das doenças de deficiência é
estabelecida c o m o fonte do excesso de zinco urinário. variada, não específica e está relacionada ao grau e à duração da
depleção. Sinais e sintomas i n c l u e m (1) crescimento reduzido
c o m n a n i s m o , (2) a u m e n t o da incidência de infecção, possivel-
Funções
m e n t e relacionado a alterações n a f u n ç ã o i m u n e , (3) diarréia, (4)
Mais d e 3 0 0 metaloenzimas d e zinco ocorrem e m todas as seis
lesões de pele e (5) alopecia.
categorias de sistemas enzimáticos. Exemplos i m p o r t a n t e s e m
EfeitOS no Crescimento. A deficiência dietética de zinco é pre-
tecidos h u m a n o s incluem (1) anidrase carbônica, (2) fosfatase
valente e m todos os países o n d e a dieta é baseada e m cereais ricos
alcalina, (3) D N A e R N A polimerases, (4) timidina quinase, (5)
e m fitato e fibra, mas p o b r e e m proteína animal. E m crianças, o
carboxipeptidases e (6) álcool desidrogenase. O s papéis-chave d o
crescimento reduzido e outras anormalidades n o desenvolvi-
zinco n a síntese de proteínas e de ácidos nucléicos explicam a
m e n t o são reversíveis pela s u p l e m e n t a ç ã o c o m zinco. O zinco d o
falha d e crescimento e de cicatrização de feridas observadas e m
leite h u m a n o é absorvido eficientemente, graças à presença de
indivíduos c o m deficiência d e zinco.
fatores c o m o o picolinato e o citrato.
Proteínas f o r m a m d o m í n i o s capazes de se ligarem a átomos
Acrodermatite Enteropática. A acrodermatite e n t e r o p ática (AE)
tetraédricos de zinco, p o r coordenação c o m histidina e cisteina,
é caracterizada pela d e r m a t i t e periorificial e acral, alopecia e
para formar estruturas dobradas conhecidas c o m o "dedos de
diarréia; os sintomas são reversíveis pela s u p l e m e n t a ç ã o oral de
zmco". Estas têm papéis importantes na expressão gênica, a t u a n d o
zinco. Esta condição, a n t e r i o r m e n t e fatal, é u m erro inato de
como fatores de transcrição q u e se ligam ao DNA, c o m o elemen-
caráter autossômico recessivo q u e afeta a absorção de zinco pela
tos-chave na biologia d o desenvolvimento e t a m b é m na regulação
mucosa intestinal.
da síntese de h o r m ô n i o s esteróides, tireoidianos, e outros.
Nutrição Parenteral. Alguns pacientes que requerem n u t r i ç ã o
intravenosa pós-cirúrgica são suscetíveis à depleção de zinco e m
Necessidades e Recomendações para Ingestão de Nutrientes v i r t u d e de baixos índices de ingestão oral antes e após u m a
N o s Estados U n i d o s , a ingestão dietética de referência (DRI) para cirurgia. Esses t a m b é m p o d e m apresentar a u m e n t o na perda de
o zinco é de 11 m g / d i a para h o m e n s e 8 m g / d i a para mulheres. zinco pela via intestinal e m conseqüência de diarréia e, via urina,
520 PARTE IV Analitos
a partir do catabolismo muscular durante períodos de balanço c o m zinco são utilizadas, c o n s e q u e n t e m e n t e , para p o s t u l a r u m
n i t r o g e n a d o negativo. O u t r o s p r o b l e m a s i n c l u e m (1) diarréia, (2) estado d e depleção marginal.
depressão m e n t a l , (3) d e r m a t i t e , (4) r e t a r d o n a cicatrização e (5) Zinco PlâSmátiCO. E m v i r t u d e da possível c o n t a m i n a ç ã o d e
alopecia, q u e p o d e m ser o b s e r v a d o s d u r a n t e o p e r í o d o a n a b ó l i c o zinco, originária d e eritrócitos, p l a q u e t a s e leucócitos d u r a n t e a
de g a n h o r e c o r r e n t e d e peso, q u a n d o há zinco i n s u f i c i e n t e n o coagulação e a c e n t r i f u g a ç ã o , a m o s t r a s d o p l a s m a são preferidas
regime n u t r i c i o n a l para a c o m p a n h a r o nível de r e p a r o n o tecido. às séricas para a análise de z m c o . As c o n c e n t r a ç õ e s de zinco d o
Provisão i n t r a v e n o s a a d e q u a d a de zinco para atingir u m b a l a n ç o p l a s m a são m e d i d a s g e r a l m e n t e p o r C F A A S .
positivo está associada à m e l h o r a d o b a l a n ç o d e n i t r o g ê n i o . C u i d a d o s devem ser t o m a d o s p a r a c o n t r o l a r fatores pré-ana-
Doença Infecciosa. A d e p l e ç ã o d e zinco d i m i n u i a i m u n i d a d e líticos q u e d i m i n u i r ã o o zinco d o plasma, i n d e p e n d e n t e m e n t e
e tem u m efeito d i r e t o n o trato gastrointestinal, q u e a u m e n t a a d a ingestão dietética. Estes i n c l u e m a coleta da a m o s t r a e m
gravidade d e infecções entéricas. U m a revisão de d a d o s o b t i d o s relação (1) às refeições, (2) à h o r a d o dia e (3) ao uso de esterói-
d e e x p e r i m e n t o s c o n t r o l a d o s m e d i n d o efeitos da s u p l e m e n t a ç ã o des, tais c o m o a pílula c o n t r a c e p t i v a . Q u a l q u e r causa de hipoal-
c o m zinco e m crianças de países d e baixa r e n d a e n c o n t r o u bene- b u m i n e m i a t a m b é m d i m i n u i o zinco plasmático. A a l b u m i n a d o
fícios clínicos significativos e m casos d e diarréia p e r s i s t e n t e e de p l a s m a é u m A P R negativo e, a p a r t i r d o pool plasmático, é redis-
d o e n ç a respiratória. A i n t e r a ç ã o c o m v i t a m i n a A é i m p o r t a n t e t r i b u í d a pelos espaços intersticiais d u r a n t e a infecção, após
p o r q u e , e m p o p u l a ç õ e s c o m risco d e deficiência de zinco e vita- t r a u m a e e m d o e n ç a crônica. A i n d u ç ã o d a síntese h e p á t i c a da
m i n a A, a provisão a p e n a s d e zinco a u m e n t a a i n c i d ê n c i a de M t d u r a n t e o A P R , e s u b s e q ü e n t e q u e l a ç ã o de zinco, d i m i n u i
i n f e c ç ã o respiratória, mas, q u a n d o a v i t a m i n a A t a m b é m é adi- a i n d a mais a c o n c e n t r a ç ã o n o p l a s m a . É, p o r t a n t o , essencial
c i o n a d a , as infecções respiratórias são d i m i n u í d a s . c o n s i d e r a r os resultados de zinco plasmáticos e m c o n j u n t o c o m
a a l b u m i n a e C R P plasmáticas o u u m o u t r o m a r c a d o r d e A P R .
Efeitos Subclínicos d a Deficiência Zinco em Células Sanguíneas. Foi sugerido q u e o c o n t e ú d o d e
M e s m o q u e a deficiência de zinco n ã o seja grave o b a s t a n t e para zinco e m células b r a n c a s e p l a q u e t a s reflete d e m a n e i r a m a i s
causar sinais e s i n t o m a s clínicos, ela p o d e provocar efeitos sub- a d e q u a d a o c o n t e ú d o de zinco tecidual. E m e s t u d o s de d e p l e ç ã o
clínicos (1) n a f u n ç ã o i m u n e , (2) n a síntese e n a ação de h o r m ô - d e zinco e m seres h u m a n o s , foi d e m o n s t r a d o q u e o c o n t e ú d o d e
nios e (3) na f u n ç ã o n e u r o l ó g i c a . zinco d e n e u t r ó f i l o s , linfócitos e p l a q u e t a s d i m i n u e m mais rapi-
Função imune. Pacientes d o O r i e n t e M é d i o c o m deficiência d a m e n t e q u e o zinco plasmático. E n t r e t a n t o , o v o l u m e relativa-
de zinco e r a m c o n h e c i d o s p o r m o r r e r a n t e s d o s 2 5 anos, e m m e n t e g r a n d e de s a n g u e r e q u e r i d o e os p r o b l e m a s c o m c o n t a m i -
v i r t u d e de diversas infecções e de d o e n ç a s parasíticas. N a defici- n a ç ã o t o r n a m difícil a aplicação desses ensaios e m pacientes
ência de zinco, h á u m a r e d u ç ã o n a atividade d e t i m u l i n a sérica, hospitalizados o u p a r a avaliação d e c o n c e n t r a ç õ e s de zinco n a
u m h o r m ô n i o específico d o t i m o envolvido n a f u n ç ã o d e células população.
T, q u e provoca u m d e s e q u i l í b r i o e n t r e células helper T h l e T b 2 . Zinco no Cabelo. Baixas c o n c e n t r a ç õ e s d e zinco n o cabelo t ê m
A atividade lítica de células naturai killer t a m b é m d i m i n u i . Estas sido associadas à deficiência d o c r e s c i m e n t o d e crianças. Entre-
m u d a n ç a s c o m p l e x a s r e s u l t a m e m falha d a resposta i m u n e t a n t o , variáveis c o m o a taxa d e c r e s c i m e n t o de cabelo e a conta-
celular. m i n a ç ã o externa p o r t i n t u r a s e c o s m é t i c o s levaram a resultados
Hormônios. O zinco t e m u m p a p e l i m p o r t a n t e n a síntese e n a s inconsistentes.
ações d e m u i t o s h o r m ô n i o s , p o r m e i o de fatores de transcrição Enzimas Dependentes de Zinco. A p e s a r d o g r a n d e n ú m e r o
c o n t e n d o zinco. A d e p l e ç ã o d e zmco é associada a c o n c e n t r a ç õ e s i d e n t i f i c a d o de m e t a l o e n z i m a s c o n t e n d o zmco, n e n h u m ensaio
circulantes baixas d e (1) testos ter o n a , (2) T 4 livre, (3) fator d o e n z i m á t i c o e m p a r t i c u l a r foi c o n s i d e r a d o a d e q u a d o c o m o indi-
c r e s c i m e n t o s e m e l h a n t e à i n s u l i n a (IGF)-I e (4) t i m u l i n a . As cador d o e s t a d o n u t r i c i o n a l de zinco.
c o n c e n t r a ç õ e s plasmáticas de IGF-I e a velocidade de c r e s c i m e n t o Zinco na Urina. H á u m a ligeira q u e d a n a excreção u r i n á r i a d e
a u m e n t a m e m crianças q u e estão r e c e b e n d o s u p l e m e n t o s c o m zinco d u r a n t e a deficiência dietética. As d i f i c u l d a d e s relacionadas
zinco. à c o n t a m i n a ç ã o d e a m o s t r a d u r a n t e a coleta fazem dessa estraté-
Efeitos Neurológicos. A deficiência grave d e zinco é c o n h e c i d a gia d e m e d i d a u m a o p ç ã o c o m valor prático l i m i t a d o .
p o r afetar o bem-estar m e n t a l , c o m graus vari ados d e c o n f u s ã o e
depressão, o q u e explica a i m p o r t â n c i a d e enzimas q u e c o n t ê m Intervalos de Referência
zinco n o d e s e n v o l v i m e n t o e n a f u n ç ã o cerebral. As c o n c e n t r a ç õ e s d e zinco n o s o r o são, g e r a l m e n t e , 5 % a 1 5 %
mais elevadas d o q u e as d o p l a s m a , e m v i r t u d e d e m u d a n ç a s n a
Toxicidade o s m o l a r i d a d e de f l u i d o s das células d o sangue, induzidas pela
O s efeitos clínicos d a ingestão de dieta c o n t a m i n a d a c o m zinco p r e s e n ç a d e anticoagulantes utilizados n a coleta d a a m o s t r a . As
são (1) d o r a b d o m i n a l , (2) diarréia, (3) n á u s e a e (4) v ô m i t o . c o n c e n t r a ç õ e s d i m i n u e m após a ingestão de a l i m e n t o s e são mais
Ingestões superiores a 6 0 m g d e Zn p o r dia são b l o q u e a d o r a s da elevadas pela m a n h ã d o q u e à n o i t e . A o r i e n t a ç ã o p a r a o inter-
absorção intestinal de cobre, l e v a n d o à deficiência desse ú l t i m o valo de referência é d e 8 0 a 120 p g / d L (12 a 18 p m o l / L ) .
elemento.
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CAPITULO 2 8
A h e m i n a resulta da oxidação relativamente fácil d o ferro da H h A , pode ser feito u m diagnóstico presuntivo de a-talasse-
hêmico do estado ferroso para o estado férrico. Para permanecer mia. A confirmação pelo teste de D N A é necessária para o
eletricamente neutra, u m composto com halogênio, geralmente diagnóstico definitivo.
cloreto, liga-se à hemina. Em solução alcalina, a h e m a t i n a é U m a única deleção gênica, escrita como (aa/a-) é, em geral,
formada pela substituição do á t o m o de halogênio da h e m m a por clinicamente silenciosa e não tem característica hematológica
u m grupo hidroxila. significante além de u m volume corpuscular médio (MCV) leve-
mente d i m i n u í d o ocasionalmente.
Bioquímica A deleção de dois genes, algumas vezes chamada traço a-talas-
O h e m e é sintetizado principalmente na medula óssea e n o sêmico e escrita como (aa/- ou a-/a-), tem características clínica
fígado (Figura 29-2, Capítulo 29). e hematológica significantes. O MCV, a hemoglobina corpuscu-
Este é u m processo de oito etapas com cada uma delas envol- lar média (MCH) e o índice de Mentzer ( M C V / c o n t a g e m de
vendo u m a enzima diferente geneticamente controlada. A pri- eritrócitos) estão todos diminuídos. O esíregaço de sangue peri-
meira e as três últimas etapas ocorrem na mitocôndria dos eri- férico mostra uma anemia microcítica e hipocrômica. N ã o há
troblastos c reticulócitos na medula óssea. Os quatro estágios picos anormais na cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC)
intermediários ocorrem n o citossol. e n e n h u m a banda não usual na eletroforese. A deleção é dita
Em c o m u m c o m todos os genes, os genes de globina consis- u m a deleção eis q u a n d o as duas deleções são n o mesmo locus
tem em éxons (seqüências codificadoras) e íntrons (sequências gênico {aa/-) e u m a deleção trans q u a n d o elas estão em loa
não codificadoras intercaladas) com códons [triplet (trinca) de gênicos opostos (a-/a-)
nucleotídeos] codificando aminoácidos específicos. Os genes U m a deleção de três genes a ( - / a - ) resulta em doença de
de globina têm três éxons e dois íntrons com uma região promo- H b H . Entretanto, u m a doença de H b H não causada por deleção
tora (específica para a cadeia de globina) na extremidade 5' de é vista, a qual é mais grave na apresentação clínica do que a
cada gene Os processos de transcrição e tradução são os mesmos doença de H b H por deleção mais típica. Os pacientes com
que em qualquer outra síntese de cadeias de aminoácidos. doença de H b H têm (1) concentração de hemoglobina baixa,
(2) M C V e M C H diminuídos e (3) contagem de eritrócitos ligei-
Função Fisiológica ramente aumentada. Os resultados relativos ao ferro são normais.
O ferro d o h e m e está n o r m a l m e n t e n o estado ferroso (2+) e é O cromatograma do HPLC, mostrado na Figura 28-2, mostra a
capaz de agir c o m o a principal entidade de transporte de oxigênio presença de bandas nítidas próximas ao p o n t o de injeção.
pela combinação reversível com o oxigênio. Cooperatividade é o A deleção de quatro genes a ê geralmente incompatível com
termo usado para descrever a interação das cadeias de globina de a vida sem transfusão maciça intra-uterina e pós-natal. A doença
tal forma que a oxigenação de u m grupo h e m e a u m e n t a a pro- é n o r m a l m e n t e chamada hidropisia fetal H b de Bart. Tipica-
babilidade de oxigenação de outro ou de todos os grupos heme. mente, as mães carregando u m feto com H b de Bart se apresen-
O efeito Bohr refere-se à redução da afinidade do oxigênio pelo tam, cerca de 20 a 25 semanas de gestação, com a manifestação
h e m e com u m a diminuição n o pH. Este efeito é particularmente de poliidrâmnio. A concentração de hemoglobina n o sangue do
importante n o músculo em exercício, o n d e os produtos d o meta- cordão umbilical é grandemente a u m e n t a d a para a idade e há
bolismo aeróbico, C 0 2 e ácido carbônico, d i m i n u e m o pH a 6 hipoalbumjnemia. A análise por H P L C do sangue do cordão
e a liberação d o oxigênio ligado ao heme é facilitada. umbilical, mostrada na Figura 28-2, mostra uma única banda
nítida n o p o n t o de injeção d o cromatograma. A eletroforese em
Importância Clínica pH alcalino mostra u m a banda de migração rápida. Na Figura
As talassemias e as hemoglobinopatias formam dois grupos dife- 28-3, são mostradas a H P L C e a eletroforese em p H alcalino do
rentes de doenças de origem genética. 9 As talassemias originam-se sangue do cordão umbilical de u m feto normal de 26 semanas e
da produção insuficiente de cadeia de globma. O n o m e é deri- de u m feto de idade gestacional similar com H b de Bart. A H P L C
vado da palavra grega para mar, thalasa, porque todos os casos do feto com H b de Bart mostra um pico único característico n o
iniciais de (3-talassemia foram descritos em crianças de origem ponto de injeção, e n q u a n t o a H P L C do feto normal mostra H b F
mediterrânea. As hemoglobinopatias, coletivamente, são varian- (tanto a acetilada quanto a normal) com alguma HhA. Em
tes estruturais de hemoglobina geradas a partir de mutações nos algumas partes do m u n d o , o n d e duas deleções gêmeas eis são
genes de globinas. Isso resulta em substituições ou interrupções comuns, o rastreamento de todos os futuros pais é realizado com
na seqüência n o r m a l de resíduos de aminoácidos em u m a ou a c o m p a n h a m e n t o e aconselhamento apropriados.
mais cadeias de globina da hemoglobina. Elas são as doenças As beta (p)-talassemias resultam de uma diminuição na
monogênicas mais c o m u n s n o m u n d o . síntese da cadeia de p-globina. Elas são comuns em áreas próxi-
mas (1) ao Mediterrâneo, (2) a províncias ao sul da C h i n a e
Talassemias (3) ao subcontinente indiano.
As talassemias são identificadas de acordo com a cadeia de Os métodos de rastreamento da população estão, agora, em
globina que apresenta deficiência de produção. Portanto, as a - uso" em várias localidades d o m u n d o o n d e a p-talassemia é
talassemias surgem da produção defeituosa da p r o d u ç ã o de comum.
a-globina; as P-talassemias, da p r o d u ç ã o deficiente de p-globina.
e as Ôp-talassemias de deficiências na p r o d u ç ã o de 5 e P-globi- pD-Talassemia (p-Talassemia Major)
nas. As talassemias são, ainda, classificadas pela extensão da Algumas vezes chamada anemia de Cooley, os indivíduos com
redução da p r o d u ç ã o de globina e da anemia resultante. Q u a t r o p-talassemia major (1) têm infecções frequentes, (2) parecem
genes de globina controlam a p r o d u ç ã o de a-globina. Deleções pálidos, (3) são desnutridos e (4) exibem esplenomegalia com
ou mutações pontuais em qualquer u m desses genes resultam mudanças ósseas faciais. Essas manifestações refletem principal-
em a-talassemia. A gravidade da anemia é u m reflexo n o n ú m e r o mente o grau de expansão óssea associada à eritropoiese ineficaz.
de deleções gênicas. Frequentemente, o diagnóstico de a-talas- A p n -talassemia resulta de mutações que interferem na tradução
semia é por exclusão. Na presença de índices talassêmicos na ou estão envolvidas na iniciação, n o alongamento ou na termi-
contagem sanguínea completa (CBC) e na ausência de elevação nação da síntese da cadeia de globina.
526 PARTE IV Analitos
30%
0,090
AU (a) (b)
20%
0,060-
0,030-
10%
A
í
A2
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 ( 5
30% 30%
(d) (o)
20*?; 20%- p
I A2 I
I I
l AAJ VA2 ml a n
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
A2 i
li. j A2
,L I . A . l i l w A W l
A2 i/\'|
H 1 1 h
C S A F
C S F A
+ (b)
I Hl
(a)
i
i
0,125-
0,125
0,100
0,100 (d)
0.075
0,075
5 0.050
0,050
1
1\
1
0.025 0.025
0.000 O.OOO-
0,00 0.75 1.50 2.25 3,00 3,75 4,50 5,25 0,00 1.50 2.25 3,00 3,75 4,50 5,25
T e m p o (mm) T e m p o (min)
de u m a H b A 2 a u m e n t a d a (>3,5%) com índices talassêmicos apro- c a n d o que a variante tem mobilidade eletroforética similar a
priados ( M C V baixo, alta contagem de R B C e R D W n o r m a l ou outras hemoglobinas Gs e q u e a variante foi originalmente
próximo do normal) na C B C é essencial para o diagnóstico de e n c o n t r a d a n a tribo indígena C o u s h a t t a n o Sul dos Estados
P-talassemia miíior. Indivíduos com deficiência de ferro devem U n i d o s . O termo traço A S (algumas vezes abreviado c o m o traço
fazer reposição de ferro antes que u m diagnóstico definitivo de S) é usado para descrever a heterozigose de HbS, e o t e r m o SS,
p - t a l a s s e m i a seja feito, já que a H b A ; p o d e estar falsamente para descrever a homozigose d e H b S A homozigose de H b S é
d i m i n u í d a c o m a depleção d e ferro. A H P L C é o m é t o d o prefe- conhecida como a n e m i a f a l c i f o r m e ou doença falciforme, por
rencial para essa quantificação. Em 3 0 % a 4 0 % de todos os casos causa das células e m forma de foice que aparecem n o sangue de
de P-talassemia minor, a H b F t a m b é m estará a u m e n t a d a (>1,0%). indivíduos afetados
Na p - t a l a s s e m i a minor, o t e m p o de vida da R B C pode estar redu- U m sistema de n o m e n c l a t u r a sistemática é agora usado para-
zida e pacientes com diabetes p o d e m mostrar u m a H b A l c mais lelamente ao n o m e da variante para descrever (I) a cadeia afetada,
baixa q u a n d o comparados com indivíduos n o r m a i s com controle (2) a localização da cadeia e (3) a substituição d o aminoácido.
glicêmico equivalente. A m u t a ç ã o da p - t a l a s s e m i a pode ser iden- C o m o exemplo, a H b Spanish T o w n (a27[B8] ulu_>Val ) é u m a
tificada por S o u t h e r n Blot, usando-se sondas específicas pata a variante de hemoglobina n o m e a d a com o n o m e de um distrito
mutação, ou u m a reação em cadeia da polimerase (PCR) seqüên- em Kingston, Jamaica, e e n c o n t r a d a e m jamaicanos de descen-
cia-específica dência africana. Origina-se de u m a substituição de ácido glutâ-
mico p o r valina n a posição 27 da cadeia de a-globina, que está
5p-Talassemia localizada na posição 8 da hélice B da cadeia a
A deleção dos genes 5 e p resulta em Ô p - t a l a s s e m i a com ambas
as condições, heterozigota e homozigota, descritas. A doença é Classificação das Variantes de Hemoglobina
encontrada em vários grupos étnicos, mas é mais prevalente em As variantes de h e m o g l o b i n a são classificadas de acordo com o
países d o M e d i t e r r â n e o Oriental, especialmente Grécia e Itália tipo de mutação. As m u t a ç õ e s p o n t u a i s em u m a cadeia de
A análise da C B C mostra h e m o g l o b i n a reduzida (80 a 13.5 g/L) globina causam a substituição d e u m resíduo de a m i n o á c i d o [p.
c o m M C V e M C H nos limites inferiores ou ligeiramente dimi- ex., H b San Diego ( p 109ÍG1 lJVal—>Met)l. A hemoglobina C
nuídos. A análise por H P L C mostra um pico de H b A com u m a H a r l e m é um exemplo de u m a variante de hemoglobina na qual
concentração de H b A i reduzida e concentração de HbF aumen- dois resíduos de aminoácidos são substituídos, ou seja, valina
tada. Entretanto, n o tipo Sardo da ÔP-talassemia, existem índices substituindo ácido glutâmico na posição 6 e asparagina substi-
talassêmicos na C B C ( M C V e M C H baixos, R D W normal) com t u i n d o ácido aspártico na posição 73 da cadeia p .
u m a concentração de H b A z n o r m a l e uma concentração de H b F As variantes delecionais de h e m o g l o b i n a surgem da deleção de
entre 15% e 2 0 % . 1 a 5 resíduos de aminoácidos na cadeia de globina. As hemoglo-
binas de inserção surgem de u m a inserção de 1 a 3 resíduos de
Persistência Hereditária de Hemoglobina Fetal aminoácidos na cadeia d e globina As hemoglobinas de deleção/
O t e r m o persistência hereditária de hemoglobina fetal (HPFH) é inserção surgem da deleção de u m a parte da seqüência normal de
u s a d o para descrever u m grupo de condições genéticas nas quais resíduos de aminoácidos e da inserção de outra seqüência, com
a concentração de H b F está a u m e n t a d a acima do intervalo de resultante alongamento ou e n c u r t a m e n t o da cadeia de globina.
referência com u m a redução da síntese de P-globina e um As hemoglobinas de alongamento resultam de u m a mutação da
a u m e n t o compensatório da síntese de y-globina. Duas classes único par de bases ou frameshift ( m u d a n ç a n o q u a d r o de leitura)
principais de H P F H têm sido descritas, heterocelular e delecional. na extremidade 3' do éxon 3 ou na extremidade 5' do éxon 1 da
Diversas variantes delecionais de H P F H têm sido descritas, cadeia de a L >- ou de p - g l o b i n a As hemoglobinas híbridas/de fusão/
incluindo as variantes (1) Grega, (2) Indiana, (3) Italiana, (4) Corfu cruzadas resultam da fusão da cadeia de a - ou p - g l o b i n a com u m a
e (5) Negra. Nessas variantes de HPFFÍ delecionais, a concentração porção de u m a outra cadeia de globina.
de H b F pode estar tão alta q u a n t o 36%.
A H P F H n ã o delecional, algumas vezes chamada H P F H hete- Metodologia Analítica
rocelular, descreve u m g r u p o de doenças nas quais o a u m e n t o de A hemoglobina e os compostos relacionados são dosados por
H b F é distribuído h e t e r o g e n e a m e n t e entre as células vermelhas vários tipos diferentes de métodos. A l é m disso, diversas tecnolo-
de indivíduos h e m a t o l o g i c a m e n t e normais. A concentração de gias f o r n e c e m informação que levam ao diagnóstico de talasse-
H b F varia entre 1% e 13% da hemoglobina total em heterozigo- mias e hemoglobínopatias. Os m é t o d o s usados para esse fim são
tos e entre 19% e 21% em homozigotos divididos naqueles que (1) f o r n e c e m u m a provável identificação
e (2) f o r n e c e m u m a identificação definitiva. Exemplos de testes
Hemoglobínopatias que f o r n e c e m provável identificação são C B C , H P L C e eletrofo-
Mais de 900 hemoglobínopatias têm sido descritas ( h t t p : / / rese, S e q ü e n c i a m e n t o de D N A ou espectroscopia de massa for-
globin.cse.psu edu); entretanto, s o m e n t e poucas têm importân- necem informação definitiva. A amostra preferível para a inves-
cia clínica A identificação de variantes de h e m o g l o b i n a em áreas tigação de hemoglobinas e talassemias é u m a amostra fresca ce
que a n t e r i o r m e n t e t i n h a m baixa incidência (Europa Setentrio- sangue em ácido etilenodiaminotetracético (EDTA), u m antico-
nal, América d o Sul e C a n a d á ) tem a u m e n t a d o nos últimos anos agulante. O a r m a z e n a m e n t o p o r mais de 5 dias a 4 °C pode
devido à imigração a partir de áreas de alta incidência d e hemo- c o m p r o m e t e r a integridade da amostra.
globinopatias (Africa, Sudeste da Ásia).
Dosagem de Hemoglobina no Sangue Total
Nomenclatura A dosagem da concentração de hemoglobina n o sangue venoso
As variantes de h e m o g l o b i n a têm sido n o m e a d a s com o uso de ou capilar é n o r m a l m e n t e realizada usando-se o m é t o d o da cia-
letras (S, C, D, E), n o m e familiar do caso-índice (Hb Lepore), o n o m e t e m o g l o b i n a . O princípio do m é t o d o é baseado na oxida-
lugar de descoberta da variante, ou a cidade natal ou o rio que ção d o Fe2" da h e m o g l o b i n a a Fe 1+ da metemoglobina pelo ferri-
passa pela cidade do p r o b a n d o . Em alguns casos, são usados a cianeto, com a metemoglobina, então, convertida em cianomete-
letra e o n o m e secundário, por exemplo, H b G Cousha t t a , indi- moglobina estável pela adição de cianeto de potássio (KCN)-
Hemoglobina, Ferro e Bilirrubina CAPÍTULO 2 8 529
Teste de HbH
A H b H , p 4 , é u m t e t r â m e r o insolúvel e n c o n t r a d o e m pacientes
com a-talassemia. Inclusões p o n t i l h a d a s de H b H , n o r m a l m e n t e
descritas c o m o s e m e l h a n t e s a "bolas de golfe", são e n c o n t r a d a s
nas R B C s dc u m esfregaço d e sangue periférico de u m paciente
c o m a-talassemia t r a t a d o c o m azul d e m e t i l e n o ou azul de cresil
b r i l h a n t e a 3 7 ° C . O m é t o d o é trabalhoso e m u i t o subjetivo.
M u i t a s dessas inclusões estão presentes e m i n d i v í d u o s c o m
d o e n ç a d e H b H , e n q u a n t o células c o n t e n d o inclusões são raras
entre i n d i v í d u o s com traço talassemico.
Transporte d e Ferro
H24L0 O ferro é t r a n s p o r t a d o d e u m órgão a o u t r o p o r u m a p r o t e í n a
plasmática de t r a n s p o r t e d e ferro, apotransferrina. O c o m p l e x o
apotransferrina-Fe 1 ' é c h a m a d o transferrina. N o r m a l m e n t e j h á
u m total de a p r o x i m a d a m e n t e 2,5 m g de ferro n o plasma.
Células HeLa Q u a n d o a t r a n s f e r r i n a se liga ao receptor de transferrina nas células,
o c o m p l e x o t r a n s f e r r i n a / r e c e p t o r é i n t e r n a l i z a d o e m u m endos-
s o m o . Ele, e n t ã o , se t o r n a acidificado, l i b e r a n d o o ferro p o r sua
Músculo transferência e r e d u ç ã o a íon ferroso (Fe 2 í ), q u e é depois trans-
Timo p o r t a d o n a célula através d o t r a n s p o r t a d o r d e metais divalentes,
o D M T 1 . A a p o t r a n s f e r r i n a éj e n t ã o , t r a n s p o r t a d a de volta para
Células vermelhas
a superfície celular, p r o n t a p a r a t r a n s p o r t a r u m a o u t r a m o l é c u l a
do sangua
d e t r a n s f e r r i n a para o i n t e r i o r d a célula. Essa série de reações t e m
sido d e n o m i n a d a ciclo da transferrirux.
Cérebro
Coração R e g u l a ç ã o da H o m e o s t a s e do Ferro
A q u a n t i d a d e de ferro p e r d i d a d o c o r p o d e p e n d e a p e n a s m i n i m a -
m e n t e da carga d e ferro. A regulação d o c o n t e ú d o de ferro cor-
/ ^ ' V. X \
poral é, p o r t a n t o , alcançada quase i n t e i r a m e n t e pela m o d u l a ç ã o
d a q u a n t i d a d e de ferro a b s o r v i d o d o trato intestinal superior.
•v_ys
Proteínas que Afetam a Homeostase do Ferro
Várias p r o t e í n a s d e s e m p e n h a m u m a f u n ç ã o na h o m e o s t a s e d o
Figura 2 8 - 6 Representação esquemática da estrutura de ferro. M u t a ç õ e s nessas p r o t e í n a s e m h u m a n o s e / o u suas inter-
s u b u n i d a d e s de ferritinas de vários tecidos. (De Harrison PM, Arosio P. r u p ç õ e s d i r e c i o n a d a s o u s u p e r p r o d u ç ã o e m ratos r e s u l t a m e m
T h e ferritins: molecular properties, iron storage f u n c t i o n a n d cellular / sobrecarga ou deficiência de ferro. A Tabela 28-2 r e s u m e os
regulation. Biochim Biophys Acta 1996; 1275-161-203 ) efeitos de a l g u m a s dessas p r o t e í n a s n a h o m e o s t a s e d o ferro. A
532 PARTE IV Analitos
HFE Fe aumentado Pode transmitir sinal que estimula a hepicidina A maioria dos pacientes ccm
hemocromatose hereditária é
homozigota para a mutação
845 A ^ G (C282Y) nesse gene
p-microglobina Fe aumentado Transporta HFE para a membrana
Transferrina Fe aumentado Transporta ferro no plasma
Receptor de transferrina-1 Letal, Fe de CNS aumentado Liga e internaliza a transferrina na membrana
Receptor de transferrina-2 Fe aumentado Pode transmitir sinal que estimula a
hepicidina
Ferroportina (SLC11A3] Fe aumentada Uma proteína transmembrana de transporte Herança dominante de sobrecarga de
de ferre que atua como receptor de ferro
hepicidina
Hefaestina Deficiência de Fe Oxida o íon ferroso a íon férrico na membrana Codificada por um gene ligado ao
intestinal luminal sexo. A deleção é a causa de
camundongos s/a
DMT1 Deficiência de Fe em roedores; Transporta íon terroso através das As mutações de ocorrência natural
sobrecarga de ferro em membranas encontradas no camundongo mke
humanos no rato Belgrade são as mesmas
Ceruloplasmina Fe aumentado Oxida ien ferrosa a íon férrico no plasma Acúmulo no cérebro e doença
neurológica
Hepicidina Fe aumentado Bloqueia o transporte de ferro pela ferroportina
Steap3 Deficiência de Fe Reduz o ferro no endossemo.
função exata d e cada uma dessas proteínas, entretanto, não é n ú m e r o de exames que tem sido preconizado para o diagnóstico
c o m p l e t a m e n t e entendida. de deficiência de ferro é um reflexo do fato que n e n h u m deles
sozinho é suficiente para detectai a deficiência de ferro moderada
I m p o r t â n c i a Clínica o u a deficiência de ferro e m uma circunstância clinicamente
A deficiência e m ferro e a sobrecarga de ferro são os principais complexa. N ã o existe u m m é t o d o melhor e vários estudos diferem
distúrbios d o metabolismo do ferro. Existem, além dessas, muitas nas conclusões obtidas com relação às vantagens de u m m é t o d o
doenças em q u e a distribuição anormal de ferro pode ter uma sobre o outro. 3
função primária o u secundária. A s últimas incluem doenças
c o m o (1) hiperferritinemia c o m catarata, (2) aceruloplasmine-
mia, (3) síndrome G R A C I L E (retaido do crescimento, aminoaci- Sobrecarga de Ferro
dúria, colestase, sobrecarga de feiro, lactacidose e morte precoce), O s termos sobrepostos hemossiderose e hemocromatose são con-
(4) neuroferritínopatia, (5) atransferrinemia e, possivelmente, dições associadas à sobrecarga de ferro.
(6) doenças neurodegenerativas, tais c o m o parkinsonismo, sín-
drome de Hallervorden-Spatz e doença de Alzheimer. Hemossiderose
H e m o s s i d e r o s e é u m termo usado para indicar sobrecarga de
Deficiência de Ferro ferro sem lesão tecidual associada. Ela ocorre localmente e m sítios
A deficiência de ferro é a doença mais prevalente em h u m a n o s . de hemorragia ou inflamação e pode ser generalizada e m pessoas
E particularmente uma doença de (1) crianças, (2) mulheres às quais tenha sido dada grande quantidade de ferro, c o m o medi-
jovens e (3) pessoas mais velhas, mas ocorre em pessoas de todas cação ou c o m o transfusões d e sangue.
as idades e classes sociais. Em crianças, ela é freqüentemente
devida à deficiência na dieta porque o leite contém baixo teor de Hemocromatose
ferro. Em adultos, ela é quase sempre resultado de perda crônica A h e m o c r o m a t o s e é uma doença na qual o corpo acumula quan-
de sangue o u parto.' 3 tidades excessivas de ferro. O s sintomas dc hemocromatose
Muitas medições diferentes têm sido preconizadas para o diag- incluem a "tríade clássica" de (1) bronzeamento da pele, (2) cirrose
nóstico de deficiência de ferro. Originalmente, ênfase foi dada aos e (3) diabetes. Outras manifestações incluem ca rd io mi opa tias e
índices de RBC. A anemia hipocrômica era geralmente conside- arritmias, deficiências endócrinas e possíveis artropatias.
rada u m s i n ô n i m o de deficiência de ferro na primeira metade do A hemocromatose secundária é a conseqüência da adminis-
século XX. Mais tarde, (1) a coloração da medula paTa identificação tração aumentada de ferro na forma de transfusões de sangue
de ferro, e as dosagens de (2) ferro sérico, (3) capacidade de ligação freqüentemente acompanhada pela absorção excessiva de ferro
de ferro, (4) ferritina sérica e (5) protoporfirina n o eritrócito se da dieta. As causas mais c o m u n s de hemocromatose secundária
tornaram úteis e são usadas e estudadas amplamente por suas são a talassemia major e os estados mielodisplásicos adquiridos,
capacidades de diagnosticar a deficiência de ferro. Tem sido obser- mas existem muitas doenças raras nas quais ocorre a sobrecarga
vado, também, que valores de receptor de transferrina circulante de ferro secundária.
e de hemoglobina no reticulõcito têm utilidade diagnostica. A o contrário da h e m o c r o m a t o s e secundária, a hemocromatose
Embora a maioria dos métodos identifique muito pronta- hereditária resulta de anormalidades herdadas de proteínas que
m e n t e a deficiência de ferro grave e não complicada, o grande regulam a homeostase do ferro. N o s últimos anos recentes, as
Hemoglobina, Ferro e Bilirrubina CAPÍTULO 2 8 533
TABELA 2 8 - 3 Condições Conhecidas que Afetam as Concentrações Séricas de Ferro, a Capacidade Total de Ligação de Ferro e a
Saturação da Transferrina
Condição Efeito
Variação diurna Valores normais pela manhã; valores baixos no meio da tarde; valores muito baixos próximo
à meia-noite
Cicio menstrual Antes da menstruação, valores elevados (SI aumentada de 10%-30%); durante a menstruação,
valores baixos (SI diminuído em 10%-3O%)
Gravidez Pode aumentar SI devido ao aumento de progesterona; pode diminuir SI devido à deficiência de ferro
Ingestão de lerro (inclusive vitaminas com ferro) Valores altos; pode aumentar SI em + 54 ^mol/L (+ 300 ng/dL) e Tsat em 100%
Contraceptivos orais (semelhantes a progesterona) Valores altos; pode aumentar SI para > 36 ^mol/L {> 200 pg/dL) e Tsat em 75%; também aumenta
Tl BC
Contaminação per ferro de seringa, tubo Vacutainer ou Valores altos; p. ex., SI > 30 pmol/L (> 170 pg/dL); Tsat de 75%-100%
outras vidrarias (o fenômeno pode ser rara, esporádico,
muito difícil de ser provado)
Injeção de ferro dextrano Valores muito altos; SI pode ser > 180 jimol/L (> 1.000 ug/dL), Tsat 100%; provavelmente a partir do
ferro dextrano circulante; o efeito pode persistir por várias semanas
Hepatite Valores muito altos; SI pode ser >180 (amoVL (:> 1.000 pg/dL) devido à hiperferritinemia de injúria do
tiepafócito
Inflamação aguda (infecção respiratória), abscesso, SI baixo ou normal; Tsat normal ou baixa
imunização, infarto do miocárdio
Inflamação crônica ou malignidade SI baixo ou normal; Tsat normal ou baixa
Deficiência de ferro SI baixo ou normal; Tsat baixa normal; TIBC aumentada
Sobrecarga de ferre (hemocromatose) SI alto; Tsat alta; TIBC normal ou baixa
De FíiítÍmiiÍíj VF. Laboratot) testing for iron status. Hosf> Pract 199^,26:19.
SI, conc£n£iafdo àe ferre sérico; TIBC, Capacidade temi de ligação de ferro, Tsat, saturação da transferrina.
para esse ensaio estão disponíveis na forma de kit e em instrumen- tem-se mostrado útil para diferenciar a anemia por deficiência de
tos de imunoensaio automatizados de diversos fabricantes. ferro daquela por inflamação crônica,' embora exista considerável
sobreposição entre essas categorias diagnosticas.
Importância Clínica
A ferritina está presente n o sangue em concentração muito baixa.
Embora seja uma proteína de fase aguda, sob condições normais BILIRRUBINA
ela reflete grosseiramente o teor de ferro corporal. A proteína A bilirrubina é o pigmento amarelo-alaranjado derivado das
circulante é basicamente a apofeiritina. Ela é pobre e m ferro e RBCs senescentes. A p ó s a formação nas células reticuloendote-
consiste principalmente e m cadeias L glicosiladas, pobres em liais, a bilirrubina é transportada e biotransformada principal-
ferro. A concentração de ferritina plasmática declina muito pre- mente n o fígado e excretada na bile e na urina.
cocemente no desenvolvimento da deficiência em ferro, muito
antes que sejam observadas variações na concentração de hemo-
globina d o sangue, n o t a m a n h o da R B C o u na concentração de Química
ferro sérico. Dessa forma, a dosagem da concentração de ferritina A bilirrubina é uma molécula tecrapirrólica linear (Figura 28-7)
sérica é usada c o m o u m indicador muito sensível da deficiência que é insolúvel e m água e prontamente solúvel em vários solven-
de ferro, que não é complicada por outras doenças concorrentes. tes apoiares. Ela tem tanto ísômeros trans quanto eis. Q u a n d o
Alternativamente, u m grande n ú m e r o de doenças crônicas resulta exposta à luz, a bilirrubina na configuração trans é convertida à
em concentração de ferritina sérica aumentada (Tabela 28-3). configuração eis, que é mais hidrossolúvel. Na prática, esta é a
justificativa clínica para a exposição de neonatos que t e n h a m
Método para a Determinação do Receptor de icterícia clinicamente significante à luz, para reduzir as concen-
Transferrina Sérica trações plasmáticas de bilirrubina não-conjugada. As quatro
As membranas celulares dos precursores de R B C em desenvolvi- frações de bilirrubina que t ê m sido isoladas do soro estão listadas
m e n t o na medula óssea são m u i t o ricas e m receptores de trans- n o Quadro 28-2.
ferrina, aos quais o complexo ferro-transferrina se liga antes de
ser internalisado e o ferro ser liberado da transferrina n o citossol.
O n ú m e r o de receptores de transferrina aumenta na presença de Bioquímica
deficiência de ferro e d i m i n u i n o excesso de ferro. Essas variações A bilirrubina I X a é produzida a partir d o catabolismo da pT0t0-
na quantidade de receptores de transferrina no tecido eritropoi- porfirina IX por uma h e m e oxigenase microssômica. O produto
ético são, também, refletidas e m variações n o receptor de trans- tetrapirrólico da abertura do anel na p o n t e a - m e t e n o é o pig-
ferrina sérico, mas, e m grande parte, os valores de receptor de m e n t o verde biliverdina, a qual é subseqüentemente reduzida à
transferrina sérico refletem a quantidade de atividade ertitropni- bilirrubina por uma enzima citossólica biliverdina redutase
ética, i n d e p e n d e n t e m e n t e do estado de ferro d o paciente. (Figura 28-8). Para cada mol de heme catabolisado por essa via,
é produzido u m m o l de (1) m o n ó x i d o de carbono, (2) bilirrubina
Método para a Determinação do Conteúdo de e (3) ferro férrico. A produção diária de bilirrubina a partir de
Hemoglobina no Reticulócito (CHr) todas as fontes no h o m e m é, e m média, de 2 5 0 a 3 0 0 mg. Apro-
Dispositivos automáticos que m e d e m o conteúdo de hemoglobina ximadamente 85% do total de bilirrubina produzida são deriva-
nos reticulócitos estão disponíveis comercialmente, e sua dosagem dos da porção h e m e da h e m o g l o b i n a liberada dos eritrócitos
Hemoglobina, Ferro e Bilirrubina CAPÍTULO 2 8 535
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Figura 28-7 E s t r u t u r a da b i l i r r u b i n a I X a . Acima, A e s t r u t u r a de y e / r "Y S
tetrapirrol a b e r t a ou lineaT m o s t r a n d o as ligações Z. Abaixo, A i\.J
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c o n f o r m a ç ã o f e c h a d a m o s t r a n d o extensivas p o n t e s de h i d r o g ê n i o / \ ^ liv^fcn,. lX.i
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internas. (Reimpresso com p e r m i s s ã o de Elsevier Science P u b l i s h i n g /-íN v
N —í
Co., Inc., de S c h i m d R. Bilirubin metabolisni: state of t h e a n . y,!
G a s t r o e n t e r o l o g y 1978'74:1307-12, com p e r m i s s ã o da A m e r i c a n
M e - —CIT,
Gastroenterological Association.)
Vn- CH=CH-j
VIA 1)1*11 11 ~J
•» è-.V»J . J Ceí- CU- CU, COOH
TYkitfl *!/-
Q U A D R O 2 8 - 2 | F r a ç õ e s de Bilirrubina ^ NAD? i"|• ~ HluvlIlMIlleivMI
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senescentes, q u e são d e s t r u í d o s n a s células reticulocndotcliais d o
fígado, d o b a ç o e da m e d u l a óssea. O s 1 5 % restantes são p r o d u -
zidos a partir d o c a t a b o l i s m o de o u t r a s proteínas q u e c o n t ê m Figura 2 8 - 8 C a t a b o l i s m o d o berne a b i l i r r u b i n a I X a . (De B e r l m
Pool da
, heme livre /
/Macro moléculas % /
; BR-citossólicas *| Biliverdina
Receptor \(p. ex.. lioandina)J / Herreprateinas \
de (p. ex., citocromo P4Í:0) >
/Blllrrubimi (BR)\ afbiMiínf)?
V Albumina / /
BR / J
Bilirrubina (BR)
Protoiim Dialicurondeo
rfà ligaçüo de BR \ '
d& ânion s
OíQànkxi? Rfltículo UDP-glicu ronosiltrs nsferase
sndopiasmátK»
Momfcwarw
Msmbrarui canalicular
Plasma sinusoidai
28-9). Os distúrbios são normalmente classificados como (1) dis- tada que leva aa-dano cerebral permanente) durante o primeiro ano
túrbios herdados do metabolismo da bilirrubina ou (2) icterícia de vida. A flebotomia e a plasmaferese reduzem a bilirrubina sérica,
neonatal. Todos esses distúrbios são caracterizados por elevações mas a encefalopatia normalmente se desenvolve. O transplante
predominantes na bilirrubina conjugada ou não-conjugada na hepático precoce é a única terapia efetiva.
ausência de outros exames hepáticos anormais. Somente nesses
distúrbios o fracionamento da bilirrubina é clinicamente útil. Síndrome de Crigler-Najjar (Tipo II)
Ocasionalmente, os pacientes apresentam elevações isoladas Esse é um distúrbio autossômico dominante raro caracterizado
da concentração de bilirrubina. Na maioria dos casos, isso é por uma deficiência parcial de UDP-glicuronosiltransferase. A
devido a distúrbios herdados do metabolismo da bilirrubina, bilirrubina não-conjugada é normalmente de 5 a 20 m g / d L (85
hiperbilirrubinemia familiar ou hemólise. U m algoritmo para a 340 jimol/L). Diferentemente da síndrome de Crigler-Najjar
diferenciar as causas familiares de hiperbilirrubinemia é apresen- tipo I, a tipo II responde notavelmente ao fenobarbital, e pode
tado na Figura 28-10. esperar-se uma vida normal.
HIPERBILIRRUBINEMIA NÃO-CONJUGADA
Produção Aumentada de Bilirrubina Não-conjugada a partir do Heme
Exclusão de hemólise, fracionamento Hemólise
subseqüente da bilirrubina
Hereditária
Adquirida
Conjugada Eritropoiese ineficaz
Tumover (renovação) rápido da massa de RBC aumentada (nos neonatos)
Rotor Crigler-Najjar, iipo I; > 25 mg/dL Captação Diminuída de Bilirrubina Não-conjugada através da Membrana
Crigler-Najjar, tipo II; 5 a 20 mc/dL do Hepatócito
Inibição Competitiva
Lucey-Discroll, transitoriamente - 5 mg/dL
•rogas
Outros
Figura 2 8 - 1 0 Algoritmo para diferenciar causas familiares de Síndrome de Gilbert
hiperbilirrubinemia. Sepse, jejum
saída paTa o intestino, a bile é acumulada dentro do fígado e Acido glicurônico. ,Acido glicurônico
.O ii
eventualmente, escapa para o sangue, causando hiperbilirrubine- T ^C'
mia mista. Possíveis causas incluem (1) citomegalovírus, (2) reo- ÇHj U HÍ Cl!
!l I :i -
vírus III, (3) vírus Epstein-Barr. (4) vírus da rubéola, (5) deficiên- Me CH Me CH2 H2C Mc Me (' 11
cia de a.,-antitripsina, (6) síndrome de D o w n e (7) trissomia 17
o u 18.
A atresia biliar extra-hepática, mais c o m u m do que o tipo intra- 0-— V , / O
N
hepático, p o d e envolver toda o u parte da árvore biliar extra-hepá-
tica. Se a icterícia persiste além de 14 dias de idade, uma dosagem
A k
I
ii
da bilirrubina conjugada o u direta deve ser feita para excluir a Bilirrubina d üsctiivj ilíada
atresia biliar. Se ela está elevada, a deve ser feito o teste de bile s 0
- H03SV - <t1 V) — - =
n N . N®Cl
na urina. Se a cor não é verde n e m amarela, é provável que seja
\sE—/
atresia biliar. A identificação precoce dessa doença é essencial
Acido glicurônico Ácido sulfanílico diazotado
para saber se esses lactentes irão beneficiar-se da operação de tv, O
portoenterostomia, a qual deve ser realizada antes de 60 dias após
o nascimento. Se a portoenterostomia não for bem sucedida, o CH2 CH,
|
transplante de fígado é o tratamento escolhido. As crianças rara- Me C H ,
mente vivem além de 3 anos a m e n o s que a lesão seja corrigida
cirurgicamente.
SOjH
A atresia biliar mtm-hepáüca é caracterizada por uma ausência
de duetos biliares intra-hepáticos. A icterícia normalmente aparece
^nAcido glicurônico
nos primeiros dias de vida. A bilirrubina sérica é elevada e o
Azobilirrubina B (isômero I)
colesterol sérico pode estar alto e levar à formação de xantomas.
I
H,< CH-
H,C Me Me ( II
M e t o d o l o g i a Analítica LJ
Várias técnicas analíticas são usadas para dosar bilirrubina e
metabólitos n o soro e na urina. 1JOH;C
hidrossolúveis, reagem com o reagente diazo na ausência de u m oxidase estão e m boa concordância com aqueles obtidos pelo
acelerador. U m m é t o d o confiável para a bilirrubina direta n ã o p r o c e d i m e n t o de Jendrassik-Grof. A bilirrubina direta é dosada
deve medir qualquer bilirrubina não-conjugada. Para m a n t e r a em p H 3,7 a 4,5, nessa faixa de p H , a enzima oxida conjugados
bilirrubina não-conjugada sem reagir é necessário usar u m p H de bilirrubina e õ-bilirrubina, mas n ã o a bilirrubina não-conju-
próximo a 1,0 (soro ou plasma diluídos com HC1 a 0,05 m o l / L ) . gada. Em p H 10, a enzima oxida seletivamente os dois glicuroní-
A ditaurobilirrubina (bilirrubina conjugada com t a u r i n a e dispo- deos; a õ-bilirrubina n ã o é oxidada de forma alguma e s o m e n t e
nível c o m o sal dissódio), u m material sintético hidrossolúvel, é 5 % da bilirrubina não-conjugada é dosada c o m o conjugados.
usada pelos fabricantes de i n s t r u m e n t o s para calibrar os m é t o d o s
de bilirrubina direta. Está, t a m b é m , presente em material usado
para controle de qualidade e para testes de proficiência. Dosagem Transcutânea da Bilirrubina
Essa abordagem não-invasiva para dosar bilirrubina foi introdu-
zida p o r Yamanouchi, e m 1980. O primeiro b i l í r r u b i n ô m e t r o
Espectrofotomelria Direta (icterômetto) era u m f o t ô m e t r o de reflectância, o qual usava dois
Esse m é t o d o de dosagem baseia-se na absorção de luz pela bilir- filtros para corrigir a cor da hemoglobina e exigia medidas e m
r u b i n a p r ó x i m o a 460 n m e é restrito principalmente a amostras oito locais d o corpo. O s esforços para melhorar a precisão de tais
de sangue de recém-nascidos saudáveis nos quais a bilirrubina dosagens têm t i d o sucesso e levaram ao desenvolvimento de
não-conjugada é a espécie p r e d o m i n a n t e . A correção para oxie- aparelhos de eficiência aceitável. Em u m estudo, foi e n c o n t r a d o
moglobina, invariavelmente presente em soros de neonatos, é que o aparelho BiliCtack (SpectR* Inc., Norcross, Ga.) garante
alcançada pela dosagem da absorvância em dois c o m p r i m e n t o s resultados que estão a ± 2 m g / d L daqueles obtidos por u m pro-
de o n d a e pela resolução de u m sistema de duas equações simul- cedimento diazo. 31 O u t r o estudo e n c o n t r o u q u e o BiliCheck
tâneas t e n d o duas incógnitas. A concentração de bilirrubina na subestimava o soro q u a n d o sua concentracão era > 10 m g / d L
amostra é calculada a partir de u m a equação simples. (170 pmol/L). 1 1
Embora as dosagens transcutâneas de bilirrubina n ã o possam
substituir as determinações quantitativas laboratoriais, elas (1) íot-
Cromatografia Líquida de Alta Eficiência necem informação instantânea, (2) reduzem a necessidade de deter-
Os métodos de H P L C r a p i d a m e n t e separam e quantificam as minações de bilirrubina sérica, (3) p o u p a m lactentes do trauma
quatro frações de bilirrubina ( Q u a d r o 28-2). A H P L C tem sido das picadas nos calcanhares e (4) são custo-efetivas Além disso,
útil n a detecção e separação das diversas frações de bilirrubina e elas são úteis em determinar se é necessário tirar sangue de u m
dos fotoisômeros produzidos d u r a n t e a fototerapia e m recém-nas- bebê ictérico para orientar o tratamento, tal como fototerapia ou
cidos e, p o r t a n t o , na elucidação d o mecanismo pelo qual a foto- transfusão. U m a outra aplicação é predizer quais bebês necessita-
terapia d i m i n u i a concentração de bilirrubina no sangue de neo- rão de a c o m p a n h a m e n t o de acordo com o n o m o g r a m a "hora-
natos. Existem vários métodos p o r H P L C , de variável complexi- especifico" de bilirrubina sérica. 6
dade, para separar as frações de bilirrubina. U m m é t o d o por
H P L C simples e rápido usa u m a coluna Micronex RP-30, que n ã o
necessita de salting out de globulinas ou transformação química Bilirrubina Urinária
dos conjugados de bilirrubina. Este m é t ô d o separa a bilirrubina C o m o s o m e n t e a bilirrubina conjugada é excretada na urina, sua
sérica e m (1) õ-bilirrubina, (2) bilirrubina desconjugada (y-bilirru- presença indica hiperbilirrubinemia conjugada. O m é t o d o mais
bina), (3) bilirrubina m o n o c o n j u g a d a (p-bilirrubina), os (4) fotoi-
c o m u m e n t e usado para detectar bilirrubina na urina envolve o
sômeros E,Z ou Z,E e (5) bilirrubina não-conjugada. A descoberta
uso de uma vareta impregnada com u m reagente diazo. O s
da õ-bilirrubina solucionou o mistério das concentrações altas de
m é t o d o s de varetas detectam concentrações de bilirrubina tão
bilirrubina persistentes, a maioria reagindo diretamente, em
baixas q u a n t o 0,5 m g / d L .
pacientes c o m icterícia obstrutiva mtra-hepática o u pós-hepática
U m a amostra fresca de urina é necessária p o r q u e a bilirru-
muito t e m p o após a hepatite ter d i m i n u í d o ou a obstrução ter
b i n a é instável q u a n d o exposta à luz e à temperatura ambiente,
sido Tesolvida. Ela é a fração que demora mais a desaparecer do
e p o d e ser oxidada à biliverdina (a qual é diazo negativa) n o p H
soro porque segue o catabolismo da albumina, a qual tem u m a
n o r m a l m e n t e ácido da u r i n a . A tira reagente (Chemstrip, Roche
meía-vida de aproximadamente 19 dias.
Diagnostics, Basel, Switzerland; Multistix, Siemens Diagnostics,
A H P L C tem sido m u i t o útil na elucidação da natureza das
Tarrytown, N I ) é r a p i d a m e n t e imersa na amostra de urina, e a cor
espécies de bilirrubina que ocorrem n a t u r a l m e n t e n o sangue ou
que são formadas d u r a n t e a fototerapia. Clinicamente, ela oferece é lida 60 segundos depois. O mecanismo de reação para a bilir-
pouca, se alguma, ajuda ao médico n o diagnóstico diferencial de rubina conjugada urinária é o m e s m o que o descrito n a Figura
icterícia p o r q u e o c o n h e c i m e n t o da porcentagem das frações 28-11, exceto que o 2,6-diclorobenzeno-diazônio-tetrafluorobo-
de bilirrubina n o sangue não tem valor diagnóstico. rato (Chemstrip) e o sal 2,4-dicloroanilina diazónio (Multistix)
são os compostos diazo. Na prática, as varetas, as quais testam
u m a variedade de substâncias urinárias, são lidas por aparelhos
Métodos Enzimáticos fotométricos (p. ex., Clinitek, Siemens Diagnostics, Tarrytown,
Os m é t o d o s enzimáticos para bilirrubina total e direta e para NI), que t a m b é m i m p r i m e m os resultados.
conjugados d e bilirrubina com ácido glicurônico são baseados na As tiras C h e m s t r i p e Multistix para a bilirrubina na urina são
oxidação de bilirrubina com bilirrubina oxidase a biliverdina com testes altamente específicos e têm u m a baixa incidência de resul-
oxigênio molecular. Próximo a p H 8, e na presença d e colato de tados falso-positivos. E n t r e t a n t o , m e d i c a m e n t o s que colorem a
sódio e de dodecilsulfato de sódio, todas as quatro frações de u r m a de vermelho ou q u e dão cor vermelha em meio ácido, tais
bilirrubina são oxidadas a biliverdina, que é, ainda, oxidada a como a fenazopiridina, são conhecidos por produzirem leitura
p r o d u t o s roxos e, por fim, incolores. A diminuição n a absorvân- falso-positiva. G r a n d e s quantidades de ácido ascórbico ou de
cia, a 4 2 5 ou 4 6 0 n m , é proporcional à concentração de bilirru- nitrito t a m b é m p i o r a m o limite d e detecção d o teste. N a prática,
bina total. O s resultados obtidos pelo m é t o d o da bilirrubina a bilirrubina é r a r a m e n t e dosada na urma.
540 PARTE IV Analitos
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CAPÍTULO 2 9
A
5. Descrever os efeitos da toxicidade do chumbo na via biossintética
s porfirias constituem u m g r u p o de doenças caracteriza-
do heme. das pela deficiência em u m a das enzimas da biossíntese
d o h e m e , o q u e resulta em s u p e r p r o d u ç ã o de intermedi-
PALAVRAS-CHAVE E D E F I N I Ç Õ E S ários da via.1 Estes intermediários são excretados em q u a n t i d a d e s
Porfirias Agudas: Doenças herdadas associadas à biossíntese d o excessivas n a urina, nas fezes, ou em ambos. As conseqüências
h e m e , caracterizadas p o r crises agudas causadas p o r clínicas d e p e n d e m da natureza dos precursores do h e m e q u e se
disfunções neuroviscerais; p o t e n c i a l m e n t e fatais; a c u m u l a m . Nas porfirias agudas, os precursores de porfirinas em
diagnosticadas por níveis elevados de porfobilinogênio excesso (ácido 5-aminolevulínico [ALA] e porfobilinogênio
(PBG) na urina. [PBG]) estão associados às crises agudas p o t e n c i a l m e n t e fatais
Acido 5-Aminolevulínico (ALA): Precursor imediato do causadas por disfunções neuroviscerais, que são f r e q ü e n t e m e n t e
porfobilinogênio; duas moléculas de ALA se c o m b i n a m provocadas p o r u m a variedade de drogas c o m u m e n t e prescritas,
para formar u m a molécula de porfobilinogênio. fatores h o r m o n a i s , álcool, jejum prolongado, estresse ou infec-
Coproporfirina: U m a porfirina c o m q u a t r o cadeias laterais d o ção. Nas porfirias não-agudas e nas porfirias agudas em que a pele
tipo metil e q u a t r o d o tipo ácido propiônico ligadas ao p o d e ser afetada, o a c ú m u l o de porfirinas resulta em fotossensi-
suporte do tetrapirrol. bilização e lesões na pele. O diagnóstico d e p e n d e da investigação
Porfirias Cutâneas: D o e n ç a s associadas à biossíntese do heme, laboratorial para d e m o n s t r a r o p a d r ã o de acúmulo do precursor
nas quais o acúmulo de porfirinas causa d a n o à pele d o h e m e específico para cada tipo de porfiria e requer a análise
q u a n d o esta é exposta à luz solar. de amostras apropriadas para os metabólitos-chave u s a n d o
Porfobilinogênio (PBG): Precursor imediato das porfirinas, m é t o d o s suficientemente sensíveis e específicos.
u m anel de pirrol com cadeias laterais do tipo acetil, O s avanços técnicos n a área de genética molecular possibili-
p r o p i o n i l e aminometil; q u a t r o moléculas de PBG se t a m investigar muitas porfirias ao nível molecular. E m b o r a n ã o
c o n d e n s a m para f o r m a r u m a molécula de 1- sejam essenciais para o diagnóstico de casos sintomáticos, estas
hidroximetilbilano, que é, então, convertido sucessivamente técnicas estão se t o m a n d o cada vez mais valiosas na investigação
a uroporfirinogênio-III, coproporfirinogênio-III, de famílias com porfiria.
protoporfirinogênio-IX, protoporfirma-IX e h e m e .
P o r f i r i n a s : Q u a l q u e r grupo de compostos c o n t e n d o a estrutura PORFIRINAS E QUÍMICA DO HEME
de p o r f m a , q u a t r o anéis de pirrol ligados p o r pontes de Antes de se discutirem a síntese das porfirinas e as doenças asso-
m e t e n o (ou pontes metênicas ou p o n t e s metenilas) e m u m a ciadas ao seu metabolismo, a estrutura, a n o m e n c l a t u r a e as carac-
configuração cíclica, a qual se ligam várias cadeias laterais. terísticas químicas desse grupo d e compostos serão revisadas.
Protoporfirina: U m a porfirina com quatro cadeias laterais do
tipo metil, duas do tipo vinil e duas do tipo ácido Estrutura e N o m e n c l a t u r a d a s Porfirinas
propiônico ligadas ao s u p o r t e do tetrapirrol; o complexo A estrutura básica das porfirinas consiste e m q u a t r o anéis m o n o -
protoporfirma-lX-ferro, o heme, é o grupo prostético da pirrólicos ligados por pontes de m e t e n o (ou pontes metênicas ou
h e m o g l o b i n a , dos citocromos e de outras hemoproteínas. pontes metenilas) para f o r m a r u m anel tetrapirrólico (Figura 29-
Porfirias: U m grupo de doenças metabólicas principalmente 1). M u i t o s compostos de p o r f i r i n a são conhecidos, mas apenas
herdadas que resultam d e deficiências parciais das enzimas u m n ú m e r o limitado é de interesse clínico. O s compostos de
541
542 PARTE IV Analitos
porfirina relevantes para as porfirias (Tabela 29-1) diferem nos porfirinas possuem uma absorvância particularmente intensa
substituintes que ocupam as posições periféricas 1 a 8. Variação próximo a 4 0 0 nm, f r e q ü e n t e m e n t e d e n o m i n a d a banda Soret.
na distribuição d o s m e s m o s substituintes nas posições periféricas Q u a n d o expostas à luz na tegião de 4 0 0 nm, as porfirinas revelam
d o anel de tetrapirrol origina isômeros de porfirinas, que são uma fluorescência vermelho-alaranjada característica na faixa de
geralmente representados por algarismos romanos (isto é, I, II, 5 5 0 a 6 5 0 n m . A absorvância e a fluorescência são alteradas pelos
III etc.). A forma reduzida de uma porfirina é conhecida c o m o substituintes ao redor do anel de porfirina e pelo metal ligante.
porfirinogênio (Figura 29-1) e difere pela presença de seis hidrogê- A quelação d o zinco altera o pico de fluorescência da protopor-
nios adicionais (quatro nas pontes de meteno e dois em nitrogênios firina para comprimentos de onda mais curtos e reduz a intensi-
presentes nos anéis). O s porfirinogênios são instáveis in viera e dade da fluorescência. A ligação forte d o ferro altera a natureza
são e s p o n t a n e a m e n t e oxidados a suas porfirinas corresponden- da protoporfirina de tal forma que o h e m e não apresenta fluo-
tes. Sob baixas tensões de oxigênio na célula, os porfirinogênios rescência significante.
são estáveis e formam os intermediários da via de síntese d o heme;
a aromatização da protoporfirina, na penúltima etapa da via, Solubilidade
requer uma enzima. As porfirinas são apenas levemente solúveis em água. As solubilida-
des diferentes de cada porfirina são importantes não somente para
Quelação de Metais o desenho dos métodos analíticos para sua extração e fraciona-
O arranjo dos quatro átomos de nitrogênio n o centro do anel de mento, mas também para a determinação da rota de sua excreção
porfirina faz c o m que as porfirinas possam quelar vários íons do corpo. Em pH 7, os grupos carboxila se encontram ionizados e
metálicos. A p r o t o p o r f i r i n a que c o n t é m ferro é conhecida c o m o a molécula tem uma carga líquida negativa. Abaixo de pH 2, os
heme; o ferro-heme refere-se especificamente ao c o m p l e x o Fe2" e nitrogênios pirrólicos e os grupos carboxila se tornam protonados,
o ferri-heme ao F e 3 \ O ferri-heme associado ao contra-íon cloreto de forma que a molécula apresenta uma carga líquida positiva.
é c o n h e c i d o c o m o hemina, o u hematina q u a n d o o contra-íon é Em p H fisiológico, a solubilidade de uma dada porfirina é
hidróxido. determinada pelo número de grupos carboxila substituintes. A
uroporfirina tem oito grupos carboxilato e é a porfirina mais
Propriedades Espectrais solúvel em m e i o aquoso. A protoporfirina tem somente dois grupos
As porfirinas são denominadas a partir da palavra grega para carboxilato e é basicamente insolúvel em água, mas se dissolve
"roxo" {parphyra), e sua cor está relacionada à estrutura d e dupla rapidamente em meios lipídicos e se liga prontamente às regiões
ligação conjugada d o anel tetrapirrólico. Os porfirinogênios não hidrofóbicas de proteínas, tais c o m o a albumina. A coproporfirina,
têm ligações duplas conjugadas e são, portanto, incolores. As com quatro grupos carboxilato, tem solubilidade intermediária.
C™. Mrimtmcri! (—CHjCOOH); C„, caibmieiil (-CH 2 CH ; COOH); Me, me til (-CH,); Et, etil (-CH 3 CH,); Vn, vinil (-CH-CH,).
Porfirinas e Doenças Associadas ao Metabolismo das Porfirinas CAPÍTULO 2 9 543
Mitocôndria Citüssol
2 ALA
Succinil-CoA
Glicina
S—CoA
PBG
> + "iK. X .
UtJ <".w Cs»
o ruK \ '•'> Porfobilinogênio (PBG)
no N'
ALA sintasf
O
/
3 i>uc;
KQ A .NH; Hidroxiínetiibil/Jno
íiníasÊ (Também
O Ácido aminolevulinico espontâneo)
(AL/0
Vii Mv Ctl Cm
Cra^ "r^yf-LKl
\ -s-M N- J \ -.\'K 1 jfi _ f
f A X",1
.c • Heme tio— ' \ Hidroximerilbilano
/ s " ff
>-N N-\ /-Vir ItK—A
,Cc. Cu fct
Ferraquelatase
Urop orfiri n age nío- / JI
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/ r.-A C*l Cm
M . - V n Crt->0 Y' Ca v-;
\=-'-v -HN J( \ .Mv hin j / v _NJr i ir\ .{/
f \
V
Figura 2 9 - 2 Via biossintétia de porfirinas e h e m e . C c t , - C H i C H ^ C O O H ,
C m , - C H j C O O H , Me, - C H , ; Vn, - C H = C H : .
succinihcoenzima A (CoA) e glicma (Figura 29-2).' A via está requer piridoxal fosfato c o m o co-fator, que forma u m a base de
presente em todas as células nucleadas, e estima-se que a síntese Schiff com o grupo a m i n o da glicma na superfície da enzima.
diária de h e m e em h u m a n o s é de 5 a 8 m m o l / k g de peso do O carbânion da base de Schiff desloca a C o A d o succmil-CoA,
corpo. A via é compartimentalizada com algumas etapas ocor- com a formação do ácido a-ammo-f3-cetoadípico, que é, então,
r e n d o na m i t o c ô n d r i a e outras n o citoplasma. Pouco se sabe descarboxilado a ALA. A atividade de ALAS é limitante da taxa
sobre o transporte dos intermediários através da m e m b r a n a de sintese de h e m e desde que a capacidade catalítica das outras
mitocondrial, e n e n h u m defeito n o transporte foi relatado até enzimas da via esteja n o r m a l .
o m o m e n t o nas porfirias.
Ácido 5-Aminolevulinico Desidratase (EC 4.2.1.24),
5-Aminolevulinato Sintase (EC 2.3.1.37% ALAS ALAD
O ALAS é a enzima inicial da via e catalisa a formação de A L A O A L A D ( t a m b é m conhecido c o m o porfobilinogênio sintase) é
a partir de succinil-CoA e glicina. A enzima é mitocondrial e u m a enzima citoplasmática q u e catalisa a formação do PBG
544 PARTE IV Analitos
monopirrólico a partir de duas moléculas de A I A , c o m a elimi- Pro topo rfirin ogênio Oxida se (EC 1.3.3.4), PPOX
nação de duas moléculas de água. A enzima requer íons de zinco A PPOX é uma flavoproteína localizada na membrana mitocon-
c o m o co-fator e grupos sulfidrila reduzidas no sítio ativo, sendo, drial interna e catalisa a remoção de seis hidrogênios (quatro das
portanto, suscetível à inibição por chumbo. pontes de meteno e dois dos nitrogênios d o anel) para formar a
protoporfirina-IX. A oxidação não-enzimática também ocorre m
Hidroximetilbilano Sintase (EC 2.5.1.61), HMBS nitro. C o n t u d o , sob a tensão de oxigênio da célula, a PPOX é
A H M B S (também conhecida c o m o PBG desaminase) é uma essencial para a oxidação ocorrer. A protoporfirina produzida é
enzima cito plasmática que catalisa a formação de uma molécula a única porfirina que funciona na via d o heme. Outras porfirinas
do tetTapirrol linear 1-hidroximetilbilano (HMB; t a m b é m deno- são produzidas por oxidação não-enzimática e representam por-
m i n a d o pré-uroporfirínogênio) a partir de quatro moléculas de firinogênios que escaparam irreversivelmente da via.
PBG, com a liberação de quatro moléculas de amónia. A e m i m a
é suscetível à inibição alostérica por intermediários de etapas Ferroquelatase (EC 4.39.1.1), FECH
posteriores da via biossintética d o heme, especialmente copropor- A F E C H (também d e n o m i n a d a h e m e sintase) é uma proteína
firinogênio-III e protoporfirinogênio-IX. 1 3 ferro-enxofre localizada na membrana mitocondrial interna. Esta
enzima insere íon ferroso na protoporfirina para formar heme.
Durante este processo, dois hidrogênios são retirados dos nitro-
Uroporfirinogênio-Hl Sintase (EC 4.2.1.75), UROS gênios do anel. Outros metais n o estado divalente também
A U R O S é uma enzima citoplasmática que rearranja e torna atuarão c o m o substrato, produzindo o quelato correspondente
cíclico o H M B para formar o uroporfirinogênio-III. Cada anel de (p. ex., incorporação de Zn 24 na protoporfirina para produzir
pirrol de H M B contém u m substituinte metilcarboxilato e u m zinco-protoporfirina [ZPP]). N o s estados de deficiência de ferro,
etilcarboxilato, que estão na mesma orientação. Pela rotação de Zn 2+ compete com sucesso c o m o Fe 2+ nos eritTÓcitos em forma-
n e n h u m , um, ou dois anéis pirrólicos alternados o u adjacentes, ção, de forma que a concentração de zinco-protoporfirina nos
é possível chegaT aos quatro diferentes isômeros. A l é m de fechar eritrócitos aumenta. Além disso, outras porfirinas dicarboxílicas
a estrutura de anel, a enzima Toda o anel D via u m intermediário também servirão c o m o substratos (p. ex., mesoporfirina).
espirano, produzindo o isômero tipo III - esta rotação é vital
porque somente o isômero tipo III contribui para a biossíntese de Função do Heme
heme. O H M B é instável, e, nas porfirias em que o excesso de O h e m e funciona c o m o u m grupo prostético e m várias proteínas,
H M B se acumula, a ciclização ocorre não enzimaticamente com nas quais, d e p e n d e n d o de sua função, o ferro muda livremente
a formação d o isômero tipo I. Normalmente, apenas quantidades entre os estados de valência V e 3T. D e 70% a 8 0 % da síntese
mínimas de uroporfirinogênio-I são formadas. de h e m e ocorre na medula óssea e aproximadamente u m p o u c o
mais de 15% no fígado. As proteínas que c o n t ê m h e m e partici-
pam dc u m a variedade de reações ledox, incluindo:
Uroporfirinogênio Descarboxilase (EC 4.1.1.37), 1. Transporte de oxigênio (pela h emoglob in a no sangue) e arma-
UROD zenamento (pela mioglobina n o músculo)
Esta é a última enzima citoplasmática da via e catalisa a descarbo- 2. Respiração mitocondrial (pelos citocromos bi, cL e a3)
xilação dcs quatro grupos carboximetil para formar o coproporfi- 3. Destruição enzimática de peróxidos (pela catalase e peroxi-
rinogênio tetracarboxílico. A enzima usa ambos os isômeros I e dase)
III de uroporfirinogênio c o m o substrato. A descarboxilação se 4. Metabolismo de drogas (pelas oxidases de função mista d o
inicia n o anel D e procede gradualmente através dos anéis A, B citocromo P-450 microssômico)
e C, c o m a formação dos intermediários heptacarboxilato, hexa- 5. Dessaturação de ácidos graxos (pelo citocromo bs microssô-
carboxilato e pentacarboxilato em um único sítio ativo. A defici- mico)
ência de U R O D causa acúmulo destes intermediários além de seu 6. Metabolismo do triptofano (pela triptofano oxigenase)
substrato, uroporfirinogênio. Hm altas concentrações de subs- Reações d o óxido nítrico (NO) são freqüentemente mediadas
trato, a descaTboxilação ocorre por u m mecanismo aleatório. pela reação do h e m e com N O e m enzimas-controle, tais c o m o
guanilato ciclase.
Coproporfirinogênio Oxida se (EC 1.3.3.3), CPO Outros derivados tetrapirrólicos que ocorrem naturalmente
A C P O está situada n o espaço intermembranas da mitocôndria incluem a vitamina B 12 e a clorofila, cada uma das quais contendo,
e catalisa a descarboxilação oxidaliva seqüencial dos grupos 2- e respectivamente, u m átomo de cobalto o u magnésio quclado.
4-carboxietil a grupos vinil para produzir o protoporfirinogênio-
IX mais lipofílico, c o m a formação de um intermediário tricar- Excreção de Precursores do Heme
boxílico, o harderoporfirinogênio. O oxigénio é necessário c o m o Normalmente, apenas quantidades insignificantes dos precurso-
oxidante. A enzima requer grupos sulfidrila para sua atividade, o res se acumulam n o corpo. A rota de excreção d e p e n d e grande-
que a torna alvo da inibição por metais. A enzima é específica mente da solubilidade. O s precursores de porfirinas A L A e PBG
para o isômero tipo III, assim o metabolismo da série 1 das por- são hidrossolúveis e são excretados quase exclusivamente na
firinas não ocorre além do coproporfirinogênio-I. O produto da urina. O uroporfirinogênio, com oito grupos carboxilato, é pron-
enzima difere do substrato pelo fato de a substituição de dois dos tamente solúvel em água e também é excretado via rim. O último
grupos carboxietil por grupos vinil introduzir u m terceiro substi- intermediário da via, a protoporfirina (e também o protoporfiri-
tuinte na molécula. Portanto o n ú m e r o de possíveis formas iso- nogênio), que tem s o m e n t e dois grupos carboxilato, é insolúvel
méricas aumenta e, por convenção, o sistema de numeração e m água e é excretado nas fezes via trato biliar. As outras porfi-
muda, de forma que o isômero III se torna o isômero IX. N o s rinas são de solubilidade intermediária e aparecem tanto na urina
estados de deficiência de U R O D , u m dos grupos etilcarboxilato c o m o nas fezes. O coproporfirinogênio-I é retirado e excretado
do porfirinogênio pentacarboxilato acumulado é descarboxilado pelo fígado preferencialmente e m relação ao isômero III, de
por u m mecanismo desconhecido para formar as séries de isoco- forma que o coproporfirinogênio-I predomina nas fezes e o
proporfirina das porfirinas. coproporfirinogênio-III, na urina. Todos os porfirinogênios na
Porfirinas e Doenças Associadas ao Metabolismo das Porfirinas CAPÍTULO 2 9 S4S
PORFIRIAS AGUDAS
Porfiria de deficiência de ALA desidratase (ALADP) ALAD muito rara + - AR
Porfiria intermitente aguda (AIP) HMBS 1-2:100.000 + - AD
Coproporfiria hereditária (HCP) CPO 1-2:1.000.000 + + t,t AD
Porfiria variegata (VP) PPOX 1:250.000 +u AD
PORFIRIAS NÃO-AGUDAS
Porfiria eritropoiética congênita (CEP) UROS 1:1.000.000 - +* AR
Porfiria cutanea tarda (PCT) UROD 1:25.000 - +* Complexa (20% AD)
Pratoporfiria eritropoiética (EPP) FECH 1:130.000 - Complexa
(principalmente AD)
TABELA 2 9 - 3 As Porfirias: Padrões de Superprodução dos Precursores do H e m e durante a Fase Clinicamente Evidente da
Doença
Pico de Emissão
PBG/ALA Porfirinas nos de Fluorescência
Porfiria na Urina Porfirinas na Urina Porfirinas nas Fezes Eritrócitos do Plasma
AIP PBG > ALA Principalmente uropnrlírina Normal nu leve aumento Não aumentada 615 a 620 nmb
a partir de PBG de Copro, P roto3
CEP Não aumentada Uro-I, Copro-I Copro-I Zn-proto, Prato, 615 a 620 nm
Copro-I, üro-l
PCT Não aumentada Uro, Heptac Isocopro, Heptac Não aumentada 615 a 620 nm
d
HCP PBG > ALA Copro-lll, uroportirína a Copro-lll Mão aumentada 615 a 620 nmb
partir de PBG
VP PBG > ALAd Copro-lll, uroportirína a Proto-lX > Copro-lll, Não aumentada 624 a 628 nm
partir de PBG X-porfirina
EPP Não aumentada Não aumentada ± Preto® Proto 626 a 634 nm'
"A porfirina total pode estar aumentada por ~ausa da presença de uToporfirina em excesso.
h
Nem sempre aumentada durante a crise agu la.
'0uiras porfirinas meüIÍZÍTLaxiLa [OJMbsti íwídíU estão aumentadas em uma menor extensão; urofwr/ÍTTna é uma mistura tios isfimerots dos tipos I e 111; porfirina
hepiacaThaxilata è
tmncijjãimente do tipo ilJ.
''PBG e ALA podem estar normais quando há apenas lesões de pele
"Nd o aumentada em afrroxitnadamente 40% dos pacienta.
'Protofor/irina ligada à globina (se acorre liemólije na üTnasüraJ tem um pica em 626 a 628nm.
mantido e m quantidades normais ou próximas d o normal pela desaparecer dentro "3e poucos dias, mas, em casos graves, uma
maior expressão de ALAS, c o m u m conseqüente a u m e n t o da neuropatia motora predominante se desenvolve e pode progredir
concentração de substrato da enzima defeituosa. Essas mudanças para quadriparesia flácida. D o r e vômito persistentes p o d e m levar
compensatórias variam entre tecidos, sendo ruais proeminentes à perda de peso e à má nutrição. A fase aguda pode ser acompa-
n o fígado e imperceptível na maioria dos outros órgãos, e entre nhada por confusão mental c o m alterações abruptas de humor,
indivíduos. Portanto, em todas as porfirias agudas autossômicas alucinações e outros traços psicóticos. Entretanto, essas perturba-
dominantes, alguns indivíduos não mostram evidências de super- ções mentais desaparecem com remissão. A doença psiquiátrica
produção de precursores do heme, enquanto outros têm a doença persistente não é uma característica das porfirias agudas, embora
manifestada bioquicamente c o m ou sem sintomas clínicos. A alguns pacientes possam apresentar ansiedade ou depressão leves.
baixa penetrância clínica é uma característica relevante de todas A dor abdominal geralmente desaparece dentro de duas semanas,
as porfirias agudas autossômicas dominantes. Estudos de famílias mas a recuperação da neuropatia pode levar muitos meses e nem
indicam que aproximadamente 8 0 % dos indivíduos afetados são sempre é completa. A maioria dos pacientes tem uma ou poucas
assintomáticos ao longo da vida. Complicações a longo prazo de crises seguidas de recuperação completa e remissão prolongada,
porfiria aguda incluem doença renal crônica, hipertensão e car- A p r o x i m a d a m e n t e 5 % têm crises agudas repetidas que, e m mulhe-
cinoma hepatocelular. 1 res, p o d e m ocorrer n o período pré-menstrual.
E m AIP, o principal defeito é uma deficiência de HMBS, a qual Fatores desencadeantes p o d e m ser identificados e m quase
Tesulta em acúmulo de seu substrato PBG (e em menor extensão dois terços dos pacientes que têm crises agudas. Os mais impor-
de ALA). Em V P e HCP, as deficiências herdadas de enzimas de tantes são as drogas, álcool, especialmente quando o c o n s u m o é
etapas posteriores da via levam ao acúmulo de porfirinogênies, que excessivo, o ciclo menstrual, gravidez, restrição calórica, infecção
são potentes inibidores alostéricos de HMBS 1 1 e levam ao acúmulo e estresse. As drogas que provocam crises agudas incluem barbi-
secundário de PBG (e ALA). N a doença recessiva muito rara, turatos, sulfonamidas, progesteronas e a maioria dos anticonvul-
ALADP, uma deficiência herdada de A L A D resulta em acúmulo sivos, mas muitas outras estão envolvidas na precipitação de crises
de ALA e coproporfirina-III, mas não de PBG. agudas 1 (www.porphyria-europe.com). Muitos desses fatores desen-
As crises agudas neuroviscerais, potencialmente fatais, que cadeantes induzem CYPs hepáticos.
ocorrem em AIP, VP e H C P são clinicamente idênticas. 10 Crises Lesões de pele similares às de P C T e de outras porfirias que
agudas são mais c o m u n s em mulheres, com a primeira ocorrência se manifestam com bolhas estão presentes e m aproximadamente
geralmente entre 15 e 4 0 anos, e são muitos raras antes da puber- 8 0 % de pacientes com VP clinicamente manifestada (Tabela 29-
dade. 2). Aproximadamente 6 0 % dos pacientes com esta condição têm
As crises agudas quase sempre começam com dor abdominal, apenas lesões de pele. A pele é mais raramente afetada em HCP;
que rapidamente se torna muito forte, mas não é acompanhada lesões de pele sem uma crise aguda são i n c o m u n s e são geral-
por peritonismo ou outros sinais de uma condição cirúrgica mente provocadas por colestase intercorrente.
aguda A dor pode ocorrer também nas costas e nas coxas,
p o d e n d o ocasionalmente ser mais forte nestas regiões. Sintomas Porfirias Não-agudas
de neuropatia autonômica, tais c o m o vômito, constipação, taqui' Estas se enquadram em duas categorias, d e p e n d e n d o se os
cardia e hipertensão, são freqüentes. As convulsões, quando pacientes têm lesões de pele c o m bolhas o u fotossensibilidade
ocorrem, são muitas vezes causadas por hiponatremia. A dor pode aguda.
Porfirinas e Doenças Associadas ao Metabolismo das Porfirinas CAPÍTULO 2 9 547
p o d e ser igualmente grave por retardar a cirurgia vital ou outro cência do plasma é realizada (para excluir VP). Se todos estes
t r a t a m e n t o e p o d e r t a m b é m levar ao uso i n a p r o p r i a d o de anal- testes são negativos, é m u i t o improvável que os sintomas sejam
gésico (p. ex., opiatos) e d e p e n d ê n c i a . ou t e n h a m sido causados por porfiria. N o e n t a n t o , é difícil
D u r a n t e u m a crise, a excreção de P B G é m u i t o elevada e o excluir a porfiria após longos períodos (ou seja, vários anos) de
a u m e n t o é geralmente 10 vezes o limite máximo de referência. remissão clínica. D e p e n d e n d o d o grau de suspeita clinica, os
PBG normal, n o m o m e n t o em que os sintomas estão presentes, estudos de enzima e D N A p o d e m continuar, mas freqüente-
exclui todas as porfirias agudas, exceto a m u i t o rara ALADP, m e n t e n ã o são recompensadores
c o m o causa. Hm AIP, o P B G n o r m a l m e n t e permanece elevado
por semanas ou m e s m o meses após u m a crise. C o n t u d o , em V P Pacientes com Sintomas Cutâneos
ou HCP, o PBG p o d e r a p i d a m e n t e voltar ao n o r m a l (algumas As lesões de pele das porfirias cutâneas são sempre acompanha-
vezes em dias), logo que a crise começa a diminuir. Portanto, se das por s u p e r p r o d u ç ã o de porfirinas. O c a m i n h o da investigação
u m a crise suspeita está e n t r a n d o em remissão, ou a suspeita deve ser ditado pela apresentação clinica (Tabela 29-2).
clínica de porfiria aguda persiste, a análise de porfirinas plasmá-
ticas e fecais, c o m m edição de ALA, se esses forem normais, é Pacientes com Bolhas, Fragilidade e Cicatrizes
aconselhável m e s m o que a excreção de PBG seja normal. O PBG Existem quatro porfirias principais, nas quais ocorrem lesões de
a u m e n t a d o na u r i n a requer avaliação cuidadosa; embora o pele clinicamente indistinguíveis de pele frágil e bolhas (Tabela
paciente claramente tenha u m a porfiria aguda, a doença p o d e 29-2). Porfirinas urinária e fecal totais devem ser medidas por u m
não ser a causa dos sintomas atuais. Alguns pacientes com AIP m é t o d o espectrofotométrico 2 1 ou fluorimétrico 2 com sensibili-
têm taxas de excreção de PBG m u i t o altas em ausência de sin- dade suficiente, e as porfirinas plasmáticas devem ser determina-
tomas e existe u m a correlação pobre entre o PBG urinário e os das por espectroscopia de fluorescência 9 Na prática, a análise
sintomas, sem o m í n i m o acima dos quais os sintomas aparecem. fecal é geralmente desnecessária p o r q u e as duas porfirias associa-
A excreção dé PBG a u m e n t a d u r a n t e u m a crise aguda, mas a das a bolhas mais comunas, P C T e VP, p o d e m ser identificadas
detecção desta m u d a n ç a requer informações sobre a excreção pela análise de urina e plasma (Tabela 29-3). Se esses testes são
basal d o paciente. Q u a n t o maior a excreção de P B G na urina, normais, a porfiria é então excluída como causa de quaisquer
maior a probabilidade de q u e a porfiria seja responsável pelos lesões de pele ativas. Q u a l q u e r a u m e n t o de porfirina urinária ou
sintomas; entretanto, o diagnóstico final deve sempre ser feito fecal total deve ser posteriormente investigado pela determinação
com bases clinicas. de porfirinas individuais u s a n d o u m a técnica capaz de resolver
Caso seja e n c o n t r a d o PBG elevado n a urina p o r um teste de todas as porfirinas de interesse clinico, incluindo isômeros. 1 O
rastreamento qualitativo/semiquantitativo, este achado deverá, padrão observado em cada u m a dessas porfirias é único.
então, ser c o n f i r m a d o por u m m é t o d o quantitativo especifico 12
para eliminar a possibilidade de u m resultado falso-positivo. A Pacientes com Fotossensibilidade Aguda
m e l h o r forma de se realizar este teste é utilizando a amostra E m caso de suspeita de EPP, a investigação essencial é a me d iç ã o
original de urina (armazenada preferencialmente congelada), de p o r f i r i n a no sangue (ou eritrócito), u s a n d o u m m é t o d o flu-
p o r q u e , n o m o m e n t o em que u m a nova amostra é obtida, o PBG orimétrico sensível. O s testes de r a st r e a m e n t o através de extração
^Çode ter voltado ao n o r m a l . d o sangue com solvente ou de microscopia de fluorescência dos
A forma de lidar com a crise é a m e s m a i n d e p e n d e n t e m e n t e entrócitos n ã o são confiáveis e n ã o deveriam ser utilizados. Se
d o tipo de porfiria, p o r t a n t o investigações posteriores n ã o se a concentração de p o r f i r i n a n o eritrócito/sangue está d e n t r o dos
m o s t r a m urgentes. A diferenciação entre as porfirias agudas é limites de referência, a EPP está excluída, Se a concentração é
essencial para a seleção de testes apropriados para os estudos de alta, o a u m e n t o p o d e ser causado pela p r o t o p o r f i r i n a livre, c o m o
famílias; a ausência de lesões de pele n ã o exclui VP ou H C P em EPP, ou pela ZPP, como na deficiência de ferro e n o envene-
(Tabela 29-2). Se a p o r f i r i n a fecal total é normal, pode-se, então, n a m e n t o por c h u m b o . Distinguir as protoporfirinas requer
excluir V P e HCP, e o paciente deve ter AIP. A análise da ativi- extração c o m solvente neutro, tais com o etanol, 6 para evitar a
dade de H M B S nos erirrócitos não é essencial e pode levar a desmetalação causada por ácidos fortes, seguida de espectrosco-
erros. Se a porfirina fecal total é elevada, as porfirinas devem ser pia de fluorescência ou H P L C para diferenciar p r o t o p o r f i r i n a
fracionadas pela técnica de cromatografia líquida de alto desem- livre de ZPP (máximo de emissão de fluorescência em 630 e 587
p e n h o (HPLC), capaz de separar isômeros de coproporfirina. 1 1 n m , respectivamente). A dosagem de p r o t o p o r f i r i n a fecal n ã o é
Em HCP, a coproporfirina-III é m u i t o elevada e a protoporfirina- i m p o r t a n t e para o diagnóstico de EPP, p o r q u e os a u m e n t o s
IX é p o u c o elevada ou normal. Em VP, a protoporfirina-lX (e p o d e m ser causados pela ação da microbiota intestinal sobre o
outras porfirinas dicarboxilato) é elevada e existe u m a u m e n t o h e m e da dieta ou d o s a n g r a m e n t o gastrointestinal.
m e n o r da coproporfirina (com p r e d o m i n â n c i a do isômero tipo
III) (Tabela 29-3). E i m p o r t a n t e lembrar que a protoporfirina-IX
Parentes de Pacientes com Porfiria
e outras porfirinas dicarboxilato p o d e m a u m e n t a r pela ação da
Rastrear m e m b r o s de u m a família para identificar indivíduos
microbiota intestinal sobre o h e m e (se o h e m e é de origem ali-
assintomáticos que t e n h a m h e r d a d o AIP, V P ou H C P e estão,
m e n t a r ou resultado de s a n g r a m e n t o gastrointestinal). Portanto,
p o r t a n t o , sob risco de crises agudas é parte essencial do cuidado
se o p a d r ã o de p o r f i r i n a fecal sugere VP, o plasma deve ser
das famílias com estas doenças. O rastreamento p o d e ser reali-
e x a m i n a d o p o r espectroscopia de fluorescência para a fluores-
zado pela m e d i ç ã o de metabólitos, ensaios enzimáticos, análise
cência característica máxima em 624 a 6 2 8 n m (Tabela 29-3). 9
d o D N A , ou u m a c o m b i n a ç ã o dessas abordagens. A determina-
Algumas vezes é solicitado ao laboratório que seja feito u m
ção de metabólitos é simples, mas tem pouca sensibilidade; além
diagnóstico retrospectivo de porfiria após o paciente ter se recu-
disso, esses testes são quase sempre normais antes da p u b e r d a d e
perado de u m a crise, ou e m relação à causa de u m a doença
e, p o r t a n t o , não são adequados para a investigação de crianças.
neuropsiquiátrica crônica algum tempo depois da crise da
A medição da atividade da enzima defeituosa é mais sensível,
doença. A primeira etapa é quantificar o PBG urinário: testes
mais t a n t o a sensibilidade q u a n t o à especificidade são limitadas
de rastreamento são m u i t o insensíveis para este fim. A porfirina
pela sobreposição entre atividades na doença e na população
fecal é m e d i d a (para excluir H C P ) e a espectroscopia de fluores-
n o r m a l . A detecção de mutação pela análise d o D N A é específica
550 PARTE IV Analitos
e mais sensível d o que os métodos bioquímicos. Ela está, por- Métodos para os Metabólitos
tanto, substituindo rapidamente outros métodos, particular- O s m é t o d o s para os metabólitos incluem os destinados a A L A e
mente porque tem uma vantagem adicional de possibilitar que a PBG.
doença assintomática seja excluída com certeza. Entretanto,
d e p e n d e da identificação anterior de uma mutação doença-espe- Porfobilinogênio
cífica na família sob investigação. E m aproximadamente 5% das A maioria dos m é t o d o s para PBG se baseia n a reação do reagente
famílias nas quais uma mutação não p o d e ser identificada, o de Ehrlich (4~dimetilammobenzaldeido e m solução ácida) com o
rastreamento d o gene, usando polimorfismos de um único nucle- carbono a - m e t e n o do anel pirrol para formar u m produto colo-
otideo (SNPs) intragênico, p o d e set útil, mas requer pelo m e n o s rido descrito de diversas maneiras c o m o "vermelho-rosado" ou
dois membros da família inequivocadamente afetadas. "magenta", que tem u m espectro de absorção característico c o m
A investigação de famílias tem u m a função mais limitada n o u m pico a 5 5 3 n m e u m ombro a 5 4 0 nm. As porfirinas não
c u i d a d o clínico d e o u t r a s porfirias. E m PCT, a f o r m a familiar c o n t ê m n e n h u m h i d r o g ê n i o a - m e t e n o e, p o r t a n t o , não reagem.
a u t o s s ô m i c a d o m i n a n t e p o d e ser i d e n t i f i c a d a pela análise de Algumas outras substâncias na u r i n a reagem c o m o reagente,
U R O D n o eritrócito ou por análise m u t a c i o n a l , mas n ã o existe originando p r o d u t o s vermelhos, em especial o urobilinogênio,
n e n h u m a evidência até o m o m e n t o de que os e s t u d o s de família inibem a reação, ou são elas mesmas pigmentadas, mascarando,
sejam necessários a m e n o s q u e solicitado p o r parentes ansiosos. portanto, o cromógeno vermelho. Todas as interferências preci-
N o entanto, pacientes de descendência d o Norte Europeu devem sam ser removidas. Isto é mais b e m alcançado pela cromatografia
ser testados para a mutação C 2 8 2 Y do gene da hemocromatose de troca iônica (primeiramente descrita por Mauzerall e
(HFE). A hemocromatose deve ser considerada nas famílias que Granick 12 ), mas métodos para a quantificaçao precisa de PBG
têm u m membro homozigoto para C 2 8 2 Y (Capitulo 2 8 ) . baseados neste procedimento são demorados. M é t o d o s mais sen-
Em EPP, testar pais não afetados quanto à presença d o alelo síveis baseados e m H P L C e espectrometria de massas (MS) estão
IVS3-48C de baixa expressão de FECH é útil para avaliar o risco disponíveis.
de futuros filhos terem a doença clinicamente evidente. A análise Testes de rastreamento qualitativos, nos quais a urina reage
mutacional d o gene FECH pode ser necessária para o aconselha- diretamente com o reagente de Ehrlich e é avaliada visualmente
m e n t o genético de algumas famílias.' pela formação d o cromógeno vermelho (p. ex., os testes de
Watson-Schwartz e Hoesch), são convenientes, mas têm sido cri-
ticados pelas baixas sensibilidade e especificidade, m e s m o que a
MÉTODOS ANALÍTICOS extração c o m solvente tenha sido utilizada para separar o com-
O s métodos analíticos usados para diagnosticar e monitorar por- posto PBG-Ehrlich do complexo urobilinogênio-Ehrlich. O
firias estão descritos resumidamente aqui. As descrições comple- m é t o d o de Mauzerall e Granick foi modificâno na tentativa de
tas podem ser encontradas no Tietz Textbook of Clinicai CJiímijtT^ criar uma alternativa que seja aceitável para fins de rastreamento.
and Molecular Diagnostics, 4 a edição. Buttery e Stuart"1 evitaram o uso de colunas, empregando u m
tratamento com resina e m batelada, e compararam visualmente
Coleta e Estabilidade das Amostras a cor final com a de u m padrão substituto. Blake et al2 elimina-
Todas as amostras devem ser protegidas da luz; as concentrações ram as etapas de centrifugação, usando seringas preenchidas com
de porfirina urinária p o d e m diminuir em até 5 0 % se mantidas resina c o m filtros separáveis, e compararam a cor final com uma
na luz por 24 horas. As porfirinas urinárias e o PBG são mais variedade de padrões artificiais. Essas modificações reduziram o
bem analisados em amostras frescas, coletadas no inicio da tempo necessário para realizar o teste para 10 minutos e produ-
manhã (10 a 2 0 mL) e sem conservantes. Urina diluída (creati' ziram um resultado semiquantitativo. U m kit comercial baseado
nina <4 m m o l / L [45 mg/dL]) não é adequada para análise. n o m é t o d o de Blake está disponível (Trace PBG Kit; Alpha
A coleta n o período de 24 horas oferece pouca vantagem, Laboratories, Eastleigh, Hampshire, U K ) e parece ser mais sensí-
atrasa o diagnóstico e aumenta o risco de coleta incompleta vel e especifico para o rastreamento inicial do que os procedi-
durante o período especificado. PBG e porfirinas são estáveis na mentos qualitativos c o m extração com solvente. Se o teste de
urina por até 4 8 horas n o escuro a 4 D C , e por pelo m e n o s u m rastreamento qualitativo é usado, é essencial incluir controles
mês a - 2 0 ° C . Amostras para a avaliação de A L A devem ser ime- apropriados e confirmar todos os testes positivos usando u m
diatamente refrigeradas. Amostras de urina p o d e m ser estocadas m é t o d o quantitativo específico.
a 4 ° C no escuro por pelo menos duas semanas sem perda signi-
ficante de ALA, e amostras congeladas são estáveis por semanas. Ácido 5-Aminolevulínico
Enquanto PBG é mais estável em torno de p H 8 a 9, A L A é mais A L A p o d e ser medido diretamente, mas é mais c o m u m e n t e
estável em torno de p H 3 a 4, embora ambientes mais ácidos convertido e m um pirrol reativo com Ehrlich pela condensação
reduzam a estabilidade de ALA. com u m reagente, tal c o m o acetilacetona, após a separação de
C e r c a d e 5 a 10 g de peso ú m i d o de fezes é a d e q u a d o p a r a PBG por cromatografia de troca aniônica e m dois estágios. U m
as medições de porfirina. As mudanças de concentração impor- m é t o d o de medição de PBG e ALA, baseado no método de
tantes para o diagnóstico são improváveis de ocorrerem dentro Mauzerall e Granick, 12 está disponível comercialmente (Bio-Rad
de 36 horas à temperatura ambiente e as amostras são estáveis Laboratories, Hercules, Calif).
por muitos meses a - 2 0 ° C .
Sangue, anticoagulado c o m ácido etilenodiaminotetracético Análise de Porfirina na Urina e nas Fezes
(EDTA), não apresenta perda de protoporfirina por até 8 dias à O s métodos de fracionamento de porfirina são complexos, demo-
temperatura ambiente, e por pelo m e n o s 8 semanas a 4 ° C no rados e não estão disponíveis e m todo laboratório. Por esta razão,
escuro. os testes de rastreamento qualitativos simples são freqüentemente
E u m b o m costume tratar todas as amostras recebidas usados para excluir a maioria das amostras que não requer inves-
de pacientes com suspeita de porfiria associada a bolhas c o m o de tigação posterior das poucas que justificam fracionamento das
"alto risco", porque existe uma maior freqüência de infecção com porfirinas individuais. O s testes de rastreamento nos quais os
vírus hepatotrópicos, particularmente HCV, e m PCT. extratos de urina ou fezes são examinados visualmente pela flu-
Porfirinas e Doenças Associadas ao Metabolismo das Porfirinas CAPÍTULO 2 9 551
orescência vermelha-rosada típica das porfirinas não têm sensi- sem dissociar o heme da hemoglobina. 6 O extrato é rastreado
bilidad e e não devem ser urilizados. O s métodos baseadas em e m u m espectrofluorímetro para distinguir os máximos de
varredura espectrofotométrica de extratos de urina acidificada emissão da protoporfirina e d o zinco quelado (Figura 29-3).
ou dc fezes quanto à presença da banda Soret são recomendados
e geram informações semiquantitativas. 5 O s métodos fluorimé- Análise de Porfirinas no Plasma
tricos quantitativos estão t a m b é m disponíveis. 2 As porfirinas do plasma p o d e m ser determinadas por espectros-
Todos os métodos de fracionamento de porfirinas são base- copia de fluorescência do plasma diluído e m salina 9 ou extratos
ados nas solubilidades diferentes das porfirinas individuais, desproteinizados, o u por HPLC. O primeiro desses métodos tem
devido aos seus (^substituintes diferentes e, em menor grau, à as vantagens de ser simples e incluir porfirinas que estão ligadas
sua posição ao redor do macrociclo. Portanto, os métodos covalentemente a proteínas plasmáticas. As porfirinas em p H
incluem extração diferencial com solventes, cromatogr afias e m neutro apresentam fluorescência na região de 610 a 6 4 0 nm; o
papel e de camada fina, e HPLC. O s métodos de extração com comprimento de onda da emissão máxima depende principal-
solvente geram apenas informações limitadas e, algumas vezes, mente da estrutura da porfirina, mas é t a m b é m influenciado
equivocadas, e não deveriam ser utilizados. HPLC de fase reversa11 pela natureza do complexo porfirina-proteína. Este m é t o d o é útil
é o m é t o d o escolhido atualmente e separa todas as porfirinas de c o m o uma primeira investigação quando há a suspeita de porfi-
interesse clinico, incluindo isômeros e quelatos de metal sem a ria cutânea.
necessidade de metilação prévia.
Medição de Enzimas
Análise de Porfirinas no Sangue A análise das enzimas individuais da via biossintética d o h e m e
Todos os m é t o d o s descritos a seguir requerem u m espectrofluo- raramente é solicitada para a investigação de pacientes com
rímetro instalado c o m u m fotomultiplicador sensível vermelho. sintomas de porfiria. C o n t u d o , a medição das atividades enzi-
Se este equipamento não estiver disponível no local, as amostras máticas é útil para os estudos de família quando a mutação
devem ser entregues a u m laboratório especializado porque as individual não p o d e ser identificada o u a análise de D N A não
medições no eritrócito e n o plasma são raramente necessárias está disponível, e para a identificação de subtipos, tais c o m o a
para a avaliação imediata de pacientes gravemente doentes. AIP não eritróide e as formas "homozigóticas" de porfirias domi-
O método mais simples para a porfirina do sangue total ou nantes aucossômicas. O s erirrócitos são uma fonte conveniente
do eritrócito é o descrito por Piomelli e modificado por Blake de enzimas cito plasmáticas (ALAD, H M B S , U R O S e U R O D ) ,
et al1 As porfirinas são extraídas e a hemoglobina e outras pro- mas a análise das enzimas mitocondriais (CPO, PPOX e FECH)
teínas são precipitadas ao se misturar o sangue diluído com uma requer células nucleadas, tais c o m o linfócitos o u fibroblastos e m
mistura de ácido dieril éter acético. As porfirinas são então cultura. As análises das enzimas que usam porfirinogênios c o m o
reextraidas e m ácido clorídrico e medidas fluorimetricamente substratos são tecnicamente difíceis porque o substrato é instá-
(Figura 29-3). Este m é t o d o tem a desvantagem de que as condi- vel, tem de ser preparado in sim e, particularmente com proto-
ções ácidas resultam e m liberação do zinco da ZPP e é, portanto, porfinogênio, sofre oxidação não-enzimática durante o teste.
uma medida da protoporfirina total. Para preservar o zinco
quelado, são necessárias coi^jições de extração neutras ou Análise de DNA
básicas. As células diluídas são misturadas com etanol, o qual O rastreamento de famílias quanto a porfirias pela análise de
precipita a hemoglobina c outras proteínas e extrai as porfirinas D N A é u m processo em duas etapas. Primeiramente, a mutação
7r~Proto
Prcxo
ZfT Proto
56C 571! Si» 61G 63C 550 570 560 610 íiSíl JKI 5*í 3C-0 S» 630 650
Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm) Comprimento de onda (nm)
Figura 2 9 - 3 Espectro de emissão de fluorescência (excitação em 405 nm) dos extTatos etanóhcos dos
erkrócitos de um individuo normal e de pacientes envenenados por chumbo e protoporfiria eritropoiética (EPP).
Note que escalas diferentes são usadas.
552 PARTE IV Analitos
q u e causa a porfiria n a família investigada precisa ser identificada 5. Deacon AC, Élder G H . ACP Best Practice N o 165. Front line tests
p e l a a n á l i s e d o DN1A d e u m m e m b r o d a f a m í l i a e m q u e o diag- for the investigation of suspected porphyria ] Clin Pathol 2001;54:
n ó s t i c o d e u m t i p o e s p e c í f i c o d e p o r f i r i a foi c o n f i r m a d o e r r o n e - 500-7.
a m e n t e . S e g u n d o , os parentes d o paciente são rastreados para a 6. Garden ]S, Mitchell D G , Jackson KW. Improved e th anui extraction
mutação. A primeira parte deste processo é a mais complexa. procedure for determining zinc p r o t o p o r p h y i i n in whole blood. Clin
C h e m 1977;23-264-9.
C o m o a m a i o r i a das m u t a ç õ e s está restrira a u m a ou a p o u c a s
7. Gouya L, Marun-Schmitt C, Robreau AM, Austerlitz F, Da Silva V,
famílias, a identificação de u m a m u t a ç ã o e m u m a nova família
Brun P et ai Contributiori of a single núcleo ride polymorphísm to the
q u a s e s e m p r e r e q u e r p e l o m e n o s a a n á l i s e d e t o d o s os é x o n s , c o m
genetic predisposition for erythropoietic protoporphyria. Am J H u m
suas seqüências m t r ô n i c a s f l a n q u e a d o r a s , e da região p r o m o t o r a .
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S o m e n t e n o s p a í s e s o n d e as m u t a ç õ e s q u e o r i g i n a r a m as p o r f i r i a s
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p r e d o m i n a m , c o m o c o m VP, na Á f r i c a d o Sul, e AIP, n a Suécia,
2001-44 100-8
0 teste inicial para u m a ú n i c a m u t a ç ã o vale à p e n a . T é c m c a s - 9. Hift R, Davidson BP, van der H o o f t C, Meissner D M , Meissner PN.
p a d r ã o d e análise de m u t a ç ã o são empregadas. Plasma fluorescence scanning and fecal porphyrin analysis for the
diagnosis of variegate porphyria: precise determina ti on of sensitívity and
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simple resín metbod with use of a surro gate standard. Clin C h e m
1991;37:2133-6.
%
CAPÍTULO 3 0
Drogas Terapêuticas
Thomas P. Moyer, Ph.D., e Gwendolyn A. McMillin, Ph.D.*
Efskc máximo
Fa x a MTC
/ Cmax í 4
t&rapèiJtics
r
f \ ' N
\ T
MEC
Fstado do
(log) D o s e ccuilibiiu
QUADRO 30-1 Fatores que Influenciam a Distribuição da resultando em u m a hiodisponibilidade muito baixa. Esse fenô-
Droga em Seres Humanos m e n o é chamado de efeito de primeira passagem.
A l é m da extensão da absorção, também é importante a taxa
FATORES DEMOGRÁFICOS de absorção. A absorção de uma droga é, de forma geral, consi-
Faixa etária (prematuros, recém-nascidos, crianças, pré-adolescentes, ado-
derada c o m o um processo de primeira ordem, e a constante da
lescentes, adultos, idosos)
taxa de absorção é normalmente maior que a constante da taxa
Peso
de eliminação. Ao manipular formulações para produzir produ-
Sexo
tos de liberação sustentada ou "lenta", a taxa de absorção apa-
Raça
rente de muitas drogas acaba s e n d o controlada. Por exemplo,
Constituição genética
formulações que geram liberação sustentada permitem que
FATORES RELACIONADOS A DOENÇAS drogas tomadas por via oral possam ser administradas menos
Doença hepática (cirrose, hepatite, colestase)
vezes ao dia. Outras condições que influenciam a taxa de absor-
Doença renal ção da droga incluem (1) motilidade gastrointestinal alterada, (2)
Distúrbios de tireóide (hipo ou hipertireoidismo] doenças do estômago e do intestino, (3) infecções gastrointesti-
Doenças cardiovasculares (insuficiência cardíaca, arritmias) nais, (4) radiação, (5) comida e (6) interação c o m outras substân-
Distúrbios ou doenças gastrointestinais (doença celíaca ou síndromes de má cias n o trato gastrointestinal. E preciso ter atenção particular-
absorção, úlcera péptica, colite) m e n t e ao se administrar drogas em conjunto quando elas afetam
Câncer a absorção intestinal, c o m o antiácidos, caulim, sucralfato, coles-
Cirurgia tiramina e medicações anti-úlcera, além da co-administração de
Queimaduras morfina, que diminui a motilidade intestinal.
Estado nutricional (estados caquáticos ou anoréticos)
Distribuição
FATORES EXTRACORPÓREOS A p ó s u m a droga ter entrado n o compartimento vascular, ela
Hemodiálise
interage com vários constituintes do sangue e é transportada
Diálise peritoneal
através de vários processos para diferentes órgãos e tecidos. A
Bypass cardiopulmonar
totalidade desse processo é conhecida c o m o distribuição. Os
Hipotermia ou hipertermia
fatores que determinam as características da distribuição de uma
droga são (1) ligação da droga aos c o m p o n e n t e s sanguíneos, (2)
FATORES QUÍMICOS E AMBIENTAIS INFLUENCIANDO:
Absorção da Droga ligação a receptores fixos, (3) passagem da droga através de mem-
Comida ou drogas administradas conjuntamente afetam a taxa de absorção branas e (4) habilitlhde de se dissolver em estruturas lipídicas. O
peso molecular, o pJC, a solubilidade lipídica e outras proprieda-
Distribuição da Droga des físicas e químicas da droga também são importantes determi-
Administração conjunta de drogas que afetam a I gação a proteínas plasmáti- nantes da distribuição.
cas ou receptores teciduais U m a vez que a droga tenha entrado na circulação sistêmica,
ela se distribui e se equilibra com diversos c o m p o n e n t e s do
Metabolismo da Droga sangue. U m dos grupos com maior significado clínico são as
Ingesta alimentar (carboidratos, proteínas, lipídios) competindo em sistemas proteínas plasmáticas. Existe u m equilíbrio entre drogas em sua
de metaholização forma livre e sua forma ligada a proteínas. Acredita-se, cm geral,
Administração conjunta de uma droga que induz metabolismo enzimático (p. que apenas a fração livre da droga fica disponível para distribuição
ex., fenobarbital) e eliminação. Além disso, apenas a droga livre é disponível para
Administração conjunta de uma droga que inibe o metabolismo enzimático atravessar as membranas celulares ou para interagir com recepto-
(p. ex., cimetidina] res de forma a desencadear respostas biológicas. Sendo assim, as
mudanças nas características de ligação protéica de uma droga têm
Excreção da Droga
profunda influência na distribuição e eliminação da mesma e na
Administração conjunta de uma droga que compete pelas vias de secreção
maneira em que suas concentrações n o estado de equilíbrio são
tubular renal (p. ex., probenicida, penicilina)
interpretadas. Cada droga tem suas próprias características de
Mudanças no fluxo urinário
ligação protéica que dependem de suas propriedades físicas e
Administração conjunta de compostos que aumentam a reabsorção tubular
químicas Por exemplo, drogas de caráter ácido tipicamente se
(p. ex,, bicarbonato de sódio ou fenobarbital)
ligam à albumina, e drogas de caráter básico se ligam às globulinas,
particularmente à glicoproteína ácida ai (AAG). Algumas drogas
se ligam tanto à albumina quanto às globulinas.
D e p e n d e n d o de sua afinidade pelas proteínas plasmáticas,
tradas oralmente é tipicamente maior que 70%. U m a exceção uma droga pode tanto ficar fortemente quanto fracamente ligada.
seria um caso na qual a luz d o trato gastrointestinal seja o local U m a droga com ligação protéica fraca se solta quando outra c e
de ação da droga (p. ex., antibióticos usados para esterilizar o maior afinidade chega ao local. Por exemplo, a fenitoína e o ácido
intestino). Nessa situação, a baixa biodisponibiíidade seria então valpróico competcm entre si pela ligação com a albumina. C o m o
considerada vantajosa. o ácido valpróico está presente em concentrações mais altas, sua
Algumas drogas são rápida e completamente absorvidas, mas massa causa um significativo deslocamento na fenitoína, de sua
têm baixa biodisponibiíidade para a circulação sistêmica. Isto é forma ligada a proteínas, para sua forma livre. A ligação protéica de
verdade para as drogas com alta taxa de extração hepática. Após a uma droga também d e p e n d e de características físicas das proteí-
administração oral, as drogas que são absorvidas na luz d o intes- nas plasmáticas, da presença ou ausência de ácidos graxos, bem
tino delgado são transportadas pela veia porta diretamente ao c o m o de outras drogas n o sangue. Em algumas situações, os
fígado. U m a droga c o m alta taxa de extração hepática será muito ácidos graxos deslocam a droga de seus locais de ligação protéica.
metabolizada pelo fígado antes de atingir a circulação sistêmica, E importante reconhecer que, m e s m o que a concentração total
Drogas Terapêuticas CAPÍTULO 3 0 557
de u m a droga permaneça a mesma, o deslocamento dela de seus livre de uma droga que está alterando suas capacidades cogniti-
locais de ligação protéica eleva as concentrações de droga livre e vas. A redução da dose do m e d i c a m e n t o de forma a diminuir
p o d e m levar à toxicidade clínica. suas concentrações pode resultar em melhoras cognitivas dramá-
Qualquer coisa que altere a concentração da fração livre de ticas nesses pacientes.
droga n o plasma, em última análise, altera a quantidade de droga Estimar a concentração da forma livre da droga continuará
disponível para entrar nos tecidos e interagir com sistemas recep- sendo de interesse com o T D M . Técnicas de ultrafiltração são
tores específicos. Algumas doenças p o d e m alterar a concentração úteis em satisfazer essa necessidade. Entretanto, deve-se lembrar
livre de drogas. Por exemplo, a composição do plasma pode ser que medidas laboratoriais apenas estimam as concentrações na
alterada por (1) um a u m e n t o de compostos nitrogenados não- circulação sanguínea. Qualquer artefato na coleta, no processa-
piotéicos na uremia, (2) distúrbios eletrolíticos e ácido-básicos e m e n t o e na estocagem d o sangue irá modificar o equilíbrio de
(3) u m a diminuição na albumina; nessas condições, as concen- dissociação de algumas drogas. A despeito dessas possíveis falhas,
trações de droga livre ficam f r e q u e n t e m e n t e elevadas. O s pacien- as medidas da forma livre da droga pela ultrafiltração são supe-
tes p o d e m ter efeitos adversos que são u m a conseqüência direta riores às medidas feitas na saliva. Poucas drogas mostram uma
d o a u m e n t o na concentração de droga livre. Se a concentração forte correlação entre a concentração salivar e a concentração
total da droga n o plasma for monitorada nesses pacientes, pouca plasmática. Além disso, é difícil coletar saliva de pacientes grave-
m u d a n ç a pode ser notada porque a concentração total perma- m e n t e doentes, como aqueles em UTIs.
nece inalterada ou até mesmo diminui, e n q u a n t o a fração livre
pode a u m e n t a r de forma significativa. Alterações na concentra- Metabolismo
ção de droga livre n ã o são detectáveis p o r q u e a concentração da O fígado é o principal órgão responsável pelo metabolismo de
droga p o d e n ã o estar muito diferente daquela observada em medicamentos. Ele cunveite drogas lipofílicas não-polares a
indivíduos saudáveis. Por exemplo, a fenitoína está 9 0 % ligada e formas mais polares e hidrossolúveis, u s a n d o reações de fase I ou
10% na forma livre em indivíduos saudáveis. Em pacientes com fase II (Figura 30-5). As reações de fase I modificam a estrutura
uremia, 2 0 % a 3 0 % da concentração plasmática de fenitoína química através de oxidação, redução ou hidrólise. As reações de
pode ser na sua forma livre. Se considerarmos u m a pessoa sau- fase II conjugam a droga (glicuronidação ou sulfatação) em
dável que tem concentração total de fenitoína de 15 p g / m L , a formas hidrossolúveis. Essas reações são realizadas n u m a fração
concentração de fenitoína livre é cerca de 1,5 p g / m L . Em u m microssômicas dos hepatócitos, onde as reações químicas ambien-
paciente urêmico que tem uma concentração total de 15 p g / m L , tais, bem como endógenas bioquímicos (xenobióticos) também
a concentração da droga em sua forma livre pode ser de 4,5 são processados pelos mesmos mecanismos.
p g / m L . U m a concentração de fenitoína livre de pg/mL é O papel do T D M se torna particularmente importante para
suficiente para desencadear efeitos colaterais graves, incluindo drogas que passam pelo metabolismo hepático ou gastrointesti-
letargia e a u m e n t o da freqüência de convulsões. Dessa forma, em nal. A ampla variabilidade da taxa metabólica de qualquer droga
pacientes urêmicos é interessante quantificar as concentrações de existe não só em diferentes pacientes como t a m b é m n o mesmo
fenitoína livre e ajustar a dose da medicação para manter sua paciente em diferentes m o m e n t o s e circunstâncias. Essa variabi-
concentração em aproximadamente 2,0 p g / m L . lidade se deve a diversos fatores (Quadro 30-1).
As alterações de concentrações protéicas em resposta ao
estresse agudo também alteram a concentração livre de drogas.
r
Por exemplo, após u m infarto agudo d o miocárdio, há u m rápido
a u m e n t o na concentração de AAG. A lidocaína é usada para
controlar arritmias causadas pelo infarto, mas essa droga tem
caráter básico e tem alta afinidade de ligação pela AAG. Doses Xenobiótico Absorvido
inicialmente adequadas de lidocaína para controle de arritmias
imediatamente após o infarto se tornam ineficientes 48 a 72
horas depois, porque as altas concentrações de AAG que ocorrem <1
após o infarto d i m i n u e m a disponibilidade da droga aos tecidos.
A arritmia reaparece, e como a concentração de lidocaína neces-
sária para controle chega a níveis tóxicos, a dose de lidocaína é
Fase I •« Metabolismo Fase II
(CYP) (Conjungaçces)
diminuída q u a n d o , na realidade, deveria ser a u m e n t a d a para • hidrólise • glicuranídeo
m a n t e r u m a concentração considerada ótima. • oxidação • acetato
• desalquilação • glutaticna
Algumas drogas apresentam saturação dos locais de ligação
• desidrogenação • sulfato
protéica disponíveis n o plasma em concentrações consideradas • redução • metionina
ótimas. Por exemplo, a ligação da disopiramida é concentração- • desaminação
d e p e n d e n t e e varia m u i t o de paciente para paciente. C o n s e q ü e n - • dessulfuração
temente, sua concentração total e as respostas clínicas observadas
Eliminação
t a m b é m são variáveis.
Qualquer mudança n o estado fisiológico normal pode alterar
a concentração de droga livre, levando a mudanças na distribui- Figura 3 0 - 5 E s q u e m a s i m p l i f i c a d o das reações m e t a b ó l i c a s
ção entre o plasma e os tecidos. Pacientes geriátricos muitas vezes primárias associadas c o m a m e t a b o l i z a ç ã o de x e n o b i ó t i c o s em seres
de ligação protéica das drogas. Nos idosos, os sinais clássicos de exógenos) p o d e m ser e l i m i n a d o s s e m b i o t r a n s f o r m a ç ã o o u ser
tes; por outro lado, os sintomas clínicos de intoxicação acabam Fase II. O m e t a b ó l i t o p o d e ser n o v a m e n t e m e t a b o l i z a d o pelas Fase I o u
se manifestando com perda de f u n ç ã o cognitiva - particular- II antes d e ser e l i m i n a d o . As reações d e Fase I são p r i m a r i a m e n t e
m e n t e confusão mental. Pacientes idosos podem ser considera- oxidativas e são mais c o m u m e n t e m e d i d a s pelas isoenzimas d o
A bio transformação das drogas p o d e produzir metabólitos, Testes pré-terapêuticos p o d e m reduzir os custos de saúde pública
que são farmacologicamente ativos. Nessas situações, o metabó- prevenindo hospitalizações o u os cuidados adicionais relaciona-
lito também deve ser m e d i d o , pois contribui com o efeito da dos c o m às A D R s , ao reduzir medicações desnecessárias e melho-
droga n o paciente. A primidona e a procainamida são exemplos rar a aceitação, mas devem ser considerados uma ferramenta
dessas drogas. Se o mecabólito é inativo, não precisa ser medido, complementar ao T D M e outros testes laboratoriais.
mas devem-se tomar medidas para garantir que ele não interfira
e m u m processo de análise. Excreção
A c i t o c r o m o P 4 5 0 oxidase (abrevia-se CYP e m m a m í f e r o s / A excreção de drogas o u produtos químicos do corpo ocorre
plantas; e P^50 para bactérias) é u m importante elemento na através das vias (1) biliar, (2) intestinal, (3) pulmonar o u (4) renal.
modificação química o u na degradação de produtos c o m o drogas Apesar de cada uma delas representar u m possível mecanismo de
e compostos endógenos. O s genes da CYP atualmente são eliminação de drogas, a excreção renal é a maioT via de elimina-
medidos e usados na farmacogenética. ção da maioria das drogas e metabólitos hipossoíúveis, o que é
importante para o T D M . Alterações na função renal p o d e m ter
Citocromo P 450 u m importante efeito na excreção e na meia-vida destes compos-
O termo CYP é usado de forma genérica para funções mistas de tos ou de seus metabólitos ativos; uma diminuição da função
enzimas oxidattvas (EC 1.14) são importantes na fisiologia de animais, renal causa aumento da concentração sérica e a u m e n t o na res-
plantas e bactérias.15 As CYPs metabolizam milhares de compostos posta farmacológica.
endógenos e exógenos. Muitas irão metabolizar múltiplos substratos,
e outras catalisarão diversas reações. N o fígado, esses substratos Utilidade Clínica
incluem drogas e compostos tóxicos, bem como produtos do meta- O T D M t e m maior validade quando a droga em questão é admi-
bolismo, como a bilirrubina. nistrada por u m longo período de t e m p o e t e m u m índice tera-
N o metabolismo das drogas, as CYPs são importantes ele- pêutico estreito. U m n ú m e r o de vantagens ocorre pelo uso do
m e n t o s da fase I do metabolismo de mamíferos. Muitas drogas T D M , o que inclui:
p o d e m diminuir ou aumentar a atividade de várias isozimas CYP 1. Pode-se diagnosticar não-adesão.
em u m f e n ô m e n o c o n h e c i d o c o m o i n d u ç ã o e inibição enzimá- 2. Pacientes que sofrem mudanças na apresentação da droga
tica. Essa é a maior fonte de interações medicamentosas adversas p o d e m ser reconhecidos.
(ADIs), porque as mudanças na atividade da enzima p o d e m 3. Regimes terapêuticos p o d e m ser ajustados durante períodos
afetar o metabolismo e o clearance de várias drogas. de m u d a n ç a fisiológica continua.
O s genes que codificam essas enzimas, b e m c o m o elas pró- 4- Concentrações basais associadas a u m a resposta terapêutica
prias, são designados através da abreviação CYP, seguida de um ótima p o d e m ser identificadas.
numeral arábico que mdica a família de genes, uma letra maiús- 5. O regime de dosagem mais apropriado da droga p o d e ser
cula que indica a subfamília, e outro número para o gene espe- mantido para u m paciente e m particular.
cífico. A convenção é usar itálico q u a n d o se refere a u m gene.
Por exemplo, CYP2EJ é o gene que codifica u m a enzima de METODOLOGIA ANALÍTICA
m e s m o n o m e - que é u m a das enzimas envolvidas n o metabo-
A evolução dp T D M tem sido facilitada pelo desenvolvimento de
lismo d o paracetamol (acetaminofeno). O citocromo CYP1-3 é
técnicas analíticas específicas, sensíveis e rápidas. 9
u m dos envolvidos c o m o metabolismo de drogas, e a maioria
das oxidações de fármacos em h u m a n o s se deve a isoenzímas
Técnicas Analíticas
CYP c o m o (1) CYP1A2, (2) CYP2B6, (3) C Y P 2 C 9 , (4) C Y P 2 C 1 9 ,
Técnicas analíticas que são utilizadas para medir drogas terapêu-
(5) C Y P 2 D 6 , (6) CYP2E1 e (7) CYP3A4-
ticas incluem o imunoensaio e técnicas instrumentais, c o m o os
procedimentos croma to gráficos e eletroforéticos, e as também
Farmacogenética chamadas "técnicas hifenadas", nas quais os cromatógrafos são
A farmacogenética é o estudo da influência da variação genética
associados a u m espectrõmetro de massa.
na resposta de pacientes às drogas, por m e i o da correlação da
expressão de u m gene o u d o polimorfismo de u m ú n i c o núcleo-
Imunoensaio
tídeo c o m a eficácia o u toxicidade de uma medicação. O objetivo
Historicamente, as técnicas de radioimunoensaio (RIA) foram
primário da farmacogenética é prognosticar c o m o os indivíduos
usadas para quantificar as concentrações de drogas em volumes de
responderão à ação das drogas e outros xenobióticos bioativos ou
microlitro de plasma com concentrações de nanogramas por mili-
potencialmente tóxicos, c o m base em certas características gené-
litro. Entretanto, poucas RIAs são agora usadas para o T D M .
ticas. A farmacogenética também ajuda a explicar por que as
A proliferação d o T D M a todos os laboratórios e médicos
reações adversas à medicação (ADR) ocorrem. O s testes de far-
foi alcancada com o desenvolvimento de imunoensaios não-iso-
macogenética na prática clínica analisam a genética do paciente
(genótipo) de forma a prognosticar diferenças farmacocinéticas
ou farmacodinámicas de medicações e outros compostos exóge-
nos. O s testes clínicos de farmacogenética resultam primaria-
m e n t e na seleção de medicações e de sua dosagem. Diretrizes
sobre dosagens específicas baseadas e m informações da farmaco- QUADRO 30-2 Aplicações Clínicas dos Tesles
genética estão se desenvolvendo de forma a dar suporte ao resul- Farmacogenéticos
tado de testes n o manejo terapêutico de medicações.
As aplicações clínicas dos testes farmacogenéticos são listadas Tiopurina S-metiliransferase (7PJW7]
n o Quadro 30-2. O s detalhes de cada u m foram previamente Citocromo P„so 2D6 (CYP2D6)
publicados. 7 Espera-se que esses testes, e outros futuros testes Citocromo P W 2C19 {CYP2C19}
N A , N ã o ajpliodvel.
e 86% de supressão da atividade convulsiva e m concentrações vida diminui para 4 a 7 horas. A fenitoína, o fenobarbital e a
acima de 15 pg/mL. 9 Essas concentrações também servem c o m o carbamazepina são indutores dessa enzima. O ácido valpróico e
diretrizes q u a n d o a droga é usada c o m o agente antiarrítmico a gabapentina não o são. A tiagabina não é considerada u m
cardíaco. Concentrações de fenitoína livre de 1 a 2 p g / m L são indutor de CYP3A4.
adequadas. Concentrações totais de fenitoína q u e excedem 20 A tiagabina alcança pico de concentração plasmática de apro-
p g / m L não melhoram o controle das convulsões e são associadas ximadamente 45 minutos após uma dose oral. Pacientes pediá-
a nistagmo e ataxia. Concentrações plasmáticas da droga acima tricos alcançam o pico de concentração e m aproximadamente 2,4
de 35 p g / m L foram relacionadas ao desencadeamento de ativi- horas. A tiagabina é b e m absorvida, sendo que o alimento
dade convulsiva. U m efeito colateral da fenitoína que não é diminui a taxa de absorção s e m alterar a quantidade absorvida
relacionado à concentração é o desenvolvimento de hiperplasia (dietas ricas em gordura prolongam o pico sérico de concentração
gengival. em 2,5 horas). A tiagabina é 9 5 % absorvida, com biodisponibi-
A fenitoína é metabolizada por enzimas de hidroxilação íidade oral de 90%. A farmacocinética da tiagabina é linear na
mictossômicas hepáticas, chamadas de C Y P 2 C 1 9 e CYP2C9. dose típica de 2 a 24 mg. Cerca de 96% da droga se liga a prote-
Aproximadamente 90% do metabolismo é mediado pela CYP2C9. ínas plasmáticas, principalmente à albumina e à A A G . A admi-
O principal metabólito é a 5-(/>hidroxifenil)-5-fenilidantoína, que nistração conjunta c o m ácido valpróico reduz a ligação protéica
é excretada c o m o éster glicuronídeo (pela U G T ) . Outros meta- a 94%, aumentando a fração livre de tiagabina e m 40%.
bólitos menores têm importância clínica mínima. O metabo- As concentrações séricas de tiagabina n o vale variam d e 5 a
lismo hepático da fenitoína p o d e apresentar-se saturado m e s m o 35 n g / m L na maioria dos pacientes recebendo doses terapêuticas
na faixa terapêutica. U m a vez que o metabolismo esteja saturado, e são proporcionais à dose. U m a única dose de 4 m g adminis-
pequenos aumentos na dose geram grandes mudanças na con- trada em crianças produz pico de concentração plasmática que
centração. Esse f e n ô m e n o explica parcialmente a grande variação varia de 5 2 a 108 n g / m L . N o estado de equilíbrio, u m adulto
de dose entre pacientes que é necessária paia atingir o efeito recebendo 4 0 m g / d i a terá u m pico de concentração na faixa de
terapêutico. Devido a esse f e n ô m e n o de saturação, a cinética de 110 a 2 6 0 n g / m L , e em u m adulto recebendo 8 0 mg por dia
primeira o r d e m não se aplica à fenitoína em concentrações que espera-se u m pico d e concentração plasmática na faixa de 2 2 0 a
ultrapassam 5 p g / m L . 5 2 0 n g / m L . Concentrações séricas maiores que 8 0 0 n g / m L
O m o m e n t o para coletar a amostra é determinado pela neces- indicam dose excessiva associada a efeitos adversos, c o m o astenia,
sidade de monitoramento. Se u m paciente apresenta qualquer ataxia, dificuldade d e concentração e depressão.
sintoma de intoxicação, interessa saber o pico de concentração.
Essa amostra deve ser coletada 4 a 5 horas após a dose, m e s m o
que o pico d e concentração seja demorado e ultrapasse 8 horas Topiramato
se a droga for dada junto c o m alimentação ou drogas que aumen- O topiramato é uma droga antiepiléptica de largo espectro. Tem
tam a acidez estomacal. Se a principal questão for a terapia ade- atividade bloqueadora em canais de sódio e potencializa a ativi-
quada, então a concentração n o vale é mais útil. Essa amostra dade d o GABA, além de potencializar a inibição dos receptores
deve ser coletada exatamente antes de a próxima dose ser dada. de glutamato. Devido à sua ação variada, o topiramato bloqueia
Várias interações medicamentosas resultam e m alterações da a difusão da convulsão mais d o que o a u m e n t o d o potencial
disponibilidade de fenitoína. Álcool, carbamazepina, outros bar- convulsivo.
bitúricos e rifampicina induzem C Y P 2 C 1 9 e C Y P 2 C 9 . Essa O ropiramato é administrado rotineiramente por via oral, é
indução resulta em (1) a u m e n t o d o metabolismo da íeuiLoína, absorvido rapidamente e p o u c o metabolizado. Sua disponibili-
(2) diminuição da concentração sérica da fenitoína livre e total e dade é afetada pela C Y P 2 C 1 9 . As concentrações séricas de outros
(3) redução d o efeito farmacológico. Drogas c o m o cloranfenicol, anticonvulsivantes n ã o são afetadas pela administração concomi-
cimetidina, dissulfiram, isoniazida, omeprazol e ropiramato com- tante d o topiramato. Exceção se faz em pacientes recebendo
petem c o m o metabolismo da fenitoína, resultando em u m fenitoína, que passam a ter níveis plasmáticos aumentados dessa
a u m e n t o das concentrações livre e total da droga c o m o melhora droga após a adição d e topiramato. A administração conjunta de
d o efeito farmacológico. Os salicilatos, o ácido valpróico, a fenil- fenitoína o u carbamazepina diminui as concentrações séricas de
butazona, o sulfisoxazol e a sulfoniluréias c o m p e t e m c o m a feni- topiramato. Mudanças nas doses de fenitoína ou carbamazepina
toína pelos locais de ligação protéica. O resultado final é a dimi- (p. ex., aumento o u retirada) para pacientes estabilizados c o m o
nuição da concentração sérica de fenitoína, enquanto que a uso de topiramato p o d e m precisar de ajustes na dose dessa droga.
concentração livre e o efeito farmacológico permanecem os Assim c o m o outras drogas anticonvulsivantes eliminadas por via
mesmos. O interesse em monitorar a concentração de fenitoína renal, pacientes c o m função renal alterada apresentam diminui-
livre é e m resposta a essas alterações nos locais d e ligação pro- ção do clearance renal.
téica. A concentração d e pico do topiramato é alcançada de 2 a 3
horas após a dose. Concentrações de pico na faixa de 9 a 12
Tiagabina p g / m L indicam que a dose é apropriada para se atingir uma
A tiagabina é indicada c o m o terapia adjunta e m adultos e crian- ótima atividade antiepiléptica. A concentração mínima, atingida
ças para o tratamento de convulsões parciais. E freqüentemente exatamente antes a próxima dose, deve ser maior que 2 p g / m L ,
administrada a pacientes recebendo pelo m e n o s mais uma droga para garantir uma adequada proteção contra convulsões. C o n -
antiepiléptica. A tiagabina é u m bloqueador seletivo d o G A B A centrações menores que 2 p g / m L indicam que a dose o u é
n o n e u r ô n i o pré-sináptico. A tiagabina reconhece e se liga aos subótima o u administrada com baixa freqüência.
locais associados de a captação do G A B A . Por m e i o dessa ação,
a tiagabina bloqueia a captação nos neurônios pré-sinápticos,
permitindo q u e mais G A B A esteja disponível para se ligar a Ácido Valpróico
receptores na superfície das células pós-sinápticas. O ácido valpróico é usado para o tratamento de c o n v u l s õ e s d o
A tiagabina tem uma meia-vida de 7 a 9 horas. E m pacientes tipo ausência. T a m b é m se mostrou útil contra convulsões par-
recebendo drogas antiepilépticas indutoras de CYP3A4, a meia- ciais e tônico-clônicas q u a n d o usado e m c o n j u n t o c o m outros
Drogas Terapêuticas CAPÍTULO 3 0 563
mais m e 6 5 % de digoxina n o comprimido para que este se dis- são menores nesses pacientes. A digoxina é metabolizada pela
solva em 6 0 minutos. N o plasma, 2 5 % da digoxina está ligada a C Y P 3 A 4 e transportada para fora das células via transportador
proteínas. A digoxina se concentra n o s tecidos. N o estado de glicoproteína P (Pg). A co-administração de ciclosporina, inibido-
equilíbrio, a concetração da digoxina n o tecido cardíaco é de 15 res de protease, quinidina, sirolimus ou verapamil, prolonga a
a 3 0 vezes a d o plasma. A acumulação da digoxina n o s tecidos taxa de clearance de digoxina, obrigando u m ajuste nas doses.
ocorre após se atingir a concentração plasmática. Por exemplo, D i m i n u i ç ã o da absorção gastrointestinal de digoxina ocorre
apesar de o pico de concentração plasmática ser alcançado de 2 c o m (1) doença celíaca e ressecções d o intestino delgado, (2) dietas
a 3 horas após a dose oral, o pico de concentração nos tecidos ricas e m fibras, (3) hipertiTeoidismo, e (4) situações de a u m e n t o
ocorre de 6 a 10 horas após essa dose. Apesar de os efeitos far- de motilidade gastrointestinal. U m a situação de mais risco se
macológicos e de a toxicidade se correlacionarem c o m a concen- desenvolve secundariamente à interação de quinidina e digoxina,
tração tecidual, mais do que a plasmática, a concentração plas- levando a n m aumento nas concentrações de digoxina.
mática de digoxina, que tem eficiência e segurança terapêutica, Nota: Digitoxina é raramente prescrita; entretanto, as con-
varia de 0,8 a 2,0 n g / m L . Entretanto, essa faixa foi recentemente centrações séricas devem ser avaliadas e m pacientes c o m suspeita
questionada, sugerindo-se a maior eficácia mantendo-se a digo- de intoxicação digital c o m concentrações de digoxina não detec-
xina na faixa de 0 , 5 a 0,8 ng/mL. 1 1 Clinicamente, a faixa efetiva tadas. O s testes de imunoensaio para digoxina têm reação cruzada
de digoxina não é determinada pelo pico de concentração plas- c o m digitoxina, requerendo a substituição d o anticorpo d o ensaio
mática, mas sim pela concentração de pico tecidual. Dessa forma, por u m seletivo para digitoxina.
para certificar u m a correlação entre a concentração plasmática e
a tecidual, o t e m p o correto para a coleta de u m a amostra é de 8 Lidocaína
horas ou mais após a dose. Resultados de amostras coletadas mais A lidocaína é a droga de escolha n o tratamento inicial das extra-
cedo que 8 horas após a dose são errados, porque não se corre- sístoles ventriculares,e para a prevenção de arritmias ventricula-
lacionam c o m as concentrações teciduais. res. A lidocaína é contra-indicada e m bradicardias e bloqueios
A toxicidade por digoxina é caracterizada por sintomas inespe- avançados d o n ó atrioventricular decorrentes de infarto agudo
cíficos c o m o (1) náusea, (2) vômitos, (3) anorexia e (4) distorções d o miocárdio. A lidocaína diminui o período refratário do poten-
visuais p r e d o m i n a n t e m e n t e verdes o u amarelas. O s sintomas car- cial de ação nessas fibras, e faz isso em concentrações menores
díacos de intoxicação incluem (1) extra-sístoles ventriculares poli- d o que aquelas necessárias para exercer efeito farmacológico e m
mórficas (PVCs), (2) b i g e m i n i s m o ventricular, (3) taquicardia outros pontos, c o m o o miocárdio d o ventrículo.
ventricular e (4) fibrilação ventricular. Combinações de atraso de A lidocaína passa quase que completamente pelo metabo-
c o n d u ç ã o e a u m e n t o d o automatismo podem resultar em taqui- lismo de primeira passagem no fígado através da C Y P 3 A 4 e da
cardia atrial paroxística com bloqueio do n ó atrioventricular e C Y P 2 D 6 , quando é administrada por via oral. Por isso só é
taquicardia juncional não-paroxística. Esses sintomas são fre- administrada por via intramuscular ou intravenosa. U m a vez na
q ü e n t e m e n t e observados q u a n d o as concentrações sanguíneas corrente sanguínea, 5 0 % da droga se liga a proteínas, principal-
excedem 2 n g / m L em adultos. Crianças toleram concentrações m e n t e à albumina e à A A G . O clearance de lidocaína é b e m
maiores e normalmente não apresentam toxicidade antes que a rápido. Sua meia-vida de distribuição é de 0,5 hora, e a meia-vida
concentração de digoxina ultrapasse 4 n g / m L . de eliminação é de 1 a 1,5 hora. D i m i n u i ç ã o da função hepática
A eliminação da digoxina segue os princípios da cinética de atrapalha o clearance, causando prolongamento na eliminação e
primeira ordem. Entre 5 0 % a 70% são excretados na urina na acúmulo da droga. Isso resulta e m intoxicação se a dose não for
forma pura, o u c o m o monossacarídeos ou dissacarídeos de digo- ajustada de forma a se adequar a essa diminuição na taxa meta-
xigenina. U m a pequena parte é metabolizada a diidrodigoxina e bólica.
também é excretada pelos rins. O restante é encontrado nas fezes A relação entre a concentração de lidocaína ótima n o sangue
c o m o digoxigenina ou seus sacarídeos. C o m o resultado, a toxici- e seus efeitos clinicos é mais b e m interpretada à luz da grande
dade da digoxina se desenvolve c o m mais freqüência e demora verossimilhança do sucesso terapêutico, da falência terapêutica,
mais e m pacientes com insuficiência renal. As dosagens usadas o u da toxicidade por aumentos seletivos de concentração. Con-
Drogas Terapêuticas CAPÍTULO 3 0 565
* Estudos de sensibilidade de organismos (concentração inibi ifaia mini me; veja o texto) definem as concentrações efetivas mínimas
Drogas Terapêuticas CAPÍTULO 3 0 567
30-5 nao garantem que a toxicidade seja evitada, pois um pequeno A heparina tem sido apontada como sendo capaz de desativar
número de pacientes pode apresentar os efeitos da toxicidade a a gentamicina por meio da formação de um complexo inativo.
despeito da concentração. Uma perda irreparável de função renal, Esse complexo, apesar de biologicamente inativo, tem alguma
vestibular ou coclear normalmente se relaciona com a administra- semelhança estrutural com o aminoglicosídeo inicial e gera
ção de um dos aminoglicosídeos em concentrações elevadas no reações cruzadas com anticorpos para esse aminoglicosídeo espe-
sangue por períodos mais longos que 2 semanas. cifico. Concentrações de heparina encontradas durante um tra-
Os aminoglicosídeos apresentam atividade contra microrga- tamento anticoagulante são menores que 3 unidades/mL, tor-
nismos dependente do pico de concentração. Clinicamente, o nando-se uma complicação in vivo indesejável. Entretanto, amos-
ohjetivo terapêutico é atingir concentrações de pico 10 vezes o tras coletadas em tubos contendo heparina (1.000 unidades/mL)
valor da MIC do organismo. Uma dose diária com duas ou mais podem levar à formação do complexo, um fenômeno que pode
vezes da dose usual de 48 horas (conhecida como pulso) pode interferir com alguns procedimentos de imunoensaio. Na prática,
minimizar o desenvolvimento de resistência adaptativa, e pode os antibióticos aminoglicosídeos tipicamente são medidos por
diminuir ou atrasar a nefrotoxícidade. As concentrações de pico imunoensaio.
desejadas no pulso são normalmente mais de duas vezes os valores
que se objetivam durante o uso de doses de 48 horas (Tabela Cloranfenicol
30-5). Relatos de reações semelhantes a bac terem ia (p. ex., [1] O cloranfenicol é usado como um agente bactericida. Ele age se
tremores, [2] rigidez, [3] febre, [4] hipotensão, [5] taquicardia e ligando à subunidade ribossômica 50S do m R N A da bactéria, e
[6] distúrbio respiratório) são associados com a terapia de uma inibe a síntese protéica de organismos procarióticos. O uso dessa
dose diária. Muitos estudos com o uso de pulso de aminoglico- droga depende de sua relativa toxicidade contra o microrganismo
sídeos têm sido feitos em pacientes com baixas taxas de falência ou contra o paciente. A droga é usada contra bactérias gram-nega-
em infecções urinárias, abdominais e pélvicas. Esses grupos de tivas como (1) Haemophilus influenzae, (2) Neisseria meningitidis, (3)
pacientes podem ser bons candidatos à terapia usando pulsos. Neisserict gonorrhoeãe, (4) Saimoneüa tjpfii, (5) todas as espécies de
Pacientes que estão gravemente doentes ou que têm suspeita de Brucella, (6) Bord.eLe.lla pertussís, (7) Vi brio choterae e (8) ShigelLa.
teT volumes de distribuição acima do normal podem não atingir Todos esses organismos são suscetíveis a concentrações séricas de
as concentrações de pico desejadas. A quantificação da concen- 6 pg/mL. Os organismos que são suscetíveis a uma concentração
tração da droga 2 horas após o fim de uma infusão que durou de 12 pg/mL são (1) Escherichia coli, (2) Klebsmila pneumoniae, (3)
1 hora e a concentração de 8 a 12 horas após a primeira dose Pseudomonas pseudomallzi, (4) Chlamydia e (5) Mycoplasma.
têm sido usadas para calcular os parâmetros individuais de far- O cloranfenicol é rapidamente absorvido no trato gastroin-
macocinética do paciente (p. ex., extrapolar a meia-vida, o pico, testinal. O pico de concentração sérica ocorre 1 a 2 horas após
o vale etc.) e, dessa forma, otimizar a dose. a dose oral. N o plasma, aproximadamente 50% do cloranfenicol
se liga a proteínas e sua meia-vida é de 2 a 3 horas. Concentrações
séricas de pico após a administração de palmitato ou succinato
de cloranfenicol ocorrem 4 a 6 horas após a dose. O cloranfeni-
col se distribui por todos os tecidos e se concentra no líquido
cerebrospinal. A droga é ativamente metabolizada no fígado pela
TABELA 3 0 - 4 Concentração Inibitória Mínima dos
NAT1 e pela UGT. Dessa forma, o cloranfenicol se acumula em
Antibióticos*
casos de doença hepática. Doenças renais não afetam muito a
Suscetível Intermediária Resistente metabolízação.
Antibiótico (ug/mL) (ug/mL) (pg/mL) A toxicidade associada ao uso de cloranfenicol inclui discra-
Amicacina <16 32 >64 sias sanguíneas e colapso cardiovascular. Esses efeitos têm uma
Cloranfenicol <8 16 >32 relação modesta com a concentração no sangue. Outros efeitos
Gentamicina <4 <8 >12 tóxicos relacionados à concentração incluem (1) anemia, caracte-
Tobramicina <4 8 >16 rizada por uma parada na maturação da medula; (2) vacuolização
Vancomicina <4 8-16 >32 citoplasmática de células mielóides e eritróides; (3) reticulocito-
Dados dá Methods for dilution antimícrobial suscí^tifcilitj t&sts fcrt bactéria ifmt grou)
penia; e (4) aumentos tanto no ferro sérico quanto na capacidade
aembically, 7th Ecí. M7-A7. Approved Standard, Wayne, PA. Clinicai a n d de ligação do ferro. Todos esses sintomas são associados com
Laboratory Siandards Inslitute, 2006. concentrações acima de 25 ]jg/mL. O desenvolvimento de anemia
*Os valorei são para organismos outros que rido H a e m o p h i l u s s p p , N e i s e r r i a g o n o r - aplásica não é relacionado com a dose ou à concentração. O
rheae, e Streprococcus spp. colapso cardiovascular, que ocorre mais em recém-nascidos, é
relacionado a uma concentração total de cloranfenicol que ultra-
I
TABELA 3 0 - 5 | Concentração Efetiva Normal dos Antibióticos (|4f»/mL)
Pico da Dose
Droga Pico (iig/mL) de Pulsa (pg/mL) Vale (ug/mL) Tóxica'' (ug/mL)
N A , não aplicável
'Nota: Não se aplica à dose de pubo.
568 PARTE IV Analitos
passa 50 p g / m L . U m a dose oral de 5 0 m g / k g / d i a resulta em uma farmacológica. A resposta dos pacientes a essas drogas é ampla-
concentração ótima para o pico de 10 a 25 p g / m L n o adulto m e n t e variado devido (1) à biodisponibilidade variável, (2) ao
saudável. grande volume de distribuição, (3) à atividade metabólica variável
e (4) à formação de metabólitos anvos farmacologicamente.
Vancomicina Os antidepressivos tricíclicos mostram u m a boa relação entre
A vancomicina é u m glicopeptídeo que tem ação bactericida a resposta terapêutica e a concentração sérica. Por exemplo, u m a
contra bactérias gram-positivas e alguns cocos gram-negativos. A relação linear entre a melhora clínica e a concentração sérica foi
vancomicina é usada devido à sua atividade contra estafilococos percebida na maioria dessas drogas, com exceção feita à nortrip-
metir.ilino-resistentes e cormebactérias Ela t a m b é m se tornou tilina, que tem u m c o m p o r t a m e n t o terapêutico específico U m a
popular pelo tratamento de endocardite e sepse causadas por concentração sérica de nortriptilina abaixo ou acima da taxa de
esses organismos. 5 0 a 150 n g / m L se correlaciona com piora do humor. O s outros
Apesar de a droga ser pouco absorvida por via oral, u m a dose antidepressivos não apresentam esse efeito. O limite superior da
de 1 g em forma intravenosa a cada 12 horas alcança u m pico de concentração ótima para esses outros antidepressivos limita o
concentração sangüínea de 20 a 40 p g / m L e u m a concentração desencadeamento de toxicidade. A toxicidade se expressa como
de vale de 5 a 10 p g / m L . Ela tem u m a meia-vida média de 5 a 6 boca seca e transpiração, sinais que t a m b é m ocorrem com a
horas. Toxicidade relacionada à concentração acomete o nervo depressão. Sendo assim, é difícil diferenciar entre a toxicidade
auditivo. Concentrações menores que 30 p g / m L raramente se leve causada pela droga e a doença que está sendo tratada. A
associam a esse sintoma. A toxicidade não relacionada à dose ou toxicidade mais grave se expressa como bloqueio d o n ó atrioven-
à concentração é rara e inclui febre, flebite e dor n o local da tricular, caracterizado por alargamento d o intervalo Q R S no
infusão. Em pacientes com perda de função renal, as concentra- eletrocardiograma. O início dos sintomas ocorre em concentra-
ções séricas p o d e m a u m e n t a r até níveis tóxicos devido à diminui- ções séricas que vão de 800 a 1.200 n g / m L , e a gravidade da
ção d o clearance. A técnica-padrão para monitorar a concentração intoxicação se relaciona com a concentração sérica. A relação
é o imunoensaio. entre a concentração sérica e a toxicidade cardíaca diminui com
o tempo após a intoxicação, à medida que a droga é absorvida
Drogas Antipsicóticas nos tecidos. Apesar de sua toxicidade, os antidepressivos tricícli-
As drogas usadas em cuidados psiquiátricos que são normal- cos permanecem como drogas muito importantes n o tratamento
m e n t e monitoradas incluem os antidepressivos, alguns neurolép- da depressão.
ticos e o lítio. Os parâmetros farmacológicos dessas drogas antip- Numerosos métodos têm sido publicados para análise de
sicóticas são mostrados na Tabela 30-6. Os métodos preferidos antidepressivos tricíclicos. Essas drogas apresentam vários pro-
para a quantificação dos antidepressivos são o GC-MS 1 e o LC- blemas n o laboratório clínico. Por exemplo, sua concentração
MS/MS.6 sérica terapêutica é 10 a 100 vezes menor do que as de outras
drogas monitoradas, então, para serem úteis clinicamente, os
Antidepressivos métodos devem ser capazes de medir concentrações menores que
Os antidepressivos são usados para tratar a depressão endógena 50 n g / m L . Além disso, os antidepressivos têm metabólitos que
caracterizada por (1) h u m o r deprimido, (2) sentimentos de culpa, t a m b é m precisam ser medidos. Eles t a m b é m são estruturalmente
(3) diminuição do apetite, (4) insónia, (5) variação de peso, (6) similares aos indutores de sono, anti-histamínicos, e muitas
diminuição na habilidade de se concentrar, (7) perda de interesse outras medicações vendidas sem prescrição médica, usadas para
ou prazer em atividades usuais e (8) diminuição do apetite sexual. diminuição do apetite, o que é uma potencial interferência.
Em casos mais graves, c o m p o r t a m e n t o despersonalizado, com-
p o r t a m e n t o paranóide, c o m p o r t a m e n t o obsessivo-compulsivo e Inibidores Seletivos da Recaplação de Serotonina
tendências suicidas se tornam óbvios. Os tipos de antidepressivos Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (SSRls) são
com seus nomes genéricos e comerciais estão listados na Tabela medicações f r e q ü e n t e m e n t e prescritas. Sua eficácia terapêutica é
30-6. Suas concentrações terapêuticas ótimas e importantes parâ- diversa, variando de depressão a transtorno obsessivo-compul-
metros farmacorinéticos estão listados na Tabela 30-7.
Antidepressivos Tricíclicos
Os antidepressivos triciclicos são absorvidos quase que comple- TABELA 3 0 - 6 Tipos de Antidepressivos
tamente n o trato gastrointestinal. C o m o passam por metabo- Tipo Nome Genérico
lismo hepático de pnmeira-passagem, sua biodisponibilidade
Aminocetonas Bupropiona
final é variável. Além disso, os antidepressivos tricíclicos dimi- Cicloexanos Banlaíaxina
n u e m a atividade gastrointestinal e o esvaziamento gástrico; con- Dibenzoxazepinas Amoxapína
seqüentemente, sua absorção pode demorar. U m a vez absorvi- Difenilaminas Fluoxetina
dos, eles se ligam fortemente a proteínas e aos tecidos, resultando Naftaleraminas Aertralina
em grandes volumes aparentes de distribuição. O pico de con- Tetraciclicos Maprotilina
centração n o plasma é atingido em 2 a 12 horas após a dose oral. Triazóis Paraxetina
O metabolismo é feito pela CYP2C19, CYP2D6 e CYP3A4 Trazodona
através de N-dimetilação e hidroxilação do anel aromático, segui- Tricíclicos Amitriptilina
das de conjugação pela U G T catalisada. Se a droga administrada Clomipramina
é uma amma tricíclica terciária (amitriptilina, doxepina e imipra- Desipramina
mina), o metabolismo causa acúmulo da respectiva amina secun- Doxepina
dária (nortriptilina, nordoxepina e desipramma). Essas substân- Imipramina
cias geralmente têm atividade farmacológica igual e se acumulam Portriptílina
J N A , não aplicãvel
sívo, distúrbio d o pânico, bulimia e outras condições. Eles OutrOS SSfílS. Os antidepressivos (1) amoxapina, (2) sertralina,
incluem (1) bupropiona, (2) fluoxetina, (3) nefazadona, (4) paro- (3) trazodona e (4) venlafaxina n ã o têm o mesmo grau de toxici-
xetma e (5) outras drogas. dade cardíaca que os antidepressivos tricíclicos e tetracíclicos. O
Bupropiona. A bupropiona é u m bloqueador fraco de seroto- tratamento com doses discretamente maiores que as normais não
nina, norepinefrina, e d o p a m i n a . E rapidamente absorvida, levam o paciente à toxicidade. Portanto, monitorar a concentra-
alcançando u m pico de concentração após 2 horas da adminis- ção dessas drogas não é necessário para evitar efeitos colaterais
tração por via oral. Imagina-se que passa de forma considerável tóxicos. Entretanto, se o paciente não está respondendo à droga
pelo metabolismo de primeira-passagem com sua biodisponibili- como o esperado, a monitoração da concentração p o d e ser útil
dade variando de 5 % a 20%. A b u p r o p i o n a é metabolizada pela para demonstrar a não-aderência.
CYP3A4, CYP2B6 e CYP2D6. Os maiores metabólitos são o
hidroxilado de m o r f i n o l e o th/reo-amino álcool. A meia-vida da Lítio
b u p r o p i o n a varia de 8 a 24 horas. Em u m a típica dose diária (100 O lítio (LO, cujos nomes comerciais incluem Esfcdiit/i, Li t/ume,
a 250 mg), a bupropiona apresenta correlação entre a concentra- Lithonato e outros, é administrado como carbonato de lítio e
ção sérica e a dose, variando de 25 a 100 n g / m L . usado para o tratamento da fase de mania, de distúrbios afetivos,
Fluoxetina. A fluoxetina (e outros antidepressivos não-tricícli- e d o transtorno bipolar. E postulado que sua ação se dá por
cos) age inibindo a recaptação de serotonina no sistema nervoso a u m e n t a r a recaptação de catecolaminas, consequentemente
central. Essa medicação tem m e n o s efeitos antagonistas em recep- reduzindo sua concentração na junção neuronal. Isso produz u m
tores muscarínicos, histamínicos, e (X-adrenérgicos d o que os efeito sedativo n o sistema nervoso central. O lítio também
antidepressivos tricíclicos, p e r m i t i n d o que seja usada com menos modula a distribuição de sódio, cálcio e magnésio nos neurônios,
efeitos colaterais. A fluoxetina é metabolizada pela CYP3A4, o que reduz a taxa de metabolismo de glicose que afeta a função
CY P2D 6 e CYP2C19. Ela tem uma meia-vida m u i t o longa (48 nervosa.
horas), e seu metabóhto ativo, a norfluoxetina, é eliminada com A absorção do lítio n o trato gastrointestinal é completa, com
u m a meia-vida de 180 horas. A resposta ótima à fluoxetina ocorre pico de concentração sendo atingido entre 2 e 4 horas após u m a
q u a n d o a concentração do plasma fica entre 90 a 300 n g / m L . A dose oral. O lítio não se liga a proteínas. Sua eliminação é bifásica.
norfluoxetina está em geral presente aproximadamente na mesma D u r a n t e a primeira fase, 3 0 % a 4 0 % da dose é metabolizada, com
concentração da fluoxetina. A droga passa de forma significativa uma meia-vida aparente de 24 horas. D u r a n t e a segunda fase, o
pelo metabolismo hepático e as concentrações n o sangue são restante do lítio incorporado a íons celulares é metabolizada,
afetadas por doença hepática. U m a f u n ç ã o renal prejudicada tem exibindo uma meia-vida de 48 a 72 horas. O cleavance é feito
pouco efeito na taxa de excreção da fluoxetina. p r e d o m i n a n t e m e n t e pelos rins, o n d e ocorre reabsorção ativa.
Paroxetína. A paroxetina é u m SSRI com utilidade clínica U m a função renal diminuída aumenta o tempo de excreção.
demonstrada como antidepressivo. A paroxetina é completa- A resposta terapêutica ótima ao lírio não se relaciona a u m a
m e n t e absorvida após a ingestão da dose e alcança u m pico em concentração sérica específica. Entretanto, a toxicidade é relacio-
concentrações de equilíbrio de 30 a 70 n g / m L em aproximada- nada à concentração e conseqüentemente, os níveis séricos de
mente 5 horas. Ela passa por metabolismo hepático através da lítio são monitorados para garantir a aderência do paciente e
CYP2D6, tem u m a meia-vida de 21 horas e seus metabólitos são prevenir a intoxicação. Recomenda-se que u m a amostra sérica de
inativos. As concentrações de paroxetina n o estado de equilíbrio 12 horas após a dose seja usada para avaliar a terapia. O intervalo
com u m a dose típica de 20 m g / d i a são atingidas em 10 dias. A de 1,0 a 1,2 m m o l / L foi identificado como o vale terapêutico
resposta clínica parece se relacionar com a concentração sérica. ideal. Concentrações de 1,2 a 1,5 m m o l / L mostram u m a faixa
570 PARTE IV Analitos
de aleira, e uma concentração além de 1,5 mmoI/L em uma 3. Concentração de metotrexato maior que 0,1 p m o l / L 72
amostra de 12 horas após a dose indica um grande risco de horas após a dose
intoxicação. Os sintomas iniciais da intoxicação incluem (1) Tipicamente, as concentrações sanguíneas de metotrexato são
apatia, (2) lentificação, (3) sonolência, (4) letargia, (5) dificulda- monitoradas com 24, 48 e 72 horas após uma dose única. O
des na fala, (6) tremores irregulares, (7) mioclonia, (8) fraqueza leucovorin é administrado quando as concentrações de metotre-
muscular e (9) ataxia. Apesar de esses sintomas não causarem xato se tornam altamente inapropriadas para uma fase pós-dose.
ameaça à vida, eles são desconfortáveis para o paciente e indicam A via de eliminação primária do metotrexato é a excreção renal.
o início iminente de convulsões graves. Durante períodos de alta concentração sanguínea, uma atenção
O lítio passa prontamente pela membrana glomerular e é particular deve ser dada para manrer um débito urinário alro com
reabsorvido no túbulo proximal. Em situações nas quais os urina alcalina. O píC, do metotrexato é 5,5 e, conseqüentemente,
pacientes têm risco de desidratação (febre, diarréia, vômitos, pequenas diminuições do pH urinário irão reduzir significativa-
perda de apetite e clima quente), o potencial para intoxicação por mente sua solubilidade. Manter o pH urinário alcalino diminui
lítio aumenta. Na desidratação, a resposta tubular proximal à os riscos de precipitação intratubular da droga e o risco de nefro-
reabsorção de sódio (e de lítio), é diminuída do clearance. O patia obstrutiva durante o período de tratamento. Dessa forma,
aumento na reabsorção do lítio leva a um aumento na concen- ao monitorar-se as concentrações sanguíneas, é possível obter-se
tração no sangue. A intoxicação grave, caracterizada por rigidez uma base para analisar o tempo de iniciar ou manter o uso de
muscular, hiper-reflexia, e convulsões é normalmente associada leucovorin, e para manejar o pH urinário.
a concentrações de lítio maiores que 2,5 mmol/L. O metotrexato é medido em amostras biológicas usando-se
A concentração de lítio no plasma, urina ou outros fluidos uma variedade de técnicas. Os imunoensaios são os métodos de
corporais tem sido determinada por espectrofotometria, espectro- escolha. Os procedimentos com cromatografia líquida também
metria por absorção atômica, ou por ensaio eletroquímico usando vêm se desenvolvendo para fornecer uma análise conjunta da
um eletrodo íon-seletivo 9 . droga e de seus metabólitos.
Antimetabólitos
O metotrexato e as tiopurinas são antimetabólitos representati- Imunossupressores
vos de uma série de medicações que interrompem o ciclo celular, Os imunossupressores são drogas capazes de suprimir as respos-
e que são usadas no tratamento de doenças neoplásicas; seu uso tas imunológicas. Eles são usados para tratar (1) doenças auto-
requer TDM. imunes, (2) alergias, (3) mieloma múltiplo, (4) nefrite crônica e
(5) transplantes de órgãos. Por exemplo, as drogas que são usadas
Metotrexato de forma a manter a imunossupressão em transplantes de órgãos
O metotrexato se provou útil (1) na leucemia linfóide aguda em sólidos incluem (1) a ciclosporina, (2) o ácido micofenólico, (3)
crianças; (2) no coriocarcinoma c tumores trofoblásticos relacio- o sirolimus c (4) o tacrolimus (Tabela 30-8).
nados em mulheres; (3) nos carcinomas de mama, língua, faringe
e testículos; (4) na manutenção da remissão da leucemia e (5) no Ciclosporina
tratamento de psoriase grave e debilitante. A administração de A ciclosporina (SandimmiiTie e Ne oral) é um peptideo cíclico com-
altas doses de metotrexato seguidas de resgate com leucovorin se posto de 11 aminoácidos, alguns com estruturas diferentes (Figura
mostrou efetiva no tratamento de carcinoma de pulmão e do 30-6). Ela é isolada do fungo Trichodermã poi^sporwm. A ciclospo-
sarcoma osteogênico. A administração intratecal é efetiva no rina se mostrou efetiva em suprimir a rejeição aguda em recepto-
tratamento de leucemia ou linfoma meníngeo. res de órgãos de outros indivíduos. E aprovada para uso em
O metotrexato inibe a síntese de D N A diminuindo a dispo- transplantes (1) renal, (2) cardíaco, (3) hepático, (4) pancreático
nibilidade de nucleotídeos pirimidínicos. Ele inibe de forma e (5) de medula óssea.
competitiva a enzima diidrofolato redutase, de forma a diminuir A ativação e proliferação de linfócitos T são consideradas as
a concentração de tetraidrofolato, que é essencial à metilação dos bases da resposta imune celular que, em última análise, levam à
nucleotídeos pirimidínicos e à taxa de síntese desses compostos. rejeição de tecidos transplantados na ausência de imunossupres-
O leucovorin, um análogo de folato, é usado para resgatar células são eficiente. Um importante efeito da ativação das células T é a
do paciente da inibição pelo metotrexato. C o m o é um substrato produção de Ca 2 + /calmodulina a partir da ativação da calcineu-
sintético da diidrofolato redutase, o leucovorin permite que rina serina/treonina fosfatase. Esta última é responsável pela
ocorra a síntese de pirimidinas dependente de tetraidrofolato, ativação e translocação nuclear de vários fatores de transcrição.
reiniciando a síntese de D N A . O metotrexato é uma cito toxina A absorção de ciclosporina na forma de Sandimmune é alta-
inespecífica, e ao se manter as concentrações sanguíneas apro- mente variável, indo de 5% a 40%. A concentração total no
priadas para destruir células tumorais, podem-se gerar efeitos sangue se correlaciona com o grau de imunossupressão e toxici-
tóxicos indesejáveis do ponto de vista citotóxico, como (1) mie- dade, mas há pouca relação entre a dose e a concentração san-
lossupressão, (2) mucosite gastrointestinal e (3) cirrose hepática. guínea. Uma microemulsão de ciclosporina, o Neoral, tem uma
Concentrações séricas de metotrexato são comumente moni- absorção mais reprodutível - em média 40% - e exibe melhor
toradas durante a terapêutica com altas doses (>50 mg/m 2 ), de correlação entre a dose, a concentração no sangue e a resposta
forma a identificar o tempo no qual uma intervenção ativa com clínica. Além das duas formulações citadas, há três formas gené-
o uso de leucovorin possa ser iniciada. Os critérios indicativos ricas de ciclosporina aprovadas para uso pela FDA. Apesar de
de potencial toxicidade, baseados na concentração sanguínea consideradas terapeuticamente equivalentes ao Neoral, os exci-
após uma dose única em bolus durante uma terapia com altas pientes são diferentes tanto desta formulação quanto do Sandim-
doses, são os seguintes: mune. A estrutura química desses compostos é equivalente à da
1. Concentração de metotrexato maior que 10 pmoI/L 24 horas ciclosporina. Uma monitoração terapêutica estreita é recomen-
após a dose dada quando há troca de uma formulação para outra, em vista
2. Concentração de metotrexato maior que 1 pmol/L 48 horas da biodisponibilidade limitada de dados publicados em revisões
após a dose sobre os genéricos.
Drogas Terapêuticas CAPÍTULO 3 0 571
A imunossupressão requer uma concentração de vale no Os métodos de imunoensaio são disponíveis para monitorar
sangue de pelo menos 100 ng/mL. Há consenso que uma con- a ciclosporina no sangue. Entretanto, os resultados variam entre
centração de vale que exceda 600 n g / m L associa-se com compli- os métodos devido à reação cruzada com os metabólitos inativos.
cações renais, hepáticas, neurológicas e infecciosas. Estratégias A técnica de LC-MS/MS também é usada. 9
que vêm sendu publicadas para reduzir a toxicidade da ciclospo-
rina e outras drogas imunossupressoias sugerem que a concen- Micofenolato Mofetil
tração terapêutica no vale paia ciclosporina em transplantes O micofenolato mofetil (MMF) é a pró-droga 2-morfoniloetil-
renais é de 100 a 300 ng/mL, enquanto para transplantes cardí- éster deTivada do imunossupressoT ativo MPA (Figura 30-7). Este
acos, hepáticos e pancreáticos, o valor deve ser de 200 a 350 último é um produto da fermentação de diversas espécies de
ng/mL. Imunossupressão simultânea com baixas doses de pred- Penirillium que têm atividade (1) andfúngica, (2) antibacteriana,
nisona, ácido micofenólico (MPA) ou sirolimus permite que o (3) antitumoral e (4) imunossupressora em modelos animais.
paciente atinja uma boa resposta com ciclospotina em concen- Após ter demonstrado eficácia como imunossupressoi em pacien-
trações mais baixas; alguns pacientes transplantados renais têm tes transplantados renais, o MMF foi aprovado em 1995 pela
uma resposta satisfatória com concentrações de vale de ciclospo- F D A para uso.
rina em torno de 70 ng/mL. O MPA é um inibidor reversível e não-competitivo da inosina
A ciclosporina é absorvida lentamente, e as concentrações de monofosfato desidrogenase (IMPDH). Uma característica muito
pico são atingidas entre 4 e 6 horas, ocorrendo 90% de ligação importante da proliferação de linfócitos é o grande aumento da
protéica e ficando reunidas nos eritrócitos. A melhor amostra pata taxa de biossíntese de purinas de novo. A taxa aumentada e
análise é o sangue total. A eliminação da ciclosporina é bifásica. mantida na produção do nucleotídeo guanina, catalisada pela
Uma fase de eliminação precoce com uma meia-vida aparente de IMPDH, é importante limitador da biossíntese de purinas de novo
3 a 7 horas é seguida de uma fase de eliminação mais lenta, com que não podem ser produzidas pela via de reaproveitamento em
uma meia-vida aparente que vai de 18 a 25 horas. O volume de linfócitos se proliferando. Dessa forma, a resposta pToliferativa
distribuição é de 17 I / k g . A ciclosporina passa por extenso meta- em células T ativadas é dependente de um suprimento contínuo
bolismo pela CYP3A4. Muitos dos 31 metabólitos conhecidos da e crescente de um estoque de guanina intracelular. A proliferação
ciclosporina são inativos. U m dos maiores metabólitos, que é de células T é abolida pela supressão da produção de guanina
hidroíxilado no aminoácido número 1, retém aproximadamente quando a IMPDH é inibida pelo MPA. O mecanismo de ação
10% da atividade imunossupressora do composto de base. pelo qual o MPA produz seu efeito imunossupressor em células
Muitas drogas alteram a distribuição da ciclosporina. Drogas T em proliferação é completamente distinto dos mecanismos dos
que inibem a atividade da enzinma CYP3A4 e bloqueiam Pg inibidores de calcineurina: a ciclosporina, ou tacrolimus, e o
diminuem o metabolismo da ciclosporina e diminuem a barreira sirolimus.
de absorção no trato gastrointestinal, causando conseqüente- O MMF é rapidamente hidrolisado por esterases amplamente
mente aumento na concentração sanguínea. Este último foi reco- distribuídas no sangue e nos tecidos de forma a produzir o MPA.
nhecido em 1999 como extremamente importante, juntamente A etapa limitante no clearance de MPA é sua conversão ao seu
com a enzima CYP3A, por ser uma barreira natural contra absor- metabólito glicuronídeo fenólico, o MPAG (Figura 30-7) via ação
ção de xenobióticos. Exemplos incluem (1) os bloqueadores de catalisadora da U G T no fígado, no trato gastrointestinal e, pos-
canais de cálcio: diltiazem, verapamil e nicardipina; (2) imidazó' sivelmente, em outros tecidos, como o renal. O MPAG é o
licos antifúngicos como fluconazol, itraconazol, voriconazol e metabólito primário do MPA e é farmacologicamente inativo. O
cetoconazol; e (3) antibióticos como eritromicina. Todos prolon- acil-glicuronídeo e o 7-O-glicosídeo são metabólitos produzidos
gam o metabolismo da ciclosporina e reduzem a barreira de em muito menor quantidade que o MPA e o MPAG. O metabó-
absorção suficientemente para aumentar o risco de nefrotoxici- lito glicosideo não tem atividade farmacológica, mas o acil-glicu-
dade. A administração conjunta com fenitoína, fenobarbital, ionídeo encontra-se em avaliação de seus possíveis efeitos
carbamazepina e rifampicina resulta em indicação das enzimas tóxicos. 12 O MPAG é excretado pelos rins e se acumula com taxas
CYP3A e das Pg que, respectivamente, aumentam a taxa de centenas de vezes mais altas que as concentrações plasmáticas de
metabolização da ciclosporina no trato gastrointestinal e no vale, quando o MPA está em estado de equilíbrio em paciente
fígado, e o contratransporte da droga, levando à redução signifi- urèmicos.
cativa da biodisponibilidade da ciclosporina. A administração O MPA normalmente alcança concentrações máximas com
intravenosa de sulfadimidina e trimetoprim diminui as concen- 1 hora após a administração do MMF. A distribuição da droga é
trações de ciclosporina. rápida e completa-se em 2 a 3 horas após a administração. N o
NA, Nd o aplicável
'Concentração de valf.
^Re fere-se aos liados do Neoral.
572 PARTE IV Analitos
Nui (Ilha de Páscoa) durante uma pesquisa por novos agentes metabolismo intestinal e hepático excessivo através da CYP3A, e
antifúngicos. Estruturalmente, o sirolimus é uma lactona macro- ao contratransporte pela Pg, uma bomba de influxo de várias
cíclica lipofílica composta de um anel macrolídeo de 31 partes drogas no trato gastrointestinal. Essa barreira de absorção varia
(Figura 30-6). Foi demonstrado em estudos com modelos animais consideravelmente de paciente para paciente e com o mesmo
que cem atividade imunossupressiva, antifúngica e antitumoral. paciente, e é local de importantes interações medicamentosas, e
O complexo entre o sirolimus e imunofilina intracelular FK- de drogas com alimentos.
BP12 modula a resposta imune por meio da combinação com o O sirolimus se distribui primariamente nas células do
ciclo celular específico que regula a proteína mTOR e inibe sua sangue (95%), com apenas 3% e 1% se distribuindo no plasma,
ativação. Essa inibição resulta em supressão da proliferação de e nos linfócitos e granulócitos, respectivamente. A ligação ávida
linfócitos T desencadeada por citocinas, ao inibir a progressão e ampla do sirolimus às proteínas ligadoras de FK que estão
da fase G] para a fase S do ciclo celular. O metabolismo do presentes em todo meio intracelular contribui para a alta taxa
sirolimus no corpo humano é dirigido pelo metabolismo oxida- de concentração de sirolimus entre o sangue e o plasma. Apro-
tivo por meio da enzima CYP3A no trato gastrointestinal e no ximadamente 2,5% do sirolimus na fração plasmática ficam
fígado. livres.
O sirolimus é administrado oralmente, e como solução oral A relação entre as concentrações de vale do sirolimus no
em um veículo que contém uma combinação de (1) fosfatidilco- sangue foram investigadas em pacientes transplantados renais
lina, (2) propileno glicol, (3) monoglicerídeos, (4) etanol, (5) que receberam conjuntamente uma dose plena de ciclosporina e
ácidos graxos de soja, (6) ascorbil palmitato e (7) polissorbato 80, cor tico terapia. A concentração efetiva mínima de sirolimus -
com uma concentração de sirolimus de 1 mg/mL. U m tablete abaixo da qual há um aumento significativo no risco de rejeição
com formulação de 1 mg foi aprovado pela FDA, mas essa for- aguda - é de 4 a 5 ng/L. U m a concentração limiar foi encontrada
mulação não é bio equivalente à solução oral. Entretanto, as duas entre 13 a 15 ng/L, acima da qual os riscos de efeitos colaterais
são clinicamente equivalentes a uma dose de 2 mg com base em relacionados com a concentração, como trombocitopenia (<
taxas comparáveis de eficácia, falência, perda de enxerto e morte. 100.00 plaquetas/mm 3 ), leucopenia (< 4.000 leucócitos/mm 3 ) e
O sirolimus é rapidamente absorvido no trato gastrointestinal, hipertrigliceridemia (í> 300 m g / d L de triglicerídeos séricos), se
com u m tempo médio para atingir uma concentração máxima tornam aumentados.
no sangue de cerca de 2 horas. A biodisponibilidade média do Os métodos de LC-MS/MS para mensurar o sirolimus são
sirolimus é de 15%. A baixa biodisponibilidade é atribuída a um usados em laboratórios de todo o mundo. 9 U m imunoensaio
574 PARTE IV Analitos
com uma enzima de micropartícula também é disponível para hepáticos. Os parâmetros farmacocinéticos do tacrolimus estão
essa análise. resumidos na Tabela 30-8
Assim como a ciclosporina e o sirolimus, muitas drogas inte-
Tacrolimus ragem com o tacrolimus, tanto por induzir a produção de
O tacrolimus (Prograf e formalmente conhecido como FK506) é CYP3A4/5 e Pg, quanto por bloquear a ligação do tacrolimus
uma lactona macrolídea isolada de Streptonryces tsukubaensis em nesses sítios. A relação entre a dose de tacrolimus, a concentração
1984 e é um potente imunossupressor, que consiste em um anel de vale, no sangue, e os desfechos clínicos - incluindo rejeição
de carbono com 23 partes e uma função de a ou P-dicetoamida aguda, nefrotoxicidade e toxicidade que exige diminuição da dose
disfarçada em hemiquetal (Figura 30-6). O tacrolimus foi apro- - mostra uma correlação inversa significativa entre as concentra-
vado para profilaxia de rejeição de órgãos em pacientes rece- ções de tacrolimus no sangue e o risco de rejeição aguda durance
bendo transplante alogênico de fígado e para uso como imunos- a primeira semana após um transplante hepático, e isso foi
supressor em transplante renal. Esse potente imunossupressor foi demonstrado usando análise de regressão logística. A nefrotoxi-
usado efetivamente em outros transplantes de órgãos sólidos para cidade e outros efeitos colaterais foram correlacionados de forma
prevenção da doença enxerto-uersus-hospedeiro em transplante de significativa com o aumento da concentração sanguínea de tacro-
células-tronco alogênico e transplante de ilhotas pancreáticas. limus durante esse período. Análises de curva R O C mostram que
Assim como a ciclosporina e o sirolimus, o tacrolimus exerce a concentração de vale de tacrolimus pode diferenciar-se entre a
seu efeito imunossupressor mediante a formação de um com- toxicidade, e a não ocorrência de eventos. Uma quantidade de
plexo com imunofilinas. O complexo entre tacrolimus e o FK- métodos LC-MS/MS sensíveis e específicos para medir o tacroli-
BP12 nos Iinfócitos suprime a síntese de ci toei nas e os mediado- mus foi desenvolvida." Também se dispõe de um imunoensaio
res inflamatórios pelos mesmos mecanismos (veja a seção da para as medidas de tacrolimus.
ciclosporina para detalhes).
O tacrolimus é metabolizado primariamente pela CYP3A. REFERÊNCIAS
Nove metabólitos foram isolados no sangue humano e na bile de
1. Biggs ]T, Hcilland W H , Chang S, Hipps PP, Sherman \VR. Eleccrcn
ratos, ou produzidos m vitio por microssomos de fígados humanos
beam ionization mass fragmentographic analysis of tricyclic
ou animais. Os metabólitos de tacrolimus no sangue de pacientes
anti depressa nts in human plasma. ] Pharm Sei 1976,65 261-8.
transplantados renais ou hepáticos totalizam 42% a 45% da
2. Duffus JH. Glossary for chemists of terms used in toxicology. Pure Appl
concentração de tacrolimus. Todos esses metabólitos, exceto o
Chem 1993;65 2003-122
31-O-desme til tacrolimus, um metabólito menor do tacrolimus,
3. Elbarbry FA, Shoker A. Simple high performance liquid
têm pouca atividade imunossupressora. Esse último tem ativi-
chromatographic assay for mycophenolic acid in renal transplant
dade irnunossupressora in vitro comparável com à da droga de
pacients. ] Pharm Biomed Anal 2007,43:788-92.
base. A atividade imunossupressora total dos metabólitos é, por-
4. Flcckhart D. 2005, at http-//medicine iupui.edu/flockhart/tahle.htm.
tanto, negligenciável em pacientes transplantados. Entretanto,
(Assessed March 21, 2007).
em pacientes transplantados hepáticos com hiperbilirrubmemia,
5. Lu YP, Zhu YC, Liang MZ, Nan F, Yu Q, Wang L, et al. Therapeutic
pode haver um grande viés nos resultados do imunoensaio
drug monitoring of mycophenolic acid can be used as predictor of
porque a acumulação de metabólitos prejudica o clearance da
clinicai events for kidney transplant recipiencs treaced wirh
bile.
mycophenolate mofetil. Transplant Proc 2006;38:2048-50.
O tacrolimus é mais freqüentemente administrado pela via
6. Mclntyre 1M, King CV, Skafidis S, Drummer O H Dual ultraviolec
oral em cápsulas, como um sólido dispersado em hidroxipropil-
wavelength high-performance liquid chromatographic me th o d for the
metilcelulose. Uma solução para forma injetável também existe.
forensic or clinicai analysis of seventeen antidepressants and some
A absorção pelo intestino delgado é geralmente baixa, com média
selected metabolites. ] Chiomarogr 1993;621:215-23.
de 25% - mas altamente variável de paciente para paciente, indo
7- McMillin GA, Linder MW, Bukaveckas BL. Pharmacogenetics. In: Bur;is
de 4% a 93% - e muda com o tempo depois da cirurgia de
CA, Ashwood ER, Bruns DE Tietz textbook of clinicai chemistry and
transplante. Uma baixa biodisponibilidade de tacrolimus, assim
molecular diagnostics, 4th ed. St Louis, Saunders, 2005:1589-616.
como de ciclosporina e sirolimus, é devida à presença da enzima
8. Millan O, Oppenheimer F, Brunet M, Vilardell ], Rojo I, Vives ], et al,
CYP3A4/5 e ao influxo de várias drogas na bomba Pg nos ente-
Assessment of mycophenolic acid-induced immunosuppression- a new
rócitos do intestino delgado. Pensa-se que a combinação dessa
approach. Clin Chem 2000;46:1376-83.
enzima metabolizadora de drogas com a bomba de influxo forma
9. Moyer TP, Shaw LM. Therapeutic drugs and their managemenr. ln-
uma barreira natural à absorção de xenobióticos no trato gas-
Burtis CA, Ashwood ER, Bruns DE. Tietz textbook of clinicai chemistry
trointestinal. A extensa variabilidade entre pacientes quanto à
and molecular diagnostics, 4th ed St Louis, Saunders, 2005:1237:86.
biodisponibilidade é devida à grande variação de atividade cata-
10 0 ' K a n e DJ, Weinshilboum RM, Moyer TP. Pharmacogenomics and
lisadora da CYP3A4/5, e à quantidade de Pg por unidade de
reducing the frequency of adverse drug events. Pharmacogenomics
peso de intestino delgado. C o m o várias outras drogas são subs-
2003;4:M.
tratos para esses dois sistemas, o trato gastrointestinal é um 11. Rathore SS, Curtis JP, Wang Y, Bristow MR, Krumholz HM. Association
importante local para a maioria das interações medicamentosas of serum digoxin con centra tion and outcomes in patients with heart
que ocorrem com o tacrolimus. failuie. JAMA 2003;289:871-8.
A distribuição no sangue é caracterizada por uma captação 12. Tmg LS, Partovi N, Levy RD, Riggs KW, Ensom MH. Pharmacokmetics
ampla pelas células. A razão entre sangue total e plasma varia de of mycophenolic acid and its glucuronidated metabolites in stable lung
15 a 35. A alta afinidade do tacrolimus pelas ligações proteicas transplant recipients. Ann Phartnacother 2006,40:1509-16.
FK e sua rica presença nas células sanguíneas contribuem para 13- Vogl M, Weigel G, Seebacher G, Griesmacher A, Laufer G, Muller MM.
essa distribuição. Aproximadamente 99% do tacrolimus no Evaluadon of the EMIT mycophenolic acid assay from Dade Behring.
plasma fica ligado a proteínas, primariamente com OCrglicoprote- Ther Drug Monit 1999;21:638-43
ina ácida, lipoproteínas, albumina e globulinas A maior via de 14- Weinshilboum RM. Inheritance and drug response. N Engl J Med
eliminação de metabólitos é a excreção fecal. A meia-vida de 2003,48.529-37.
eliminação do tacrolimus é variável. Uma meia-vida média de 12 15. Wikipedia (http://en.wikipedia.org/wiki/Cytochrome_P450_
e 19 horas já foi reportada em pacientes transplantados renais e oxidase#Drug_Metabolism; Accessed March 21, 2007).
CAPÍTULO 3 1
j Toxicologia Clinica
William H. Porter. Ph.D.
eliminar as "negativas" das considerações adicionais e AGENTES QUE CAUSAM HIPOXIA CELULAR
identificar as amostras presumivelmente positivas, que M o n ó x i d o de carbono e agentes formadores de metemoglobina
então requerem teste de confirmação. interferem n o transporte de oxigênio, resultando em hipoxia
Teste Judicial de Consumo de Drogas: Aplicação de testes de celular. O cianeto interfere n o uso do oxigênio e, portanto, causa
verificação de consumo de drogas em questões legais. aparente hipoxia celular.
Toxicologia Clínica: U m a subdivisão da toxicologia que
envolve a análise de fármacos, metais pesados e outros Monóxido de Carbono
agentes químicos nos líquidos e tecidos corporais, que tem O m o n ó x i d o de carbono (CO) é u m gás incolor, inodoro, insí-
como objetivo a assistência ao paciente. pido que é u m p r o d u t o da combustão incompleta de material
Toxíndrome: Síndrome causada por u m a concentração carbonáceo. Fontes exógenas comuns d o m o n ó x i d o de carbono
perigosa de toxinas n o corpo. incluem (1) tabagismo, (2) motores a gasolina e (3) unidades de
V e n e n o : Substância que, q u a n d o ingerida, inalada, absorvida, aquecimento doméstico i n a d e q u a d a m e n t e ventiladas. Pequenas
aplicada, injetada ou produzida dentro d o corpo, em quantidades do m o n ó x i d o de carbono são produzidas endogena-
quantidades relativamente pequenas, apresenta ação mente na conversão metabólica de h e m e a biliverdina. Esta pro-
química que pode causar dano estrutural ou distúrbio de dução endógena de m o n ó x i d o de carbono é acelerada nas
função, produzindo sintomatologia, doença ou morte. anemias hemolíticas.
A
Fe2+ n o h e m e da hemoglobina para formar carboxiemoglobina
toxicologia é u m a ciência multidisciplinar ampla, cujo (Capítulo 28). A afinidade de ligação da hemoglobina pelo
objetivo é determinar os efeitos de agentes químicos nos m o n ó x i d o de carbono é aproximadamente 250 vezes maior do
. sistemas vivos. A toxicologia clínica é u m a divisão da que pelo oxigênio. Portanto, altas concentrações de carboxiemo-
toxicologia e é definida como a análise dos fármacos, metais e globina limitam o conteúdo de oxigênio d o sangue. A ligação d o
outros agentes químicos nos líquidos e tecidos corporais, com o m o n ó x i d o de carbono à subunidade de hemoglobina também
objetivo de assistência ao paciente. Estas análises f r e q ü e n t e m e n t e aumenta a afinidade do oxigênio pelas subunidades remanescen-
são necessárias para o diagnóstico e t r a t a m e n t o da overdose aguda tes n o tetrânrero de hemoglobina. Assim, com u m determinado
de fármacos e a exposição aguda a substâncias químicas de origem valor de P 0 2 tecidual, m e n o s oxigênio dissocia-se da hemoglo-
desconhecida do ambiente do paciente. bina q u a n d o o m o n ó x i d o de carbono t a m b é m é ligado, des-
Devido à ampla gama de fármacos de interesse, n e n h u m a viando a curva de dissociação da hemoglobina para a esquerda.
técnica analítica é adequada para a detecção de fármacos de C o n s e q ü e n t e m e n t e , o m o n ó x i d o de carbono (1) não apenas
amplo espectro. Portanto, várias abordagens analíticas em com- diminui o conteúdo de oxigênio do sangue, mas (2) também
binação, em geral são necessárias. Estas podem incluir exames diminui a disponibilidade de oxigênio para o tecido, produzindo
casuais simples, baratos e rápidos; 10 imunoensaios (Capítulo 10); assim um grau maior de hipoxia tecidual do que provocaria u m a
e técnicas cromatográficas e / o u espectrométricas de massa (Capí- redução equivalente de oxiemoglobina causada apenas por hipoxia.
tulos 7 e 8), incluindo (1) cromatografia de camada fina (TLC), O monóxido de carbono também pode ligar-se a outras proteínas
(2) cromatografia líquida de alta performance (HPLC), (3) croma- heme, como a citocromo oxidase tz3 mitocondrial e da mioglobina;
tografia gasosa (GC), (4) cromatografia gasosa-espectrometria de isto pode limitar o uso de oxigênio q u a n d o o P 0 2 tecidual é muito
massa (GC-MS ou G C - M S / M S ) e (5) cromatografia líquida-espec- baixa
trometria de massa (LC-MS ou LC-MS-MS). Os efeitos tóxicos do m o n ó x i d o de carbono são resultado da
Na prática, devido aos inúmeros fármacos, metabólitos e hipoxia. Os órgãos com alta d e m a n d a de oxigênio, cumo o
substâncias endógenas que p o d e m ser encontrados, a identifica- coração e o cérebro; são mais sensíveis à hipoxia e p o r t a n t o são
ção positiva baseada nos resultados de u m a única técnica analí- responsáveis pela principal seqüela clínica da intoxicação por
tica em geral n ã o é suficientemente definitiva. As práticas labo- monóxido de carbono. U m a correlação geral entre a concentra-
ratoriais seguras determinam o uso de u m segundo procedimento, ção de carboxiemoglobina n o sangue e sintomas clínicos é forne-
ou procedimento de confirmação, que preferivelmente se baseie cida na Tabela 31.1. O leitor deve observar que a concentração
nos diferentes princípios analíticos. Atualmente, o GC-MS é o de carboxiemoglobina, embora útil no diagnóstico, n e m sempre
procedimento de confirmação definitiva mais amplamente usado. se correlaciona com os achados clínicos ou prognóstico. O u t r o s
O teste de confirmação é obrigatório para o teste judicial de fatores, exceto a carboxiemoglobina, que contribuem para a toxi-
c o n s u m o de drogas (p. ex., teste de detecção de drogas n o local cidade incluem (1) duração da exposição, (2) atividade metabó-
de trabalho). lica e (3) doença subjacente, especialmente cardiopatia ou doença
Muitos dispositivos para testes in loco estão disponíveis n o ou cerebrovascular. Além disso, baixas concentrações de carbo-
mercado para teste de detecção de drogas através da urina e pelo xiemoglobina com relação à gravidade da intoxicação p o d e m ser
menos seis para teste de detecção de drogas pela saliva. Eles são observadas se o paciente for removido do ambiente c o n t a m i n a d o
dispositivos não-instrumentais para teste por imunoensaio proje- com m o n ó x i d o de carbono várias horas antes da coleta da
tados para uso n o local da coleta, com resultados disponíveis em amostra de sangue.
3 até aproximadamente 10 minutos, e são variadamente configu- U m dos efeitos mais insidiosos da intoxicação por m o n ó x i d o
rados para detectar apenas u m a droga ou até 10 drogas simulta- de carbono é o desenvolvimento tardio dc seqüelas neuropsiqui-
neamente. 1 1 U m a revisão abrangente d o teste de drogas m loco átricas, que p o d e m incluir alterações da personalidade, distúrbios
está disponível. 9 motores e prejuízo da memória. Estas manifestações não se cor-
As características (1) tóxicas, (2) farmacológicas, (3) bioquími- relacionam n e m com a duração da exposição n e m com a concen-
cas e (4) analíticas de várias drogas e toxinas isoladas são discuti- tração máxima de carboxiemoglobina n o sangue, mas são mais
das nas seções seguintes. prováveis se os pacientes estiveram em coma p r o f u n d o .
Toxicologia Clínica CAPÍTULO 31 577
foi medido por eletrodo íon-seletivo e análise G O M S com dilui- moglobinemia adquirida (tóxica) pode ser causada por inúmeros
cão do isótopo. 11 fármacos e substâncias químicas (Tabela 31-2).
Valores de Referência
A concentração normal de metemoglobina é menor do que 1,5%
TABELA 31-2 Causas Adquiridas de Metemoglobinemia
da hemoglobina total. Em indivíduos sadios (em outros aspec-
Fármacos Agentes Químicos tos), as concentrações de metemoglobina acima de 20% causam
Amil nitrito Anilina
apenas cianose. As concentrações entre 20% e 50% podem
Benzocaína Corantes anilina causaT (1) dispnéia, (2) intolerância aos exercícios, (3) fadiga, (4)
Cloroquina Butil nitrito fraqueza e (5) síncope. Sintomas mais graves de disrritmias, con-
Dapsona Clorobenzeno vulsões, acidose metabólica e coma estão associados a concentra-
Lidocaína Naftaleno ções de 50% a 70%, e concentrações maiores do que 70% podem
Nitroglicerina Nitratos sei letais.
Fenaceíina Nitritos
Fenazopiridina Nitrofeno! ÁLCOOIS
Primaquina Óxido nitroso
Vários álcoois são tóxicos e clinicamente importantes, como o
Sulfonamidas
etanol, metanol e isopiopanol. 3
SfitiJit da Heiose
Glicose
CJicóJiíi
J
Metemoglobina (Fe )
Glicose-6-P 1 , 3 DPG
NADH
A d e leuco-
NADP >
mciileno X f +
-
f ir~
i
NA^fH MtKb)
**iy«a*c K
NADH mecHb
Reúiilase GDH
V NADPM J N
Azul de
J w
metileno
NAlP
1
ó-Fosfoglitonato Hemoglobina (Fe ) G] ice raid eido-3-P
Glicose
Concentração de Álcool
no Sangue (g/100 mL) Estágio da Influência Alcoólica Sinais/Sintomas Clínicos
Metanol
O metanol é usado como (1) solvente em inúmeros piodutos
comerciais, (2) constituinte de líquidos anticongelamento e para
limpeza de vidros e (3) c o m p o n e n t e de combustível sólido. Pode
ser consumido pelos alcoólicos intencionalmente como substi-
tuto do etanol ou acidentalmente q u a n d o presente como conta-
m i n a n t e em whiske^s ilegais. As ingestões acidentais ocorreram
em crianças.
Os efeitos do metanol no S N C são substancialmente menos
graves do que aqueles do etanol. O metanol é oxidado pela A D H
hepática (a urn décimo da velocidade do etanol) em formaldeído.
O formaldeído, por sua vez, é rapidamente oxidado pela aldeido
desidrogenase em acido fórmico, que p o d e causar acidose grave
e neuropatia óptica, resultando eni cegueira ou morte. As con-
centrações séricas de formato correlacionam-se melhor com o
grau de acidose e a gravidade da toxicidade no S N C e a ocular
do que as concentrações séricas de metanol. Portanto, alguns
pesquisadores recomendam a mensuração do formato sérico para
avaliar a gravidade da toxicidade e paia orientar a terapia apro-
priada em casos de ingestão de metanol. Horas após a d m i s s ã o
usado como conservante para evitar a redução ou ocasionalmente estar presente na boca (p.ex., ingestão muito recente de bebidas,
um aumento (via fermentação) da concentração de etanol. uso de enxaguatório bucal que contenha álcool, ou vómito de
Para medir o etanol no sangue, o método de escolha para líquido gástrico rico em álcool).
muitos laboratórios é uma análise enzimática. Neste método, o Visando à segurança pública, o U.S. Department of Trans-
etanol é medido por oxidação em acetaldeído com NAD + , uma portation (DOT) exigiu a adição do exame de álcool no ar expi-
reação catalisada por A D H . C o m esta reação, a formação de rado à triagem para detecção de drogas de uso abusivo na urina
N A D H , medida a 340 nm, é proporcional à quantidade de etanol (veja seção sobre Drogas de Uso Abusivo) para empregados de
na amostra. transporte comercial.14,15 Caso a concentração de álcool no ar
expirado esteja entre 0,02 e 0,04 g/210 L para mensurações
duplicadas (dentro de um período de 30 minutos), não é permi-
Ãícool
dísidroíraiiaje r
- tido ao empregado reiniciar as tarefas que exijam cuidados de
CHjOH
segurança por um período de 8 horas (24 horas para motoristas
T \ L, de veículos automotores). Se a concentração foi de 0,04 g/210 L
NAD+ N A D H + H+
ou mais, o empregado é suspenso das atividades até que se
obtenha uma avaliação por especialistas em uso abusivo de subs-
Vários fabricantes disponibilizam os km de reagentes para uso tâncias e se inicie um teste de acompanhamento.
com espectrofotômetros manuais ou analisadores automatizados. Vários dispositivos comerciais para mensuração de álcool no
Sob condições da maioria dos exames, a A D H é razoavelmente ar expirado estão disponíveis. Estes dispositivos usam (1) espec-
específica para o etanol. Alguns fabricantes afirmam que a inter- trometria por absorção no infravermelho (mais comum), (2)
ferência do isopropanol, metanol, acetona e etileno glicol é de redução de oxidação de ácido dicromato-sulfúrico (fotométrica),
menos de 1%. (3) G C (detecção por ionização em chamas ou por condutividade
O soro (ou plasma) é a amostra mais cbmum para a análise térmica), (4) oxidação eletroquímica (célula combustível), ou (5)
do etanol pelos métodos ADH; o método também apresenta sensores com semicondutores de óxido metálico. Foi publicada
bom desempenho com urina ou saliva. Entretanto, sabe-se que uma lista dos dispositivos para detecção de álcool pelo ar expi-
já ocorreram falso-positivos quando se mediu etanol na urina (W. rado aprovados pelo DOT. 2,15 Alguns destes dispositivos são apro-
H. Por ter, observação pessoal). Em alguns métodos, o sangue vados apenas para triagem. Neste caso, a segunda determinação,
total pode ser usado diretamente, mas em outros, uma etapa de ou determinação "confirmatória", de álcool na respiração deve
precipitação pode ser necessária antes da análise, para evitar ser realizada com um bafômetro comprobatório aprovado. Os
interferência da hemoglobina. Estes métodos geralmente são dispositivos para detecção de álcool pela respiração também
estreitamente comparáveis com os métodos de GC. podem ser usados para avaliação clínica de pacientes no local de
Os ensaios para etanol usando ADH, especialmente aqueles atendimento (p. ex., no setor de emergências).
que são completamente automatizados, são convenientes para labo-
ratórios clínicos que não têm instrumentação para GC. A especifi- Etanol na Saliva
cidade para o etanol tem de ser comunicada de maneira clara para Pelo fato de a saliva (cada vez mais chamada de líquido oral) poder
os médicos que tratam pacientes agudamente intoxicados. Caso ser facilmente coletada e de maneira não-invasiva, há um interesse
contrário, valores muito baixos ou negativos de etanol podem ser crescente pelo seu uso para mensurações de etanol e para detecção
mal interpretados como "álcool" em um paciente que ingeriu de drogas de uso abusivo (veja seção Drogas de Uso Abusivo). O
metanol ou isopropanol. As mensuiações de etanol podem ser etanol distribui-se entre o sangue e a saliva por meio de difusão
usadas em conjunção com o intervalo osmolar para examinar a passiva em grande medida de acordo com o conteúdo de água
possível presença de quantidades significativas de metanol, isopro- destes líquidos (85% w / v para sangue total; w/v, peso/volume;
panol ou etileno glicol (veja seção posterior sobre Determinação das 99% para saliva). Os perfis de tempo de concentração para o etanol
Substâncias voláteis por meio de Intervalo Osmolar no Soro). no sangue, no ar expirado e na saliva são todos semelhantes.
U m pequeno dispositivo para teste foi desenvolvido para
Etanol no Ar Expirado medir o etanol na saliva. A saliva é absorvida em um swah, que
As leis para quem dirige sob influência do álcool foram original- é então inserido no cartucho de teste. A mensuração do etanol
mente baseadas na concentração de etanol no sangue venoso baseia-se na reação de A D H juntamente com uma reação de
total. Pelo fato de a coleta de sangue ser invasiva e requerer indicador de cor mediada por diaforase, que fornece uma detec-
intervenção de equipe médica, a determinação do álcool no aT ção visual final em uma escala semelhante ao termômetro, após
expirado há muito é a base de mensurações comprobatórias de incubação de 2 minutos. Este dispositivo é aprovado pelo D O T
álcool. Também há u m interesse clínico crescente pela determi- em triagem para álcool.
nação do álcool no ar expirado no local do atendimento. O U m dispositivo com cartão de teste para mensuração qualita-
princípio fundamental para uso da análise do ar expirado é que tiva do etanol na saliva ou urina também se baseia em u m
o etanol no sangue capilar alveolaT equilibra-se rapidamente com esquema de detecção acoplada a diaforase-ADH. Este cartão de
o ar alveolar em uma razão de aproximadamente 2.100:1 (sangue: teste é projetado para produzir uma resposta positiva para as
respiração). Conseqüentemente, o álcool exalado expresso como concentrações de etanol maiores que 0,02 g/dL. Este dispositivo
g/210 L é aproximadamente equivalente à medida de grama por também é aprovado pelo D O T para triagem.
decilitro do álcool no sangue total. Para eliminar a confusão e a U m terceiro dispositivo aprovado pelo D O T consiste em uma
incerteza que cercam a conversão da concentração de álcool no fita de teste plástica adequada para inserção sob a língua da
ar expirado, a concentração de álcool no sangue, as leis de tráfego pessoa ou na saliva coletada. Após saturação da almofada de
nos EUA receberam emendas em que "a concentração de álcool reação com saliva e um período de incubação de 2 minutos, uma
deve representar gramas de álcool por 100 mililitros de sangue barra indicadora de cor acoplada a ADH-diaforase torna-se visível
ou gramas por 210 litros de ar expirado."8 Antes da análise de ar se a concentração de etanol for de 0,02 g/dL ou mais.
expirado, é necessário um período de espera de 15 minutos para O fluxo de saliva está, em grande medida, sob controle do
possibilitar o clearance de qualquer resíduo de álcool que possa sistema nervoso parassimpático. Conseqüentemente, a coleta de
582 PARTE IV Analitos
saliva pode ser difícil em indivíduos com sintomatologia antico- T A B E L A 31 - 4 A c c h a d o s Laboratoriais Característicos de
linérgica (p. ex., boca seca associada a averdose de antidepressivos Ingestão de Álcoois
tricíclicos). Além disso, o fluxo salivar pode ser prejudicado em
Acidose
alguns alcoólicos.
Metabólica
Intervalo com Ãrion Acetona Oxalato
Etanol na Urina Álcool Osmolar Gap Sérica na Urina
A urina tem sido usada como uma amostra alternativa, menos
invasiva para determinação do etanol, se comparada com o Etanol + - - -
500
O
JS, V
CH,
ii i!
CH:
HA
200
150
Provável t o x i c i d a d e hepática
I
ir
x
100 I
TSO„ TOH
2. 50 Oxidase efe fnnçan mista,. Glicuronida
do citocromo P+K /
A
8 N e n h u m a toxicidade
hepática NJ?"1 HO
a 10 "-ISK'xCH3
CL
Intermediários
} 25% Tóxicos
Postulados
T
OH Ci.u:.iCkTj.ia
_L o
< X
IT O
M;rrcw)oI^v'.Us
8 12
Horas após ingestão
16' 20 24
K'
L
CHj
vJv.uiiiiu»
- Jk
N CH,
A absorção de doses normais de ácido acedlsalicílico regular náuseas, (6) vômitos e (7) distúrbios ácido-básicos. Os efeitos no
a partir do trato gastrointestinal (GI) geralmente é rápida, com SNC incluem letargia, desorientação e, em casos graves, coma e
concentração sérica de pico atingida dentro de 2 boras. Este valor convulsões. O zumbido pode ocorrer nas concentrações de sali-
de pico pode ser retardado por 12 horas ou mais para formula- cilato maiores do que 200 mg/L, mas manifestações tóxicas mais
ções com revestimento entérico ou de liberação lenta. Ademais, graves em geral não são evidentes, a menos que a concentração
doses tóxicas de ácido acetilsalicílico podem formar concreções de salicilato exceda 300 mg/L.
ou massa intestinal e produzir piloroespasmo, retardando assim O distúrbio ácido-básico primário observado com overdose de
a absorção. O salicilato sérico nestes casos pode não atingir uma salicilato depende da idade e da gravidade da intoxicação. A
concentração máxima por 6 horas ou mais, uma consideração alcalose respiratória predomina em crianças com mais de 4 anos
importante quando a avaliação da gravidade da toxicidade baseia- de idade e em adultos, exceto em casos muito graves, que podem
se nestas mensurações. progredir ao longo de um misto de alcalose respiratória-acidose
Uma vez absorvido, o ácido acetilsalicílico tem uma meia-vida metabólica até acidose metabólica. Nas crianças com menos de
muito curta (15 min) devido à sua rápida hidrólise em salicilato. 4 anos de idade, o período inicial de alcalose respiratória é muito
O salicilato é eliminado principalmente por conjugação com a breve e, portanto, pode não ser observado; nestes casos, predo-
glicina para formar ácido salicilúrico e, em menor extensão, com mina a acidose metabólica.
ácido glicurônico, para formar fenol e acil glicuronídeos. Uma A mensuração da concentração de salicilato no soro pode ser
pequena quantidade é hidrolisada em ácido gentísico (Figura útil para avaliação da gravidade da intoxicação. Um nomograma
31-5). Estas vias metabólicas podem tornar-se saturadas mesmo que relaciona a concentração sérica de salicilato e o tempo após
em doses terapêuticas altas. Conseqüentemente, a concentração a ingestão com a gravidade da intoxicação foi desenvolvido por
de salicilato no soro pode aumentar desproporcionalmente com Done (Figura 31-6), primariamente para uso com pacientes pedi-
a dosagem. Em doses terapêuticas altas ou tóxicas, a meia-vida átricos. O nomograma aplica-se apenas à ingestão aguda de salici-
de eliminação do salicilato é prolongada (15 a 30 horas versus 2 lato e não deve ser usado para estimar a gravidade da toxicidade
a 3 horas em dose baixa) e uma porção muito maior da dose é crônica. O nomograma é menos útil para pacientes adultos, que
excretada na urina como salicilato. tendem a cer acidemia menos grave (misto de alcalose respiratória-
acidose metabólica) do que paTa crianças em tenra idade (acidose).
R e s p o s t a Farmacológica e Toxicidade Além disso, a interpretação do nomograma é complicada em casos
Os salicilatos estimulam diretamente o centro respiratório central, de ingestão mista de fármacos. Por estas razões, o uso deste nomo-
causando hiperventilação e alcalose respiratória. O salicilato grama é desencorajado por alguns toxicologistas.
também causa um desacoplamento da fosforilação oxidativa. A absorção de ácido acetilsalicílico pode ser retardada quando
Como resultado, pode haver aumento de (1) produção de calor quantidades que levam à averdose são consumidas, especialmente
(hipertermia), (2) consumo de oxigênio e (3) taxa metabólica. de preparações com revestimento entérica ou de liberação lenta.
Além disso, os salicilatos aumentam a glicólise anaeróbica mas Isto deve ser considerado quando da interpretação dos valores
inibem o ciclo de Krebs e as enzimas transaminase, que levam ao séricos de salicilato, especialmente para amostras obtidas com
acúmulo de ácidos orgânicos e, portanto, à acidose metabólica. menos de 6 horas após a ingestão. Recomenda-se repetir o teste
Os sintomas da intoxicação por salicilato incluem (1)
zumbido, (2) diaforese, (3) hipertermia, (4) hiperventilação, (5)
0H
A c i d o salicilúrico
COOH
I .Glu
L JQ
.a
Cilininrriiil*
COOH COOH
JL\ iajjcil-clc!
X tr 'CHj ,OH
..Gl-J
Á c i d o acetilsalicílico Acido sa.i.ll.cci
V " -
(Aspirina) I
XMí
COOH
Glicuro nida 0 12 24 36 48 60
salicil-éster Horas após ingestão
_OH
(2) hiperpirexia, (3) pupilas dilatadas, (4) pele e boca secas, (5) intoxicação é mais confiavelmente indicada por u m a u m e n t o n o
rubor, (6) redução da motilidade GI e (7) retenção urinária. intervalo Q R S no eletrocardiograma (maior que 100 ms) do que
As manifestações do S N C de o verdose de antidepressivos tricí- pela concentração de soro.
clicos podem variai de agitação b r a n d a ou sonolência até (1) A distinção analítica entre amitriptilina e ciclobenzaprina
delírio, (2) coma, (3) depressão respiratória ou (4) convulsões. Estas f r e q ü e n t e m e n t e é difícil. A ciclobenzaprina realiza reação cruzada
manifestações são consideradas resultado, em parte, das ações com imunoensaios para antidepressivos tricíclicos e geralmente
anticolinérgicas e anti-histamínicas centrais destes fármacos. co-elui ou co-migra com amitriptilina n o H P L C e TLC. Entre-
A toxicidade cardiovascular é a manifestação mais grave da tanto, a ciclobenzaprina e amitriptilina apresentam espectros
ouerdose de antidepressivos tricíclicos e é responsável pela maior para ultravioletas diferentes; portanto, elas p o d e m ser distingui-
parte das mortes. Além disso, seus efeitos anticolinérgicos e sim- das por H P L C usando-se u m detector de diodos, por meio de
patomiméticos (inibição da captação de norepinefrina) contri- exame de múltiplos comprimentos de o n d a ou discriminação por
b u e m para arritmias. Na overdose branda, estes efeitos resultam em duplo c o m p r i m e n t o de onda. Embora estes dois fármacos co-
taquicardia e ligeiro a u m e n t o da pressão arterial. C o m overdose migrem usando-se a metodologia do kit comercial para TLC, eles
mais grave, arritmias graves e atrasos de condução podem desen- podem ser distinguidos por diferenças na fluorescência (a ami-
volver-se, dos quais a manifestação mais marcante é o prolonga- triptilina fluoresce em rosa, e n q u a n t o a ciclobenzaprina fluoresce
m e n t o d o intervalo Q R S n o eletrocardiograma. Além disso, o em alaranjado). Finalmente, a amitriptilina e a ciclobenzaprina
débito cardíaco diminui, o que, j u n t a m e n t e com vasodilatação são bem determinadas usando-se G C com colunas capilares, e
periférica (bloqueio ai-adrenérgico), leva à hipotensão com ameaça podem ser distinguidas por exame cuidadoso de seus respectivos
à vida. Freqüentemente, a morte resulta de arritmias ou hipoten- espectros de massa.
são. As manifestações cardiotóxicas p o d e m ocorrer em u m período
de horas da overdose, ou p o d e m ser lentas por 24 horas ou mais. Fenotiazinas
E importante reconhecer que a sintomatologia de u m paciente As fenotiazinas são compostos tricíclicos que têm propriedades
(talvez inicialmente apenas efeitos anticolinérgicos brandos) é químicas e farmacológicas em c o m u m com os fármacos antide-
resultado de antidepressivos tricíclicos, de forma que se adote um pressivos tricíclicos (Figura 31-8). Elas são primariamente usadas
período adequado de m o n i t o r a m e n t o para detecção de cardioto- devido às suas propriedades neurolépticas (modificadoras do
xicidade tardia e possivelmente catastrófica. Assim, a identificação comportamento) n o tratamento de doença psiquiátrica grave
laboratorial destes fármacos, especialmente na ausência de u m a (psicose e mania). Além disso, as fenotiazinas são administradas
história confiável, fornece informações essenciais. para controlar náuseas e vômitos, para sedação e para potencia-
Além das medidas gerais de suporte (lavagem gástrica, carvão lisação de analgesia e anestesia geral. As fenotiazinas são extensa-
ativado e líquidos intravenosos |IVJ), a terapia para ouercío.se por mente metabolizadas pelo fígado em inúmeros metabólitos,
antidepressivos tricíclicos inclui administração de N a H C O } para alguns dos quais são farmacologicamente ativos. Menos de 1%
disritmias. Hemodiálise ou h e m o p e r f u s ã o n ã o são benéficas, de u m a dose é excretada sem alterações n a urina.
porque os fármacos antidepressivos tricíclicos têm u m volume
grande de distribuição e são extensamente ligados a proteínas Resposta Farmacológica e Toxicidade
plasmáticas. As principais manifestações da toxicidade das fenotiazinas envol-
Fármacos mais recentes, mais seguros, que são inibidores vem o S N C e o sistema cardiovascular. Os sinais de toxicidade
seletivos da recaptação da serotonina (p. ex., fluoxetina [Prozac], do S N C incluem (1) sedação, (2) coma, (3) depressão respiratória
sertralina [Zoloft] e paroxetina [Paxil]) apresentam risco n u l o ou (incomum), (4) convulsões, (5) hipotermia ou hipertermia e (6)
m í n i m o de efeitos adversos anticolinérgicos, anti-histamínicos distúrbios de movimentos extrapiramidais (distonia aguda,
ou cardiovasculares. Eles são atualmente os fármacos de escolha parkinsonismo, acatisia, discinesia tardia e síndrome neuiolép-
para t r a t a m e n t o de distúrbios depressivos. tica maligna). Os efeitos cardiovasculares incluem hipotensão
A ciclobenzaprina, u m a amina tricíclica estruturalmente ortostática ou franca e arritmias, uma conseqüência da ação
m u i t o semelhante à amitriptilina (Figura 31-7), é usada como depressiva semelhante à da q u i n i d m a n o miocárdio, e do blo-
relaxante músculo-esquelético com ação central. Assim como a queio a-adrenérgico. Manifestações anticolinérgicas periféricas
amitriptilina, a ciclobenzaprina (1) causa sedação, (2) produz adicionais incluem redução dos sons intestinais, retenção uriná-
bloqueio colinérgico central e periférico e (3) potencializa as ria, r u b o r da pele, visão turva e boca seca.
ações adrenérgicas. Na twerdo.se, a ciclobenzaprina pode causar Os sintomas cardiovasculares, d o S N C e anticolinérgicos da
u m a toxíndrome anticolinérgica típica e arritmias cardíacas, hipo- toxicidade da fenotiazina são semelhantes, mas geralmente muito
tensão e coma. Entretanto, a overdose de ciclobenzaprina n ã o é menos graves do q u e aqueles para os antidepressivos tricíclicos.
tão freqüente n e m tão letal como a ouerdose de amitriptilina. As fenotiazinas são relativamente seguras e poucas mortes ocor-
reram q u a n d o doses tóxicas foram ingeridas isoladamente.
Metodologia Analítica Ocorre u m a toxicidade m u i t o mais grave q u a n d o as fenotizaninas
Os antidepressivos tricíclicos são quantificados n o soro por são co-ingeridas com fármacos antidepressivos tricíclicos ou
métodos croma to gráficos (mais c o m u m e n t e HPLC) ou por imu- outros depressivos d o SNC, como o etanol, opióides, barbitúri-
noensaio. Estes imunoensaios t a m b é m p o d e m ser usados para cos ou benzodiazepínicos.
detecção qualitativa ou semi-qualitativa dos antidepressivos tricí- A terapia para fenotiazinas geralmente é de apoio e seme-
clicos, que é útil para propósitos de triagem. Os imunoensaios lhante àquela para overdose de antidepressivos tricíclicos. Devido
são rápidos e relativamente fáceis de realizar, mas p o d e m estar ao grande volume de distribuição e à extensa ligação à proteína,
sujeitos a interferência por outros fármacos, como a clorproma- a hemodiálise e a h e m o p e r f u s ã o não são benéficas para a overdose
zina, tioridazina, ciproeptadina, ciclobenzaprina e difenidramina. por fenotiazina.
O s antidepressivos tricíclicos são a d e q u a d a m e n t e detectados na
urina, usando-se u m kit comercial de T L C e por meio de imuno- Metodologia Analítica
ensaio com o u r o coloidal. Nos casos de overdose, a identificação A correlação entre dose, concentração sérica e efeito farmacoló-
qualitativa (soro ou urina) é suficiente porque a gravidade da gico das fenotiazinas é precária. C o n s e q ü e n t e m e n t e , n ã o se jus-
Toxicologia Clínica CAPÍTULO 31 587
cfn
Séries Alifá ricas Séries de Piperazina Séries de Pipeiidina
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CH2-CH2-CH2-N(CH3)2 ch 2 -ch 2 -ch 2 -n :n—r,
tifica seu monitoramento terapêutico ou quantificação sérica em psicose tóxica, (4) delírio e (5) convulsões. A toxíndrome antico-
casos de overdose. A detecção qualitativa das fenotiazinas ou de linérgica inclui (1) boca seca, (2) pele seca ruborizada, (3) reten-
seus metabólitos na urina é suficiente para documentar a inges- ção urinária, (4) taquicardia sinusal, (5) pupilas dilatadas, (6)
tão para pacientes sintomáticos. Métodos adequados de detecção visão turva e (7) febre. A morte pode ocorrer devido à depressão
incluem TLC. A capacidade para também detectar outros fárma- respiratória ou ao colapso cardiovascular.
cos co-ingeridos, como os opióides, antidepressivos tricíclicos, O tratamento para overdose do antagonista de H j em geral é
barbitúricos e benzodiazepínicos, é importante para alertar o de suporte (p. ex., lavagem gástrica e carvão ativado). A hemodi-
médico sobre o potencial aumentado para toxicidade grave álise ou hemoperfusão não é eficaz porque estes fármacos têm
devido à ingestão combinada destes. um grande volume de distribuição e são altamente ligados à
proteína.
Anti-histamínicos Em geral, os anti-histamínicos são relativamente seguros.
A histamina liberada dos mastócitos desempenha u m papel fisio- Entretanto, suas ações depressoras do SNC são aumentadas por
lógico importante nas respostas imediatas de hipersensibilidade co-ingestão de etanol, fármacos sedativo-hipnóticos e opióides.
e alérgicas. Além disso, a histamina funciona como um neuro- Além disso, suas ações anticolinérgicas são potencializadas pela
transmissor no SNC e é um estímulo potente para a secreção de co-ingestão de antidepressivos tricíclicos e fenotiazinas. Portanto,
ácido gástrico. a detecção de qualquer um destes fármacos em combinação em
Os fármacos anti-histamínicos (Figura 31-9) são classificados um exame de triagem da urina, alerta o médico para uma into-
como antagonistas H] e H 2 , com base em seu pimcipal local de xicação potencialmente mais grave.
ligação ao receptor. As ações terapêuticas dos antagonistas H]
incluem (1) relaxamento do músculo liso, (2) redução das secre- Metodologia Analítica
ções brônquicas, (3) redução da resposta alérgica e (4) sedação. Os anti-histamínicos estão presentes nas formas vendidas com e
Eles são, portanto, usados (1) para tratar reações imediatas de sem prescrição, sozinhas ou em combinação com analgésicos,
hipersensibilidade, (2) como medicamentos para gripe, (3) para como o ácido acetilsalicílico e o paracetamol. Em casos de over-
suprimir cinetose e (4) para sedação (antagonistas H t de segunda dose, o exame de triagem da urina que detecta salicilato, parace^
geração [p. ex., fexofenadina] não penetram a barreira hematoen- tamol e os anti-histamínicos é útil, especialmente quando a fonte
cefálica e, portanto, não causam sedação). Os antagonistas de de intoxicação é desconhecida. A detecção de qualquer destes
são amplamente usados para tratar úlcera péptica. Os antagonis- analgésicos na urina de um paciente sintomático deve levar à sua
tas H 2 são cimetidina (Tagamet), ranitidina (Zantac), famotidma quantificação no soro para avaliar seu potencial de toxicidade.
(Pepcid) e nizatidina (Axid). A quantificação dos anti-histamínicos no soro não é útil porque
há uma correlação precária entre dose, concentração do fármaco
Resposta Farmacológica e Toxicidade e grau de toxicidade.
As principais manifestações de overdose causada por antagonistas
H] são depressão ou estimulação do SNC e sintomas anticolmér- DROGAS DE USO ABUSIVO
gicos. Os sintomas de depressão do SNC incluem (1) sedação, Agências governamentais, industriais, educacionais e de esportes
(2) sonolência, (3) a taxi a e (4) coma. A estimulação do SNC, mais estão exigindo, cada vez mais, exames para detecção de drogas de
comum em crianças, resulta em (1) excitação, (2) alucinações, (3) uso abusivo nos futuros e nos já existentes empregados, estudan-
588 PARTE IV Analitos
(i
Grupo Etanoííimina Grupo Alcittírmna Devido a estas e outras limitações do teste para detecção de
drogas na urina, há um ciescente interesse pelo uso de amostras
1 biológicas alternativas para exame de fármaco (veja adiante, no
Cap. 45).
o Os resultados do exame para detecção de fármacos com obje-
L CH,
i„s
tivos não-clínicos podem ser a única evidência para ação punitiva
ou negação de direitos individuais. Portanto, este teste deve ser
I A TU,
considerado uma atividade toxicológica judicial, e requer os mais
altos padrões de metodologia analítica, segurança da amostra e
11,c' Cloríeniraraina
documentação. Além disso, os laboratórios envolvidos neste teste
Difenidramina
devem ser apropriadamente certificados pela Substance Abuse
and Mental Health Service Administration (SAMHSA)* do U.S.
Grupo Fdiiutiajimi Grupo Píperaz'na Department of Health and Human Services (DHHS) ou o pro-
y V ,/*** v ,y^'\ .Cl grama Forensic Urine Drug Testing, patrocinado conjuntamente
u
Xflu esquema, várias técnicas são usadas durante a coleta de amostra
H,C' ~N
I de urina ou subseqüentemente no laboratório, para defender-se
CH3
Prometazina
Ah, contra tentativas do doador de alterar a amostia de maneira que
Clordclizina possa evitar a detecção da droga. Estas táticas incluem a troca da
urina sem drogas de um indivíduo ou diluição da amostra para
Grupo Elilenediamina Grupo PiperííJjTUi limites abaixo do corte (1) com adição de água da torneira ou do
vaso sanitário à amostra, (2) pelo consumo excessivo de água pelo
X CH- OH
doador ou (3) pelo uso de um diurético pelo doador. Atém disso,
ff | \X = //
adulterantes imediatamente disponíveis, como detergente, água
r " 1 sanitária, sal, álcalis, amónia ou ácido, têm sido adicionados à
c ;i j
amostra em uma tentativa de interferir nos procedimentos de
triagem do imunoensaio. Outros adulterantes sofisticados espe-
N' ^N" ÇIU cificamente comercializados para evitar detecção de drogas
incluem o glutaialdeído {Urine Aid; Clear Choice), nitrito (Klear,
ÍH: CHr
Whizzies), cromato (Urine Luck; Sweet Pee's Spoiler) e uma
Íh,
r. combinação de peróxido e peroxidase (Stealth). Estes adulteran-
£
A urina deve ser coletada em vasilhames à prova de alterações, de u m teste alternativo, mais definitivo. O método mais ampla-
e uma cadeia de custódia deve ser mantida para identificar todos mente aceito para confirmação da droga é o GC-MS. Para discus-
os indivíduos envolvidos na coleta, transferência e teste da amostra. são mais detalhada desta técnica, leia o Capítulo 8. A cromato-
As amostras que apresentam resultado positivo devem ser manti- grafia liquida-espectrometria de massa em tandem (LC-MS) também
das congeladas por um período mínimo de 1 ano. Informações é usada para detecção rápida de drogas de uso abusivo.
detalhadas sobre a coleta e o processamento das amostras para Para confirmação, as mensurações quantitativas da droga são
teste de drogas foram descritas nas regras federais para teste de realizadas com uso de monitoramento iônico selecionado com
drogas em empregados12,1"5 e nos regulamentos federais promulga- GC-MS. Os valores de corte para confirmação, são estabelecidos
dos pela DOT 1 e a Nuclear Regulatory Commission. 4 nos valores de corte para os testes de triagem iniciais ou geral-
O teste de detecção de drogas no local de trabalho geralmente mente abaixo deles (Tabela 31-5; veja também Tabela 31-6 para
é restrito ao álcool e a algumas drogas que têm um potencial alto valores de corte atualmente propostos). O resultado pode ser
de abuso, sendo que algumas destas são usadas de maneira ilícita. relatado como positivo ou negativo com relação ao valor de corte.
Dependendo da natureza do programa de exames, isto pode Entretanto, a verdadeira concentração pode ser útil quando da
envolver testes para um número selecionado de drogas e classes interpretação dos resultados para morfina e codeína e quando
de drogas (Quadro 31-1) n do monitoramento de indivíduos inscritos nos programas de
Programas de testes para participantes envolvidos em compe- tratamento de drogas. Neste último caso, os indivíduos que apre-
tições desportivas são tipicamente mais extensos e incluem ensaios sentam resultado de teste positivo, mas que têm valores decres-
para um grupo maior de drogas, abrangendo estimulantes, (3-blo- centes no teste seqüencial, podem ser julgados abstinentes,
queadores, diuréticos e esteróides anabóhcos. Uma lista das drogas enquanto aqueles cujos valores aumentam subitamente provavel-
ilegais incluídas nos programas de testes do International Olympic mente são pessoas que não aderiram ao programa. Por esta razão,
Committee (IOC) é encontrada na página da web do Canadian é essencial normalizar a concentração da droga para uma concen-
Center for Ethics in Spoíts (http://www.cces.ca/). A lista de
drogas proibidas pela National Collegiate Athletic Association
(NCAA) é encontrada ao se pesquisar "banned drugs" (drogas
ilícitas) no tvebsite da NCAA (http://www.ncaa.org).
TABELA 31-5 C o n c e n t r a ç õ e s de C o r t e para D e t e c ç ã o d e
Os testes de triagem iniciais para as drogas anteriormente
D r o g a D e t e r m i n a d a s pelo G o v e r n o dos E U A
listadas tipicamente são os imunoensaios. Estes ensaios são
calibrados a concentrações de corte estabelecidas. As amostras Draga ou Classe IMUNOENSAIO fna/mU GC-MS (ng/mLl
que produzem respostas maiores que o valor de corte (limiar) são de Droga HHS/DOT DOD HHS/DOT DOD
consideradas positivas, enquanto os valores abaixo do corte são
Aníetaminas 1.000 500
considerados negativos. Os valores de corte não são sinônimos
Anfetamina 500 500
de limites de detecção do ensaio. Em vez disso, o corte é estabe-
Metanfetamina 500* 500*f
lecido em valor maior do que o limite de detecção (para assegurar
MDA 500
mensuração confiável), mas baixo o suficiente para detectar o uso
MDMA 500
da droga dentro de um intervalo de tempo razoável.
MDEA 500
Os imunoensaios podem não ser específicos para a droga
Barbitúricos 200
testada. Drogas semelhantes podem resultar em teste positivo;
Amobarbíta! 200
p.ex., pseudo-efedrina, presente em medicações para resfriados,
Butalbital 200
pode produzir uma resposta positiva em imunoensaios designa-
Pentobarbital 200
dos para detectar anfetamina e metanfetamma. Portanto, a con-
Secobarbital 200
firmação dos testes de triagem positivos é fundamental, por meio
Canabinóides 50 50
THC-COOH 15 15
QUADRO 31-1 Drogas ou Classes de Drogas que são Metabólitos da cocaína 300 150
Medidas em Programas de Testes de Benzoilecgonina 150 100
Detecção de Drogas no Ambiente de Trabalho LSD 0,5 0,2
Opiáceos 2.000 2.000
"NIDA 5"* Morfina 2.000 4.000
Anfetamina/melanfetamina Codeína 2.000 2.000
Canabinóides 10 10
6-Acetiimoríina
Cocaína
PCP 25 25 25 25
Opiáceos
Fenciclidina (PCP) Dados de Fe d Reg 19S8,53.]1963-, Fed Reg 1994; 59 '-29908-81, Fed Reg
1997;62-5] 118-20, living}. Drag testing in the militaryTechnical and legal problems.
Clin Chem 1988,34.637-40; Li ti R H . E i a lua ti on ofcommon imniuno assay kits for
OUTROS
efjective workplace drug testing. Jn: Líw RH, Goidberger BA, eis. i lanãbooK. of
• Benzodiazepínicos
workplace dvug teSzing. Washington, DC: A A C C Press, 1995: 70; Newberry RJ. Drug
• Barbitúricos
imnahsi* testing íeueís. Department of Defense Memozandum, 1997.
• LSD
G C - M S . Cromatografia gasosíi-espectrometria de massa; H H S , Department of Health
• Metilenedioxianfetamina {MDA)
and Human Services; D O T , Department of Transportation; D O D , Department of
• Metilenedioximetanfetamina (MDMA)
Defense-, M D A , meálenediaxian/eMminn, M D M A , meíifene-iioximetanfeMmítia; MDEA.
• Metílenedioxietilanfetamina (MDEA)
m^iilenedionietilanfetainina; P C P , fenciclidina; L S D , díetíiamida do ácido iísérgico, T H O
• Metadona C O O H , ácido }l-nciT-A9-t£íTaidrocanabinol-9-carboxilico.
• Propoxifeno * Também requer presença Ae an/e ta mi na (>20Ü ng/mL),
'Este painel também é usado em muitos outros programas de testes, e d - '> • i •CL' U\I: 'Requer análise qwiial; S(-> j-metan/etamina > 20% do J ViL
. CH 3
AVCHJ*-: NH2 Anfetamina
CÍÍ3
/ V
( \—CH2-Í—NH2 Fentermina
ÍH3
CH3
/ — \ Efedr in a/Ps e u d o-efed i i n a *
$ \—CH-ÍH—NH—CH3
\ = / il,
Fenilpropanolamina
Fenilefrina
/~~v_ T3
( > — C H 27 --C
CHH-NH—CH2 Propilexedrina
ÇH 3 ÇH 3
B enzfetamina
^ — C H 2 - Í H - N — ^
CH 3
C H
f — \ -
Y V CH,
CH , 0 — $ \ — C H , - Í H — NH2 Parametoxianfetamina (PMA)
/ V CH 3
Param etoxi me ranfetam ina
CH , 0 — $ \ — C H 22-- ÍCH
H-NH—CH3 (PMMA)
OCH3
H2-CH2-NH2 4-Biomo-2,5-dimetoxifenil-etilamina
(20B)
CH^O
CHiO
/
CH 3 O
lhantes àquelas descritas para anfetamina/metanfetamina. As cantes. Antes desta retirada, a PPA era outro primeiro produto
conseqüências de longo prazo do uso abusivo incluem (1) altera- popular para síntese de S( + )-metanfetamina. A PPA também é
ções no humor, (2) distúrbio do sono, (3) ansiedade e (4) defici- um metabólito da efedrina e pseudo-efedrina.
ência da memória e da cognição. Devido à sua popularidade, ao
potencial para abuso, e à toxicidade grave de curto e longo prazos, Metilfenidato
a SAMHSA propôs incluir MDA, M D M A e MDEA no programa O metilfenidato é u m agente simpatomimético com propriedades
federal obrigatório de teste de drogas no local de trabalho.12 psicoestimulantes semelhantes às da S(+)-anfetamina. E ampla-
Na overdose, as manifestações tóxicas da anfetamina, metanfe- mente usado para tratar o transtorno do déficit de atenção com
tamina e M D M A incluem (1) tontura. (2) tremor, (3) irritabili- hiperatividadc (ADHD) cm crianças e adultos. Houve crescente
dade, (4) hipertensão que progride para hipotensão, (.5) diafotese, desvio e uso abusivo de metilfenidato entre adolescentes e adultos
(6) midríase, (7) arritmias cardíacas, (8) rigidez muscular e, se devido às suas supostas propriedades afrodisíacas. Em uma over-
grave, (9) hipertermia, (10) convulsões, (11) coma e (12) hemor- dose, os efeitos clínicos do metilfenidato são semelhantes àqueles
ragia cerebral. Agitação, rigidez muscular, hipertermia e diafo- da anfetamina. Relativamente poucos casos de ouerdoíe grave
rese, em combinação, podem levar a desidratação com ameaça à foram relatados.
vida e rabdomiólise com subseqüente acidose lática, insuficiência O metilfenidato é rapidamente metabolizado em ácido ritalí-
Tenal aguda e coagulopatia intravascular disseminada (DIC). A nico (Figura 31-11), que é responsável por 60% a 89% de uma
morte resulta, mais comumente, de hipertermia, disritmias e dose excretada em 24 horas. Menos de 1% da dose é excretada
hemorragia cerebral. Os freqüentadores de boates que ingerem como fármaco precursor.
metanfetamina ou M D M A correm risco aumentado de desidra- A detecção de adesão ao tratamento com metilfenidato ou
tação grave, rabdomiólise e insuficiência renal, como resultado de seu uso abusivo pelo teste de detecção de droga na urina é
de intenso esforço físico, hipertermia e sudorese excessiva. Para problemática. Por exemplo, a detecção da droga precursora fica
protegerem-se destas manifestações tóxicas, estes indivíduos difícil devido à sua concentração geralmente baixa, e o ácido
ingerem grandes quantidades de água, que combinadas com a ritalínico, presente em concentração muito maior, é difícil de ser
perda de sódio no suor e a liberação de A D H aumentada pela extraído e analisado pelas técnicas de GC. O ácido ritalínico foi
droga, especialmente no caso da MDMA, podem resultar em analisado diretamente por L O M S / M S ou por GC-MS após extra-
hiponatremia profunda com potencial para provocar edema cere- ção apropriada e derivação química, incluindo sua metilação para
bral e convulsões. formar metilfenidato novamente.
O tratamento para overdose de amina simpatomimética
envolve medidas gerais de suporte. Metodologia Analítica
O teste inicial de triagem para anfetamina e metanfetamina é
Efedriina e Pseudo-efedrina tipicamente um imunoensaio. Para confirmação de um tesre
Estas aminas são agonistas adrenérgicos diastereoisoméricos. A supostamente positivo, a mensuração quantitativa da droga é
efedrina causa broncodilatação mais proeminente (ação P-adre- realizada usando-se GC-MS.
nérgica) do que a pseudo-efedrina e está presente em alguns
medicamentos sem exigência de prescrição para o tTatamento da Imunoensaio
asma. Muitos suplementos dietéticos contêm efedra, a forma Os imunoensaios para anfetamina e metanfetamina apresentam
fitoterápica da efedrina. Estes produtos foram amplamente reatividades cruzadas variáveis com outras aminas simpatomimé-
comercializados para perda de peso e também são usados por ticas, como (1) efedrina, (2) pseudo-efedrina, feniipropanolamina,
alguns atletas que acreditam no aumento do desempenho. As (3) fentermina, (4) metilenedioxianfetamina (MDA), (5) MDE.A.
pílulas que contêm efedra têm sido vendidas como "ecstasy fito- e (6) M D M A (Figura 31-10). Muitos imunoensaios são menos
terápico" seguro. Os efeitos adversos da efedrina e efedra incluem reativos com MDA, M D M A e MDEA, comparados com anfeta-
(1) pressão arterial elevada, (2) palpitações, (3) agitação, (4) dis- mina e metanfetamina. U m ensaio multiplex foi introduzido e
túrbios psiquiátricos, (5) infarto do miocárdio, (6) convulsões, (7) emprega uma combinação de anticorpos monoclonais separados
hemorragia cerebral e (8) morte. As reações adversas são mais em anfetamina, metanfetamina e MDMA. U m ensaio específico
prováveis com dose alta, quando co-ingerida com cafeína ou para M D M A baseado na tecnologia de imunoensaio de enzima
outros fármacos estimulantes, ou com doença cardiovascular pre- multiplicada também está disponível juntamente com dispositi-
existente ou distúrbios convulsivos. As vendas de efedra são proi- vos para o teste de uso único no local do atendimento. Foram
bidas nos EUA. Ela também é proibida paia competição despor- relatados resultados falsos-positivos, causados pelas drogas feno-
tiva pela National Football League, a N C A A e pelo COI. tiazínicas clorpromazina e prometazina e pelos antimaláricos
A pseudo-efedrina é usada devido às suas propriedades vaso- cloroquina, com uso de alguns imunoensaios. Para aplicação
constritoras (ação a-adrenérgica) como descongestionante nasal
em uma variedade de medicamentos para gripe. Tanto a IR,
lS(-)-efedrina como a lS,lS(+)-pseudo-efedrina são os primeiros
produtos populares para a síntese de S(+)-metanfetamina. Por CH.
este motivo, a quantidade poT aquisição de produtos que contêm T
estas drogas atualmente é restrita. NH O
O
Feniipropanolamina (PPA)
Até recentemente, a PPA estava amplamente disponível em inú- Vv lliO
O
meros medicamentos para gripe isentos de prescrição e produtos
para controle dietético. Os efeitos adversos são semelhantes
àqueles descritos para efedrina. Em resposta a um aviso da FDA Metilfenidato Ácido ritalínico
de aumento do risco de AVC hemorrágico, especialmente em
mulheres, a PPA foi retirada do mercado pela maioria dos fabri- Figura 31-11 Metabolismo do metilfenidato.
Toxicologia Clínica CAPÍTULO 31 593
R{ \
Duração Meia- Concentração Concentração % % Excretada
da Ação vida Terapêutica Tóxica Ligação n a Urina s e m
Barbitúrico (h) <h) (|ig/mL) (ug/mL) à Proteína Alterações FLI
A Ç Ã O ULTRACURTA
Tiopental* 0,5 6-7 1 - 5 (hipnótica) >10 75-90 0,3 7,6 —CH2CH3 —CHCH2CH2CH3
7-130 1
{anestesia) CH a
AÇÃO CURTA
CH 3
AÇÃO INTERMEDIÁRIA
Amobarbital 6-8 8-42 1-5 >10 59 1-3 7,9 —CH2CH3 —CH2CH2CH(CH3)2
CH 3
A Ç Ã O LONGA
Pheno-barbital 10-12 40-140 15-40 >65 45-50 25-33 7,2 —CH2CH3 C6H5
Dados de Baseie R C . Dispasition of toxic drugs a n d chemicah in rrum, 7th ed. Foster City, G A : Biomedical Publieatioiu, 2 0 0 4 ; Tietz N W , ed C l i n i c a i guíde to laboratary testes,
Pfiiladelphia: WB SaundfTs Co, 1995; e Physicians desk reference, 56th ed. Montvale, NJ: Medicai Hconomics, 2 0 0 2 .
*Oxigênio n a posição 2 é substituído por enxofre
para detecção de barbitúricos n o soro estão disponíveis e são úteis Amobarhita] N-Glicosil
para este propósito. A G C capilar também é útil para este propó-
amobarbital
sito. A overdose de barbitúricos t a m b é m é detectada na urina por
meio do uso de u m kit comercial de T L C ou por imunoensaio. O
Para detectar uso abusivo de barbitúricos por meio da análise
de amostras de urina, imunoensaio ou GC-MS são os métodos de %-V"
escolha para triagem e confirmação, respectivamente.
N JL .-h N
CT X
H
1
s c /
x :
'CH2CH2C(CH3)2
Imunoensaio
A OH
Todos os imunoensaios comerciais para barbitúricos usam seco- cr x ^
barbital como o calibrador em concentração de corte de 200 ou V-Hid-roxiamobarbiTa]
H5C2' CH3CH3CH—COOH
300 n g / m L . O grau de reatividade cruzada de outros barbitúricos CH3
varia com cada ensaio. O período de detecção na urina após a 3'-Carboxiamobarbital
ingestão de barbitúricos varia u m pouco com os diferentes
ensaios, e depende das propriedades farmacológicas dos fárma- Figura 3 1 - 1 2 Metabolismo de amobarbital.
Toxicologia Clínica CAPÍTULO 31 595
Dados de Baselt RC. Disfosítion of toxic drtígs and íJiemicata in man, 71*1 ed. Foster City, CA: Biomédica! Publica tio ris, 2 0 0 4 ; Cftaríiej DS, M i c W SJ, Harris RA. H ^ n o t i c s
and íedatiues. ín: H a r d m a n JG, Limbird Lí, Gilman A G , eds. Goodman a n d G í l m a n s The píiamiacolrigícal Ijosís of therapeutícs, 10 ' ed. New York: McGraw-Hítl, 2 0 0 ] :
399427.
* Convertido era nordiaíáfam peh H C ! gástrico.
M e t a b ó l i t o ativo, N-desal^uiIfliiTUzepam.
596 PARTE IV Analitas
na circulação sistêmica. Por exemplo, o clorazepato é descarboxi- utilizar o flumazenil pode evitar a necessidade de intubação e
lado em nordiazepam pelo ácido estomacal, e o flurazepam e assistência ventilatória. Além disso, uma dose-teste do flumazenil
prazepam são convertidos a metabólitos ativos por metabolismo pode ajudar no diagnóstico de overdose por benzodiazepinico e
hepático de primeira-passagem. possivelmente evitar outros procedimentos, como u m exame de
Pode-se desenvolver algum grau de tolerância e dependência tomografia computadorizada. O flumazenil não é detectado por
física após uso prolongado de benzodiazepínicos. Uma síndrome imunoensaios para benzodiazepínicos.
de abstinência semelhante àquela para os barbitúricos e álcool
pode ser observada, mas em geral é menos grave, menos fre- Metodologia Analítica
qüente e nãn tãn prolongada. Estes sintomas podem incluir (1) Os benzodiazepínicos podem ser identificados e quantificados no
ansiedade, (2) apreensão, (3) tremores, (4) fraqueza muscular, (5) soro, geralmente por HPLC, mas estas informações quantitativas
anorexia, (6) náuseas, (7) vômitos, (8) tontura, (9) hipertermia e não são justificadas em casos de overdose por benzodiazepínicos,
(10) convulsões. porque as concentrações séricas não indicam gravidade de into-
Apesar de seu uso disseminado, o uso abusivo de benzodia- xicação. Entretanto, uma triagem com imunoensaio da urina ou
zepínicos é relativamente baixo e tem mais probabilidade de soro para benzodiazepínicos pode ser valiosa para avaliar os
ocorrer em indivíduos que fazem uso abusivo de outras drogas pacientes com uma causa desconhecida de depressão do SNC.
ou de álcool. Entretanto, como resultado de seu uso dissemi- Para detectar uso abusivo, o teste de triagem inicial para
nado, a intoxicação por benzodiazepínicos não é incomum. A benzodiazepínicos tipicamente é um imunoensaio. Para confir-
toxicidade do benzodiazepinico no S N C geralmente é de branda mação de um teste positivo presumido, uma mensuração quan-
a moderada e pode manifestar-se como (1) sonolência, (2) fala titativa do fármaco é realizada usando-se GC-MS.
ininteligível, (3) ataxia e, (4) ocasionalmente, coma. Efeitos tóxicos
mais gTaves que causam depressão respiratória ou comprometi- Imunoensaio
mento cardiovascular são infrequentes e poucas mortes docu- Vários sistemas de imunoensaios comerciais estão disponíveis
mentadas foram atribuídas à intoxicação por benzodiazepínicos para a detecção de uma ampla variedade de benzodiazepínicos e
isoladamente. metabólitos. Estes imunoensaios diferem em sua capacidade de
O tratamento para intoxicação por benzodiazepínicos é de detectar os vários benzodiazepínicos, seus metabólitos e conjuga-
suporte; o auxílio respiratório geralmente é necessário apenas dos de glicuronida. Para a maioria dos ensaios, a resposta para
quando os benzodiazepínicos são co-ingeridos com outros depres- vários benzodiazepínicos é aumentada por hidrólise anterior da
sores do SNC, como o álcool. Devido à ligação extensa à proteína urina com P-glicuronidase. A hidrólise é mais importante para
(85% a 95%) e a um grande volume de distribuição (1 a 3 L/kg), garantir a detecção de oxazepam, temazepam, nordiazepam e
a hemodiálise ou a hemoperfusão não são efetivas. O flumazenil, lorazepam. Os métodos foram adaptados para hidrólise em
um antagonista benzodiazepinico, melhora rapidamente a condi- tempo real automatizada. O tempo de detecção na urina após
ção clínica cm casos de overdose de benzodiazepínicos mas prova- uso de benzodiazepinico é extremamente variável e depende de
velmente não é necessário na maioria dos casos. Em casos de vários fatores, incluindo (1) sistema de imunoensaio, (2) inclusão
coma secundário por overdose devida a múltiplos fármacos, não de hidrólise de glicuronidase, (3) benzodiazepinico ingerido, (4)
/ v
Cl-"' zolam) são usados em doses mais baixas e poderiam ser detecta-
dos apenas por alguns dias. A especificidade analítica dos imu-
Canabinóides
O s canabinóides são u m grupo de compostos C 2 i encontrados
na espécie vegetal Cannabis sativa. O principal canabinóide psi-
coativo é o A 9 -tetraidrocanabinol (TH C / F i g u r a 31-18). O T H C é
tipicamente consumido ao se f u m a r m a c o n h a , que é u m a mistura
de folhas, flores e algumas vezes caule da planta Cannabis tritu-
rados. O haxixe, as secreções de resina seca da planta, t a m b é m
pode ser f u m a d o . O haxixe geralmente tem u m conteúdo maior
de T H C do que a m a c o n h a .
í, ».»
rri
n M^0K -
KJ
N a ^ V ^ N Glicuionida
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Glicuronida
„ x p -OH Glicuionida
cy
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Quaiepam 2-Oxoquazepam 3-Hidróxi- 2-oxo quazepam
K,
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•—OH » Glicuronida
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O
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I
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3-H id róxi-7-aminoclonazepam
I
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N rJ H-C N
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>—OH Glicuronida
I
rv c ]
I
H li
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V.-''
7 - Ac e ta mido clon a zep am 3-Hidróxí-7-aceramidoclonazepam
OH
E m b o t a a m a c o n b a seja a droga ilícita mais f r e q ü e n t e m e n t e
Cf )
I
H3C. U • .N usada, ela tem u m uso medicinal legítimo limitado. O dronabi-
V--„v/ nol (Marinol) contém T H C sintético e é usado para tratar ano-
•tf* y rexia e náuseas nos pacientes com AIDS, náuseas e vômitos
Glicuronida
associados a quimioterapia, e asma e glaucoma. Vários estados
c:
dos EUA legalizaram o uso da m a c o n h a para propósitos clínicos.
r• V
v-- :
*
w
rV-R Entretanto, o tráfico de m a c o n h a continua sendo u m ciime
segundo a lei federal.
/ >
f >
,.:N"
f >
A-/
\Y OH Glicuronida
Imunaensaio
O T H C é extensamente metabolizado em u m n ú m e r o maior de
compostos, a maioria dos quais é inativa. O principal metabólito
urinário é o ácido ll-nor-Á 9 -tetraidrocanabinol-9-carboxílico
c.r r " V
Vrí=N ( T H C - C O O H ) e seu conjugado glicuronida (Figura 31-18). Os
imunoensaios projetados para fazer a triagem das amostras de
r \ urina para uso de m a c o n h a m e d e m este e outros metabólitos de
T H C . Estes ensaios são calibrados com T H C - C O O H , mas devido
- -Hidruxiestaiolam à reatividade cruzada com muitos outros metabólitos T H C , os
resultados quantitativos baseados neles são 1,5 a 8 vezes maiores
Figura 31-17 Transformação metabólica de alguns do que a real concentração de 1 H C - C O O H determinada pela
tr ia zo l ob enzo d i a zep í n ic os. GC-MS. Portanto, os resultados do imunoensaio são interpreta-
dos como equivalentes de T H G C O O H .
Devido à liberação lenta de T H C a partir dos locais de arma-
ÇTJ<
zenamento n o tecido, a urina p o d e apresentar resultado positivo
para metabólitos de T H C (maiores que os equivalentes de T H C -
C O O H de 20 n g / m L ) de 2 a 5 dias após o último uso de
m a c o n h a por fumantes infreqúentes; alguns indivíduos podem
apresentar teste positivo por até 10 dias. Os fumantes crônicos
H3C ^ p o d e m apresentar resultado positivo por 3 a 4 semanas após
CsH l
abstinência. Alguns fumantes pesados p o d e m continuar apresen-
V IHC 8-Hidróxi-THC tando resultados positivos por até 46 dias e p o d e m precisar de
até 77 dias para apresentarem resultado negativo por 10 dias
consecutivos. Portanto, u m exame de urina positivo para T H C -
C O O H pode apenas ser interpretado para indicar uso anterior
de m a c o n h a (imediato até várias semanas) e não está relacionado
com deficiência.
CH.OH
Devido às oscilações na excreção de líquidos, a concentração
de metabólitos de T H C n a urina p o d e a u m e n t a r subitamente
em vez de cair ou p o d e variar entre valores positivos e negativos
q u a n d o medidos seqüencialmente durante a fase terminal de
HiC„ "3C V eliminação após a abstinência. Neste caso, u m a u m e n t o da con-
centração de metabólitos poderia implicar falsamente reutiliza-
H3C ^ X\Ht]
ção da maconha. Portanto, para monitorar melhor a abstinência,
Il-Hidróxi-THC 8,11-Diidróxi-THC a concentração de T H C - C O O H deve ser expressa por miligramas
de creatinina. A u m e n t o s de 0,5 e 1,5 n a razão entre T H O C O O H
e creatinina entre duas amostras coletadas com pelo menos 24
horas de intervalo foram propostos como critérios para indicar
reutilização. O critério estimado para razão de 0,5 na amostra, é
CGOII mais sensível e seria mais b e m aplicado para m o n i t o r a m e n t o nos
programas de tratamento de drogas. Entretanto, o critério de
razão 1,5 tem especificidade m u i t o alta (baixo falso-positivo) e
seria mais apropriado se houvesse previsão de ação punitiva.
Conjugação
Tem-se levantado u m a questão legítima sobre a possibilidade
u./; de "inalação passiva" de q u a n t i d a d e suficiente de fumaça secun-
h;!c^ ^ X:3Hu dária da maconha de usuários próximos que resulte em u m teste
positivo de urina para canabinóide. Experimentalmente, a inala-
Carbóxi-THC ção passiva foi demonstrada, mas sob condições bastante irreais.
Sob condições normais, a inalação passiva não resultou em con-
Figura 31-18 Principal via metabólica para T H C em seres h u m a n o s . centração de T H C - C O O H na urina de mais de 12 n g / m L .
600 PARTE IV Analitos
As sementes e o óleo da planta do c â n h a m o (também uma A cocaína é rapidamente hidrolisada por esterases hepáticas
variedade da Cannabis saúva L) contêm A 9 -tetrai dro canabinol. O separadas em metabólitos inativos ecgonina metil éster e benzoi-
consumo c o m o suplementos nutricionais de óleo de semente de lecgonina (Figura 31-19). A ecgonina metil éster t a m b é m pode
c â n h a m o com conteúdo relativamente alto de T H C pode resultar ser formada pela ação do soro butirilcolinesterase, e a cocaína
em u m teste positivo de urina para T H C - C O O H , o que estimu- pode ser convertida a benzoilecgonina por hidrólise espontânea.
lou u m a "defesa do c â n h a m o " (argumenta-se uso do c â n h a m o A formação de benzoilecgonina com freqüência tem sido atribu-
para se defender de uma possível acusação de uso de maconha) ída inteiramente à hidrólise espontânea, mas demonstrou-se cla-
como explicação para o resultado d o teste. Hm 2001, a Drug ramente que é mediada principalmente por uma carboxiesterase
Enforcement Agency (DEA) incluiu qualquer p r o d u t o que con- hepática. Esta última enzima, na presença de etanol, catalisa a
tenha T H C sob a Escala 1 na classificação de substâncias contro- transes ter ifi cação da cocaína (benzoilecgonina metil éster) em
ladas, 6 n e g a n d o assim a "defesa do cânhamo". cocaetileno (benzoilecgonina etil éster). O cocaetileno possui a
mesma atividade estimulatória no S N C do que a cocaína em
Cromatografia Gasosa - Espectrometria de Massas animais experimentais. O etanol e a cocaína são c o m u m e n t e co-
U m resultado de triagem positiva paia T H C - C O O H obtido pot abusadas e especula-se que a formação de cocaetileno pode causar
imunoensaio é confirmado por análise p o i GC-MS da amostra a u m e n t o da estimulação d o S N C e levar, conseqüentemente, a
de urina. Tipicamente, os derivados T M S do T H O C O O H são reforço do co-abuso. O cocaetileno p o d e t a m b é m resultar em
medidos j u n t a m e n t e com o padrão interno deuterado por moni- a u m e n t o da cardiotoxicidade; é mais letal que a cocaína em
toramento com íon-seletivo. animais experimentais. O cocaetileno frequentemente está pre-
sente na urina ou soro de pacientes hospitalizados que apresen-
tam resultado positivo para benzoilecgonina. Q u a n d o a cocaína
Cocaína na forma de crack é fumada, forma-se u m produto de pirólise,
A cocaína é u m alcalóide presente nas folhas da planta de coca anidroecgonina metil éster, que pode ser detectado na urina.
que cresce n a América do Sul A droga tem uma longa história A meia-vida de eliminação para cocaína varia de 0,5 a 1,5
de consumo por seres humanos, começando com seu uso pelas hora, para ecgonina metil éster, de 3 a 4 horas, e para benzoile-
antigas civilizações sul-americanas, seguido da sua incorporação cgonina, de 4 a 7 horas. Os principais metabólitos urinários são
inicial na bebida popular cola (descontinuada n o inicio de 1900) a benzoilecgonina e a ecgonina metil éster. Apenas pequenas
e c o n t i n u a n d o com sua popularidade atual como droga recrea- quantidades de cocaína são excretadas na urina, A meia-vida de
cional. eliminação para cocaetileno é de 2,5 a 6 horas, consideravelmente
mais longa que para a cocaína. Esta meia-vida de eliminação mais
Resposta Farmacológica e Toxicidade longa pode contribuir para toxicidade pelo cocaetileno.
A cocaína é u m potente estimulante do S N C que provoca u m
estado de vigilância e euforia aumentado, com suas ações seme- Metodologia Analítica
lhantes àquelas da anfetamina, mas de duração mais curta. Acre- O teste inicial de triagem para cocaína (benzoilecgonina) é tipi-
dita-se que estes efeitos n o S N C estão amplamente associados à camente u m imunoensaio. Para confirmação de u m suposto
capacidade da cocaína de bloquear a recaptação de d o p a m i n a nas resultado positivo, u m a mensuração quantitativa da droga é rea-
sinapses nervosas e, portanto, prolongar a ação da d o p a m i n a no lizada usando-se GC-MS.
S N C . E esta resposta que leva ao uso abusivo recreacional da
cocaína. A cocaína também bloqueia a recaptação de norepine- Imunoensaio
frina nos terminais nervosos pré-smápticos. Isto produz uma Os imunoensaios de triagem foram projetados para detecção de
resposta simpatomimética (que inclui a u m e n t o da pressão arte- benzoilecgonina. Estes ensaios têm u m corte de 300 n g / m L e
rial, freqüência cardíaca e temperatura corporal). A cocaína é detectam excreção d e benzoilecgonina por 1 a 3 dias após o uso
efetiva c o m o anestésico local e vasoconstritor das membranas de cocaína. Entretanto, para os usuários pesados crónicos de
mucosas e é, portanto, usada clinicamente para cirurgia nasal, cocaína, o tempo de detecção pode estender-se a 10 a 22 dias
rinoplastia e mtubação nasotraqueal de emergência. após a última dose, aparentemente devido ao armazenamento
Para uso recreacional, a cocaína (sal hidrocloreto) freqüente- tecidual de cocaína. Ordinariamente, a cocaína p o d e ser detec-
mente é administrada por inalação nasal ("aspiração") ou, menos tada na urina por métodos cromatográficos por apenas cerca de
freqüentemente, por via intravenosa. A cocaína é mais volátil 8 a 12 horas após o uso, mas, nos usuários pesados crônicos, este
q u a n d o convertida de sal a base livre; portanto, a cocaína de base período de detecção pode ser de 4 a 5 dias. Estes fatos devem ser
livre p o d e ser inalada ao se fumar. Esta última via d e administra- considerados q u a n d o da interpretação dos resultados de u m teste
ção resulta em um início rápido de ação. Ela ganhou crescente de detecção de drogas pela urina para indivíduos nos programas de
popularidade devido à disponibilidade imediata da forma de tratamento por uso d e drogas. U m resultado positivo de exame
cocaína de base livre conhecida como crack. Conseqüentemente, de urina para detecção de benzoilecgonina além de 3 dias após
o n ú m e r o de admissões nos setores de emergência relacionados a última dose não indica necessariamente uso continuado. Para
com a toxicidade da cocaína aumentou. atingir estes objetivos, é preferível quantificar a excreção urinária
A toxicidade aguda da cocaína produz uma resposta simpato- de benzoilecgonina, normalizada para concentração de creati-
mimética que pode resultar em (1) midríase, (2) diaforese, (3) nina durante o tempo, A abstinência da droga seria indicada pela
sons intestinais hiperativos, (4) taquicardia, (5) hipertensão, (6) redução da excreção urinária de metabólitos de cocaína. Entre-
hipertermia, (7) hiperatividade, (8) agitação, (9) convulsões ou tanto, a normalização de creatinina nem sempre pode indicar
(10) coma. A morte súbita causada por cardio toxic idade pode com confiança a reutilização da droga.
acompanhar o uso da cocaína. A morte também pode ocorrer O consumo de chá de coca peruano, que não é legalmente
após o desenvolvimento seqüencial de hipertermia, delírio importado para os EUA, pode resultar em u m teste positivo de
agitado e parada respiratória. O delírio com excitação e a ativi- urina para benzoilecgonina.
dade física extrema p o d e m levar a rabdomiólise, insuficiência N o mecônio, m- e p-hidroxibenzoilecgonma (normalmente
renal aguda e DIC. metabólitos menores na urina do adulto) contribuem de maneira
Toxicologia Clínica CAPÍTULO 31 601
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significativa para a imunorreatLvidade da benzoilecgonina (veja do crescimento, ele tem sido usado como u m a alternativa de
seção sobre Detecção de Drogas de Uso Abusivo U s a n d o Outros esteróide por fisiculturistas e atletas. Os atletas t a m b é m têm
Tipos de Amostras). usado o G H B como auxiliar do sono porque acredita-se que ele
promova recuperação rápida após competições repetitivas vigoro-
Cromatografia Gasosa-Espectrometria de Massas sas. Estas propriedades e a disponibilidade do G H B nos suple-
U m resultado de triagem positivo para benzoilecgonina obtido mentos dietéticos levaram ao crescente uso abusivo da droga. O
por u m imunoensaio é confirmado por análise por GC-MS da G H B tornou-se popular c o m o "droga sintética" {club drug) eufo-
amostra de urina. Em u m método, os derivados TMS da benzoi- rizante, usada com mais freqüência em combinação com álcool
lecgonina, após extração da urina, são analisados juntamente com e t a m b é m com M D M A ou cocaína, para "suavizar" suas proprie-
padrão interno deuterado, por monitoramento com íon-seletivo. dades estimulantes adversas. Seu início rápido e propriedades
amnésicas de curto prazo e hipnóticas resultaram n o uso de G H B
Dextrometorfano para ataque sexual facilitado pela droga (droga de "encontro com
Pelo fato de o dextrometorfano ser estruturalmente relacionado, estupro").
ele é discutido na seção adiante sobre Opióides/Opiáceos. A FDA retirou o G H B dos produtos para o consumidor em
1990 em resposta ao seu crescente uso abusivo e perigoso. Esta
Gama-hidroxibutirato ação levou à sua substituição por y-butirolactona (GBL), u m
O gama-hidroxibutirato (GHB) é u m metabólito de ocorrência precursor d o G H B (Figura 31-20) que t a m b é m é usado como
natural do ácido y-aminobutírico (GABA), e assim como o agente químico de limpeza e solvente. O GBL é mais rapida-
GABA, pode possuir atividade neuroinibitória do S N C por meio m e n t e absorvido e tem maior biodisponibilidade, se comparado
de receptores GHB-específicos. com G H B . O GBL também é imediatamente convertido em
G H B por seu tratamento com u m a solução alcalina. Os suple-
Resposta Farmacológica e Toxicidade mentos nutricionais que contêm GBL (p. ex., RenewTrient, Revi-
Inicialmente, o G H B foi investigado como u m agente anestésico, varant, Reinforce) t a m b é m foram retirados d o mercado apenas
mas este trabalho foi descontinuado devido à ausência de anal- para serem substituídos por outro precursor G H B , 1,4-butane-
gesia e aos efeitos colaterais adversos, como as convulsões. Ele é diol (Figura 31-20), t a m b é m presente em agentes de limpeza
usado fora dos EUA para tratar abstinência de álcool e opióides doméstica e solventes industriais. Os suplementos dietéticos que
e recentemente foi aprovado nos EUA sob o n o m e de Xyrem contêm 1,4-butanediol incluem o Som a to Pr o e Revitalize Plus.
(oxibato de sódio) para o tratamento de narcolepsia. As manifestações tóxicas do G H B ou de seus precursores
Q u a n d o ingerido, o G H B estimula a liberação de dopamina, incluem (1) náuseas e vômitos, (2) bradicardia, (3) hipotensão,
levando a efeitos prazerosos, como euforia, relaxamento muscu- (4) coma, (5) convulsões, (6) depressão respiratória grave, mas não
lar e a u m e n t o d o desejo sexual. Ele também tem efeitos depres- prolongada. Períodos de agitação p o d e m ser intercalados entre
sores do S N C que resultam em sedação e hipnose. Pelo fato de apnéia e não-responsividade. N ã o se sabe se esta agitação é u m
haver relatos de que o G H B a u m e n t a a liberação do h o r m ô n i o efeito direto do G H B ou u m a conseqüência de co-ingestão de
602 PARTE IV Analitos
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ÒH duração de ação. Uma síndrome de abstinência que consiste em
y-Butirolactona
(GBU
(1) tremor, (2) agitação, (3) paranóia, (4) delírio, (5) alucinações,
ácido y-Hidroxibutírica
(6) confusão, (7) taquicardia e (8) hipertensão pode acompanhar
(GHB)
a cessação do uso maciço e crônico.
O fomepizol, um inibidor de ADH, provavelmente é benéfico
© © para pacientes que ingerem 1,4-butanediol.
OH H Metodologia Analítica
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Os imunoensaios para GHB atualmente não estão disponíveis.
O ^ O
O O Assim, as técnicas cromatográficas (em geral GC-MS) são neces-
sárias para análise. O GHB é rapidamente eliminado (ti/2 de
OH OH
aproximadamente 30 minutos) e, portanto, o período de detec-
Semialdeído ção é de menos de 6 a 8 horas no plasma e menos de 10 a 12
succinico (SSA)
horas na urina.
Ciclo T C A
(ciclo de Krebs)
H?N
r OH
estruturais com a serotonina (5-hidroxitriptamina; Figura 31-2]),
um importante neurotransmissor e neuromodulador do SNC. O
LSD é sintetizado a partir do ácido D-lisérgico, um alcalóide do
ácico y-AminobutÍTÍco ergot de ocorrência natural encontrado no fungo Chxviceps purpu-
(GABA) r&a, que cresce no trigo e em outros grãos.
é usado ilicitamente devido aos seus efeitos alucinógenos. Não maior do que o LSD). Portanto, a detecção do LSD apresenta
há evidências de que o uso repetido do LSD resulte em depen- um desafio analítico especialmente difícil. Mesmo com ensaios
dência ou sintomas de abstinência. sensíveis, o espaço de detecção para LSD geralmente é de apenas
As formas populares de dosagem incluem (1) pó, (2) cápsula 12 a 24 horas. Estabelecer 2-oxo-3-hidróxi-LSD como alvo melhora
gelatinosa, (3) comprimido ou (4) cubos de açúcar, filtros de o espaço de detecção.
papel ou selos de postagem impregnados de LSD. A droga é Os imunoensaios detectam LSD a uma concentração de corte
rapidamente absorvida do trato GI; os efeitos começam em um de 500 pg/mL. A confirmação é tipicamente realizada por GC-
período de 40 a 60 minutos, atingem o pico em cerca de 2 a 4 MS, GC-MS/MS, LC-MS ou LC-MS/MS. Uma concentração de
horas e desaparecem em 6 a 8 horas. A t]/2 de eliminação é de coTte de 200 p g / m L é usada pelo Departamento de Defesa em
aproximadamente 3 horas. seus programas de testes paTa detecção de drogas.
Os efeitos clínicos da ingestão do LSD em geral são benignos
e não requerem intervenção médica. Casos raros de overdose
maciça resultaram em hipertermia com ameaça à vida, rabdomi- Opióides/Opiáceos
ólise, insuficiência renal aguda, insuficiência hepática, DIC, Opióide é um termo geral aplicado a todas as substâncias com
parada respirató-ria e coma. Há poucos, se é que há, relatos bem propriedades semelhantes às da morfina. O termo opiáceo é
documentados de morte diretamente relacionada com a ingestão usado para descrever alcalóides analgésicos de ocorrência natural
de LSD. ou semi-sintéticos derivados do ópio, o suco leitoso seco das
sementes imaduras da papoula. A morfina é o principal e proto-
Metodologia Analítica típico alcalóide analgésico do ópio. O ópio também contém
Devido à potência muito alta do LSD e, portanto, baixa dose quantidades menores de codeína. Alguns derivados semi-sinréri-
típica (aproximadamente 50 fig) e seu metabolismo rápido e cos importantes da morfina incluem (1) heroína, (2) oxicodona,
extenso (Figura 31-22), apenas cerca de 1% a 2% da droga é (3) hidrocodona, (4) oximorfona, (5) hidromorfona e (6) levorfa-
excretada na urina sem alterações (o metabólito principal, 2-oxo- nol. A codeína também pode ser sintetizada por 3-metilação da
3-hidróxi-LSD, está presente em uma quantidade 10 a 40 vezes morfina. Os agentes sintéticos com propriedades semelhantes às
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da morfina incluem (1) propoxifeno, (2) metadona, (3) meperi- Heroína (diacetilmorfina) é a forma de morfina preferida por
dina e (4) fentanil (Figura 31-23). aqueles que fazem uso abusivo de opiáceos devido ao início
rápido de ação. Geralmente é administrada por injeção IV ou
Resposta Farmacológica e Toxicidade subcutânea ou, menos freqüentemente, pelo f u m o ou insuflação
Os opiáceos são usados clinicamente devido às suas propriedades nasal. A heroína em si n ã o é ativa, mas é rapidamente convertida
analgésicas. Os opiáceos t a m b é m causam (1) sedação, (2) euforia, (t]/2 < 1 min) a 6-acetilmorfina, que por sua vez é hidrolisada (t]/2
(3) depressão respiratória, (4) hipotensão ortostática, (5) redução < 4 0 min) em morfina (Figura 31-24). Tanto a 6-acetilmorfina
da motilidade intestinal, (6) náuseas e (7) vômitos. As principais como a morfina são farmacologicamente ativas. A morfina é
manifestações da overdose de m o r f i n a são coma, miose (diminui- inativada principalmente por conjugação de glicuronida n o
ção d o diâmetro das pupilas) e depressão respiratória. O edema grupo 3-hidroxila (fenólico). Além da morfina-3-glicuronida,
p u l m o n a r f r e q ü e n t e m e n t e é u m a complicação da overdose de quantidades menores de morfina-6-glicuronida t a m b é m são for-
morfina, e a morte pode resultar de parada cardiopulmonar. O madas. Entretanto, diferentemente da morfina-3-glicuronida,
tratamento para overdose de m o r f i n a inclui administração de anta- que é inativa, a morfina-6-glicuronida tem u m a atividade analgé-
gonista do opiáceo, naloxona (Narcan), que reverte drasticamente sica muito mais potente do que a morfina. A h i d r o m o r f o n a
os efeitos da m o r f i n a . provavelmente é u m metabólito m e n o r da morfina. Da m o r f i n a
Devido à suas propriedades analgésicas e euforizantes, os total na urina, cerca de 9 0 % são morfma-3-glicuronida (50% a
opiáceos apresentam u m alto potencial de abuso. O uso crônico 7 5 % da dose de morfina) e cerca de 10% são morfina livre.
da morfina leva à tolerância e à dependência física e psicológica. A codeína tem apenas cerca de u m décimo da potência anal-
A abstinência da drogadição à m o r f i n a pode ser tratada por meio gésica da morfina; esta é u m a conseqüência d o bloqueio d o
da administração de metadona, u m opiáceo oralmente ativo grupo fenólico hidroxila, que proíbe a ligação a receptores opiói-
de longa duração. C o m o tempo, o objetivo é substituir o uso de des. U m a pequena quantidade de codeína (aproximadamente
opiáceo pela metadona e então gradualmente fazer a retirada da 10%) é convertida a morfina (Figura 31-24), que é responsável
metadona. Outros agentes terapêuticos para tratamento da dro- pelas propriedades analgésicas da codeína. Esta O-desmetilação
gadição à morfina incluem (1) naltrexona, um antagonista opiáceo é mediada pela isoforma do citocromo P^q, C Y P 2 D 6 (Capítulo
de longa ação; (2) levo-a-acetilmetadol (LAAM), u m agonista de 30), que exibe polimorfismo genético. Metabolizadores lentos
longa ação (aproximadamente 4 dias); (3) clonidina, u m agente (deficientes na atividade CYP2D6) produzem quantidades muito
anti-hipertensivo agonista a 2 -adrenérgico com ações n o S N C pequenas de morfina e, portanto, não experimentam analgesia,
semelhantes às dos opiáceos e (4) buprenorfina, um agonista e n q u a n t o os metabolizadores rápidos (atividade de C Y P 2 D 6
parcial e antagonista fraco. aumentada) experimentam u m efeito analgésico maior d o que o
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esperado. Uma quantidade semelhante de norcodeína é formada binada com agentes analgésicos nãoopiáceos (p. ex., ácido acetil-
pOT N-desmetilação. A hidrocodona é um metabólito menor. salicílico e paracetamol); ela também é um agente antitussígeno
Assim, tanto a codeína como a morfina podem ser detectadas na efetivo em alguns medicamentos para tosse.
urina após ingestão de codeína. Além disso, a hidrocodona A acetilcodeína é um contaminante comum da heroína;
também pode ser detectada em baixa concentração (aproximada- assim, tanto a codeína como a morfina podem freqüentemente
mente 100 ng/mL) quando a concentração de codeína na urina ser detectadas na urina após o uso de heroina. C o m o a morfina
é alta (mais de 5.000 ng/mL). A codeína freqüentemente é com- é um metabólito da codeína, o uso legítimo da codeína foi usado
606 PARTE IV Analitos
Conjugado
(13%-14%) Conjugado
O Hj
Oximorfona Oxímorfòl
Nordiidrocodeína .Diidrocodeína
(16%) (31%)
Oxicodona Qxiccdol
(13%19%)
Conjugado Conjugado
(796-29%)
Nordiidromorfina Diidromorfina
(1,8%) (0.5%)
Conjugado Noroxicodona
(8,4%)
Figura 3 1 - 2 6 Metabolismo de diidrocodeína. Valores entre Figura 3 1 - 2 7 Metabolismo de oxicodona e oximorfona. Valores
parênteses são a porcentagem da dose excretada na urina. entre parênteses são a porcentagem da dose de oxicodona excretada na
urina. Para dose de oximorfona, 1,9% é excretado como droga
precursora, 4 4 % como conjugados e 3% como oximoTfol.
nadas regiões dos EUA. As pílulas p o d e m ser mastigadas ou tri- diidrocodeína além da hidrocodona prescrita (Figura 31-25) pode
turadas paia liberação da disponibilidade imediata de toda a ser falsamente interpretada c o m o substituição. Da mesma forma,
dose, que é projetada para liberação prolongada por u m período u m a amostra de urina q u e c o n t e n h a codeína prescrita mais seu
de 12 horas. E m alguns casos, a pílula esmagada pode ser inalada metabólito de morfina, ou concentrações m u i t o baixas (aproxima-
ou solubilizada para injeção IV. damente 100 n g / m L ) d o metabólito m e n o r de hidrocodona
Nos programas de tratamento da dor, o teste de detecção de (detectado q u a n d o a codeína é maior que 5.000 n g / m L ) não deve
droga na urina f r e q ü e n t e m e n t e é empregado para monitorar (1) ser interpretada c o m o uso de heroína e / o u m o r f i n a ou hidroco-
adesão, (2) desvio ou (3) substituição por drogas que exigem pres- dona. Por outro lado, a amostra de urina que apresenta resultado
crição. C o m base nos resultados destes exames, u m indivíduo negativo para codeína prescrita, mas positivo para h i d r o m o r f o n a
p o d e ser dispensado do programa. E importante que os laborató- ou hidrocodona, indicaria claramente substituição.
rios de testes de drogas c o m u n i q u e m os aspectos relevantes da O m o n i t o r a m e n t o da adesão d o paciente ao uso de oxico-
interconversão metabólica dos opiáceos para os médicos respon- d o n a nos programas de tratamento da dor é problemático devido
sáveis por estes programas. D e outra forma, a detecção de baixas à baixa reatividade cruzada da oxicodona na maior parte dos
concentrações de h i d r o m o r f o n a com altas concentrações de imunoensaios de opiáceos {p. ex., mais de 5.000 n g / m L de oxi-
morfina com prescrição (Figura 31-24), ou de hidromorfona e codona para resultado positivo com ensaio usando corte de 300
608 PARTE IV Analitos
estes e n a n t i ô m e r o s n ã o são d e t e r m i n a d o s . O s l a b o r a t ó r i o s p a i a
teste d e d e t e c ç ã o de drogas q u e u s a m técnicas G C c o n v e n c i o n a i s SS. /
n ã o devem relatar u m a c h a d o d e l e v o r f a n o l apenas, mas, e m vez Ü
n Y CHt
I ~ // LIJ
disso, devem registrar o d e x t r o f a n o / l e v o r f a n o l c o m u m c o m e n - CHríH-,—c—c—CH 2 -ÍH—rí
tário sobre sua relação ísomérica e sobre a origem d o d e x t r o f a n o ("T-T,
Isto é e s p e c i a l m e n t e i m p o r t a n t e para triagem de drogas para
t r a t a m e n t o da d o r , na qual u m registro falso de l e v o r f a n o l p o d e
resultar e m d e s l i g a m e n t o d o p r o g r a m a . Esta d u a l i d a d e d o regis- Metadona
tro é aconselhável m e s m o q u a n d o o d e x t r o m e t o r f a n o p r e c u r s o r
t a m b é m é d e t e c t a d o . O s u s u á r i o s abusivos de l e v o r f a n o l b e m
i n f o r m a d o s p o d e m co-ingerir, de m o d o concebível, d e x t r o m e t o r -
f a n o p a r a o c u l t a r o u s o de levorfanol. Se isto for s u s p e i t a d o , a
resolução quiral d o d e x t r o f a n o e levorfanol seria e n t ã o necessá-
ria. O d e x t r o m e t o r f a n o sofre reação cruzada c o m a m a i o r i a d o s
i m u n o e n s a i o s p a r a opióides. V -l 'k "CH;
X r
- ' V 7
X
Meta d o ri a CH;
A m e t a d o n a é u m o p i ó i d e c o m e s t r u t u r a s e m e l h a n t e à d o pro-
p o x i f e n o (Figura 31-23). A m e t a d o n a é u s a d a c l i n i c a m e n t e (1) H:or
para aliviar a d o r , (2) tratar a s í n d r o m e de abstinência d e o p i ó i d e s
e (3) para tratar viciados e m h e r o í n a em u m a tentativa d e fazê-los
deixar o u s o ilícito de drogas IV.
^JL H s
Resposta Farmacológica e Toxicidade
A s principais ações farmacológicas da m e t a d o n a são s e m e l h a n t e s <j / v 1 i i c-'
:: j(
(3) depressão respiratória, (4) miose, (5) efeitos antitussígenos e íy-/ X \.-—
v C H i
(6) c o n s t i p a ç ã o . A m e t a d o n a é a d m i n i s t r a d a c o m o u m a m i s t u r a x "X ^
racêmica (R,S[±]-metadona), mas a atividade analgésica é causada
quase q u e i n t e i r a m e n t e p e l o R ( - ) i s ô m e r o . Q u a n d o administra- liMIV
das p o r via i n t r a m u s c u l a r , a m e t a d o n a e a m o r f i n a a p r e s e n t a m
p o t ê n c i a analgésica equivalente. A o c o n t r á r i o da m o r f i n a , a meta- Figura 3 1 - 2 9 Metabolismo de metadona.
d o n a r e t é m cerca de 5 0 % d e sua p o t ê n c i a analgésica i n t r a m u s -
cular q u a n d o t o m a d a p o r via oral.
A m e t a d o n a é r a p i d a m e n t e absorvida d o trato G I c o m u m culatório, (6) h i p o t e r m i a , (7) c o m a , (8) convulsões e (9) e d e m a
início de ação e m u m p e r í o d o de 3 0 a 6 0 m i n u t o s . A ti/2 de pulmonar (embora m e n o s freqüentemente do que a morfina). O
e l i m i n a ç ã o é l o n g a (15 a 5 5 horas), se c o m p a r a d a c o m a da t r a t a m e n t o para overdose d e m e t a d o n a inclui m e d i d a s de s u p o r t e
m o r f i n a (1 a 8 horas). D e v i d o à t ^ d e e l i m i n a ç ã o m a i s longa, a p a r a m a n t e r a respiração e pressão arterial a d e q u a d a s e a admi-
m e t a d o n a acumula-se n o sangue e tecidos após doses repetidas e nistração d o a n t a g o n i s t a d o o p i ó i d e n a l o x o n a , p a r a reverter os
isto p r e s u m i v e l m e n t e c o n t r i b u i p a r a sua d u r a ç ã o d e ação relati- efeitos da m e t a d o n a .
v a m e n t e mais longa (6 a 8 horas).
A tolerância aos efeitos da m e t a d o n a desenvolve-se c o m doses Metodologia Analítica
repetidas, p o r é m mais l e n t a m e n t e d o q u e c o m a m o r f i n a . D a O teste inicial de triagem para m e t a d o n a é u m i m u n o e n s a i o
m e s m a f o r m a , a abstinência desenvolve-se mais l e n t a m e n t e e e m típico. Para c o n f i r m a ç ã o de u m teste s u p o s t a m e n t e positivo, a
geral é m e n o s i n t e n s a , p o r é m mais p r o l o n g a d a d o q u e a d e m e n s u r a ç ã o quantitativa da droga é realizada usando-se G C - M S .
m o r f i n a . O s s i n t o m a s d e abstinência i n c l u e m (1) fraqueza, (2)
ansiedade, (3) i n s ó n i a , (4) d e s c o n f o r t o a b d o m i n a l , (5) sudorese Imunoensaio
e (6) o n d a s d e frio e calor. Vários i m u n o e n s a i o s para triagem de m e t a d o n a estão disponíveis
A m e t a d o n a é metabolizada n o fígado p r i m a r i a m e n t e e m 2- n o mercado. U m a c o n c e n t r a ç ã o de corte de ensaio típica é de
etilideno-l,5-dimetil-3,3-difenilpirrolidina ( E D D P ) e 2-etil-5-metil- 3 0 0 n g / m L . N e n h u m a reatividade cruzada c o m E D D P ou E D M P
3,3-difenilpirrolina ( E M D P ) (Figura 31-29). O s p r i n c i p a i s p r o d u - foi relatada; e n t r e t a n t o , L A A M , u m a n á l o g o d e longa ação da
tos de excreção u r i n á r i a são m e t a d o n a ( 5 % a 5 0 % d a dose) e m e t a d o n a e m e t a b ó l i t o s d e verapamil p o d e sofrer reação cruzada
E D D P ( 3 % a 2 5 % da dose); r e l a t i v a m e n t e mais m e t a d o n a (pK a e m alguns ensaios. A m e t a d o n a e m geral p o d e se d e t e c t a d a n a
8,62) d o q u e E D D P é excretada q u a n d o a u r i n a está ácida. O u r i n a p o r até 72 h o i a s a p ó s a ingestão. O s i m u n o e n s a i o s especí-
m o n i t o r a m e n t o da adesão n o s p r o g r a m a s de m a n u t e n ç ã o da ficos p a r a E D D P estão disponíveis.
m e t a d o n a c o m testes de detecção de droga n a u r i n a p o d e ser
c o m p l i c a d o pela r e d u ç ã o da d o s e c o m o t e m p o e pela excreção Cromatografia Gasosa-Espectrometria de Massa
urinária da m e t a d o n a d e p e n d e n t e de p H . C o m este p r o p ó s i t o , a U m r e s u l t a d o de t r i a g e m positiva para m e t a d o n a o b t i d o p o r
m e n s u r a ç ã o da E D D P foi mais efetiva d o q u e a m e t a d o n a e m i m u n o e n s a i o é c o n f i r m a d o p o r análise p o r G C - M S da a m o s t r a
u m e s t u d o de g r a n d e p o r t e . A l é m disso, u m a a m o s t r a positiva de u r i n a . A p ó s a adição de p a d r õ e s i n t e r n o s d e u t e r a d o s , u m a
para m e t a d o n a e negativa p a r a E D D P indicaria c o n t a m i n a ç ã o amostra de u r i n a é extraída (líquido-líquido) e o extrato o r g â n i c o
das amostras p o r u m p a c i e n t e q u e n ã o aderiu ao t r a t a m e n t o . é evaporado. O r e s í d u o é dissolvido e m etil acetato e a n a l i s a d o
N a overdose, a m e t a d o n a causa (1) depressão respiratória e d o para metadona e E D D P com GC-MS operado por monitora-
S N C , (2) miose, (3) b r a d i c a r d i a , (4) h i p o t e n s ã o , (5) colapso cir- m e n t o com íon-seletivo.
610 PARTE IV Analitos
Imunoensaio
Figura 3 1 - 3 0 i, N-Desmettlação de propoxifeno; 2, conversão
I m u n o e n s a i o s para p r o p o x i f e n o são p r o j e t a d o s para a detecção d o
catalisada p o r base de n o i p i o p o x i f e n o em n o r p r o p o x i f e n o amida.
f á r m a c o precursor. A reatividade cruzada c o m n o r p r o p o x i f e n o ,
p r e s e n t e e m c o n c e n t r a ç ã o m u i t o m a i o r d o q u e o f á r m a c o precur-
sor, g e r a l m e n t e é fraca. E m geral, o p r o p o x i f e n o p o d e ser d e t e c t a d o
p o r cerca d e 2 dias após o uso. A d i f e n i d r a m i n a p o d e produzir
a m a resposta falso-positiva com pelo m e n o s u m i m u n o e n s a i o .
de álcool durante a gravidez pode ser indicado pela mensuração de Os dispositivos para coleta de suor com adesivos semelhantes
etil ésteres de ácido graxo no mecônío. a u m a atadura adesiva podem ser usados por vários dias a
semanas, durante as quais a droga, se presente, acumula-se na
Cabelos almofada absorvente n o adesivo e n q u a n t o o vapor de água escapa
Desde a década de 1970, o cabelo tem sido analisado para detec- através de u m a cobertura semipermeável. Assim, o teste de detec-
ção de metais com objetivo de avaliar o estado nutricional. Entre- ção de drogas n o suor oferece a possibilidade de m o n i t o r a r o uso
tanto, (1) ausência de procedimentos padronizados (coleta, pre- d u r a n t e períodos prolongados de tempo sem a necessidade de
paração e análise), (2) ausência de limites de referência e (3) coleta freqúente da urina. O teste de detecção de drogas pelo
problemas causados por contaminação ambiental limitaram o suor seria particularmente vantajoso para m o n i t o r a m e n t o do uso
sucesso da análise dos cabelos com este propósito. C o n t u d o , a de drogas em instituições de correção ou em programas de rea-
análise de c h u m b o , arsênico e mercúrio n o cabelo é u m m é t o d o bilitação de drogaditos. Os valores de corte atualmente propostos
estabelecido e aceito de avaliação de exposição tóxica anterior a pela SAMHSA estão listados na Tabela 31-6.
estes metais (Capítulo 32).
O cabelo apresenta vantagens como amostra biológica porque Saliva (Líquido Oral)
é facilmente obtido sem perda da privacidade ou dignidade (a A mensuração de drogas na saliva é interessante tanto com obje-
menos que se o b t e n h a m pêlos pubianos) e não é facilmente tivo de m o n i t o r a m e n t o terapêutico de fármacos como para a
alterado ou m a n i p u l a d o para evitar a detecção da droga. Além detecção de uso de drogas ilícitas. Comparada com a urina, a
disso, u m a vez depositadas n o cabelo, as drogas são muito mais saliva é fácil de ser obtida, com m e n o r invasão da privacidade e
estáveis; portanto, o uso anterior da droga pode sei detectado menos facilidade de adulteração. A saliva é u m ultrafiltrado do
durante vários meses. Pelo fato de o cabelo crescer a u m a taxa plasma; portanto, a concentração de drogas nela reflete a fração
relativamente constante (0,3 a 0,4 mm/Mia), existe o potencial livre ou ativa e pode refletir mais estreitamente o efeito da droga
para análise segmentar do cabelo para fornecer u m a "narrativa" do que é possível com mensurações na urina. A transferência da
do uso anterior da droga. droga do sangue para a saliva é influenciada pela ligação da droga
Os mecanismos pelos quais as drogas são depositadas nos à proteína, pK a , pela solubilidade lipídica e pelo p H do sangue
cabelos não são b e m compreendidos, mas p o d e m incluir (1) (a saliva é mais ácida do que o sangue). Em geral, as drogas estão
transferência de sangue para o pedículo piloso em crescimento, presentes na saliva em concentração mais baixa e p o d e m ser
(2) transferência do suor e sebo (algumas glândulas sudoríparas detectadas por um período de t e m p o mais curto, se comparado
esvaziam-se nos folículos pilosos) e (3) contaminação ambiental. com o da urina. A detecção de drogas na saliva, portanto, indica
Os fatores que p o d e m afetar o depósito de drogas nos cabelos uso recente. Além disso, a concentração de droga na saliva pode
t a m b é m não estão bem estabelecidos, mas p o d e m incluir (1) a correlacionar-se com o grau de deficiência, exceto q u a n d o a con-
taxa de crescimento do cabelo, (2) localização anatômica do taminação bucal possa ter ocorrido devido a ingestão oral, f u m o
cabelo, (3) tipo de cabelo, (4) cor do cabelo (conteúdo de mela- ou inalação da droga. Os valores de corte preliminares da
nina), (5) efeitos dos vários tratamentos capilares e (6) contami- S A M H S A para drogas na saliva são apresentados na Tabela 31-6.
nação ambiental, especialmente por drogas que são fumadas eles foram validados por um estudo de grande porte.
(maconha, cocaína, heroína e PCP).
As drogas, q u a n d o depositadas nos cabelos, em geral estão ETILENO GLICOL
presentes em concentrações relativamente baixas (pg/mg-ng/mg); O etileno glicol (etano-l,2-diol) está presente em produtos de
portanto, técnicas analíticas sensíveis são necessárias para detec- anticongelamento. Ele pode ser ingerido acidentalmente ou com
ção. Além disso, a droga precursora geralmente está presente em o propósito de embriaguez ou suicídio.
maior quantidade d o que os metabólitos. Alguns imunoensaios
projetados primariamente para teste de detecção de drogas na
Resposta Farmacológica e Toxicidade
urina são de uso limitado para análise dos cabelos. A confirma-
O etileno glicol enr si é relativamente não-tóxico, e seus efeitos
ção dos resultados do imunoensaio, geralmente por G O M S ,
iniciais n o S N C são semelhantes aos do etanol. Entretanto, o
GC-MS-MS ou LOMS-MS, continua sendo u m requisito para
metabolismo do etileno glicol pela A D H resulta na formação de
qualquer aplicação jurídica d o teste de detecção de drogas nos
inúmeros metabólitos do ácido, incluindo o ácido oxálico e o
cabelos. Estas técnicas também podem ser adequadas para
ácido glicólico (Figura 31-31).
triagem inicial qualitativa de uso abusivo de drogas e para análise
Estes metabólitos do ácido são responsáveis por grande parte
seqüencial direta do cabelo sem imunoensaio anterior. da toxicidade do etileno glicol, cujas manifestações clínicas
Para detecção de droga, o cabelo oferece vantagens potenciais,
incluem (1) anormalidades neurológicas, (2) acidose metabólica
se comparado com a urina. Entretanto, é necessária uma melhor
grave, (3) insuficiência Tenal aguda e (4) insuficiência cardiopul-
compreensão da disposição cinética das drogas nos cabelos. Além
monar. A concentração sérica de ácido glicólico correlaciona-se
disso, (1) métodos de lavagem, extração ou digestão e análise
mais estreitamente com os sintomas clínicos e com mortalidade
terão todos de ser mais padronizados; (2) limites de corte terão
do que a concentração do etileno glicol. Devido à rápida elimi-
de ser consensuais; e (3) controle de qualidade adequado e mate-
nação do etileno glicol (ti/2 = aproximadamente 3 horas), sua
riais de teste de proficiência terão de ser desenvolvidos. Tendo
concentração sérica pode ser baixa ou indetectável, e a do ácido
estes objetivos, SAMHSA propôs valores de corte preliminares
glicólico continua elevada. Assim, a determinação de etileno
das drogas para análise dos cabelos (Tabela 31-6).
glicol e d o ácido glicólico fornece informações analíticas clínicas
e de confirmação em casos de ingestão d o etileno glicol. Outros
Suor achados laboratoriais c o m u m e n t e observados com intoxicação
As drogas p o d e m ser excretadas n o suor e, assim como para os por etileno glicol incluem intervalo osmolar e gaf aniônico
cabelos, a droga precursora geralmente está presente em u m a séricos, redução do cálcio sérico e presença de cristais de oxalato
quantidade maior do que os metabólitos. Além disso, a excreção de cálcio na urina. A redução do cálcio sérico resulta em depósito
n o suor pode ser um mecanismo importante pelo qual as drogas de oxalato n o tecido ou de u m a possível interferência na resposta
p e n e t r a m nos cabelos. h o r m o n a l paratireoideana noraial, ou de ambos.
Toxicologia Clínica CAPÍTULO 31 613
r
.H Resposta Farmacológica e Toxicidade
Ácido glioxílico Q u a n d o a intoxicação aguda por ferro ocorre em crianças, p o d e m
. Á ocorrer morbidade significativa ou morte. Os efeitos tóxicos ini-
ciais do trato GI são resultado de u m a ação corrosiva direta do
ferro na mucosa, que pode causar edema, infarto, ulceração ou
hemorragia de mucosa. C o m o resultado, os sintomas clínicos de
(1) náuseas, (2) vômitos, (3) dor abdominal, (4) diarréia, (5)
O. OH
V Acido axálico hematêmese e (6) melena p o d e m ser evidentes. As ações sistêmi-
cas d o excesso de ferro afetam (1) sistema cardiovascular, (2)
O^^OH funções metabólicas gerais, (3) fígado e (4) SNC. Os efeitos car-
diovasculares da toxicidade do ferro incluem (1) redução d o
Figura 31-31 Metabolismo de etileno glicol.
débito cardíaco, (2) acúmulo de sangue venoso e (3) vazamento
capilar, sendo que todos p o d e m levar a hipotensão, choque,
cianose, letargia, taquicardia e acidose lática. N o fígado, o excesso
de ferro pode causar edema ou necrose dos hepatócitos, o que
resulta em testes de f u n ç ã o hepática anormais e coagulopatia. A
disfunção do ciclo de Krebs e a tosforilação oxidativa levam a
acidose metabólica e secundariamente causam hiperglicemia. Os
O reconhecimento precoce da intoxicação por etileno glicol efeitos no S N C variam desde letargia e e m b o t a m e n t o até coma.
e a necessidade de intervenção terapêutica o p o r t u n a são impor- Estes efeitos p o d e m ser secundários a toxicidade cardiovascular,
tantes devido à meia-vida curta d o composto (cerca de 3 horas). hepática, metabólica e a uma ação direta d o ferro n o SNC.
A concentração sanguínea de etileno glicol pode cah rapida- O tratamento específico para toxicidade d o ferro envolve a
mente durante as primeiras 24 hoias após a ingestão. Portanto, administração de deferoxamina em ferro quelatado não-ligado.
concentrações séricas relativamente baixas (0,05 a 2 g/L) p o d e m A decisão de administrar deferoxamina baseia-se na história,
ser observadas na intoxicação grave caso passem várias horas sintomas clínicos e mensuração de ferro sérico. Em geral, há
entre o tempo de ingestão e o da coleta da amostra de sangue. evidência de uma toxicidade apenas b r a n d a q u a n d o o ferro sérico
Nestes casos, a mensuração d o ácido glicólico é especialmente está abaixo de 300 p g / d L , e a administração de deferoxamina
importante. As concentrações séricas associadas a mortes devido n o r m a l m e n t e não é necessária. Q u a n d o o feTto sérico atinge 500
à ingestão de etileno glicol variaram de 0,06 a 4,3 g/L. [ig/dL, u m a toxicidade sistêmica grave é provável e pode ser fatal
A terapia adequada para intoxicação por etileno glicol inclui em concentrações de 1.000 jig/dL ou mais. O ferro sérico deve
(1) administração de fomepizol (4-metilpirazol) ou etanol para ser m e d i d o à admissão e novamente 4 a 6 horas após a ingestão,
inibir de maneira competitiva o metabolismo mediado por A D H q u a n d o a absorção deve estar completa e a concentração sérica
do etileno glicol, (2) terapia agressiva com bicarbonato de sódio máxima é obtida. A mensuração seriada de ferro sérico é justifi-
para ajudar a aliviar a acidose e (3) hemodiálise ou diurese forçada cada se u m a medicação de liberação contínua tiver sido ingerida
para aumentar a remoção do etileno glicol e metabólitos do o u se grandes massas intestinais forem evidentes n o raio X de
ácido. A administração de etanol ou preferivelmente fomepizol abdome.
em geral á r e c o m e n d a d a q u a n d o a concentração de etileno glicol
sérico é maior d o que 0,2 g/L. A hemodiálise remove de maneira Metodologia Analítica
efetiva o etileno glicol e o ácido glicólico e é recomendada q u a n d o A toxicidade do ferro presumivelmente não é provável, a menos
a concentração de etileno glicol sérico é maior do que 0,5 g / L , que a concentração sérica total de ferro exceda a capacidade total
com acidose metabólica grave (pH m e n o r que 7,25 a 7,30) ou de ligação ao ferro (TIBC). Assim, a mensuração de T I B C seria
com insuficiência renal, independente da concentração de etileno importante nos casos de intoxicação por ferro, mas é desencora-
glicol sérico. O ácido glicólico sérico maior que ou igual a 10 jada devido às limitações metodológicas (Capítulo 28). Na deter-
m m o l / L prevê, com alta probabilidade, insuficiência renal aguda minação da TIBC, o excesso de ferro é adicionado ao soro para
e a necessidade de hemodiálise, e n q u a n t o aqueles pacientes com ligar todos os sítios de ligação d o ferro disponíveis. O excesso de
concentrações menores que 10 m m o l / L provavelmente requerem ferro não-ligado é então removido por u m material absorvente
apenas terapia d e antimetabólitos adequada. (p. ex., M g C 0 3 ) antes da mensuração d o ferro ligado. Na pre-
614 PARTE IV Analitos
Oxima-fosfonato
V
N
e
H ; ^ o
H 3 < rCs \p/
Pralidoxima X
RO' OR' R</ OR'
V
ò
'V
R1
J Envelhe c i m e n t o
Pralidoxima
Colinesterase Inativa de
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CAPÍTULO 3 2
Metais Tóxicos
Thomas P. Moyer, Ph.D., Mary F. Burritt, Ph.D., e John A. Butz, III, B.A.
O
d u t o s que c o n t ê m tabaco. Foi d e m o n s t r a d o q u e o m e r c ú r i o se
s metais são r e c o n h e c i d o s c o m o toxinas há séculos. H á , d e s p r e n d e de amálgamas dentários. I n i c i a l m e n t e essa i n f o r m a ç ã o
p o r exemplo, o e n v e n e n a m e n t o p o r arsênico, q u e era o causou g r a n d e inquietação; e n t r e t a n t o , estudos f a l h a r a m c m achar
m é t o d o p r e f e r i d o p a r a d e s t r o n a r a realeza d u r a n t e o u m a relação causal. 17 A l é m d o mais, estudos i n d i c a m que vias d e
p e r í o d o d o R e n a s c i m e n t o . O e n v e n e n a m e n t o p o r m e r c ú r i o era a p o p t o s e são iniciadas p o r metais c o m o (1) arsênico, (2) c á d m i o ,
c o m u m n o século XVIII n a E u r o p a e era associado à p r o d u ç ã o (3) c r o m o , (4) n í q u e l e (5) berílio, e, possivelmente, p o r (6)
d e feltro a partir d a pele de castores para as p o p u l a r e s cartolas. c h u m b o , (7) a n t i m õ n i o e (8) cobalto. 11
O s chapeleiros a p r e s e n t a v a m m u d a n ç a s d e c o m p o r t a m e n t o A p e s a r d e raros, erros d e f a b r i c a ç ã o c a u s a m a p r o d u ç ã o d e
típicas d o r e s u l t a d o d a exposição ao m e r c ú r i o , l e v a n d o ao uso d o p r o d u t o s q u e c o n t ê m metais tóxicos. Por exemple], n o início dos
jargão p o p u l a r "louco c o m o u m chapeleiro". N o s anos 1950, u m anos 1960, u m a cervejaria c a n a d e n s e a c i d e n t a l m e n t e c o n t a m i -
caso trágico de intoxicação p o r m e r c ú r i o o c o r r e u n a Baía d e n o u vários lotes dos seus p r o d u t o s c o m cobalto. O p r o d u t o foi
M i n a m a t a n o Japão, o n d e g r a n d e s q u a n t i d a d e s d e m e r c ú r i o comercializado e c o n s u m i d o pelo p ú b l i c o , r e s u l t a n d o e m u m a
industrial f o r a m d e r r a m a d a s . Mais d e 3 . 0 0 0 vítimas f o r a m reco- eclosão de d o e n ç a r e n a l e c a r d i o m i o p a t i a . N e s s e tipo de situação,
nhecidas como tendo a "doença de Minamata", uma síndrome o Serviço de S a ú d e Pública dos E U A é f r e q ü e n t e m e n t e c h a m a d o
caracterizada p o r s i n t o m a s d e intoxicação p o r metil-mercúrio. p a r a identificar u m pico d e s i n t o m a s n ã o usuais. U m l a b o r a t ó r i o
E m 1971, a c o n t a m i n a ç ã o d e s e m e n t e s d e cereais p o r m e r c ú r i o clínico deve estar p r e p a r a d o para d a r s u p o r t e a este t i p o de inves-
causou 6.000 mortes n o Iraque. tigações.
618 PARTE IV Analitos
U m estudo de u m a grande população de pacientes clínicos TABELA 32-1 j Condições nas quais os Metais Podem ser
(N = 329.000) p o n t u o u perspectivas na discussão sobre o papel Fatores Causais
dos metais tóxicos nas doenças. 11 Entre u m grupo de indivíduos
que representavam u m largo espectro de todos os tipos de doença, Metal Condição
com maior concentração d e pacientes de nível terciário, 1.986 Alumínio Na encefalopatia dialítica ou em demências
pacientes (0,6% da população total) foram identificados como Arsênico Paciente relatando dor bilateral que irradia dos
t e n d o algum tipo de achado físico ou relação com exposição, pés para as pernas
indicando u m a razão para complementar a investigação com Cádmio Doença renal que aparece em pintores que
exames para metais. Desses, 152 casos (0,05% da população usam aerossóis
original) foram p o n t u a d o s pelos testes laboratoriais como de alta Deficiência de cobre-zinco Perda da capacidade de cicatrização de feridas
suspeita da participação de metais em suas doenças. Provou-se, Gliumbo Em crianças menores de 2 anos vivendo em
por fim, que 32 casos (0,01% da população, ou 1 em 9.700) casas velhas
foram afetados pela toxicidade dos metais. Dezoito casos eram Manganês Parkinsonismc com início antes dos 50 anos
Mercúrio Mudanças agudas de comportamento, fala
relacionados a arsênico, dois a cádmio, sete a cbumbo e cinco a
arrastada, diminuição de campo visual, perda
mercúrio.
auditiva e de sensibilidade
A incidência de intoxicação por metais nessa população, atri-
Selênio (deficiência] Em pacientes com nutrição parenteral
buída a arsênico, cádmio, c h u m b o e mercúrio, parece ser da
Tálio Perda aguda de cabelo
mesma proporção que os mais freqüentes erros inatos d o meta-
Zincc (deficiência) Pacientes queimados exibindo eritema
bolismo, como hipotireoidismo neonatal e fenilcetonúria. E
também da mesma magnitude que a incidência de hetnocroma-
tose em adultos, u m a doença sugerida como de rastreamento
mandatório. O rastreamento para essas doenças é indicado
difícil que estes compostos gerem toxicidade a menos que eles
porque são tratáveis e o tratamento reduz de forma significativa
sejam injetados diretamente n o sistema vascular. O s elementos
e a longo tempo a morbidez. O mesmo é dito pata as intoxicações
dos grupos IB até VIIB e VIII, n a linha quatro da tabela perió-
por metais. Q u a n d o identificadas precocemente, a doença
dica, são geralmente essenciais à vida, mas são necessários em
causada pela exposição aos metais pode ser p r o n t a m e n t e tratada
baixas concentrações; muitos são co-fatores de proteínas necessá-
com bons desfechos. Em contrapartida, se a exposição não é
rios em suas funções. O trato gastrointestinal e a pele regulam o
identificada e reduzida, d a n o s graves e irreparáveis podem aco-
influxo até certo grau, mas o excesso pode induzir difusão passiva
meter os sistemas nervoso, renal e cardiovascular.
que pode levar à concentração excessiva e toxicidade. Os elemen-
tos na linha cinco e ahaixo dela são classificados como não-essen-
Diagnosticando a Toxicidade ciais (ou, se essenciais, são necessários em níveis de concentração
C o n f i r m a r o diagnóstico de u m a intoxicação por metal é difícil,
picomolares ou menores). A medida que se movem da direita
pois os sinais e sintomas são similares aos de diversas ourras
para a esquerda na tabela periódica, os elementos vão se tor-
doenças. O diagnóstico de toxicidade por metais requer a demons-
n a n d o mais prevalentes e, dessa forma, têm maior potencial de
tração de todos os seguintes fatores: (1) deve haver evidência de
gerar toxicidade. Elementos nos grupos IB e IIB nas linhas seis
u m a fonte de exposição ao metal, (2) o paciente deve ter sinais
e sete e d o grupo II1A até o VIA, nas linhas quatro a seis, são de
e sintomas típicos causados por determinado metal, e (3) deve particular interesse como toxinas, pois eles têm u m a configura-
haver evidência de concentrações anormais do metal em tecidos
ção espacial de elétrons que permite a formação de ligações
adequados para análise. Se u m a dessas características não existir, covalentes com enxofre. Mais à frenre neste capítulo, essa carac-
as outras não são suficientes para fazer o diagnóstico conclusivo terística será identificada como sendo u m fator significante n o
de toxicidade pelo metal. O laboratório tem u m papel chave
mecanismo de ação do gTupo de metais conhecidos como metais
nesse processo, e a eoleta apropriada de material associada a uma pesados." Eles incluem (1) o arsênico, (2) o cádmio, (3) o chumbo,
análise com acurácia fará u m a grande diferença n o diagnóstico (4) o mercúrio e (5) o tálio, que são toxinas de considerável
correto.
importância. O s elementos do grupo VIIA (halogenados), são
N a prática clínica, a análise de toxicidade por elementos deve
essenciais à vida, p o r é m são tóxicos q u a n d o presentes em excesso.
ser sempre considerada na abordagem clínica do paciente com O grupo VTIIA, os elementos inertes, são tóxicos em seu estado
(1) doença renal de origem desconhecida, (2) neuropatia perifé-
gasoso, pois podem causar anóxia; sua característica inerte é a
rica hilateral, (3) mudanças agudas nas funções mentais, (4) infla- causa da toxicidade.
mação aguda do epitélio laríngeo ou nasal, ou (5) uma história
de exposição. Certos elementos p o d e m ser considerados agentes
Rastreamento Ocupacional
ativos, causadores ou deficitários em circunstâncias específicas
Os empregados são freqüentemente monitorados quando traba-
(Tabela 32-1).
lham em u m ambiente onde é possível haver exposição a metais
tóxicos. A forma mais comum de monitorização envolve a quanti-
Classificação d o s Metais ficação das concentrações de partículas aéreas dos metais n o pro-
Alguns metais são essenciais à vida (Capítulo 27), mas se a expo-
cesso de produção. Nos EUA, os valores limites para a concentração
sição de u m indivíduo exceder u m certo limite, podc-sc desen- de partículas aéreas são definidos pelo National Institute for Occu-
volver toxicidade. Metais não-essenciais p o d e m ser tóxicos mesmo
pational Safety and Health (NIOSH) para garantir a segurança dos
em baixas concentrações. U m a revisão da cabeia periódica pode trabalhadores. Os trabalhadores também podem ser monitorados
mostrar algumas pistas na determinação da toxicidade potencial através da coleta de amostras biológicas. O exame mais comumente
de u m metal (Figura 32-1).
Elementos nos grupos IA e I1A nas linhas três a cinco da
tabela periódica geralmente se e n q u a d r a m como elementos " O Internacional U m o n of Puie arid Applied Chemistry (IUPAC) considera o
termo "metal pesado" sem sentido e equivocado, e recomenda que não seja
essenciais. O trato gastrointestinal e a pele são muito eficientes
mais usado. (Duffus JH. "Heavy Metals", a meaningless term 7 IUPAC Techni-
em regular as quantidades corporais desses compostos - é muito
cal Report. Puré Appl C h e m 2002; 74: 793-807.)
Metais Tóxicos CAPÍTULO 32 619
Figura 32-1 Tabela Periódica, com ênfase nos metais de importância clínica e toxicológica.
/
ó s s e a leve baixo tumover
t o m a s da exposição a g u d a i n c l u e m (1) gosto metálico, (2) cefaléia,
(3) n á u s e a e (4) t o n t u r a . A p ó s u m p e q u e n o i n t e r v a l o d a exposi-
ção s u r g e m v ô m i t o s , diarréia e cólicas intestinais. A gravidade
d o s s i n t o m a s d e p e n d e t a n t o d a q u a n t i d a d e q u a n t o d a via de
Doença óssea do Doença óssea c o n t a t o . N a intoxicação crônica, ot> efeitos adversos à s a ú d e
hiperparatireoidísmo. associada à Qstecmalácia
uremia i n c l u e m (1) arritmias cardíacas, (2) irritação ocular e de vias
aéreas superiores, (3) a b o r t o s e s p o n t â n e o s , (4) p a r t o s p r e m a t u r o s
Efeitos máximos e (5) d e r m a t i t e . Linfocitose, eosinofilia e u m a r e d u ç ã o n a conta-
Efeitos máximos do
da PTH aluminio gem de leucócitos e plaquetas t a m b é m são vistas, e i n d i c a m lesão
n o f í g a d o e n o b a ç o . U m a deficiência n a coagulação s a n g u í n e a
Alumínia sérico < 60 ng/mL Alumínio sérico >
PTH > 5 pmol/mL 100 ng/mL é vista c o m doses letais d e Sb. A respiração torna-se superficial e
PTH < 5 pmol/mL irregular, e, q u a s e sempre, a m o r t e é p o r paralisia respiratória.
Figura 32-2 Efeitos d o a l u m í n i o na fisiologia óssea. H á evidências q u e e m b a s a m o a u m e n t o d o risco d e desenvolvi-
Metais Tóxicos CAPÍTULO 3 2 621
mento de câncer de p u l m ã o em trabalhadores que inalam Sb, 32-3). Os alimentos que n o r m a l m e n t e contêm concentrações
mas o efeito pode ser multifatoiial, por exemplo, pela presença significantes de arsênico orgânico são a ostra e outros predadores
de arsênico no ambiente de trabalho. E importante lembrar que da cadeia alimentar do oceano, como o bacalhau. Conseqüente-
q u a n d o ocorre intoxicação com o metal Sb, o efeito é devido não mente a taxa de excreção de arsênico em indivíduos saudáveis é
só ao Sb, mas também ao chumbo, arsênico, ou outros metais aproximadamente de 120 pjig em uma coleta de 24 horas. Após
que façam parte da liga metálica. a ingesta, a arsenobetaína e a arsenocolina passam rapidamente
pela filtração glomerular e se concentram na urina. Os arsênicos
Arsênico orgânicos são completamente excretados após 1 a 2 dias da
O arsênico (As) é largamente conhecido como toxina, tendo ingesta, e não sobram metabólitos tóxicos residuais. Aparente-
ganhado notoriedade pelo extenso uso como agente anti-sífilis mente a meia-vida do arsênico orgânico é de 4 a 6 horas. O
entre a nobreza da Renascença e como antídoto contra envene- consumo de frutos do mar antes de uma coleta de amostra de
n a m e n t o agudo por arsênico, uma vez que a administração urina para testes de arsênico resulta em elevação da concentração
crônica de pequenas doses protege contra uma intoxicação aguda de arsênico detectável, isso pode causar erro de interpretação.
por uma dose maciça. Esse agente foi memoravelmente utilizado A toxicidade do arsênico se deve a três mecanismos diferen-
no conhecido conto Arsenic a n d Old Lace como meio de ' 'ter- tes, dois dos quais são relacionados à transferência de energia. O
minar com pessoas indesejáveis". Mesmo hoje, o arsênico conti- arsênico liga-se avidamente a ácidos diidrolipôicos, que são co-
nua sendo u m agente tóxico perigoso, c o m o evidenciado pelo fatores da piruvato-desidrogenase. A ausência do co-fator inibe a
incidente em Bangladesh, n o qual centenas de pessoas se enve- conversão do piruvato em acetil-coenzima A, o primeiro passo da
nenaram com água de fontes contaminadas pela extração de gluconeogênese. O arsênico t a m b é m compete com o fosfato para
arsênico em pedreiras. C o m o mencionado anteriormente, o arsê- reagir com a adenosina-difosfatc (ADP), resultando na formação
nico é listado como o agente tóxico n ú m e r o um na lista de de A D P com menos energia que a adenosina-trifosfato (ATP). O
prioridades de substâncias perigosas do U.S. CERCLA. O arsê- arsênico também se liga com qualquer grupo sulfidril hidratado
nico ainda é encontrado em alguns inseticidas. de proteínas, distorcendo a configuração tridimensional da pro-
O arsênico existe em inúmeras formas tóxicas e não-tóxicas teína e levando à perda de sua atividade. O arsênico é também
(Figura 32-3). As formas tóxicas são as espécies inorgânicas As3", u m conhecido carcinógeno, mas o mecanismo de seus efeitos
também denotadas As (III); os mais tóxicos As3", também conhe- ainda é pouco conhecido. O British antilewisite (BAL) é u m
cidos c o m o As(V); e seus metabólitos parcialmente desintoxica- antídoto eficiente para tratar a intoxicação por arsênico; o agente
dos, monometil de arsénio (MMA) e dimetil de arsénio (DMA). ativo n o BAL é o dimercaprol, u m agente redutor de sulfidril.
A desintoxicação ocorre no fígado, sendo que o As5* é reduzido Isso sugere que o mecanismo primário de ação da toxicidade do
a AS3+; ambos são metilados em M M A e DMA. C o m o resultado arsênico é relacionado à sua ligação com o sulfidril. O arsênico
dessa desintoxicação, As 3 ' e As5+ são encontrados na urina logo também interfere na atividade de diversas enzimas da via de
após a ingestão, enquanto o M M A e D M A predominam após síntese do grupo Heme. Também há evidência do a u m e n t o do
24hs da ingestão. O pico de concentração urinária do As 3 + e As i1 risco de câncer de bexiga, pele e pulmão após o consumo de água
ocorre aproximadamente após 10 horas e retorna ao normal muito contaminada por arsênico 3 .
entre 20 e 30 horas após a ingestão. A concentração urinária de A análise de cabelo é freqüentemente utilizada para docu-
M M A e D M A atinge seu pico, normalmente, entre 40 e 60 horas mentar o tempo de exposição ao arsênico. O arsênico circulante
e retorna ao nível basal entre 6 a 20 dias após a ingestão. A meia- n o sangue liga-se a proteínas pela formação de complexos cova-
vida do arsénico inorgânico no sangue é de 4 a 6 horas e dos lentes com grupos sulfidril do aminoácido cisteína. C o m o o
seus metabólitos metilados entre 20 e 30 horas. As concentrações arsênico tem alta afinidade por cueratina, que tem alto conteúdo
séTicas de arsênico ficam elevadas por u m período curto após ele de cisteína, a concentração de arsênico nos cabelos e nas u n h a s
teT sido administrado, rapidamente desaparecendo no pool de é maior do que em outros tecidos. Várias semanas após a expo-
fosfato do corpo Após a ingesta, o arsênico pode ser detectado sição, podem aparecer nas unhas estrias brancas, chamadas de
por menos de 4 horas na corrente sanguínea. linhas de Mees, o que é causado pela desnaturação da queratina
As formas não-tóxicas de arsênico estão presentes em muitos por metais como arsênico, cádmio, c h u m b o e mercúrio. C o m o
alimentos. A arsenobetaína e a aisenocolina são as formas mais o cabelo cresce n u m a taxa aproximada de 0,5 cm pot mês, o
comuns de arsênico orgânico encontradas nos alimentos (Figura cabelo coletado da nuca tem sido usado para documentar expo-
sição Tecente. Pêlos púbicos e axilares são usados para documen-
tar exposições crônicas (seis meses a u m ano). Concentração de
OH CH 3 arsênico no cabelo maior que 1 }ig/grama de peso seco indica
OH I exposição excessiva. Em u m estudo, a maior quantidade de arsê-
HO—/IS—O HO-As—O
nico observada foi 210 pg/grama de peso seco, em u m caso de
HO' "OH (Í)H AH
exposição crônica que levou à morte. 8 O sangue é o último
Arsénico III Arsênico V Monometil de arsénio material usado para identificar exposição ao arsênico. As concen-
(ácido arsenoso) (ácido arsênico) (ácido mera no arsô nico)
trações de arsênico sérico ficam elevadas por u m período curto
após a administração, após o qual o arsênico se liga às proteínas
CH 3 e desaparece nos estoques de fosfato, o que acontece porque o
CII 3
iu: | cu, corpo reconhece o arsênico como fosfato, incorporando-o no
H^^ch, As
X
CH3 © lugar do fosfato. O arsênico absorvido circula rapidamente e se
I CH 7
HO—As=0 distribui em diversos tecidos. Concentrações séricas normais são
<^H3 ÍH^oh À. detectadas por menos de 4 horas após a ingesta. Esse teste é útil
O OH
apenas para documentar uma exposição aguda q u a n d o o arsê-
Dimeril cie arsénio Arsenocolina Arsenobetaína
(ácido cacodílico) nico p o d e estar maior do que ICO n g / m L por u m período curto
de tempo. Normalmente, a concentração sérica de arsênico é
Figura 32-3 E s t r u t u r a s das espécies de arsênico. menor do que 35 n g / m L .
622 PARTE IV Analitos
Observou-se que a inalação da poeira d u r a n t e a produção de ligas com concentrações mais altas quando a água é ligeiramente ácida.
metálicas de cobalto causa doença intersticial pulmonar. Q u a n d o Alguns líquidos (por exemplo, bebidas alcoólicas destiladas de
manipulado de forma inapropriada,* 50 o C o causa intoxicação por forma clandestina em tubos de chumbo), e alguns medicamentos
radiação devida à exposição a raios gama. A exposição ao cobalto caseiros tradicionais t a m b é m contêm chumbo, A exposição ao
sozinho pode não provocar toxicidade e deve ser considerada n o c h u m b o por qualquer u m a dessas formas de contato, seja inges-
contexto de exposição a múltiplos metais. tão, inalação ou pela pele, causa toxicidade significativa.
O cobalto é quantificado em amostras biológicas pelo AAS e U m a dieta típica nos Estados Unidos contribui com aproxi-
pelo ICP-MS. m a d a m e n t e 300 |_ig de c h u m b o por dia, dos quais 1% a 10% são
absorvidos; crianças p o d e m absorver mais de 5 0 % da quantidade
Cobre ingerida na dieta. A fração de c h u m b o absorvida é a u m e n t a d a
A homeostasia e a análise d o cobre (Cu) são discutidas n o Capí- p o r deficiências nutricionais. A maior parte da ingestão diária é
tulo 27. A ingestão de cobre provoca séria toxicidade, e ele pode excretada pelas fezes após a passagem pelo trato gastrointestinal.
ser encontrado em pesticidas. Além disso, o cobre é u m dos Apesar de u m a significante fração do c h u m b o absorvido ser
agentes ativos em tintas contra corrosão marinha e como u m rapidamente incorporada aos ossos e eritrócitos, o metal acaba
preservativo de madeira o qual é utilizado em madeira verde sendo d i f u n d i d o por todos os tecidos. Tecidos com alto teoT
tratada com altas concentrações de cobre e arsênico. A ingestão lipídico, como o sistema nervoso central, são particularmente
dessas fontes produz (1) desconforto gastrointestinal grave com sensíveis às formas orgânicas d o chumbo. Todo o c h u m b o absor-
irritação da parede epitelial do trato gastrointestinal, (2) anemia vido acaba, por fim, sendo excretado pela bile ou pela urina. O
hemolítica, (3) hepatite centrolobular com icterícia e (4) d a n o tumover do c h u m b o dos tecidos (exceto o ósseo) ocorre em apro-
renal. O excesso de ingestão de cobre atrapalha a absorção de ximadamente 120 dias.
zinco, levando à deficiência de zinco, que é freqüentemente carac- O c h u m b o expressa sua toxicidade através de diversos meca-
terizada pela cura vagarosa. A apresentação clássica da toxicidade nismos (Figuras 32-4 e 32-5). Por exemplo, ele inibe fortemente
pelo cobre é representada pela doença genética que causa acúmulo a ácido-aminolevulínico-desidratase (ALAD), u m a das enzimas
de cobre, conhecida como doença de Wilson. Essa doença é que catalisa a síntese de heme a partir das porfirinas. A inibição
caracterizada pelo dano hepatocelulaT (aumento de transamina- da A L A D causa acúmulo de protoporfirina nos eritrócitos (Capí-
ses) e / o u mudanças de h u m o r e comportamento devidos ao tulo 29), que é u m significante marcador de exposição ao chumbo.
acúmulo de cobre nos neurônios do sistema nervoso central. As A anemia causada pela falta de h e m e é f r e q ü e n t e m e n t e obser-
bases genéticas para essa doença jã foram identificadas. vada na toxicidade pelo c h u m b o . O c h u m b o t a m b é m tem alta
avidez por elétrons, o que leva à formação dc ligações covalentes
Ferro com o grupo sulfidril da cisteína nas proteínas. Dessa forma, as
A homeostase e a análise do ferro (Fe) são revisadas n o Capítulo proteínas em todos os tecidos expostos ao c h u m b o terão c h u m b o
28. Os suplementos de ferro são usados f r e q ü e n t e m e n t e para ligado a elas. A queratina d o cabelo contém u m a grande porcen-
manter u m estoque adequado n o corpo. Ocasionalmente a tagem de cisteína, comparada a ourros aminoácidos, e tem a
ingesta ultrapassa as necessidades diárias, resultando em toxici- propriedade de se ligar avidamente ao c h u m b o ; a análise d o
dade pelo ferro. A ingestão aguda de mais de 0,5 g de ferro cabelo q u a n t o ao c h u m b o é u m bom marcador de exposição.
produz irritação grave do epitélio do trato gastrointestinal e O desenvolvimento de toxicidade por c h u m b o segue u m
resulta em hemossiderose, que pode se desenvolver em cirrose padrão progressivo (Figura 32-5). Crianças jovens são particular-
hepática. A presença de quantidades excessivas de ferro n o sangue m e n t e propensas aos efeitos d o c h u m b o porque elas têm maior
e na urina define o diagnóstico. chance de se expor ao chumbo. 1 2 Por exemplo, u m a criança t e n d e
a passar muito tempo em contato com o chão. Em casas antigas
Chumbo que foram pintadas com tintas à base de chumbo, fragmentos de
O c h u m b o (Pb) é u m metal c o m u m e n t e encontrado n o ambiente, c h u m b o e poeira se acumulam n o chão, e as crianças acabam
c considerado u m a toxina aguda e crônica. O c h u m b o está pre- ingerindo essas partículas.
sente em altas concentrações (mais de 3 5 % do peso/espessura)
em tintas fabricadas antes de 1978. O conteúdo de c h u m b o per-
mitido em tintas para uso domiediar foi limitado em menos de
0,5% em 1978, mas o c h u m b o ainda é encontrado em tintas
direcionadas a uso não doméstico e em pigmentos usados por
Ciclo do ácido cítrico
artistas. Produtos de cerâmica usados em casas, como vasilhas e
tigelas, vendidos fora d o comércio normal (como produtos feitos Succ inil CoA
Heme
\ Ferroquelala se
por artistas), contêm significantes quantidades de chumbo, que \
se desprende da cerâmica por ácidos fracos, como vinagre e sucos G icina Pb 1 s
Protopo •firina IX
de frutas. Cristais feitos com c h u m b o contêm mais de 10% d o Ácido 5-arninolevulínico Protoporfin nogênio IX
metal, que se desprende durante a estocagem em longo prazo de
PBG Sintase Copro-oxidase
líquidos ácidos como sucos de frutas. O c h u m b o t a m b é m é encon-
Pb — 9
trado nn lixn de áreas adjacentes a casas pintadas com tintas a Mitocôndria
base de c h u m b o e em estiadas, onde ele se acumula devido ao Ci tosai
uso de gasolina com c h u m b o pelos automóveis. O uso de gasolina Porfobilinogêrio Ufoporfirinogênio III Caproporfirinegênio III
com chumbo tem diminuído de forma significativa desde a intro-
I
dução de gasolina sem o metal, o que foi requisitado nos Estados
Uroporfirinogênio I
Unidos desde 1978, para automóveis de uso pessoal. O c h u m b o
*
também é encontrado n o solo perto de áreas industriais abando- Coproporfirinogénio I
nadas o n d e ele era usado. A água que passa através de canos
soldados com c h u m b o acaba tendo algum conteúdo do metal, Figura 3 2 - 4 Efeitos do chumbo na eritropoiese.
624 PARTE IV Aralitos
Manganês
Figura 3 2 - 5 Efeitos d o c h u m b o i n o r g â n i c o em crianças e a d u l t o s O manganês (Mn) é amplamente distribuído no ambiente e é
( c o n c e n t r a ç ã o t r e n o r d e efeitos adversos observáveis). (Em: Royce SE, (1) u m d o s c o m p o n e n t e s d o s tijolos, (2) p r e s e n t e e m diversas
N e e d l e m a r i H L , e d s . Casê studies i n eninronme-nUil m e d i c i n e : LeaJ toxicity. ligas metálicas c o m o a n t i c o r r o s i v o , (3) u s a d o e x t e n s i v a m e n t e
W a s h i n g t o n D C : U S Public H e a l t h Service, A T S D R , 1990.) e m l a b o r a t ó r i o s c o m o u m a g e n t e de limpeza p a r a o b j e t o s d e
v i d i o e (4) u m p i g m e n t o c o m u m e m tintas. O s seres h u m a n o s
exibem toxicidade pelo manganês q u a n d o expostos a grandes
q u a n t i d a d e s d a p o e i r a desse m e t a l . A p ó s a e x p o s i ç ã o c r ô n i c a ,
o m a n g a n ê s se a c u m u l a n a substancia nigra d o cérebro, c a u s a n d o
O teste definitivo para a toxicidade p o r c h u m b o é a m e d i d a u m distúrbio neurodegenerativo semelhante ao Parkinson,
d a c o n c e n t r a ç ã o n o s a n g u e . Diversos e s t u d o s m o s t r a r a m u m a conhecido c o m o manganismo. A toxicidade pelo manganês
relação inversa e n t r e as c o n c e n t r a ç õ e s s a n g u í n e a s de c h u m b o e t a m b é m é o b s e r v a d a e m crianças q u e r e c e b e n u t r i ç ã o p a r e n t e -
o Q I d e crianças, q u e era m e n o r q u a n t o m a i o r fosse a concen- ral c r o n i c a m e n t e .
tração d e c h u m b o . E m resposta, o C e n t e r for Disease C o n t r o l As c o n c e n t r a ç õ e s de m a n g a n ê s n o s a n g u e ou n a u r i n a são
a n d P r e v e n t i o n ( C D C ) foi c o n t i n u a m e n t e d i m i n u i n d o o limite b o n s i n d i c a d o r e s d e exposição. O s valores d e referência, para
s u p e r i o r de c h u m b o a d m i t i d o p a r a crianças, q u e agora é d e adultos, d a q u a n t i d a d e de m a n g a n ê s n o s a n g u e são 0 , 4 a 1,1
m e n o s de 10 \Àg/dL. É t a m b é m i m p o r t a n t e q u e a m e d i d a m é d i a n g / m L (7 a 20 n m o l / L ) para o s o r o o u p l a s m a e 7,7 a 12,1 n g /
de c h u m b o n a c o r r e n t e s a n g u í n e a d e crianças caiu de 1.5 H g / d L m L (140 a 2 2 0 n m o l / L ) para o s a n g u e c o m o u m t o d o . A excreção
e m 1978 p a r a 2 j i g / d L e m 1999, graças às m e d i d a s adotadas, diária típica d e m a n g a n ê s n a u r i n a é de 0,2 a 0,5 j i / d i a . Entre-
c o m o a retirada d o c h u m b o da gasolina. Estudos q u e avaliaiaui t a n t o , a p r o x i m a d a m e n t e 5 % das pessoas n o r m a i s excretam mais
o i m p a c t o intelectual e m crianças c o m c o n c e n t r a ç õ e s de c h u m b o d e 2 ^,/dia d o metal, provavelmente p o r q u e estão expostas a
m e n o r e s q u e 10 ( i g / m L i n d i c a m q u e h á u m a relação inversa níveis a n o r m a i s d o m e t a l .
e n t r e as c o n c e n t r a ç õ e s d e c h u m b o e o Q I de crianças, m e s m o A m a i o r p a r t e d o m a n g a n ê s n a dieta n ã o é absorvida. C o m o
e m c o n c e n t r a ç õ e s s a n g u í n e a s m e n o r e s q u e 10 Jig/dL. 11 o c o n t e ú d o de p o e i r a d e m a n g a n ê s é c o m u m , a c o n t a m i n a ç ã o
A O M S d e f i n i u que c o n c e n t r a ç õ e s m a i o r e s q u e 3 0 J l g / d L e m d a u r i n a c o m o m e t a l ocorre f a c i l m e n t e . Traços de c o n t a m i n a ç ã o
a d u l t o s i n d i c a m exposição significativa. C o n c e n t r a ç õ e s m a i o r e s d e preservativos ácidos u s a d o s para estabilizar a u t i n a t a m b é m
q u e 6 0 j i g / d L i n d i c a m u s o de terapia q u e l a n t e . D e m a n e i r a são observados. O m a n g a n ê s é q u a n t i f i c a d o pelo AAS-ETA o u
similar à situação o b s e r v a d a e m criancas, as c o n c e n t r a ç õ e s san- p e l o ICP-MS.
Metais Tóxicos CAPÍTULO 32 625
Mercúrio 300 crianças, em meados dos anos 1990.' Alguns acreditam que
A atmosfera e a superfície da terra são expostas a milhares de esse a u m e n t o é devido ao mercúrio presente em vacinas c o m o o
toneladas de mercúrio (Hg) anualmente. A maior parte dessa preservativo Timerosal (sódio-etil-mercúrio-tiossulfato).' Em
exposição vem (1) como resultado do desgaste natural de rochas 2001, o C o m m i t t e e on Immunization Safety Review of the Board
(30.000 toneladas/ano), (2) de indústrias o n d e ele é usado na on Health Promotion and Disease Prevention of the Institute of
eletrólise, em dispositivos elétricos e como fungicida (6.000 tone- Medicine iniciou u m estudo para revisar a conexão entre as
ladas/ano) e, (3) de sua incorporação em amálgamas dentários vacinas que contêm mercúrio e doenças que afetam o desenvol-
(90 toneladas/ano). Além disso, o mercúrio é usado largamente vimento neurológico, incluindo o autismo. O comitê p o n t u o u
na indústria do papel c o m o clareador; os extratos de plantas diversos relatos, e, no seu octogésimo primeiro, em 2004, foi
produtoras de papel são conhecidas fontes de mercúrio. relatado que a hipótese era plausível biologicamente, mas que
O mercúrio é essencialmente atóxico em sua forma elementar não havia evidências suficientes para aceitar ou negar uma
(Hg 0 ), Na ausência de qualquer sistema biológico ou químico que conexão causal, e recomendaram u m programa de pesquisas. 9
altere o Hg 0 , é possível consumi-lo por via oral sem qualquer As fontes na dieta t a m b é m contribuem na quantidade de
efeito colateral. Entretanto, u m a vez que o Hg 0 tenha sido qui- mercúrio no corpo já que diversos alimentos contêm esse metal.
micamente modificado em formas inorgânicas ionizadas, c o m o Por exemplo, como conseqüência do acúmulo de metil-mercúrio
o Hg2"", ele se torna tóxico. A bioconversão em qualquer forma na cadeia alimentar aquática, os seres h u m a n o s são expostos ao
alquilizada, como, por exemplo, o metil-mercúrio (CH 3 Hg + ), metal ao comer alimentos contaminados como (1) peixes, (2)
torna-o extremamente tóxico, por ser altamente seletivo para ostras e (3) mamíferos marinhos.
tecidos ricos em lipídios, c o m o os neurônios. A ordem relativa Em adultos, casos de intoxicação por metil-mercúrio são carac-
de toxicidade é a seguinte: terizados pela degeneração focal de neurônios em regiões do
sistema nervoso central, como o córtex cerebral e o cerehelo.
Hg° (atóxico) << Hg 2+ « < CH 3 Hg + (maior toxicidade) D e p e n d e n d o do grau de exposição ainda no útero, o metil-mer-
cúrio pode levar a efeitos que variam de morte fetal até atrasos do
O mercúrio é quimicamente convertido do seu estado elementar desenvolvimento neural. Conseqüentemente, como (1) gestantes,
em u m estado ionizado em um processo industrial que expõe o (2) mulheres em idade fértil e (3) crianças jovens estão particular-
Hg 0 a u m oxidante forte, corno a clorina. O mercúrio elementar mente em risco, a U.S. Food and Drug Administration (FDA)
é t a m b é m convertido biologicamente tanto em Hg 2+ quanto em recomenda que se evite comer tubarões, peixe-espada e cavala."
formas alquiladas por microrganismos que existem n o intestino Entretanto, não sc alcançou u m consenso definitivo q u a n t o à
h u m a n o normal e no sedimento do f u n d o de lagos e rios. segurança dos níveis de exposição materna durante a gestação,
Q u a n d o o Hg 0 entra nesses sedimentos, ele é absorvido por A análise de sangue, urina e cabelo é utilizada para determi-
bactérias, fungos e outros microrganismos; esses organismos o nar o grau de exposição ao mercúrio. A concentração n o r m a l de
convertem me tribo I icamente em Hg», C H 3 H g \ ( C H J J H g , e mercúrio no sangue é m e n o i que 10 p g / L . Indivíduos que têm
outras formas. exposição ocupacional leve (p. ex., dentistas), p o d e m rotineira-
A toxicidade do mercúrio se expressa em três formas. Primeiro, mente ter concentrações sanguíneas do metal da ordem de 15
o Hg2* reage com os grupos sulfidril das proteínas, causando uma pg/L, Exposição significativa é demonstrada q u a n d o a concen-
mudança na estrutura terciária da proteína e a subseqüente perda tração de mercúrio n o sangue é maior que 50 p g / L (se exposição
de sua atividade biológica. C o m o o Hg 2+ se concentra nos rins for por metil-mercúrio) ou maior que 200 p g / L (se for exposição
durante o processo normal de filtração, os rins são os órgãos-alvo a Hg 2+ ). A O M S preconiza que a exposição diária ao mercúrio
da maior parte da toxicidade. Segundo, com a mudança estrutural segura é de 45 p g / d i a , sendo que uma excreção urinária diária
das proteínas mencionada anteriormente, algumas proteínas se de 50 pg/dia indica exposição significativa. N o r m a l m e n t e o
tornam imunogênicas, desencadeando uma proliferação de linfó- cabelo contém m e n o s de 1 pg de Hg/grama; quantidades maiores
citos B que geram imunoglobulinas que se ligam a novos antígenos indicam grande exposição. O tratamento com BAL ou penicila-
(tecidos colagenosos são particularmente sensíveis a esse efeito). mina mobiliza o mercúrio, permitindo sua excreção na urina. A
Terceiro, as espécies alquilizadas de mercúrio, como o metil-mer- terapia é monitorada através da excreção urinária de mercúrio; o
cúrio, são particularmente lipofílicas e se ligam a proteínas de tratamento termina q u a n d o a excreção urinária diária cai a
tecidos ricos em lipídios, como os neurônios; a mielina é particu- menos de 50 pg/L.
larmente suscetível à degeneração através desse mecanismo.^
Experiências com a. toxicidade do mercúrio vêm crescendo
Níquel
desde as investigações do derramamento industrial de mercúrio O níquel (Ni) é freqüentemente usado (l) na produção de ligas
de 1951 a 1963 na Baía de Minamata no Japão. Os peixes na Baía metálicas graças às suas propriedades anticorrosivas e de a u m e n t o
de Minamata tornaram-se carreadores de mercúrio na cadeia ali- da resistência, (2) em baterias recarregáveis e (3) como catalisador
na hidrogenação de óleos. O elemento níquel é não-tóxico,
mentar. A população local que tinha sua dieta dependente desses
peixes passou a apresentar sintomas de envenenamento por metil- exceto por causar inflamação em pontos de contato. E sabido
mercúrio, o que inclui ataxia, fala empastada, diminuição do que o níquel é essencial à vida em concentrações muito baixas.
campo visual, perda auditiva e mudanças sensitivas, caracterizadas O níquel-carbonil (Ni [CO] 4 ), usado em refinarias de petróleo, é
histológica mente por necrose d o córtex cerebral. Esses sintomas u m dos produtos químicos conhecidos mais tóxicos ao ser
se tornaram conhecidos como "a doença de Minamata". h u m a n o . O níquel carbonil é absorvido após ser inalado e pron-
No final dos anos 1980, a população tomou conhecimento da tamente atravessa todas as membranas biológicas, e inibe de
exposição ao mercúrio a partir de amálgamas dentários Estudos forma não competitiva a ATPase e R N A polimerase.'' Pacientes
recentes, entretanto, não confirmaram uma relação causal.17
' C o m o nota histórica, uma epidemia ocorreu em 1976 na Filadélfia e ficou
Suspeitas foram levantadas sobre a possível relação entre a
conhecida como a "doença dos legionários". Antes de a causa ser identificada
exposição ao mercúrio a partir de vacinas e o autismo. Nos EUA, como microbiológica, foram feitas sérias considerações sobre a possibilidade
a prevalência de autismo cresceu de 1 em aproximadamente de ser o níquel carbonil o causador, porque a apresentação dos pacientes
2.500, na metade dos anos 1980, para 1 em aproximadamente lembrava aquela esperada para os expostos a este complexo à base de níquel.
626 PARTE IV Analitos
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FISIOPATOLOGIA PARTE v
C
APÍ
TUL
O 33
Doença Cardiovascular
Fred S. Apple, Ph.D., e Allan S. Jaffe, M.D.
Nádulo Sipon i j
Vista Seccional
Válvulas - ..-í". :
Válvula (Mitral)
Nódulo Atrioventricular
Atrioventricular
Esquerda
Fossa Oval
Abertura do Sínus
Cofon^rio Ventrículo Esquerdo
Músculo Papilar
Artérias Coronárias e
Aberturas
Cúspide
Válvula Atrioventricular
Direita Septo
Interventricular
Válvula (Tricúspide)
Atrioventricular Direita (vista de cima)
Figura 3 3 - 2 E l e t m c a t d i o g r a m a s de u m p a c i e n t e c o m i n f a r t o a g u d o d o
m i o c á r d i o . A seqüência é A, n o r m a l , B , h o r a s pós-infatto, o s e g m e n t o S T fica
elevado, C, d e h o r a s a dias depois, a o n d a T inverte e a o n d a Q fica m a i o r ,
D , dias a s e m a n a s após o s e g m e n t o S T r e t o r n a p r ó x i m o ao n o r m a l e
E, s e m a n a s a meses após a o n d a T começa a subir n o v a m e n t e , mais a
" v -
onda Q permanece ainda maior.
632 PARTE V Fisiopatologia
renal. A maioria das pesquisas sobre peptídios natriuréticos na desafio diagnóstico para o médico. Elevações persistentes do
I C C teve como objetivo o BNP e o NT-proBNP. N o entanto, soro total e da porcentagem de CK-MB o r i u n d a s de m u d a n ç a s
investigações atuais descreveram quantidades substanciais de pro- musculares crónicas ocorrem em pacientes com distrofia mus-
BNP circulando que reagem de m o d o cruzado em testes de BNP cular, doença renal terminal ou polimiosite, e em pessoas sau-
e NT-proBNP; essa descoberta precisa ser mais explorada para dáveis que praticam exercício extremo ou atividades físicas. O
interpretação clínica. a u m e n t o de CK-MB n o soro em corredores, por exemplo, p o d e
O BNP possui múltiplas funções cardíacas e é liberado como estar relacionado com a adaptação d o músculo esquelético
u m h o r m ô n i o contra-regulador em resposta a uma variedade de d u r a n t e o t r e i n a m e n t o regular e após o exercício extremo, resul-
estresses cardíacos, especialmente à distensão cardíaca. Ele é sig- t a n d o em concentrações teciduais de CK-MB a u m e n t a d a s , que
nificativamente afetado pelas mudanças n o volume do fluido e são refletidas n o sangue. Em todas essas patologias a t r o p o n i n a
n o desempenho cardíaco, e entre seus efeitos estão a redução do cardíaca mostrou estar n o r m a l q u a n d o o miocárdio não sofreu
volume e a vasodilatação. A concentração desses hormônios em lesão.
circulação é u m marcador sensível para mudanças na fisiologia
ventricular As concentrações de BNP e NT-proBNP na circulação Mioglobina
estão aumentadas na insuficiência cardíaca crônica e correlacio- A mioglobina é u m a proteína ligante de oxigênio nos músculos
nadas com sua gravidade. Estudos anteriores demonstraram que cardíaco e esquelético, com peso molecular de 17.800 Da. A
a secreção de BNP reflete estresse na parede regional nos ventrí- medida da mioglobina sérica foi defendida porque ela parece
cu los e é, portanto, associada à remodelagem ventricular adversa aumentar antes da CK-2, após u m AMI. O peso molecular e a
e a um pior diagnóstico após AMI. Atualmente, está claro que as locação citoplasmática da proteína provavelmente respondem
mensurações do BNP são Úteis para identificar pacientes com por seus aparecimentos na circulação logo após lesão muscular
C H F de moderada a grave, o que às vezes pode ser difícil de (cardíaca ou esquelética). N ã o há diferença n a proteína da mio-
reconhecer, e para estratificação do risco em pacientes com C H F globina encontrada n o coração versus músculo esquelético.
e naqueles com ACS. Os dados sugerem que ambos, BNP e NT- A u m e n t o s de mioglobina sérica ocorrem após trauma aos
proBNP, fornecem informação que é sinérgica com a mensuração músculos esqueléticos e cardíacos, como em danos por esmaga-
de troponina nesses cenários e especialmente útil para a estratifi- m e n t o ou AMI. U m a lesão, ainda que pequena ao músculo
cação do risco q u a n d o as troponinas cardíacas estão normais. esquelético, pode resultar em concentrações aumentadas de mio-
globina sérica, criando possibilidades para u m a interpretação
equivocada, como d a n o do miocárdio. A mioglobina é liberada
Isoformas e Isoenzimas da Creatinoquinase
pelos rins, logo a normalidade na função renal p o d e causar ele-
Três isoenzimas citosólicas (CK-3, CK-2, CK-1) e uma isoenzima
mitocondrial (CK-Mt) da creatinoquinase (CK) ( M W aproxima- vações
damente 80 mil Da para as quatro isoenzimas) foram identifica-
dos. As enzimas citosólicas são dímeros de duas subunidades Outros Biomarcadores Potenciais3
chamadas M e B. Genes distintos codificam as subunidades M e U m grande n ú m e r o de outros marcadores cardíacos potencial-
B, e u m terceiro codifica a CK mitocondrial. A CK-3 (CK-MM) m e n t e úteis foi estudado e discutido em relatórios de pesquisas.
é p r e d o m i n a n t e n o coração e n o músculo esquelético, e a C K l - 1 A maioria ainda precisa de estudo adicional e d o desenvolvi-
(CK-BB) é a forma p r e d o m i n a n t e n o cérebro e n o músculo liso. m e n t o de testes apropriados Descrevemos brevemente os seguin-
A CK-2 (CK-MB) às vezes é chamada de isoenzima cardíaca, já tes marcadores como exemplos de testes que p o d e m ser aplicados
que 10% a 20% total da atividade de C K n o miocárdio são n o cuidado aos pacientes com doença cardíaca.
provenientes da CK-MB, e n q u a n t o n o músculo esquelético essa
porcentagem varia de menos 2 % a 5%. A eletroforese das isoen- Proteína C-reativa
zimas CK, usando tempos de eletroforese estendidos ou eletrofo- A proteína C-reativa (CRP) é discutida n o Capítulo 23 como u m
rese de alta voltagem, revela pelo menos três isoformas CK-MM fator de risco cardíaco. C R P é considerada como marcador do
e pelo menos quatro isoformas CK-MB (subtipos das isoenzimas processo aterosclerótico, ]á que ambos os processos ateroscleróti-
individuais). cos, crônico e agudo, envolvem u m componente inflamatório.
A proporção de CK-MB é b e m mais baixa nas áreas periféri-
cas normais do tecido d o que n o miocárdio infartado em humanos. Colina
Q u a n d o estudadas de forma mais detalhada em humanos, as A colina é liberada após estimulação por fosfolípase D durante
concentrações de CK-MB variam de 15% a 24% do total de CK isquemia e vista como u m teste de prognóstico em paciente com
n o tecido do miocárdio obtido de pacientes com hipertrofia ACS e desconforto n o peito, sem a u m e n t o de troponina cardíaca.
ventricular esquerda (LVH) causada por estenose da aorta, de Até o m o m e n t o não existe u m teste padronizado, n e m estudos de
pacientes com C A D sem LVH, e de pacientes com C A D e LVH intervalos de referência ou validações consistentes de testes.
provocado por estenose da aorta. E m contraste, os pacientes
com tecido ventricular esquerdo n o r m a l tiveram u m a porcenta- Ligante sCD40
gem baixa de CK-MB (< 2%). Esses dados sugerem que as mudan- Esse marcador é u m a proteína transmembrana relacionada com
ças na distribuição da isoenzima CK são dinâmicas e ocorrem fator de necrose tecidual (TNF)-alfa. Ele possui miiltiplos efeitos
em miocárdio h u m a n o hipertrofiado e doente. As células doentes pró-trombóticos e pró-aterogênicos. O que é n o r m a l m e n t e
também têm menos CK total por célula. O músculo esquelético medido é a forma solúvel d o receptor, que mostrou ser u m pre-
normal, d e p e n d e n d o de sua localização, contém muito p o u c o ditivo de eventos após apresentações agudas de ACS. Até o
CK-MB. Porcentagens tão altas q u a n t o 5 % e 7% foram relatadas, m o m e n t o não existe u m teste padronizado n e m estudos de inter-
mas menos de 2% é muito c o m u m . Injúria severa ao músculo valos de referência ou validações consistentes de testes.
esquelético após trauma ou cirurgia pode causar elevações abso-
lutas de CK-MB acima do limite máximo de CK-MB n o soro. Albumina Modificada por Isquemia
Porém, a porcentagem de CK-MB n o soro é < 5%. A u m e n t o s em A albumina modificada por isquemia (IMA), medida pelo teste
CK total sérico e em CK-MB quase sempre representam u m de ligação de cobalto à albumina, foi revogada pelo F D A por
636 PARTE V Fisiopatologia
causa de seu valor predirivo negativo para isquemia j u n t o c o m clonais para a m e n s u r a ç ã o de c T n l e c T n T n o soro. O t e m p o
u m E C G n o r m a l e u m a t r o p o n i n a cardíaca n o r m a l . Esse teste dos testes varia de 5 a 30 m i n u t o s . Mais de u m a dúzia d e testes,
baseia-se nas m u d a n ç a s da ligação de cobalto à molécula d e em laboratório central e e m plataformas de testes de exames de
a l b u m i n a q u a n d o há isquemia. Ele r e q u e r validação adicional do execução r e m o t a ( P O C T ) , f o r a m revogados pelo FDA para testa-
significado positivo antes d e seu uso clínico para d e t e r m i n a r a gem e m paciente para auxiliar no diagnóstico d e AMI. A l é m dos
isquemia. testes quantitativos, vários testes f o r a m revogados pelo F D A para
a d e t e r m i n a ç ã o qualitativa de c T n l e cTnT.
Mieloperoxidase Na prática, dois obstáculos limitam a facilidade para trocar
A mieloperoxidase é liberada q u a n d o os neutrófilos se agregam u m teste d e c T n l por outro. Primeiro, n ã o h á referência primária
e, assim, p o d e m indicar u m a resposta i n f l a m a t ó r i a ativa nos d e material c T n l disponível para os f a b r i c a n t e s u s a r e m n a
vasos sanguíneos. Ela mostrou estar c r o n i c a m e n t e elevada q u a n d o padronização de seus testes. Segundo, as concentrações n o teste
a C A D está presente. U m reste foi revogado pelo F D A para o uso n ã o c o m b i n a m por causa dos diferentes epítopos reconhecidos
em prognóstico d e pacientes d e alto risco para ACS. C o n t u d o , pelos vários an t i co r p o s usados. U m esforço está a c a m i n h o desde
estudos iniciais de prognósticos foram realizados sem considera- 2001 pela Subcomissão para Padronização de c T n l da A m e r i c a n
ção a d e q u a d a d e outros analitos, e m especial a t r o p o n i n a cardíaca. Association for Clinicai C h e m i s t r y ( A A C C ) para preparar u m
Portanto, são necessários estudos adicionais. material d e referência primária. E m colaboração com o N a t i o n a l
Institute for Standards a n d Technology (NIST), u m material de
LDL Oxidada referência, u m complexo de t r o p o n i n a s T, I e C (complexo terci-
A lipoproteína d e baixa d e n s i d a d e oxidada, LDL, possui u m ário T I C ) , foi p r o d u z i d o e agora está disponível pelo N I S T (mate-
papel-chave n o desenvolvimento da aterosclerose. Vários m é t o d o s rial d e refeTência-padrão (SRM] 2921). Esse material dá aos fabri-
f o r a m usados para medi-la, mas eles a p r e s e n t a m resultados poten- cantes condições para planejarem seus testes. T r a b a l h a n d o com
cialmente diferences. Alguns correlacionaram L D L m a l o n d i a l d e í d o a N I S T e c o m as indústrias de diagnóstico in vitro, estudos preli-
ao desenvolvimento de aterosclerose e eventos a c u r t o prazo. A minares d e m o n s t r a r a m q u e e n q u a n t o a padronização dos testes
identificação direta com a n t i c o r p o s sugere q u e a L D L oxidada p e r m a n e c e elusiva, a h a r m o n i z a ç ã o das concentrações d e c T n l
p o d e ser liberada dos vasos e se co-localizar com a lipoproteína p o r testes diferentes vem s e n d o estreitada — de u m a diferença de
(Lp [a]) após eventos agudos. 20 vezes entre os testes para u m a diferença d e 2 a 3 vezes.
A c T n l está presente n a circulação e m múltiplas formas,
Fosfolípase Associada à Lipoproteína A2 (LpPLA2) c o m o (1) livre, (2) ligada c o m o duas u n i d a d e s do complexo
LpPLA2 é u m a fosfolípase associada à L D L considerada c o m o b i n á r i o com a c T n C e (3) ligada c o m o três u n i d a d e s d o com-
u m marcador a n t i i n f l a m a t ó r i o . Ela é sintetizada p o r m o n ó c i t o s plexo terciário c o m c T n T e c T n C . C o m o resultado, testes dife-
e linfócitos. H á u m teste a p r o v a d o pelo FDA para esse analito rentes para c T n l p r o d u z e m resultados diferentes. As compara-
c o m intervalos d e referência obrigatórios. Ela m o s t r o u m e l h o r a r ções entre sistemas de ensaios devem ver as m u d a n ç a s c o m o
a precisão de eventos e m pacientes sem A M I prévio, m e s m o relativas a cada limite d e referência superior respectivo ao teste.
q u a n d o a p r o t e í n a C-reativa de sensibilidade alta (hsCRP) é O s usuários devem c o m p r e e n d e r as características analíticas de
responsável, sugerindo q u e ela m e d e algo diferente dos reagentes cada teste da t r o p o n i n a I antes da i m p l e m e n t a ç ã o clínica.
de fase aguda associados à hsCRP, Várias adaptações d o i m u n o e n s a i o R o c h e Diagnostics c T n T
f o r a m descritas, r e s u l t a n d o n a revogação pelo FDA do teste d e
Proteína A Plasmática Associada à Gravidez q u a r t a geração disponível e m t o d o o m u n d o e livre da interfe-
A proteína A plasmática associada à gravidez (PAPPA) é u m a rência de h e p a r i n a . T n T d o m ú s c u l o esquelético n ã o é u m poten-
metaloproteinase, e acredita-se q u e ela seja expressa em placas cial i n t e r f e r e n t e do teste cTnT, c o m o foi e n c o n t r a d o na primeira
q u e estão prontas para romper. N o m o m e n t o , a literatura a esse geração. A o contrário do cTnl, n ã o há t e n d e n c i o s i d a d e entre os
respeito n ã o está certa sobre seu uso e m ACS. A t é o m o m e n t o , testes R o c h e de cTnT, nos quais os m e s m o s an t i c or pos ( M i l ,
n ã o há teste p a d r o n i z a d o n e m estudos de intervalos de referência M 7 ) são usados consistentemente: teste quantitativo d e laborató-
o u validações consistentes de testes. rio central e teste qualitativo P O C .
E m 2001, a I n t e r n a t i o n a l Federation of Clinicai C h e m i s t r y
Fator de Crescimento Piacentário (IFCC) C o m m i t t e e o n Standardization of Markers of Cardiac
O fator d e crescimento piacentário é u m fator angiogêmco rela- D a m a g e ( C - S M C D ) estabeleceu especificações sobre a q u a l i d a d e
c i o n a d o c o m o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) r e c o m e n d a d a para os testes de t r o p o n i n a cardíaca. 15 Essas espe-
q u e estimula as células do m ú s c u l o liso e os macrófagos. Ele cificações f o r a m destinadas ao uso p o r fabricantes de testes
t a m b é m a u m e n t a o T N F e a proteína-1 qui mio atraente de m o n ó - comerciais e por laboratórios q u e u s a m testes de t r o p o n i n a . O
cito. Acredita-se q u e o fator d e crescimento piacentário forneça principal objetivo foi t e n t a r estabelecer critérios u n i f o r m e s para
i n f o r m a ç ã o prognóstica adicional para pacientes q u e têm A C S . avaliação das qualidades analíticas e d o d e s e m p e n h o clínico dos
A t é o m o m e n t o n ã o há teste p a d r o n i z a d o n e m estudos d e inter- testes disponíveis. T a n t o os fatores analíticos q u a n t o os pré-ana-
valos de referência ou validações consistentes de testes. líticos f o r a m abordados, c o m o mostra o Q u a d r o 33-4. U m a des-
crição a d e q u a d a dos princípios analíticos, d o p l a n e j a m e n t o d o
TESTES E INTERVALOS DE REFERÊNCIA m é t o d o e dos c o m p o n e n t e s dos testes precisa ser feita. C o m o
mais sistemas de teste são p l a n e j a d o s para P O C T , o m e s m o rigor
PARA PROTEÍNAS DE MARCADORES
aplicado às metodologias para o laboratório central precisa ser
CARDÍACOS m a n t i d o pelos sistemas P O C T .
Troponina C a r d í a c a Diretrizes publicadas sugerem u m requisito para os a r e d u ç ã o
Metodologia n o t e m p o d e a t e n d i m e n t o (TATs) para os b i o m a r c a d o r e s de
D e s d e q u e C u m m i n s e colaboradores desenvolveram o p r i m e i r o m e n o s de 60 m i n u t o s , desde o p e d i d o do teste até o c o m u n i c a d o
teste, há mais d e 20 anos, m u i t o s fabricantes desenvolveram dos resultados. Esta r e c o m e n d a ç ã o está baseada n a urgência para
i m u n o e n s a i o s para diagnósticos com base em a n t ic o r p o s m o n o - tratat os vasos ocluídos antes q u e a isquemia do miocárdio leve
Doença Cardiovascular CAPÍTULO 33 637
B NT-proBNP
Roche (Elecsys)
Licenciado para:
• Mulheres
concentração, e (2) são automatizados e rápidos (< 30 segundos). sensibilidade diagnostica. U m médico de ED deve preferir u m
Testes de concentração confiáveis m e d e m concentrações baixas teste de alta sensibilidade diagnostica a enviar alguém para casa
de CK-2 em amostras com atividade enzimática total baixa (< 100 que esteja t e n d o um ataque cardíaco. Os testes com resultados
U / L ) e com atividade enzimática total alta (> 10.000 U/L). Além falso-positivos p o d e m ser examinados mais tarde, n o r m a l m e n t e
disso, n ã o há relato sobre a interferência de outras proteínas. A por u m cardiologista após a admissão d o paciente. Para admitir
maioria dos imunoensaio monoclonais disponíveis, comercial- u m AMI, é preciso u m teste de alta especificidade diagnostica.
m e n t e que usam anticorpos antiCK-2 é d o m e s m o fahricante q u e Tal teste é preferido pelo cardiologista após a admissão do
produz testes de troponina cardíaca. U m a concordância excelente paciente. Estratégias diagnosticas diferentes podem exigir pata-
foi mostrada entre a concentração de massa e os testes de ativi- mares de decisão diferentes (pontos de corte) ou biomarcadores
dade. Todos possuem limites de detecção de aproximadamente cardíacos diferentes. O laboratório tem como função fornecer
1 ]Jg/L, são 100% específicos para CK-2 e são extremamente u m parecer aos médicos sobre as características diagnosticas dos
similares n o d e s e m p e n h o clínico em diagnóstico de AMI. O biomarcadores cardíacos.
p o n t o de corte do diagnóstico, designado n o percentil 99 de uma Os pacientes chegam às EDs ou a outras unidades de primei-
população de referência, é d e p e n d e n t e de teste em virtude da ros socorros com vários sinais clínicos e sintomas, nos quais o
falta de padronização para CK-2 entre os fabricantes. U m a Sub- diagnóstico diferencial de AMI é considerado. A Figura 33-5
comissão da A A C C para Padronização de CK-MB obteve sucesso demonstra o espectro das apresentações clinicas de tal paciente.
n o desenvolvimento, na restagem e na validação de material de O espectro pode mostrar o paciente com isquemia, sem m o r t e
referência primária comercialmente disponível para auxiliar na de célula do miocárdio (necrose) ou alterações n o ECG. T a m h é m
concordância. Se usado para padronização de teste, esse material p o d e a p r e s e n t a r o p a c i e n t e c o m e v i d ê n c i a em E C G d e
permite concentrações relatadas de vários testes que estejam A M I , indicada por uma elevação n o ST, ou u m achado em
entre 20% em cada u m . E C G de o n d a Q. O espectro inteiro das apresentações clinicas
foi designado ACS.
Intervalos de Referência Para auxiliar na diferenciação de pacientes com AMI daqueles
Para CK-MB, como reconhecido d u r a n t e anos para o CK total, sem AMI, a E S C / A C C publicou diretrizes consensuais para a
todos os testes demonstraram u m percentil 99 1,2 a 2,6 vezes redefinição de AMI. 7 A pedra angular da redefinição é o uso de
mais alto para h o m e n s que para mulheres Vários testes mostra- biomarcadores cardíacos, especialmente c T n l ou cTnT. O s
ram concentrações q u e chegaram a ser 2,7 vezes mais altas para Quadros 33-2 e 33-3 resumem a definição de MI, de acordo com
afro-americanos que para caucasianos. Esses dados d e m o n s t r a m o consenso da E S C / A C C , e o uso de biomarcadores cardíacos.
q u e os laboratórios clínicos devem estabelecer p o n t o s de corte O s biomarcadores a seguir são designados indicadores bioquími-
de referência para CK-MB diferentes para h o m e n s e mulheres. cos para detecção de necrose do miocárdio: (1) uma concentração
máxima de c T n l ou de cTnl excedendo o limite de decisão defi
Mioglobina nida como percentil 99 dos valores para o grupo-controle de
Testes de mioglobina rápidos e quantitativos que incorporam referência, em pelo m e n o s u m a ocasião durante as primeiras 24
anticorpos monoclonais foram comercializados e estão disponí- horas após o índice do evento clínico; (2) um valor máximo de
veis tanto n o laboratório central q u a n t o nas plataformas P O C T . CK-MB (preferivelmente concentração) excedendo o percentil
Testes diferentes produzem resultados diferentes em amostras de 99° dos valores para o grupo-controle de referência em duas
soro. As diferenças entre os testes podem ser diminuídas de 3 2 % amostras sucedidas ou u m valor máximo excedendo duas vezes
para 13% pela calibração traçável para u m único material de o limite de referência mais alto durante as primeiras horas após o
hemoglobina cardíaca h u m a n a , isolado e liofilizado em soro índice do evento clínico. Embora o d o c u m e n t o consensual declare
h u m a n o . Os intervalos de referência par mioglobina sérica variam que os valores para t r o p o n i n a cardíaca e para CK-MB devam
com idade, raça e sexo. Em média, as concentrações a u m e n t a m subir e cair, tanto u m p a d r ã o de elevação q u a n t o de queda
com a idade, homens possuem concentrações mais altas que mulhe- devem ser considerados diagnósticos. C o n t u d o , os valores que
res, e afro-americanos possuem concentrações mais altas que cau-
casianos. O percentil 97,5 de uma população de referência deve
ser usado como p o n t o de corte de referência.
Espectro de ACS
LÓGICA CLÍNICA SUBJACENTE AO USO DE
Angina Angina Ml de Ml de
MARCADORES DE DANO CARDÍACO Estável Instável Onda Onda Q
•
O marcador de lesão do miocárdio ideal deve (1) fornecer detec- Não-Q
ção precoce de injúria, (2) fornecer diagnóstico rápido para MI
agudo, (3) servir como ferramenta de estratificação de risco em
pacientes com ACS, (4) avaliar u sucesso da r e p e r f u s ã c põs-
ACS sem STE-MI Oclusão
terapia trombolítica, (5) detectar reoclusão e reinfarto, (6) deter- Elevação de ST Completa
Aumento
minar o tempo e o t a m a n h a de u m infarto e (7) detectar os
Súbito no
procedimentos relacionados ao IM perioperatório d u r a n t e cirur- Risco CV Embolia pelo Fluxo
gia cardíaca ou não-cardíaca. Antes de discutir as m u d a n ç a s deta-
Oclusão Parcial
lhadas nos biomarcadores não-cardíacos logo após u m AMI, é
conveniente rever a lógica do diagnóstico usado por médicos em Ruptura de Plaqueta
unidades de emergência (ED) ou por médicos (normalmente
Aterosclerose, Estreitamento do Lúmen
cardiologistas) q u a n d o precisam fazer u m diagnóstico.
O médico de ED deve decidir se o paciente com dor n o peito
ou outros sintomas isquêmicos deve ser admitido e se o paciente Figura 33-5 Espectro c o m p l e t o d o processo fisiopatológico
deve ir para casa e set acompanhado mais tarde. Enviar u m paciente c o r o n a r i a n o a g u d o d o início d a aterosclerose à m o r t e celular ( D e
para casa requer a exclusão de AMI, e isso requer u m teste de alta R o b e r t Jesse, M . D . , Personal C o m m u n i c a t i o n . )
640 PARTE V Físiopatologia
1.40£h e i n t e r p r e t a d o q u a n t o à a p r e s e n t a ç ã o clínica, e s p e c i a l m e n t e n o
q u e diz r e s p e i t o à i d a d e e ao g ê n e r o d o p a c i e n t e .
c
w 1.000- Uso de BNP para Prognóstico e Estratificação do
uG
Risco
•| eoo- Estudos apoiam o m o n i t o r a m e n t o de B N P ou NT-proBNP para
a estratificação d e risco e m p a c i e n t e s c o m C H F e A C S , c o m o u
" 600- s e m história prévia. 5 O s a u m e n t o s n a s c o n c e n t r a ç õ e s d e B N P após
o
•j S T E M I f o r a m associados a (1) f u n ç ã o sistólica v e n t r i c u l a r e s q u e r d a
a 400"
m (LV) r u i m , (2) r e m o d e l a g e m v e n t r i c u l a r adversa c o m o t e m p o ; e
0_
200" (3) m a i o r p r o b a b i l i d a d e d e ó b i t o e C H F . A l é m disso, B N P o u
N t - p r o B N P a u m e n t a d o m e d i d o e m c i n c o dias a p ó s A M I está
O-' 1 1 1 1 f o r t e m e n t e associado ao risco d e m o r t e cardíaca a c u r t o e l o n g o
I II III IV prazos. E m b o r a o d a n o i s q u ê m i c o seja u m a das p r i n c i p a i s causas
<N = 18) (N = 152) (N = 351) (N = 276)
d e C H F , a t u a l m e n t e é difícil i d e n t i f i c a r p a c i e n t e s q u e c o r r a m
Classificação da New York Heart Association m a i o r risco d e desenvolver C H F após A M I . Ter u m a f e r r a m e n t a
d e triagem confiável para i d e n t i f i c a r os p a c i e n t e s q u e c o r r e m m a i s
Figura 3 3 - 7 R e l a ç ã o das c o n c e n t r a ç õ e s d e B N P (Biosite TViage) e d a risco p o d e p r o p i c i a r u m a c o m p a n h a m e n t o feito sob m e d i d a , pla-
classificação da N Y H A da i n s u f i c i ê n c i a cardíaca. ( D e Maisel AS, n e j a d o para reduzir m o r b i d a d e s e m o r t a l i d a d e s f u t u r a s .
K r í s h n a s w a m y P, N o w a k R M , M c C o r d J, H o l l a n d e r JE, D u c P, et al.
R a p i d m e a s u r e m e n t of B-type n a t r i u r e t i c p e p t i d e m t h e e m e r g e n c y
Implicações para a Terapia
d i a g n o s i s of h e a r t failure. N E n g l ] M e d 2002-347:161-7. D i r e i t o s
N ã o se sabe se os t r a t a m e n t o s q u e d i m i n u e m o B N P r e s u l t a m
a u t o r a i s , 2 0 0 2 MassacKusetts M e d i c a i Society. T o d o s os d i r e i t o s
e m d i m i n u i ç ã o d e m o r b i d a d e e m o r t a l i d a d e , m a s 05 e s t u d o s
reservados.) m e n o r e s parecem promissores. U m estudo piloto examinou o
B N P e m p a c i e n t e s a d m i t i d o s c o m C H F d e s c o m p e n s a d a e trata-
BNP. 14 Nesse e s t u d o m u l t i n a c i o n a l , mais d e 4 0 % d o s m é d i c o s d e d o s c o m o a t u a l p a d r ã o d e c u i d a d o s . O B N P foi m o n i t o r a d o
E D m o s t r a r a m considerável indecisão q u a n t o ao diagnóstico d e C H F r e g u l a r m e n t e d u r a n t e a h o s p i t a l i z a ç ã o (mas e s t u d o cego p a r a os
s e m o c o n h e c i m e n t o d o BNP. O B N P era u m preditivo i n d e p e n - m é d i c o s ) e c o r r e l a c i o n a d o aos seguintes r e s u l t a d o s : m o r t a l i d a d e
d e n t e d e C H F . U s a n d o - s e u m a c o n c e n t r a ç ã o d e c o r t e para B N P e m h o s p i t a l , m o r t a l i d a d e e m 3 0 dias após a d m i s s ã o ou readmis-
s a n g u í n e o d e 100 n g / L , h o u v e , u m a sensibilidade clínica de 9 0 % são e m 3 0 dias. A c o n d i ç ã o d o s p a c i e n t e s cujas descargas d e B N P
e u m a especificidade clínica de 7 5 % , o q u e foi u m avanço n a c a í r a m abaixo d e 5 0 0 n g / L g e r a l m e n t e foi s a t i s f a t ó n a . P o r é m ,
acurácia d o j u l g a m e n t o clínico e n o s m é t o d o s diagnósticos tradi- u m a u m e n t o e m B N P d u r a n t e a h o s p i t a l i z a ç ã o c o m descarga d e
cionais sem B N P . A d i s p o n i b i l i d a d e d o s r e s u l t a d o s d e B N P reduziu B N P s u p e r i o r a 1.000 n g / L teve f o r t e c o r r e l a ç ã o c o m as taxas
a p r o p o r ç ã o d e p a c i e n t e s n o s quais o m é d i c o estava i n c e r t o d o d e r e a d m i s s ã o o u m o r t e d u r a n t e os 3 0 dias d e a c o m p a n h a m e n t o .
diagnóstico, de 4 3 % para 11%. D e s c o b e r t a s s e m e l h a n t e s para N t - E m u m s u b e s t u d o s e p a r a d o , as c o n c e n t r a ç õ e s seriadas d e B N P
p r o B N P m o s t r a r a m que, utilizando-se p o n t o s d e cortes relaciona- f o r a m c o m p a r a d a s c o m as m u d a n ç a s e m h e m o d i n â m i c a s p a r a 2 0
d o s c o m i d a d e (> 150 n g / L para < 5 0 a n o s e > 9 0 0 n g / L para > pacientes com C H F descompensada. O s pacientes que pressupos-
5 0 anos), as sensibilidades diagnosticas e a especificidade f o r a m t a m e n t e estavam r e s p o n d e n d o a o t r a t a m e n t o e x p e r i m e n t a r a m
9 8 % e 7 6 % , r e sp e c tiv a m e nt e, c o m u m v a l o r ideal d e < 3 0 0 n g / L u m a redução significativamente maior e m BNP comparados com
para excluir CHF. 1 1 O m o n i t o r a m e n t o d e N P p l a s m á t i c o em E D os n ã o - r e s p o n d e n t e s ( 5 5 % vemts 8 % d e r e d u ç ã o e m valores
m e l h o r o u a avaliação e o t r a t a m e n t o d e p a c i e n t e s c o m dispnéia, basais). E n q u a n t o os r e s u l t a d o s d e g r a n d e s e s t u d o s estão p e n d e n -
r e d u z i n d o o t e m p o d e alta e o custo total d o t r a t a m e n t o . Atual- tes, o B N P p a r e c e ser u m m a r c a d o r objetivo q u e avaliaria a res-
m e n t e , h á u m c o n s e n s o geral d e q u e a testagem d e B N P ou d e p o s t a ao t r a t a m e n t o e se c o r r e l a c i o n a r i a c o m d i a g n ó s t i c o d e
N T - B N P deva ser realizada (1) para c o n f i r m a r o diagnóstico d e descarga. O B N P t a m b é m foi u s a d o p a r a m o n i t o r a r t e r a p i a s e m
p a c i e n t e s c o m suspeita de C H F , m a s c o m características clínicas p a c i e n t e s de a m b u l a t ó r i o .
a m b í g u a s ou etiologias patológicas q u e p o d e m c o n f u n d i r , c o m o
d o e n ç a p u l m o n a r obstrutiva crônica ( C O P D ) ; (2) c o m o guia p a r a Relação do BNP com Mortalidade, Peso Corporal
m é d i c o s não-especialistas, paTa auxiliar e / o u m e l h o r a r a acurácia e Doença Renal
diagnostica n a detecção d e insuficiência cardíaca; e (3) p a r a auxiliar N o m o m e n t o , B N P e N T - p r o B N P n ã o são r e c o m e n d a d o s c o m o
n a exclusão de C H F ( q u a n d o c o n c e n t r a ç õ e s n o r m a i s d e N P são f e r r a m e n t a d e triagem. N o e n t a n t o , p e l o m e n o s u m g r a n d e
e n c o n t r a d a s ) . P o r é m , o u t r o s estudos m o s t r a r a m q u e a testagem e s t u d o ( F r a m i n g h a m ) d e m o n s t r o u u m a r e l a ç ã o e n t r e terciles d e
r o t i n e i r a d e B N P o u N T - p r o B N P n o s o i o e m pacientes c o m C H F B N P e e v e n t o s cardíacos a l o n g o prazo, e m o r t a l i d a d e m e s m o n a
óbvia n ã o é necessária n e m custo-benéfica. ausência de B N P a u m e n t a d o . E m pacientes com C H F , o B N P
O desafio em diagnosticar a C H F é que muitos dos sintomas está i n v e r s a m e n t e c o r r e l a c i o n a d o c o m o í n d i c e d e massa c o r p o r a l
a p r e s e n t a d o s n ã o s ã o específicos. C o n t u d o , e s t u d o s m o s t r a r a m (BMI; o b e s i d a d e ) . O N T - p r o B M I m a n i f e s t a u m a r e l a ç ã o similar
diferenças dramáticas nas concentrações de B N P circulante de a o B M I c o m o o B N P . Níveis d e B N P e N T - p r o B N P r e d u z i d o s
p a c i e n t e s c o m d i s p n é i a c a u s a d a p o r i n s u f i c i ê n c i a cardíaca (con- m o s t r a r a m estar c o r r e l a c i o n a d o s ao B M I d i m i n u í d o d u r a n t e
c e n t r a ç ã o m e d i a n a > 1.000 n g / L ) uersus p a c i e n t e s c o m d i s p n é i a t e r a p i a d e C H F ( p r i n c i p a l m e n t e d e v i d o à excreção b e m - s u c e d i d a
c a u s a d a p o r causas não-cardíacas ( c o n c e n t r a ç ã o m e d i a n a < 100 d o excesso de á g u a c o r p o r a l ) .
n g / L ) . C u r v a s R O C (Receiver-Operator Chctracterátic) m o s t r a r a m A C H F é mais c o m u m em pacientes com doença renal
q u e o B N P teve m e l h o r acurácia global d o q u e o j u l g a m e n t o d o crônica avançada com B N P i n d e p e n d e n t e m e n t e associado à
m é d i c o (área sob a c u r v a [ A U C ] 0,97 uerms 0,88), c o m a c h a d o s C H F . A h e m o d i á l i s e parece i n f l u e n c i a r a c o n c e n t r a ç ã o d e c o r t e
similares o b s e r v a d o s p a r a N T - p r o B N P . É i m p o r t a n t e l e m b r a r q u e ideal p a r a u s o e m B N P e N T - p r o B N P n o d i a g n ó s t i c o d e C H F ,
o B N P " n ã o é u m teste d i a g n ó s t i c o i s o l a d o " ; ele deve ser u s a d o c o m estágios a v a n ç a d o s d e d o e n ç a r e n a l e x i g i n d o valores d e c o r t e
642 PARTE V Fisiopatologia
mais altos. O B N P e o NT-pToBNP são secretados d e f o r m a testes clínicos o u laboratoriais p o r causa d e sua falta de especifi-
p u l s a n t e dos ventrículos cardíacos c o m u m a meia-vida aproxi- cidade tecidual. As c o n c e n t r a ç õ e s séricas d e m i o g l o b i n a se elevam
m a d a para B N P de 22 m i n u t o s n o sangue e de h o r a s para N T - acima d o i n t e r v a l o dc referência tão p r e c o c e m e n t e q u a n t o I h o r a
p r o B N P . Acredita-se q u e os rins f o r n e ç a m a p e n a s u m a p e q u e n a após MI, c o m sensibilidade de pico v a r i a n d o d e 2 a 12 horas,
r o t a p a r a o clearance de BNP, mas eles t ê m u m papel i m p o r t a n t e s u g e r i n d o q u e a m i o g l o b i n a sérica reflete o curso precoce d e
n o clearance de NT-proBNP. necrose d o m i o c á r d i o . A m i o g l o b i n a é r a p i d a m e n t e liberada e,
p o r t a n t o , possui u m a sensibilidade clínica s u b s t a n c i a l m e n t e
Variabilidade Biológica Teduzida após 24 h o r a s . Se h o u v e r u m p a p e l para a m i o g l o b i n a
 m e d i d a q u e B N P e N T - p r n B N P se t o r n a r a m mais a m p l a m e n t e n a detecção d o A M I , este p a p e l deve surgir nas p r i m e i r a s 4 horas,
u s a d o s p a r a m o n i t o r a r pacientes c o m C H F e m terapia, as inves- p e r í o d o d e t e m p o n o q u a l CK-2 e t r o p o n i n a cardíaca a i n d a estão
tigações q u e s t i o n a r a m a u t i l i d a d e d o m o n i t o r a m e n t o conse- d e n t r o d o s intervalos de referência, e m b o r a d a d o s recentes
cutivo para auxiliar n o sucesso d a terapia c o m drogas. E m u m s u g i r a m q u e a u m e n t o s de t r o p o n i n a s (acima d o p e r c e n t i l 99)
e s t u d o de 11 pacientes c o m C H F , a variação biológica para B N P c o m os testes atuais o c o r r a m d e f o r m a similar àqueles d a mioglo-
e N T - p r o B N P (avaliado u s a n d o q u a t r o testes diferentes) foi bina. 1 0 O p o t e n c i a l uso de m e n s u r a ç õ e s precoces de m i o g l o b i n a
gTande, i n d i c a n d o que u m a m u d a n ç a d e 1 3 0 % paTa B N P e de sérica após a a d m i s s ã o e m E D indica a u t i l i d a d e clínica dessas
9 0 % paTa N T - p r o B N P foi necessária a n t e s q u e os resultados dos m e n s u r a ç õ e s c o m o preditivos negativos d e A M I .
d a d o s coletados su c e ssiv a ment e p u d e s s e m ser c o n s i d e r a d o s c o m o
r e p r e s e n t a n t e s d e u m a m u d a n ç a estatística e b i o l o g i c a m e n t e sig- MARCADORES DE LESÃO CARDÍACA NA
nificativa. Esses a c h a d o s i m p l i c a m q u e u m a r e d u ç ã o d e aproxi- PRÁTICA CLÍNICA EM GERAL
m a d a m e n t e 5 0 0 n g / L a 2 5 0 n g / L , p o r exemplo, seria necessária
Este capítulo revisou as r e c o m e n d a ç õ e s atuais para testagem de
para u m m é d i c o c o n c l u i r q u e a terapia c o n s e g u i u m e l h o r a r as
b i o m a r c a d o r e s preditivos de t r o p o n i n a cardíaca e m percentil 99.
características d a C H F . O s m é d i c o s q u e n ã o t ê m esse conheci-
G r u p o s d i f e r e n t e s de médicos, n o e n t a n t o , p o s s u e m diferentes
mento podem, de maneira imprópria, presumir que uma redução
objetivos clínicos e m relação à sensibilidade e especificidade d e
n o valor de B N P de 5 0 0 n g / L , n a ad missão d o paciente, para
u m b i o m a r c a d o r ( t r o p o n i n a cardíaca). Por exemplo, n a m e d i c i n a
u m valor de 4 0 0 n g / L , 24 horas pós-admissão, p o d e ter sido o
d e emergência, o m é d i c o de E D deseja u m teste q u e f o r n e ç a alta
r e s u l t a d o d e u m t r a t a m e n t o b e m - s u c e d i d o . Isso sugere q u e p a r a
sensibilidade para n ã o p e r d e r possíveis pacientes c o m A M I .
u m valor de B N P pós-admissão, u m s e g u n d o valor de B N P deve
C o n t u d o , c o m a m e l h o r i a dos testes de t r o p o n i n a cardíaca dis-
ser m o n i t o r a d o d e n t r o de 24 h o r a s da alta p a t a otimizar o custo-
poníveis n o m e r c a d o , a sensibilidade de 1 0 0 % dos testes d e
b e n e f í c i o para B N P n a avaliação global d o p a c i e n t e c o m C H F .
t r o p o n i n a d e m o n s t r a u m a especificidade clinica de a p e n a s 7 5 %
a 8 5 % , pois a t r o p o n i n a cardíaca detecta lesão d o m i o c á r d i o e
CK-2 n ã o a p e n a s A M I . Isso é d e m o n s t r a d o na Figura 33-8 q u e m o s t r a
E m b o r a a testagem c o m CK-2 t e n h a sido a m p l a m e n t e s u b s t i t u í d a as curvas R O C de pacientes c o m s i n t o m a s sugestivos d e A C S
p o r t r o p o n i n a cardíaca I ou T, ela c o n t i n u a s e n d o u m a alterna-
i n t e r n a d o s e m hospitais para se certificarem o u excluírem IM
tiva. A CK-2 (Figura 33-6] leva de 4 a 6 h o r a s para se s o b r e p o r
p a r a c T n l . O t e m p o a p r o p r i a d o para coleta sucessiva de sangue
ao l i m i t e de referência mais alto, c o m c o n c e n t r a ç õ e s de pico e m
terá i n f l u ê n c i a s u b s t a n c i a l sobre a sensibilidade d a m u d a n ç a e
a p r o x i m a d a m e n t e 24 h o r a s . O r e t o r n o ao n o r m a l (basal) leva de
sobre os cálculos de especificidade. C o m o a t r o p o n i n a cardíaca
4 8 a 72 hoTas (a meia-vida de CK-2 é de 10 a 12 horas). O s fatores detecta q u a l q u e r f o r m a de d a n o d o m i o c á r d i o , os m e c a n i s m o s
q u e a f e t a m o padTão clássico i n c l u e m o tamanho d o i n f a r t o , a não-isquêmicos d e d a n o t a m b é m são responsáveis p e l a liberação
c o m p o s i ç ã o d e CK-2 n o m i o c á r d i o , a lesão músculo-esquelética de t r o p o n i n a cardíaca d o coraçãoj c a u s a n d o a u m e n t o s d e tropo-
c o n c o m i t a n t e e a r e p e r f u s ã o ( e s p o n t â n e a , após t r o m b ó l i s e o u n i n a cardíaca circulante ( Q u a d r o 33-1). Assim, s e m p r e q u e a
após angioplastia). A falta d e especificidade tecidual se t o r n a
t r o p o n i n a cardíaca for m o n i t o r a d a , é i m p o r t a n t e seguir o p a d r ã o
i m p o r t a n t e q u a n d o ocorre d a d o c o n c o m i t a n t e n o m ú s c u l o
seriado de u m p a d r ã o d e elevação ou de q u e d a d o biomarcadoT.
esquelético c o i n c i d e n t e c o m u m A M I . Nessa situação, a q u a n t i -
C m a u m e n t o de t r o p o n i n a cardíaca q u e p e r m a n e c e relativa-
d a d e f r a c i o n á r i a de CK-2 liberada n o coração é o b s c u r e c i d a pela
m e n t e estável e n ã o é indicativo de t e n d ê n c i a seriada provavel-
gTande liberação d e C K total da lesão n o m ú s c u l o esquelético. mente não é um MI.
C o m o descrito n o d o c u m e n t o c o n s e n s u a l de E S C / A C C
sobre a r e d e f i n i ç ã o d o A M I , u m a a m o s t r a g e m d e n o m í n i m o 6
Estratégias para o Papel da Troponina
a 9 h o r a s após a a p r e s e n t a ç ã o é r e c o m e n d a d a a n t e s d e se excluir
Cardíaca para a Avaliação de Risco
o AMI. 1 O uso clínico d a p o r c e n t a g e m d o índice relativo (%IR;
Nesta seção as estratégias para avaliação d o risco e m pacientes
% I R = [CK-2 c o n c e n t r a ç ã o / a t i v i d a d e C K total] X 100%) o u d a
c o m (1) isquemia, (2) a p r e s e n t a ç õ e s não-isquêmicas e (3) d o e n ç a
% C K - 2 ([CK-2 a t i v i d a d e / a t i v i d a d e C K total] X 100%) a j u d a n a
r e n a l t e r m i n a l são discutidas.
i n t e r p r e t a ç ã o das c o n c e n t r a ç õ e s d e CK-2 para detecção de A M I .
E m b o r a n ã o absoluta, % C K - 2 o u % R I elevada acima de 3 % a
Pacientes com Isquemia
5 % a p o n t a o coração c o m o a f o n t e de CK-2 n o soro. P o r é m , % R 1
O u s o de c T n l ou d e c T n T m e d i d o n a a p r e s e n t a ç ã o , e nova-
e % C K - 2 n ã o devem ser u s a d o s para i n t e r p r e t a ç ã o q u a n d o a
m e n t e 12 a 24 h o r a s depois, e m pacientes c o m isquemia, permi-
atividade total de C K p e r m a n e c e r d e n t r o d o i n t e r v a l o d e refe-
tirá aos m é d i c o s u s a r e m m a r c a d o r e s c o m o i n d i c a d o r e s prognós-
rência d e v i d o aos valores p o t e n c i a l m e n t e falso-positivos. Seu u s o
ticos. O s Tesultados ajudaTão a d e t e r m i n a r q u e m possui m a i o r
para essa f i n a l i d a d e t a m b é m está c o m p r o m e t i d o se h o u v e r qual-
risco para A M I e m o r t e e, assim, d e t e r m i n a r q u e m p o d e se bene-
q u e r lesão m u s c u l a r esquelética c o n c o m i t a n t e , pois a sensibili-
ficiar d e u m a i n t e r v e n ç ã o m é d i c a o u cirúrgica precoce. O u s o
d a d e para detecção de eventos cardíacos fica p e r d i d a .
ideal dessa estratégia extrai pelo m e n o s duas a m o s t r a s de s a n g u e
para t r o p o n i n a cardíaca. C o n s i d e r a n d o q u e u m a c o n c e n t r a ç ã o
Mioglobina de t r o p o n i n a cardíaca sérica a n o r m a l seja i d e n t i f i c a d a , essa abor-
A m i o g l o b i n a é c o n h e c i d a por sua elevação precoce n a c o n c e n - d a g e m p e r m i t i r á ao m é d i c o oferecer ao p a c i e n t e opções d e pro-
tração após IM-, n o e n t a n t o , ela n ã o é u s a d a a m p l a m e n t e em c e d i m e n t o s m é d i c o s alternativos. Essas alternativas i n c l u e m (1)
Doença Cardiovascular CAPÍTULO 33 643
0,7 0,7
3 0,6- 0,6
1 0,8- [ r 0,5"
! 0,4- / 0,4
r a
* 0,3 0,3-
0.2 0,2-
0,1 0,1
o! 0
0 0,1 0,2 O.y 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0.9 1 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
1 = Especificidade 1 = Especificidade
0,7- 0,7-
<1! 0 . 6 % 0,6-
m
o 0.5 I 0,5
Cl
0.4- % 0,4-
c.
Oi
(.0 0 , 3 - » 0,3
0,2- 0,2-
0,1 0,1
0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
1 = Especificidade 1 - Especificidade
terapias antitrombóticas e antiplaquetárias, (2) procedimentos de Para os pacientes com u m mecanismo isquêmico de d a n o e
PCI, (3) ecocardiografia, (4) tomografia radionuclídea, ou (5) aumentos de troponina cardíaca, o prognóstico está relacionado,
testagem de estresse por exercício para, possivelmente, identificar em parte, com a magnitude do a u m e n t o . Vários estudos de maior
as explicações patológicas para a liberação tecidual de marcadores impacto demonstraram que a intervenção farmacológica com
de d a n o d o miocárdio. base n o a u m e n t o de troponina cardíaca na apresentação reduz
644 PARTE V Fisiopatologia
substancialmente o risco de m o r t e e de composição de MI e logias com descoberta inesperada de lesão d o miocárdio n o qual
morte, em estudos tanto de curta quanto de longa duração. o mecanismo de liberação não está claro. Essas observações
A capacidade dos testes de troponina cardíaca para identificar levaram a novas e importantes investigações envolvendo pacien-
prognósticos depende da precisão e da sensibilidade analíticas tes com doença cardíaca não-isquêmica e o papel para as tropo-
das concentrações medidas em torno do limite de referência do ninas cardíacas como u m a ferramenta pró-diagnóstica e diagnos-
percentil 99. Os testes com limites inferiores de intervalo {limites tica. A doença renal terminal é u m exemplo.
mais baixos de detecção) identificam mais pacientes com ACS
com diagnóstico pior que p o d e m ser candidatos a procedimentos Doença Renai Terminal
invasivos precoces. Por exemplo, em u m estudo representativo, Os pacientes com doença renal terminal (ESRD) são u m sub-
dois testes foram comparados e usados para avaliar o desempe- grupo de pacientes não-isquêmicos nos quais a estratificação de
n h o clínico em pacientes com C A D instável. Embora ambos os risco t a m b é m é encontrada com o m o n i t o r a m e n t o da troponina
testes t e n h a m mostrado que os pacientes com concentrações cardíaca. A prevalência de c T n T a u m e n t a d a mostrou ser maior
normais de cTnl tivessem u m prognóstico significativamente que a de cTnl nesses pacientes. Vários estudos demonstraram
melhoT que os pacientes com concentrações aumentadas, uma que aumentos em c T n T e C T n l em pacientes com ESRD
coorte de 11% dos pacientes (n = 98) com u m prognóstico ruim mostram u m a u m e n t o de 2 a 5 vezes em mortalidade durante 2
foi identificada apenas pelo teste com o limite de detecção mais a 3 anos, com u m número maior de pacientes apresentando
baixo. O tratamento invasivo reduziu os eventos clínicos apenas c T n T aumentada. O maior estudo clínico mostra que a estratifi-
n o grupo de pacientes com cTnl a u m e n t a d o . Logo, para cada cação d o risco para morte por concentração de c T n T e cTnl
exame de troponina, I ou T, foi necessário avaliar a estratificação durante três anos de a c o m p a n h a m e n t o é influenciado pela con-
dos pacientes nas concentrações reduzidas finais, a fim de evitaT centração de corte (ROC, CV 10%, percentil 99) usada. A c T n T
potenciais imprecisões analíticas, levando à terapia e a decisões aumentada versus n o r m a l foi predítiva de mortalidade a u m e n t a d a
sobre o tratamento inapropriadas. usando todos os três pontos de corte para cTnT, mas somente
apenas do percentil 99 para cTnl. As curvas de sobrevivência de
Pacientes com Apresentações Não-isquêmicas Kaplan Méier pelos cortes de troponina basal para c T n T e cTnl
C o m o a cTn pode permanecer aumentada durante dias após lesão mostraram que os riscos relativos ajustados de m o r t e associada à
aguda do miocárdio, a avaliação temporal do dano não pode ser c T n T elevada (percentil > 99) foram 3,9 para c T n T e 2,0 para
determinada com o valor de cTn sérica aumentado, especialmente cTnl. Esses achados podem fornecer informação útil para a
q u a n d o o primeiro valor está maior. O d o c u m e n t o consensual da tomada de decisão d o cardiologista, mas p o d e m causar u m
E S C / A C C recomenda a obtenção de CK-MB para ajudar a escla- impacto maior na estratificação de risco para o nefrologista. A
recer se o evento foi recente (isto é, dentro de 46 a 72 horas ou parte mais importante da avaliação é exeluir ACS, o que deve ter
posterior a este período). C o n t u d o , não há forte evidência para como base o padrão de elevação da troponina. N o entanto,
apoiar o tesle adicional com CK-MB e as recomendações revisadas qualquer elevação de troponina cardíaca está associada ao risco
da E S C / A C C não apoiam essa sugestão inicial. Observar a eleva- a u m e n t a d o . Infelizmente, modalidades terapêuticas apropriadas
ção e / o u queda seqüencial de troponina cardíaca pode auxiliar a ainda não foram estabelecidas para abordar as decisões de trata-
diferenciação de u m paciente com Ml de evolução precoce, m e n t o com base nos valores elevados de troponina cardíaca em
mediana ou tardia de um paciente não-isquêmico sem ML Para pacientes com ESRD. O s mecanismos responsáveis pelas diferen-
pacientes em procedimentos intervencionais (como PCI, stents ças inexplicadas nas elevações entre cTnT e cTnl c o n t i n u a m sem
etc.), aumentos em troponina cardíaca após procedimento inicial explicação
normal podem indicar lesão do miocárdio.
Para os pacientes que sofrem cirurgia cardíaca, n e n h u m biomar- Estimativa do Tamanho do Infarto do
cador cardíaco é capaz de diferenciar a lesão causada por infarto miocárdio
agudo da lesão associado ao próprio procedimento cirúrgico. De Estudos anteriores da década de 1970 demonstraram a capaci-
fato, a literatura sugere que concentrações sanguíneas mais elevadas dade de as concentrações séricas de CK total e / o u de CK-MB em
podem ser indicativas de quantidades maiores de lesões, indepen- fornecer u m a estimativa bioquímica da extensão do infarto. A
dentemente do mecanismo. C o m o a troponina cardíaca é específica reperfusão do tecido cardíaco logo após terapia, entretanto,
de tecido, o monitoramento das concentrações de troponina cardí- muda o índice de liberação (a porcentagem de marcador que
aca n o sangue deve ser superior ao de CK-MB. aparece n o sangue em relação à quantidade extraída do miocár-
Q u a n d o uma ou duas das concentrações consecutivas de dio), dificultando a dimensão d o infarto na era moderna. Tanto
troponina cardíaca está aumentada, o médico pode ser confron- os dad os experimentais quanto os relacionados com pacientes
tado com as seguintes questões: (1) o que esse a u m e n t o significa sugeriram que a concentração sérica ou plasmática de troponina
n o quadro clínico de u m paciente .não-isquêmico? (2) SeTá que 72 horas após AMI correlaciona-se ao t a m a n h o d o infarto deter-
esse é u m achado analítico falso-positivo? (3) Por que será que esse m i n a d o por cintilografia. Os dados são mais fortes para tropo-
reste foi pedido? A medida que testes com mais sensibilidade nina T do que para troponina I.
analítica foram desenvolvidos e comercializados, a capacidade
para detectar graus menores de lesão do miocárdio em u m a Reinfarto ou Extensão de AMI
variedade de condições clínicas a u m e n t o u e melhorou a compre- A dctecçãu bioquímica do infarto ou da extensão do infarto tem
ensão de que a iroponina cardíaca não é apenas u m biomarcador contado, tradicionalmente, com testagem de CK-MB. C o m o CK-
para MI, mas u m biomarcador sensível para lesão d o miocárdio. M B retorna ao normal dentro de aproximadamente três dias após
Os 2 0 % de pacientes com suspeita de ACS que não são clinica- u m infarto, u m segundo episódio de lesão cardíaca após esse
m e n t e característicos de MI, mas apresentam u m aumento de tempo é teoricamente mais facilmente de ser visto como uma
troponina cardíaca, representam dois grupos de condições: pato- segunda elevação em CK-MB. N o início de 1980 foi d o c u m e n t a d o
logias não-isquêmicas nas quais os mecanismos de lesão são b e m que u m aumento secundário na atividade de CK-MB ocorreu em
definidos (como miocardites, trauma torácico súbito e exposição 10 dias após o infarto inicial em 34 de 200 pacientes com AMI
a agentes quimioterápicos tóxicos para o coração) e outras pato- (17%). Em u m estudo recence os padrões de aumentos e reduções
Doença Cardiovascular C A P Í T U L O 3 3 645
de cTnl e de concentração CK-MB foram determinados em u m 5. Apple FS, Panteghini M, Ravkilde J, Mair J, Wu ABH, Tate ], et al.
g r u p o d e nove pacientes c o m A M I q u e tiveram u m r e i n f a r t o d o Quality specifications for B-type natríuretic peptide assays. Clin Chem
m i o c á r d i o d u r a n t e i n t e r n a ç ã o . E m t o d o s os casos, a c T n l a u m e n - 2005;51:486-93.
tou s u b s t a n c i a l m e n t e e m relação ao valor anterior. Logo, c T n l é 6. Apple FS, Quist FIE, Doyle PJ, Otto AP, Muiakami MM. Plasma 99th
suficiente c o m o u m Lio m a r c a d o r cardíaco individual p a r a incluir percentile reference limits for cardiac troponin and creatine kmase MB
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Função Renal e Doença*
Michael P. Delaney, B.Sc., M.D., F.R.C.R, Christopher P. Price, Ph.D., F.R.C.Path.,
e Edmund J. Lamb, Ph.D., F.R.C.Path.
OBJETIVOS D i á l i s e P e r i t o n e a l : D i f u s ã o de s o l u t o s e convecção d o l í q u i d o
1. Descrever a anatomia macro e microscópica do sistema renal. através da m e m b r a n a p e r i t o n e a l A solução d e diálise é
2. Definir os seguintes termos: i n t r o d u z i d a e r e m o v i d a da cavidade p e r i t o n e a l e m
procedimento contínuo ou intermitente.
Néfron
D o e n ç a R e n a l T e r m i n a l (ESRD): Condição em que a função
Glomérulo
r e n a l é i n a d e q u a d a para m a n t e r a vida.
Terapia de reposição renal
G l o m é r u l o ; U m t u f o d e vasos s a n g u í n e o s e n c o n t r a d o e m cada
Diálise
n é f r o n d o rim q u e está envolvido n a filtração d o sangue
Netropatia diabética
G l o m e r u l o n e f r i t e : N e f r i t e a c o m p a n h a d a p o r i n f l a m a ç ã o das
3. Listar e descrever as funções do sistema renal.
alças capilares dos g l o m é r u l o s d o r i m . Isso o c o r r e de f o r m a
4. Entender os conceitos de clearance e taxa de filtração glomerular. aguda, s u b a g u d a e crônica.
5. Entender a condução renal de eletrólitos e água. H e m a t ú r i a : Sangue na urina.
6. Relatar os testes laboratoriais clínicos usados para avaliar a função H e m o d i á l i s e : R e m o ç ã o d e certos e l e m e n t o s d o s a n g u e e m
renal e os valores laboratoriais associados à patologia renal. v i r t u d e d a diferença nas taxas d e sua d i f u s ã o através de
7. Descrever diferentes tipos de proteinúria e seus significados u m a m e m b r a n a s e m i p e r m e á v e l , p o r exemplo, p o r m e i o de
clínicos. u m a m á q u i n a o u filtro de h e m o d i á l i s e .
8. Discutir as causas, os sintomas e os resultados laboratoriais H o r m ô n i o A n t i d i u r é t i c o ( A D H ; Vasopressina): U m h o r m ô n i o
pertinentes obtidos com cada uma das seguintes condições: o c t a p e p t í d i o f o r m a d o pelas células n e u r o n a i s d o n ú c l e o
Insuticiência renal crônica h i p o t a l â m i c o e a r m a z e n a d o n o l o b o p o s t e r i o r da g l â n d u l a
insuficiência renal terminal (síndrome urêmica) pituitária (neuro-hipófise). Ele possui ação t a n t o
Insuficiência renal aguda a n t i d i u r é t i c a q u a n t o vasopressora.
Síndrome nefrítica aguda Litotripsia: E s m a g a m e n t o de cálculos d e n t r o d o sistema
Síndrome nefrótica u r i n á r i o o u d a vesícula biliar, p r o n t a m e n t e a c o m p a n h a d o
Pielonefrite p o r lavagem dos f r a g m e n t o s ; isso é feito c i r u r g i c a m e n t e ou
Obstrução do trato urinário p o r vários m é t o d o s não-invasivos diferentes.
N e f r i t e : I n f l a m a ç ã o d o r i m c o m p r o l i f e r a ç ã o focal o u d i f u s a ou
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES processos destrutivos q u e p o d e m envolver g l o m é r u l o ,
t ú b u l o ou tecido renal intersticial.
A z o t e m i a : Excesso de uréia o u d e o u t r o s c o m p o s t o s
N e f r o l i t í a s e : C o n d i ç ã o m a r c a d a pela presença de cálculos
n i t i o g e n a d o s n o sangue.
renais (pedras).
Clearance R e n a l : O v o l u m e d e p l a s m a d o qual u m a
N é f r o n : U n i d a d e anatômica e funcional d o rim, formada por
d e t e r m i n a d a substância é c o m p l e t a m e n t e e l i m i n a d a pelos
(1) c o r p ú s c u l o renal, (2) t ú b u l o c o n v o l u t o p r o x i m a l , (3)
rins p o r u n i d a d e d e t e m p o .
m e m b r o s d e s c e n d e n t e e a s c e n d e n t e d a alça d e H e n l e , (4)
Diabetes I m i p i d i t s (DI): D i s t ú r b i o d i a b é t i c o ( d e f i n i d o c o m o
t ú b u l o c o n v o l u t o distai e (5) t ú b u l o coletor.
p r o d u ç ã o excessiva de u r i n a ) c a u s a d o pela síntese
P í e l o n e f r i t e : I n f l a m a ç ã o d o r i m e d e sua pelve c o m o r e s u l t a d o
i n s u f i c i e n t e de h o r m ô n i o a n t i d i u r é t i c o ( A D H ) o u pelos
de infecção.
receptores d e f e i t u o s o s d o A D H o u pela resistência d o órgão
P r o t e í n a de B e n c e J o n e s ; P r o t e í n a u r i n á r i a o u p l a s m a
t e r m i n a l à sua ação. Isso resulta e m insuficiência d e
a n o r m a l , f o r m a d a p o r cadeias leves de i m u n o g l o b u h n a
r e a b s o r ç ã o t u b u l a r de água n o rim.
m o n o c l o n a i s , excretada e m algumas d o e n ç a s neoplásicas e
caracterizada p o r suas p r o p r i e d a d e s raras de s o l u b i l i d a d e
q u a n d o se precipita e m calor de 5 0 ° C a 6 0 ° C e dissolve-se
e m 90 ° C a 100 °C. Q u a n d o d e s a q u e c i d a , ela n o v a m e n t e
precipita e dissolve. E u m a p r o t e í n a característica
e n c o n t r a d a n a u r i n a d a m a i o r i a dos pacientes c o m
* Agradecemos os dados fornecidos pelo relatório de dados anual do United mieloma múltiplo.
States Renal Data System (USRDS 2002: atlas de insuficiência renal terminal S í n d r o m e N e f r ó t i c a : N o m e g e n é r i c o para u m g r u p o de
nos Estados Unidos. Nacional Institutes of Health, National Institute of Dia- d o e n ç a s e n v o l v e n d o g l o m é r u l o s d e f e i t u o s o s d o rim,
betes and Digestive and Kidney Diseases. Bethesda, Md: 2005) A interpreta- caracterizados p o r p r o t e i n ú r i a e l i p i d ú r i a maciças c o m graus
ção e a divulgação desses dados são de responsabilidade dos autores e de variáveis d e e d e m a , h i p o a l b u m i n e m i a e h i p e r l i p i d e m i a .
nenhum modo devem ser vistas como uma politica oficial ou uma interpreta-
T a x a d e F i l t r a ç ã o G l o m e r u l a r ( G F R ) : Taxa e m mililitros p o r
ção do governo dos Estados Unidos. Agradecemos também pelos dados for-
necidos pelo UK Renal Régistry. A interpretação e a divulgação desses dados m i n u t o , pela qual p e q u e n a s m o l é c u l a s são filtradas pel os
são de responsabilidade dos autores e de nenhum modo devem ser vistas como g l o m é r u l o s d o rim. E u m a m e d i d a d o n ú m e r o d e n é f r o n s
uma política oficial ou uma interpretação do UK Renal Registry. em funcionamento.
648 PARTE V Fisiapatologia
O
i n t e r i o r mais pálida, a m e d u l a , q u e é a d i c i o n a l m e n t e dividida e m
s rins d e s e m p e n h a m u m p a p e l central n o s m e c a n i s m o s várias áreas cónicas c o n h e c i d a s c o m o p i r â m i d e s renais, c u j o s
h o m e o s t á t i c o s d o c o r p o h u m a n o . A f u n ç ã o r e n a l redu-
ápices se e s t e n d e m r u m o à pelve renal, f o r m a n d o papilas. Raios
zida t e m forte correlação c o m o a u m e n t o d a m o r b i d a d e
m e d u l a r e s são e s f r i a m e n t o s visíveis nas p i r â m i d e s renais q u e
e m o r t a l i d a d e . A a n a t o m i a e a fisiologia básicas d o s rins são
c o n e c t a m o c ó r t e x r e n a l c o m a m e d u l a . Eles são c o m p o s t o s p o r
descritas p r i m e i r o c o m o u m alicerce para a c o m p r e e n s ã o d a
r a m o s espessos d a alça d e H e n l e d e s c e n d e n t e ( c o n t í n u o ao
fisiopatologia da d o e n ç a e d o f u n d a m e n t o básico para o diagnós-
t ú b u l o proximal) e a s c e n d e n t e ( c o n t í n u o ao t ú b u l o distai) e p o r
tico e as estratégias de t r a t a m e n t o n a insuficiência renal. O s
d u e t o s coletores e vasos s a n g u í n e o s associados (o vaso reto). O
m é t o d o s analíticos mais i m p o r t a n t e s utilizados d u r a n t e a inves-
hilo central é o n d e os vasos s a n g u í n e o s , linfáticos e a pelve r e n a l
tigação d a insuficiência r e n a l são discutidos n o C a p í t u l o 21.
( c o n t e n d o o ureter) se u n e m ao r i m .
O g l o m é r u l o é f o r m a d o p o r u m a r e d e capilar especializada.
ANATOMIA
C a d a capilar se desenvolve e m a p r o x i m a d a m e n t e 4 0 alças glome-
O s rins, u m sistema de órgão p a r e a d o , estão localizados n a região rulares, m e d i n d o cerca de 2 0 0 p m e c o n s i s t i n d o e m u m a varie-
l o m b a r . Eles (1) f i l t r a m o sangue, (2) excretam os p r o d u t o s finais d a d e de tipos diferentes d e células a p o i a d a s e m u m a m e m b r a n a
d o m e t a b o l i s m o d o c o r p o e m f o r m a de urina, e (3) r e g u l a m as basal especializada (Figura 34-3). Elas são células endoteliais e
c o n c e n t r a ç õ e s de h i d r o g ê n i o , sódio, potássio, fosfato e o u t r o s epiteliais q u e a t u a m e m c o n j u n t o c o m a m e m b r a n a basal glome-
íons n o l í q u i d o extracelular. E m u m adulto, cada r i m m e d e cerca rular especializada para f o r m a r a barreira d e filtração glomerular.
d e 12 c m e pesa a p r o x i m a d a m e n t e 150 g em h o m e n s e 135 g e m O s capilares g l o m e r u l a r e s são a p o i a d o s p o r u m a r e d e d e células
m u l h e r e s . O r i m t e m a f o r m a característica d e u m feijão e p o r mesangiais e matriz mesangial q u e a t u a m c o m o tecido c o n j u n t i v o
ele passam vasos, n e r v o s e ureter (Figura 34-1). p a r a o a p a r a t o g l o m e r u l a r . A membrana hasal f o r m a a principal
barreira d e s c r i m i n a n t e d e t a m a n h o para a passagem d a p r o t e í n a
Néfron dentro do l ú m e n tubular.
A u n i d a d e f u n c i o n a l d o rirn é o n é f r o n . C a d a r i m p o d e c o n t e r A cápsula de B o w m a n f o r m a o início f i r m e m e n t e e n r o l a d o
até 1 m i l h ã o d e n é f r o n s . O n é f r o n consiste e m (1) glomérulo, d o t ú b u l o c o n t o r c i d o proximal (frars convaluta), q u e e m seu pro-
(2) t ú b u l o proximal, (3) alça d e H e n l e , (4) t ú b u l o distai e (5) gresso r u m o à m e d u l a r e n a l torna-se reto e é e n t ã o c h a m a d o de
pars recta. O t ú b u l o p r o x i m a l h u m a n o t e m a p r o x i m a d a m e n t e 15
m m d e c o m p r i m e n t o . E a p a r t e m e t a b ó l i c a mais ativa d o n é f r o n ,
Veia cava Inferior
f a c i l i t a n d o a reabsorção d e 6 0 % a 8 0 % d o v o l u m e f i l t r a d o glo-
m e r u l a r — i n c l u i n d o 7 0 % d a carga filtrada d e sódio e cloreto, a
m a i o r i a d o potássio, glicose, b i c a r b o n a t o , fosfato e s u l f a t o — e
s e c r e t a n d o 9 0 % d o íon d e h i d r o g ê n i o excretado p e l o r i m .
O pars recta escoa para d e n t r o d a f i n a alça d e s c e n d e n t e de
H e n l e que, d e p o i s de passar p o r u m a alça ein f o r m a de g r a m p o
de cabelo, p r i m e i r o se t r a n s f o r m a e m b r a ç o f i n o d e s c e n d e n t e e
d e p o i s e m alça grossa a s c e n d e n t e . N o f i n a l d o b r a ç o grosso ascen-
d e n t e , h á u m a g l o m e r a d o d e células c o n h e c i d a s c o m o macula
densa (Figura 34-3). O p a p e l p r i n c i p a l da alça de H e n l e é f o r n e c e r
a c a p a c i d a d e para gerar u m a u r i n a c o n c e n t r a d a , h i p e r t ô n i c a c o m
relação ao plasma.
As células que f o r m a m o t ú b u l o distai d o n é f r o n t ê m início
na mácula d e n s a e se e s t e n d e m até a p r i m e i r a f u s ã o c o m o u t r o s
t ú b u l o s p a r a f o r m a r os d u e t o s coletores. A reabsorção d e cloreto
de s ó d i o e d e alguns íons de potássio e h i d r o g ê n i o o c o r r e nesse
sítio.
O s d u e t o s coletores são f o r m a d o s p o r a p r o x i m a d a m e n t e seis
t ú b u l o s distais. Esses t ú b u l o s são s u c e s s i v a m e n t e ligados a o u t r o s
t ú b u l o s p a r a f o r m a r os d u e t o s d e Bellini q u e , e v e n t u a l m e n t e ,
e s c o a m p a r a o cálice renal.
Aparato Justaglomerular
E n q u a n t o a alça a s c e n d e n t e d e H e n l e passa m u i t o p e r t o da
cápsula d e B o w m a n d e seus p r ó p r i o s n é f r o n s , as células d o
t ú b u l o e d a arteriola aferente m o s t r a m especialização r egi onal
(Figura 34-3). O t ú b u l o f o r m a a m á c u l a d e n s a e as células arte-
riolares são cheias de g r â n u l o s ( c o n t e n d o r e n i n a ) e inervadas c o m
Figura 34-1 As relações vasculares e anatômicas dos rins h u m a n o s . fibras d o n e r v o simpático. Essa área é c h a m a d a d e a p a r a t o justa-
(De Leaf A, C o t r a n RS. Renal pathophysiology, 3rd ed. Oxford: O x f o r d g l o m e r u l a r OCA). O J G A d e s e m p e n h a u m papel i m p o r t a n t e n a
University Press, 1985. C o m permissão da Oxford University Press, Inc.) m a n u t e n ç ã o d a pressão s a n g u í n e a sistêmica, r e g u l a n d o o v o l u m e
Função Renal e Doença CAPÍTULO 3 4 649
Néfron cortical
aferente
Nléíron justamedular
Artéria iriter-
• lobular Túbulo proximal
Túbulo distai
Glomérulo
Dueto coletor —
Figura 3 4 - 2 R e p r e s e n t a ç ã o diagramática do n é f r o n , a u n i d a d e f u n c i o n a l d o r i m , i l u s t r a n d o os a r r a n j o s
a n a t ô m i c o e vascular (De Pitts RF. Physiology of t h e k i d n e y a n d b o d y fluids, 3rd ed. C h i c a g o : Year B o o k
M e d i c a i Publishers, 1974.)
Arteríola eferente
Arteríola aferente
Células Fibras do nervo simpático
mesangiais extra- Células granulares
Figura 34-3 O a p a r e l h o j u s t a g l o m e r u l a r . O início d o
glomerulares
cúbulo distai {isto é, o n d e a alça d e H e n l e r e t o r n a ao
córtex) fica b e m p r ó x i m o das arceríolas aferente e eferente,
Cápsula de Bowman
e as células t a n t o da arteríola aferente, q u a n t o d o t ú b u l o
m o s t r a m especialização. As células d a arteríola e f e r e n t e
são células granulares espessadas (justaglomerular) e
inervadas pelas fibras d o n e r v o simpático. As células
p o s s u e m f o r m a irregular e c o n t ê m f i l a m e n t o s de proteínas
contrateis. Células idênticas são e n c o n t r a d a s n o exterior
dos g l o m é r u l o s e são d e n o m i n a d a s células mesangiais
extraglomerulares.. ou células de G o o r m a g h t i g h . (De Lote
CJ. Principais of renal physiology, 4 t h ed. L o n d o n : Kluwer
A c a d e m i c Publishers, 2 0 0 0 , c o m p e r m i s s ã o d e Springer
Science and Business Media.)
650 PARTE V Fisiopatologia
Função Reguladora
A função reguladora dos rins t e m u m papel i m p o r t a n t e na home-
ostase. Os mecanismos de reabsorção diferencial e de secreção,
localizados n o t ú b u l o de u m n é f r o n , são os executores da regu-
lação. Os mecanismos o p e r a m sob u m sistema c o m p l e x o de
c o n t r o l e n o q u a l fatores h u m o r a i s , t a n t o externos q u a n t o inter-
nos, p a r t i c i p a m . F i g u r a 3 4 - 4 Mecanismo de multiplicação contracorrente:
representação esquemática do principal processo de transporte no
Homeostase de Eletrólito néfron. Na porção contorcida do túbulo proximal (1), sais e água sáo
O t ú b u l o c o n t o r c i d o p r o x i m a l está p r e d o m i n a n t e m e n t e preocu- reabsorvidos em altas taxas em proporções isotônicas. Reahsorção em
pado c o m a reabsorção (Figura '344). Nele, cerca de 7 5 % de grande quantidade da maioria do filtrado {65% a 70%) e reabsorção
cloreto de sódio e água do u l t r a f i l t r a d o são reabsorvidos, b e m quase completa de glicose, aminoácidos e bicarbonato acontecem nesse
c o m o a m a i o r parte do bicarbonato, fosfato, cálcio e potássio. A segmento. Na pars recta (2), ácidos orgânicos são secretados e há
reabsorção de água n o t ú b u l o c o n t o r c i d o p r o x i m a l é d e n o m i n a d a reabsorção contínua de cloreto de sódio. A alça de Henle contém crês
" o b r i g a t ó r i a " porque seu v o l u m e escá relacionado c o m a concen- segmentos: os braços finos descendente (3) e ascendente (4) e o braço
tração de solutos que estão r e t o r n a n d o ao sangue n a arteríola espesso ascendente (5). O fluido se torna hiperosmótico, por causa da
eferente. A q u a n t i d a d e de reabsorção de b i c a r b o n a t o está relacio- abstração de água, à medida que flui rumo à curva da alça; e
nada c o m a taxa de filtração glomerular (GFR) e c o m a taxa hiposmótíco, por causa da reabsorção de cloreto de sódio, à medida que
secretora de í o n de h i d r o g ê n i o . A q u a n t i d a d e de reabsorção de flui rumo ao túbulo convoluto distai (6). A reabsorcao de sódio ocorre
fosfato é controlada, e m parte, pela concentração de cálcio n o no túbulo convoluto distai e no rúbulo coletor cortical (7). Esse último
plasma e t a m b é m pelo efeito do h o r m ô n i o pararireóide nas células segmento é impermeável à água na ausência do ADH, e a reabsorção de
tubulares. N o r m a l m e n t e as substâncias de limiares altos — a sódio nesse segmento é aumentada pela aldosterona. O dueto coletor (8)
glicose e, e m grande parte, os aminoácidos — são reabsorvidas a q u i permite o equilíbrio da água com o interstício hiperosmótico quando o
p o r meio de sistemas específicos de transporte ativo intracelular. A D H escá presente. Para mais detalhes, ver texto. (De Burg MB. The
O acido ú r i c o pode ser reabsorvido o u secretado n o t ú b u l o con- nephron in ttansport of sodium, amino acids, and glucose. Hosp Fract
torcido p r o x i m a l p o r u m processo m e d i a d o p o r co-transporte. 1978;13:100- Adaptado de um desenho feito por A. Iselin.)
N a alça de H e n l e ascendente, 2 0 % a 2 5 % do f i l t r a d o de sódio
são reabsorvidos sem reabsorção c o n c o m i t a n t e de água. Esse
processo gera u r i n a d i l u í d a c o m osmolalidade de 100 a 150
m O s m / k g de água e ajuda a estabelecer o gradiente o s m ó t i c o
c o r t i c o m e d u l a r . A b i p e r t o n i c i d a d e resultante do interstício é
i m p o r t a n t e na patogênese das infecções renais p o r q u e o ambiente
h i p e r t ô n i c o interfere na função do leucócito. A subseqüente angiotensina e pela alta concentração de potássio n o plasma. A
reabsorção de água é regulada pelo A D H . E m b o r a a reabsorção secreção renal de r e n i n a é complexa, mas é pelo m e n o s parcial-
de Na + na alça de H e n l e seja complexa e e n t e n d i d a apenas par- m e n t e regulada pela perfusão renal e pela concentração de sódio
cialmente, p e l o menos u m mecanismo consiste e m u m a b o m b a n o plasma. T a n t o a perfusão inadequada q u a n t o a concentração
de C l " ativa c o m reabsorção subseqüente de Na + ao l o n g o de u m haixa de sódio n o plasma e s t i m u l a m a secreção de r e n i n a . A n i o n s
gradiente e l e t r o q u í m i c o . Esse mecanismo é aparentemente orgânicos, c o m o o acetoacetato e o Q-hidroxibutiraro, t a m b é m
i n i b i d o pelos poderosos diuréticos da alça. c o n s o m e m H + q u a n d o são parcialmente e l i m i n a d o s e m sua
O t ú b u l o distai é, f u n c i o n a l m e n t e , a região mais ativa d o f o r m a não-dissociada. Q u a n d o o H + deve ser conservado para
n é f r o n para a Tegulação homeostática dos eletrólitos do plasma m a n t e r o p H d o plasma, as células d o t ú b u l o d i s t a i reduzem a
e das concentrações plasmáticas de ácido-base. N e l e u m a combi- secreção de H + , reduzem a geração de N H / , r e d u z e m a troca de
nação de secreção e reabsorção acontece entre N a \ K ' e H + . N a * ' H + e a u m e n t a m a excreção de b i c a r b o n a t o . O efeito básico
E m b o r a o excesso de íons de h i d r o g ê n i o n o plasma seja secretado é a redução do b i c a r b o n a t o n o plasma e a restauração d o p H
em t o d o o t ú b u l o , é n o t ú b u l o distai que a troca de H + para Na* n o r m a l do plasma.
(que é reabsorvido) a f i n a a s i n t o n i a do e q u i l í b r i o entre perda e
retenção de H + ( C a p í t u l o 35). Os íons de potássio t a m b é m são Homeostase da Água
secretados n o t ú b u l o distai. A l d o s t e r o n a é u m potente m o d u l a - A p r o x i m a d a m e n t e 7 0 % do c o n t e ú d o de água d o l í q u i d o t u b u l a r
d o r da reabsorção Na* n o t ú b u l o distai, p a r t i c u l a r m e n t e q u a n d o é reabsorvido n o t ú b u l o p r o x i m a l , 5 % na alça de H e n l e , 10% n o
surge a necessidade de conservar o Na + . A p r o d u ç ã o de aldoste- t ú b u l o distai, e o restante nos duetos coletores. As m e m b r a n a s
r o n a no c ó r t e x supra-renal é estimulada pelo sistema renina- plasmáticas de todas as células de mamíferos são permeáveis à
652 PARTE V Fisiopatologia
Prostaglandinas e Tromboxanas
As prostaglandinas e as tromboxanas são sintetizadas d o ácido O Conceito de Clearance
a r a q u i d ó n i c o pelo sistema da enzima ciclooxigenase ( C a p i t u l o A m a i o r i a das informações clínico-laboratoriais usadas para avaliar
23). Esse sistema está presente em muitas partes dos rins. O a função renal é proveniente de o u está relacionada c o m a men-
m e t a b ó l i t o p r e d o m i n a n t e de sua atividade e n d o t e l i a l vascular é suração do clearance de alguma substância o u marcador dos rins.
a prostaciclina {FGI2). A p r o s t a g l a n d i n a E i (PGE 2 ) paíece ser o As mensutações da G F R p o d e m ser baseadas n o clearance plasmá-
p r i n c i p a l m e t a b ó l i t o das células mesangiais e tubulares. A produ- tico o u u r i n á r i o do marcador. O clearance r e n a l de u m a substância
ção e a atividade desses compostos b i o l o g i c a m e n t e ativos possuem é d e f i n i d o c o m o "o v o l u m e de plasma do qual a substância é
u m papel i m p o r t a n t e n a regulagem da ação fisiológica de outros c o m p l e t a m e n t e e l i m i n a d a dos rins p o r u n i d a d e de t e m p o " . Desde
h o r m ô n i o s n o tônus vasculaT renal, na c o n t r a t i b i l i d a d e mesan- que a substância (S) esteja (1) em concentração estável n o plasma;
gial e n o processamento t u b u l a r d o sal e da água. (2) fisiologicamente inerte: (3) livremente filtrada n o g l o m é r u l o ;
e (4) não esteja secretada, reabsorvida, sintetizada o u metabolizada
Renina pelo r i m , então a quantidade de substância filtrada n o g l o m é r u l o
A r e n i n a é p r o d u z i d a d e n t r o das células justaglomerulares depois será igual à q u a n t i d a d e excretada na u r i n a . A q u a n t i d a d e de S
d o processamento e da divisão da pró-renina, q u e é produzida f i l t r a d a n o g l o m é r u l o = G F R m u l t i p l i c a d a pela concentração de
n o fígado. A produção elevada de r e n i n a resulta na formação de plasma S: G F R x P s . A q u a n t i d a d e de S excretada é igual à con-
angiotensina I I n o fígado, que é u m poderoso vasoconstritor e centração de S na u r i n a (U s ) m u l t i p l i c a d a pela taxa do f l u x o uri-
t a m b é m u m i m p o r t a n t e e s t i m u l a n t e da liberação de aldosterona n á r i o (V, v o l u m e excretado p o r u n i d a d e de tempo).
da zona das células glomerulosas e das glândulas supra-renais. O
efeito básico é (1) vasoconstrição sistêmica, (2) vasoconstrição Já que S f i l t r a d a ~ S excretada, então
intra-renal e (3) liberação elevada de aldosterona. A aldosterona
c o n t r o l a o e q u i l í b r i o de sal e água nos rins. Seu efeito é predo- G F R * Ps = Us * V (1)
m i n a n t e m e n t e sobre a rede t u b u l a r distai, p r o d u z i n d o u m
a u m e n t o na reabsorção de s ó d i o na troca para potássio. GFR = (Us - V)/Ps (2)
Função Renal e Doença CAPÍTULO 34 653
De uso clínico incerto Clearance de creatinina Endógeno Requer coleta de urina em tempo determinado
Barato Impreciso
Uréia Endógeno Sensibilidade e especificidade ruins
Barato
Proteína ligante de Endógeno Influências não-renais sobre as taxas de produção
retinoi (RBP) Não secretado/reahsorvido
«rtnicroglotulina Endógeno Influências não-renais sobre as taxas de produção
Não secretado/reahsorvido Menos livremente filtrado que RBP
654 PARTE V Fisiopatologia
epiteliais, até u m gradiente de concentração. Seja qual for o plasmática, mas m u i t o recentemente vários grupos demonstra-
mecanismo, isso só desvaloriza ainda mais o uso do clearance de ram que a mensuração de cistatina C pode oferecei u m meio
creatinina. C o n t u d o , na m e l h o r das hipóteses o clearance de mais sensível e específico de m o n i t o r a r as mudanças na G F R do
creatinina apenas fornece u m índice b r u t o da G F R . que a creatinina plasmática.
GFR Estimada. A relação matemática entre creatinina plasmá- A cistatina C é u m a proteína de peso molecular baixo (12,8
tica e G F R é melhorada, corrigindo-se as variáveis que confun- kDa) sintetizada por todas as células nucleadas cujo papel fisio-
d e m e t o r n a m essa relação não-linear. H á mais de 25 fórmulas lógico é o de u m i n i b i d o r de protease à cisteína. N o que diz
diferentes que estimam a G F R usando creatinina plasmática cor- respeito à função renal, seus atributos mais importantes são
rigida para algumas o u para todas as variáveis de sexo, t a m a n h o tamanho pequeno e p o n t o isoelétrico alto ( p i = 9,2), p e r m i t i n d o
corporal, raça e idade. 4 Essas fórmulas p o d e m produzir uma que ela seja filtrada com mais liberdade no glomérulo d o que as
estimativa melhor da G F R d o que a creatinina sozinha. Por proteínas previamente mencionadas. As concentrações plasmáti-
exemplo, a N a t i o n a l Kidney F o u n d a t i o n dos Estados U n i d o s cas de cistatina C parecem não ser afetadas pela massa muscular,
recomenda que tais estimativas sejam usadas em vez de creatinina dieta o u sexo. N ã o havias extra-renais conhecidas de eliminação,
sérica, e que a f ó r m u l a abreviada "Modificação da Dieta na com o clearance da circulação apenas pela filtração glomerular.
Doença Renal" ( M D R D ) deve ser usada em adultos. 8 As fórmulas A l é m disso, a mensuração da cistatina C parece não ser afetada
de Schwartz e de Counahan-Barrat são recomendadas para uso pelas interferências ópticas que afetam os testes de creatinina.
em crianças. A f ó r m u l a M D R D foi desenvolvida em 1999, por Devido às suas múltiplas vantagens, a cistatina C é considerada
Levey e colaboradores 5 , entre 1.628 pacientes predominante- u m marcador superior para determinar a G F R Ela parece ser
mente de meia-idade inscritos n o estudo M D R D . A versão abre- especialmente ú t i l na tentativa de detectar piora de leve a mode-
viada desta f ó r m u l a a seguir, que foi amplamente adotada, foi rada na função renal.'
publicada u m ano depois.
'Todos Os «lloiH forãm arreAonilaAns para ou pura c número inteiro tnúú próximo
baixe
Função Renal e Doença CAPÍTULO 34 657
200 a 300 m g / L . A p r o t e i n ú r i a acima de 300 m g / d i a geralmente consenso geral que uma amostra de 24 horas é o meio d e f i n i t i v o
é patológica. C o n t u d o , há exceções para isso. ]á f o i observado de demonstrar a presença de proteína. C o n t u d o , t a m b é m são
que a proteinúria ocorre c o m o resultado de febre e exercício usadas coletas de amostras noturnas, do p r i m e i r o esvaziamento
(funcional) o u que está relacionada c o m a postura (ortostática). matinal, do segundo esvaziamento matinal, o u amostras aleató-
Essas mudanças esporádicas causam dificuldades interpretativas rias. Já que a excreção de creatinina na u r i n a é razoavelmente
quando se suspeita de alguma patologia. A posição ereta (em pé) constante durante u m período de 24 horas, a mensuração das
aumenta a excreção de proteína t a n t o e m pessoas normais, q u a n t o razões p r o t e í n a / c r e a t i n i n a (ou a l b u m i n a / c r e a t i n i n a ) permite cor-
naquelas com insuficiência renal. Se a excreção for postural, reção para as variações na concentração urinária. A t u a l m e n t e , a
desaparecendo em repouso e ausente pela manhã, o paciente prática de substituir a razão pToteína/creatinina por excreção
poderá ser bastante tranqüilizado. Nessas situações benignas, o total de proteína de 24 horas medida a partir de uma coleta de
grau de p r o t e i n ú r i a raramente excede 1.000 m g / d i a . Proteinúria 24 horas geralmente é aceita. U m a amostra da p r i m e i r a u r i n a
acima de 1.000 m g / d i a i m plic a p r o t e i n ú r i a glomerular. A protei- m a t i n a l é preferível, já que ela se correlaciona b e m c o m a excre-
n ú r i a glomerular pode ser a b u n d a n t e e u m a p r o t e i n ú r i a asso- ção de proteína de 24 horas e é necessária para excluir o diagnós-
ciada à elevação de proteínas de pesos moleculares alto e baixo tico de p r o t e i n ú r i a ortostática (postural). N o entanto, u m a
poderá ser observada. amostra r a n d ô m i c a de u r i n a é aceitável se não houver amostra
da p r i m e i r a u r i n a matinal disponível. Caso seja necessário, a
Conseqüências da Proteinúria excreção de proteína diária (em m g / 2 4 horas) pode ser aproxima-
É crescente a aceitação de que a p r o t e i n ú r i a não é apenas u m a damente estimada multiplicando-se a razão p r o t e í n a / c r e a t i n i n a
conseqüência da progressão da insuficiência renal, mas que eia {medida em m g / m m o l ) p o r u m fator de 10 já que, embora a
c o n t r i b u i diretamente para isso. O a c ú m u l o de proteínas em excreção diária de creatinina dependa da massa muscular, u m
quantidades anormais n o l ú m e n t u b u l a r pode provocar reação algarismo de 10 m m o l de creatinina por dia pode ser a d m i t i d o .
inflamatória, o que, por sua vez, pode c o n t r i b u i r para lesão U m pr ot oc olo adequado para investigação adicional de pacientes
estrutural intersticial, expansão e progressão da insuficiência c o m p r o t e i n ú r i a na triagem é apresentado na Figura 34-5.
renal. Evidências de estudos in vitro sugerem que a filtração glo-
merular de quantidades ou tipos anormais de proteínas causa Mensuração de Proteína Urinária
lesão às células mesangiais, levando à glomerulosclerose, e que H á m u i t o s métodos usados para a mensuração do total das pro-
essas mesmas proteínas t a m b é m possuem efeitos adversos sobre teínas urinárias. Discussões sobre os vários métodos são encon-
a função celular tubular proximal. V á r i o s estudos demonstraram tradas nos Capítulos 18 e 22.
que a p r o t e i n ú r i a é u m potente marcador de risco para a progres-
são da insuficiência renal t a n t o diabética quanto não-diabética. 2 FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA RENAL
A l é m disso, reduzir a excreção de proteína reduz o r i t m o de A despeito das diversas causas iniciais, a insuficiência renal que
progressão da insuficiência renal protemúrica. Isso f o i observado progride para E S R D é u m processo m u i t o m o n ó t o n o caracteri-
em estudos clínicos de pacientes tratados c o m inibidores da zado p o r acúmulo e depósito implacáveis de matriz extracelular,
enzima conversora de angiotensma ( A C E ) e com bloqueadores levando à fibrose generalizada do tecido. A p r o t e i n ú r i a é u m
dos receptores de angiotensina I I (ARBs), quer isoladamente ou determinante na progressão da insuficiência renal, embora os
em combinação. Essas drogas reduzem a excreção de proteína, mecanismos envolvidos em seu potencial papel para causar infla-
d i m i n u i n d o a pressão de filtração intraglomerular e, possivel- mação intersticial e cicatriz permaneçam desconhecidos. Evidên-
mente, estabilizando a atividade c o n t r á t i l das células epiteliais cias colhidas em estudos in vitro sugerem que a filtração de u m a
glomerulares. Conseqüentemente, a redução da p r o t e i n ú r i a é u m quantidade a n o r m a l o u de u m t i p o de proteína pelo glomérulo
alvo terapêutico i m p o r t a n t e . lesado pode causar lesão celular mesangial, levando à glomeru-
losclerose, e que essas mesmas proteínas t a m b é m possuem efeito
Considerações sobre Coleta de Amostras adverso sobre a função t u b u l a r p r o x i m a l . Os néfrons são perdi-
H á u m a extensa discussão na literatura sobre a amostra de urina dos via lesão tóxica, anóxica ou i m u n o l ó g i c a que, inicialmente,
apropriada para o uso investigarivo da excreção de proteína. E de pode prejudicar o glomérulo, o t ú b u l o ou ambos. A lesão glome-
M„ Müj5ti moíiciíltw
* O coe/i ciente de triagem glomemlar da molécula que t livremente filtrada é J,0
f
Concentração no filtrado glomerular.
^Nâü aplicável por cfluss da secreção tubular de jn o trinas (p. ex., THG, que forma 50% do total das proteinas urinárias em pessoa saudável)
658 PARTE V Fisiopatologia
Urina
inspecionada
ir
sim
Turva MSU para G&S
Tratar irfacçAo,
sa positivo
ndo
1f
Enviar urina para PCR
Enviar para possível
biópsia
i i
P C R > 30
mg/mmol J>
sim
nâo'
V
EMU
Enviar EMU para PCR PCR > 1 0 0
mg/mmol
programa de
tratamento PCR > 30
de CKD mg/mmol
náo
nao
Continua a rotina
de observação <
Figura 3 4 - 5 Protocolo sugerido para investigação adicional de uma fita reagente com resultado positivo
(traço ou acima) ou de um teste quantitativo de proteína. Os equipamentos para teste com fita reagente mostram
poucos resultados falso-negativos, mas muitos resultados falso-positívos. Portanto, os resultados positivos devem
ser confirmados com teste laboratorial em pelo menos duas ocasiões adicionais. Pacientes com dois ou mais
testes positivos (> 45 mg total p r o t e í n a / m m o l creatinina) em amostras macinais, uma a duas semanas depois,
devem sei diagnosticadas como portadoras de proteinúria persistente. {A possibilidade de proteinúria postural
deve ser excluída pelo exame da EMU.) CÊ?S, cultura e sensibilidade; CKD, doença crônica do rim; EMU,
primeira urina marinai; A/ISL/, urina do meio jato da micção; PCR, razão proteína/creatinina. 'Na ausência de
uma doença sistémica, como diabetes ou hipertensão, uma elevação limítrofe na excreção total de proteína (15 a
44 mg/mmol) sem hematúria ou elevação de creatinina plasmática, uma patologia renal primária grave é
improvável. Em um paciente diabético, graus inferiores de proteinúria podem ser significativos e demandam
investigação e tratamento apropriados (ver seção Triagem Urinária de Albumina e Microalbuminúria'). (O
algoritmo foi cortesia do Dr. R. Burden, Kiottingham City Hospital, Nottingham, Reino Unido.)
Modificado àe. National ^onnàaticm D o w n e n t Clinicai ptactíce gwdeiin&s for ckrunic dúecse: £-valuationt cltissificdXit37i, and jtrati/ícíitiori. KídiÍJisease Ontajme
Quality InitwXive. Am} Kidney Dis 2002,39:31-246.
=
660 PARTE V isiopatalogia
sensível às globulinas, proteína de Bence Jones, mucoproteínas e Estados U n i d o s , pela National Kidne^ Foundation-fCidne^ Disease
hemoglobina. Outcomes Quahty Initiative ( N K F K D O Q I ™ ) , t e n t a m avaliar, clas-
A presença de hemoglobina na u r i n a pode ser causa de sificar e estratificar a doença crônica do r i m ( C K D ) (Tabela 34-
doença (1) glomerular, (2) t u b u Io intersticial o u (3) pós-renal, 4).B O termo "renal" f o i amplamente substituído por " r i m "
embora as duas últimas causas sejam as mais comuns. A presença quando se refere à doença crônica por ser mais facilmente enten-
de sangue na urina é detectada c o m o uso de u m microscópio d i d o pelos pacientes e não-especialistas. A l é m disso, embora
de contraste de fase para determinar a presença de hemácias no "insuficiência renal aguda" permaneça como nomenclatura
sedimento da u r i n a o u c o m o uso de teste de f i t a reagente. A padrão, u m a literatura recente doa Estados U n i d o s classifica o
detecção química de hemoglobina na UTina depende da atividade t e i m o como "lesão aguda do r i m " (AK1).
da proteína peroxidase, empregando u m substrato da peroxidase A A R F é diagnosticada q u a n d o a função excretora dos rins
e u m aceitador de oxigênio. Para esse teste a almofada reagente declina em questão de horas o u dias. A A R F é uma condição
é impregnada com tetrametilbenzidina ( T M B ) tamponada e u m c o m u m que complica 5 % das admissões hospitalares. A incidên-
peróxido orgânica. O m é t o d o depende da detecção da atividade cia de A R F aumenta c o m a idade e co-morbidade. U m dos pro-
da peroxidase da hemoglobina, que catalisa a reação do hidrope- blemas na identificação da verdadeira incidência e do resultado
r ó x i d o de cumeno e da T M B . A mudança de cor varia de laranja da A R F é o espectro de definições em estudos publicados que
para verde-claro a escuro, e as células vermelhas ou hemoglobina varia de grave (requer diálise) a aumentos modestos nas concen-
livre são detectadas j u n t o com a mioglobina. Mais uma vez, a cor trações de creatinina no plasma U m estudo prospectivo do tra-
da almofada reagente deve ser comparada com uma tabela de tamento hospitalar inicial da A R F c o n f i r m o u que em quase 4 0 %
cores após exatamente 60 segundos. Duas almofadas reagentes dos casos a A R F era iatrogênica ou evitável. A R F intrínseca é
são empregadas para a concentração baixa de hemoglobina. Se originalmente causada por distúrbios (1) vasculares, (2) glomeru-
células vermelhas estiverem presentes, a almofada de concentra- lares ou (3) intersticiais. C o n t u d o , na maioria dos casos a lesão
ção baixa terá uma aparência manchada, c o m uma cor sólida n o r i m vista na histologia é referida como necrose tubular aguda
i n d i c a n d o células vermelhas hemolisadas. O teste é igualmente ( A T N ) . A A T N é causada por lesão isquêmica o u nefrotóxica ao
sensível à h e m o g l o b i n a e mioglobina. A presença de hemoglo- r i m . E m 5 0 % dos casos de A R F que requerem hospitalização, a
b i n a livre ou de cé lul as vermelhas na u r i n a indica a presença de causa é multifatorial. A A R F desenvolve-se rapidamente e, por-
insuficiência renal o u da bexiga. A hematúria está quase sempre tanto, suas seqüelas são, principalmente, uma conseqüência da
presente em várias doenças dos rins, i n c l u i n d o (1) nefrite glome- rapidez nos desequilíbrios de eletrólito, ácido-base e f l u i d o que
rular, (2) doença renal policística, (3) doença de célula falciforme, são quase sempre difíceis de controlar. O tratamento clínico da
(4) vasculite e (5) várias infecções. U m espectro de doenças uro- A R F deve considerar se o precipitante é pré-, intra- o u pós-renal.
lógicas também pode suscitar hematúria, i n c l u i n d o t u m o r na As causas mais comuns estão listadas na Tabela 34-5. E m b o r a a
bexiga, na próstata, pélvico o u uretral, pedras nos rins, trauma, patogênese seja inceTta, há u m padrão clínico b e m reconhecido,
lesão na bexiga e estenose ureteral. com anúria ou oligúria e anormalidades indicando disfunção
O exame microscópico do sedimento o b t i d o da centrifugação tubular (Figura 34-6). Se o paciente sobreviver, a recuperação
de u m a amostra de u r i n a fresca revelará a presença de algumas geralmente ocorrerá dentro de dias o u semanas após a remoção
células (eritrócitos, leucócitos e células derivadas do r i m e do do evento iniciador. A A R F não-cotriplicada tem uma taxa de
trato urinário), de cilindros (compostos predominantemente de mortalidade de 5 % a 10%, embora a A R F que complica a insu-
T H G ) e, possivelmente, de partículas pigmentadas o u de gordura. ficiência do sistema de u m órgão não-renal em cenário de U T I
U m aumento de hemácias o u de cilindros sugere hematúria, esteja associada a taxas de m o r t a l i d a d e que se aproximam de 5 0 %
possivelmente causada por doença glomerular. Leucócitos ou a 70%, apesar dos avanços n o tratamento c o m diálise. As pistas
cilindros sugerem a presença de leucócitos nos túbulos. Inflama- bioquímicas para o desenvolvimento da A R F i n c l u e m (1) aumento
ção do trato u r i n á r i o superior pode resultar em presença de rápido nas concentrações de creatinina e uréia e (2) desarranjos
polimorfonucleares e em vários tipos de cilindros; na inflamação metabólicos graves e de risco para a vida, particularmente hiper-
do trato u r i n á r i o inferior os cilindros não estarão presentes. Na calemia e acidose metabólica. T r a t a m e n t o de emergência é neces-
glomerulonefrite aguda, a hematúria pode levar à coloração da sário na tentativa de corrigir esses desarranjos e pode i n c l u i r
u r i n a e à presença de grande quantidade de hemácias e brancas; diálise. D u r a n t e a fase de recuperação, o papel do laboratório
à medida que a duração da doença aumenta, a quantidade de clínico na avaliação e monitoração da A R F é crucial para a análise
sedimento d i m i n u i . de distúrbio no eletrólito e no estado do f l u i d o . D u r a n t e o
Mensurações bioquímicas, especialmente da concentração de período de recuperação há u m a fase poliúrica inicial enquanto a
creatinina plasmática (Capítulo 21) e da G F R estimada, possuem função glomerular se recupera, antes que a função tubular se
u m papel i m p o r t a n t e na descoberta de ocorrência de lesão ao recupere. Novamente, problemas metabólicos graves p o d e m per-
r i m e na monitoração do progresso e do tratamento. Imagens sistir, causando lesão tubular, c o m o perda de potássio c de fosfato,
não-invasivas c o m o uso de ultra-sonografia são fundamentais além de acidose em progresso. Essa fase poliúrica retrocede após
para identificar o t a m a n h o e a forma dos rins e qualquer evidên- alguns dias ou semanas, mas requer m o n i t o r a m e n t o cuidadoso
cia de obstrução. N o entanto, biópsia percutânea do r i m em geral para possibilitar reposição adequada de f l u i d o e eletrólito.
é feita paia c o n f i r m a r o diagnóstico, orientar o tratamento e
obter informação sobre o prognóstico.
DOENÇAS RENAIS
Classificação da Insuficiência Renal: Aguda As doenças renais discutidas nesta seção i n c l u e m (1) síndrome
versus Crônica urêmica, (2) doença crónica do r i m ( C K D ) , (3) E S R D , (4) nefro-
A terminologia associada às doenças renais f o i revisada. A n t e r i o r - patia diabética, (5) nefropatia hipertensiva, (6) doenças glomeru-
mente, a insuficiência renal era dividida em insuficiência renal lares, (7) nefrite intersticial, (8) nefropatia tóxica, (9) uropatia
aguda ( A R F ) o u insuficiência renal crônica ( C R F ) . Esses t e r m o s obstrutiva, (10) doenças tubulares, (11) cálculo renal e (12) cisti-
i n d i c a m o r i t m o no qual essas lesões ocorrem em vez de o meca- núria. A l é m disso, esta seção t a m b é m i n c l u i discussões sobre (13)
nismo pelo qual eles ocorrem. As diretrizes desenvolvidas nos prostaglandinas e drogas antiinflamacórias não-esteróides
Função Renal e Doença CAPÍTULO 34 661
( N S A I D s ) na doença renal, (14) cadeias leves m o n o c l o n a i s e insuficiência dos rins para m a n t e r adequadas as funções excre-
doença r e n a l e (15) os mo l al i dade u r i n á r i a . tora, reguladora e e n d ó c r i n a . Essa s í n d r o m e é considerada a
manifestação clinica l e r m i n a l da insuficiência renal. Sabe-se que
Síndrome Urêmica pelo menos 90 compostos são retidos na u r e m i a (Tabela 34-6).
A síndrome urêmica é o g r u p o de sintomas, sinais físicos, e de M u i t o s outros solúveis ainda n ã o identificados possivelmente
achados a n o r m a i s e m estudos de diagnósticos que resultam da estão retidos e p o d e m exercer toxicidade.
Os sinais clássicos de u r e m i a (azotemia) i n c l u e m (1) fraqueza
progressiva e fadiga leve, (2) perda de apetite seguida p o r (3)
T A B E L A 3 4 - 5 | Causas da Insuficiência R e n a l A g u d a náusea e v ô m i t o , (4) perda muscular, (5) tremores, (6) f u n ç ã o
m e n t a l a n o r m a l , (7) respirações freqüentes, mas p o u c o p r o f u n -
Causa Agentes
das e (8) acidose metabólica. A s í n d r o m e u r ê m i c a evolui para
PRÉ-RENAL p r o d u z i r estupor, coma e, p o r f i m , m o r t e , a não ser que haja
Hipovolemia Trauma, queimaduras, cirurgia apoio c o m diálise o u transplante de r i m bem-sucedido. A com-
Volume plasmático efetivo Síndrome nefrótica, sepse, clnoque posição do plasma é a n o r m a l m e n t e instável e m resposta a fatores
diminuído c o m o (1) dieta, (2) estado de hidratação, (3) sangramento gas-
Produção cardíaca diminuída Insuficiência cardíaca congestiva, t r o i n t e s t i n a l , (4) v ô m i t o , (5) diarréia e (6) ingestão de drogas
embolismo pulmonar terapêuticas. E m relação aos estágios da doença renal d e f i n i d o s
Obstrução renovascular Aterosclerose, esíenose pela N K F K D O Q I 1 M , a insuficiência renal está presente e m u m a
Interferência com auto-regulação Inibidores daACE, ciclosporina G F R i n f e r i o r o u igual a 15 m L / m i n / m 2 (Estágio 5). Nessa G F R
renal
geralmente há sinais e sintomas de uremia, o u necessidade de
terapia de reposição renal (R R T).
RENAL
Os achados laboratoriais mais característicos são concentra-
Doença glomerular e dos pequenos Glomerulonefrite agressiva
ções aumentadas de compostos nitrogenados n o plasma, c o m o
vasos (p. ex., pré-eclâmpsia
n i t r o g ê n i o uréico e creatinina, resultantes de G E R reduzida e
pós-estreptccócica)
f u n ç ã o t u b u l a r d i m i n u í d a . A retenção desses compostos e ácidos
Nefrite intersticial Infecção, infiltração, drogas/toxinas
Lesões tubulares Pos-isquêmicas, nefrotexinas, metabólicos é seguida p o r progressiva (1) hiperfosfatemia, (2)
rabdomiólise, proteína de Bence hipocalcemia e p o r (3) h i p e r c a l e m i a p o t e n c i a l m e n t e perigosa.
Jones, tiipercalcemia E m b o r a a m a i o r i a dos pacientes eventualmente exiba acidemia,
a compensação respiratória p o r eliminação de d i ó x i d o de carbono
PÓS-RENAL é extremamente i m p o r t a n t e . A l é m disso, f u n ç ã o e n d ó c r i n a redu-
Obstrução do fluxo da bexiga Prostatísmo, bexiga neurogêníca zida é manifestada p o r síntese inadequada de E P O e calcitriol,
Obstrução uretérica Pedras, coágulos sanguíneos, c o m anemia e osteomalácia resultantes. A regulação desordenada
tumores radioterapia, fibrose da pressão sanguínea geralmente leva à hipertensão. A s caracte-
retroperitoneal
MICROVASCULAR I _ TUBULAR
Glomerular Medular
Vasoconstrição em resposta a:
endolelina, adenosína, angiotensina II, iromboxana
A2, leucotrienos, atividade do nervo simpático Catabolismo do citoesqueleto
Perda de polaridade
Apoptose e necrose
Mediadores
inflamatórios e Descamaçãc de células viáveis e
vasoativos necróticas
Vasodilatação em resposta a:
óxido níirico, PGE2, acetilcolina, bradiquinina
Obstrução tubular
Backleak (perda de líquidos através
da membrana tubular)
Dano estrutural das células do músculo liso
vascular e endotelial
Figura 3 4 - 6 Patog ênese da insuficiência renal aguda isquêmica. Insultos hipoxicos causam respostas
vasculares e lesão tubular. (De Bonventre JV, "Weinberg JM. Recent advances in the pathophysíology of ischemic
acute renal failure. J Am Soe Nephrol 2003;14:2199-210.)
662 PARTE V Fisiopatologia
Uréia Em concentrações muito altas (> 300 mg/dL) METABÓLITOS NITROGENADOS RETIDOS
pode causar dor de cabeça, vômito, fadiga e Uréia
facilidade Hipocalcemia
Moléculas intermediárias Pacientes em CAPD mostram menos sinais de Híperfosfatemia
(p. ex., peptídio Hiparmagnesemia
neuropatia que pacientes em hemodiálise
natriurético atrial, (muitas moléculas candidatas, mas nenhuma
cistina C, proteína preeminente) INTOLERÂNCIA AO CARBOIDRATO
indutora de sono delta, Resistência à insulina (hipoglicemia também pode ocorrer)
IL-6, TNF-a, PTH) Insulina plasmática normal ou aumentada
fo-microglobulina Agente causador em amilóide renal Resposta atrasada ao carregamento de carboidrato
Hiperglucagonemia
DPAC, diálise ambulatnrial j>eráonea! continua; IL-6, mterkucina ó; TNF-a; fator
de necrose tttmmai a!/a; FTH, komônio da paratireóide.
METABOLISMO LIPÍDICO ANORMAL
Hipertrigliceridemia
Redução do HDL-coiesterol
Hiperlipoproteínemia
C K D designados para u m a m e t a de pressão sanguínea " n o r m a l " e m mulheres. Já está claramente estabelecido que a anemia é
o u "baixa". Os dados d o resultado sugerem que a meta de pressão inevitável à m e d i d a que a C K D p r o g r i d e . Existem terapias dispo-
sanguínea baixa teve efeito benéfico nos pacientes c o m altos níveis para corrigir a a n e m i a e, p o r t a n t o , é imprescindível avaliar
níveis de p r o t e i n ú r i a . o paciente c o m C K D para anemia. A N K F K D O Q I ™ recomenda
A ingesta de proteína foi espontaneamente restrita a aproxima- que u m a G F R i n f e r i o r a 60 m L / m i n / 1 , 7 3 m" deve ser o valor
damente 0,6 a 0,8 g / k g / d i a pelos pacientes urêmicos que não para d e t e r m i n a r a presença o u ausência de anemia. A detecção
receberam prescrição de dieta. Para evitar a subalimentação, os é i m p o r t a n t e , pois o t r a t a m e n t o p o d e aliviar m u i t o s dos sintomas
pacientes receberam orientação dietética profissional c o m dietas da C K D e até reduzir o risco de L V H . A causa da a n e m i a na
c o n t e n d o u m a proporção aumentada de proteína de p r i m e i r a C K D é considerada m u l t i f a t o r i a l . O fator p r e d o m i n a n t e , entre-
classe e conteúdo calórico a u m e n t a d o em até 35 k c a l / k g / d i a . t a n t o , é a perda de fibroblastos peritubulares n o córtex Tenal que
M e d i d a s de saúde e m geral, i n c l u i n d o parar de fumar, f o r a m sintetiza a E P O . A não-produção de E P O leva a números reduzi-
incentivadas. As complicações da C K D que se desenvolveram antes dos de células e de concentrações c o n c o m i t a n t e s de hemoglo-
da R R T são numerosas e i n c l u e m doença cardiovascular, doença bina. Outras causas de a n e m i a i n c l u e m (1) deficiência absoluta
óssea e anemia. M i c r o a l b u m i n ú r i a e p r o t e i n ú r i a mostraram estar o u f u n c i o n a l de ferro, (2) deficiências de acido f ó l i c o e v i t a m i n a
associadas ao risco a u m e n t a d o de doença cardiovascular, mortali- B12 e (3) i n f l a m a ç ã o crônica. A sobrevida das hemácias t a m b é m
dade cardiovascular e m o r t a l i d a d e por todas as causas. pode ser reduzida. O t r a t a m e n t o c o m agentes estimulantes de
eritropoiese r e c o m b i n a n t e é r e c o m e n d a d o para corrigir a anemia.
Complicações Cardiovasculares da CKD O gene para E P O h u m a n a foi c l o n a d o e m 1985 e as formas
A incidência de doença cardiovascular é 7 a 10 vezes m a i o r e m recombinantes da E P O h u m a n a ( E P O h u m a n a r e c o m b i n a n t e
pacientes c o m C K D da mesma idade e sexo do que nos não- [ d i E P O ] , epoetina n u agentes estimulantes de e r i t r o p o i e t i n a )
C K D . Q u a n d o os pacientes desenvolvem a necessidade de R R T , f o r a m introduzidas na prática clínica pouco t e m p o depois. O
bá u m risca a p r o x i m a d a m e n t e 17 vezes m a i o r de m o r t e cardio- efeito colateral mais c o m u m é a hipertensão e, p o r t a n t o , a pressão
vascular ou de i n f a r t o do m i o c á r d i o não-fatal do que em i n d i v í ' sanguínea deve ser b e m c o n t r o l a d a antes da i n t r o d u ç ã o d o trata-
duos da mesma idade e sexo sem doença renal. O espectro da m e n t o . A m a i o r i a dos pacientes responde ao t r a t a m e n t o e a
doença cardiovascular estudado na C K D i n c l u i (1) angina, (2) não-resposta deve ser a m p l a m e n t e investigada para muitas causas
insuficiência cardíaca congestiva, (3) i n f a r t o do m i o c á r d i o , (4) em p o t e n c i a l ( Q u a d r o 34-2).
doença vascular periférica, (5) acidente vascular cerebral e (6)
ataque isquêmico transiente. A doença cardíaca estrutural, c o m o Avaliação do Ferro
h i p e r t r o f i a v e n t r i c u l a r esquerda ( L V H ) e doença cardíaca valvu- O t r a t a m e n t o da a n e m i a na C K D requer reservas adequadas de
lar, é m u i t o c o m u m . A t é 7 5 % dos pacientes que i n i c i a m diálise ferro. Por exemplo, em pacientes c o m C K D , u m a f e r r i t i n a plas-
possuem evidência ecocardiográfica de L V H . Os fatores de risco mática i n f e r i o r a 100 p g / L sugere deficiência dc ferro, e u m a
para doença cardiovascular na C K D são u m a m i s t u r a de fatores f e r r i t i n a plasmática de 200 p g / L e m associação a u m a saturação
tradicionais e específicos da C K D (Tabela 34-7). de transferrina ( T S A T ) i n f e r i o r a 2 0 % representa deficiência
" f u n c i o n a l " de ferro. Ferro paTenteral é o t r a t a m e n t o de escolha
Anemia para deficiências dc ferro absoluta e f u n c i o n a l , pois o ferro oral
A Organização M u n d i a l de Saúde d e f i n e a n e m i a c o m o a h e m o - t e m baixa eficiência na C K D .
g l o b i n a a menos de 13 g / d L e m h o m e n s e menos de 12 g / d L
350
Todas
300 T A B E L A 3 4 - 7 | Patores de Risco Tradicionais c Relacionados
c o m a C K D para D o e n ç a Cardiovascular
| 250 na C K D
É
Fatores de Risco
200 Fatores de Risco
• Tradicionais
•8. Diabetes para Doença Relacionados com a CKD
m
3
Q. 150 Cardiovascular para Doença Cardiovascular
OCL
Idade avançada Sobrecarga de fluido extracelular
a ioo Hiper+cnsft»
Sexo masculino Hipertrofia ventricular esquerda
ca
Raça branca Proteinúria
•" 50 G bmerulonoírtlc
Hipertensão Anemia
Colesterol LDL elevado Metabolismo cáicio-fósforo
0 ancrmal
1992 1994 1996 1998 200C Colesterol HDL diminuído Dislipidemia
Síndrome MIA
F i g u r a 3 4 - 7 Tendências em taxas de incidência da doença renal Diabetes mellitus Infecção
terminal (ESRD) por diagnóstico primário. Diabetes é a causa principal Tabagismo Fatores tromhogênicos
de ESRD em 42% a 47% dos pacientes em diálise nos Estados Unidos. Sedentarismo Estresse oxidativo
A incidência geral de ESRD aumentou em 5 0 % entre 1991 e 2000. (Do Menopausa Homocisteína elevada
United States Renal Data System [USRDS], Excertos do relatório de História familiar Toxinas urêmicas
dados anuais do USRDS; adas of ESRD in the United States. Am J
L D L , lipoprareíM de baixa densidade; H D L , Upa proteína de alia densidade; CKD
Kidney Dis 2003;41 (suppl 2):50, com permissão da National Kidney doença crônica dc rim; M I A , subalimentação, inflamação e aterosderose.
Foundation.)
664 PARTE V Fisiopatologia
Q U A D R O 3 4 - 2 | Causas de Nãa-resposta à Epoetina secundárias do diahetes, podem ser considerados para o trans-
plante simultâneo de pâncreas e r i m (SPR) (veja o Capítulo 22
Nível de ferro para discussão minuciosa sobre diabetes mellitus).
Perda oculta de sangue
Deficiência de vitamina B12 ou de lolato Nefropatia Hipertensiva
Infecção e inflamação A hipertensão perde apenas para o diabetes como diagnóstico
Diálise inadequada
primário da ESRD em pacientes que iniciam diálise nos Estados
Hiperparatireoidismo
Unidos. De 1990 a 2000 houve u m aumento de 3 2 % em hiper-
Toxicidade por alumínio
tensão como causa primária da ESRD. A incidência é mais alta
Adesão do paciente
em pessoas idosas e especialmente entre a população negra nos
Hipotireoidismo
Estados Unidos. A hipertensão quase sempre se desenvolve como
Atividade primária da doença
consequência da C K D por causa das alterações no metabolismo
Rejeição ao transplante
de sal e água e da ativação dos sistemas nervoso simpático e
Malignidade
Aplasia pura de hemácia
renina-angiotensina. A hipertensão é conhecida pOT agir como
uma força aceleradora no desenvolvimento da ESRD. C o m o
descrito anteriormente, o tratamento da hipertensão para valores-
alvo predefinidos de pressão sanguínea é essencial para prevenir
Disiipidemia na CKD a progressão para ESRD.
Várias dislipidemias estão associadas à C K D . O padrão da disli-
pidemia na C K D difere do padrão visto em não-CKD. Ele é Doenças Glomerulares
caracterizado por u m acúmulo de (1) partículas ricas em rriglice- Clinicamente, há várias síndromes distintas resultantes de lesão
rídeos parcialmente metabolizadas [predominantemente lipopm- glomerular. Entre as mais importantes estão (1) nefropatia por
teína de densidade m u i t o baixa ( V L D L ) e (2) vestígios de lipo- i m u n o g l o b u l i n a A (IgA), (2) g l o m é r u l o n e f r i t e rapidamente pro-
proteína de densidade intermediária (IDL)], principalmente gressiva (RPGN), (3) nefrite aguda, (4) glomerulopatias crônicas
devido à função anormal da lípase. Isso resulta em hipertríglice- e (5) síndrome nefrótica. As doenças sistêmicas que também
r i d emia e reduz as concentrações de lipoproteína de alta densi- afetam a fnnção glomerular incluem (1) lúpus eritematoso sistê-
dade ( H D L ) . Embora a concentração de colesterol total possa mico (SLE), (2) poliangiíte microscópica, (3) crioglobulinemia,
estar normal, quase sempre há u m perfil de subfração lipídica (4) infecções viiais, como as associadas às hepatites B e C e ao
altamente anormal com predominância de partículas densas, vírus da imunodeficiência humana ( H I V ) e (6) malignidade.
pequenas e aterogênicas de lipoproteína de baixa densidade A doença glomerular primária se apresenta, clinicamente,
(LDL). As concentrações de lipoproteína também estão aumen- c o m (1) anormalidades da urina, i n c l u i n d o proteinúria e hema-
tadas na C K D . túria, (2) hipertensão, (3) edema e, com freqüência, (4) função
excretora renal reduzida. Urináiise deve ser prescrita para pacien-
tes que apresentam hipertensão o u insuficiência renal o u sus-
Distúrbios no Metabolismo de Cáicio e Fósforo em
peita de doença renal. Cilindros urinários são identificados pOT
CKD
microscópio, e cilindros hemáticos são indicativos de sangra-
A C K D está associada a distúrbios complexos no metabolismo
mento glomerular e patologia glomerular. Os testes laboratoriais
de cálcio e fósforo. Embora esses distúrbios sejam comumente
realizados para investigar doença glomerular e distúrbios sistêmi-
chamados de osteodistrofia renal, houve uma importante mudança
cos incluem (1) medir a excreção de proteína urinária, (2) medir
n o que diz respeito à supervisão de cálcio, fosfato e h o r m ô n i o da
a concentração de creatinina plasmática, (3) estimar a GFR, (4)
paratireóide (PTH) em pacientes que estão recebendo diálise e
realizar testes de função hepática, (5) medir a concentração de
naqueles com C K D moderada a avançada (Capítulo 38 para mais
glicose, (6) exame de urina para proteína de Bence Jones e, se
detalhes). A l é m disso, diretrizes para o metabolismo ósseo e para
houver suspeita de mieloma, (7) realizar eletroforese de proteína
doença em C K D foram publicadas ( h t t p : / / w w w . k i d n e y . o r g / p r o -
sérica Teste sorológico para detectar presença de auto-anticorpos
fessional/kdoqi/guidelines_ b o n e / i n d e x . h t m ) .
para (1) antígenos antinucleares (ANAs), (2) D N A de filamento
duplo (ds-DNA), antígenos nucleares extraíveis (ENAs) e (4) anti-
Nefropatia Diabética corpo anticitoplasma de neutrófilo ( A N C A ) é realizado se houver
Nefropatia diabética é u m diagnóstico clinico baseado na desco- suspeita de SLE ou vasculite sistêmica. Anticorpos antimem-
berta de proteinúria em pacientes com diabetes. Nefropatia mani- brana basal glomerular (anti-GBM) podem ser detectados em
festa é caracterizada por excreção de proteína superior a 0,5 g / casos raros de doença renal limitada a anti-GBM (doença de
dia. Isso é equivalente a uma excreção de albumina em torno de Goodpasture) e síndromes renais pulmonares (síndrome de Goo-
300 mg/dia. E preferível avaliar a proteinúria como albuminúria dpasture). Os componentes do sistema complemento às vezes são
porque esta é u m marcador mais sensível para C K D em virtude afetados (p. ex., concentrações reduzidas de C3 e C4) em várias
do diabetes. H á u m consenso na designação de albumina como condições, incluindo SLE, infecção por crioglobulinemia e glo-
o "critério-padrão" na avaliação do dano ao r i m relacionado com merulonefrite mesangiocapilar (também chamada de membrano-
o diabetes. Os pacientes com uma taxa de excreção urinária de proliferativa). Culturas sanguíneas são empregadas paTa exame
albumina entre 30 e 300 m g / d i a têm m i c r o a l b u m i n ú r i a (Capi- bacteriológico na suspeita de infecção.
tulo 18). A nefropatia diabética é a causa mais c o m u m de ESRD
nos Estados U n i d o s e responde por aproximadamente 4 0 % dos Nefropatia IgA
pacientes em programas de RRT. Mais de 100.000 pessoas rece- A nefropatia IgA é o tipo mais c o m u m de glomeTulonefrite em
bendo diálise nos Estados U n i d o s têm o diabetes como causa de todo o m u n d o . A doença tende a ser lentamente progressiva. Por
sua ESRD. Entre os pacientes que precisam de diálise, aqueles exemplo, em 20 anos 3 0 % a 4 0 % dos pacientes irão desenvolver
c o m diabetes têm mortalidade 22% mais alta em u m ano e 15% ESRD dependendo (como na maioria das doenças renais) do
mais alta em cinco anos do que os pacientes sem diabetes. Pacien- grau de proteinúria e da G F R na ocasião do diagnóstico, e do
tes com diabetes tipo 1 e C K D em estágio 5, com complicações grau da fibrose intersticial na biópsia. Os achados da biópsia são
Função Renal e Doença CAPÍTULO 3 4 665
sobre a retenção de água. Classes diferentes de diuréticos a t u a m sempre considerada c o m o uma doença n u t r i c i o n a l o u a m b i e n t a l ,
em diferentes sítios ao longo do n é f r o n . As classes i n c l u e m diu- ligada à afluência, mas anormalidades genéticas o u anatômicas
réticos de alça, tiazidas e "poupadores de potássio". M u i t o s diu- t a m b é m são significativas. Calcula-se que a p r o x i m a d a m e n t e 5%
réticos irão causar hipocalemia até certo grau, d e p e n d e n d o da a 10% da população do m u n d o o c i d e n t a l t e n h a m f o r m a d o pelo
potência, da dose, da duração do t r a t a m e n t o e do e q u i l í b r i o de menos u m a pedra no r i m aos 70 anos de idade, e a prevalência
potássio subjacente do paciente. de pedras nos rins pode estar a u m e n t a n d o . T a n t o em h o m e n s
q u a n t o e m mulheres, a idade m é d i a para a p r i m e i r a formação de
pedra n o r i m está d i m i n u i n d o . Para a m a i o r i a dos tipos de pedra
Diabetes Insipidus há u m a p r e p o n d e r â n c i a para o sexo m a s c u l i n o . A passagem de
O diabetes insipidus ( D I ) é u m d i s t ú r b i o no q u a l há a u m e n t o u m a pedra provoca u m a d o r aguda chamada cólica, que pode
a n o r m a l na produção de urina, ingesta de l í q u i d o e, com freqü- d u r a r de 15 m i n u t o s a várias horas e c o m u m e n r e está associada
ência, sede. O D l se deve à ausência de u m efeito n o A D H , a náusea e v ô m i t o .
causada por insuficiência ou fracasso na secreção ( D I craniano o u A m a i o r i a das pedras nos rins encontradas n o m u n d o oci-
central) o u p o r f"alta de resposta de órgão-final ao A D H ( D I nefro- d e n t a l é composta p o r u m a o u mais das seguintes substâncias:
gênico). U m d i s t ú r b i o adicional, polidipsia psicogênica o u inges- (1) oxalato de cálcio c o m ou sem fosfato (freqüência 67%); (2)
tão compulsiva de água apresentam-se c o m o diabetes imífüdus. fosfato de a m ó n i o de magnésio (12%); (3) fosfato de cálcio (8%);
(4) urato (8%); (5) cistina ( 1 % a 2 % ) e (6) c o m p l e x o da m i s t u r a
Cálculo Renal acima ( 2 % a 3 % ) . Essas substâncias pobres em s o l u b i l i d a d e cris-
N e f r o l i t í a s e é u m a condição marcada pela presença de cálculos talizam d e n t r o de u m a matriz orgânica, mas a natureza desse
renais. Tais cálculos ("pedras nos Tins") o c o r r e m em (1) pelve processo não é b e m compreendida. 1 0 As pedras nos rins são tra-
renal, (2) ureter e (3) bexiga. A formação de pedra n o r i m é quase tadas por l i t o t r i p s i a , que envolve esmagar o cálculo d e n t r o d o
Função Renal e Doença CAPÍTULO 34 667
d o m í n i o variável se acumulam nas células tubulares proximais e TABELA 3 4 - 9 Suporte Laboratorial para Terapia de
os aspectos clínicos incluem R T A e perda de fosfato. Reposição Renal
Complicações Testes Laboratoriais
Osmolalidade Urinária
A concentração urinária é quantificada por mensuração da gra- AGUDA
vidade específica o u por mensuração da osmolalidade urinária. Desequilíbrio na diálise Eletrólitos plasmáticos
Para a maioria dos propósitos clínicos, medir a gravidade especí- Pirexia Proteína C-reativa
Sangramento Fatores de coagulação
fica provavelmente é suficiente, mas a mensuração da osmolali-
dade urinária á crítica para o diagnóstico e para o diagnóstico
CRÔNICA
diferencial do D I usando o teste de privação de água.
Anemia Hemoglobina, ferritina
A osmolalidade urinária de indivíduos normais pode variar Septicemla/peritonite Proteína C-reativa
enormemente, dependendo do estado da hidratação. Após cultura e sensibilidade
ingesta excessiva de líquidos, por exemplo, a concentração osmó- Desnutrição Albumina, pré-aibumina
tica pode chegar a 50 m O s m / k g H 2 0 . E m indivíduos c o m res- Doença cardiovascular Perfis lipidicos
trição severa de ingestão de líquido, concentrações de até 1.400 Amiloidose (3j-microglobulina sérica
m O s m / k g H 2 0 são normalmente observadas. Indivíduos com Osteodistrofia Ca5*, P0r 3 , íoslatase alcalina óssea,
média ingesta de líquidos, concentrações de 300 a 900 m O s m / k g PTH intacto, alumínio
Diálise HemodiafUtraçâo
Diálise é o processo de separai macromoléculas de íons e de
H F D é u m método de diálise que combina H D e hemofiltiação
compostos de peso molecular baixo em solução pela diferença (HF). Ele oferece as vantagens tanto de H D quanto de H F em
em suas taxas de difusão através de u m a membrana semiperme- uma única terapia. A troca de f l u i d o , previamente fornecida em
ável. Os cristalóides passam rapidamente por essa membrana,
bolsas herméticas agora é gerada "online", a partir de u m concen-
mas os colóides passam m u i t o lentamente ou não passam de
trado de bicarbonato, e usa de 20 a 30 L de água por sessão. O
forma alguma. Dois processos físicos diferentes estão envolvidos: resultado é que a H D F fornece u m aumento de 10% a 15% no
difusão e convecção. Os procedimentos de diálise incluem hemo-
clearance de uréia em comparação com a H D e também ocorre
diálise ( H D ) , hemodiafiltração ( H D F ) e diálise perítoneal (PD).
aumento n o clearance de células intermediárias.
Ar comprimido
Fístula
arte ri ove nos a
hemodiálise I
soras possuem numerosos efeitos colaterais potencialmente
1000
graves. P o r t a n t o , o t r a t a m e n t o terapêutico c o m droga e o m o n i -
t o r a m e n t o são necessários, ( C a p í t u l o 30).
soo
Cl
E
-5 600"
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Fisiologia e Distúrbios da
Água, Eletrólito e
Metabolismo Ácido-base*
J. Stacey Klutts, M.D., Ph.D., e Mitchell G. Scott, Ph.D.
A
de d i ó x i d o de c a r b o n o , elevando o p C O z e d i m i n u i n d o o
p H ; n o r m a l m e n t e causada p o r enfisema o u hipoventilação. adaptação dos mamíferos à vida terrestre envolveu o desen-
A l c a l e m i a : p H sanguíneo a r t e r i a l > 7,45. v o l v i m e n t o de sistemas fisiológicos complexos para m a n t e r
Alcalose M e t a b ó l i c a : Processo p a t o l ó g i c o que leva ao a c ú m u l o a composição de seus ambientes internos, i n c l u i n d o u m a
de base, elevando a concentração de b i c a r b o n a t o e variedade de tampões q u í m i c o s e de mecanismos p u l m o n a r e s e
a u m e n t a n d o o p H ; t a m b é m c o n h e c i d a c o m o excesso renais altamente especializados, que t r a b a l h a m j u n t o s para regular
p r i m á r i o de b i c a r b o n a t o . água, eletrólitos e p H entre os c o m p a r t i m e n t o s i n t r a e extracelu-
Alcalose R e s p i r a t ó r i a : Processo patológico que leva à lares. A s perturbações que existem n o e q u i l í b r i o d i n â m i c o existem
e lim inaç ão excessiva de d i ó x i d o de c a r b o n o , d i m i n u i n d o o para água, eletrólitos e p H p o d e m ser provenientes de fontes
p C O ? e a u m e n t a n d o o p H ; causada p o r hiperventilação. externas (p. ex., trauma, mudanças de altitude, ingestão de subs-
D i s t ú r b i o M i s t o Ácido-base: O c o r r ê n c i a de mais de u m tâncias tóxicas) o u internas (p. ex., estados m ó r b i d o s e metabo-
d i s t ú r b i o ácido-base s i m u l t a n e a m e n t e ; o p H sanguíneo lismo n o r m a l ) . A correção desses desequilíbrios pelos tampões e
p o d e estar baixo, alto o u d e n t r o d o i n t e r v a l o de referência. pelos mecanismos compensatórios p u l m o n a r e renal p o d e n e m
Equação de H e n d e r s o n - H a s s e l b a l c h : Equação que d e f i n e a sempre ser adequada; nesse caso, o l a b o r a t ó r i o clínico p o d e for-
relação entre p H , b i c a r b o n a t o e a pressão parcial do gás necer i n f o r m a ç ã o valiosa para orientação terapêutica.
d i ó x i d o de c a r b o n o dissolvido.
E q u i l í b r i o Ácido-base: M a n u t e n ç ã o homeostásica de ácidos e
bases d e n t r o do c o r p o para obter u m p H fisiológico ÁGUA CORPORAL TOTAL - VOLUME E
( a p r o x i m a d a m e n t e 7,40). DISTRIBUIÇÃO
F l u i d o E x t r a c e l u l a r ( E C F ) : T e r m o genérico para todos os A p r o x i m a d a m e n t e dois terços da águá c o r p o r a l total ( T B W ) estão
f l u i d o s corporais fora das células, i n c l u i n d o o f l u i d o d i s t r i b u í d o s d e n t r o do c o m p a r t i m e n t o de f l u i d o i n t r a c e l u l a r
( I C F ) . O s c o m p a r t i m e n t o s do I C F e d o E C F são fisicamente
separados pela m e m b r a n a plasmática celular. O E C F p o d e ser
Os autores agradecem e r e c o n h e c e m as c o n t r i b u i ç õ e s prévias s u b d i v i d i d o , a d i c i o n a l m e n t e , e m c o m p a r t i m e n t o s de f l u i d o
de N o r b e r t W . Tietz, E l i z a b e t h L. P r u d e n , O l e Siggaard-Ander- intersticial ( a p r o x i m a d a m e n t e três quartos d o c o m p a r t i m e n t o d o
sen e J o n a t h a n W . H e u s e l , nas quais se baseiam partes deste E C F ) e intravascular ( a p r o x i m a d a m e n t e u m q u a r t o do c o m p a r t i -
capítulo. m e n t o do E C F ) estando separados, pelo e n d o t é l í o capilar. D e n t r o
672 PARTE V Fisiopatologia
TABELA 35-1 Manifestações Clínicas e Causas das Mudanças no V o l u m e do Fluido Extracelular (ECF)
Manifestações Clínicas Causas
Perda de ECF Sede, anorexia, náusea, distúrbio mental, hipotensão Trauma (e outras causas de perda sanguínea aguda), "terceiro-espaço"
ortostática, sincope, taquicardia, oligúria, turgor da pele do fluida (p. ex., queimaduras, pancreatite, peritonite), vômito, diarreia,
diminuído, "olhos fundos", choque, coma, morte diuréticos, doença renal ou adrenal (isto é, perda de sódio)
Ganho de ECF Ganho de peso, edema, dispnéia {causada por edema Insuficiência cardíaca, cirrose hepática, síndrome nefrótica, iatrogênica
pulmonar), taquicardia, distensão jugular venosa, hipertensão (sobrecarga de fluido intravenoso)
porta, varizes esofágicas
TABELA 35-2 C o m p o s i ç ã o de Água e Eletrólito dos n ú m e r o total de íons positivos ( i n c l u i n d o H + ) deve ser igual ao
C o m p a r t i m e n t o s de Fluido Corporal* n ú m e r o de íons negativos para sua neutralidade elétrica.
FLUIDO
Componente Plasma Intersticial IntracbJulyr1
Compartimentos Intra e Extracelular
O c o m p a r t i m e n t o do E C F é c o m p o s t o p o r f l u i d o intersticial e
Volume, H;Q -3,5 L 10,5 L 28 L plasma.
Na+ 142 145 12
K+ ~4 ~4 156 Plasma
CaI+ ~6 2-3 -3 O plasma, p r i n c i p a l interesse na discussão sobre água e eletróli-
Mg fc ~2 1-2 26
tos, geralmente c o n s t i t u i a p r o x i m a d a m e n t e 5 % do v o l u m e cor-
Elementos traçadores ~1
p o r a l ( ~ 3 , 5 L para u m i n d i v í d u o de 66 kg). A composição ele-
Cátions totais 155
trolítica d o plasma venoso é resumida na Tahela 35-2. A concen-
cr 103 114 ~4
tração de massa da água n o plasma n o r m a l é de a p r o x i m a d a m e n t e
HCOj 27 31 12
0,933 k g / L , d e p e n d e n d o do c o n t e ú d o de p r o t e í n a e de l i p í d i o
Proteína" 16 — 55
Ácidos orgânicos ~5 — —
( C a p i t u l o 24). Assim, u m a concentração de sódio n o plasma, de
Hpor ~2 140 m m o l / L corresponderia a u m a m o l a l i d a d e de sódio na água
sor ~1 plasmática de 150 m m o l / k g H ^ O (140 m m o l / L d i v i d i d o p o r
Ânions lotais 154 0,933 k g / L ) . A concentração absoluta de íons de proteína n o
plasma é ~ 1 2 m m o l / L , c o m a carga provocada, p r i n c i p a l m e n t e ,
ãgiui corpoml total = 42 L.
pela a l b u m i n a .
* Todas os valores de e letra íi tos estão expressos em da fluido. Como o conteúdo
inRq/L
de HjO da plãsma é - 90% por volume, as concentrações con-cifpondentc.í de eletrólicoi
na água phíSTtwtica são - 10% mais nlwí. Obíerfe que ã concentração molílT das íons Fluido Intersticial
diwletites é a metade do valor expresso. O f l u i d o intersticial é essencialmente u m u l t r a f i l t r a d o do plasma
1
Essej ucíIotés ião de.rwãdos do mtiscwío esquelético - sanguíneo. Q u a n d o todos os espaços extracelulares, exceto o
plasma, estão incluídos, o v o l u m e é responsável por aproximada-
m e n t e 2 6 % ( - 1 0 , 5 L) da água c o r p o r a l total. O plasma é sepa-
rado do f l u i d o intersticial pelo e n d o t é l i o capilar, que atua c o m o
u m a m e m b r a n a semi-impermeável e p e r m i t e a passagem de água
e solutos difusíveis, mas não dos compostos de massa molecular
d o c o m p a r t i m e n t o intravascular (sangue total), o píasmíij a fração grande c o m o as proteínas. Todavia, essa " i m p e r m e a b i l i d a d e " não
d o l í q u i d o , c o n s t i t u i ~3,5 L para o a d u l t o que possua u m hema- é absoluta, c o m o d e m o n s t r a d o pela concentração (embora baixa)
t ó c r i t o de ~ 4 0 % e u m v o l u m e sanguíneo de 5 L, variável de proteína nos f l u i d o s intersticiais. E m condições pato-
A atividade, as condições ambientais e a doença, todos possuem lógicas q u e causem " c h o q u e " , c o m o sepse bacteriana, a permea-
efeitos dramáticos sobre as necessidades de água (e de eletrólitos). b i l i d a d e d o e n d o t é l i o vascular a u m e n t a d r a m a t i c a m e n t e , resul-
C o n t u d o , em média, u m a d u l t o deve ingerir 1,0 a 1,5 L de água t a n d o em vazamento de a l b u m i n a , redução n o v o l u m e circulante
p o r dia para m a n t e r o e q u i l í b r i o do f l u i d o . C o m o os mecanismos efetivo e hipotensão.
regulatúrios p r i m á r i o s são designados para m a n t e r p r i m e i r o o
status de hidratação intracelular, desequilíbrios não-corrigidos na Fluido Intracelular
T B W são inicialmente refletidos n o c o m p a r t i m e n t o do ECF. A A composição exata do I C F é extremamente d i f í c i l de m e d i r
Tabela 35-1 lista as causas comuns e as manifestações clínicas do devido à i n d i s p o n i b i l i d a d e relativa de células livres de c o n t a m i n a -
a u m e n t o e da d i m i n u i ç ã o do c o m p a r t i m e n t o d o ECF. ção. E m b o r a as hemácias sejam facilmente acessíveis, é incorreto
As concentrações de eletrólitos dos c o m p a r t i m e n t o s de f l u i d o fazer generalizações c o m base na composição destas células alta-
c o r p o r a l são mostradas na Tabela 35-2. N a ' , K + , Cl~ e HCO~3 n o m e n t e especializadas. Logo, os dados sobre a composição celular
plasma o u n o soro são c o m u m e n t e analisados em u m perfil eletro- (Tabela 35-2) são considerados apenas c o m o aproximações. O
lítico p o r q u e suas concentrações f o r n e c e m a i n f o r m a ç ã o mais rele- v o l u m e d o I C F c o n s t i t u i ~ 6 6 % d o v o l u m e c o r p o r a l total.
vante sobre as medidas osmótica, de hidratação e do p H do c o r p o .
E m b o r a o í o n de h i d r o g ê n i o (H + ) seja q u i m i c a m e n t e u m cátion, Razões para as Diferenças na Composição
sua concentração é a p r o x i m a d a m e n t e 1 m i l h ã o de vezes i n f e r i o r dos Fluidos Corporais
n o plasma que os principais eletrólitos listados na Tabela 35-2 e, O exame da Tabela 35-2 revela que as composições dos eletrólitos
p o r t a n t o , é insignificante em termos de atividade osmótica. O d o plasma sanguíneo e d o f l u i d o intersticial (ambos ECFs) são
Fisiologia e Distúrbios da Água, Eletrólito e Metabolismo Ácido-Base CAPÍTULO 35 673
similares, mas suas composições diferem m u i t o daquela do ICF. tores são sensíveis à osmolalidade circulante que é, principal-
Essas diferenças em composição são, principalmente, uma con- mente, uma reflexão da concentração de Na'. 1 0 Q u a n d o o volume
seqüência do transporte passivo e ativo de íons. sanguíneo está d i m i n u í d o ou quando a osmolalidade plasmática
está aumentada, o A D H é secretado, a permeabilidade tubular à
Distribuição de íons pelo Transporte H 2 0 aumenta, e a H 2 0 é reabsorvida na tentativa de restaurar
Passivo e Ativo o volume sanguíneo ou d i m i n u i r a osmolalidade. E m contraste,
Os principais íons extracelu lares são Na + , C L e H C O ~ 3 , embora quando o volume de sangue aumenta ou a osmolaridade d i m i n u i ,
no I C F os principais íons sejam K \ Mg 2 ", fosfatos orgânicos e a secreção de A D H é i n i b i d a e mais H2O é excretada na u r i n a
proteína. Essa distribuição desigual de íons é o resultado de u m (diurese)
transporte ativo de Na + de d e n t r o para fora da célula contra u m O ú n i c o outro mecanismo do corpo para restaurar a home-
gradiente eletroquímico Esse processo requer energia fornecida ostase de N a + / H 2 0 é a ingestão de H ? 0 . A sede é estimulada
por processos metabólicos na célula (p. ex., glicólise). U m a b o m b a pelo volume sanguíneo d i m i n u í d o ou pela condição hiperosmó-
de sódio ativa que extrai sua energia do trifosfato de adenosina tica. E i m p o r t a n t e lembrar que os receptores que i n f l u e n c i a m o
(ATP) está presente na maioria das membranas celulares, fre- controle renal de Na + , de H 2 0 e da sede sentem as mudanças
qüentemente acoplada ao transporte de K + dentro da célula. 5 apenas no v o l u m e sanguíneo intravascular, e não no ECF total.
A l é m de Na + /K + -ATPase, também existe u m trocador Na + -H H A l é m disso, a avaliação laboratorial dos distúrbios dos eletrólitos
(quase sempre mencionado c o m o u m antiportador) que ativa- e da água é realizada, principalmente, a partir do volume sanguí-
mente bombeia H para fora do I C F na troca por Na*. Esse neo (plasma). C o m o discutido nas seções subsequentes, o médico
trocador é crucial para manter a homeostase do p H intracelular deve avaliar as condições da T B W e o volume sanguíneo antes
e o v o l u m e em muitos tipos de células. O papel desse trocador de interpretar os valores laboratoriais no diagnóstico dos distúr-
tem importância relevante para a regulação do equilíbrio ácido- bios de eletrólitos e água. Os achados físicos e as manifestações
base nas células tubulares renais, como será discutido posterior- clínicas desses distúrbios são tão importantes quanto os valores
mente neste capítulo. laboratoriais (Tabela 35-1).
ELETRÓLITOS Hiponatremía
Homeostase e distúrbios de Na", IO, C L e H O C - ^ serão cnnsi de- A h i p o n a t r e m í a é definida c o m o uma concentração plasmática
rados separadamente. de Na* d i m i n u í d a (< 136 m m o l / L ) . Sua manifestação clínica
típica é náusea, fraqueza generalizada e confusão mental em
Sódio valores inferiores a 120 m m o l / L e incapacidade mental grave
Distúrbios na homeostase do Na* p o d e m ocorrer devido ao entre 90 e 105 m m o l / L . 8 Os sintomas do sistema nervoso central
excesso de perda, ganho ou retenção de Na 1 ou por causa do (CNS) são principalmente causados pelo m o v i m e n t o de H z O
excesso de perda, ganho ou retenção de H2O. E difícil separar dentro das células para manter o equilíbrio osmótico, provo-
distúrbios de Na + e equilíbrio de H 2 0 por causa de sua estreita cando assim o inchaço das células do C N S . A rapidez do desen-
relação n o estabelecimento da osmolalidade n o r m a l em todos os v o l v i m e n t o da h i p o n a t r e m í a i n f l u e n c i a as concentrações de Na +
compartimentos de água corporal. C o m o descrito em detalhes nas quais os sintomas se desenvolvem (isto é, os sintomas clini-
no C a p í t u l o 34, o p r i n c i p a l órgão para regulação da água corpo- camente aparentes p o d e m se manifestar em concentrações mais
ral e N a ' extracelular é o r i m . N o entanto, como uma breve altas de Na* [~125 m m o l / L ] , quando a hiponarremia se desen-
introdução para esta seção, é i m p o r t a n t e lembrar ao leitor as volve rapidamente). 6
funções de u m r i m saudável. Nos túbulos proximais, 6 0 % a 7 0 % A hiponatremía pode ocorrer em cenários de plasma hipos-
do Na 4 filtrado são ativamente reabsorvidos, c o m H z O e C L , mótico, hiperosmótico ou isosmótico; portanto, a mensuração da
seguindo passivamente para manter a neutralidade elétrica e a osmolalidade plasmática é u m passo inicial e i m p o r t a n t e na ava-
equivalência osmótica Na alça de Henle descendente, H z O , mas liação da hiponatremía. Destes cenários, o mais c o m u m é a hipo-
não eletrólitos, é passivamente reabsorvida devido à alta força natremía hiposmótica, já que o Na + é o principal determinante
osmótica do f l u i d o intersticial no ambiente especializado da da osmolalidade do plasma. A Figura 35-1 descreve u m algoritmo
medula renal. Na alça de H e n l e ascendente, o C l " é ativamente para mensurações laboratoriais e descobertas de exames físicos no
reabsorvido, acompanhado d o Na*. N o nível do túbulo distai, diagnóstico diferencial de Na + plasmático < 135 m m o l / L .
ocorre o p r i m e i r o dos dois principais processos de regulação
N a + / H 2 0 . A q u i , a aldosterona estimula os túbulos distais para Hiponatremia Hiposmótica
reabsorver Na 4 (com a água acompanhando de f o r m a passiva) e N o r m a l m e n t e , quando a concentração plasmática de Na + está
para secretar K + (e em menos quantidade, H*) para manter a baixa, a osmolalidade medida ou calculada t a m b é m estará baixa.
neutralidade elétrica. A aldosterona é produzida pelo córtex Este tipo de h i p o n a t r e m i a pode ser o resultado de perda excessiva
supra-renal em resposta à angiotensina I I derivada pela ação da de Na* (hiponatremia depletiva) ou de volume do E C F aumentado
renina (Capítulo 34). A secreção de renina pelas células justaglo- (hiponatremia por dilmção). Diferenciá-las requer avaliação clínica
merulares renais é estimulada pelo cloreto baixo, atividade (3- da T B W e do volume do E C F c o m exame físico e do histórico
adrenérgica e pressão arterial baixa. 9 Assim, quando há hipoper- clínico.
fusão dos rins (como ocorre q u a n d o o v o l u m e sanguíneo d i m i n u i A hiponatremia depletiva (perda em excesso de Na + ) está
ou quando as artérias renais estão obstruídas), os túbulos distais, quase sempre acompanhada por u m a perda de água do ECF, mas
sob influência da aldosterona, recuperam o Na + . A regulação em menos quantidade do que a perda de Na*. A h i p o v o l e m i a é
adicional da água nos rins ocorre do t ú b u l o distai para o dueto aparente n o exame físico (hipotensão ortostática, taquicardia,
coletor, onde a permeabilidade tubular para H z 0 está sob a turgor da pele d i m i n u í d o ) . A perda de f l u i d o isosmótico ou
i n f l u ê n c i a do h o r m ô n i o antidiurético ( A D H ) (Capítulos 34 e h i p e r t ô n i c o é a causa e isso pode ocorrer através de perdas renais
39). O A D H , t a m b é m chamado vasopressina, é liberado pela ou extra-renais. Caso o Na + u r i n á r i o esteja baixo (geralmente <
p i t u i t á r i a posterior sob a i n f l u ê n c i a de barorreceptores, n o arco 10 m m o l / L ) , a perda é externa (Figura 35-1) porque os rins estão
aórtico, e de quimioireceptores hipotalâmicos. Os quimiorrecep- retendo devidamente o Na + filtrado de maneira adequada em
674 PARTE V Fisiopatologia
Pseudo-hiponatremia: Hiperglicamia
Hiper! ipldemia Manitol
Hiperproteinemia Uremia
Medida do Volume
J
Insuficiência
I
Insuficiência cardí- Perda renal: Perda extra-renat:
renal aca congestiva
Cirrose (com • Diuréticos • Perda de fluido Gi:
ascite) • Deficiência - Vômito
Síndrome minRralncorticoide - Diarréia
nefrótíca • Alcalose metabólica • Perda através da pele:
• RTA proximal - Queimaduras
- Inibidores de anidrase - Suor
carbônica
• Doença renal por "perda
da sal":
- Rim policistieo
SIADH - Nefrite intersticial
Diuréticos crônica
Hipotirecidismo - Obstrução
Hipoadrenalismo
Reajuste do osmolar central
Medida do Volume
Hipervolemia Euvolemia
Hipovolemia
excesso de água com excesso desidratação com ou
grande excesso de NaCI de NaC! isolado sem excesso de NaCI
LI
Osm* (mOsrrWkg)
Isotônico ou Hipertônico
c800 >800 hipotônico ( U ^ > 800)
A s causas renais de perda de água por excesso de Na* p o d e m cardiograma ( C a p i t u l o 33) p o r " p i c o s " elevados de ondas T e
ocorrer c o m diurese osmótica o u c o m diuréticos do t i p o tiazida intervalos de Q R S e PR prolongados. A hipercalemia grave pro-
j u n t o à ingestão d i m i n u í d a de água. Nesses cenários, o v o l u m e longada > 7,0 m m o l / L pode levar ao colapso vascular periférico
de u r i n a será alto, a osmolalidade u r i n á r i a será de n o r m a l a baixa, e à parada cardíaca. H á u m a v a r i a b i l i d a d e i n d i v i d u a l nas concen-
e o N a ' u r i n á r i o será alto. trações de K + na q u a l os sintomas se t o r n a m aparentes, mas estes
sintomas estão quase sempre presentes nas concentrações de K +
Hipernatremia Normovolêmica > 6,5 m m o l / L . N a m a i o r i a dos casos, as concentrações > 10,0
A hipernatTemia na presença de u m v o l u m e d o E C F n o r m a l é m m o l / L são fatais.
quase sempre u m p r e n u n c i o de h i p e r n a t r e m i a h i p o v o l ê m i c a .
Perdas insensíveis através dos pulmões o u da pele devem ser Hipocalemia
suspeitas e são caracterizadas pela u r i n a concentrada à m e d i d a As causas de h i p o c a l e m i a (K + plasmático < 3,5 m m o l / L ) estão
que os rins f u n c i o n a m para conservar a água. O u t r a causa de classificadas c o m o redistribuição de K + extracelular d e n t r o do
h i p e r n a t r e m i a n o r m o v o l ê m i c a é a diurese de água manifestada I C F , o u d é f i c i t real de K ' , c o m o resultado de c o n s u m o d i m i n u -
p o r p o l i ú r i a (Figura 35-2). O d i f e r e n c i a l para p o l i ú r í a (geralmente ído o u de perda de f l u i d o s corporais ricos em K + (Figura 35-3).
d e f i n i d a c o m o > 3 L de u r i n a em p r o d u ç ã o / d i a ) é u m a diurese
de água o u de solutos. A diurese de solutos é exemplificada pela Redistribuição
diurese osmótica d o diabetes mellttus e n o r m a l m e n t e é caracteri- A redistribuição de 10 é ilustrada pela queda plasmática de 10
zada pela o s m o l a l i d a d e u r i n á r i a > 3 0 0 m O s m o l / L e pela hipo- que ocorre logo após a i n s u l i n o t e r a p i a para h i p e r g l i c e m i a diabé-
n a t r e m i a (discussão a n t e r i o r neste capítulo). A diurese de água tica. As células precisam i n c o r p o r a r o I C c o m o u m a conseqüência
(solvente) é a manifestação d o diabetes imif>idus ( D I ) e é caracteri- do t r a n s p o r t e de glicose. A h i p o c a l e m i a de r e d i s t r i b u i ç ã o t a m b é m
zada por u r i n a diluída (osmolalidade < 250 m O s m o l / L ) e leve é u m a característica da alcalose, na qual o K + se desloca do E C F
hipernatremia. O D l p o d e ser central ou nefrogênico. 7 O D I central para as células da mesma f o r m a que o H + se desloca em direção
é causado pela redução o u falta total de secreção d o A D H como oposta. A pseudo-hipocalemia é u m a característica das leucemias
resultado de trauma c r a n i a n o , hi pofi s ec tom i a, t u m o r p i t u i t á r i o agudas. A c o n t a g e m elevada de leucócitos p o d e causar u m trans-
o u doença granulomatosa. A causa d o D I nefrogênico é a resis- p o r t e de I O d e p e n d e n t e de t e m p o para as células leucêmicas após
tência renal d o A D H causado p o r drogas (p. ex., lítio, demeclo- a coleta da amostra do sangue. O u t r a s causas menos c o m u n s de
ciclina, anfotericina e p r o p o x i f e n o ) o u doenças, c o m o a n e m i a de redistribuição intracelular estão listadas na Figura 35-3.
célula doente e s í n d r o m e de Sjõgren, que afetam a resposta do
d u e t o coletor ao A D H . O D I c e n t r a l n o r m a l m e n t e é tratado c o m Déficit Real de Potássio
vasopressina, e n q u a n t o o nefrogênico é t r a t a d o c o m a desconti- A h i p o c a l e m i a r e f l e t i n d o o d é f i c i t c o r p o r a l t o t a l de I C p o d e ser
nuação da droga responsável o u c o m o f o r n e c i m e n t o de acesso classificada e m perdas renais e não-renais c o m base na excreção
fácil e freqüente à ingestão de água. diária de K + na u r i n a (Figura 35-3). Se a excreção u r i n á r i a de K
for < 3 0 m m o l / d i a , poder-se-á c o n c l u i r que os rins estão funcio-
Hipernatremia Hipervolêmica n a n d o satisfatoriamente e t e n t a n d o reabsorver o m á x i m o possí-
A presença em excesso de T B W e hipernatremia indica u m ganho vel de I C n o cenário h i p o c a l ê m i c o . As causas p o d e m ser absorção
absoluto de água e N a \ c o m ganho de Na" por excesso de água d i m i n u í d a de K ' o u perda extra-renal de f l u i d o r i c o em K + . As
(Figura 35-2). Essa condição é c o m u m e n t e observada em pacientes sicuações de absorção d i m i n u í d a i n c l u e m inanição crônica e
hospitalizados que estejam recebendo solução salina h i p e r t ô n i c a f l u i d o t e r a p i a intravenosa pós-operatória c o m soluções pobres em
o u bicarbonato de sódio. Outras causas de h i p e r n a t r e m i a hipervo- K + . A perda gastrointestinal de I C é mais c o m u m na diarréia.
lêmica i n c l u e m hiperaldosreronismo e s í n d r o m e de C u s h i n g A excreção de u r i n a que excede 30 m m o l / d i a e m u m cenário
( C a p í t u l o 40). O excesso de aldosterona e de cortisol (que t a m b é m hipocalêmico é inapropriada e indica que os rins são a p r i n c i p a l
atuam c o m o ligantes para o receptor de aldosterona n o t ú b u l o fonte de perda de IO. Perdas renais de K + p o d e m ocorrer duranre
distai) resulta em excesso de Na + e em retenção de água. A terapia a fase diurética (recuperação) da necrose tubular aguda e durante
c o m corticosteróide t a m b é m pode ter efeitos similares. os estados c o m excesso de m i n e r a l o c o r t i c ó i d e (aldosteronismo pri-
mário o u secundário) o u de glicocorticóide (síndrome de Cushing).
Potássio A l é m da redistribuição de I C nas células em u m cenário alcalótico,
O potássio c o r p o r a l t o t a l de u m i n d i v i d u o de 70 k g é - 3 , 5 m o l o I C t a m b é m pode ser perdido pelos rins na troca pelos íons H '
(40 a 59 m m o l / k g ) , do qual apenas 1,5% a 2 % p o d e estar pre- necessários. Essa causa de hipocalemia renal ficará evidente pelo
sente n o ECF. N o e n t a n t o , o K " plasmático é u m i n d i c a d o r C l " u r i n á r i o baixo e pela u r i n a quase sempre alcalina.
relativamente b o m do estoque t o t a l de K 4 c o m apenas algumas
exceções. O d i s t ú r b i o da homeostase de 10 tem conseqüências Hipercalemia
sérias. Por exemplo, a redução de I C extracelular (hipocalemia) é A hipercalemia ( K ' plasmático > 5,0 m m o l / L ) é o resultado (quer
caracterizada p o r fraqueza muscular, i r r i t a b i l i d a d e e paralisia. As só o u em combinações) de (1) redistribuição, (2) absorção aumen-
concentrações plasmáticas de I C inferiores a 3,0 m m o l / L estão tada o u (3) retenção aumentada. A l é m disso, sabe-se que as
associadas a sintomas n e u r o m u seu lares sérios e i n d i c a m u m grau condições pré-analíticas — c o m o hemólise, crombocítose {> I 0 6 /
crítico de depleção intracelular. E m concentrações baixas, a pL) e leucócitos (> 1 0 s / p L ) — t a m b é m causam pseudo-hipercale-
taquicardia e os efeitos da c o n d u ç ã o cardíaca específica são apa- m i a substancial, c o m o descrito em detalhes n o C a p í t u l o 24
rentes n o exame eletrocardíográfico (ondas T achatadas) e p o d e m (Figura 35-4).
levar à parada cardíaca. 8
A s concentrações extracelulares a n o r m a l m e n t e altas de I C Redistribuição
( h i p e r c a l e m i a ) p r o d u z e m sintomas de confusão m e n t a l , fraqueza, A transferência de I C intracelular pata o E C F ocorre invariavel-
f o r m i g a m e n t o , paralisia f l á c i d a das extremidades e fraqueza dos m e n t e na acidose, à medida que o H ' se desloca para d e n t r o da
músculos respiratórios. 8 Os efeitos cardíacos da hipercalemia célula e o K~ se desloca para fora para m a n t e r a neutralidade elé-
i n c l u e m b r a d i c a t d i a e defeitos de condução evidentes n o eletro- trica. C o m o regra geral, espera-se que as concentrações de IC
Fisiologia e Distúrbios da Água, Eletrólito e Metabolismo Ácido-Base CAPÍTULO 3 5 677
• Resposta à insulina
• Alcalose K+ urinário de 24 horas
• Excesso de catecolamina
ou de (3-adrenérgico
• Pseudo-hipocalemia
provocada por devido à
t leucócito > 25 mmcl/dia < 25 mmol/dia
• Hipotermia
• Paralisia periódica
hipocalêmica
Cl urinário de 24 horas
subam de 0,2 a 0,7 m m o l / L para cada gota de u n i d a d e 0,1 n o p H . a hipercalemia r a r a m e n t e é prolongada. A excreção d i m i n u í d a
Q u a n d o as causas básicas da acidose são tratadas, a n o r m o c a l e m i a de K + na doença renal aguda e na i n s u f i c i ê n c i a renal t e r m i n a l
é rapidamente restabelecida. A redistribuição extracelular de K + ( c o m o l i g ú r i a o u a n ú r i a e acidose) é a causa mais c o m u m de
t a m b é m p o d e ocorrer em (1) desidratação, (2) cboque c o m hipoxia hipercalemia p r o l o n g a d a (Figura 35-4). A hipercalemia ocorre
tecidual, (3) deficiência de insulina (p. ex., cetoacidose diabética), j u n t o c o m a depleção de N a + na i n s u f i c i ê n c i a a d r e n o c o r t i c ó i d e
(4) bemólise maciça intra o u extra corporal, (5) queimaduras graves, (p. ex., doença de A d d i s o n ) p o r q u e a reabsorção d i m i n u í d a de
(6) s í n d r o m e de lise do t u m o r e (7) atividade muscular violenta, Na 1 e a redução c o n c o m i t a n t e na troca de Na + -K + resulta e m
c o m o a que ocorre em estados epiléticos. Finalmente, as causas secreção de K + d i m i n u í d a . A s drogas q u e b l o q u e i a m a p r o d u ç ã o
iatrogênicas importantes de hipercalemia na redistribuição i n c l u e m de aldosterona, c o m o os i n i b i d o r e s da enzima conversora de
toxicidade p o r digoxina e b l o q u e i o P-adrenérgico, especialmente angiotensina (inibidores de A C E , p ex., captopril) t a m b é m p o d e m
em pacientes c o m diabetes o u e m diálise. 8 causar hipercalemia. O u t r a s causas de hipercalemia i n c l u e m
hiperplasia adrenal congênita por perda de sal, s í n d r o m e de lise
Retenção de Potássio d o t u m o r e administração em excesso de diuréticos poupadores
Q u a n d o a filtração g l o m e r u l a r o u a f u n ç ã o t u b u l a r renal estão de potássio, que b l o q u e i a m a secreção t u b u l a r distai de K + (p. ex.,
d i m i n u í d a s , a hipercalemia p o d e ser i n d u z i d a p o r infusão intra- t r i a n t e r e n o e espironolactona).
venosa de K + . Q u a n d o a f u n ç ã o renal está n o r m a l , não é provável
q u e u m a sobrecarga do t r a t a m e n t o produza h i p e r c a l e m i a p o r q u e Cloreto
existe u m a capacidade renal mais do que adequada para excretar O í o n de cloreto ( C l - ) é o â n i o n mais a b u n d a n t e n o E C F (Tabela
o excesso de K + . D e fato, na ausência de i n s u f i c i ê n c i a r e n a l grave, 35-2). N a ausência de distúrbios ácido-base, as concentrações de
678 PARTE V hisiopatologia
• Suplementos de K*
•
Deficiência Defeito tubular renal Diuréticos
• Transfusão sanguínea
mineralocorticâide: primário: poupadores de K+
maciça
• Doença de Addison • Nefropatia obstrutiva • Triantereno
Hemólise
• Hipoaldosteronismo • Transplante renal • Amilorida
' Necrose tecidual
hiparTenirêmico • Doença da célula • Espironolactona
• Penicilina em dose alia
• Inibidores da ACE falciforme
- Lúpus eritematoso
sistêmico
relativamente grandes de ácidos carbônicos, sulfúricos, fosfóricos dade seja igual à concentração. A relação entre a atividade do í o n
e outros. de h i d r o g ê n i o e o p H é ilustrada na Figura 35-5. A relação é inversa
POT exemplo, d u r a n t e u m p e r í o d o de 24 horas, u m a pessoa e obviamente não-linear. M u i t o s centros europeus expressam a
pesando 70 k g e l i m i n a cerca de 20 m o l de C O 2 (a f o r m a v o l á t i l atividade do sangue e m termos da concentração de í o n de h i d r o -
de ácido carbônico) pelos pulmões e cerca de 70 a 100 m m o l (ou gênio em n a n o m o l s p o r l i t r o ( n m o l / L ) . Essa f o r m a de expressão
~ 1 m m o l / k g ) de ácidos tituláveis não-voláteis ( p r i n c i p a l m e n t e t e m a vantagem de evitar as transformações logarítmicas q u a n d o
ácidos s u l f ú r i c o e fosfórico) pelos rins. Esses p r o d u t o s do meta- realiza cálculos de ácido-base. E m b o r a seja consistente c o m o
b o l i s m o são transportados para os p u l m õ e s e rins via E C F e m o d o c o m o outras concentrações são expressas, ela não a d q u i r i u
sangue sem p r o d u z i r qualquer m u d a n ç a apreciável n o p H plas- a m p l o uso nos Estados U n i d o s .
m á t i c o e c o m apenas u r r a diferença m í n i m a n o p H entre o O p K ( t a m b é m p K ' e p K ) representa o l o g a r i t m o negativo
sangue arterial ( p H de 7,35 a 7,45) e o venoso ( p H de 7,32 a da ionização constante de u m ácido fraco ( K J . Isto é, o piC é o
7,38). Isso é a c o m p a n h a d o pela capacidade t a m p o n a n t e do p H n o q u a l o ácido é m e i o associado, existindo c o m o proporções
sangue e pelos mecanismos reguladores respiratórios e renais. iguais de ácido e de base conjugados. Logo, os ácidos possuem
valores de p K < 7 , 0 , e n q u a n t o as bases possuem valores de p K >
Equilíbrio Ácido-base e "Status Ácido-base" 7,0. O pico mais baixo de p K , o ácido mais forte, e o p i c o mais
A descrição do e q u i l í b r i o ácido-base envolve u m a contagem dos alto de p K , a base conjugada mais forte. Por exemplo, o p K do
ácidos carbônicos e não-carbônicos e as bases conjugadas ( H j C O ^ , ácido láctico é 3,5, e para o í o n de a m ó n i o N F l ^ é 9,5. O p K
HCO~3, C 0 2 - 3 , CO2) em termos de inpuc (ingesta mais p r o d u ç ã o alto para o í o n de a m ó n i o i n d i c a que essas espécies preferem ficar
metabólica) e output (excreção mais conversão metabólica) d u r a n t e presas e m seus p r ó t o n s e m vez de se dissociarem e m N H 3 e H + .
u m d e t e r m i n a d o intervalo de t e m p o . O p e r f i l ácido-base dos O p H do plasma p o d e ser considerado u m a f u n ç ã o de duas
f l u i d o s corporais é t i p i c a m e n t e avaliado p o r mensurações de variáveis independentes: (1) o P C 0 2 , que é regulado pelos
C 0 2 , p H plasmático e PCO2 totais, p o r q u e o sistema bicarbo- p u l m õ e s e representa o c o m p o n e n t e ácido d o sistema-tampão
n a t o / á c i d o carbônico é o sistema de t a m p o n a m e n t o mais i m p o r - ácido c a r b ô n i c o / b i c a r b o n a t o e (2) a concentração da base titu-
tante do plasma. lada, que é regulada pelos rins. A concentração de b i c a r b o n a t o
Os termos clínicos a seguir são usados para descrever o p e r f i l n o plasma é geralmente tomada c o m o m e d i d a d o excesso de base
ácido-base. A c i d e m i a é d e f i n i d a c o m o u m sangue arterial de p H o u c o m o d é f i c i t n o plasma e n o E C F , embora existam condições
< 7,35 e alcalemía i n d i c a u m sangue arterial de p H > 7,45. nas quais a concentração de b i c a r b o n a t o pode n ã o r e f l e t i r preci-
Acidose e alcalose se referem aos estados patológicos que levam à samente o verdadeiro excesso o u déficit de base.
acidemia o u à alcalemía. Por exemplo, em distúrbios ácido-base
c o m u n s c o m o a acidose láctica e a cetoacidose diabética, inter- Bicarbonato e C02 Dissolvido
m e d e i a m os ácidos orgânicos (ácido láctico e ácido P - h i d r o x i b u - O b i c a r b o n a t o é a segunda m a i o r fração (depois de Cl~) dos
tírico, respectivamente), q u e são n o r m a l m e n t e metabolizados ânions plasmáticos ( ~ 2 2 5 m m o l / L ) . C o m o descrito n o C a p í t u l o
para C O ? e água, p o d e m se a c u m u l a r e m q u a n t i d a d e significa- 24, a análise usual de m e d i d a n o plasma é o C O 2 total que m c l u i
tiva, r e s u l t a n d o e m a c i d e m i a . A l é m d i s s o , m a i s de u m t i p o d e b i c a r b o n a t o e C 0 2 dissolvido ( d C 0 2 ) . A fração d C 0 2 é d e f i n i d a
processo patológico pode ocorrer s i m u l t a n e a m e n t e , d a n d o incluindo-se o ácido carbônico não-dissociado, fisicamente dis-
origem a u m d i s t ú r b i o ácido-base m i s t o , n o q u a l o p H sanguíneo solvido, e C 0 2 livre. N o p H sanguíneo, a q u a n t i d a d e dissolvida
pode estar baixo, alto, o u d e n t r o do i n t e r v a l o de referência. Essas de C 0 2 é 700 a 1.000 vezes m a i o r que a q u a n t i d a d e de ácido
mensurações refletem u m a amostragem estatística de u m pro-
cesso d i n â m i c o envolvendo interações complexas entre sistemas
m ú l t i p l o s de t a m p o n a m e n t o e de mecanismos compensatórios
140
dos rins e pulmões. Para e n t e n d e r c o m o essas outras perturba-
ções do m e t a b o l i s m o ácido-base afetam a fisiologia h u m a n a , será
120
necessário e x a m i n a r breve, p o r é m cuidadosamente os conceitos
de ácidos, bases, p H e tampões e m relação aos sistemas relevantes
que f u n c i o n a m para m a n t e r n o r m a l o e q u i l í b r i o ácido-base n o 100
X. Normal
corpo h u m a n o
80
Parâmetros Ácido-base — Definições e o
j-
Abreviaturas •5 60
O s ácidos sao substâncias químicas que p o d e m doar p r ó t o n s (íons 9
TJ >40
«
H + ) e m solução e as bases são substâncias que aceitam prótons. 40
I
3
Os ácidos fortes d o a m p r o n t a m e n t e H + , e n q u a n t o as bases fortes B
aceitam p r o n t a m e n t e FL. Logo, a base conjugada de u m ácido 20
f o r t e é u m a base fraca, e vice-versa.
0
pH e pK 6,9 7,0 7.1 7.2 7.3 7,4 7.5 7.6 7,/
O p H de u m a solução é d e f i n i d o c o m o o l o g a r i t m o negativo da
DH
atividade d o í o n de h i d r o g ê n i o ( p H = - I o g a H + ) . Logo, o f>H é uma
quantidade sem dimensão, o u seja, o decréscimo de u m a u n i d a d e Figura 3 5 - 5 Relação do p H com a concentração de íons de
de p H representa u m a u m e n t o de 10 vezes na atividade de H + . hidrogênio. A ímha pontilhada enfatiza a relação linear (aproximada)
A m é d i a de p H d o sangue (7,40) corresponde a u m a concentra- entre a concentração de íons de hidrogênio e o p H acima da faixa do
ção de í o n de h i d r o g ê n i o de 4 0 n m o l / L (Figura 35-5). D e t e r m i - p H de 7,2 a 7,5. (De Narins RG, Emmett M. Simple and mixed acid-
nações potenciométricas do p H sanguineo m e d e m a atividade de base disorders- A pracrical approach. Medicine 1980;59 161-87 )
H * e nao a concentração de H + , embora se presuma que a ativi-
680 PARTE V Fisiopatologia
Razão PH
cHCO V c d C 0 2 sanguíneo
Óbito
Alcalose
(excesso de HCO~a
CHCOg e/ou déficit de dC0 2 )
27 Normal
44 ^ X
Acidose
(Déficit de HCO 3
ou excessa de dCO:)
Óbito
Ar bronquial
ou tratjUHéil
TO;: 150
PCOy. 0.25
PH,O: 47
Figura 3 5 - Pressões parciais de oxigênio e dióxido de carbono n o ar, n o sangue e no tecido. Os valores
mostrados são aproximações em m m Hg e calculados assumindo-se u m a variação de 5%. As setas em negritn
indicam as direções dos gradientes. (Modificado de Tietz NW. Fundamentals of clinicai chemistry, 3rd. Ed.
Philadelphia' W B Saunders Co, 1987.)
a m é d i a de P 0 2 na superfície das células teciduais (20 m m H g ) , horas p o d e m ser necessárias para a resposta máxima. A resposta
e o P C O t de - 4 0 m m H g é substancialmente m e n o r d o que m á x i m a não é o b t i d a até que os q u i m i o r r e c e p t o r e s periféricos e
aquele nas células (50 a 70 m m Hg). Assim, n o capilar tecidual, centrais sejam c o m p l e t a m e n t e estimulados; p o r exemplo, nos
o gradiente para O i é para d e n t r o da célula; para C O 2 , ele é para estágios iniciais da acidose m e t a b ó l i c a , o p H sanguíneo d i m i n u i ,
fora do sangue capilar. A diferença arteriovenosa na pressão mas c o m o os íons de H " se e q u i l i b r a m u m t a n t o l e n t a m e n t e
parcial é a p r o x i m a d a m e n t e 60 m m H g para O2 e 6 m m H g o u através da barreira sangue-cérebro, o p H n o C S F permanece
menos para C O 2 . A diferença na P 0 2 arteriovenosa é u m indica- p r ó x i m o do n o r m a l . C o n t u d o , c o m o os q u i m i o t r e c e p t o r e s peri-
d o r da eficiência da extração de 0 2 na passagem do sangue pelos féricos são estimulados pelo p H plasmático d i m i n u í d o , a hiper-
capilares. D u r a n t e a passagem pelo tecido, a concentração de 0 2 ventilação ocorre e o P C 0 2 plasmático d i m i n u i . Q u a n d o isso
t o t a l cai em média 2,3 m m n l / I . . , e n q u a n t o a concentração d o ocorTe, o PCO2 d o C S F d i m i n u i dc f o r m a i m e d i a t a p o r q u e o
C O j t o t a l do s?ngue se eleva a cerca de 2,0 m m o l / L . C O 2 se e q u i l i b r a r a p i d a m e n t e através da barreira sangue-cérebro,
levando a u m a u m e n t o n c p H de CSF. Isto i n i b i r á os q u i m i o t -
receptores centrais, mas à m e d i d a q u e o b i c a r b o n a t o plasmático
Resposta Respiratória às Perturbações Ácido-base cai g r a d u a l m e n t e p o r causa da acidose, a concentração de bicar-
M u i t o s distúrbios ácido-base metabólicos se desenvolvem lenta- b o n a t o e o p H e m C S F t a m b é m cairão d u r a n t e várias horas.
mente, d u r a n d o horas para cetoacidose diabética e meses, ou até Nesse p o n t o , a estimulação da respiração torna-se m á x i m a à
anos para doença renal crônica. O sistema respiratório responde m e d i d a que os q u i m i o r receptor es periféricos e centrais são maxi-
i m e d i a t a m e n t e à m u d a n ç a n a c o n d i ç ã o ácido-base, mas várias m a m e n t e estimulados.
Fisiologia e Distúrbios da Água, Eletrólito e Metabolismo Ácido-Base CAPÍTULO £ 683
Os íons de a m ó n i o p r o d u z i d o s dissociam-se em a m ó n i a e em
Mecanismos Renais na Regulação do íons de h i d r o g ê n i o até u m grau dependente n o p H . E m u m p H
Equilíbrio Ácido-base sanguíneo n o r m a l , a razão de N H \ para N H 3 é aproximada-
A m é d i a d o p H plasmático e d o f i l t r a d o g l o m e r u l a r é ~7,4, m e n t e 100 para 1. A a m ó n i a é u m gás que se d i f u n d e p r o n t a -
m e n t e através da m e m b r a n a celular d e n t r o d o l ú m e n t u b u l a r ,
e n q u a n t o a m é d i a do p H u r i n á r i o é ~"6,C, r e f l e t i n d o a excreção
renal dos ácidos não-voláteis p r o d u z i d o s pelos processos metabó- o n d e ela se c o m b i n a c o m os ions de h i d r o g ê n i o para f o r m a r íans
de a m ó n i o . N o p H u r i n á r i o ácido o e q u i l í b r i o entre N H % e N H ^
licos. A s várias funções dos rins r e s p o n d e m às diferentes altera-
se move drasticamente para a esquerda (~ 10.000 para 1), favore-
ções da c o n d i ç ã o ácido-base. N o caso da acidose, a excreção de
cendo bastante a formação de N H % . O N H ^ f o r m a d o n o l ú m e n
ácidos é a u m e n t a d a e a base é conservada; na alcalose, ocorre o
oposto. O p H u r i n á r i o m u d a c o r r e s p o n d e n t e m e n t e e pode variar t u b u l a r não pode atravessar f a c i l m e n t e as m e m b r a n a s celulares,
f i c a n d o preso na u r i n a t u b u l a r e sendo excretado c o m ânions,
de f o r m a randômica nos espécimes r a n d ô m i c o s do p H de 4,5 a
8,0. A capacidade para excretar quantidades variadas de ácido o u c o m o fosfato, cloreto ou sulfato. E m i n d i v í d u o s n o r m a i s a pro-
dução de N H + 4 n o l ú m e n t u b u l a r é responsável pela excreção de
base faz do r i m u m mecanismo de defesa f i n a l contra as m u d a n -
~ 6 0 % (30 a 60 m m o l ) dos íons de h i d r o g ê n i o associados aos
ças no p H d o corpo.
Os vários ácidos p r o d u z i d o s d u r a n t e o processo m e t a b ó l i c o ácidos não-voláteis.
A q u a n t i d a d e de H + excretado j u n t o c o m N H 3 p o d e ser
são t a m p o n a d o s n o C S F às custas d o H C O ~ 3 . A excreção renal
de ácido e a conservação de H C O ~ 3 o c o r r e m através de vários m e d i d a c o m o N H % . O H + r e q u e r i d o para a formação de N H \
pode estar presente n o f i l t r a d o g l o m e r u l a r o u pode ser gerado
mecanismos, i n c l u i n d o (1) a troca de N a f - H \ (2) p r o d u ç ã o de
a m ó n i a e excreção de N H ^ e (3) recuperação de H C O - 3 . d e n t r o das células tubulares pela síntese de amdrase carbônica
do ácido carbônico do C O z . Estes íons de h i d r o g ê n i o são secre-
tados d e n t r o d o l ú m e n tubular, pelos trocadores de Na"-H + . N a
acidose sistêmica a excreção responde e m u i t o p o r u m a excrecão
Troca de A/a+-H+ m a i o r de H ' pelos rins. N o e n t a n t o , a taxa m á x i m a de g l u t a m i n a
Quase todas as células mamárias possuem u m a m e m b r a n a plas- liberada e, p o r t a n t o , da p r o d u ç ã o de N H 3 ( - 4 0 0 m m o l / d i a ) não
mática de p r o t e i n a h i d r o l i s a d o r a ATP-dependente capaz de trocar é alcançada até que a acidose tenha persistido p o r três dias. N o s
íons de sódio p o r H + — a então chamada trocadora de Na H -í-T. pacientes c o m i n s u f i c i ê n c i a renal crónica os rins não conseguem
N o s t ú b u l o s renais, os trocadores de N A + - H " expulsam íons de gerar N H 3 suficiente para t a m p o n a r a p r o d u ç ã o de ácidos não-
H no f l u i d o t u b u l a r e m troca de íons de Na*. A troca de N a ' - H ' voláteis, e esse defeito c o n t r i b u i significativamente para a acidose
é m e l h o r a d a nos estados de acidose e i n i b i d a nos estados de em tais pacientes.
alcalose. Os túbulos p r ó x i m a is, entretanto, não p o d e m manter
u m gradiente de H + de mais de ~ 1 u n i d a d e de p H , e n q u a n t o os Excreção de H+ como H;PO~4
t ú b u l o s distais não p o d e m m a n t e r u m a de mais d o que ~ 3 u n i - O H + secretado d e n t r o do l ú m e n t u b u l a r pelo trocador Na 4 -H +
dades de p H . A acidez u r i n á r i a m á x i m a é alcançada c o m p H de t a m b é m pode reagir c o m HPOJ~4 a f i m de f o r m a r H 2 PO~4. Esse
" 4 , 4 . E m algumas formas de R T A , esse processo de troca é processo depende da q u a n t i d a d e de fosfato f i l t r a d a pelos glo-
defeituoso e pode levar à d i m i n u i ç ã o do p H sanguíneo. mérulos e do p H u r i n á r i o . E m condições fisiológicas n o r m a i s ,
Os íons de potássio c o m p e t e m c o m os íons de h i d r o g ê n i o na ~ 3 0 m m o l de H + são excretados p o r dia c o m o H 2 PO~^, e essa
troca de Na~-H t u b u l a r renal. Se a concentração de K + intrace- q u a n t i d a d e responde p o r ~ 9 0 % da acidez titulada da u r i n a . A
l u l a r das células tubulares renais for alta, mais IO e menos H + acidemia aumenta a excreção de fosfato, f o r n e c e n d o assim u m
serão trocados p o r Na + . C o m o resultado, a u r i n a fica menos tampão adicional para a reação c o m o H + . U m a redução 11a taxa
ácida, a u m e n t a d o a acidez dos f l u i d o s corporais. Se o K + for de filtração g l o m e r u l a r (GFR), c o m o observado na doença renal,
esgotado, mais íons de H serão trocados p o r Na + , a u r i n a ficará p o d e resultar e m u m a redução na excreção de H 2 PO~4.
mais ácida e os f l u i d o s corporais mais alcalinos. Logo, a hiperca-
lemia c o n t r i b u i para a acidose e a h i p o c a l e m i a para a alcalose.
C o m o o m e c a n i s m o c o m p e n s a t ó r i o d o c o r p o contra a alcalose Excreção de Outros Ácidos
metabólica é relativamente ineficaz, o esgotamento de K + sozinho Os ácidos fortes c o m o o s u l f ú r i c o , o h i d r o c l ó r i c o e o f o s f ó r i c o
poderá resultar em u m a alcalose metabólica. estão t o t a l m e n t e ionizados n o p H da u r i n a e são excretados
s o m e n t e depois que o H 4 derivado desses ácidos reagir c o m a
base-tampão. A excreção dos â n i o n s desses ácidos é acompa-
n h a d a p o r u m a remoção simultânea de u m n ú m e r o igual de
Produção Renal de Amónia e Excreção de Ions de cátions, c o m o Na + , K + o u N H + 4 , para fornecer e q u i l í b r i o eletro-
Amónio q u i m i c o . Porém, alguns ácidos, c o m o o ácido acetoacético ( p K =
As células tubulares renais conseguem gerar a m ó n i a a p a r t i r da 3,58) e o ácido (3-hidroxibutírico ( p K = 4,7), estão presentes no
g l u t a m i n a e de outros a m i n o á c i d o s derivados das células hepáti- sangue quase i n t e i r a m e n t e sob a f o r m a ionizada; n o p H ácido,
cas e do m ú s c u l o , de acordo c o m a seguinte reação: f r e q u e n t e m e n t e p r e d o m i n a n t e na u r i n a , alguns são não-dissocia-
684 PARTE V Fisiopatologia
RESPIRATÓRIA
Acidose
Aguda t PC02 t cHCO3 cHCO 3 aumenta em 1 mmol/L para cada 10 mm Hg de elevação em PC02
Crônica t PCO, t CHCO-g CHC0~3 aumenta em 3,5 mmol/L para cada 10 mm Hg de elevação em PC02
Alcalose
Aguda i PC0 2 4- CHCC-3 CHC0"3 cai em 2 mmol/L para cada 10 mm Hg de queda em í t 0 2
Crônica i PC0 2 4- CHC0"3 cHC0"acai em 5 mmol/L para cada 10 mm Hg de queda em í£0 2
Modi/icado de Narins K(i. üardner LB. Simbk acid-hase dirturbances. Med Clin Nortfi Am l981;65\321-46.
Fisiologia e Distúrbios da Água, Eletrólito e Metabolismo Ácido-Base CAPÍTULO 3 5 685
•
150
àU
.S
HCO:
HCO, HCO;
100
50
Figura 3 5 - 8 Descrição simples d o corpo como um sistema de dois víduos saudáveis. 1 O intervalo aparente é o resultado de ânions
tanques de ácido e base. N o equilíbrio, o input e o output de cada não-mensutados (p. ex., proteínas, S 0 2 " ^ , H 2 P 0 2 ~ 4 ) que estão
"tanque" são iguais. (De Dufour D R Acid-base disorders. In: Dufour presentes n o plasma. Os valores d o i n t e r v a l o a n i ô n i c o fora d o
DR, Christenson RH, eds. Professional praetiee ID clinicai chemistry: A i n t e r v a l o de 7 a 16 m m o l / L sugerem a possibilidade de u m erro
review Washington D C . A A C C Press, 1995:604-35.) na mensuração dc u m dos eletrólitos. C o n t u d o , t a m b é m f i c o u
aparente que o i n t e r v a l o a n i ô n i c o estava a u m e n t a d o em m u i t o s
pacientes c o m acidose metabólica. 3 D e fato, a presença de u m
i n t e r v a l o a n i ô n i c o elevado é quase sempre a p r i m e i r a indicação
ácido-base. O bicarbonato é " p e r d i d o " n o t a m p o n a m e n t o d o de u m a acidose metabólica e deve ser avaliado n o p e r f i l eletrolí-
ácido em excesso. D e n t r e as causas, destacamos as seguintes: t i c o de todos os pacientes. O i n t e r v a l o t a m b é m fica u m p o u c o
1. Produção de ácidos orgânicos que excedem a taxa de elimi- a u m e n t a d o na ausência de acidose p o r concentrações m u i t o
nação (p. ex., a produção de ácido acctoacético e de ácido baixas de cálcio, magnésio o u potássio p o r q u e as concentrações
p - h i d r o x i b u t i r i c o na acidose diabética, e do ácido láctico na mais baixas desses cátions " n ã o - m e d i d o s " resultarão e m concen-
acidose láctica). trações mais baixas de ânions (Figura 35-9). D e f o r m a c o n t r á r i a ,
2. Excreção de ácidos reduzida (H + ), c o m o ocorre na insuficiên- o i n t e r v a l o p o d e ser estreitado a r t i f i c i a l m e n t e em cenários de
cia renal e nas RTAs, r e s u l t a n d o e m a c ú m u l o de ácido que h i p o a l b u m i n e m i a (proteínas carregadas negativamente), hiperga-
consome b i c a r b o n a t o . m a g l o b u l i n e m i a (proteínas carregadas positivamente), bipercalce-
3. Perda excessiva de b i c a r b o n a t o por causa da excreção renal m i a o u hipermagnesemia
a u m e n t a d a (reclamação t u b u l a r d i m i n u í d a ) o u perda exces- Todas as acidoses de intervalo a n i ô n i c o p o d e m ser explicadas
siva de f l u i d o d u o d e n a l ( c o m o na diarréia). O cHCO~3 plas- p o r u m dos o i t o mecanismos ( o u u m a combinação), listados
m á t i c o cai; a queda está associada a u m a u m e n t o na concen- adiante de acordo c o m o esquema m n e m ó n i c o M U D P 1 L E S
tração de ânions inorgânicos ( p r i n c i p a l m e n t e cloreto) o u a (Tabela 35-4). A base fisiológica para o i n t e r v a l o a n i ô n i c o nessas
u m a queda c o n c o m i t a n t e na concentração de sódio. condições é o c o n s u m o de b i c a r b o n a t o n o t a m p o n a m e n t o de
Q u a n d o q u a l q u e r dessas condições existe, a razão de c H C O - , / ácido e m excesso. O s valores de Cl~ c o n t i n u a m n o r m a i s q u a n d o
cCC>2 é d i m i n u í d a p o r causa da d i m i n u i ç ã o p r i m á r i a de bicarbo- o ácido e m excesso é qualquer u m , exceto HC1, p o r q u e o bicar-
nato. A queda resultante n o p H estimula a compensação respi- b o n a t o p e r d i d o é reposto pelos ânions não-mensurados.
ratória via hiperventilação, o q u e d i m i n u i o P C O z , a u m e n t a n d o
assim o p H . Metanol
E m b o r a o m e t a n o l , em si, não seja tóxico, ele é metabolizado
Acidose de Intervalo Aniônico Aumentado (Acidose peio fígado para f o r m a l d e í d o e ácido f ó r m i c o . O a c ú m u l o desse
Orgânica) ácido leva à acidose metabólica c o m i n t e r v a l o a n i ô n i c o alto e a
A s acidoses metabólicas são classificadas c o m o aquelas associadas sintomas clínicos de papilice óptica (perda de " c a m p o visual"),
ao i n t e r v a l o a n i ô n i c o a u m e n t a d o o u a u m i n t e r v a l o a n i ô n i c o edema r e t i n i c o e, f i n a l m e n t e , cegueira p o r atrofia d o n e r v o
n o r m a l (Tabela 35-4). O c o n c e i t o de i n t e r v a l o a n i ô n i c o f o i ori- ó p t i c o e defeitos neurológicos que p o d e m levar ao coma. O
g i n a l m e n t e visado c o m o u m a regra de c o n t r o l e de qualidade m e t a n o l e outros álcoois ingeridos, c o m o o etilenoglicol, e t a n o l
q u a n d o se percebeu que q u a n d o a soma dos valores de C l " e de e i s o p r o p a n o l , a u m e n t a r ã o a osmolalidade do plasma. Assim, na
H C O ~ 3 era subtraída do valor de Na + (Na + - [ C l - + H C O ~ 3 ] ) , a presença de u m a acidose de intervalo a n i ô n i c o alto, a determi-
diferença o u o " i n t e r v a l o " era, em média, 12 m m o l / L em indi- nação d o i n t e r v a l o referente à osmolalidade ( C a p í t u l o 24) ajudará
686 PARTE V Fisiopatologia
AG ALTO*
Toxicidade de metanol Formato t Intervalo osmolar (> 15 mOsmol/kg)
Uremia de insuficiência renal Sulfúrico, Fosfórico, orgânico t BUNre creatinina sérica
Diabetes meltrtus ou cetoacidose Acetoacetato e p-hidroxibutirato T Plasma e glicose urinária
Toxicidade de álcool etílico t Intervalo osmolar (> 15 mOsmol/kg)
Inanição
Toxicidade de paraldeído
Toxicidade de isoniazida ou ferro e isquemia Orgânico, principalmente lactato Isoniazida e ferro atuam como venenos mitocondriais
Acidose láctica Lactato
Toxicidade de etilenoglicoi Hipurato, glicolato, oxalato T Intervalo osmolar (> 15 mOsmol/kg), cristais de oxalato na urina
Toxicidade de salicilato Salicilato, orgânico Alcalose respiratória
AG NORMAL
Perda de fluido gastrointestinal Perda primária de bicarbonato
Diarréia grave Hipacalemia
Pancreatite K+ variável
Fístula intestinal
Acidoses tubulares renais (FTTAs) Sulfúrico, fosfórico, orgânico
RTA proximal (tipo II) pH urinário < 5,5, com K+ normal ou baixo
RTA distai (tipo 1) pH urinário > 5,5 com tiipocalemia (normalmente)
RTA tipo IV pH urinário < 5,5 com hipercalemia
'Embora haja ^anabihdaAí camiderát»t, • intertwln amãnica é <jnase semfyre >25 mmol/L nessas condições cem aceçãa dc insuficiência rena! urêmica.
1
Nitrogénio uréico sanguíneo (inteivalo dí referência: 8 a 25 mg/dL, ou ~ .3,0 a 9,0 mmol/L).
tico; (4) anestesia e (5) bactéria intestinal a n o r m a l produzindo resultante é causada pela reposição do bicarbonato perdido c o m
D-lactato (Capitulo 22). C l " para manter o equilíbrio elétrico.
A hiperventílação na acidose láctica é mais intensa do que
em outras formas de acidose metabólica. Acredita-se que isso se Acidose Tubular Renal, Tipo I e II
deva à participação do centro respiratório na produção de ácido Essas síndromes são predominantemente caracterizadas pela perda
láctico e à acidificação local m a i o r resultante do centro respira- de bicarbonato devido à secreção tubular d i m i n u í d a de H + (RTA
tório. D u r a n t e o exercício, as concentrações de lactato podem tipo I ou distai) ou reabsorção d i m i n u í d a de H C 0 3 (RTA tipo I I
aumentar significativamente de uma concentração, em média, de ou proximal). 6 C o m o o principal poder acidificante da urina dos
~0,9 m m o l / L para - 1 2 m m o l / L . Porém, em condições normais, rins está nos túbulos distais, as RTAs proximal e distai podem ser
o lactato é rapidamente metabolizado de m o d o que a "acidosc" diferenciadas pela mensuração d o p H u r i n á r i o . N a R T A p r o x i m a l ,
seja apenas transiente. o p H urinário apresenta-se < 5,5, enquanto a RTA distai e os
O lactato no f l u i d o espinal n o r m a l m e n t e se equipara às con- túbulos distais estão comprometidos e o ptJ urinário é > 5,5.È
centrações sanguíneas. E m casos de alterações bioquímicas n o
C N S , entretanto, os valores do lactato no CSF m u d a m indepen- Inibidores de Anidrase Carbônica
dente dos valores no sangue. O CSF aumentado pode ser visto A acetazolamida é a droga mais c o m u m nessa classe de agentes
na hemorragia intracraniana, na meningite bacteriana, na epilep- terapêuticos. Ela é usada, c o m freqüência, como diurético leve.
sia e em outros distúrbios do C N S . " Mais freqüentemente ela é empregada na alcalinização u r i n á r i a
e em pacientes c o m glaucoma de ângulo aberto o u doença aguda
Etilenoglícol da m o n t a n h a (altitude). A inibição da anidrase carbônica causa
O etilenoglicol é metabolizado para ácidos glicólicos e oxálicos e perda de Na 4 , K" e H C O ~ 3 nos túbulos proximais e representa
para outros metabólitos ácidos. Seu metabolismo leva a uma uma R T A proximal farmacologicamente induzida.
acidose com intervalos aniônicos altos e osmolares. O acúmulo
de matabólitos tóxicos pode c o n t r i b u i r apara a produção de Acidose de Intervalo Aniônico Normal Hipercalêmica
ácido láctico, que c o n t r i b u i para a acidose. A precipitação de (Acidose Tubular Renal Tipo IV)
oxalato de cálcio e de cristais de h i p u r a t o n o trato u r i n á r i o pode A falha dos rins para sintetizar renina, a falha do córtex adrenal
levar à insuficiência renal. Clinicamente, os pacientes desenvol- para secretar aldosterona e a resistência tubular renal à aldoste-
vem uma variedade de sintomas neurológicos que p o d e m levar rona são as causas mais comuns desse tipo de acidose (chamada,
ao coma. Alguns pacientes p o d e m desenvolver, quer só ou em c o m freqüência, de R T A tipo IV). Isso inibe a reabsorção de N a "
combinação, (1) p n e u m o n i a brônquica, (2) edema pulmonar, (3) e tanto í C quanto H + são, então, anormalmente retidos. O resul-
C H F , (4) hipertensão ou (5) parada cardiopulmonar. A dose letal tado é a formação de amónia renal d i m i n u í d a e, conseqüente-
m í n i m a do etilenoglicol é - 1 0 0 m L para u m adulto de 70 lcg. mente, a eliminação d i m i n u í d a de H + . Q u a n d o associada ao
volume aumentado do ECF, o reaproveitamento de H C O ~ 3 nos
Intoxicação por Salicilato túbulos pode estar d i m i n u í d o . N o r m a l m e n t e há uma insuficiên-
Geralmente ocorre em concentrações sanguíneas de salicilato cia renal branda associada (creatinina sérica elevada), mas a u r i n a
acima de 30 m g / d L . O salicilato sozinho, u m â n i o n não-mensu- ainda pode ser acidificada para u m p H < 5,5. Geralmente, a
rado, altera o metabolismo periférico, levando à produção de hipercalemia também pode estar presente.
váTios ácidos orgânicos sem predominância de qualquer ácido
específico. O processo, eventualmente, resulta em u m a acidose
metabólica c o m intervalo a n i ô n i c o alto. O salicilato também Mecanismos Compensatórios e Acidose
estimula o centro respiratório a aumentar a velocidade e a pro- Metabólica
fundidade da respiração, resultando em uma baixa P C O z , HCO~ 3 Os sistemas-tampão do sangue (principalmente o tampão de
baixo e alcalose respiratória (ver seção Alcalose Respiratória). ácido carbónico/bicarbonato) m i n i m i z a m as mudanças n o p H .
Na acidose, a concentração de bicarbonato d i m i n u i para dar u m a
Acidose de intervalo Aniônico Normal (Acidose razão de c H C O ^ c d C O j de < 20:1. O mecanismo de compensa-
Inorgânica) ção respiratório responde para corrigir a razão com uma veloci-
H m contraste c o m a acidose de intervalo aniônico alto, na qual dade e p r o f u n d i d a d e de respiração aumentadas para eliminar o
o bicarbonato é consumido no excesso de H + tamponado, a causa CO2. A Tabela 35-3 mostra a compensação esperada na acidose
da acidose na presença de u m intervalo aniônico n o r m a l é a e na alcalose e os valores laboratoriais correspondentes.
perda de f l u i d o rico em bicarbonato do r i m o u do trato gastroin-
testinal. A medida que o bicarbonato é perdido, mais íons C l "
são reabsorvidos com Na + ou K + para manter a neutralidade Mecanismo Compensatório Respiratório
elétrica e, assim, ocorre a hipercloremia (Figura 35-9). A acidose A redução do p H na acidose metabólica estimula o mecanismo
de intervalo aniônico n o r m a l pode ser dividida em acidose h i f o compensatório respiratório e produz hipervenrilação (respiração
calêmica e normocalêmica, o que pode ajudar no diagnóstico dife- de Kussmaul), o que resulta na eliminação de ácido carbônico
rencial desse t i p o de distúrbio (Tabela 35-4). como C 0 2 , na redução de F C O i (hipocapnia) e, conseqüente-
mente, na redução de cdCO-j.
Base Exógena
TABELA 3 5 - 5 Condições que Levam ã Alcalose Os exemplos nesta categoria incluem toxicidade de citrato após
Metabólica transfusão de sangue maciça, terapia intravenosa agressiva com
soluções de bicarbonato, e ingestão de grandes quantidades de
CLORETO RESPONSIVO (CL URINÁRIO < 10 MMOL/L)
Contração por alcaloses leite e de antiácidos no tratamento de gastrite e de úlceras pép-
Vômito prolongado ou sucção nasogástrica ticas ("síndrome alcalina do leite"). Este ú l t i m o exemplo é menos
Obstrução duodenal pilórica ou superior observado desde a introdução do uso (agora mais difundido) de
Terapia diurética prolongada ou abusiva (diuréticos de aíga) antagonistas receptores de H 2 e de inibidores de bomba de
Adenoma viloso próton. Finalmente, o uso de antiácidos e de resinas de troca
Estado pós-hipercápnicQ catiônica em pacientes com insuficiência renal (especialmente
Fibrose cística (reabsorção sistêmica não efetiva de Cl") aqueles em diálise) pode resultar em uma alcalose metabólica.
OUTROS
Distensão abdominal, como na peritonite e ascite
Obesidade extrema (síndrome de Pickwíck)
Distúrbios do sono, como apnéia do sono
\
690 PARTE V Fisiopatologia
Grande desvio da direita para a esquerda (flC02 < 50 mm Hg) therapeutics, 3 0 t h ed. Philadelphia: Lippincoct, W i l l i a m s & W i l k i n s ,
2001:3-75.
Insuficiência cardíaca congestiva
9- Skott O . Renin (Review). A m ] Physiol Regulatory Integrative C o m p
Compensação respiratória após correção da acidose metabólica
Physiol 2002;282:R937-9.
10. Thtasher T N . Baroreceptor regulation ofvasopressin i n r e n i n secrecion:
OUTROS
Low pressure va. high pressure receptors (Review). F r o n t
Hiperventilação induzida por ventilador
N e u r o e n d o c r i n o l 1994;15:157-96.
*Os escados graves de alguns dtsses iisnirbios podem estar associados à acidose 11- W a t s o n M A , Scott M G . C l i n i c a i utiiity of biochemical analysis o f
respiratória, se a eliminação de CO z estiver gravemente comprometida. cerebrospinal f l u i d . C l i n C h e m 1995;41:343-60.
12. W i l l i a m s o n JC. Acid-base disorders: classification and management
strategies. A m Fam Physician 1995;52:584-90.
CAPÍTULO 3 6
Doenças do Fígado*
D. Robert Dufour, M.D.
Necrose: C o n j u n t o de alterações morfológicas indicativas de arterial rico e m oxigênio o r i u n d o da circulação central hepática.
m o r t e celular e causadas pela progressiva ação degradativa Esses dois aportes sanguíneos f i n a l m e n t e se u n e m e f l u e m para
das enzimas; a necrose p o d e afetar grupos de células o u d e n t r o de sinusóides que c a m i n h a m entre os hepatócitos. A
parte de u m a estrutura o u u m órgão. drenagem venosa do fígado ocorre p o r m e i o das veias hepáticas
S í n d r o m e de Reye: Súbita e, e m algumas situações, doença d i r e i t a e esquerda que desaguam n a veia cava i n f e r i o r , p r ó x i m o
fatal d o cérebro (encefalopatia), c o m degeneração d o à sua entrada no átrio d i r e i t o .
fígado. O c o r r e e m crianças (a m a i o r i a entre 4 a 12 anos de
idade) após infecção v i t a l (varicela o u t i p o de influenza), Drenagem Biliar
associada à ingestão de aspirina. A drenagem hiliar se o r i g i n a nos canalículos biliares, que são
Varizes: Veias, artérias o u vasos linfáticos aumentados e sulcos entre os hepatócitos adjacentes, que f o r m a m d ú c t u l o s que
tortuosas. se f u n d e m para f o r m a r os duetos biliares intra-hepáticos e, final-
X e n o b i ó t i c o s : Substâncias químicas que são estranhas ao m e n t e , se u n e m para f o r m a r os duetos biliares hepáticos d i r e i t o
sistema b i o l ó g i c o . I n c l u e m compostos naturais, drogas, e esquerdo, que emergem do fígado na p o r t a hepática e f o r m a m
toxinas ambientais, carcinógenos, inseticidas etc. o d u e t o hepático c o m u m . O d u e t o hepático une-se ao dueto
cístico da vesícula biliar, c r i a n d o o d u e t o biliar c o m u m (Figura
36-1), o q u a l penetra n o d u o d e n o (geralmente c o m o d u e t o
pancreático) na ampola de Vater. A vesícula biliar, localizada na
Área Veia
l ü £
.ip&menlo lri«n«jfcu esva
direito n. \ infe-icr Lnlxi
l cauoado
^rnp^èdoj
Ligamento ..fi- % renal
.iikXi ffrjqtJfcrdi!
ca ronário V'
Ligamento 1 inamertn
falcifoi—e triangular dlrcslto
Vesícula bilia- / Área
Ligamento r>us
Superfície Diafragmática coronário
Voiu hepática v .'Vsiiis cava inTcnor
Sinusóides hepáticos Superfície Visceral
-no lóbulo V o i c , Espaço
Vfiir? / Lacuna contrsl 1 s /de Oiütyj
cenrre ._'y, .£^s , Células
hepática ,-^os,
"c:+í ^ " P ^ r
.... "
Veia porta
y * -^Células
do trato
'' henâiira^
intestinal
Vaso linfático
::íreanalículo
t biliar
Dueto
biliar
Tecido Sinusóides
conjuntivo
... .. Duetos
i» . hepáticos direito e
esquerdo
3b? ./"V
Sinusóides
Dueto hepático
Veia porta do comum
Vesícula
[rato intestinal
biliar
. Veia sublobular
í) da veia central • u c t o biliar
Vesícula Biliar
Lóbulo Hepático
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Albumina. A albumina é a proteína sérica mais co m u mente Ceruloplasmina. Esta proteína está reduzida na doença de
medida e é sintetizada exclusivamente pelo fígado. C o m doença W i l s o n , cirrose e muitas causas de hepatite crônica, mas pode
hepática, a hipoalbuminemia é notada primariamente na cirrose, estar elevada na (1) inflamação, (2) colestase, (3) hemocroma-
na hepatite auto-imune e na hepatite alcoólica. U m a considera- tose, (4) gravidez e (5) terapia estrogênica, mascarando o decrés-
ção importante nas medidas séricas c a sensibilidade dos métodos cimo esperado na doença de Wilson. Ela é discutida em maiores
que utilizam corantes em pacientes com doença hepática. Embora detalhes a seguir, na seção sobre doença de W i l s o n ,
as análises com verde de bromocresol possam superestimar os arAntitripSina. Esta proteína é o principal inibidor de serina
valores da concentração de albumina mesmo em baixas concen- protease no plasma (serpina) e está reduzida nas deficiências
trações, o método com vermelho de bromocresol fornece valores homoiigóticas e cirrose, e elevada na inflamação aguda. E discu-
falsamente negativos em pacientes com icterícia, devido à inter- tida em maiores detalhes mais adiante, na seção sobre deficiência
ferência da biíirrubina no local da ligação de a,j-antitripsina.
Transtírretina. Esta proteína possui meia-vida curta, de 24 a 48 a-Fetoproteína. Esta proteína, u m componente normal do
horas, tornando-a u m indicador sensível da capacidade de síntese sangue fetal, reduz a nível adulto em torno de 1 ano de idade. U m
em curso. Na hepatite aguda, o fracasso em aumentar a transtír- ligeiro aumento pode ser observado em pacientes com hepatite
retina é u m indicador de insuficiência hepática fulminante e está aguda e crônica e indica regeneração hepatocelular. Está presente
associado a u m prognóstico r u i m . E mais comumente usada com em concentração bem mais elevada no carcinoma hepatocelular
medida do estado nutricional. ( H C C ) e è discutida em maiores detalhes no Capítulo 43.
Imunoglobulinas. Geralmente as imunoglobulinas estão eleva-
das na (1) cirrose, (2) hepatite auto-imune e (3) cirrose biliar Proteínas da Coagulação
primária, mas são normais na maioria dos outros tipos de doença Devido à grande capacidade de reserva do fígado, a deficiência
hepática. A imunoglobulina (IgG) está elevada na hepatite auto- de hemostasia geralmente não ocorre, exceto na doença hepática
imune e na cirrose; I g M está elevada na cirrose biliar primária, e grave ou de longa duração. O tempo de protromhina (PT) inves-
a IgA tende a u m aumento em todos os tipos de cirrose. N e n h u m tiga a atividade do fibrinogênio (fator I), protromhina (fator II)
desses achados é específico e raramente são usados no diagnós- e fatores V, V I I e X. C o m o todos esses fatores são sintetizados
tico de doença hepática. pelo fígado, u m tempo de protromhina prolongado geralmente
696 PARTE V Fisiopatologia
indica a presença de doença hepática significativa. Na colestase, lítico. C o m o estas condições também aumentam as concentra-
a deficiência de vitamina K causa também u m aumento no ções de amónia, existe uma pequena correlação entre o aumento
tempo de protrombina. Neste caso, a normalidade da coagulação da amónia e o nível de insuficiência hepática. Entretanto, infe-
é corrigida dentro de poucos dias através de injeção parenteral lizmente, de forma individual, nos pacientes, existe uma pequena
de 10 mg de vitamina K. A o contrário, se o PT é prolongado correlação entre as concentrações plasmáticas de amónia e o nível
devido à doença hepatocelular, a síntese do fator é d i m i n u í d a e de encefalopatia. A persistência da concentração de amónia no
a administração dc vitamina K não corrige o problema. O método plasma é ú t i l no diagnóstico diferencial de encefalopatia, quando
para detectar o PT na doença hepática permanece controverso, não está claro se a encefalopatia é de origem hepática. É especial-
mas o sistema de normatização internacional (INR)* não padro- mente útil, também, para o diagnóstico da síndrome de Reye e
niza a medida de PT na doença hepática, como o faz na terapia de distúrbios hereditários do metabolismo da uréia. Entretanto,
por varfarina. não auxilia em pacientes com doença hepática conhecida.
Se os valores da amónia em indivíduos saudáveis são m u i t o
Síntese de Uréia maiores do que o esperado, deve-se considerar a existência e
Os pacientes com doença hepática em estágio terminal podem posterior correção das possíveis fontes de erro pré-a na lítico. Estas
apresentar baixas concentrações de uréia no plasma. A veloci- fontes incluem (1) contaminação (por uso de cigarros, utilização
dade de excreção da uréia na urina é menor do que em pessoas de beparina amoníaca na anticoagulação), (2) o mecanismo de
saudáveis. A l é m disso, as concentrações plasmáticas da amónia, coleta (uso prolongado do torniquete, mão fechada apertada
precursora da uréia (ver adiante), c de aminoácidos estão aumen- durante a coleta), ou (3) manipulação da amostra (atraso na
tadas na doença hepática terminal. análise; amostra não refrigerada).
F i g u r a 3 6 - 4 Principais vias metabólicas para utilização de amónia pelo hepatócito. As barras sólidas
indicam os locais de defeitos das enzimas primárias em vários distúrbios metabólicos associados à
hiperamonemia: (1) carbamil fosfato sintetase 1, (2) ornitina transcarbamilase, (3) argininossuccinato
sintetase, (4) argininossuccinato liase, (5) arginase, (6) transporte mitocondrial da ornitina, (7) propionil
Co A carboxilase, (8J metílmalonil CoA mutase, f 9) L -lisina desidrogenase e (10,) N-acetil glucamina
sintetase. As ímhds pontilhadas indicam o local da ativação (+) ou da inibição (-) da via. (De Flannery OB,
Hsia YH, Wolf B. Current status of hyperammonemia syndromes. Hepatology 1982;2:495-506. Copyright
1996 American Association for the Study of Liver Diseases. Reimpresso com permissão de Wiley-Liss, Inc.,
subsidiária de John Wiley & Sons, Inc.)
qualquer ponto, ao longo desse curso. As causas de obstrução maioria dos nutrientes chega através da veia porta, as funções de
que levam à hipertensão porta são classificadas em (1) pré-sinu- síntese n o fígado são também prejudicadas, resultando em (1)
soidal, (2) sinusoidal e (3) pós-smusoidal. A hipertensão porta hipoalbuminemia (contribuindo para a ascite), (2) redução dos
pré-sinusoidal é causada, mais comumente, por trombose da veia fatores de coagulação (predispondo-se à hemorragia), e (3) redução
porta ou esquistossomíase. Dentre as causas importantes de dos fatores trombolíticos, como a antitrombina (predispondo-se
hipertensão pós-sinusoidal estão a obstrução da veia hepática à trombose venosa).
(síndrome de Budd-Chiari) e a insuficiência cardíaca congestiva.
A vasta maioria dos casos de hipertensão porta representa hiper- Sangramento das Varizes Esofágicas
tensão dos sinusóides, mais comumente causada pela cirrose. A conseqüência mais grave, incompatível à vida da derivação
Quando a pressão da veia porta aumenta, o sistema venoso portossistêmica, é o desenvolvimento de varizes (veias aumenta-
portal se dilata e forma conexões lacerais ao fluxo venoso sistê- das e tortuosas) que ocorrem por todo o trato G I , mas são mais
mico (Figura 36-6), levando a uma derivação portossistêmica. comuns no esôfago e no estômago. O sangramento das varizes
Inicialmente, esta condição é clinicamente silenciosa, mas, à constitui uma das causas de morbidade e mortalidade em pacien-
medida que a hipertensão porta aumenta mais, as funções meta- tes com cirrose. As varizes estão presentes desde o diagnóstico de
bólicas do fígado são comprometidas. U m a anormalidade deste cirrose, em cerca de 40% dos pacientes, e se desenvolvem em u m
tipo é a alteração do metabolismo do estrógeno, que leva a (1) adicional de 6% ao ano.
telangiectasias e eritema palmar, (2) ginecomastia (em homens),
e (3) sangramento vaginal anormal e períodos menstruais irregu- Ascite
lares (em mulheres). A ineficiência das funções metabólicas pro- Ascite é a passagem e o acúmulo de líquido na cavidade abdomi-
teicas ocasiona o acúmulo anormal de amónia e de neurotransmis- nal. A ascite é o achado clínico mais comum em pacientes com
sores, ocasionando, finalmente, a encefalopatia hepática. Como a hipertensão porta. Ela por si só, não é ameaçadora à vida, mas é
698 PARTE V Fisiopatologia
desconfortável e pode comprometer a respiração. Predispõe ções plasmáticas de amónia raramente auxiliam no diagnóstico
também os indivíduos à peritonite bacteriana espontânea, que é e monitoração dos pacientes com este distúrbio. Entretanto, as
prejudicial à vida. C o m o existem muitas causas de ascite, a carac- concentrações normais de amónia são úteis para excluir a ence-
terística que mais distingue a hipertensão porta é o aumento da falopatia hepática como uma causa de disfunção cerebral. U m a
diferença entre as concentrações de albumina plasmática e a do exceção é o paciente que tem encefalopatia aguda de causa des-
líquido ascítico (algumas vezes chamada de gradiente de albumina conhecida. Nesta situação, as concentrações elevadas de amónia
sérica-ascite ou SAAG). U m gradiente maior que 1,1 g / d L con- sugerem insuficiência hepática aguda ou síndrome de Reye.
firma o diagnóstico de ascite caus ada por hipertensão porta.
Síndrome Hepatorrenal
Peritonite Bacteriana Espontânea A síndrome hepatorrenal (HRS) refere-se à diminuição da função
A ascite predispõe à peritonite bacteriana espontânea, definida renal decorrente de doença hepática. A hipertensão porta é u m
como bacteremia (caracteristicamente gram-negativa) na ausência fator c o m u m em todos os casos de H R S que se desenvolve em
de r o m p i m e n t o mecânico do intestino. Geralmente se apresenta doença hepática crônica. Entretanto, a síndrome também pode
em u m individuo com cirrose conhecida que desenvolve dor se desenvolver na insuficiência hepática aguda. Apesar de ante-
abdominal, febre ou leucocitose. O diagnóstico é estabelecido riormente ter sido associada a u m quadro terminal e rapidamente
pelo exame do líquida ascítico; mais de 250 neutrófilos por progressivo de doença hepática, atualmente a HRS é classificada
microlitro, ou mais de 500 na ausência de uma cultura de sangue em dois grupos principais. Por exemplo, a HRS ripo 2 é a mais
positiva, é considerado diagnóstico. A o contrário, uma peritonite c o m u m e representa u m declínio estável ou lentamente progres-
secundária está geralmente associada a (1) contagens mais altas sivo da função renal, devido à vasodilatação periférica e à vaso-
de neutrófilos, (2) baixa glicose no líquido ascítico e (3) alta constrição renal. O tipo 1 ou H R S clássica, caracteriza-se pelo
concentração de proteína. rápido declínio da função renal, geralmente se desenvolvendo em
uma pessoa com H R S tipo 2 preexistente. A HRS tipn 1 geral-
Encefalopatia Hepática (Portossistêmica) mente se desenvolve quando ocorre uma diminuição aguda da
A encefalopatia hepática é u m distúrbio metabólico caracteri- pressão sanguínea, freqüentemente devido a uma peritonite bac-
zado por u m amplo espectro de disfunções neuropsiquiátricas. teriana espontânea ou sangramento de varizes.
Pode ocorrer (I) como uma síndrome aguda, em pacientes com A característica c o m u m em ambas as formas de HRS é a
insuficiência hepática aguda causada por hepatite virai ou indu- ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona, causada por
zida por drogas, ou (2) como uma síndrome crônica associada à depleção do volume intravascular, acarretando retenção de água
cirrose e insuficiência hepática. U m a variedade de sistemas e e sais. Isto leva ao desenvolvimento de hiponatremia, hipocale-
neurotransmissores está em disfunção na encefalopatia hepática, mia, alcalose metabólica, baixa excreção de sódio e alta excreção
mas a causa exata das alterações não é conhecida. As concentra- de potássio na urina e alta osmolaridade da urina.
Doenças do Fígado CAPÍTULO 3 6 699
Veias de Sappey
Diafragma
Varizes esofágicas
Fígado
Parede
abdominal Omento Parede
abdominal
Veias de
Retzius
Veia
espermática
Veia abdominal
subcutânea
Distúrbios da Hemostasia na Doença lação intravascular ineficaz. Embora seja comumente atribuída
Hepática ao seqüestro esplénico (hiperesplenismo), há evidências da des-
Vários fatores de coagulação são produzidos pelo fígado. Por- truição de plaquetas mediada por anticorpo. Pacientes com hepa-
tanto, anormalidades na hemostasia são comuns na doença hepá- tite auto-imune podem possuir anticorpos anticardiolipina e
tica, particularmente na cirrose e na insuficiência hepática aguda. anticorpos para plaquetas.
Os, distúrbios do fibrinogênio, como a disfibrmogenemia,
também podem ser vistos tanto na doença hepática aguda quanto
na crônica, ocasionando extensão do tempo parcial da trombo- Enzimas Liberadas por Lesão Hepática
plastina. A coagulação intravascular disseminada ocorre com a C o m o a função hepática é freqüentemente normal em muitos
necrose hepática aguda, provavelmente como resultado da libe- pacientes com doença hepática, as atividades plasmáticas de
ração de tromboplastina tecidual e defeito na remoção de inibi- numerosas enzimas associadas à membrana, citosólicas e mito-
dores, como a antitrombina e proteína C. A trombocitopenia condriais são analisadas juntamente com o aumento em muitas
(comum em pessoas com cirrose) pode contribuir para a coagu- formas de doença hepática.
700 PARTE V Fisiopatologia
C o m o o padrão e o grau de elevação da atividade enzimática zima. O mecanismo de liberação de enzimas ligadas à membrana,
variam com o tipo de doença hepática, estas avaliações são extre- como G G T e ALP, para a circulação, é b e m menos compreendido,
mamente úteis para reconhecimento e diagnóstico diferencial das mas parece ser (1) por aumento de síntese, (2) por fragmentação
lesões hepáticas. Vários fatores contribuem para a utilização de da membrana pelos ácidos biliares e (3) solubihzação das enzimas
enzimas hepáticas no diagnóstico, como (1) especificidade teci- ligadas à membrana, através da ação dos ácidos biliares.
duai, (2) distribuição dentro da célula, (3) perfil da atividade da
enzima no fígado e no plasma, (4) padrões de liberação e (5) Velocidade de Remoção das Enzimas Plasrháticas
remoção do plasma. A remoção das enzimas plasmáticas hepáticas ocorre em tempos
diferentes. A meia-vida da A L T é de 47 horas, da A S T citosólica
Especificidade Teciduai 17 horas; portanto, embora mais a A S T seja liberada do fígado,
As cinco enzimas que são normalmente utilizadas n o diagnóstico a meia-vida m u i t o mais longa da A L T leva a atividades maiores
de doença hepática incluem (1) aspartato aminotransferase (AST; de A L T do que de A S T na maioria das formas de lesão hepato-
E C 2.6.Í.1); (2) alanina aminotransferase (ALT; E C 2.6.1.2.); (3) celular. A meia-vida da isoenzima hepática A L P varia entre 1 a
fosfatase alcalina (ALP; 3.1.3.1) e (4) y-glutamil transferase ( G G T ; 10 dias; o valor anterior parece corresponder melhor às alterações
E C 2,3.2.2), que normalmente são utilizadas para a detecção de vistas com a remoção de cálculos biliares. A meia-vida da G G T
lesão hepática e (5) lactato desidrogenase ( L D ; E C 1.1.1.27), que foi descrita com 4,1 dias. O mecanismo pelo qual as enzimas são
é usada de forma ocasional. A L T e G G T estão presentes em removidas da circulação não é completamente conhecido, embora
vários tecidos, porém as atividades plasmáticas refletem, prima- a endocitose mediada por receptor, nos macrófagos do fígado,
riamente, a lesão hepática. A S T é encontrada no fígado, músculo provavelmente esteja envolvida.
(cardíaco e esquelético) e, em proporção limitada, nos eritrócitos.
A L D rem u m a ampla distribuição e por isso é relativamente
inespecífica. A A L P é encontrada em vários tecidos, mas em DOENÇAS DO FÍGADO
indivíduos normais, primariamente em ossos e fontes hepáticas. O fígado possui u m número limitado de maneiras de responder
Assim, com base na distribuição teciduai, a A L T e a G G T são à lesão. A lesão aguda do fígado pode ser assintomática, mas com
consideradas marcadores específicos para a lesão hepática. freqüência se apresenta como icterícia. As duas principais doenças
hepáticas agudas são a hepatite aguda e a colestase. Geralmente
Distribuição Subceiuiar a lesão hepática crónica assume a forma clínica de hepatite
As enzimas são encontradas em diferentes locais dentro das crônica; suas complicações em longo prazo incluem a cirrose e
células. As AST, A L T e L D são enzimas citosólicas, e como tais, H C C . A discussão de doença hepática será abordada principal-
são liberadas durante as lesões celulares, surgindo relativamente mente sobre estes aspectos e em poucas doenças que diferem
rápido no plasma. N o caso da A S T e ALT, elas se apresentam deste padrão geral.
como isoenzimas nas mitocôndrias e no citosol dos hepatócitos,
e em outras células que contenham essas enzimas. Em relação à
ALT, a quantidade relativa de isoenzima m i t o c o n d r i a l é pequena Padrões e Mecanismos de Lesão
e sua meia-vida plasmática é extremamente curta, o que a torna A célula-alvo determina o padrão de lesão, assim, a lesão do
sem utilidade no diagnóstico. C o m a AST, a isoenzima mitocon- hepatócito leva à doença hepatocelular e a lesão da célula biliar
drial representa uma fração significativa da A S T total dos hepa- origina a colestase. Toda lesão celular pode induzir a fibrose
tócitos. Do contrário, A L P e G G T são glicoproteínas ligadas à como uma resposta adaptativa o u de cura, porém a duração da
membrana, e a localização mais importante de ambas as enzimas lesão e os fatores genéticos determinam se ocorrerá cirrose o u
é na membrana dos canalículos dos hepatócitos. u m carcinoma (Figura 36-7).
A morte celular ocorre por necrose ou apoptose, ou ambas.
Atividade Relativa no Fígado e no Plasma A necrose celular ocorre como resultado de u m ambiente nocivo
Para as enzimas citoplasmáticas, a correspondência das concen- e é referida como "assassínio". A lesão tóxica provocada por
trações relativas de enzima no fígado e no plasma constitui u m compostos como o tetracloreto de carbono, aspirina e paraceta-
parâmetro clinico importante. A atividade da A S T dentro dos mol 9 ocorre na maior parte por necrose. A apoptose ocorre como
hepatócitos é cerca de duas vezes a da ALT, embora as atividades resultado de u m programa de morte celular acelerado, no qual a
plasmáticas sejam semelhantes. A o contrário, as atividades da L D célula c o n t r i b u i para a sua própria m o r t e e, portanto, comete
no hepatócito são muito mais baixas (relativas ao plasma) do que "suicídio". Independente da causa, a morte celular leva, tipica-
as outras duas enzimas, mas as atividades plasmáticas da L D são mente, ao extravasamento de enzimas citoplasmáticas.
muitas vezes maiores do que as da A S T e ALT. Isto indica que, Os testes em laboratório são úteis na distinção (1) do padrão
na lesão hepática, a L D apresenta u m menor aumento quando da lesão (hepatocelular versus colestática), (2) cronicidade da lesão
comparada a A S T e ALT. A concentração relativa de enzima no (aguda versus crónica) e (3) gravidade da lesão (branda versus
tecido não é necessariamente a mesma na doença; na cirrose e acentuada). Em geral, (1) as enzimas aminotransferases e a fosfa-
na desnutrição ocorre redução significativamente maior da A L T tase alcalina (ALP) são usadas para distinguir o padrão, (2) a
do que da AST. albumina plasmática para determinar a cronicidade e a concen-
tração (3) do fator V ou do TP, para determinar a gravidade. A t é
Mecanismos de Liberação o momento, o único m o d o de detectar a fibrose com precisão é
Vários mecanismos parecem estar envolvidos na liberação de a biópsia hepática.
enzimas dos hepatócitos. A lesão celular é o mecanismo mais
simples que permite o extravasamento de enzimas citoplasmáticas, Distúrbios do Metabolismo da Bilirrubina
porém uma liberação mínima de outros tipos de enzimas. O Os defeitos do metabolismo da bilirrubina que resultam em
álcool parece induzir a expressão de A S T mitocondrial na super- icterícia ocorrem em cada etapa da via metabólica. A via meta-
fície dos hepatócitos. Não é surpresa que a hepatite alcoólica bólica e os defeitos relacionados com esses defeitos são discutidos
esteja associada ao aumento de atividades plasmáticas desta isoen- no Capítulo 28.
Doenças do Fígado C A P Í T U L O 3 6 701
r
Recuperação
sem seqüela Carcinoma
Regeneração hepatocelular
l 1 L U W I LJIQ I
Lesão
hepática
Lesão
crônica
Fibrose
(cura) Cirrose
X Morte
aguda
Hipertensão porta
(varizes esofágicas, ascite,
encefalopatia)
Falha na
regeneração
Hepatite — •. Recuperação
K v
fulminante
Morte
A B G D E G
M i n , Mínima; HAV, víms da hepatite A ; HBsAg, ttníígeno dt superfície da hepatite. B; PCR, reação em cadeia da JíolimÊttiSÉ; IgM, ímunoglobuliM M ; HCV, vírus da hepatite C;
HDV, vírus da hepatite D; HtíV, vírus da hepatite Ej HGV, vírus da ha/ia ti te • .
^Vacinação t imunização passiva contai H B V protege comra a infecção por H D V
rápido aumento das enzimas citosólicas, com a AST, A L T e L D , últimos anos de 1980, provavelmente devido à imunização para
seguida por redução a valores semelhantes aos valores conhecidos H A V e H B V e o uso seguro de injeções e práticas sexuais.
de meia-vida. C o m a lesão indireta, há (1) aumento gradual das
enzimas citosólicas, (2) uma fase de equilíbrio platô, e (3) redução
gradual da elevação das enzimas. Embora a icterícia seja o achado Hepatite A Aguda
clínico principal que leva ao reconhecimento da hepatite aguda, E m adultos, cerca de 70% daqueles com infecção aguda por H A V
ela freqüentemente está ausente. U m aumento de atividade da desenvolvem icterícia. Em crianças, a infecção aguda por H A V segue
A S T maior que 200 I U / L , ou da atividade da A L T maior que quase sempre não reconhecida e apenas 10% tornam-se ictéricas.
300 I U / L , tem sensibilidade e especificidade clínicas maiores que O anticorpo IgM (IgM anti-HAV) surge no curso inicial da doença
90% para hepatite aguda. A A L P é, em geral, levemente aumen- e persiste, em média, por 2 a 6 meses e é o melhor teste para o
tada e é três vezes menor que o l i m i t e de referência superior em diagnóstico de infecção aguda por HAV.
90% dos casos de hepatite aguda. A elevação da biíirrubina,
quando presente, é predominantemente de biíirrubina de reação
direta, em uma porcentagem total semelhante à da obstrução do Hepatite B Aguda
dueto biliar. Em geral, a função de síntese do fígado é bem pre- Assim como na HAV, a maioria das infecções em crianças é clini-
servada na maioria das formas de hepatite aguda; o prejuízo da camente silenciosas. Estima-se que 30% a 5 0 % dos adolescentes
função de síntese é u m importante preditor da insuficiência e adultos com infecção aguda por H B V desenvolvam icterícia. O
hepática aguda. Estas e outras características que são úteis para resultado da infecção aguda p o i H B V é fortemente influenciado
o diagnóstico diferencial da hepatite aguda estão resumidas na pela idade e pelo estado imune, como discutido anteriormente.
Tabela 36-2. O curso sorológico da hepatite B aguda está ilustrado na Figura
O resultado da hepatite aguda é variável. Na maior parte dos 36-8. O HBsAg é o primeiro marcador sorológico a aparecer (1
casos ocorre a recuperação completa e a regeneração do fígado a 2 meses após a infecção, antes da evidência de hepatite), e é o
leva à normalidade da estrutura e função do órgão. C o m algumas ú l t i m o marcador protéico a desaparecer. O primeiro anticorpo a
viroses a deficiência em remover a infecção leva ao desenvolvi- aparecer, usualmente coincidindo com o inicio da evidência
mento da hepatite crônica. E m pequena porcentagem dos casos, clínica de hepatite, 3 a 6 meses após a infecção, é o anti-HBc,
a destruição maciça do fígado leva à insuficiência hepática aguda que persiste por 3 a 6 meses. E geralmente considerado diagnós-
(hepatite fulminante), que está associada à alta taxa de mortali- tico de infecção aguda por hepatite B. Raramente indivíduos
dade a menos que ocorra u m transplante hepático. possuem HBsAg e anti-HBc negativos n o m o m e n t o da apresen-
ração inicial, deixando a I g M anti-HBc como o único marcador
Hepatite Virai Aguda positivo. Este achado tem sido chamado "janela do cerne". A
Todas as formas de hepatite virai aguda possuem u m curso clínico "recuperação" está associada à perda do H B s A g e ao apareci-
semelhante, com elevações notórias nas aminotransferases, comu- mento do anti-HBs; mais do que 9 5 % dos adultos e adolescentes
mente entre 8 a 50 vezes os limites superiores de referência. A saudáveis têm este resultado, enquanto estes valores são menores
A L T é tipicamente maior que a A S T devido à sua remoção mais em crianças mais jovens ou naqueles que estão imunossuprimi-
lenta. As elevações enzimáticas apresentam u m pico antes da dos. As evidências que se acumulam indicam que o H B V perma-
ocorrência do pico de biíirrubina e permanecem elevadas, em nece quiescente n o corpo e o D N A do H B V circula em baixas
média, por 4 a 5 semanas (mais para A L T do que A S T por causa concentrações na "recuperação '. Isto tem sido chamado de infec-
da sua meia-vida mais longa). A incidência de hepatite virai aguda ção "oculta" por H B V . A "reativação" ou infecção pode ocorrer
reduziu a valores inferiores a 2 0 % dos valores encontrados nos com a quimioterapia ou por imunossupressao severa.
16 20 24 28
dos com letargia e confusão que podem se deteriorar rapidamente Idiopática Biópsia hepática, ausência de marcadores
Pré-tratamenlo Carga virai de HCV Detectável Linha básica (para comparar com valores de 12 semanas
Genótipo 2 ou 3 x outras Extensão do tratamento (24 semanas para genótipo
2 ou 3, 43 semanas se outro genótipo)
12 semanas em tratamento Carga virai de HCV < 2 log gota Parar tratamento (não-responsivo)*
> 2 log gota Continuar tratamento (no responsivo ao tratamento)
24 semanas em tratamento* RNA sensível ao HCV* Detectável Parar tratamento (não-responsivo)
Não-detectável Continuar tratamento (no responsivo ao tratamento)
Término do tratamento 5 RNA sensível ao HCV4 Detectável Não-responsivo
Não-detectável Responsivo ao tratamento
24 semanas após o término RNA sensível ao HCV* Detectável Reincidente
Não-detectável Responsivo virológico continuado
*Menos que 3% de chance de resposta virológica continuada; aiguns continuam o tratamento por 24 semanas e reavaliam.
*Ri'.-ilizado apenas se o genctijbo não for 2 cu 3.
'Limite de detecção mais baixo <50 lU/mL.
s
Fdco em 24 semanas para o genótipo 2 ou 3; {eito em 48 semanas em outros genótipos; nem todos com avaliação recomendada no fim da resposta ao tratamento.
Doenças do Fígado CAPÍTULO 3 6 707
resposta são pequenas nos que possuem ancestrais africanos e resumo dos auto-anticorpos mais comuns, suas associações e seus
naqueles com risco aumentado de desenvolvimento de fibrose. alvos moleculares (quando conhecidos) é mostrado na Tabela 36-5.
O tratamento por imunossupressão, usando-se somente a predni-
Doença Hepática Gordurosa Não-alcoólica e sona ou em combinação com a azotioprina é eficaz na indução da
Esteatose Hepática Não-alcoólica remissão clínica da doença em cerca de 80% dos casos.
A NASH 1 3 (esteatose hepática não-alcoólica) refere-se a uma
doença associada à gordura e inflamação no fígado, em pessoas Doenças Hepáticas Induzidas por Drogas
que ingerem quantidades mínimas ou não ingerem álcool. E mais C o m o já discutido, a maioria dos casos de doença hepática indu-
comumente observada em associação ao diabetes, obesidade e / o u zida por drogas apresenta-se como uma hepatite aguda. Menos
dislipidemia (altas taxas de triglicerídeos e baixas taxas de lipopro- c o m u m são, as drogas que produzem lesão hepática crônica, em
teína de alta densidade ([colesterol HDL])- H á u m crescente reco- u m padrão parecido com a hepatite crônica ou outra lesão hepá-
nhecimento de que o acúmulo de gordura no fígado sem infla- tica crônica (p. ex., colestase crônica e granulomas hepáticos). As
mação é tamhém comumente encontrado em indivíduos com drogas mais comuns que estão associadas à hepatite crônica são
obesidade e diabetes e aqueles com outros componentes da sín- a nitrofuranteínaj o metildopa e os inibidores de H M G - C o A
drome metabólica. O termo mais abrangente de doença hepática redutase. Os medicamentos à base de ervas também estão asso-
gordurosa não-alcoólica ( N A F L D ) foi introduzido para incluir esta ciados à hepatite crônica. As drogas estabilizadoras, como causa
última forma e N A S H . A freqüência da N A F L D é alta na América de hepatite crônica, tornam-se mais difíceis ]á que as relações
do Norte e na Europa; estima-se que a N A F L D ocorra em 20% temporais à ingestão da droga não são tão definitivas quanto à
da população e a N A S H em 2 % a 3%. Isto pode fazer a N A S H causa da hepatite aguda. As reações são observadas primeiro
tão c o m u m quanto o H C V crônico. A N A S H progride para naqueles que estão tomando o medicamento por vários meses.
cirrose em 15% dos casos em u m número pequeno de estudos A maioria das reações crônicas às drogas termina quando a uti-
prospectivos publicados. Os diagnósticos por laboratório de lização é interrompida.
N A S H e N A F L D não é possível atualmente. As características
clinicas são semelhantes àquelas outras causas de hepatite crônica. Doenças Hepáticas Hereditárias que se
A t é o momento, o principal tratamento tem sido a perda de peso, Apresentam como Hepatite Crônica
que está sempre associada à diminuição dos valores da ALT. As doenças hepáticas hereditárias que se apresentam como hepa-
tite crônica incluem a hemocromatose (discutida no Capítulo
Hepatite Auto-imune 28), a deficiência de a r a n t i t r i p s m a (AAT, discutida no Capítulo
A hepatite auto-imune (AIH) representa uma forma de hepatite 18) e a doença de W i l s o n (discutida nos Capítulos 18 e 32).
crônica que progride rapidamente (mais que 40%, mortalidade em
6 meses em indivíduos não-tratados) e está associada à presença de Doença Hepática Alcoólica
marcadores auto-imunes e hrpergamaglobulinemia acentuada.2 A doença hepática alcoólica12 difere clínica e bioquimicamente
Ocorre mais comumente em mulheres jovens e de meia-idade Os das outras formas de hepatite e doença hepática. Constitui uma
anticorpos mais importantes para o diagnóstico são o anticorpo causa c o m u m de doença hepática n o m u n d o desenvolvido, mas
antinuclear (ANA), o anticorpo antimúsculo liso e o anticorpo a incidência de hepatite alcoólica aguda parece estar reduzida na
antiantigeno 1 de microssomo hepático e renal ( L K M J . U m América do N o r t e e na Europa. Os fatores de risco para o desen-
Artiactina Actina AIH tipo 1; mais específico que ASMA, fraca resposta aos
corticoesteróides. início em idade precoce
Receptor antiasialoglicoproteína (ASGPR) Proteína de ligação ao antígeno AIH, correlacionar com a atividade, desaparece com
Iransmembrana tratamento bem-sucedido
Microssomos anti-hepático e renal (LKM!) Citccromo P450 IID6 AIH tipo 2; vista em apenas 4% dos casos nos Estados
Unidos; geralmente em crianças
Citosol específico anti-hepático (LCO Enzima (possivelmente formimino-transferase AIH em pacientes mais jovens, com anti-LKMI1p colangite
ciclodesaminase ou argininossuccinato esclefosante primária; varia com a atividade da
liase] doença
Anticorpo antimitocondriai (AMA tipo M2) Diidrolipaamida acetiltransferase Cirrose biliar primária
Anticorpos citoplasmáticas anlineutrófilo Bactericida/proteína de permeabilidade, Colangite esclerosante primária (50% a 70%), colite
(p-ANCA) caíepsina G, lactoferrina ulceraíiva (50% a 70%), AIH; AIH tipo 1 não-específica
Anticorpo antinuclear (AMA) Múltiplos alvos (centrômero, AIH tipo 1, alguns casos de PSC
ribonucleoproteínas); pode não ser
detectado por ELISA
Antígeno antimúsculo liso (5MA) Actina, tubulina, vimentina, desmina, AIH tipo 1, vista em outras doenças auto-imunes, em títulos
esquelitina mais baixos
Antígeno hepático anti-solúvel/fígado e Via da proteína selenocisteina (serina AIH tipo 3; muito especifico para AIH, correlaciona-se com
pâncreas (SLA) h idroxi m eti Itransfe rase) a reincidência após retirada do corticosteróide
volvimento da doença hepática alcoólica incluem (1) a duração de Velocidade Normalizada Internacional + 9,6 l n de concentra-
e a magnitude do abuso do álcool (fara se a ingestão for <40 g / ção de creatinina (mg/dL) + 6,4 a contagem da etiologia (0 para
dia, em homens e 10 g/dia em mulheres), (2) sexo (mulheres álcool ou obstrução, 1 para todas as outras causas). O M E L D tem
podem ser mais propensas a desenvolver cirrose) (3) a pTesença sido usado para identificar pacientes com cirrose avançada que
de uma co-ínfecção com H B V ou H C V (ambos aumentam o risco podem ser candidatos ao transplante de fígado; parece ser supe-
de cirrose) e (4) o estado nutricional (má nutrição aumenta o riOT ao sistema de contagem de Child-Pugh no prognóstico de
risco de cirrose). A l é m disso, existem evidências da existência de sobrevivência a curto prazo. O risco de morte em 3 meses é baixo
u m componente imune na doença hepática alcoólica, assim nos pacientes com contagem M E L D abaixo de 10; intermediário
como a modificação das proteínas hepáticas por metabólitos do naqueles com contagens de 10 a 20, e alto nas contagens acima
etanol também pode estar envolvida na patogênese. Comparada de 20.7
a outras causas de hepatite crônica, na hepatite alcoólica é pouco Os achados laboratoriais na cirrose refletem o avanço da lesão
provável ocorrer aumento de A S T ou A L T e, sim, A S T superior hepática e o decréscimo da função hepática. Na cirrose, as ativi-
a ALT. O prognóstico da doença hepática alcoólica crônica é dades das aminotransferases são variáveis e refletem a atividade
melhor do que as outras formas de doença hepática, com apenas necroinflamatóría fundamental. Se a causa da cirrose for elimi-
10% a 15% de desenvolvimento de cirrose e uma fração m u i t o nada (como pela abstinência do álcool ou tratamento bem-suce-
menor para o desenvolvimento de H C C . O principal tratamento dido da hepatite viTal), a atividade da aminotransferase ficará
é a abstinência de álcool. dentro do intervalo de referência. A persistência o u a elevação é
u m fator de risco para o desenvolvimento de H C C . Os aumentos
Cirrose da a-fetoproteína (AFP) são comuns nos pacientes cirróticos,
A cirrose, definida anatomicamente como fibrose difusa com mesmo na ausência de H C C .
regeneração nodular, representa o estágio final de formação de
cicatriz e regeneração na lesão hepática crônica. As causas comuns Doenças Hepáticas Colestáticas
da hepatite crônica que levam à cirrose e suas terapias (que A colestase (bloqueio ou supressão do fluxo da bile) está asso-
podem prevenir ou, em alguns casos, reverter a cirrose) estão ciada à retenção da bile dentro do sistema excretor. O termo
listadas na Tabela 36-3. Possivelmente, todas as doenças hepáticas obstrução é freqüentemente usado de modo inapropriado, já que
crônicas são conhecidas por levar à cirrose, mas a maioria dos a colestase também ocorre sem obstrução mecânica do trato
casos de cirrose ocorrem como resultado da hepatite crônica. biliar. Embora a colestase intra-hepática possa resultar de proble-
Nos primeiros estágios da transição de hepatite crônica para mas mecânicos ou funcionais, a colestase extra-hepática resulta
cirrose, denominada cirrose compensada, pode não haver sinais sempre de obstrução física dos duetos biliares, por processos
ou sintomas de lesão hepática. Os resultados de laboratório geral- como (1) cálculos nos duetos biliares (coledocolitíase), (2) esteno-
mente surgem anormais antes dos achados clínicos começarem a ses e (3) tumores primários nos duetos biliares (colangiocarci-
se desenvolver. Estes últimos incluem (1) ascite, (2) ginecomastia, noma), de pâncreas ou envolvendo os linfonodos adjacentes aos
(3) eritema palmar e (4) hipertensão porta. As anormalidades duetos biliares. As principais doenças colestáticas são (1) obstru-
laboratoriais mais precoces são (1) redução do número de plaque- ção física dos duetos biliares, (2) cirrose biliar primária (PBC) e
tas, (2) aumento do PT, (3) diminuição da relação albumina-glo- (3) colangite esclerosante primária (PSC).6,15 A hepatite colestá-
bulina para <1 e (4) aumento da relação de atividade A S T / A L T tica que foi discutida previamente, pode causaT, também, coles-
para <1. A sobrevivência naqueles com cirrose compensada é boa. tase, mas geralmente se apresenta mais ligada à hepatite.
Por exemplo, a taxa de sobrevivência em 10 anos é de 90%. C o m A colestase prolongada pode levar à deficiência de ácido
a progressão da cirrose, ocorre a descompensação, com evidência biliar, causando má absorção de lipídios e das vitaminas liposso-
clínica de hipertensão porta. U m a vez ocorrendo a descompen- lúveis A , D , E e K (Capítulo 27). O acúmulo de conteúdos
sação, a sobrevivência de 10 anos é reduzida para 20%. U m a normais da bile causa a icterícia e o desenvolvimento de uma
variedade de sistemas de estadiamento tem sido usada para pre- lipoproteína X anormal, contendo fosfolipidios, colesterol, frag-
venir o prognóstico na cirrose. A contagem M E L D é calculada mentos de membranas celulares (junto com a ALP) e albumina.
como 3,8 + l n de concentração de biíirrubina ( m g / d L ) + 11,2 l n A lipoproteína X será incluída na lipoproteína de baixa densi-
dade (LDL) na fórmula de Friedewald (Capítulo 23) e em alguns
métodos diretos para colesterol L D L . Geralmente ocorre aumento
da biíirrubina apenas com a obstrução completa e, portanto, é
mais comumente observado na colestase extra-hepática do que
TABELA 36-6 Testes d e F u n ç ã o H e p á t i c a na intra-hepática.
Teste Utilidade Os indicadores laboratoriais da colestase incluem aumento
das atividades plasmáticas das enzimas canaliculares, como a A L P
Biíirrubina Diagnóstico de icterícia, correlação
e GGT. E m geral, ocorre u m breve retardo entre o início da
modesta com a gravidade
colestase e o aumento das atividades plasmáticas. Nos estágios
Foslatase alcalina (ALP) Diagnóstico de colestase e lesões que
iniciais da obstrução mecânica (especialmente por cálculos bilia-
ocupam espaços
res), podem ocorrer aumentos temporários das atividades plasmá-
Fracion amento da biíirrubina Diagnóstico dos distúrbios do
ticas das enzimas citosólicas hepáticas, como A S T e ALT, as quais
metabolismo e distúrbios do neonato
Aspartato aminotransferase (AST) Teste sensível para doença podem exceder 400 I U / L e, em 1% a 2% dos casos, podem estar
hepatocelular; AST > ALT na doença acima de 2.000 I U / L . Mesmo com a permanência da obstrução,
alcoólica, na cirrose a atividade da A S T e da A L T decresce gradualmente, e os valores
Alanina aminotransferase (ALT) Teste mais sensível e mais específico da AST, dentro de 8 a 10 dias, retornam ao intervalo de referên-
para doença hepatocelular cia. Os aumentos da biíirrubina total, com o predomínio de
Albumina Indicador de cronicidade e gravidade biíirrubina reagente direta, refletem a extensão da obstrução e são
Tempo de protrombina (PT) Indicador de gravidade, indicador observados na colestase intra e extra-hepática. O PT prolongado
inicial da cirrose, na hepatite crônica é a anormalidade de coagulação mais comumente detectada. Nor-
Doenças do Fígado CAPÍTULO 3 6 709
malmente é corrigido pela administração parenteral de vitamina comuns em pessoas mais velhas, com até 50% dos indivíduos
K. aumento temporário do Antígeno 19-9 ( C A 19-9) de Câncer apresentando aumento de enzimas pelo uso de medicamentos. As
ocorre com a obstrução de dueto biliar; esta é uma consideração drogas podem causar u m quadro colestático por meio de dois
importante porque o C A 19-9 é freqüentemente usado como teste mecanismos principais. E m alguns casos, apenas a bilirrubina
diagnóstico para carcinoma de duetos biliares e carcinoma pan- conjugada está elevada, não ocorrendo aumento das enzimas cana-
cieático. U m a característica importante da obstrução extra-hepá- li cu lar es.11 Esta condição freqüentemente é vista com o estrogênio
tica é a dilatação dos duetos biliares intra-hepáticos mais proxi- e os estetóides anabólicos. Mais comumente, as drogas induzem
mais, os quais são visualizados por estudos de imagens. uma hepatite colestática, como discutido anteriormente.
para H C C . Na experiência do autor, a AFP acima do l i m i t e de uma doença da outra. Neste caso, é prudente assumir que o
referência superior tem u m valor prognóstico positivo de apenas problema é colestático e não considerar a obstrução biliar.
16% para o H C C . O uso de valores de corte maiores do que o Ocasionalmente, são vistos pacientes com elevações isoladas
limite de referência superior melhora a especificidade clínica da na A L P ou nas atividades da aminotransferase. Na prática, u m
AFP total à custa da sensibilidade clínica. A protrombina des-y- aumento isolado na arividade da ALP é difícil de interpretar. E m
carbóxi (DCP), também chamada de PIVKA-2 (proteína fator I I crianças, a hiperfosfatasemia transitária benigna deveria sempre ser
induzida por antagonista da vitamina K), é a forma inativa da considerada, e é importante o uso dos intervalos de referência
protrombina encontrada em pessoas que usam varfarina. Os apropriados à idade, porque o crescimento ósseo ocasiona valores
testes para D C P c o m limites de detecção baixos podem detectar de A L P tão superiores ao limite de referência superior para
cerca de 5Q% dos H C C pequenos; a D C P é mais bem utilizada adultos. E m adultos, isto é necessário para que primeiro se con-
como u m adjunto da AFP, porque os tumores sempre produzem f i r m e se a ALP é de origem hepatobiliar. Pode ser obtido através
u m ou outro marcador tumoral. do fracionamento da isoenzima ou pela medida de outra enzima
canalicular, como a GGT, a qual pode estar normal se o aumento
ESTRATÉGIA DIAGNOSTICA da ALP não fot de origem hepática. O aspecto mais importante
Os testes de função e integridade do fígado são úteis para (1) d o trabalho é excluir as lesões que ocupam espaços, pela visuali-
detecção, (2) diagnóstico, (3) avaliação da gravidade, (4) monito- zação do fígado por tomografia computadorizada (CT) e da
ração da terapia e (5) avaliação da disfunção e no prognóstico da doença do trato biliar pela visualização da árvore biliar com ultra-
doença hepática (Tabela 36-6). sonografia ou colangiografia.
Através do uso de uma combinação dos testes listados na O aumento das atividades plasmáticas da A S T e da A L T são
Tabela 36-6, é possível classificar os principais tipos de doença comuns em muitos distúrbios. O fígado é a provável fonte de
hepática, os quais podem então ser mais precisamente diagnosti- elevação se a atividade da A L T for maior do que a da AST. Se a
cados através dos testes específicos para a doença. U m algoritmo atividade da A S T for maior do que a da ALT, uma outra evidên-
para este processo é apresentado na Figura 36-10. cia para sugerir comprometimento do fígado poderia incluir as
das anormalidades da função hepática (albumina, PT, biíirru-
Enzimas Plasmáticas bina) e o aumento da atividade da ALP. Se todos estes testes
Na prática, as atividades das aminotransferases séricas e da A L P relacionados forem normais, é razoável medir a atividade da
são os testes mais úteis, por permitirem a diferenciação entre creatinoquinase (CK) para assegurar que a causa não seja por
doenças hepatocelular e colestática. U m a diferenciação a tempo lesão muscular. Se foT determinado que o fígado é a fonte, a
é importante porque a deficiência em reconhecer uma doença administração de todas as drogas potencialmente hepatotóxicas
colestática, causada por obstrução biliar extra-hepática, poderá e a ingestão de álcool (especialmente se a A S T for maior que
resultar em falência do fígado, se a obstrução não for rapida- A L T ) devem ser interrompidas. Se persistir o aumento a ultra-
mente corrigida. A diferenciação é importante também para sonografia (à procura de u m fígado gorduroso não-alcoólico) e
reconhecer que pode haver uma zona nebulosa de doenças hepa- sorologia para hepatites B e C devem ser realizadas. Mais de 90%
tocelular e colestática misturadas, onde os testes não distinguem das elevações enzimáticas isoladas de origem hepática podem ser
causadas por esses distúrbios. U m a biópsia hepática é sempre
necessária para se fazer um diagnóstico mais específico, como
também para determinar a extensão da lesão. Não existe outro
Testes de função hepática anormal
teste mais confiável para detecção de fibrose do que a biópsia
AST > 3XURL AST < 3XURL hepática, embora exista uma promessa que os testes laboratoriais
ALP < 2XURL ALP > 2XURL p o d e m pelo menos auxiliar a excluir uma fibrose grave.
Ultra-som ou colangiografia
percutânea
Tempo de Protrombina
As medidas seriadas do PT são usadas para determinar a função
de síntese hepática. São tidas como mais confiáveis do que a
medida de concentração da albumina, porque poucas afetam o
PT quanto a albumina (além da administração de varfarina). O PT
Colestase Colestase
intra-hepática extra-hepática é o marcador mais importante de doença hepática aguda, como
prognóstico, discutido anteriormente, e é geralmente o primeiro
Figura 36-10 A l g o r i t m o para os testes de f u n ç ã o hepática a n o r m a l teste de função que se torna anormal quando a hepatite crônica
para diagnosticar e classificar os vários tipos de doenças hepáticas. A L P , evolui para cirrose. O PT é, também, u m dos parâmetros usados
Fosfatase alcalina; A S T , aspartato aminotransferase; U R L , l i m i t e de no cálculo da contagem M E L D , o qual é utilizado para o prog-
referência superior. nóstico da necessidade de transplante, na cirrose.
Doenças do Fígado CAPÍTULO 3 6 711
da concentração de b i l i r r u b i n a . N a maioria dos casos, isto é 14. Strader D B , W r i g h t T, Thomas D L , Seeff LB: Diagnosis, management,
and treatment o f hepatitis C . Hepatology 2004;39:1147-71.
devido a distúrbios hereditários do metabolismo da b i l i r r u b i n a
15 Zein C , L i n d o r K. Primary sclerosing cholangitis, Semin Gastrointesr
o u devido à hemólise. N ã o é difícil distinguir a hemólise grave o
D i s 2001;12:103-12.
bastante para causai hiperbilirrubinemia, porque o paciente com
16. Z i m m e r m a n H . Hepatoroxicology: T h e adverse effecis of drugs and
hemólise deverá ter anemia e pode ter outras manifestações da
other chemicals o n the liver, 2 n d ed Philadelphia- JB L i p p i n c o t t , 1999.
doença. U m algoritmo para a diferenciação dos casos familiares
de h i p e r b i l i r r u b i n e m i a é apresentado na Figura 36-11.
CAP
TÍULO 37
Doenças Gastrointestinais*
Peter G. Hill, Ph.D., F.R.C.Path.
Intestino Delgado
A
O a l i m e n t o é c o n v e r t i d o no estômago em u m m a t e r i a l homogê-
digestão eficiente d o a l i m e n t o e a absorção dos n u t r i e n -
neo, semelhante a m i n g a u ( q u i m o ) , que passa através d o esfíncter
tes são o resultado de funções coordenadas que o c o r r e m
p i l ó r i c o para o i n t e s t i n o delgado, o q u a l é c o n s t i t u í d o de três
n o trato gastrointestinal ( G I ) . A coordenação e a regula-
partes: o d u o d e n o , o j e j u n o e o íleo. E m u m h u m a n o adulto, o
ção dessas funções d e p e n d e m dos h o r m ô n i o s q u e e s t i m u l a m o u
i n t e s t i n o delgado tem, a p r o x i m a d a m e n t e , 2 a 3 m de c o m p r i -
i n i b e m a secreção de l í q u i d o s c o n t e n d o ácido c l o r í d r i c o (HC1),
m e n t o e sua luz d i m i n u i à m e d i d a que prossegue distalmente. O
ácidos biliares, b i c a r b o n a t o e enzimas digestivas.
d u o d e n o (cerca de 25 c m de c o m p r i m e n t o ) é a parte mais c u r t a
e mais larga do i n t e s t i n o delgado. O j e j u n o e o íleo perfazem o
ANATOMIA restante d o i n t e s t i n o delgado.
O t r a t o G I é u m l o n g o t u b o de 10 metros, q u e se inicia na boca A superfície i n t e r n a do i n t e s t i n o delgado superior c o n t é m
e t e r m i n a n o ânus. O esôfago mede cerca de 25 c m de c o m p r i - pregas circulares semelhantes a valvas, que se p r o j e t a m de 3 a 10
m e n t o e é u m t u b o m u s c u l a r q u e conecta a faringe ao estômago. m m para a luz d o i n t e s t i n o . Projeções e m f o r m a de d e d o (vilos)
Os p r i n c i p a i s órgãos d o trato G I são (1) estômago, (2) intestinos m u i t o pequenas (1 m m ) c o b r e m toda a superfície mucosa d o
delgado e grosso, (3) pâncreas e (4) vesícula biliar, todes envolvi- i n t e s t i n o delgado, dando-lhe u m a aparência "aveludada". A área
dos n o processo digestivo q u e se inicia c o m a ingestão do ali- de superfície absortiva do i n t e s t i n o delgado é cerca de 250 m 2 ,
m e n t o e água e se c o n c l u i c o m a excreção das fezes. comparável à área de duas quadras de tênis.
Gordura da dieta
Absorção Sais biliares Má absorção (esteatorréia)
{principalmente
sintetizados
triglicerídeos)
no figado
Doença hepática
i coleslálica
Emulsrficação no
Doença pancreática
' Drogas - orlistat
Hidrólise pela llpase pancreática
W- Doença do intestino delgado
K
Lesão da mucosa p. ex., doença
celíaca, espru tropical
Formação de micelas mistas
Proliferação bacteriana {desconju-
5ação dos sais biliares)
Parasitas, p ex., Giárdia
Quilomicrons Resseeção intestinal
Doença ileai — Crohn
ü -
I
Abetalipoproteinemia
Drogas
crinas no interior da mucosa intestinal (p.ex., C C K ) . Muitos fisiológica. Todas as formas da C C K são produzidas por clivagem
desses peptídeos (como o V I P e a somatostatina) estão presentes emimática de u m Único precursor de 115 aminoácidos, a pré-pró-
em nervos entéricas e são encontrados também no sistema colecistocinina.
nervoso central, e exercem importantes papéis no controle neu- A C C K é encontrada nas células da mucosa superficial do
roendócrino do intestino. EmboTa muitos deles (como secretina intestino delgado. As concentrações circulantes de C C K são
e gastrina) preencham o critério clássico para hormônio, por aumentadas após a ingestão de uma refeição mista. A secreção
agirem em células distantes (Capítulo 25), outros funcionam de C C K é estimulada pela mistura de polipeptídeos c aminoáci-
como neurotransmissores ou têm efeito local (parácrino) em dos (especialmente triptofano e femlalanina), mas não por pro-
células adjacentes. Coletivamente, influenciam a motilidade, a teínas não digeridas. A secreção também é estimulada pelo ácido
secTeção, a digestão e a absorção no intestino. Regulam o fluxo gástrico que entra n o duodeno e por ácidos graxas com cadeias
da bile e a secreção dos hormônios pancreáticos e afetam a toni- de nove ou mais carbonos, especialmente na forma de micelas.
cidade das paredes vasculares, a pressão sanguínea e a potência A C C K é rapidamente removida do plasma (meia-vida de < de 3
cardíaca. minutos), principalmente pelos rins. A secreção de C C K é com-
Existe u m crescente entendimento do papel do sistema neu- pletamente inibida após infusão de somatostatina.
roendócrino e dos peptídeos intestinais e da importância da via A C C K regula a contração de vesícula biliar e aumenta a
hipotalâmica-intestinal n o controle n o r m a l da ingestão de ali- motilidade do intestino delgado. C o m o ela possui o mesmo
mento e da possibilidade de distúrbios nesses mecanismos, como pentapeptídeo terminal da gastrina, exerce u m efeito estimulató-
causas da obesidade. O peprídeo gástrico grelina e a C C K atuam r i o leve (1) na secreção de pepsinogênio e H C I gástrico, (2) na
como reguladores de curto prazo do apetite e da saciedade. O motilidade antral e (3) na secreção do bicarbonato pancteático.
neuropeptídeo PYY336 é secretado por células endócrinas no A gastrina e a C C K são aditivas na estimulação do pâncreas e
intestino delgado distai e no cólon, em resposta à ingestão de ambas aumentam o efeito da secretina sobre a função pancreá-
alimento. A infusão em humanos de PYY3.36 em concentrações tica. A C C K também (1) estimula o crescimento pancreático, (2)
plasmáticas fisiológicas d i m i n u i significativamente o apetite, com relaxa o esfíncter de O d d i e (3) estimula secreções das glândulas
uma redução de 33% de ingestão de alimentos por mais de 24 de Brunner (duodenais).
horas. O P Y Y ^ é, portanto, u m adicional à crescente lista de A C C K é amplamente distribuída por todo o sistema nervoso
hormônios com papel na regulação do equilíbrio de energia. central e periférico, com concentrações mais altas no córtex
A Tabela 37-1 resume as características químicas básicas de cerebral; sua função no sistema nervoso central é desconhecida.
cinco dos principais peptídeos reguladores do trato G I e indica Q u a n d o liberada do trato G I , atua como u m sinal de curto prazo
seus locais de origem e principais funções. de saciedade, regulando, portanto, o apetite.
Colecistocinina Gastrina
A colecistocinina (CCK) é u m polipeptídeo linear que existe em A gastrina também ocorre em múltiplas formas moleculares no
várias formas moleculares. Em todas elas, os cinco aminoácidos sangue e nos tecidos; as formas mais importantes são a grande
C-terminais são idênticos àqueles da gastrina e são necessários, gastrina (G-34), u m polipeptídeo linear de 34 aminoácidos, e a
em conjunto com u m resíduo tirosil sulfatado, para a atividade pequena gastrina (G-17). A principal forma circulante da gastrina
Doenças Gastrointestinais CAPÍTULO 3 7 717
TABELA 37-1 Características das Formas Proeminentes dos Principais Peptideos Reguladores do Intestino
Peso Número de Principal Localização
Hormônio/Peplídeo Molecular Aminoácidos no Intestino Principais Ações Fisiológicas
FAMÍLIA GASTRINA
Colecistocinina 3918 33 (também 385,59) Duodeno e jejuno, Estimula a contração da vesícula biliar e a motilidade
nervos entéricos intestinal; estimula a secreção das enzimas
pancreáticas, insulina, glucagon e polipeptídeos
pancreáticos; tem um papel em indicar saciedade; o
peptídeo de 8 aminoácidos C-terminal CCK-8 retém
atividade total
Pequena gastrina 2098 17 Ambas as iormas de As gastrinas estimulam a secreção do ácido gástrico,
Grande gastrina 3B39 34 gastrina são encontradas pepsinogênio, tator intrínseco e secretina; estimulam o
na antro gástrico e no crescimento da mucosa intestinal; aumentam a
duodeno motilidade gástrica e intestinal
FAMÍLIA GLUCAGÜN-SECFIETIN A
Secretina 3056 27 Duodeno e jejuno Estimula a secreção pancreática de HC03, enzimas e
insulina; reduz a motilidade gástrica e duodenal, inibe
a liberação de gastrina e a secreção de ácido gástrico
Polipeptídeo intestinal 3326 23 Nervos entéricos Relaxa o músculo liso do intestino, dos vasos sanguíneos
vasoativo (VIP) e sistema genitourinário; aumenta a secreção de água
e eletrólito do pâncreas e intestino; libera hormônios do
pâncreas, intestino e hipotálamo
Peptídeo insulinotrópico 4976 42 Duodeno e jejuno Estimula a liberação de insulina; inibe a secreção do
dependente de glicose ácido gástrico, pepsina e gastrina; reduz a motilidade
(GIP) gástrica e intestinal; aumenta a secreção de fluido e
eletrólitos do intestino delgado
continuam, se a terapia de erradicação foi bem sucedida. U m a tTica maciça, (3) hipergastrmemia, (4) diarréia e (5) esteatorréia.
alta sensibilidade clínica é necessária para assegurar que positivos Cerca da metade de todos os gastrinomas é m ú l t i p l a e cerca de
não são perdidos; de m o d o semelhante, uma alta especificidade dois terços são malignos. U m quarto de todos os gastrinomas é
clinica é essencial para evitar o uso inapropriado da terapia de parte da síndrome de neoplasia endócrina múltipla tipo 1 ( M E N
erradicação. As diretrizes do Maastricht 2-2000 12 recomendam 1), com cumores o u hiperplasia nas ilhotas pancreáticas e nas
u m a estratégia de L,teste e tratamento" em adultos, com idade glândulas paratíreóide e hipófise. E m indivíduos com a síndrome
abaixo de 45 anos, com sintomas dispépticos, usando o teste Z-E, as concentrações de gastrina em j e j u m estão aumentadas
respiratório o u o teste de antigeno fecal. A idade limite pode substancialmente, variando de duas a 2.000 vezes o normal. A
variar dependendo da prevalência local e da distribuição de idade gastrina plasmática em j e j u m está geralmente m u i t o aumentada,
de câncer gástrico. A erradicação bem-sucedida deve ser confir- variando também de duas a 2.000 vezes o normal. Concentrações
mada com o teste respiratório da uréia o u pelo teste da urease maiores que 10 vezes o limite superior normal, na presença de
direta, quando a endoscopia está clinicamente indicada; o teste hipersecreção de ácido gástrico, constituem virtualmente o diag-
do antigeno fecal pode ser usado se o teste respiratório da uréia nóstico de gastrmoma. A concentração de gastrina plasmática em
não está disponível. Atualmente, o teste respiratório da uréia é jejum na apresentação de síndrome de Z-E esporádica correla-
o procedimento preferido para o diagnóstico inicial e a confir- ciona-se com o tamanho e a localização do t u m o r e a presença
mação da erradicação. O teste para confirmar a erradicação deve de metástase hepática, tendo, portanto, valor prognóstico.
ser feito pelo menos 4 semanas após o t é r m i n o do tratamento. C o m o o tratamento do paciente com síndrome de Z-E requer
Os testes respiratórios de uréia são simples de realizar, com geralmente intervenção cirÚTgica, torna-se importante a distinção
sensibilidade e especificidade maiores que 95%. A uréia marcada de hipergastrmemia causada por gastrinoma de outras condições
com H C ou ViC é ministrada oralmente, como u m a bebida ou que podem levar a aumentos semelhantes da gastrina plasmática.
uma cápsula para engolir com água; a urease do H. f^íoTÍ gástrico Por exemplo, a elevação da concentração de gastrina plasmática
hidrolisa rapidamente a uréia ingerida para produzir bicarbonato ocorre em (1) hipocloridria o u acloridria, (2) pacientes sendo
marcado, o qual é absorvido no sangue e exalado como , 4 C 0 2 tratados com drogas supressoras de ácido (p.ex., antagonistas do
ou n C 0 2 . As principais vantagens do isótopo estável ''C-uréia do receptor H2 de histamina o u PPls), (3) infecção por H. priori, (4)
teste respiratório sobre o teste respiratório com "C-uréia radioa- anemia perniciosa e (5) pacientes com gastrite atrófica crônica
tiva são a simplicidade da coleta respiratória e a abstenção das associada a anticorpos anticélula parietal. A ressecção cirúrgica,
regras relacionadas ao uso e descarte de radioisótopos. N o teste doenças renais o u do intestino delgado podem causar também
respiratório da ! j C-uréía, o paciente assopra através de u m hipergastrmemia, possivelmente porque esses são locais impor-
canudo, em u m tubo vazio de 15 m L , o qual é então tampado tantes de degradação o u excreção da gastrina.
As taxas de " C O j / 1 2 C O i são comparadas com amostras basais As concentrações aumentadas de gastrina basal podem ser
e pós-dose usando-se espectrometria de massas das taxas dos classificadas como "apropriadas" ou "inapropriadas", de acordo
isótopos o u métodos alternativos de medidas de infravermelho. com sua associação com secreção aumentada o u d i m i n u í d a de
N o teste fecal, os antígenos específicos do H. pylon são detec- ácido gástrico. Por exemplo, em pacientes com secreção ácida
tados em placas de microtitulação cobertas com anticorpos poli- m u i t o baixa ou ausente e u m antro gástrico funcionalmente
clonais. O método é atualmente recomendado para testagem da intacto, u m aumento na gastrina plasmática é fisiologicamente
erradicação, se o teste respiratório da uréia não estiver disponí- apropriado e esperado.
vel.12 Embora ainda estejam amplamente disponíveis, os testes
sorológicos não são mais recomendados, Dosagens da Gastrina Plasmática
N o soro de indivíduos saudáveis, as formas predominantes de
Síndrome de Zollinger-Ellison gastrina são G-34 e G-17 amidadas. Em indivíduos com gastri-
Descrição noma, as gastrinas circulantes exibem heterogeneidade com
A síndrome de Zollinger-Ellison (Z-E) resulta de u m t u m o r (gas- mudança direcionada aos peptideos maiores. Para a detecção dos
t r i n o m a ) , das células das ilhotas pancreáticas. Suas características gastrinomas, os imunoensaios são destinados para detectar todas
incluem (1) úlceras pépticas fulminantes, (2) hipersecreção gás- as formas secretadas de gastrina, evitando-se falso-negativos. Os
ensaios utilizam anti-soros policlonais ou misturas de anticorpos
monoclonais (com o u sem u m anti-soro policlonal) que reagem
com as múltiplas formas da gastrina.
A gastrina é instável no soro o u no plasma, com até 5 0 % de
Q U A D R O 37-1 Testes Diagnósticos para Helicobacter pylori
perda da imunorreatividade em 48 horas a 2°C a 8°C, devido à
TESTES INVASIVOS - USANDO AMOSTRAS DE BIÓPSIA DA MUCOSA GÁSTRICA ação de enzimas proteolíticas. As amostras de sangue devem ser
Histologia: microscopia após coloração pelo Giemsa ou pela prata coletadas em tubos contendo heparina como anticoagulante e
Histologia: microscopia após coloração imunoistoquímica aprotinina (p ex., Trasilol, 0,2 mL, 2.000 U1K em tubo de 10
Teste da urease direta: uma biópsia incubada em uréia ou solução indicadora; mL) para impedir a prateólise. As amostras devem ser misturadas
ponto final visual por inversão, transportadas no gelo rapidamente, para o labora-
Cultura: incubação em meio adequado por A a 10 dias tório, e o plasma separado em centrífuga refrigerada. O plasma
Reação em cadeia da polimerase: amplificação das seqüências específicas de DNA deve ser congelado em aproximadamente - 2 0 ° C dentro de 15
minutos após a punção venosa. As amostras coletadas desta
TESTES NÃO-INVASIVOS — USANDO RESPIRAÇÃO, SANGUE, SALIVA OU
maneira são adequadas para a análise de gastrina, VIP, polipep-
FEZES
tídeo pancreático, somatostatina, neurotensina e cromograninas
Testes respiratórios: aumento de 14CÜS ou 13CQ2 após ingestão de uréia marcada
com " C ou 13C A e B.
Testes sorológicos: dosagem de anticorpo igG específico
Testes com sangue total: testes de ponto de cuidado para anticorpo IgG específico Determinação da Produção do Ácido Basal
Testes de saliva: detecção de anticorpo IgG específicoTestes fecais: detecção
A documentação da produção aumentada do ácido basal (BAO)
de antigeno específico
no suco gástrico fornece u m a forte evidência de que uma alta
720 PARTE V Fisiopatologia
concentração de gastrina sérica é causada pela síndrome Z-E, O Doença Celíaca (Espru Celíaco, Enteropatia
teste é, por esse motivo, usado em pacientes com ulceração duo- Sensível ao Glúten)5'9
denal e concentração aumentada de gastrina sérica. O teste não A doença celíaca é algumas vezes chamada de espru não-tropical,
é apropriado em pacientes com gastrite atrófica. A anemia per- espru celíaco ou enteropatia sensível ao glúten.
niciosa, que causa tam bém hipergastrinemia, deve ser excluída
antes da avaliação do B A O . Os PPIs devem ser interrompidos Descrição
por, pelo menos, 14 dias, e os antagonistas de receptor H j por, A doença celíaca é u m distúrbio intestinal auto-imune que dura
pelo menos, 3 dias antes do teste. O H. fryíorí como causa do toda a vida, encontrada em indivíduos geneticamente suscetí-
aumento da gastrina sérica deve ser t ambém excluído, antes da veis.6 Nesses indivíduos, o estímulo externo para o seu desenvol-
avaliação do B A O . vimento é encontrado no glúten, o qual é u m grupo complexo
Tipicamente, é usada a coleta de suco gástrico por 12 horas de proteínas presentes no trigo. E m pessoas com doença celíaca,
noturnas para medir a B A O . U m a alternativa satisfatória é a todas as proteínas (e peptídeos) que são tóxicas para a mucosa
coleta de suco gástrico por 60 minutos após o paciente ter tido do intestino delgado contêm grandes quantidades de glutamina.
uma noite de sono satisfatória em u m quarto reservado e calmo. As principais proteínas tóxicas do trigo são as gliadinas, com
Após despertar, o paciente deve permanecer em jejum; o f u m o proteínas homólogas (as hordeínas e secalinas) que ocorrem na
e o exercício devem ser evitados antes e durante o teste. Para cevada e no centeio, respectivamente. As gliadinas constituem
coletar a amostra, u m tubo gástrico é inserido oralmente ou, se cerca de 5 0 % da proteína do trigo. Acredita-se que o desenvolvi-
o paciente tiver u m reflexo hiperativo de náusea, pode ser usada mento da doença celíaca seja iniciado por essas proteínas tóxicas
a intubação nasal. E necessária a confirmação por raio X ou por do cereal, que causam lesão do epitélio intestinal, o qual libera
fluoroscopia de que a extremidade do tubo radiopaco está na transglutaminase teciduai (TGA). 3 A ligação cruzada pela enzima
porção mais inferior do estômago. Dez ou 15 minutos após o produz os complexos gliadina-gliadina o u gliadina-enzima que,
paciente ter se acalmado e se ajustado à presença do tubo, o em indivíduos geneticamente suscetíveis, desencadeiam u m a res-
paciente é posicionado com o tronco em posição vertical e incli- posta i m u n e pelas células T derivadas do intestino. A enteropatia
nado levemente para a esquerda. Então, o suco gástrico é aspi- característica é, então, induzida pela liberação de y- interferon e
rado e coletado. O volume total de suco coletado é registrado e outras citocinas pró-inflamatórias.
o ácido livre é determinado por titulação com h i d r ó x i d o de sódio Provavelmente, u m peptídeo de 33 aminoácidos é o principal
a u m f i n a l de p H de 3,5. iniciador da resposta inflamatória. Ele é resistente à degradação
Os intervalos de referência da B A O são da 0 a 10,5 m m o l / h por todas as proteases gástricas, pancreáticas e de membrana da
para homens e 0 a 5,6 m m o l / h para mulheres. Pacientes com borda-em-escova intestinal, permitindo, assim, o seu alcance ao
síndrome de Z-E têm valores de B A O de 15 a 100 m m o l / h , o u intestino delgado intacto. Após desamidação pela t T G , ele é u m
>5 m m o l / h , se u m a cirurgia de redução de ácido aconteceu potente i n d u t o r de linhagens de células T humanas derivadas do
previamente. U m a produção de ácido livre >15 m m o l / h deve intestino de pacientes com doença celíaca.
levar a uma suspeita de gastrinoma, porém não é diagnostica; u m Existe u m amplo espectro na apresentação da doença celíaca,
valor >25 m m o l / h com gastrina sérica elevada é, virtualmente, com a maior parte dos diagnósticos feitas na vida adulta. A
diagnóstico de síndrome de Z-E. maioria dos adultos possui sintomas inespecificos, como (1) dor
abdominal, (2) fadiga, (3) perda de peso, (4) osteoporose, (5)
baixa estatura e, com freqüência, (6) deficiência moderada de
Gastrite ferro. A l é m disso, existe uma forte associação com outras doenças
Gastrite é o termo usado para denotaT a inflamação da mucosa auto-imunes, especialmente com diabetes meííitus t i p o 1 e doença
do estômago. Os tipos diferentes de gastrite são classificados auto-imune da tireóide.
como (1) erosiva, (2) não erosiva e (3) especifica (muito rara).
Testes para Doença Celíaca
Gastrite Erosiva Os testes sorológicos têm u m papel importante n o crescente
A gastrite erosiva (gastrite aguda) ocorre em indivíduos após conhecimento da alta prevalência do distúrbio, e testes padroni-
trauma severo ou queimaduras graves (ulcera de Curling) e era- zados apropriadamente possuem altas sensibilidade e especifici-
n i o t o m i a o u lesões traumáticas da cabeça. E encontrada também dade clínicas para o diagnóstico e para o m o n i t o r a m e n t o da
em indivíduos com doença intracraniana (úlcera de Cushing) e adesão ao tratamento com u m a dieta livre de glúten.
naqueles que ingerem drogas cronicamente, tais como corticos- Os anticorpos i m u n o g l o b u l i n a A (IgA) são usados para o
teróides, etanol ou aspirina o u outras drogas antiinflamatórias diagnóstico da doença celíaca. I n c l u e m os anticorpos anti-reticu-
não-esteroidais ( DAlNEs). Geralmente, a endoscopia é a técnica lina ( A R A ) , endomisial ( E M A ) e transglutaminase teciduai
definitiva para estabelecer o diagnóstico. (TGA) As dosagens de T G A possuem várias vantagens sobre
E M A e tem sido descrita u m a estratégia de laboratório baseada
Gastrite Não Erosiva em T G A como teste de primeira linha. 11 A T G A é agora o anti-
A gastrite não-erosiva (gastrite crônica) é associada a úlcera corpo de escolha para os testes sorológicos e para a avaliação da
péptica ou carcinoma gástrico, no período após gastrectomia adesão dietética de pessoas em dieta livre de glúten. A T G A é
parcial, anemia perniciosa, infecção por H. pylori e em indivíduos u m procedimento quantitativo; vários conjuntos de reagentes
idosos saudáveis. A gastrina sérica é elevada em indivíduos com estão, atualmente, comercialmente disponíveis para dosar T G A
acloridria devido à ausência do feedback negativo pelo H C I classe-IgA usando-se T G A recombinante humana o u enzima
humana purificada como antígeno ("métodos de 2a geração").
Doenças do Intestino Para u m diagnóstico definitivo, as diretrizes atuais requerem
As doenças do intestino incluem (1) doença celíaca, (2) deficiên- uma biópsia de jejuno com (1) as alterações caracteristicas de
cia de dissacaridase, (3) proliferação bacteriana, (4) má absorção atrofia das vilosidades, (2) aumento de linfócitos intra-epiteliais
de sais biliares e (5) enteropatia por perda protéica e os principais e (3) hiperplasia das criptas. O uso mais amplo da sorologia levou
achados laboratoriais associados com seu diagnóstico. ao reconhecimento de mais casos e ao desenvolvimento do con-
Doenças Gastrointestinais CAPÍTULO 3 7 721
ceito de "iceberg celíaco" paTa destacar o fato de que muitos casos mais semelhantes àqueles atribuídos à má digestão de dissacarí-
permanecem ocultos, se a sorologia for restrita àqueles que deos. Por exemplo, a má absorção de glicose-galactose é herdada
possuem os sinais clássicos do distúrbio. como u m traço autossômico recessivo. Os sintomas ocorrem nos
Os indivíduos com deficiência de IgA seletiva (IgA < 0,005 neonatos afetados tão logo o leite (lactose) é tomado, mas também
g / L , incidência em torno de 1:600) estão sob u m risco maior de após ingestão de alimentos contendo glicose ou galactose. Os
doença celíaca e deve ser considerada uma biópsia de intestino sintomas causados pela má absorção da frutose ocorrem com a
delgado em todas as pessoas deficientes de IgA, com sintomas de ingestão de frutas. Esta intolerância dietética é u m distúrbio
doença celíaca. diference da intolerância hereditária à frutose, na qual a enzima
C o m a disponibilidade atual de testes sorológicos com alta hepática aldolase é defeituosa.
precisão diagnostica, os testes mais antigos, usados para investigar
doença celíaca, devem ser abandonados. Estes incluem o teste de Testes Diagnósticos para a Deficiência de Lactase
absorção de xilose e os testes de má absorção de gordura. Os Muitos métodos'têm sido propostos para a detecção de deficiên-
testes de função pancreática (p.ex., elastase fecal) podem ser cia da lactase (Quadro 37-2).
indicados em pacientes diagnosticados com doença celíaca, que Testes de Tolerância Oral à Lactose. Os testes de tolerância oTal
não respondem a uma dieta livre de glúten. medem o aumento da glicose ou da galactose plasmática após
ingestão de lactose e são utilizados para diagnosticar a deficiência
Deficiências de Dissacarídases de lactase. A dose usual de lactose é de 50 g em 200 m L de água,
As dissacarídases da borda-em-escova são essenciais para absorção embora doses mais baixas devam ser usadas em crianças (2 g/kg,
dos carboidratos, e uma redução em sua atividade resulta em até o máximo de 50 g). As amostras múltiplas de sangue são
intolerância a e má absorção de carboidratos. Entretanto, a má coletadas em u m período de 2 horas e o pico de aumento da
absorção de carboidratos nem sempre leva a sintomas clínicos, glicose (ou da galactose) é anotado.
mas quando estes ocorrem, como (1) dor abdominal, (2) flatu- Devido aos vários problemas com o teste de tolerância oral,
lência e (3) diarréia como conseqüência da má absorção, o o teste não-invasivo de hidrogênio respiratório é atualmente a
paciente é descrito como portador de intolerância a carboidrato. técnica de escolha para o diagnóstico da deficiência de lactase
A intolerância à lactose é o único defeito absortivo mais comum (Quadro 37-3). Esta técnica é baseada no fato de o hidrogênio
em adultos, com uma incidência de 5 % a 9%, dependendo do não ser u m produto final do metabolismo dos mamíferos e,
grupo racial. conseqüentemente, o hidrogênio da respiração é derivado do
metabolismo bacteriano no intestino. Após uma dose OTal de
Descrição lactose, o dissacaTídeo será normalmente quebrado em seus
Congênita e adquirida são categorias da deficiência de lactose. As monossacarídeos constituintes e absorvido. C o m a deficiência de
deficiências em sacarase-isomaltase e trealase também são defici- lactase, o dissacarídeo não absorvido passará para o intestino
ências de dissacarídases e afetam a absorção de carboidratos. grosso e o metabolismo bacteriano produzirá hidrogênio, que é
Deficiência de Lactase Congênita. A lactase intestinal é essen- absorvido na circulação e exalado na respiração. O hidrogênio
cial na infância, e a deficiência de lactase congênita é u m distúr- da respiração é então medido na expiração final, usando-se moni-
bio muito raro, no qual as atividades da lactase na mucosa são tores de hidrogênio eletroquímicos de leitura direta.
baixas ou indetectáveis ao nascimento. Os sintomas ocorrem Na maioria dos pacientes com absorção normal de lactose, as
assim que o leite é ingerido; as fezes têm u m p H baixo e contêm concentrações de hidrogênio da respiração permanecem em 2 a
glicose, produzida pela ação bacteriana sobre a lactose não dige- 5 p L / L (2 a 5 ppm) por todo o teste. Na má absorção da lactose,
rida. U m diagnóstico definitivo deve ser feito até que tenha o hidrogênio da respiração está caracteristicamente aumentado
ocorrido a maturação do sistema da síntese de lactase. de 30 a 100 p i / L (30 a 100 ppm) em 60 a 120 minutos após a
Deficiência de Lactase AdQUirída. A expressão da enzima d i m i n u i ingestão de lactose. Em poucas pessoas, as bactérias do intestino
com a idade e na vida adulta as concentrações da atividade da grosso não produzem hidrogênio; nesses pacientes, u m resultado
lactase são 10% ou menos das encontradas na infância. Se os normal não exclui a deficiência de lactase. Concentrações muito
sintomas de (1) flatulência, (2) desconforto abdominal, (3) inchaço baixas de hidrogênio (em jejum ou por todo o teste) podem,
ou (4) diarréia ocorrem após o consumo de u m ou dois copos de portanto, indicar um resultado falso-negativo. Esses falso-negati-
leite ou de uma grande porção de sorvete ou iogurte, deve-se vos podem ser confirmados pela falha em produzir hidrogênio
suspeitar de intolerância à lactose. de 45 a 180 minutos após a ingestão de lactulose (10 g), o qual
A intolerância à lactose secundária pode ocorrer como resul- é u m dissacarídeo não-absorvível e, portanto, disponível para o
tado da redução de atividade da enzima que se sucede à lesão metabolismo bacteriano no intestino grosso.
intestinal difusa por (1) infecções (giardíase, proliferação bacte- Após ingestão de lactose, u m resultado positivo de hidrogênio
riana ou ga5troenterite virai), {2) colite ulceTativa, (3) doença da respiração pode ocorrer também na má absorção de glicose-
celíaca e (4) espru tropical. Esta deficiência é geralmente reversí- galactose, a qual também causa sintomas intestinais. Quando
vel após a recuperação do distúrbio. necessário, a má ahsorção de glicose-galactose pode ser confir-
Deficiências de Sacarase-isomaltase e Treaiose. A deficiência de mada ou excluída por um teste respiratório no qual cada 25 g de
sacarase-isomaltase geralmente se apresenta clinicamente na infân-
cia, quando a sacarose e as frutas são introduzidas na dieta, porém Q U A D R O 37-2 | Métodos para Detecção da Deficiência de
pode se apresentar em adultos. As deficiências da lactase e da saca- I Lactase
rase-isomaltase podem ocorrer secundariamente a outras doenças
do intestino delgado (p.ex., doença celíaca, doença de C r o h n ou Lactase na biópsia da mucosa
gastroenterite aguda). A deficiência de treaiose é u m distúrbio raro, Tolerância oral à lactose
exceto na Groenlândia, onde ocorre em 8% da população. Mani- Dosagem do aumento da glicose plasmática
festa-se por diarréia após a ingestão de cogumelos. Dosagem do aumento da galactose plasmática
Má Absorção de Monossacarídeos. A má absorção de monos- Dosagem do aumento de W7 da respiração
sacarídeos é conhecida também por causar sintomas intestinais Dosagem do aumento do 13C02 da respiração
722 PARTE V Fisiopatologia
QUADRO 37-3 Protocolo para o Teste de Tolerância à QUADRO 37-4 Anormalidades do Intestino Delgada
Lactose com Dosagem do Hidrogênio da Associadas à Proliferação Bacteriana
Respiração
Divertículo jejunal
Refeição antes das 19 horas (restrição de trigo e fibra), então jejum até o final Doença de Cmhn
do teste Neuropatia autônoma
Escovar os dentes (manhã e noite) ou usar coiutórío Esclerodermia (esclerose sistêmica)
Dosagem em jejum do H2 respiratório da expiração finai Pseudo-obstrução
Dar sclugãc de lactose (50 g em 180 mL de água) Pós-gastrectomia
Enxaguar a boca com mais 20 mL de água e deglutir
Dosar H; da respiração em 15, 30,60, 90 e 120 minutos
0 teste pede ser interrompido se iniciar com aumento de >20 ppm acima
da concentração em jejum Menos de 10% dos ácidos biliares secTetados são perdidos nas
fezes, ou cerca de 0,2 a 0,6 g/dia.
A má absorção de ácidos biliares ocasionando diarréia crônica
ocorre quando existe uma doença ileal (p. ex., doença de Crohn)
glicose e galactose são substituídos por 50 g de lactose. U m ou após ressecção do íleo terminal; ela também pode ocorrer após
aumento de hidrogênio da respiração confirma o diagnóstico. uma colecistectomia e em alguns pacientes com síndrome do
Testes de Tolerância à Sacarose e Trealose. A deficiência de intestino irritável. A má absorção dos sais biliares produz diarréia
sacarose é investigada pelo uso de 50 g de sacarose, em vez de por dois mecanismos diferentes. Em u m , uma deficiência signi-
lactose. U m aumento no hidrogênio da respiração de >20 j i l y T ficativa de sais biliares intralummais leva à má absorção de
(>20 ppm), dentro de 2 horas, é diagnóstico. Raramente é neces- gordura e à esteatorréia. N o segundo mecanismo, que é caracte-
sário o teste paTa a deficiência de trealase. risticamente mais comum, a má absorção de sais biliares no íleo
leva a concentrações mais altas no cólon, onde eles alteram a
Proliferação Bacteriana absorção de água e eletrólitos, ocasionando uma secreção final
Normalmente, o duodeno e o jejuno contêm poucas bactérias. de água para a luz e diarréia. A má absorção de sais biliares é
A maioria das bactérias ingeridas não sobrevive ao ambiente provavelmente subdiagnosticada e deve ser suspeitada em pacien-
ácido do estômago e, portanto, normalmente poucos organismos tes com diarréia crônica não explicada.
vivos entram no intestino delgado. A motilidade do jejuno Os procedimentos usados para o diagnóstico de má absorção
impede organismos do tipo fecal de progredirem do ceco para o de sais biliares incluem (1) o teste da seleno-homocoliltaurina' 3
jejuno. Normalmente, o íleo contém algumas bactérias do tipo ( ^ S e H C A T ) , (2) dosagem sérica da 7a,-hidróxi-4-colesteno-3-ona
fecal. A colonização do intestino delgado superior é descrita e (3) uma prova terapêutica dos seqüestradores de ácidos biliares,
como proliferação bacteriana e ocorre geralmente como conse- como a colestiramina. O primeiro é o mais amplamente utilizada
qüência de outras anormalidades (estruturais ou distúrbios de e envolve a administração oral do ácido biliar radioativo sintético
75
motilidade) do intestino delgado (Quadro 37-4). O uso de PPIs SeHCAT. A contagem gama do corpo todo é feita para estimar
está associado ao aumento do risco de colonização bacteriana. a atividade basal 1 hora após a dose. A contagem gama é medida
As bactérias que colonizam o intestino delgado (como Esche- novamente após 7 dias, quando, normalmente, mais de 15% da
nchia cúli e espécies Bacteroides) desconjugam e desidroxilam os dose administrada é retida. A retenção de menos de 10% indica
sais biliares, levando à deficiência de sais biliares conjugados, os má absorção de sais biliares.
quais causam má absorção de gordura. Pode ocorreT também o
metabolismo bacteriano da vitamina Bi 2 , ocasionando a defici- Enteropatia por Perda Protéica
ência de vitamina B 12 Os sintomas clínicos da proliferação bac- A perda de quantidades significativas de proteínas séricas para a
teriana são (1) dor abdominal, (2) diarréia e (3) esteatorréia. luz do intestino e sua passagem nas fezes são uma conseqüência
O "padrão-ouro" de diagnóstico requeT intubação, com aspi- de uma vasta gama de distúrbios do trato GI. Estes podem ser
ração dos conteúdos jejunais e a demonstração de uma contagem associados a (1) inflamação ou ulceração de u m segmento do
de bactérias menor que 107 organismos/mL e maior que W intestino delgado ou grosso (como na doença de C r o h n e colite
anaeróbios/mL. Na prática, os testes respiratórios de hidrogênio ulcerativa) ou do estômago, (2) doenças nas quais os vasos linfá-
que tenham como substrato a glicose ou lactulose são usados ticos intestinais estão obstruídos, (3) condições onde ocorre
mais freqüentemente. aumento da pressão dos vasos linfáticos (p. ex., linfoma e doença
de W h i p p l e ) ou (4) distúrbios devido ao estado i m u n e alterado,
Má Absorção de Sais Biliares como no lúpus eritematoso sistêmico e em algumas alergias ali-
Os ácidos biliares sao sintetizados no fígado e passam para a luz mentares.
do intestino delgado através da vesícula biliar. Estão presentes na O diagnóstico de enteropatia por perda proteica é conside-
bile como conjugados da glicina ou da taurina. C o m o o p H da rado em pacientes com hipoalbuminemia nos quais insuficiência
bile é levemente alcalino e contém quantidades significativas de renal, doença hepática e má nutrição tenham sido excluídas.
sódio e potássio, a maioria dos ácidos biliares e seus conjugados Historicamente, o teste clássico para o diagnóstico de enteropatia
existem como sais (i.e., sais biliares). Os termos ácidos biliares e por perda protéica era a medida da 5 1 Cr-albumina fecal após
sais biliares são usados freqüentemente como sinónimos. Sua injeção intravenosa. Este teste foi substituído por u m que mede
principal função é a de agir como agentes ativos de superfície, a depuração fecal de alfarantitripsina (AT) como marcador de
formando micelas e facilitando a digestão dos triacilgliceróis e a perda protéica do trato G I . A A T no soro e nas fezes é medida
absorção do colesterol e vitaminas lipossolúveis. N o intestino mais convenientemente por imunodifusão radial. As fezes devem
delgado proximal, ocorre pouca reabsorção de ácidos biliares, seT coletadas quantitativamente, de preferência por 3 dias, em
mas normalmente mais de 90% são reabsorvidos n o íleo termi- recipientes pré-pesados e mantidos em refrigeração. Antes da
nal. Eles retornam ao fígado na circulação porta e são ressecreta- análise, a A T é extraída em salina. A depuração da A T ( m L / d ) é
dos na bile. Isto é conhecido como circulação êntero-hepática. calculada como [( peso fecal x concentração de A T fecal) / A T
Doenças Gastrointestinais CAPÍTULO 3 7 723
sérica], onde o peso fecal é expresso em g/dia, a A T fecal em QUADRO 37-5 Espectro da Doença Pancreática na
m g / k g de fezes e a A T sérica em m g / L . Infância
CQLÕNICA PANCREÁTICA
Neoplasia colânica Pancreatite crônica
Colite ulcerativa e colite de Crohn Carcinoma pancreático
Colite mie rose épica Fibrose cística
De Thomas PD, Forbes A, Geen J, Howdle P, L/mg /?, Playford R et aL Guidelines for the investigatiori of chronic diarrhea, ed. Guc 2003;52 (Suppl V): Vol. Í-Vo!. 15.
Reproduzido com permissão de BlsAJ PuMijíimg Group.
Doenças Ósseas
David B. Endres, Ph.D., e Robert K. Rude, M.D.
V i t a m i n a D : V i t a m i n a lipossolúvel produzida pela pele após uma célula progenitora osteoclástica, aumentando a diferencia-
exposição à luz solar ou proveniente de alimentos que a ção e a atividade desta célula. O segundo produto, a osteoprote-
contenham (óleos de peixe, ovos, gema de ovo, fígado) e de gerina (OPG), serve como u m receptor que atrai o ligante do
suplementos alimentares com vitamina D (tais como o leite R A N K (RANK-L). Q u a n d o a O P G se liga ao R A N K - L , a ativação
nos Estadas Unidos). A sua deficiência causa raquitismo dos osteoclastos é impedida. A razão relativa destas duas molécu-
nas criancas e osteomalácia nos adultos. las determina o turnover ósseo.
O osso contém quase todo o cálcio (99%) do organismo, a
maior parte do íon fosfato (85%), e uma concentração elevada
de magnésio (55%). As concentrações destes íons n o plasma
O metabolismo do cálcio é u m dos processos mais inten- dependem do efeito líquido da deposição e reabsorção minerais
samente controlados do organismo. O cálcio tem u m ósseas, da absorção intestinal e da excreção renal. O P T H e a
papel crítico na sinalização intracelular, na membrana 1,25-diidrovitamina D são os principais hormônios que regulam
plasmática das células e n o controle da função de proteínas estes três processos.
extracelu lares, como aquelas que participam da cascata de coagu-
lação. O aporte extracelular de cálcio está intimamente ligado CÁLCIO
com o do fosfato e, em menor extensão, com o do magnésio. O cálcio é o q u i n t o elemento mais c o m u m no organismo, e o
Está complexamente ligado, também, com os processos celulares cátion mais prevalente. O esqueleto contém 9 9 % do cálcio cor-
ativos no osso, u m sistema metabólica e funcionalmente impor- poral (Tabela 38-1), predominantemente como cristais extracelu-
tante. lares com uma estrutura desconhecida e com uma composição
Neste capitulo, após uma revisão dos metabolismos ósseo e aproximada daquela da hidroxiapatita [CaioíPO^síOH);].
mineral, discutiremos a bioquímica clinica do cálcio, do fosfato
e do magnésio; os hormônios que controlam estes minerais, as Bioquímica e Fisiologia
principais doenças ósseas; e o uso clínico dos marcadores de N o sangue, virtualmente todo o cálcio está no plasma, que apre-
formação e degradação ósseas. senta uma concentração normal média de aproximadamente
9,5 m g / d L (2,38 m m o l / L ) . O cálcio existe no plasma em trcs estados
VISÃO GERAL DO OSSO E DOS MINERAIS físico-químicos (Figura 38-1), com aproximadamente (1) 50% livre
As principais funções do osso são: (1) mecânica (2) proteção e (ionizado), (2) 40% ligado a proteínas plasmáticas, principalmente a
(3) metabólica. Os ossos são compostos pelo osso cortical (80% albumina, e (3) 10% complexado a pequenos ânions (Tabela 38-2).
a 90% da matriz mineral) e trabecular (15% a 25%). A função O cálcio também está redistribuído entre as três formas plasmáticas,
do osso cortical é primariamente mecânica e de proteção, aguda ou cronicamente, por (1) alterações na concentração de
enquanto que o osso trabecular é mais metabolicamente ativo. proteínas e de pequenos ânions, (2) mudança no p H ou (3) mudan-
O osso é composto principalmente por uma matriz extracelular ças nas quantidades do cálcio sérico livre e total.
mineralizada composta com uma fração celular reduzida. A A fração do cálcio livre é a forma biológica ativa. A sua con-
matriz orgânica é composta principalmente pelo colágeno tipo I centração no plasma é precisamente regulada pelos h o r m ô n i o s
(90%) e por pequenas concentrações de outras proteínas, reguladores, como o P T H e a 1,25-diidroxivitamina D O cálcio
i n c l u i n d o a osteocalcina. A matriz orgânica é mineralizada prin- intracelular tem u m papel fundamental em várias funções fisio-
cipalmente pela deposição do cálcio inorgânico e de fosfato. Os lógicas, i n c l u i n d o a contração muscular, a secreção de vários
osteoclastos e os osteoblastos são as duas principais células ósseas. hormônios, o metabolismo do glicogênio e a divisão celular. A
Os osteoclastos reabsorvem o osso, enquanto os osteoblastos concentração intracelular do cálcio citoplasmático de células não
participam da formação de u m novo osso. estimuladas é <10*6 a IO"7 m o l / L ou mais baixa, a qual é menor que
O turnover ou o remodela mento ósseo ocorre continuamente, l/iooo daquela do fluido extracelular (10° mol/L).
capacitando o osso a reparar o dano causado e ajustar a sua força. O cálcio extracelular é necessário para a mineralização óssea,
O remodelamento ósseo não ocorre ao acaso, porém em locais coagulação sanguínea e outras funções. O cálcio estabiliza as mem-
distintos (pacotes) denominados unidades de remodelamento. O branas plasmáticas e influencia a permeabilidade e a excitabili-
ciclo de remodelamento inclui as fases de (1) ativação, (2) reab- dade. U m a redução na concentração do cálcio sérico livre causa
sorção, (3) reversão, (4) formação e (5) repouso. Os precursores aumento da excitabilidade neuromuscular e tetania. U m aumento
dos osteoclastos circulantes são recrutados, proliferam e se nesta concentracão reduz a excitabilidade neuromuscular.
fundem, formando os osteoclastos. Estas células gigantes multi-
nucleadas reabsorvem o osso produzindo íons hidrogênio para
mobilizar minerais e enzimas lisossômicas para digerir a matriz
orgânica. Após o t é r m i n o da reabsorção, uma linha cementante
é depositada na cavidade reabsorvida, provavelmente por células TABELA 38-1 Distribuição do Cálcio, Fosfato e Magnésio
mononucleadas. As células alinhadas do estroma diferenciam-se no Organismo
em osteoblastos. Os osteoblastos f o r m a m o osso por meio da Tecido Cálcio Fosfata Magnésio
síntese da matriz orgânica, i n c l u i n d o o colágeno tipo I, e parti-
Esqueleto 99% 85% 55%
cipando na mineralização de uma nova matriz óssea recém-
formada. Aproximadamente 10% a 30% do esqueleto é remode- Tecido conjuntivo 1% 15% 45%
lado a cada ano. O crescimento e o turnover ósseos são influen- Fluido extracelular < 0,2% < 0,1% 1%
ciados pelo metabolismo do cálcio, fosfato, magnésio e vários Total 1.000 fl 600 g 25 g
hormônios, especialmente o paratormônio (PTH), a 1,25-diidro- (25 mol) (19,4 mol) (1 mol)
xivitamina D ( l , 2 5 [ O H ] i D) e várias citocinas. Modificado de Aurbagh GD, Mox S], Speigel A M . Paiathyroid hormone,
Dois produtos dos osteoblastos parecem coordenar as ativi- cakitonin, and the calciferols. In: Wilson JD, Foster DW, eds. Wiliams
dades osteoblástica e osteoclástica. O primeiro, o ligante do recep- textbook of endocrmology, fi'1" ed. Philadelphia: W B Sauriders, 1992:
tor ativador do fator nuclear K B ( R A N K ) , liga-se ao receptor de 1397-476.
Doenças Ósseas CAPÍTULO 3 8 731
Ânions
HCO3-
HJPOF2
HPO,
Citrato
La cia to
^ I Cálcio
K livre —
Cálcio total
Figura 38-1 E q u i l í b r i o e determinações d o cálcio sérico. O cálcio p o d e distribuir-se entre três grupos físico-
q u í m i c o s : (1) cálcio livre, {2) cálcio ligado a proteínas e (3) cálcio c o m p l e x a d o a ânions inorgânicos e orgânicos
M é t o d o s para a d e t e r m i n a ç ã o d o cálcio t o t a l m e d e m os três grupos, e n q u a n t o m é t o d o s que d e t e r m i n a m o cálcio
livre avaliam s o m e n t e u m deles.
Significância Clínica cia do magnésio, que será discutida posteriormente neste capi-
Doenças do metabolismo do cálcio são divididas naquelas que tulo, prejudica a secreção do P T H e também causa resistência
causam hipocalcemia e hipercalcemia. 2,6 ' 9 ' 10 periférica a este h o r m ô n i o .
O hipoparatireoidismo é comumente causado pela destruição
Hipocalcemia das glândulas paratireóides durante cirurgias cervicais (90%). O
O nível baixo de cálcio sérico total (hipocalcemia) pode ocorrer pseudo-hipoparatireoidismo é caracterizado pela resistência ao
tanto por uma redução do cálcio ligado à albumina como por P T H e aumento da sua concentração séTica.
uma redução da fração livre, o u ambas (Quadro 38-1). A hipoal- A rápida Temineralização do osso após cirurgia para correção
buminemia é a causa mais c o m u m da redução de cálcio total baixo do hiperparatireoidismo primário (síndrome do osso faminto -
com cálcio livre normal (às vezes denominada de pseudo-hipocal- Fiungry bone síndrome), o tratamento para o hipertíreoidismo ou o
cemia); o cálcio sérico é baixo quando a albumina sérica está tratamento paia doenças malignas hematológicas podem resultar
reduzida, porque 1 g / d L da albumina se liga a, aproximadamente, em hipocalcemia. A hipocalcemia geralmente é uma complicação
0,8 m g / d L do cálcio. Condições clínicas comuns associadas à da pancreatite aguda. A deficiência da vitamina D pode, também,
hipoalbumínemia incluem: doença hepática crônica, síndrome estar associada à hipocalcemia por causa da redução da absorção
nefrótica, insuficiência cardíaca congestiva e desnutrição. intestinal do cálcio e da resistência esquelética ao P T H .
Na insuficiência renal crônica, a hipoproteinemia, a híperfos- A hipocalcemia comumente se apresenta com sinais e sinto-
fatemia, a concentração reduzida de 1 j 2 5 ( O H ) 2 D sérica (síntese mas de hiperexcitabilidade neuromuscular, como tetania, pareste-
reduzida por causa da massa renal insuficiente) e a resistência sias e convulsões. U m a queda rápida no cálcio sérico também está
esquelética ao P T H c o n t r i b u e m para a hipocalcemia. A deficiên- associada a hipotensão e anormalidades eletrocardiográficas.
732 PARTE V Fisiopatologia
produção da l , 2 5 ( O H ) i D . Alguns pa:ientes com câncer podem tes alcalinos são estáveis separadamente, porém a estabilidade é
ter hipetparatireoidismo p r i m á r i o concomitantemente. limitada quando combinados.
Sinais e sintomas de hipercalcemia são comuns em pacientes MétOdO de ArSBnaZO III. O arzenazo III, em pH moderadame
com neoplasias porque o cálcio sérico se eleva rapidamente e com ácido (aproximadamente 6,0), tem m u i t o mais afinidade pelo
freqüência, alcança concentrações mais elevadas que n o hiperpa- cálcio do que pelo magnésio. A solução deve ser completamente
ratireoidismo primário. Letargia, obnubilação, náusea e vômitos tamponada, porque as propriedades espectrais do arsenazo I I I são
são sintomas adicionais. dependentes do pH. A ligação do cálcio com o arsenazo I I I é
A seleção dos testes laboratoriais é semelhante à dos testes influenciada pela solução tampão e pela concentração de sódio. A
solicitados na investigação do hiperparatireoidismo. A medição interferência da maioria dos pigmentos biológicos é reduzida pela
da PTH-rP é raramente necessária. E m situações específicas (p. medição do complexo cálcio-corante próximo de 650 nm. C o m o
ex., é no linfoma), a medição da l , 2 5 ( O H ) 2 pode ser útil. uso da técnica de deslizamento seco, uma interferência clinica-
As terapias são direcionadas para o tratamento do tumor, mente significativa pode ser observada em pacientes que recebe-
reduzindo a concentração do cálcio sérico por meio da diurese ram sangue ou outros hemoderivados com citrato. Diferentemente
salina e da redução da reabsorção osteoclástica (bifosfonatos, da CPC, o arsenazo I I I é estável como u m reagente único.
calcitonina etc.). Os glicocorticóides são úteis na redução da
adsorcão intestinal de cálcio nos casos de hipercalcemia mediada Requisitos para a Coleta das Amostras
por Ú 5 ( O H ) z D . O soro e o plasma heparinizado são as amostras preferidas para
a determinação do cálcio total. Anticoagulantes como o citrato,
Quantificação do Cálcio o oxalato, e o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) não devem
Os métodos mais utilizados para determinar a calcemia são a ser utilizados porque eles interferem formando complexos com
quantificação ou do cálcio sérico livre (ionizado) ou do cálcio o cálcio. A co-precipitação do cálcio com a fibrina n o plasma
total. O termo cálcio ionizado é mal utilizado porque t o d o o heparinizado ou com lipídios é descrita com o armazenamento
cálcio plasmático é ionizado, estando ou não associado a pro- ou congelamento.
teínas ou a pequenos ânions p o r ligação iônica. A o longo deste As amostras de urina devem ter de 20 a 30 m L de solução
capítulo, utilizamos o termo cálcio livre, em analogia aos hormô- de 6 m o l / L de HC1 por amostra de urina de 24 horas (1 a 2 m L
nios livres que não estão ligados a proteínas (p.ex., tiroxina livre para uma amostra aleatória) com o i n t u i t o de prevenir a precipi-
ou testosterona livre). tação do sal de cálcio. A adição do ácido após a coleta pode não
O cálcio livre é considerado o melhor indicador da situação dissolver completamente os sais de cálcio precipitados.
do cálcio porque é a forma biologicamente ativa e que é regulada
pelo P T H e pela l , 2 5 ( O H ) : D . Interferências
Hemólise, icterícia, hiperlipidemia, paraproteinas, magnésio e
Medição do Cálcio Total quelatos de gadolínio presentes em contrastes interferem com os
Eletrodos iónicos específicos espectrofotomé tricôs (ISEs) e, ocasio- métodos fotométricos. Vários métodos utilizam análise bicromá-
nalmente, métodos de absorção atômica são utilizados rotineira- tica, correções com comprimentos de onda múltiplos ou clarea-
mente. De acordo com o College of American Pathologists Com- mento com o i n t u i t o de reduzir a interferência na determinação
prehensiveChemistry Survey, realizado em 2007, aproximadamente dos níveis de cálcio. Embora a hemólise cause u m resultado falso-
75% dos laboratórios clínicos participantes utilizaram métodos de negativoj porque as hemácias contêm níveis mais baixos de cálcio
espectro fotometria (31% arsenazo I I I e 44% complexo o-cresolfta- que o soro, erros mais significativos podem ser causados pela
leína) e 24% dos laboratórios restantes utilizaram o ISEs. interferência do espectro da hemoglobina. Dependendo do
C o m o uso de ISEs, o espécime é acidificado para converter método, a hemoglobina pode produzir u m resultado falso-nega-
tanto o cálcio ligado à proteína e como o cálcio complexado ao tivo ou falso-positivo. E m métodos fotométricos, se as amostras
cálcio livre antes da mensuração do cálcio livre. Este método será estiverem hemohsadas, o clareamento com o ácido etilenoglicol-
discutido mais adiante neste capítulo. A absorção atômica f o i tetracético (EGTA) é sugerido. Outros exames e métodos utiliza-
descrita em detalhes n o C a p i t u l o 4- dos devem ser avaliados quanto à suscetibilidade de causar inter-
ferência. Os contrastes de gadolínios (gadodiamida [Omniscan]
Métodos Espectrofoíoméíricos e gadoversetamida [ o p t i M A R K ] ) empregados na ressonância mag-
Estes métodos utilizam indicadores metalocrômicos que mu d a m nética causam u m erro significativo (geralmente subestimado)
de cor quando se ligam ao cálcio. Embora tenham uma acurácia nos métodos espectofotométricos.
menor que a espectrometria de absorção atômica, são mais fáceis A maneira como o paciente deve ser preparado e como a
de serem realizados. amostra obtida pode afetar tanto a dosagem do cálcio livre quanto
Método do Complexo o-Cresolftaleína (CPC). E m solução alca- total serão discutidas posteriormente neste capítulo
lina, o C P C forma u m c r o m ó f o i o vermelho com o cálcio, o qual
é medido em u m comprimento de onda entre 570 e 580 nm. A Ajuste ou Correção do Cálcio Total
amostra é diluída com ácido para liberar o complexo de cálcio e Vários cálculos foram utilizados para ajustar ou corrigir os níveis
o cálcio ligado à proteína. A interferência com o íon magnésio é do cálcio total devido às variações nas concentrações das proteínas
reduzida por: (1) adição da 8-hidroxiquinolina, (2) tampona- séricas. A equação a seguir é normalmente vista nos livros-textos,
mento da mistura da reação p r ó x i m o de p H 12 e (3) medida da porém esta correção não considera a falta de harmonização da
absorvância próxima a 580 n m . Aditivos reduzem a turvação das albumina e dos métodos que avaliam o cálcio na população.
amostras lipêmicas e aumentam a formação de complexos. O
etanol e outros solventes orgânicos podem ser incluídos com o Cálcio Corrigido ( m g / d L ) = Cálcio Total ( m g / d L ) +
i n t u i t o de reduzir a absorvância do branco de reação. A calibra- 0,8 ( 4 - A l b u m i n a [g/dL])
ção em vários pontos é recomendada, e a linearidade pode ser
melhorada com a adição do acetato de sódio. A temperatura é Alguns fatores que l i m i t a m a capacidade do cálcio total e do
controlada porque a reação é termossensível. O C P C e os reagen- cálcio corrigido em predizer os valores do cálcio livre estão lista-
734 PARTE V Fisiopatologia
Q U A D R O 38-3 Fatores que Alteram a Distribuição entre o do cálcio livre. Eletrodos são bastante insensíveis ao H"1, c o m u m a
Cálcio Ligado è Proteína, os Complexos de i n s i g n i f i c a n t e i n t e r f e r ê n c i a entre p H 5 e 9.
Cálcio e o Cálcio Livre, Afetando a N o v o s eletrodos u t i l i z a m u m a m e m b r a n a de diálise o u u m
Interpretação do Cálcio Sérico Total carreador n e u t r o , r e d u z i n d o o u e l i m i n a n d o o efeito da proteína
observado nos eletrodos anteriores. C o m os eletrodos amais, o
FATORES QUE ALTERAM A FATORES QUE ALTERAM A
efeito é m e n o r que 0,02 m m o l / L p a r a 1 g / d L ( 1 0 g / L ) de proteína.
LIGAÇÃO 0 0 CÁLCIO À PROTEÍNA FORMAÇÃO DOS COMPLEXOS DE
Os depósitos de proteínas n o eletrodo p o d e m , t a m b é m , agir como
Alteração na concentração de CÁLCIO
u m rrocador de c á t i o n divalente, resultando e m interferência
albumina ou globulinas Citrato
Proteínas anormais positiva c o m altas concentrações de Mg 2 ". T e m sido descrito que
Bicarbonato
Heparina Lactato a manutenção regular dos i n s t r u m e n t o s e a remoção da proteína
PH Fosfato m i n i m i z a m esta interferência.
Ácidos graxos livres Piruvato e p-hidroxibutirato Substâncias químicas p o d e m i n t e r f e r i r c o m a medição do
Bilirrubina Sulfato cálcio pelo m é t o d o de ISEs o u alterar as concentrações de cálcio
Drogas Ânion gap livre. Surfactantes aniônicos e etanol afetam a m e m b r a n a seletiva
Temperatura de cálcio. À n i o n s fisiológicos, i n c l u i n d o (1) proteínas, (2) fosfato,
(3) citrato, (4) lactato, (5) sulfato e (6) oxalato, e substâncias
químicas c o m o (7) E D T A e (8) E G T A , f o r m a m complexos c o m
o cálcio e r e d m e m a concentracão de cálcio livre.
literatura, f o i descrito que o cálcio livre é menos estável em amos- U m a f o n t e i m p o r t a n t e e c o m u m de erro pré-analítico é o
tras de pacientes u i ê m i c o s , c o m acidose o u não. a u m e n t o d o cálcio t o t a l pelo uso d o t o r n i q u e t e e a oclusão
A concentração de cálcio livre e o p H real da amostra devem venosa d u r a n t e a coleta da amostra, q u e não i n f l u e n c i a a f o r m a
ser descritos em cada amostra. O p H é ú t i l para verificar se a livre. Erros de 0,5 a 1,0 m g / d L (0,12 a 0,25 m m o l / L ) n o cálcio
amostra f o i corretamente m a n i p u l a d a . A m a n i p u l a ç ã o aeróbica total p o d e m ocorrer d e v i d o ao a u m e n t o do cálcio ligado à pro-
das amostras e a correção d o cálcio livre para o p H 7,4 p o d e m teína devido ao e f l u x o de l í q u i d o d o c o m p a r t i m e n t o vascular
ser equivocadas em pacientes c o m alcalose o u acidose, e devem ser d u r a n t e a estase. Se o uso do t o r n i q u e t e for necessário, este deve
evitadas. ser colocado i m e d i a t a m e n t e antes da coleta da amostra, e reti-
rado em 1 m i n u t o .
Efeitos dos Anticoagulantes O f e c h a m e n t o do p u n h o e o exercício d o antebraço devem
A hepaTina é o ú n i c o anticoagulante aceito para a determinação ser evitados antes da f l e b o t o m i a p o r q u e causam u m a redução n o
d o cálcio livre, p o r é m ela pode reduzir os níveis do cálcio livre p H (produção de ácido lático), a u m e n t a d o o cálcio livre.
nas concentrações (30 a 100 U / m L o u mais) encontradas na M u d a n ç a s posturais causam troca de f l u i d o s e alteram a
m a i o r parte das seringas de gasometria arterial. O uso da hepa- concentração das células e de moléculas grandes, i n c l u i n d o
r i n a l i q u i d a deve ser evitado p o r q u e p o d e resultar em níveis a a l b u m i n a e o cálcio total (em parte p o r causa da ligação pro-
falsamente mais baixos de cálcio por causa da (1) diluição da téica) n o c o m p a r t i m e n t o vascular. A s mudanças relativas à
amostra de sangue c o m a h e p a r i n a l í q u i d a , e (2) ligação do cálcio postura de cerca de 10% nas concentrações de a l b u m i n a e outras
livre pelas concentrações elevadas de heparina. O citrato, o proteínas n o r m a l m e n t e não são encontradas. E m contraste, as
oxalato, e o E D T A ligam-se ao cálcio e reduzem as concentrações mudanças na calcemia são notadas p o r causa do estreito i n t e r v a l o
do cálcio livre. de referência, e pequenas diferenças na medição das concentra-
Várias seringas de uso comercial são adequadas para as deter- ções d o cálcio livre m u d a m os resultados de n o r m a l para a n o r m a l
minações do cálcio livre: (1) seringas eletrólito-balanceadas o u ou de a n o r m a l para n o r m a l . A postura ereta reduz o l í q u i d o
seringas c o m heparina t i t u l a d a c o m cálcio (concentração f i n a l intravascular e a u m e n t a a concentração de cálcio t o t a l de 0,2 a
de 4 0 a 5 0 U / m L ) ; (2) seringas de h e p a r i n a de baixo peso c o m 0,8 m g / d L (0,05 a 0,20 m m o l / L ) . A h e m o d i l u i ç ã o causada pela
a h e p a r m a e m u m enchedor inerte, c o m u m a concentração f i n a l inclinação ( j u n t o c o m a h i p o a l b u m i n e m i a ) c o n t r i b u i para o
de h e p a r i n a de 2 a 3 U / m L ; (3) seringas de h e p a r m a lítio-zinco a u m e n t o da prevalência de h i p o c a l c e m i a (cálcio total, não o livre)
(50 U / 3 m L ) . C o m o uso da seringas eletrólito-balanceadas o u f r e q u e n t e m e n t e observada e m pacientes hospitalizados.
de h e p a r i n a titulada c o m cálcio, a h e p a r i n a é t i t u l a d a c o m o O u t r o s fatores pré-analíticos causam menos confusão. E m
cálcio de m a n e i r a t a l que a concentração plasmática do cálcio u m p e q u e n o n ú m e r o de pacientes, a imobilização e repouso
livre não é apreciavelmente alterada na m a i o r i a das concentra- prolongados p o d e m reduzir a densidade m i n e r a l óssea e aumen-
ções observadas (3,6 a 6,4 m g / d L [0,9 a 1,6 m m o l / L ] ) ; entre- tar o cálcio total e livre. A h i p e r v e n t i l a ç ã o e o exercício reduzem
t a n t o , alguns erros sistemáticos p o d e m sei evidenciados em con- e a u m e n t a m a concentração d o cálcio livre, respectivamente, p o r
centrações m u i t o baixas o u m u i t o elevadas de cálcio livre. Dife- causa das mudanças n o p H sérico. T a n t o o cálcio sérico livre
r e n t e m e n t e , a seringa de lítio-zinco não altera a concentração c o m o a excreção d o cálcio estão reduzidos d u r a n t e a n o i t e . A
t o t a l de cálcio, p o r é m o magnésio p o d e a u m e n t a r e m 0,19 m g / d L ingestão a l i m e n t a r t e m sido descrita c o m o t e n d o vários efeitos,
(0,08 m m o l / L ) p o r é m geralmente causa u m a u m e n t o discreto n o cálcio sérico.
A m a i o r i a dos tubos coletores a vácuo, q u a n d o cheios com- A ingestão de sais de cálcio p o d e a u m e n t a r o cálcio sérico. A
pletamente, c o n t é m concentrações de h e p a r i n a (15 U / m L ) que h e m ó l i s e pode alterar o cálcio livre p o r causa da d i l u i ç ã o e alte-
reduz apenas ligeir amente o cálcio livre. Marcas específicas de rações n o p H e na ligação proteica (veja a discussão descrita
seringas, de tubos a vácuo e de h e p a r i n a devem ser avaliadas a n t e r i o r m e n t e n o i t e m Interferências).
cuidadosamente.
Intervalos de Referência
O i n t e r v a l o de referência do cálcio t o t a l em adultos é aproxima-
Preparo do Paciente e Fontes de Erro Pré-
d a m e n t e 8,6 a 10,3 m g / d L (2,15 a 2,57 m m o l / L ) . O i n t e r v a l o
analítico na Medição do Cálcio Total e Livre
de referência do cálcio livre em adultos é cerca de 4,6 a 5,3 m g /
O preparo d o paciente e a coleta da amostra são fatores que
d L (1,15 a 1,33 m m o l / L ) .
afetam os níveis de cálcio total e livre ( Q u a d r o 38-4)
O cálcio t o t a l declina paralelamente c o m a a l b u m i n a sérica
d u r a n t e a gestação, e n q u a n t o o cálcio livre não se m o d i f i c a .
Os homens e as mulheres n o r m a i s excretam até 3 0 0 m g (7,49
Q U A D R O 38-4 Fatores Pré-analítioos na Medição do Cálcio m m o l ) de cálcio p o r dia em u m a dieta sem restrição de cálcio e até
Total ou Livre 200 m g / d i a (4,99 m m o l / d i a ) em u m a dieta c o m rstrição de cálcio
(500 m g [12,48 m m o l ] de cálcio p o r dia o u menos p o r vários
IN VIVO m virno dias).
Uso do torniquete e oclusão venosa Uso de anticoagulantes inapropriados Pot causa da i n f l u ê n c i a d o p H para o cálcio livre, é recomen-
Mudanças posturais: elevação de Diluição com o uso da heparina d a d o que o p H seja m e d i d o e descrito j u n t o c o m a determinação
10% a 12% no cálcio total e de líquida d o cálcio livre. Isto poderá o r i e n t a r o l a b o r a t ó r i o e o m é d i c o na
5% a 6% no cálcio livre na Níveis de heparina que interferem identificação de amostras nas quais o c o r r e r a m u m t r a t a m e n t o
posição ereta com a dosagem dc cálcio pré-analítico i n a d e q u a d o , levando as mudanças i n <uitro n o p H
Exercício Contaminação com cálcio Amostras de sangue t o t a l desenvolvem u m potencial de
Hiperventilação Cortiças, frasGos de vidro, tubos j u n ç ã o l í q u i d a diferente daquele d o soro o u plasma p o r causa da
Garroíeamenío Manuseio da amostra
presença das células. T e m sido descrito que há u m a i n f l u ê n c i a
Estado nutricional Alterações no pH (cálcio livre)
positiva que é d i r e t a m e n t e p r o p o r c i o n a l ao v a l o r d o h e m a t ó c r i t o .
Alterações na ligação proteica Adsorção ou precipitação do cálcio
A l é m do que, os valores d o cálcio livre f o r a m descritos c o m o
Alterações na formação de Interferência esperfofotcmétrica
sendo diferentes n o sangue capilar, n o sangue venoso e e m amos-
complexos Hemólise, icterícia, lipemia
tras de soro, p o r causa das diferenças n o p H .
736 PARTE V Fisiopatologia
Os coeficientes de variação analítica desejáveis, baseadas na E m alguns situações, c o m o : (1) secreção excessiva d o P T H ,
variação biológica interpessoal para o cálcio livre e total, são 0 , 9 % (2) s í n d r o m e de F a n c o n i , (3) r a q u i t i s m o h i p o f o s f a t ê m i c o ligado
e 1 % o u menos, respectivamente. ao X e (4) osteomalácia i n d u z i d a p o r t u m o r , ocorrerá perda do
fosfato na u r i n a , p o d e n d o , t a m b é m , causar h i p o f o s f a t e m i a e
FOSFATO depleção do fosfato.
Fósforo é a f o r m a do fosfato i n o r g â n i c o e orgânico, sendo u m A hipofosfatemia o u a depleção de fosfato devido à absorção
elemento i m p o r t a n t e e a m p l a m e n t e d i s t r i b u í d o n o c o r p o inadequada de fosfato são menos c o m u n s p o r causa da a b u n d a n -
h u m a n o (Tabelas 38-1 e 38-2). O fosfato i n o r g â n i c o é a fração cia do fosfato na dieta, p o r é m p o d e m ocorrer em pacientes que
mensurável no soro e n o plasma pelos laboratórios clínicos. u t i l i z a m antiácidos que c o n t e n h a m a l u m í n i o o u magnésio e em
pacientes c o m m á absorção. Os antiácidos ligam-se aa fosfato,
Bioquímica e Fisiologia i m p e d i n d o sua absorção. A hipofosfatemia e a depleção de
fosfato, em pacientes c o m má absorção, p o d e m estar m u i t o mais
O fosfato n o plasma existe tanto na f o r m a de â n i o n m o n o v a l e n t e
(H 2 P0 4 *) c o m o na f o r m a divalente (HP0 4 ~ 2 ). N o sangue, os relacionadas c o m o h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o s e c u n d á r i o (e resul-
tante perda de fósforo na u r i n a ) d o que à má absorção.
ésteres do fosfato o r g â n i c o são localizados p r i m a r i a m e n t e d e n t r o
das células. O fosfato i n o r g â n i c o é o p r i n c i p a l c o m p o n e n t e da O fosfato intracelular pode ser p e r d i d o nos casos de acidose,
h i d r o x i a p a t i t a no osso. resultante d o catabolismo dos compostos orgânicos d e n t r o da
N o tecido m o l e , a m a i o r i a do fosfato é intracelular. A m a i o r i a célula. A cetoacidose diabética está associada, i n i c i a l m e n t e ,
a níveis séricos de fosfato n o l i m i t e superioT da n o r m a l i d a d e a
do fosfato das células ê orgânico e i n c o r p o r a d o aos ácidos
nucléicos, fosfolipídios, fosfoproteínas e compostos de "alta níveis elevados de fosfato. O t r a t a m e n t o da cetose e da acidose
c o m i n s u l i n a e f l u i d o s intravenosos, entretanto, resulta na
energia", c o m o trifosfato de adenosina (ATP). O fosfato t a m b é m
é u m elemento essencial dos nucleotídeos cíclicos (como o m o n o - redução rápida de concentração de fosfato sérico. Conseqüente-
m e n t e , pacientes e m t r a t a m e n t o para a cetoacidose diabética
fosfato cíclico de adenosina [ A M P c ] ) e a n i c o t i n a m i d a adenina
d i n u c l e o t í d e o fosfato ( N A D P ) . Estes são i m p o r t a n t e s para a ati- p o d e m ter tanto depleção d o fosfato intracelular q u a n t o hiper-
vidade de várias enzimas. fosfatemia.
As manifestações clínicas da depleção sérica de fosfato depen-
d e m do nível e da intensidade da deficiência. Concentrações
Hipofosfatemia
plasmáticas de fosfato < 1,5 m g / d L (< 0,48 m m o l / L ) p o d e m levar
A h i p o f o s f a t e m i a é d e f i n i d a c o m o a concentração d o fosfato
a manifestações clínicas. C o m o o fosfato é necessário para a
i n o r g â n i c o n o soro abaixo d o i n t e r v a l o de referência n o r m a l ,
formação d o ATP, tanto a glicólise q u a n t o a função celular são
geralmente abaixo de 2,5 m g / d L (< 0,81 m m o l / L ) , sendo c o m u m
prejudicadas pelas baixas concentrações de fosfato intracelular.
e m pacientes hospitalizados ( a p r o x i m a d a m e n t e 2%).
Fraqueza muscular, insuficiência respiratória aguda e insuficiên-
A hipofosfatemia pode estar presente q u a n d o as concentra-
cia cardíaca p o d e m ocorrer na depleção de fosfato. Níveis m u i t o
ções celulares são n o r m a i s , e a depleção do fosfato celular pode
baLxos de fosfato sérico (< 1 m g / d L o u < 0,32 m m o l / L ) p o d e m
existir q u a n d o as concentrações são n o r m a i s o u , até mesmo, ele-
estar associados a rabdomiólise. A depleção de fosfato nas hemá-
vadas. A h i p o f o s f a t e m i a o u depleção do fosfato p o d e m ser cau-
cias reduz a enzima 2,3-disfosfoglicerato, causando b i p o x i a teci-
sadas por (1) desvio d o fosfato do espaço extracelular para o
d u a l por causa do a u m e n t o da a f i n i d a d e da h e m o g l o b i n a pelo
intracelular, (2) p e r d a renal de fosfato, (3) redução na absorção
oxigênio. A h i p o f o s f a t e m i a severa (concentração sérica de fosfato
i n t e s t i n a l e (4) perda do fosfato intracelular. O Q u a d r o 38-5 lista
< 0,5 m g / d L [< 0,16 m m o l / L ] ) pode resultar em hemólise. C o n -
as p r i n c i p a i s causas de h i p o f o s f a t e m i a e de depleção do fosfato.
fusão m e n t a l e coma t a m b é m p o d e m ser secundários à redução
A injeção de i n s u l i n a e a estimulação da secreção da i n s u l i n a
do A T P e à h i p o x i a tecidual. Se a hipofosfatemia é crônica, o
i n d u z i d a por carboidratos a u m e n t a m o transporte d o fosfato e
r a q u i t i s m o ( e m crianças) e a osteomalácia ( e m adultos) p o d e m se
da glicose para d e n t r o das células, sendo, deste m o d o , causas
desenvolver-se.
c o m u n s de hipofosfatemia. A realimentação de i n d i v í d u o s des-
O t r a t a m e n t o depende do grau da hipofosfatemia e da pre-
n u t r i d o s causa u m e f l u x o do fosfato intracelular. A alcalose res-
sença de sintomas. Pacientes c o m h i p o f o s f a t e m i a m o d e r a d a
p i r a t ó r i a ocasiona u m a u m e n t o intracelular do p H , o q u a l ativa
p o d e m requerer somente t r a t a m e n t o da doença de base o u suple-
a fosfofrutoquinase e acelera a glicólise, causando a passagem d o
m e n t a ç ã o c o m fosfato oral. E m pacientes c o m sintomas de h i p o -
fosfato para a célula.
fosfatemia severa, p a r t i c u l a r m e n t e se estiver presente fraqueza da
m u s c u l a t u r a respiratória, o uso de fosfato intravenoso p o d e estar
indicado.
QUADRO 38-5 Causas de Hipofosfatemia e Depleção de
Fosfato
Hiperfosfatemia
Desvia intracelular Absorção intestinal líquida de fosfato H i p e r f o s f a t e m i a é geralmente secundária à incapacidade dos rins
Glicose diminuída e m excretar o fosfato, c o m o o que ocorre na insuficiência renal.
Oral ou intravenosa Aumento da perda do fosfato U m a u m e n t o m o d e r a d o nos níveis séricos de fosfato pode ocorrer
Hiperalimentação Vômitos e m i n d i v í d u o s c o m (1) baixos níveis de P T H (hipoparatireoi-
Insulina Diarréia d i s m o ) , (2) resistência ao P T H (pseudo-hipoparatireoidismo), o u
Alcalose respiratória Ligação do fosfato com antiácidos
(3) acromegalia (elevação do h o r m ô n i o de crescimento), ocasio-
Redução do limiar renal de fosfato Redução da absorção intestinal
n a d o p o r u m a u m e n t o n o l i m i a r renal do fosfato. As causas mais
Hiperparatireoidismo primário ou Sindmme de má absorção
c o m u n s de hiperfosfatemia estão listadas n o Q u a d r o 38-6.
secundário Deficiência de vitamina D
U m r á p i d o a u m e n t o nos níveis séricos de fosfato p o d e estar
Defeitos tubulares renais Perda intracelular de fosfato
associado à hipocalcemia. Por essa razão, p o d e m estar presentes
Hipofosfatemia familiar Acidose
sintomas c o m o tetania, convulsões, e hipotensão. A hiperfosfate-
Síndrome de Fanconi Cetoacidose
Acidose lática m i a de l o n g o prazo pode estar associada a (1) h i p e r p a r a t i r e o i -
d i s m o secundário, (2) osteíte fibrosa e (3) calcificação d o tecido
Doenças Ósseas CAPÍTULO 38 737
técnica de ISEs com carreadores neutros ionóforos. Os íonóforos Intervalos de Referência para o Magnésio
e eletrodos de uso corrente possuem seletividade insuficiente para Total
o magnésio e o cálcio. O cálcio livre é simultaneamente determi- Para os adultos, o intervalo de referência para o magnésio sérico
nado e utilizado com o sinal proveniente do eletrodo do magné- é de aproximadamente 1,7 a 2,4 m g / d L (0,66 a 1,07 m m o l / L ) .
sio, calculando, assim, as concentrações do magnésio livre. As hemácias apresentam níveis de magnésio três vezes maiores
que o soro. Deve-se ter cautela quando se interpretam as concen^
trações do magnésio porque os resultados em m g / d L e em m E / L
Requisitos para a Coleta das Amostras não são prontamente distinguiveis, a menos que as unidades
O soro e o plasma heparinizado são as amostras preferíveis para estejam anexadas ao valor. Os fatores de conversão para as uni-
a determinação do nível do magnésio. O uso de heparina-zinco, dades que são utilizadas para expressar as concentrações do mag-
heparina-lítio-zinco, e novos tipos de heparina desenvolvidos para nésio estão mostradas a seguir:
a determinação do cálcio livre deve ser evitado porque aumenta
o magnésio. Outros anticoagulantes, como citrato, oxalato e (1) m g / d L = m E q / L x 1,22
E D T A , não são adequados porque formam complexos com o íon (2) m E q / L = m g / d L x 0,82
magnésio. O armazenamento do soro por dias a 4°C e o conge- (3) m m o l / L = m E q / L x 0,5
lamento por meses não afetam a determinação da concentração
do magnésio total, contanto que a evaporação da amostra seja
HORMÔNIOS REGULADORES DO
prevenida.
O soro e o plasma devem ser separados do coágulo e das METABOLISMO MINERAL
hemácias logo que possível com o i n t u i t o de prevenir o aumento O P T H e a 1,25-diidroxivicamina D são os hormônios primários
do magnésio sérico, por causa da liberação das células. C o m o as que regulam o metabolismo mineral e ósseo Z,3'6'SJ0. A calcitonina
hemácias contêm concentrações maiores de magnésio que o soro tem ações farmacológicas, porém o papel fisiológico não f o i ainda
ou plasma, amostras hemolisadas são inaceitáveis. A interferência estabelecido em adultos. O PTH-rP é o principal mediador do
pela presença de icterícia ou lipemia depende do método e pode HHM.
ser reduzida pelo uso da análise hicromática ou clareamento com
E D T A . Amostras lipêmicas devem ser ultracentrifugadas. Hormônio da Paratireóide
Amostras de urina devem ser coletadas em meio ácido (p ex., O p a r a t o r m ô n i o ( P T H ) é sintetizado e secretado pelas quatro
20 a 30 m L de HCl-6 m o l / L em uma amostra de 24 horas) com glândulas paratireóides, que estão localizadas bilateralmente
o i n t u i t o de prevenir a formação de complexos de magnésio. (duas à esquerda e duas à direita), próximas à cápsula da glândula
Prc- WH,
seqüência (2) {
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tireóide (veja Figura 25-1, Capitulo 25). As glândulas são com- t i n o pela ação da l,25(OH)2D. A atividade biológica reside n o
postas de células principais e oxifílicas; as células principais sin- primeiro terço ou região N-terminal do PTH. O P T H sintético
tetizam, armazenam e secretam o PTH. (1-14) é pplo m e n o s tão potente quanto o P T H (1-84) em estimu
lar a calcemia, a fosfatúria e outTas respostas no r i m e no osso.
Bioquímica e Fisiologia O P T H exerce a sua ação pela interação com os receptores do
A concentração do P T H no plasma é determinada pela sua P T H / PTH-rP, localizados na membrana plasmática das células-
síntese e secreção pelas paratireóides, e o seu metabolismo e o alvo, aumentando o A M P cíclico (cAMP) e iniciando a cascata
cUarence são determinados pelo fígado e pelos rins. O P T H age de eventos intracelulares.
diretamente no osso e no rim. Nos rins, o P T H (1) aumenta a reabsorção de cálcio no túbulo
contornado distai do néffon, (2) reduz a reabsorção do fosfato
Síntese e Secreção pelo túbulo proximal e (3) inibe a atividade antiportcr de Na + - H",
O P T H é sinretizado como u m precursor: o pré-pró-PTH (Figura a qual favorece o aparecimento de uma acidose metabólica hiper-
38-2). As seqüências pré e pró são clivadas ou quebradas enzima- clorêmica leve no hiperparatireoidismo, e (4) estimula a síntese
ticamente dentro da célula. O P T H intacto (84 aminoácidos, da 25-hidroxivitamina D-la-hidroxilase, aumentando a produ-
peso molecular de 9.425 Da) é secretado, armazenado, ou degra- ção da l , 2 5 ( O H ) 2 D , a qual estimula a absorção intestinal tanto
dado dentro da célula do cálcio como do fosfato.
A concentração do cálcio livre no sangue ou f l u i d o extrace- Os efeitos do P T H no osso são complexos, como é evidente
lular é o regulador fisiológico primário da síntese e secreção do pela estimulação da reabsorção óssea ou da formação óssea,
PTH. O cálcio livre é detectado pelo Teceptor sensível ao cálcio dependendo da concentração do h o r m ô n i o e da duração da
localizado na membrana plasmática das células das paratireóides. exposição. A reabsorção óssea, u m efeito imediato, é importante
Este receptor inicia os eventos intracelulares que levam à inibição para a manutenção da homeostasia do cálcio, enquanto que
da síntese e secreção do P T H , além de acelerar o seu metabo- efeitos tardios são importantes para demandas sistêmicas extre-
lismo. A redução do cálcio plasmático tem u m efeito oposto. mas e para a homeostasia do esqueleto.
Existe uma relação sigmoidal inversa entre a secreção do P T H e O P T H aumenta o cálcio plasmático total e livre, Teduz o
a concentração do cálcio livre (Figura 38-2). fosfato plasmático, e aumenta a excreção do fosfato inorgânico.
O magnésio e a l , 2 5 ( O H ) 2 D também influenciam a síntese O cálcio urinário está geralmente aumentado, porque a grande
e a secreção do P T H . O ú l t i m o ( l , 2 5 [ O H ] 2 D ) interage com o quantidade de cálcio filtrada (derivada da reabsorção óssea e da
receptor da vitamina D nas glândulas paratireóides, suprimindo absorção intestinal do cálcio) anula o aumento da reabsorção
cronicamente a síntese do P T H . A hipomagnesemia crônica tubular do cálcio.
severa, como a que ocorre n o alcoolismo, está associada à redução
na secreção do PTH, enquanto a hipomagnesemia aguda pode Metabolismo e Heterogeneidade Circulante do PTH
estimular a sua secreção. O P T I í circula na forma de h o r m ô n i o intacto e como fragmento
inativo carboxil C-terminal. Sua heterogeneidade é uma conseqü-
Ações Biológicas ência (I) da secreção tanto do h o r m ô n i o intacto como inativo pelas
O P T H influencia diretamente tanto a homeostasia do cálcio paratireóides, (2) do metabolismo periférico do hormônio intacto
como do fosfato, por intermédio das suas ações diretas tanto no pelo fígado e rins e (3) do clearence renal do hormônio inracto e
osso como nos rins. Influência, também indiretamente no intes- dos fragmentos inativos. Nas paratireóides, a secreção do P T H
intacto é aumentada pela hipocalcemia e m u i t o reduzida ou
ausente na hipercalcemia, enquanto que a secreção do fragmento
inativo persiste na hipercalcemia.
O P T H inracto, biologicamente ativo, tem uma meia-vida n o
plasma de < 5 minutos É metabolizado para o fragmento inativo
no fígado e nos rins. Os fragmentos C-terminal são eliminados
100 -
pela filtração renal e normalmente têm uma meia-vida de < 1
hora. A sua meia-vida e a sua concentração circulante estão
80 " aumentadas em pacientes com insuficiência renal. Geralmente,
0
"D 5 % a 25% do P T H total imunorreativo está sob a forma de
60 h o r m ô n i o intacto, e 75% a 9 5 % como fragmentos C-terminal.
1 * As concentrações relativas do h o r m ô n i o intacto e dos fragmentos
.
variam com a fisiologia e a patologia. Recentemente, foTam apre-
? 40 - sentadas evidências das formas circulantes do P T H que perderam
0
E os primeiros aminoácidos da região N-terminal.
«
1 20 -
Significância Clínica
0 1 1 1 1 1 1 1 A determinação do P T H é ú t i l (1) no diagnóstico diferencial
1,0 1,25 1,5
tanto da hipercalcemia como da hipocalcemia, (2) para avaliação
Cácio ionizado {mmol/L)
da função das paratireóides na insuficiência renal e (3) para
avaliação da função das paratireóides em distúrbios minerais
Figura 38-3 Regulação da secreção do PTH intacto pelo cálcio e m ósseos. O nível do cálcio livre e total é, geralmente, medido na
indivíduos normais. Foram infundidos cálcio e E D T A para demonstrar mesma amostra que o PTH, porque a concentração do P T H deve
a relação sigmoidal entre a secreção de PTH e o cálcio livre. (De Brown ser interpretada c o m cautela de acordo com o resultado do
EM. Extracellular Ca 1 * sensing, regulation of parathyroid cell function, cálcio.
and role of C a ! ' and other ioris as extracellular (first) messengets. O P T H é o teste mais importante para o diagnóstico diferen-
Physiol Rev 1991;71:371-411.) cial da hipercalcemia. O P T H está elevado na maioria dos pacien-
Doenças Ósseas CAPÍTULO 38 741
I
300 -
m n a d o c o n t r a a região N - t e r m i n a l (p. ex., seqüências de aminoáci-
*
dos 1-34). A m b o s os a n t i c o r p o s são adicionados em excesso,
200 -
assegurando que t o d o o P T H é m e d i d o . O excesso de a n t i c o r p o
m a r c a d o é r e m o v i d o p o r lavagem, antes de q u a n t i f i c a r o anti-
100 - c o r p o marcado ligado ao P T H que é captado pelo a n t i c o r p o de
captura i m o b i l i z a d o .
C o m o(s) fragmento(s) N - t e r m i n a l truncado(s) ocorre reação
Osteíte Osteite cruzada nos m é t o d o s de p r i m e i r a geração para detectar o P T H
Fibrosa Fibrosa ~ . ... .
Normais inicial Avançada 0steoma acia
l Aplásica " i n t a c t o " , p o r é m isto não ocorre nos métodos mais novos. O grau
n = 1
n = 253 n = 25 n - 34 ° ri = 54 de superestimação do valor d o P T H i n t a c t o é d e p e n d e n t e dos
m é t o d o s d e n o m i n a d o s "ensaios de p r i m e i r a geração para o P T H
Figura 3 8 - 4 O PTH intacto e m indivíduos normais e e m pacientes i n t a c t o " . A superestimação da dosagem do P T H i n t a c t o , q u e
c o m hiperpararireoidismo primário, hipercalcemia associada à p o d e ocorrer em 5 0 % dos pacientes c o m i n s u f i c i ê n c i a r e n a l
malignidade, e com hipoparatireoidismo, (De Endres DB, Villanueva R, c r ô n i c a o u c o m h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o p r i m á r i o e em 2 0 % dos
Sharp CF Jr, Singer FR Measurement of parathyroid h o r m o n e i n d i v í d u o s n o r m a i s , não é h a b i t u a l . M é t o d o s específicos para a
Endocrinol Metab Clin N o r t h A m 1989,18.611-29.) dosagem do P T H intacto devem ser mais úteis para m o n i t o r a r o
t r a t a m e n t o de pacientes e m diálise. R o t i n e i r a m e n t e , a d i s p o n i b i -
lidade destes novos métodos é l i m i t a d a .
M é t o d o s de r a d i o i m u n o e n s a i o ( R I A ) e o u t r o s i m u n o e n s a i o s
tes c o m h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o p r i m á r i o e abaixo do n o r m a l ou competitivos não devem ser utilizados p o r q u e eles m e d e m p r i m a -
abaixo da metade do valor de referência na m a i o r i a dos pacientes r i a m e n t e os fragmentos inativos, o u não são sensíveis o bastante
c o m hipercalcemia não relacionada c o m a paratireóide, i n c l u i n d o para m e d i r adequadamente o P T H intacto.
a hipercalcemia associada à m a l i g n i d a d e ( H A M ) , a causa mais
c o m u m de hipercalcemia não relacionada c o m a paratireóide
Requisitos para a Coleta das Amostras
(Figura 38-4). O h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o p r i m á r i o é mais freqüen-
A m o s t r a s de soro o u plasma c o m E D T A são preferíveis. A p ó s a
temente causado pela secreção excessiva do P T H p o r u m adenoma
separação, o soro o u plasma deve ser congelado, se ocorrer atraso
solitário, e menos f r e q ü e n t e m e n t e p o r hiperplasia m ú l t i p l a das
na análise. Baixas concentrações do P T H são observadas n o soro
paratireóides e r a r a m e n t e p o r c a r c i n o m a p a r a t i r e o i d i a n o (< 1%).
q u e f o i i n c u b a d o à t e m p e r a t u r a a m b i e n t e p o r algumas horas o u
O h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o p r i m á r i o é t r a t a d o pela remoção cirúr-
p o r u m dia o u mais, a 4 Ü C. T e m sido descrito q u e o P T H é mais
gica do adenoma. A determinação intra-operatória do P T H é ú t i l
estável n o plasma c o m E D T A .
na avaliação da retirada c o m p l e t a do t u m o r . O d e c l í n i o de 5 0 %
o u mais dos níveis do pré-operatório é geralmente considerado
i n d i c a t i v o de sucesso da remoção cirúrgica d o tecido h i p e r f u n - Intervalos de Referência
c i o n a n t e . A H A M está associada u s u a l m e n t e a pacientes c o m O s intervalos de referência para a dosagem do P T H i n t a c t o
metástases ósseas e / o u a p r o d u ç ã o d o PTH-rP. C o m o P T H - r P v a r i a m c o m os métodos utilizados. Os intervalos de referência
não ocorre reação cruzada c o m os i m u n o e n s a i o s q u e avaliam o típicos são 10 a 65 p g / m L (1,1 a ó,8 p m o l / L ) para os ensaios de
P T H intacto. p r i m e i r a geração e de 6 a 4 0 p g / m L (0,6 a 4,2 p m o l / L ) para os
O P T H t a m b é m é ú t i l n o diagnóstico d i f e r e n c i a l da hipocal- ensaios de segunda geração. Os valores m á x i m o s do l i m i t e de
cemia. N o h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o secundário, está elevado antes referência descritos p o d e m ser i n a p r o p r i a d a m e n t e elevados, p o r
que os níveis do cálcio t o t a l o u livre f i q u e m a n o r m a l m e n t e causa da alta prevalência de insuficiência de v i t a m i n a D na
baixos. A i n s u f i c i ê n c i a r e n a l c r ô n i c a é a causa mais c o m u m de população, o c a s i o n a n d o o h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o secundário
hipocalcemia. A deficiência de magnésio p o d e reduzir a secreção m o d e r a d o . Os níveis d o P T H i n t a c t o são baixos o u n o r m a i s na
d o P T H , r e s u l t a n d o e m níveis de P T H i n a p r o p r i a d a m e n t e baixos gestação, p o r é m são elevados nos p r i m e i r o s dias de vida. Os
o u normais. Pacientes c o m h i p o p a r a t i r e o i d i s m o apresentam níveis níveis do P T H a u m e n t a m c o m a idade, u m a possível consequên-
742 PARTE V Fisi o patologia
Õ- 2 Ç-tucboxíúiK
Ifigado)
ITT adiarão
Vitamina D ;
(Ergàualciferal)
Erg as rerol
(Pró-vítaiuina Dj)
25-hidrcoxi- 25-hidroxi-
vitamina D: vitamina D ;
Figura 38-5 Estrutura da vitamina D 3 (colecalciferol) e da vitamina
D2 (ergocalciierol) e seus precursores. O 7-colecalciferol é produzido na
pele a partir do 7-desidrocolesterol pela exposição à luz solar. O
ergocalciferol é produzido comercialmente pela irradiação do ergosterol.
(Modificado de Holick MF, Adams JS. V i t a m i n D metabolism and
biological functior». In; Avioli LV, Krane SM, eds. Metabolic b o n e 25 /lííJroJtíuitamína
disease, 2 n d ed. Philadelphia: "WB Saunders, 1990:155-95.) D-l-a-hidroxüase (rim'
Bioquímica e Fisiologia
A v i t a m i n a D e seus metabólitos p o d e m ser categorizados c o m o
colecalciferol o u ergocalciferol (Figura 38-5). O colecalciferol 24- Q u a n d o a v i t a m i n a D o u os seus metabólitos são escritos sem
( v i t a m i n a D-J é o composto matriz n a t u r a l m e n t e presente, sendo u m a identificação, ambas as famílias são incluídas.
p r o d u z i d o na pele a p a r t i r do 7-desidrocolesterol pela exposição A v i t a m i n a D p o d e ser f o r m a d a pela exposição da pele aos
à porção B dos raios solares ultravioletas. A latitude, a estação raios solares o u pela ingestão de alimentos que c o n t e n h a m a
d o ano, a faixa etária, o uso de p r o t e t o r solar, e a pigmentaçao v i t a m i n a D o u os seus metabólitos. A p e n a s alguns alimentos,
cutânea i n f l u e n c i a m a p r o d u ç ã o da v i t a m i n a D 3 pela pele. A p r i n c i p a l m e n t e (1) óleo de fígado de peixe, (2) peixes gordurosos,
v i t a m i n a D 2 (ergocalciferol), o c o m p o s t o parente da o u t r a família, (3) gema de ovo e (4) fígado, n a t u r a l m e n t e c o n t ê m quantidades
é p r o d u z i d o pela irradiação do ergosterol p r o d u z i d o p o r levedu- significativas de v i t a m i n a D . C o n s e q ü e n t e m e n t e , antes da suple-
ras. A v i t a m i n a D? se diferencia da v i t a m i n a D ] pela d u p l a ligação mentação dos alimentos c o m a v i t a m i n a D 2 o u D 3 a m a i o r parte
entre o c a r b o n o 22 e o c a r b o n o 23 e o g r u p o m e t i l n o c a r b o n o da v i t a m i n a D c o r p o r a l era p r o d u z i d a pela síntese na pele. N a
Doenças Ósseas CAPÍTULO 38 743
do i n t e s t i n o delgado. D o e n ç a hepática crônica severa t e m sido cia em U V após separação p o r cromatografia l í q u i d a de alta
associada à conversão inadequada da v i t a m i n a D a 2 5 ( O H ) D . eficiência ( H P L C ) e (4) cromatografia l í q u i d a associada à espec-
M e d i c a m e n t o s c o m o a fenitoína, f e n o h a r b i t a l e a Tifampicina t r o m e t r i a de massas tandem ( L C - M S / M S . O m é t o d o C P B A
i n d u z e m a ativação de enzimas que aceleram o m e t a b o l i s m o da baseado nos níveis da D B P mede t a n t o a 2 5 ( O H ) D c o m o a
v i t a m i n a D e seus m e t a b ó l i t o s . l , 2 5 ( O H ) 2 D . Os C P B A s , que não separam cromatograficamente
A concentração sérica da 2 5 ( O H ) D p o d e estar reduzida e m a 2 5 ( O H ) D dos o u t r o s m e t a b ó l i t o s , superestiman os seus níveis
pacientes c o m s í n d r o m e nefrótica p o r causa da perda u r i n á r i a da em cerca de 10% e m i n d i v í d u o s n o r m a i s . E m imunoensaios, as
D B P e da 2 5 ( O H ) D . A medição de 2 5 ( O H ) D t e m p o u c o valor na amostras e os calibradores são desproteinizados c o m acetonitTila
avaliação da hipercalcemia, sendo mais empregada para a confir- e analisados após cromatografia o u d i r e t a m e n t e sem cromatogra-
mação da intoxicaçao pela ingestão de grandes quantidades de fia. E m b o r a o anti-soro t a m b é m reconheça a 2 4 , 2 5 ( O H ) 3 D ,
v i t a m i n a D o u 2 5 ( O H ) D ; nestes pacientes, os níveis de 2 5 ( O H ) D 2 5 , 2 6 ( O H ) 2 D e 25(OH)D-26-23-Iactona, os resultados são com-
estão tipicamente acima de 100 n g / m L (250 n m o l / L ) . paráveis aos obtidos c o m H P L C p o r causa da concentração m u i t o
A medição da l , 2 5 ( O H ) i D é ú t i l na detecção da produção baixa destes metabólitos. Os métodos H P L C e L C - M S / M S são
inadequada o u excessiva deste h o r m ô n i o na avaliação da (1) hiper- utilizados mais c o m u m e n t e , e m parte p o r causa da evidência de
calcemia, (2) hipercalciúria, (3) hipocalcemia e (4) distúrbios que alguns imunoensaios s u b e s t i m a m a f o r m a 2 5 ( O H ) D da vita-
ósseos e minerais ( Q u a d r o 38-10). C o m o os macrófagos ativados m i n a D 2 - Os métodos H P L C e L C - M S / M S m e d e m a 2 5 ( O H ) D 2
convertem a 2 5 ( O H ) D a l , 2 5 ( O H ) 2 D , as concentrações séricas da e a 2 5 ( O H ) D 3 separadamente. A soma das duas concentrações é
l , 2 5 ( O H ) 2 D estão geralmente elevadas na sarcoidose, tuberculose utilizada para d e t e r m i n a r se u m paciente t e m deficiência de
e outras doenças granulomatosas. O l i n f o m a t a m b é m pode estar v i t a m i n a D (ou, t a m b é m , se este paciente tem excesso de vita-
associado a concentrações elevadas da l , 2 5 ( O H ) 2 D . As concentra- m i n a D ) . N ã o é a p r o p r i a d o tratar u m a concentração elevada o u
ções de l , 2 5 ( O H ) z D t a m b é m estão elevadas n o r a q u i t i s m o depen- reduzida da 2 5 ( O H ) D 2 e da 2 5 ( O H ) D 3 q u a n d o a soma das duas
dente da v i t a m i n a D t i p o I I e na intoxicação pela v i t a m i n a D , e concentrações é n o r m a l .
p o d e m estar elevadas n o h i p e r p a r a t i r e o i d i s m o p r i m á r i o . Estes A l , 2 5 ( O H ) 2 D circula e m u m a concentração aproximada-
pacientes, que apresentam níveis elevados da l , 2 5 ( O H ) 2 D , m e n t e 1 / 1 . 0 0 0 da 2 5 ( O H ) D e em concentrações significativa-
parecem estar mais propensos a desenvolver hipercalciúria e cál- m e n t e mais baixas que os outros metabólitos diidroxilados, com-
culos renais. Concentrações séricas reduzidas de l , 2 5 ( O H ) 2 D são p l i c a n d o m u i t o a sua determinação n o soro. O m é t o d o mais
observadas em pacientes c o m (1) insuficiência renal, (2) hipercal- utilizado requer a desproteinização c o m acetonitrila, oxidação
cemia associada a malignidade, (3) hiperfosfatemia, (4) hipoparati- c o m metaperiodato de sódio c o m o i n t u i t o de e l i m i n a r a interfe-
reoidismo, (5) pseudo-hipoparatireoídismo, (6) r a q u i t i s m o depen- rência dos metabólitos d i i d r o x i l a d o s mais abundantes, purificação
dente da v i t a m i n a D t i p o I, (7) hipomagnesemia, (8) síndrome utilizando uma ú n i c a coluna de C , r O H , seguida da quantificação
nefrótica e (9) doença hepática crônica severa. A medição da por R I A u t i l i z a n d o u m análogo r a d i o i o d i n a d o da l , 2 5 ( O H ) 2 D .
l , 2 5 ( O H ) 2 D , porém, não é ú t i l na confirmação da intoxicação tanto
pela v i t a m i n a D c o m o pela 2 5 ( O H ) D , porque os níveis de Requisitos para a Coleta da Amostra
l , 2 5 ( O H ) 2 D p o d e m estar baixos, normais o u elevados. O soro é t i p i c a m e n t e u t i l i z a d o na m e d i ç ã o dos metabólitos da
v i t a m i n a D . U m a vez separados do coágulo, os m e t a b ó l i t o s são
Medição dos Metabólitos da Vitamina D relativamente estáveis à t e m p e r a t u r a a m b i e n t e e a 4 ° C ; c o n t u d o ,
Ensaios específicos e sensíveis t ê m sido desenvolvidos para a estas amostras devem ser congeladas se a análise for postergada.
medição da 2 5 ( O H ) D e da l , 2 5 ( O H ) 2 D . Estes ensaios devem Estes m e t a b ó l i t o s não parecem ser sensíveis à luz e não r e q u e r e m
m e d i r i g u a l m e n t e os m e t a b ó l i t o s D 2 e D 3 ( c o m reatividade equi- manuseio especial n o l a b o r a t ó r i o .
molar), já que ambos são metabolizados para p r o d u z i r a f o r m a
b i o l o g i c a m e n t e ativa, q u e é a l , 2 5 ( O H ) 2 D . A m e d i d a separada intervalos de Referência
das formas D 2 e D 5 não d i s t i n g u e as fontes dietéticas e endógenas Os intervalos de referência dos metabólitos da v i t a m i n a D depen-
de v i t a m i n a D , p o r q u e o a l i m e n t o é s u p l e m e n t a d o c o m estes d e m dos m é t o d o s empregados, e o l i m i t e i n f e r i o r da n o r m a l i d a d e
metabólitos. da 2 5 ( O H ) para i n d i v í d u o s saudáveis é controverso. Os interva-
A m a i o r i a dos ensaios para a dosagem da 2 5 { O H ) D e da los de referência representativos são:
l , 2 5 ( O H ) 2 D requer as seguintes etapas: (1) desproteinização o u
extração, (2) purificação e (3) quantificação. A desproteinização 2 5 ( O H ) D : 10 a 65 n g / m L (25 a 162 n m o l / L )
o u extração, geialmente c o m acetonitrila, libera os metabólitos 1,25 ( O H ) 2 D : 15 a 6 0 p g / m L (36 a 144 p m o l / L )
da DBP. As diferenças nas suas polaridades p o r causa do n ú m e r o
dos grupos hidroxilas têm sido utilizadas para separar a v i t a m i n a Concentrações < 20 a 3 0 n g / m L (< 5 0 a 75 n m o l / L ) estão
D dos seus metabólitos. C o m três grupos hidroxilas, a l , 2 5 ( O H ) z D associadas a elevação d o P T H e redução da absorção d o cálcio.
t e m m a i o r p o l a r i d a d e q u e a 2 5 ( O H ) D , que apresenta dois grupos O recente estudo N H A N E S I I I r e l a t o u u m a prevalência inespe-
hidroxilas, sendo esta mais polaT que a v i t a m i n a D , que só apre- r a d a m e n t e elevada de níveis baixos de 2 5 ( O H ) D ; d u r a n t e o
senta u m g r u p o h i d r o x i l a . A extração em fase sólida u t i l i z a n d o i n v e r n o n o sudeste dos Estados U n i d o s , a 2 5 ( O H ) D foi < 20
octadecil (C 18 )-sílica f o i a m p l a m e n t e utilizada para p u r i f i c a r par- n g / m L (< 5 0 n m o l / L ) em 1 5 % dos h o m e n s caucasianos adultos
cialmente a l , 2 5 ( O H ) 2 D . O m é t o d o mais p o p u l a r utiliza t a n t o a e em 3 0 % das mulheres, c o m índices especialmente elevados em
fase reversa e m u m a m i n i c o l u n a de sílica-C| 6 q u a n t o u m a m i n i - negTos e níveis i n t e r m e d i á r i o s e m hispânicos.
c o l u n a de sílica de fase n o r m a l para separar os m e t a b ó l i t o s da A s concentrações circulantes da 2 5 ( O H ) D estão elevadas pela
v i t a m i n a D . Este m é t o d o f o i m o d i f i c a d o pela el i minação do exposição à luz solar e d e m o n s t r a m u m a variação sazonal, c o m
c a r t u c h o de sílica, u t i l i z a n d o a "fase t r o c a d o r a " c o m u m ú n i c o níveis maiores n o verão o u o u t o n o e níveis mais baixos n o
c a r t u c h o de C i g O H . O m é t o d o de quantificação depende d o i n v e r n o o u na primavera. Estas concentrações são influenciadas
m e t a b ó l i t o que está sendo m e d i d o . pela l a t i t u d e , uso de p r o t e t o r solar, e pela pigmentação da pele.
A 2 5 ( O H ) D sérica t e m sido m e d i d a pelo (1) ensaio compe- A concentração sérica de l , 2 5 ( O H ) z D de 100 n g / m L (250 n m o / L )
t i t i v o de ligação protéica ( C P B A ) , (2) i m u n o e n s a i o , (3) absorvân- não é i n c o m u m nos salva-vidas.
Doenças Ósseas CAPÍTULO 38 745
Calcitonina
A c a l c i t o n i n a é secretada pelas células parafoliculares o u células
c r i n o e m m e m b r o s da f a m í l i a do caso-índice; d i f e r e n t e m e n t e do
C , as quais se o r i g i n a m na crista n e u r a l e estão distribuídas p o r
m o n i t o r a m e n t o c o m a c a l c i t o n i n a , o teste não requer a avaliação
toda a glândula tireóide. Estas células são incluídas na f a m í l i a
anual. A realização deste teste é, t a m b é m , justificada nos casos
A P U D (do inglês, a m i n e precursor u p t a k e and decarboxylatíon,
esporádicos de C M T , p o r q u e 5 % a 10% p o d e m ser carreadores
captação e descaboxilação de precursores de amina), o que explica
de mutações germinativas na l i n h a g e m do KET.
a associação do carcinoma m e d u l a r de tireóide ( u m t u m o r das
M u i t o s pacientes c o m C M T tiveram aumentos nas concen-
células C) a outros tumores da f a m í l i a A P U D na neoplasia endó-
trações basais de c a l c i t o n i n a , mas testes provocativos u t i l i z a n d o
c r i n a m ú l t i p l a tipos 2 A e 2B ( M E N - 2 A e M E N - 2B).
secretagogos de c a l c i t o n i n a a u m e n t a m a sensibilidade na detec-
ção do C M T e hiperplasia das células C . O cálcio, a pentagastrina
Bioquímica e Fisiologia o u a c o m b i n a ç ã o de ambos f o r a m os agentes de e s t í m u l o da
A c a l c i t o n i n a é u m peptídeo c o m 32 aminoácidos ( M W = 3.418 secreção da c a l c i t o n i n a mais c o m u m e n t e utilizados. A especifici-
Da) c o m u m a p o n t e dissulfeto N - t e r m i n a l l i g a n d o resíduos de dade t a m b é m é a u m e n t a d a c o m o uso dos testes d e e s t i m u l o .
cisteína 1 e 7 e u m resíduo p r o l i n a - a m í d i c o na porção C - t e r m i n a l . Concentrações m i n i m a m e n t e aumentadas que n ã o são estimula-
A porção C - t e r m i n a l da molécula, c o m seu resíduo prolina- das após o teste provocativo deveriam ser questionadas. A efeti-
a m í d i c o , a ligação dissulfeto entre os resíduos 1 e 7, e o resíduo vidade da cirurgia é f r e q ü e n t e m e n t e m o n i t o r a d a pela m e d i ç ã o
m e t i o n i n a na posição 8 são necessários para a atividade biológica seriada de concentrações de c a l c i t o n i n a basais e, preferencial-
d o h o r m ô n i o . Os a m i n o á c i d o s da p o r ç ã o a m i n o - t e r m i n a l são mente, pós-estímulo.
altamente conservados; cinco dos nove p r i m e i r o s aminoácidos A s concentrações de c a l c i t o n i n a estão aumentadas e m vários
são idênticos e m todas as espécies. N o s seres h u m a n o s , a calcito- carcinomas não-tireoidianos e e m algumas condições benignas
n i n a suína t e m 1 / 1 0 da atividade da calcitonina h u m a n a , enquanto ( Q u a d r o 38-11).
e calcitonina de salmão é 10 vezes mais potente.
O c o n t r o l e fisiológico da secreção da c a l c i t o n i n a não é com- Medição da Calcitonina
p l e t a m e n t e c o n h e c i d o . Doses farmacológicas de c a l c i t o n i n a A medição e a interpretação da c a l c i t o n i n a sérica são complicadas
reduzem as concentrações do cálcio e fosfato séricos, p r i n c i p a l - pela heterogeneidade da calcitonina circulante e pelas diferenças
mente pela i n i b i ç ã o da reabsorção óssea pelos osteoclastos. O significativas na sensibilidade e especificidade dos imunoensaios.
papel fisiológico da c a l c i t o n i n a e m a d u l t o s é incerto. Historicamente, a calcitonina era m e d i d a p r i n c i p a l m e n t e pelo
M ú l t i p l a s formas da c a l c i t o n i n a t ê m sido descritas e m indiví- R I A . Os imunoensaios não-competitivos de dois sítios ( I R M A ,
duos n o r m a i s e em pacientes c o m c a r c i n o m a m e d u l a r da t i r e ó i d e E L I S A e I C M A ) são, agora, os métodos de escolha para a deter-
( C M T ) o u neoplasias não-tireoidíanas. A m a i o r parte da calcito- minação dos níveis de calcitonina. Estes novos métodos são mais
n i n a i m u n o r r e a t i v a geralmente m i g r a c o m o formas maiores em específicos e sensíveis para o diagnóstico do C M T . C o m o uso
lugar da c a l c i t o n i n a m o n o m é r i c a . O s u l f ó x i d o d o m o n ô m e r o , d o destes métodos não-competitivos, as concentrações basais da cal-
d i m e r o , formas glicosiladas e precursores têm sido propostos para c i t o n i n a em i n d i v í d u o s normais são < 10 a 20 p g / m L ( n g / L ) .
explicar esta heterogeneidade.
Intervalos de Referência
Significância Clínica Os valores de referência da c a l c i t o n i n a basal e pós-estímulo c o m
O C M T pode ocorrer c o m o u m t u m o r esporádico o u c o m o parte a pentagastrina para h o m e n s e m u l h e r e s n o r m a i s e pacientes sem
das síndromes da M E N - 2 A , M E N - 2 B , e C M T f a m i l i a r ( C M T F ) . tecido t i r e o d i a n o , pelo m é t o d o de q u i m i o l u m i n e s c ê n c i a de alta
M E N - 2 A e M E N - 2 B são síndromes m u l t i g l a n d u l a r e s autossõmi- sensibilidade e não-competitivo, estão listados a seguir:
cas d o m i n a n t e s herdadas, c o m penetrância relacionada c o m a Concentrações basais da c a l c i t o n i n a sérica:
idade e c o m expressão variável. Todas as formas combinadas d o H o m e m : < 8,8 p g / m L ( n g / L )
C M T c o r r e s p o n d e m a 5% a 10% dos tumores malignos de tire- M u l h e r : < 5,8 p g / m L ( n g / L )
óide. O C M T esporádico corresponde a a p r o x i m a d a m e n t e 7 5 % Pacientes sem tecido t i r e o i d i a n o : < 0,5 p g / m L ( n g / L )
de todos os M T C s . A medição r o t i n e i r a da c a l c i t o n i n a sérica em Teste provocativo c o m pentagastrina:
pacientes c o m doença n o d u l a r da t i r e ó i d e auxilia na detecção do N o r m a l ; < 30 p g / m L ( n g / L ) ( N = 20)
C M T esporádico não suspeitos. C o m o advento dos testes gené- Pacientes sem tecido t i r e o d i a n o : < 0,5 p g / m L ( n g / L ) ( N = 10)
ticos para M E N - 2 A , M E N - 2 B e C M T F , a dosagem da c a l c i t o n i n a
é p r i n c i p a l m e n t e utilizada n o diagnóstico do C M T esporádico e O s intervalos de referência da c a l c i t o n i n a são dependentes
d o caso-índice d o C M T F e para o a c o m p a n h a m e n t o d o C M T . d o m é t o d o . Níveis basais e pós-estímulo (cálcio e pentagastrina)
E m a p r o x i m a d a m e n t e 9 5 % dos i n d i v í d u o s c o m M E N - 2 A , devem ser d e t e r m i n a d o s para i n d i v í d u o s n o r m a i s e sem t i r e ó i d e
M E N - 2 B e C M T F , as mutações são identificadas p o r análise do e p o r sexo, de acordo c o m cada m é t o d o .
RET protooncogene. Os testes genéticos for nec em os métodos A m a i o r i a dos investigadores refere concentrações basais e
mais sensíveis e específicos para a detecção do d i s t ú r b i o endó- pós-estímulo de c a l c i t o n i n a mais elevadas nos h o m e n s d o que
746 PARTE V Fisiopatologia
ParalormOnlo
Glãrduls paratreóide
Ca
plasmático
Efeito de 1.251,011)/ vilurninu D
1. Aumuoto d.'» síntese fie CaBP.
2. Auiiienlo Ua iítisorçSíi de Ca.
3. AurrienLo Ca âbSO.'ÇãO dc PO,. 1. Aumenta da rsabscrçãc eis Ca.
2. Ri:íUiÇíVj rJn rertbfsnrçVi d e PO+-
3. Aurrraritu cie 1,2b(OH}j vitamina ly
Efoiki du purulorrrtOiiio
Intestino
A s concentrações de ligações cruzadas d o colágeno são i n f l u e n - d i u r n a . A A L P óssea t a m b é m é mais estável m vitro e não requer
ciadas pela idade e pelo sexo. Estas concentrações são notavel- m a n i p u l a ç ã o especial. A A L P óssea é mais ú t i l em i n d i v í d u o s
m e n t e mais elevadas na p r i m e i r a i n f â n c i a e na adolescência, c o m redução da f u n ç ã o renal p o r q u e não é e l i m i n a d a pela filtra-
períodos de r á p i d o crescimento ósseo. As concentrações são rela- ção g l o m e r u l a r .
t i v a m e n t e constantes entre os 3 0 e os 45 anos de idade, mas Dos marcadores b i o q u í m i c o s atuais, a A L P total o u a A L P
a u m e n t a m após a menopausa. Para mulheres, os intervalos de óssea f o r n e c e m as maiores sensibilidade e especificidade clínicas
referência são baseados geralmente nas concentrações observadas n o diagnóstico e m o n i t o r a m e n t o da doença de Paget. Apesar de
em m u l h e r e s na pré-menopausa c o m ciclos menstruais n o r m a i s , a A L P total ser mais utilizada, a A L P óssea é mais sensível do que a
c o m 3 0 a 45 anos de idade. A u m e n t o s relativos à idade t a m b é m A L P total nos casos moderados de doença de Paget A O C é relati-
são observados e m h o m e n s . vamente insensível e menos ú t i l que a A L P óssea na doença de Paget.
A A L P total não é ú t i l nas doenças osteometabólicas que apresentam
Fosfatase Ácida Resistente ao Tartarato elevações moderadas da A L P óssea.
D u r a n t e a reabsorção óssea, os osteoclastos p r o d u z e m e secretam A medição da A L P óssea p o d e ser equivocada e m alguns pacien-
T R A P . A m a i o r i a dos ensaios n ã o d i s t i n g u e m a T R A P osteoclás- tes. Por exemplo, os seus níveis p o d e m ser falsos nos pacientes c o m
tica (isoforma 5b) das outras T R A P s encontradas n o plasma. doença hepática p o r causa da reatividade cruzada dos métodos
A l é m disso, a instabilidade da enzima e a associação desta enzima correntes c o m a A L P hepática. N a osteomalácia grave, a A L P p o d e
c o m a otj-macroglobulina c o m p l i c a m o desenvolvimento dos estar m u i t o a u m e n t a d a sem o a u m e n t o na mineralização, d e v i d o
métodos. a u m a falha na mineralização. C o m o a 1 , 2 5 - d i i d r o x i v i t a m i n a D
Tegula a síntese da A L P e O C , ambos os marcadores p o d e m ter
Hidroxiprolina Urinária valores falsos nos pacientes que u t i l i z a m o c a l c i t r i o l e em pacien-
A h i d r o x i p r o l i n a é encontrada p r i n c i p a l m e n t e n o colágeno, sendo tes c o m concentrações a n o r m a i s deste h o r m ô n i o .
derivada da p r o l i n a p o r h i d r o x i l a ç ã o pós-traducional. E m t o r n o Os i m u n o e n s a i o s são mais convenientes, sensíveis e específi-
de 10% da h i d r o x i p r o l i n a liberada d u r a n t e o catabolismo do cos para a medição da A L P q u e os p r o c e d i m e n t o s convencionais,
colágeno é excretada na u r i n a , p r i n c i p a l m e n t e e m pequenos pep- i n c l u i n d o a inativação pelo calor, a i n i b i ç ã o química, a precipi-
tídeos dialisáveis. A h i d r o x i p r o l i n a é liberada dos peptídeos p o r tação pela lectina, a eletroforese e o u t r o s procedimentos. D o i s
h i d r ó l i s e ácida. Ensaios anteriores envolviam a oxidação da h i d r o - m é t o d o s são c o m e r c i a l m e n t e disponíveis (1) m é t o d o de dois
x i p r o l i n a a p i r r o l , seguida pela reação c o m o reagente de E h r l i c h sítios, q u e utiliza dois a n t i c o r p o s m o n o c l o n a i s para m e d i r a A L P
(4-dimetilaminobenzaldeido). A cromatografia de troca iônica óssea, e (2) ensaio de i m u n o a d s o r ç ã o , que utiliza u m ú n i c o anti-
antes da análise e outras modificações têm sido defendidas para c o r p o m o n o c l o n a l para capturar a A L P antes que a sua ação
reduzir a interferência dos c o m p o n e n t e s urinários. M é t o d o s sen- enzimática seja m e d i d a .
síveis e específicos de H P L C p o r fase reversa têm sido descritos.
A h i d r o x i p r o l i n a u r i n á r i a n ã o é específica paia o turnover o u
para a reabsorção óssea p o r q u e (1) outros tecidos, i n c l u i n d o Intervalos de Referência
m ú s c u l o e pele, e a fração C l q d o c o m p l e m e n t o c o n t ê m u m a As concentracões n o r m a i s da A L P óssea são aproximadamente de
p r o p o r ç ã o significativa de colágeno do corpo; (2) u m a significa- 5 a 20 n g / m L ( | i g / L ) pelo I R M A e 11,6 a 29,6 e 15,0 a 41,3 U / L
tiva porcentagem d o colágeno é degradada d u r a n t e a síntese e para mulheres na pré-menopausa e h o m e n s , respectivamente,
maturação, i n c l u i n d o os pró-peptideos N - t e r m i n a l e C - t e r m i n a l pelo ensaio de imunoabsorção. As concentrações séricas são mais
(peptídeos d o pró-colágeno); e (3) sua concentração é alterada elevadas nos h o m e n s e a u m e n t a m c o m a idade t a n t o nas m u l h e -
p o r várias doenças e outros fatores, i n c l u i n d o a dieta. C o m a res c o m o nos homens, sendo este fato consistente c o m o a u m e n t o
d i s p o n i b i l i d a d e de marcadores de reabsorção óssea, mais sensí- do turnover ósseo relacionado c o m a idade. A s crianças t ê m con-
veis e específicos, a h i d r o x i p r o l i n a n ã o é utilizada r o t i n e i r a m e n t e centrações m u i t o mais elevadas, especialmente d u r a n t e o estirão
na avaliação do turnover e reabsorção óssea. do crescimento.
Distúrbios Hipofisários*
Laurence M. Demers, Ph.D., D.A.B.C.C., F.A.C.B., e Mary Lee Vance, M.D.
OBJETIVOS H o r m ô n i o d o C r e s c i m e n t o ( G H ) : U m p o l i p e p t í d e o c o m 191
1. Descrever a estrutura e a função da hipófise. a m i n o á c i d o s que é p r o d u z i d o pela adeno-hipófise e que
afeta o m e t a b o l i s m o de carboidratos, lipídios e proteínas.
2. Listar os hormônios sintetizados pela adeno-hipófise e aqueles
H o r m ô n i o E s t i m u l a n t e da T i r e ó i d e ( T S H ) : U m p o l i p e p t í d e o
armazenados na neuro-hipóíise.
sintetizado pela adeno-hipófise que p r o m o v e o crescimento,
3. Relatar os efeitos periféricos da liberação hormonal para cada
sustenta e estimula a secreção de h o r m ô n i o s na tireóide,
hormônio sintetizado ou armazenado na hipófise.
t a m b é m conhecida c o m o t i r e o t r o p i n a .
4. Relatar os efeitos periféricos do aumento e redução da liberação
H o r m ô n i o F o l í c u l o E s t i m u l a n t e ( F S H ) : U m gticopeptídeo
hormonal para cada hormônio sintetizado ou armazenado na
secretado pela adeno-hipófise. E m mulheres, o F S H
hipófise.
estimula o crescimento e maturação dos folículos ovarianos,
5. Definir adenoma hipofisárío e descrever seus efeitos na atividade estimula a secreção d o estrógeno e p r o m o v e alterações
hormonal. endometriais.
6. Listar os testes de laboratório usados para avaliar a função H o r m ô n i o L u t e i n i z a n t e ( L H ) : U m h o r m ô n i o glicoprotéico
hipofisária. g o n a d o t r ó p i c o secretado pela adeno-hipófise que age c o m o
F S H p r o m o v e n d o a ovulação e a p r o d u ç ã o de a n d r ó g e n o e
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES da progestetona. E m i n d i v í d u o s do sexo m a s c u l i n o , o L H
A c r o m e g a l i a : U m a doença c r ô n i c a dos adultos causada pela atua c o m o u m h o r m ô n i o e s t i m u l a d o r de células
hipersecreção do h o r m ô n i o de crescimento h i p o f i s á r i o e intersticiais.
caracterizada pelo espessamento de várias partes do N a n i s m o H i p o f i s á r i o : Baixa estatura causada pela deficiência
esqueleto. de síntese de h o r m ô n i o s da adeno-hipófise
Diabetes I n s i p i d u s : U m a f o r m a de diabetes na q u a l os t ú b u l o s ( p a n - h i p o p i t u i t a r i s m o ) d u r a n t e a infância.
renais não reabsorvem a água. Causado t a n t o pela O c i t o c i n a : U m h o r m ô n i o o c t a p e p t í d i c o sintetizado n o
p r o d u ç ã o inadequada d o A D H q u a n t o pelo defeito n o h i p o t á l a m o e armazenado na n e u r o - h i p ó f i s e que i n d u z u m a
receptor do A D H . suave contração muscular n o ú t e r o e nas glândulas
F a t o r de C r e s c i m e n t o S e m e l h a n t e à I n s u l i n a ( I G F ) : Os fatores mamárias.
de crescimento semelhantes à i n s u l i n a I e I I são P o l i d i p s i a : A u m e n t o excessivo de ingestão de água c o m o n o
p o l i p e p t í d e o s c o m considerável s i m i l a r i d a d e estrutural à diabetes mellituí o u diabetes insipidus.
i n s u l i n a e c o m as mesmas respostas biológicas. P o l i ú r i a : E l i m i n a ç ã o de u m a grande q u a n t i d a d e de u r i n a em
G i g a n t i s m o H i p o f i s á r í o : C r e s c i m e n t o a u m e n t a d o causado pelo u m d e t e r m i n a d o p e r í o d o , característica do diabetes.
excesso de síntese de h o r m ô n i o s da adeno-hipófise. P r o l a c t i n a ( P R L ) : U m h o r m ô n i o lactogênico sintetizado pela
G l â n d u l a H i p ó f i s e : F o r m a d a p o r u m c o r p o de f o r m a elíptica, hipófise.
localizada na base do c r â n i o , alojada na sela túrcica, que se S í n d r o m e da Secreção I n a p r o p r i a d a de H o r m ô n i o
c o m u n i c a c o m o h i p o t á l a m o pela haste hipofisária, de o n d e A n t i d i u r é t i c o ( S I A D H ) : U m a condição na q u a l a secreção
recebe i m p o r t a n t e e s t í m u l o neural e vascular. E d i v i d i d a na i n a p r o p r i a d a de h o r m ô n i o a n t i d i u r é t i c o p r o d u z
h i p ó f i s e a n t e r i o r (adeno-hipófise), i n t e r m e d i á r i a e posterior h i p o n a t r e m i a , h i p o v o l e m i a e elevada osmolalidade na
(neuro-hipófise), cada q u a l responsável pela p r o d u ç ã o dos urina.
seus p r ó p r i o s h o r m ô n i o s . p - L i p o t r o p i n a ( p - L P H ) : U m p o l i p e p t í d e o c o m 91 a m i n o á c i d o s
H o r m ô n i o Adrenocorticotrófico ( A C T H ) : U m polipeptídeo sintetizado pela adeno-hipófise que exerce u m a ação
c o m 39 aminoácidos secretado pela adeno-hipófise que lipolítica periférica b r a n d a e p r o m o v e o escurecimento da
estimula o córtex adrenal a secretar os corticosteróides. pele p o r estímulo aos melanócitos.
H o r m ô n i o A n t i d i u r é t i c o ( A D H ) : U m h o r m ô n i o peptídico Vasopressina: U m h o r m ô n i o p e p t í d i c o — t a m b é m c o n h e c i d o
sintetizado n o h i p o t á l a m o , mas l i b e r a d o a p a r t i r da neuro- c o m o h o r m ô n i o a n t i d i u r é t i c o ( A D H ) — que é sintetizado
hipófise n o h i p o t á l a m o , mas liberado a p a r t i r da neuro-hipófise.
H o r m ô n i o de L i b e r a ç ã o da C o r t i c o t r o p i n a ( C R H ) : U m
n e u r o p e p t í d e o liberado p e l o h i p o t á l a m o que estimula a
A
liberação da c o r t i c o t r o p i n a peia adeno-hipófise.
h i p ó f i s e está localizada na base d o c r â n i o (Figura 39-1)
H o r m ô n i o de L i b e r a ç ã o de T i r e o t r o p i n a ( T R H ) : U m
e m u m a cavidade óssea chamada seíla túrcica (sela túrcica).
t r i p e p t í d e o p r o d u z i d o n o h i p o t á l a m o que estimula a
A glândula é pequena — 1 c m o u menos e m altura e
liberação do T S H da adeno-hipófise.
largura — e pesa a p r o x i m a d a m e n t e 5 0 0 mg. E a n a t o m i c a m e n t e
d i v i d i d a em porção a n t e r i o r (adeno-hipófise) e posterior (neuro-
*Os autores agradecidamente reconhecem as contribuições prévias de Ron ai d hipófise). U m terceiro segmento (parte intermediária) está pre-
]. Whitley, A. Wayne M d Ide e Nelson B. Watts, nas quais se baseiam partes sente n a m a i o r i a dos vertebrados e n o feto h u m a n o ; mas é p o u c o
deste capítulo. desenvolvido n o h u m a n o a d u l t o .
754 PARTE V Fisiopatologia
Í
Distúrbios Hipofisários CAPÍTULO 39 7SS
Secreção Secreção
Bioquímica
Estimulada por Inibida por
G H é u m a cadeia simples de polipeptídeos c o m massa molecular
ACTH Serotonina GABA de 21.500 D a q u e c o n t é m 191 a m i n o á c i d o s e duas pontes dis-
Acetilcolína sulfeto intramoleculares. T e m estrutura s i m i l a r a P R L e ao hor-
Endorfinas m ô n i o s o m a t o m a m o t r ó p i c o c o r i ô n i c o ( h C S , h o r m ô n i o lactogê-
TSH Norepinefrina Dopamina n i o placentário), c o m q u e m tem efeitos biológicos que se sobre-
Serotonina põem.
Endorfína G H é sintetizado pelas células somatotrópicas (acidófilas) da
PRL Norepinefrina Dopamina adeno-hipófise e armazenado em grânulos intracelulares.
Endorfinas D u r a n t e o dia, a concentração plasmática de G H j nos adultos
GH Dopamina
saudáveis, permanece estável e relativamente baixa ( m e n o r de
Norepinefrina
2 n g / m L ) , c o m vários picos de liberação acontecendo aproxima-
Serotonina
d a m e n t e 3 horas depois das refeições e depois dos exercícios. D o
Endorfinas
c o n t r á r i o , n o p e r í o d o n o t u r n o , a d u l t o s e crianças apresentam
Gonadoírofínas Norepinefrina Serotonina
u m a elevação na atividade secretória do G H a p r o x i m a d a m e n t e
Acetilcolina Dopamina
9 0 m i n u t o s depois do começo do sono; as concentrações de G H
GABA Endorfinas
alcançam u m valor de pico d u r a n t e o p e r í o d o de s o n o mais
ACTH, Hormônio adrenocoí tico trópico; GABA. y-ácido amirtobutirico; p r o f u n d o . Este padrão de secreção d o G H p o d e ser i m p o r t a n t e
TSH. hcirTníVnrn e-StrinvrJanre (ia Hrenkie, PRT., prnlaerina. GH, hormônio do
para os processos anabólicos e de reparo e para o p r ó p r i o cres-
cresci men to.
c i m e n t o d o esqueleto.
I G F s são polipeptídeos c o m alta s i m i l a r i d a d e de seqüência
c o m a insulina. A o c o n t r á r i o de m u i t o s o u t r o s h o r m ô n i o s pep-
tídicos, os I G F s c i r c u l a m n o sangue conjugados a p r o t e í n a s
(1) d o p a m i n a , (2) n o r e p i n e f r i n a , (3) s e r o t o n i n a , (4) acetilco-
p l a s m á t i c a s especificas. Seis p r i n c i p a i s p r o t e í n a s de ligação de
lina, e (5) e n d o r f i n a s . Estes neurotransmissores t a m h é m m o d i -
I G F f o r a m i d e n t i f i c a d a s n o p l a s m a h u m a n o . 1 ' A p r o t e í n a de
f i c a m a a t i v i d a d e secretória dos h o r m ô n i o s da adeno-hipófise
ligação d o f a t o r de c r e s c i m e n t o s e m e l h a n t e à i n s u l i n a ( I G F B P ) -
(Tabela 39-2). Sem d ú v i d a , a secreção episódica e basal, o r i t m o
3, u m a p r o t e í n a de ligação glicosilada, liga > 7 5 % d o I G F - 1
c i r c a d i a n o e a liberação n o t u r n a dos h o r m ô n i o s h i p o f i s á r i o s
c i r c u l a n t e . A c o n c e n t r a ç ã o desta p r o t e í n a de ligação é depen-
são, t a m b é m , considerados eventos secundários nos eventos do
d e n t e de G H e f o r n e c e p a r a a c i r c u l a ç ã o estoque de I G F - I . A
sistema nervoso central, sendo mediados pelos h o r m ô n i o s h i p o -
dissociação d o I G F s das p r o t e í n a s de ligação o c o r r e m antes
talâmicos.
da passagem pelas m e m b r a n a s capilares e e n t r a d a e m tecidos
A l é m da m a i o r regulação central d o eixo h i p o t a l â m i c o - h i p o -
densos, c o m o a c a r t i l a g e m .
fisário pelos neurotransmissores clássicos, f o i descoberto que
alguns mediadores q u í m i c o s liberados p o r células i n f l a m a t ó r i a s
(citocinas) 4 t a m b é m p a r t i c i p a m dos mecanismos associados que
Regulação de Secreção
alteram o c o n t r o l e d o eixo n e u r o e n d ó c r i n o . 5 Por exemplo, a
A liberação de G H é c o n t r o l a d a p e l o G H - R H e SR1F d o h i p o -
m o d u l a ç ã o da alça feedback entre o eixo hipotalãmico-hipofisá-
t á l a m o . O p r i m e i r o e s t i m u l a e o o u t r o i n i b e a liberação de
rio-adrenal pelas citocinas, c o m o a i n t e r l e u c i n a 1 (IL-1) e IL-6,
G H . O S R I F t a m b é m é e n c o n t r a d o nas células delta das
liberadas c o m o resultado de infecção o u estresse, tem sido apre-
i l h o t a s pancreáticas e e m m u i t o s o u t r o s locais n o t r a t o diges-
sentada c o m o i n i b i d o r a s d o sistema i m u n o l ó g i c o .
tivo. A p r e s e n t a efeitos i m p o r t a n t e s na secreção de h o r m ô -
O c o n t r o l e da relação f u n c i o n a l entre a h i p ó f i s e e seus
n i o s g a s t r o i n t e s t i n a i s e causa i n i b i ç ã o de i n s u l i n a e l i b e r a ç ã o
órgãcs-alvo é baseado n o p r i n c í p i o d o c o n t r o l e p o r feedback, que
de g l u c a g o n . A i n f l u ê n c i a d o h i p o t á l a m o sobre a liberação de
é p r i n c i p a l m e n t e negativo entre a concentração dos h o r m ô n i o s
G H parece ser p r i m a r i a m e n t e i n i b i t ó r i a através da ação de
circulantes e a h i p ó f i s e e o h i p o t á l a m o (Figura 39-2) Esse efeito
S R I F (Figura 39-3). A liberação desses dois fatores h i p o t a l â m i -
negativo do feedback é t i p i c a m e n t e oposto ao do estímulo i n i c i a l .
cos é sucessivamente i n f l u e n c i a d a pelos centros mais altos do
Por exemplo, u m a concentração elevada de cortisol (estímulo
cérebro. Desse m o d o , diferentes estímulos c o m o (1) exercício,
inicial) reduz a síntese e liberação de C R H , resultando na
(2) estresse físico e e m o c i o n a l , (3) h i p o g l i c e m i a , (4) a u m e n t o
redução de secreção de A C T H e, p o r f i m , na redução de secreção
da concentração de a m i n o á c i d o s circulantes ( p a r t i c u l a r m e n t e
de c o r t i s o l (resposta final). Esse c o n t r o l e p o r feedback m a n t é m
aTginina), e (5) h o r m ô n i o s , c o m o testosterona, estrógenos e
u m a concentração adequada de h o r m ô n i o circulante sob u m a
t i r o x i n a , evocam u m a u m e n t o na secreção de G H (Figura 39-3).
variedade de circunstâncias oscilatórias.
N a presença de concentrações a n o r m a l m e n t e elevadas de glico-
corticóides, a secreção de G H é s u p r i m i d a . O u t r o s h o r m ô n i o s
HORMÔNIOS DA ADENO-HIPÓFISE d o h i p o t á l a m o , c o m o T R H e G n - R H , não afetam a liberação de
Os h o r m ô n i o s da adeno-hipófise e suas fontes celulares estão G H e m i n d i v í d u o s saudáveis, mas p o d e m provocar a liberação
listados na Tabela 39-1. de G H em pacientes cora acromegalia.
O i s o l a m e n t o e a descoberta da grelina p r o p i c i a r a m o u t r o
Hormônio do Crescimento e Fatores de sistema de c o n t r o l e para a l i b e r a ç ã o de G H além d o G H - R H
Crescimento Semelhantes à Insulina e SRIF. A grelina é u m p e q u e n o peptídeo de 28 a m i n o á c i d o s
O h o r m ô n i o p r o d u z i d o de f o r m a mais a b u n d a n t e pela adeno- l i b e r a d o das células n e u r o e n d ó c r i n a s na mucosa gástrica que se
h i p ó f i s e é o G H . Os fatores de crescimento semelhantes à insu- liga ao receptor G H de secretagogos para induzir a secreção tanto de
756 PARTE V Fisiopatologia
Hormônio do crescimento
GH
(-)
Fatores inibitórios
Desnutrição
Doenças Tecido â d i p j s o Catabolismo
•eficiência de de lipídios
receptor de G H GH
Anticorpos contra
o GH-R
Deficiência d e 1GF-I-R
G H - R H como do próprio G H . A grelina t a m b é m induz a entrada de células periféricas. Seus respectivos efeitos na homeostase da glicose,
alimento e o desenvolvimento da obesidade. entretanto, opõem-se u m ao outro. M u i t o s efeitos de promoção do
crescimento do G H são mais retardados do que imediatos e são
Ações Fisiológicas exercidos principalmente pela IGF-I.
O p r i n c i p a l efeito f i s i o l ó g i c o d o G H é p r o m o v e r o c r e s c i m e n t o A mais importante das IGFs é a IGF-I. A l é m do seu efeito na
d o t e c i d o c o n j u n t i v o , da c a r t i l a g e m e dos ossos. Essa ação promoção de crescimento na caTtilagem, a I G F - I também apresenta
resulta d o e s t í m u l o da síntese p r o t é i c a q u e é e m p a r t e i n d u z i d a atividade semelhante à insulina em outros tecidos. O I G F - I aumenta
p e l o a u m e n t o n o t r a n s p o r t e de a m i n o á c i d o s através das m e m - a oxidação de glicose no tecido adiposo e estimula o transporte de
branas celulares. O s efeitos do G H nos ossos e músculos são glicose e aminoácidos no músculo diafragmático e n o músculo
exercidos d i r e t a m e n t e e através dos efeitos das I G b s q u e são cardíaco. Asíntese de colágeno e proteoglicanos é a u m e n t a d a pelo
produzidas p r i n c i p a l m e n t e n o fígado e t a m b é m e m outros I G F - I , que t a m b é m exerce efeitos positivos na homeostase d o
tecidos sob a i n f l u ê n c i a d o e G H ( p o r e x e m p l o , ossos). O cres- cálcio, d o magnésio e do potássio.
c i m e n t o das partes m o l e s e d o esqueleto é a c o m p a n h a d o p o r As concentrações plasmáticas da I G F - I imunorreativa aumen-
m u d a n ç a s n o m e t a b o l i s m o dos e l e t r ó l i t o s , i n c l u i n d o (1) o t a m d u r a n t e a infância e alcançam as concentrações do adulto na época
b a l a n ç o p o s i t i v o de n i t r o g ê n i o e f ó s f o r o , (2) a elevação das da puberdade. D u r a n t e a puberdade, observam-se concentrações de
concentrações de f ó s f o r o n o plasma e (3) a redução d o n i t r o - I G F - I duas a três vezes maiores que a concentração do adulto.
g ê n i o u r é i c o e da c o n c e n t r a ç ã o dos a m i n o á c i d o s . As respostas D u r a n t e a adolescência, as concentrações de I G F - I d e m o n s t r a m
a d i c i o n a i s do G H i n c l u e m o a u m e n t o da absorção de cálcio u m declínio gradual, alcançando a estabilidade na terceira década
i n t e s t i n a l e a redução n a excreção de s ó d i o e de potássio na de idade. As concentrações de I G F - I a u m e n t a m como esperado e m
iiTina. As m u d a n ç a s m e t a b ó l i c a s são mais u m resultado d o pacientes c o m acromegalia' 0 e são reduzidas em estados de deficiên-
a u m e n t o de captação destes íons pelos tecidos e m crescimento. cia de G H e em muitas outras situações, i n c l u i n d o (1) retardo de
O G H t e m o u t r o s efeitos n o m e t a b o l i s m o i n t e r m e d i á r i o . crescimento, (2) hipotireoidismo, (3) doenças crónicas, (4) desnutri-
Por exemplo, o G H estimula a captação de ácidas graxos não- ção e (5) doenças hepáticas.
esterificados pelo m ú s c u l o e acelera a mobilização e o metabo-
l i s m o de l i p í d i o d o tecido adiposo ao fígado. A g u d a m e n t e , o G H Significância Clínica
causa u m a d i m i n u i ç ã o nas concentrações de glicose do sangue; Situações c l i n i c a m e n t e i m p o r t a n t e s de excesso o u deficiência de
e n t re t a nto, o a u m e n t o c r ó n i c o d o G H estimula a glicogenólise G H são relativamente i n c o m u n s e são f r e q ü e n t e m e n t e de d i f í c i l
hepática e antagoniza o efeito da i n s u l i n a n a captação de glicose diagnóstico ,c A s concentrações de G H v a r i a m a m p l a m e n t e sob
pelas células periféricas. circunstâncias n o r m a i s , p o r t a n t o a m e d i ç ã o de G H sob c o n d i -
Isso causa u m aumento na glicemia. G H e insulina induzem ções aleatórias não é geralmente considerada ú t i l . N ã o se deve
crescimento de maneira semelhante porque ambos têm efeitos ana- usar u m a ú n i c a m e d i d a de G H para d i s t i n g u i r as flutuações
bólicos de proteína e estimulam o transporte de aminoácidos em n o r m a i s das baixas o u altas concentrações que são vistas e m
Distúrbios Hipofisários CAPÍTULO 39 J57
vários estágios de doenças. As medições do G H são mais bem tica ou causada por dano anatômico na hipófise ou n o hipo-
determinadas como parte do teste dinâmico que envolve o uso de tálamo, ou (3) causada por deficiências isoladas ou associadas a
u m estímulo provocativo farmacológico o u fisiológico que estimula outros h o r m ô n i o s hipofisários. E m u m estado reversível de defi-
ou suprime a liberação do GH. 1 0 ciência de G H conhecido como nanismo psicossocial, o estresse
A o contrário do G H , uma única medida da IGF-I é considerada ambiental d e m o n s t r o u ser i n i b i d o r da função hipofisária e hipo-
suficiente para uma avaliação acurada da sua produção 1 3 As concen- talâmica, levando à supressão de G H e retardo de crescimento.
trações séricas de IGF-1 são influenciadas pela idade, grau de matu- Crianças com este distúrbio apresentam evidências clínicas e
ração sexual e estado nutricional. C o m o mencionado anteriormente, químicas de deficiência de crescimento nas primeiras avaliações,
as concentrações de IGF-I são baixas em estados de deficiência de mas, geralmente, t ê m função hipofisária n o r m a l após alguns dias
G H , mas também em pacientes com privação aguda ou crônica de de internação hospitalar. A deficiência de G H não é uma causa
proteína ou de calorias. c o m u m de retardo de crescimento. Quase metade das crianças
avaliadas p o r retardo de crescimento não apresentava causas
Excesso de Hormônio de Crescimento orgânicas específicas. A p r o x i m a d a m e n t e 15% das crianças com
O excesso de produção de G H está associado aos adenomas retardo de crescimento apresentavam problemas endócrinos, e
eosinofílicos e cromófobos da hipófise. 2 Esses tumores são sufi- quase metade delas (em t o r n o de 8 % de todas as crianças com
cientemente grandes e são detectados em aproximadamente baixa estatura) t i n h a m deficiência de G H . Porém, crianças com
7 5 % dos pacientes através da tomografia computadorizada ou retardo de crescimento ou nanLsmo h i p o f i s á r í o sem explicação
da ressonância magnética. A exposição prolongada ao excesso de deveriam ser, ao menos, investigadas quanto à deficiência de G H .
G H causa u m crescimento excessivo do esqueleto e das partes C o m a disponibilidade do G H recombinante para uso terapêu-
moles. Isso ocorre com mais freqüência em adultos e é conhe- tico, muitas crianças com baixa estatura agora estão sendo seleti-
cido como acromegalia. Q u a n d o ocorre excesso de G H antes de vamente tratadas com este h o r m ô n i o com o i n t u i t o de avançar
se completar o crescimento dos ossos longos, esta condição seus padrões de crescimento para mais p r ó x i m o do normal.
clínica é chamada de gigantismo. N o gigantismo, além do cres- A deficiência de G H em adultos é provavelmente a anorma-
cimento excessivo dos ossos e d o tecido c o n j u n t i v o , que é parti- lidade mais c o m u m demonstrada em pacientes com grandes
cularmente evidente na face e nas extremidades, existe u m a adenomas" hipofisários o u pacientes que sofreram radiação
grande aceleração do crescimento linear. E m casos graves ou hipofisária. E m adultos, foi conhecida que a deficiência de G H
avançados de excesso de G H , o diagnóstico é realizado apenas ocasiona (1) mortalidade prematura, (2) alteração da composição
pelo exame físico. As mudanças físicas são freqüentemente sutis corporal, (3) elevação dos lipídios, (4) redução da densidade
e graduais tanto que é necessário u m alto grau de suspeição mineral óssea com aumento n o risco de fratura e (5) piora total
clinica para se fazer u m diagnóstico prévio. A reversão das na qualidade de vida. Assim, a terapia de reposição c o m G H é
mudanças d o tecido c o n j u n t i v o depende, em grande parte, da uma i m p o r t a n t e intervenção clínica em adultos com deficiência
duração da doença. A l é m das mudanças no tecido c o n j u n t i v o , de G H , considerada o tratamento-padrao.
a acromegalia pode causaT inaptidão grave ou óbito por doenças A insensibilidade ao G H n o r m a l m e n t e resulta na falha do
cardíacas o u neurológicas. O requisito mais i m p o r t a n t e para o crescimento, apesar do aumento das concentrações séricas do G H .
diagnóstico da acromegalia é a demonstração da secreção inapro- Pacientes com história familiar de baixa estatura e de elevada
priada e excessiva de GH. 1 0 concentração de G H , o u baixa concentração de IGF-I, provavel-
Os tumores hipofisários secretores de G H causam a maioria mente apresentam muitos defeitos diferentes no código genético
dos casos de acromegalia. Pacientes com tumores hipofisários no receptor d o G H , que resulta e m ausência ou deficiência desses
que produzem G H freqüentemente liberam o G H em resposta receptores. Nos indivíduos afetados, o G H exógeno falha em
a outros peptídeos hipotalâmicos ( T R H e G n - R H ) , que, sob provocar qualquer mudança metabólica apreciável ou na promo-
circunstâncias normais, não provocam a liberação do G H . E m ção de crescimento. E m indivíduos saudáveis, a concentração
algumas ocasiões, observa-se que os tumores hipofisários produ- basal de G H é geralmente baixa, e a meia-vida d o G H circulante
zem u m a quantidade excessiva tanto de G H como de PRL. é de 20 minutos. A l é m disso, o G H é secretado pela hipófise em
Poucos casos de acromegalia, entretanto, são causados pela pulsos curtos. Assim, ensaios de G H executados de forma randô-
hipersecreção t u m o r a l de G H - R H . mica única o u amostra de j e j u m p o d e m não distinguir pacientes
Dez por cento dos pacientes com acromegalia em atividade com baixas concentrações de indivíduos saudáveis que possuem
t ê m concentrações randômicas de G H séricas que estão dentro concentração de G H no l i m i t e inferior d o intervalo de referência.
do intervalo de referência. Essencialmente, todos os pacientes Q u a n d o se avalia a reserva de G H , freqüentemente utilizam-se
c o m acromegalia t ê m u m a resposta a n o r m a l à glicose oral. os testes provocativos para detectar uma verdadeira deficiência.
Pacientes com acromegalia geralmente não apresentam n e n h u m a Embora uma resposta n o r m a l de G H para u m teste provocativo
mudança na sua concentração basal de G H n e m demonstram seja u m a forte indicação da ausência de deficiência de G H ,
u m aumento paradoxal no GH. 1 0 Por o u t r o lado, indivíduos n e n h u m teste isolado é considerado diagnóstico nesta situação.
saudáveis demonstram supressão nas concentrações de G H < 1 Por exemplo, 3 0 % dos indivíduos c o m secreção n o r m a l de G H
n g / m L após a ingestão oral de glicose. falham em apresentar a elevação esperada do h o r m ô n i o em res-
As concentrações séricas de IGF-I estão elevadas na acromega- posta aos estímulos provocativos específicos. Conseqüentemente,
lia ativa. As concentrações de IGF-I freqüentemente se correlacio- para diagnosticar a deficiência de G H como causa de retardo de
nam m e l h o r com a gravidade clínica da acromegalia do que com crescimento, é necessário demonstrar que a concennação de G H
a supressão da glicose ou com as concentrações basais de GH, 1 J no soro permanece baixa após a realização de pelo menos dois
diferentes testes de estímulo. A definição de resposta abaixo do
Deficiência de Hormônio de Crescimento e Situações de Retardo normal, entretanto, é arbitiatiauieiite definida e é ensaio-depen-
de Crescimento dente. E m geral, u m a resposta de G H entre 7 e 10 n g / m L após
Crianças que apresentam produção inadequada de G H o u o estímulo é considerada normal.
defeito n o receptor d o G H não crescem n o r m a l m e n t e . A defi- Várias circunstâncias fisiológicas e farmacológicas provocam
ciência de G H pode ser (1) congênita o u adquirida, (2) idiopã- a liberação de G H (Figura 39-3). E m u m simples teste de triagem
758 PARTE V Fisiopatologia
(screening), a paciente executa 2 0 m i n u t o s de exercício vigoroso, Medição de Fatores de Crescimento Semelhantes à Insulina
e, assim, obtém-se u m a amostra para u m a m e d i ç ã o d o G H . I G F s e proteínas de ligação a I G F são medidas n o plasma o u n o
Tendo em vista a conhecida elevação na concentração de GH soro por imunoensaios que utilizam padrões de IGF recombi-
que ocorre d u r a n t e o sono p r o f u n d o , u m a amostra deve ser nante e a n t i c o r p o s específicos monoclonais. 1 3 Os valores de refe-
o b t i d a de 6 0 a 90 m i n u t o s após o i n í c i o do sono A l i m i t a ç ã o rência esperados p a r a o I G F - I n o soro estão listados n a T a b e l a
óbvia desta abor dagem é a que o paciente teria que estar hospi- 45*1 n o C a p í t u l o 45.
talizado o u e m u m c e n t r o de análises clínicas para a realização
do teste. A h i p o g l i c e m i a i n d u z i d a pela i n s u l i n a e a r g i n i n a são os Prolactina
testes de e s t í m u l o padrão-ouro utilizados para avaliar a liberação P r o l a c t i n a ( P R L ) é u m h o r m ô n i o secretado p o r células especia-
de G H ; p r o t o c o l o s para o seu uso são b e m estabelecidos e padro- lizadas d e n t r o da adeno-hipófise. O papel p r i n c i p a l da P R L é
nizados. O u t r a s medicações usadas para estimular a liberação de estimular e sustentar a lactação em mamíferos n o pós-parto. A P R L
G H i n c l u e m o glucagon. A a d m i n i s t r a ç ã o intravenosa de G H - R H tem m u i t o s outros efeitos, inclusive papéis essenciais na m a n u t e n -
t a m b é m t e m sido utilizada para avaliar a reserva de G H e para ção d o sistema i m u n o l ó g i c o e u m papel i m p o r t a n t e na esteroido-
d i s t i n g u i r d i r e t a m e n t e u m a deficiência na liberação d o G H de gènese ovariana. A P R L t a m b é m é conhecida c o m o (1) lactogcnio,
o r d e m h i p o t a l â m i c a de o u t r a de o r d e m h i p o f i s ã n a . (2) lactotropina, (3) luteotropina, (4) mamotropina, o u (5) hormônio
C o m o esperado, as concentrações de I G F - I são baixas e m galãctopoiético, de lactação, lactogênico o u luteotrópico.
pacientes c o m deficiência de G H e d i s t ú r b i o de crescimento.
Pacientes c o m deficiência de crescimento causada p o r outras Bioquímica
doenças endócrinas o u p o r doenças orgânicas não-endócrinas A P R L c o n t é m 199 a m i n o á c i d o s e t e m três pontes dissulfeto
t ê m f r e q ü e n t e m e n t e baixas concentrações circulantes de I G F - I ; intramoleculares. E secretada pelas células lactotróficas hipofísá-
assim, u m a baixa concentração de I G F - I não é necessariamente rias que são acidofílicas. A P R L circula n o sangue sob diferentes
u m a indicação específica de deficiência de G H . A presença de formas, P R L m o n o m é r i c a , 23 k D a (referida c o m o P R L pequena),
concentracão n o r m a l de I G F - I , p o r é m , exclui a deficiência grave P R L d i m é r i c a , 48 a 5 6 k D a ("big" PRL) e formas polímericas de
de G H . P R L >100 k D a ("big-big" P R L ) . A f o r m a m o n o m é r i c a é conside-
rada a mais bioativa das diferentes formas encontradas na circu-
lação e d e m o n s t r a a m a i o r resposta ao T R H , o fator de liberação
Metodologia Analítica h i p o t a l â m i c o que e s t i m u l a a h i p ó f i s e a liberar a P R L . O n ú m e r o
Os i m u n o e n s a i o s são os m é t o d o s escolhidos para m e d i r o G H e relativo e o c o n t e ú d o de P R L nas células lactotróficas são aumen-
as IGFs. tados e m mulheres d u r a n t e a gravidez e t a m b é m elevados nas
hipófises dos fetos.
A secreção do P R L , c o m o para outros h o r m ô n i o s liberados
Medição do Hormônio de Crescimento pelo l o b o a n t e r i o r da h i p ó f i s e , decresce sob o c o n t r o l e hipotalâ-
Para m e d i r o G H , são utilizados os i m u n o e n s a i o s c o m a n t i c o r m i c o . E n t r e t a n t o , a P R L è ú n i c a entre os h o r m ô n i o s da adeno-
pos específicos de G H disponíveis c o m e r c i a l m e n t e c o m o p a r t e h i p ó f i s e na m e d i d a em q u e o c o n t r o l e p r i n c i p a l de sua secreção
de u m kit de i m u n o e n s a i o s o u são utilizados i n s t r u m e n t o s auto- é i n i b i t ó r i o e m vez de e s t i m u l a n t e (Figura 39-4).
matizados.
C o m o uso de a n t i c o r p o s m o n o c l o n a i s altamente específicos Ação Fisiológica
e de derivados do G H r e c o m b i n a n t e , alguns desses testes são A P R L é o p r i n c i p a l h o r m ô n i o que c o n t r o l a a iniciação e a
capazes de d i s c r i m i n a r os variantes do G H . A m a i o r i a dos i m u - m a n u t e n ç ã o da lactação. Porém, para expressar adequadamente
noensaios para o G H u s a m G H r e c o m b i n a n t e c o m o traçadores a ação da P R L , o tecido m a m á r i o requer a preparação p o r estró-
e calibradores d o material. Este ú l t i m o é geralmente preparado genos, progesterona, corticosteróides, h o r m ô n i o da t i r e ó i d e e
g r a v i m e t r i c a m e n t e e verificado p o r comparação c o m u m a refe- i n s u l i n a . A P R L i n d u z o crescimento ductal, o d e s e n v o l v i m e n t o
rência de preparação i n t e r n a c i o n a l (IRP), c o m o a da W o r l d do sistema l o b u l a r alveolar da m a m a e a síntese de proteínas
H e a l t h O r g a n i z a t i o n s ( W H O ' s ) padrão i n t e r n a c i o n a l , I R P específicas do leite, i n c l u i n d o caseína e y l a c t a l b u m i n a . A P R L
8 0 / 5 0 5 d o h o r m ô n i o de crescimento h u m a n o r e c o m b i n a n t e tem efeitos no sistema i m u n o l ó g i c o e é i m p o r t a n t e n o c o n t r o l e
( h G H r ) , q u e cem u m a potência de 3,3 I U / m g de h G H r , o u da o s m o l a r i d a d e e vários eventos metabólicos, i n c l u i n d o , (1) o
outras preparações-padrão, c o m W H O I R P 6 6 / 2 1 7 o u 8 8 / 6 2 4 . m e t a b o l i s m o de l i p í d i o s s u b c u t â n e o , (2) m e t a b o l i s m o de carboi-
A m e d i ç ã o de u m a ú n i c a concentração basal o u aleatória de dratos, (3) m e t a b o l i s m o de cálcio e v i t a m i n a D , (4) desenvolvi-
G H fornece p o u c o v a l o r diagnóstico. A secreção de G H pela m e n t o p u l m o n a r fetal e (5) esteroidogênese. Esta ú l t i m a f u n ç ã o
h i p ó f i s e é t a n t o episódica c o m o pulsátil, e f o r a m observadas p o d e estaT relacionada c o m o o seu efeito a n t i g o n a d o t r ó p i c o .
concentrações transitórias acima de 4 0 n g / m L em i n d i v í d u o s A P R L , c o m o o u t r o s h o r m ô n i o s hipofisários, liga-se a u m
n o r m a i s e saudáveis. A s concentrações de soro são bastante receptor específico na m e m b r a n a celular dos seus órgãos-alvo
baixas entre pulsos em i n d i v í d u o s saudáveis, e alguns i m u n o e n - (mamas, glândulas adrenais, ovários, testículos, próstata, rins e
saios p o d e m não ser capazes de d i s t i n g u i r pacientes c o m valores fígado). E n t r e t a n t o , o exato m e c a n i s m o intracelular da ação da
a n o r m a l m e n t e baixos de i n d i v í d u o s saudáveis que t ê m valo- P R L não é c o n h e c i d o .
res que chegam ao l i m i t e mais baixo de referência. E m alguns
i n d i v í d u o s , a secreção espontânea de G H é mais b e m avaliada Significância Clínica
p o r amostras seriadas de G H realizadas a cada 20 a 3 0 m i n u t o s A h i p e r p r o l a c t i n e m i a é a d i s f u n ç ã o h i p o t á l a m o - h i p o f i s á r i a mais
d e n t r o de u m p e r í o d o de 12 a 24 horas. Para m e l h o r i n t e r p r e t a r c o m u m da E n d o c r i n o l o g i a Clínica. 6 A s concentrações de P R L
as concentrações de G H , vários testes provocativos t ê m sido t a m b é m p o d e m estar elevadas e m m u l h e r e s q u e t ê m apenas
estabelecidos na l i t e r a t u r a para estimular o u s u p r i m i r a liberação alterações sutis de fertilidade, como (1) anovulação c o m o u sem
de G H . O teste de tolerância à insulina, q u e p r o d u z u m a h i p o - irregularidade menstrual, (2) amenorréia e galactorréia, o u (3) apenas
glicemia transitória para provocar a liberação de G H , é o teste galactorréia. O excesso de P R L é manifestado c o m freqüência nos
de estímulo mais utilizado para avaliar a secreção de G H . h o m e n s p o r o l i g o s p e m i i a e / o u i m p o t ê n c i a . A l é m disso, h o m e n s
Distúrbios Hipofisários CAPÍTULO 39 759
Prolacíína
Lactação e gravidez
Esteroidogênese avariana e testicular
Função imunológica
Figura 3 9 - 4 Controle que regula a liberação de PRL. TRH, juntamente com uma variedade de outros
fatores, estimula a liberação de PRL da hipófise. A dopamina e outros fatores são inibidores da liberação de
PRL
noensaios da PRL é o "efeito hook" ("efeito gancho") com con- das na hipófise, mas a maior parte se localiza nas células sinteti-
centrações altas de prolactina que afetam certos ensaios imuno- zadotas de catecolamina na medula adrenal e é liberada conjun-
enzimáticos. Q u a n d o se suspeita do "efeito gancho", as amostras tamente com epinefrina e norepinefrina. U m a terceira família de
precisam ser diluídas e demonstradas paralelamente. peptídeos opióides endógenos é derivada da prodinorfina, u m
p r ó - h o r m ô n i o armazenado principalmente na neuro-hipófise
Adrenocorticotropina e Peptídeos onde é liberada junco com a vasopressina.
Relacionados
O h o r m ô n i o adrenocorticotrópíco ( A C T H ) é u m h o r m ô n i o pep- Regulação da Secreção de Adrenocorticotropina
tídico secretado pela adeno-hipófise como u m dos derivados da A regulação da secreção de A C T H é descrita detalhadamente n o
pro-opiomelanocortina ( P O M C ) . Ele age principalmente no Capítulo 40 e apresentada na Figura 39-6.
córtex adrenal, estimulando seu crescimento e a síntese e a secre-
ção dos cor ti cos teró ides. A produção de A C T H é aumentada em Significância Clínica
períodos de estresse. E também conhecido como corticotropina, Na insuficiência adrenal, a liberação hipofisária de P O M C e A C T H
cortocotrofina, adrenocorticotrofina e adrenocorticotropina. aumenta significativamente. Indivíduos com doença de Addison
apresentarão aumento da concentração sérica do A C T H e do M S H
Bioquímica como resultado da falta do feedback negativo do cortisol na hipófise.
O A C T H e os peptídeos relacionados originam-se da P O M C , uma O aumento de concentração de M S H resulta na hiperpigmentação
grande molécula percussora com 31 kDa de peso molecular e escurecimento da pele, sendo esta uma característica observada
(Figura 39-5). A clivagem enzimática da P O M C em peptídeos em indivíduos portadores da doença de Addison.
menores ocorre tanto na adeno-hipófise como na neuro-hipófise. A l é m disso, pelo fato de a síntese do A C T H se originar do
N a adeno-hipófise, as enzimas hidrolisam P O M C para P-LPH e P O M C , sua produção pela hipófise é bastante vinculada à secre-
u m fragmento de 22-kDa conhecido como p r ó - A C T H . Este ção de peptídeos opióides endógenos, como a P-endorfina. Os
ú l t i m o peptídeo é processado mais adiante ao A C T H (um peptí- efeitos fisiológicos dos opióides endógenos incluem (1) sedação,
deo consistindo em 39 aminoácidos) e a u m peptídeo de 16 kDa, (2) u m aumento do limiar de dor e (3) regulação autonômica da
pró-y-melanotropina (pró-MSH). E m troca, P-LPH é dividido em respiração, da pressão sanguínea e do batimento cardíaco. Esses
dois peptídeos menores, P-endorfina e y-LPH. Tanto o y-LPH peptídeos também são envolvidos em respostas endócrinas ao
como a P-endorfina são liberados pelo A C T H da adeno-hipófise, estresse e balanço e podem desempenhar u m papel na regulação
mas somente cerca de 1/3 do p-LPH é convertido em P-endorfina. da reprodução e no sistema imunológico. N e n h u m a doença,
A o contrário, a porção intermediária da hipófise (quando pre- entretanto, f o i relacionada claramente com o metabolismo desor-
sente) processa totalmente P-LPH em P-endoifma, d i v i d i n d o prõ- denado dos peptídeos opióides, mas mudanças em suas concen-
a-melanotropina (MSH) em a-melanotropina (a-MSH) e sepa- trações plasmáticas podem acompanhar outras doenças, como a
rando A C T H em a - M S H e u m peptídeo do lobo intermediário doença de Cushing e depressão (concentrações aumentadas
similar à corticotropina. Esses peptídeos menores são encontrados de p-endorfina) ou teocromocitoma (aumento da concentração de
no feto humano, restando pequenos traços na hipófise do adulto. encefalina). Concentrações alteradas de opióides n o f l u i d o cere-
As mudanças observadas na pigmentação da pele em diversas bromedular podem implicar distúrbios como síndromes de dor
doenças endócrinas (como, por exemplo, insuficiência adrenal) crônica, esquizofrenia e depressão.
ocorrem mais pela atividade da a - M S H do que pelo excesso de
ACTH. Metodologia Analítica
A l é m da P-endorfina, p-LPH contém a seqüência de amino- Métodos de imunoensaio estão disponíveis para medir tanto
ácidos de outro endógeno opióide, a metencefalina. Entretanto, A C T H como peptídeos opióides endógenos.
este peptídeo não é p r o d u t o da quebra de p-LPH, mas surge de
u m a molécula percussora conhecida como proencefalina. A pro- Medição do A C T H
encefalina é amplamente distribuída em neurônios por todo o O A C T H é avaliado por vários métodos de imunoensaio, como
cérebro e espinha dorsal. Algumas proencefalinas são encontra- a quimioluminescência e o ensaio de imunoadsorção enzimático
"•
76 1 39 58 61 91
1 13 18 39 41 58 61 65
HormSnio adrenocorticotrópico
ACIH
< ^ ^ • 1
Androstenediona Aldosterona
( E L I S A ) . Os c o m p o n e n t e s i n d i v i d u a i s dos i m u n o e n s a i o s (anti- dos para esse p r o p ó s i t o . Os kits comerciais dos reagentes estão
soro a n t i - A C T H e calibradores d o A C T H ) e ícits completos de a m p l a m e n t e disponíveis, e m u i t o s l a b o r a t ó r i o s de referência ofe-
reagentes estão disponíveis c o m e r c i a l m e n t e . A m a i o r i a usa anti- recem ensaios de p - e n d o r f i n a . As concentrações de p - e n d o r f i n a
soro p o l i c l o n a l dir igido ao segmento biologicamente ativo da porção são geralmente m u i t o baixas o u indetectáveis e m i n d i v í d u o s
N - t e r m i n a l da molécula. Esses anti-soros reagem com a porção d o n o r m a i s , e pode ser necessário usar p r o c e d i m e n t o s de extração
A C T H intacto (aminoácidos 1 a 39) e c o m fragmentos d o A C T H para detectar concentrações significativas n o plasma. A especifi-
(aminoácidos 1 a 24), e com moléculas precursoras, c o m o a P O M C cidade dos a n t i c o r p o s comerciais para a P - e n d o r f i n a relativa a
e o pró-ACTH.12 p - L P H varia a m p l a m e n t e . C o m alguns i m u n o e n s a i o s , a reativi-
Os i m u n o e n s a i o s para o A C T H t a m b é m estão disponíveis dade cruzada p o d e ocorrer e m 5 0 % das dosagens da p - L P H .
c o m o i n s t r u m e n t o s de i m u n o e n s a i o s automatizados que u t i l i - C o m a n t i c o r p o s políclonais, os resultados p o d e m ser falso-posi-
zam o sinal de q u i m i o l u m i n e s c ê n c i a para m e d i r as baixas con- tivos d e v i d o à reatividade cruzada c o m o soro da i m u n o g l o b u l i n a
centrações deste peptídeo, observado e m i n d i v í d u o s normais. A G ( p o r exemplo, e m pacientes c o m m i e l o m a secretor de i m u n o -
concentração de A C T H n o plasma é n o r m a l m e n t e m u i t o baixa g l o b u l i n a G).
(em t o r n o de 5 a 8 0 p g / m L e m amostras matutinas). A amostra preferida é o plasma c o m o ácido e r i l e n o d i a m í n o -
Os resultados n u m é r i c o s dos diferentes m é t o d o s de i m u n o - tetraacético ( E D T A ) c o m o anticoagulante. O i n t e r v a l o de refe-
ensaio d o A C T H p o d e m ser difíceis de se c o m p a r a r pelas dife- rência t í p i c o d o a d u l t o para amostras coletadas entre 6 e 10
renças de calibração. A t u a l m e n t e , l a b o r a t ó r i o s e fabricantes de horas da m a n h ã é de 16 a 4 8 p g / m L (5 a 30 p m o l / L ) .
íuts comerciais geralmenre c a l i b r a m seus ensaios c o n t r a prepara- A m e d i ç ã o de metencefalina n o plasma é de d i f í c i l execução
ções de A C T H obtidas de centros de pesquisa, c o m o o A C T H p o r causa da sua meia-vida m u i t o c u r t a (2 m i n u t o s e m e i o a
h u m a n o p u r i f i c a d o 1 a 39 ( M e d i c a i Research C o u n c i l [ M R C ] 37°C). M e s m o se o sangue f o r i m e d i a t a m e n t e congelado e cen-
7 4 / 5 5 5 , 6.2 1U p o r 25 jjg) f o r n e c i d o pelo N a t i o n a l I n s t i t u t e f o r t r i f u g a d o sob refrigeração, perde-se e m t o r n o de 5 0 % da encefa-
B i o l o g i c a l Standards a n d C o n t r o l ( R e i n o U n i d o ) o u A C T H lina, a não ser que a amostra tenha sido coletada c o m 23 m m o l / L
sintético 1 a 39 ( 4 . 7 1 1 U p o r 50 pg) f o r n e c i d o pelo U n i t e d States de ácido cítrico. 1 F o r a m desenvolvidos kits comerciais para a
N a t i o n a l HoTmone a n d P i t u i t a r y P r o g r a m (NIHPP; h t t p : / / w w w . m e d i ç ã o de metencefalina e a n t i c o r p o s a n t i e n c e f a l i n a estão dis-
h u m c . e d u / h o r m o n e s / ) que era c o n h e c i d o a n t e r i o r m e n t e p o r poníveis.
N a t i o n a l P i t u i t a r y Agency.
Gonadotrofinas (Hormônio Folículo
Medição dos Peptídeos Opióides Endógenos Estimulante, Hormônio Luteinizante)
B e t a - e n d o r f i n a é u m peptídeo e n d ó g e n o o p i ó i d e , e o i m u n o e n - O h o r m ô n i o folículo estimulante (FSH) é sintetizado na adeno-
saio é o m é t o d o escolhido para a sua medição. Por exemplo, h i p ó f i s e e ( I ) estimula o crescimento e maturação de folículos
ensaios i m u n o r r a d i o m é t r i c o s diretos ( I R M A s ) f o r a m desenvolvi- ovarianos, (2) estimula a secreção de estrógeno, (3) p r o m o v e
762 PARTE V Fisiopatologia
mudanças endomerriais características da p r i m e i r a fase (fase pro- a s u b u n i d a d e P é responsável p o r fornecer a resposta biológica
liferativa) d o ciclo menstrual, e (4) estimula a espermatogênese específica.
( C a p í t u l o 42). É c o n h e c i d o , t a m b é m , c o m o f o l i t r o p i n a . O hor- As células gonadotrópicas da adeno-hipófise secretam F S H
m ô n i o luteinizante ( L H ) t a m b é m é sintetizado na adeno-hipófise ( M W 3 0 k D a ) e L H ( M W 3 2 k D a ) . Por estes dois h o r m ô n i o s
e age c o m o F S H para p r o m o v e r ovulação e secreção de andró- c o n t r o l a r e m a atividade f u n c i o n a l das gônadas, eles são agrupa-
genos e progesterona. Ele i n i c i a e m a n t é m a segunda fase (secre- dos sob o t e r m o genérico de gonadotrofinas. A regulação da secre-
tora) d o ciclo menstrual. H m fêmeas, é responsável pela formação ção g o n a d o t r ó p i c a n o sexo f e m i n i n o e m a s c u l i n o é apresentada
do c o t p o lúteo e, e m machos, estimula o desenvolvimento e na Figura 39-7.
atividade f u n c i o n a l das células de Leydig testiculares ( C a p í t u l o
42). L H t a m b é m é c h a m a d o de hormônio estimuíánte tLis céluhis Ação Fisiológica
intersticiais o u lutropina. E m fêmeas, o F S H estimula o crescimento dos folículos ovarianos
e, na presença d o L H , p r o m o v e secreção de estrógenos pelos
Bioquímica folículos maduros. O L H causa, nas fêmeas, ovulação e liberação
Os h o r m ô n i o s glicoprotéicos da hipófise ( L H , F S H e T S H ) e da de óvulos d o f o l í c u l o ovariano, o que é previamente a m a d u r e c i d o
placenta ( g o n a d o t r o f i n a c r o n i ô n i c a [GC]) são compostos p o r sob a i n f l u ê n c i a d o F S H , e causa luteinização do f o l í c u l o r o m p i d o
duas cadeias peptídicas (geralmente classificadas c o m o subunida- para f o r m a r o c o r p o lúteo. O c o r p o l ú t e o e m seguida secreta
des a e P), cada u m a v i n c u l a d a a grupos de carboidratos substi- t a n t o a progesterona c o m o o estradiol sob a i n f l u ê n c i a da libera-
tuíveis. A porção do c a r b o i d r a t o , que corresponde a 1 5 % a 3 1 % ção p u l s á t i l d o L H . M o sexo m a s c u l i n o , o F S H estimula a esper-
d o peso molecular, i n c l u i (1) fucose, (2) manose, (3) galactose, matogênese pelas células germinativas nos testículos e o L H é
(4) glucosamina, (5) galactosamina e (6) ácido siálico. A s subuni- responsável pela produção de testosterona pelas células Leydig.
dades a desses h o r m ô n i o s são similares entre si e intercambiá-
veis. As subunidades p apresentam diferenças nas seqüências de Regulação e Significância Clínica
aminoácidos entre os vários h o r m ô n i o s , c o n f e r i n d o maior especi- A regulação da secreção do L H e F S H e sua significância clínica
ficidade h o r m o n a l e imunológica. As subunidades a isoladas são e m E n d o c r i n o l o g i a R e p r o d u t i v a é discurida n o C a p í t u l o 42.
destituídas de atividade biológica. As subunidades P isoladas
p o d e m ter u m a pequena atividade biológica intrínseca, mas a
atividade t o t a l é o b t i d a q u a n d o as subunidades oc e P são recom- Metodologia Analítica
binadas. Isso sugere que a presença de ambas subunidades é V á r i o s diferentes métodos de i m u n o e n s a i o t ê m sido desenvolvi-
i m p o r t a n t e para o r e c o n h e c i m e n t o do receptor específico e que dos para d e t e r m i n a r os níveis de F S H e L H n o sangue e na u r i n a .
Gonadotrofinas
Hipófise
H
FSH
(+.-)
H
LH
FSH
Inibina
LJVEJI I U Testículos
LZMJ
Estradiol Progesterona Testosterona
Existe uma quantidade grande de íuts comerciais confiáveis dis- (Figuia 39-8), porém com uma isoleucina no lugar da fenilala-
poníveis tanto para o teste manual como com o uso de instru- n m a n a p o s i ç ã o 3 e leucina n o lugar da a r g i n i n a n a posição 8
mentos de imunoensaio automatizados. 6
Geralmente, a maior parte dos imunoensaios para FSH e L H Arginina Vasopressina
apresenta menos de 1% de reatividade cruzada com T S H ou AVP é formada pelas células neuronais do núcleo hipotalâmico e
h C G ou com suas cadeias a ou P livres como resultado da armazenada na neuro-hipófise. E m humanos, ela contém arginina
especificidade dos anticorpos utilizados na medição. Por na posição 8 (no porco e no hipopótamo, a lisina é encontrada
exemplo, a interferência do h C G nos ensaios do L H foi essen- nesta posição). AVP (1) estimula a contração dos músculos dos
cialmente eliminada (< 0,008% de reatividade cruzada), e os capilares e das arteríolas, elevando a pressão sanguínea; (2) promove
ensaios imunométricos que utilizam instrumentos automatiza- a contração da musculatura intestinal, aumentando o peristal-
dos apresentam excelente precisão de ensaio (coeficientes de tismo; (3) influencia na contração do útero; e (4) tem u m efeito
variação interensaio [CVs] de ± 10%) e limites de detecção específico nas células epiteliais dos túbulos coletores renais, aumen-
menores de 0,2 I U / L . 1 4 Este ú l t i m o é especialmente importante tando a reabsorção de água independentemente de solutos, cau-
na avaliação de crianças pré-púberes e pacientes com distúrbios sando a concentração de urina e diluição do soro. Sua taxa de
hipotalâmicos, quando as concentrações de L H são baixas. Os secreção é regulada principalmente pela osmolaridade do plasma.
valores esperados do FSH e L H no soro são apresentados na
Tabela 45-1 no Capítulo 45. Bioquímica
A AVP é sintetizada como parte de uma grande molécula pre-
Tireotropina cursora (pré-ptó-vasopressina) que inclui uma proteína específica
A tireotropina é u m h o r m ô n i o glicoprotéico sintetizado pelas de ligação denominada neurofisina. Esta última serve como uma
células tireotróficas da adeno-hipófise que promove o cresci- proteína carreadora durante o transporte axonal e seu armaze-
mento e a captação do iodo pela tireóide, estimulando a síntese namento. A ocitocina tamDém é sintetizada como parte de u m
e secreção dos hormônios tireoidianos. Também é chamado de pré-pró-hormônio j u n t o com a proteína de ligação neurofisina.
h o r m ô n i o estimulante da tireóide (TSH). E u m peptídeo com Esses complexos moleculares são armazenados em grânulos
peso molecular de 26,6 kDa. U m a molécula de T S H consiste secretórios que migram pelos axônios por 12 a 14 horas antes
em duas subunidades a e P associadas de forma não covalente, de alcançarem a neuro-hipófise para armazenamento A libera-
com a subunidade a quimicamente similar às subunidades J3 de ção dos hormônios da neuro-hipófise para dentro da circulação
L H , FSH, e h C G . O T S H (1) estimula o crescimento e a vascu- portal ocorre por via exoeitose dependente de cálcio estimu-
larização da tireóide, (2) estimula o crescimento das células foli- lando as células neuronais. Em p H fisiológico, o AVP e a ocito-
culares tireoidianas e (3) estimula as várias etapas da síntese dos cina circulam n o plasma principalmente nas suas formas livres.
hormônios da tireóide. Isso i n c l u i a (1) captação de iodo, (2)
organificação do todo sobre a tirosina, (3) união das moléculas Regulação da Secreção
de tirosma e (4) liberação proteolítica do h o r m ô n i o tireoidiano A osmolalidade do sangue é o principal regulador da secreção de
armazenado na tireoglobulina. AVP Osmorreceptores localizados nos corpos celulares dentro ou
A regulação da secreção de T S H , sua significância clínica e próximo ao núcleo magnocelular do hipotálamo respondem a
métodos para sua determinação são discutidos detalhadamente mudanças da osmolalidade do plasma. U m aumento inferior a 2%
no Capítulo 41. na osmolalidade do fluido extracelular causa redução das células
osmorreceptoras com estímulo da liberação de AVP da neuro-hipófise
HORMÔNIOS DA NEURO-HIPÓFISE (Figura 39-9). Uma osmolalidade de plasma acima de 280 m O s m / k g
O sistema neuro-hipofisário compreende o tecido neural e os é considerada o limiar para a liberação de AVP.
neurônios do núcleo supra-óptico e paraventricuíar do hipo- Apesar do mecanismo osmorreceptor, a regulação fisiológica
tálamo 11 Estes neurônios passam através da eminência média e da secreção de AVP também envolve u m mecanismo de pressão-
do pedículo hipofisário, e as terminações nervosas projetam-se volumc que é distinto do sensor osmótico. Neste segundo pro-
para o lobo posterior da hipófise. Os corpos destes neurônios cesso, a liberação de AVP é regulada pelos barorreceptores que
sintetizam e secretam arginina vasopressina (AVP) e ocitocina, A respondem às alterações no volume sanguíneo. Por exemplo,
arginina vasopressina também é conhecida como h o r m ô n i o anti- uma redução no volume plasmático ou na pressão sanguínea, ou
diurético (ADI1). A m b o s são nonapeptídeos ( M W 1080 Da) ambos, estimula a secreção de AVP. Outros estímulos não-osmó-
consistindo em u m hexapeptídeo cíclico e três cadeias laterais ricos para a liberação e AVP incluem (1) dor, (2) estresse, (3) sono,
de aminoácidos. A estrutura da ocitocina é similar à do A D H (4) atividade física e (5) agentes químicos, como catecolaminas,
angiotensina II, opiáceos, prostaglandinas, anestésicos, nicotina
e barbitúricos. Agentes como álcool, fenitoína e glicocorticóides
s são conhecidos por inibir a liberação de AVP, levando à diurese
r i
Cys — Tyr — Phe — Glr — Asn — Cys — Pro — Arg — Gly — NH2
e desidratação fisiológica.
O centro da sede é regulado por muitos dos mesmos fatores
1 2 3 4 5 6 7 8 9 que determinam a liberação de AVP. Este centro tem u m ponto
Arginina vasopressina fixo mais alto que os osmorreceptores e responde a osmolalida-
des acima de 290 m O s m / k g . Respostas envolvendo AVP, sede,
r i
Cys —Tyr — lie — Gln — Asn — Cys — Pro — Leu — Gly — NIH2
a osmolalidade do plasma em indivíduos saudáveis dentro de
uma margem estreita (284 a 295 m O s m / k g ) .
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ocitocina Ações Fisiológicas
A maior função fisiológica da A V P é o controle da homeostase
Figura 39-8 A seqüência de aminoácidos do AVP e da ocitocina. da água, que permite que os rins reabsorvam água e concentrem
764 PARTE V Fisiopatologia
j;
Angiotansina II
Diabetes Insipidus Hipotafâmico. O D I hipotalâmico também é
Conservação de Égua
L li
'Aquisição de água
A incidência de D I central é de 1 para cada 25.000 indivíduos.
E m 30% dos pacientes, o D I central ocorre sem causa aparente;
\ outros casos são associados a (1) neoplasias, (2) neurocirurgia,
(3) traumatismo craniano, (4) distúrbios isquêmicos ou hipóxi-
cos, (5) doenças granulomatosas, (6) infecções ou (7) doenças
auto-i munes.
^TVolume circulatório Diabetes Insipidus Nefrogênico. O D I nefrogênico resulta da
ANP ANP - falha do r i m em responder a concentrações normais ou elevadas
^•Osmolalidade da ECF
da AVP. Na maioria destes pacientes, a AVP é incapaz de estimu-
lar a formação de adenosina monofosfato cíclica (AMPc).
Acredita-se que mutações no receptor da A V P e mutações nos
Figura 39-9 E l e m e n t o s - c h a v e da h o m e o s t a s e da água. As l i n h a s
canais de água aquaporina-2 sejam responsáveis por este distúr-
s ó l i d a s i n d i c a m as vias c s m o t i c a m e n t e e s t i m u l a d a s , e as linhas tracejadas
bio. A forma de mutação do receptor AVP no D I nefrogênico
n o alto i n d i c a m as vias e s t i m u l a d a s p a r v o l u m e . A s l i n h a s tracejadas
está ligada ao cromossomo X, e afetando mais indivíduos do sexo
inferiores i n d i c a m as vias q u e e x e r c e m feedback negativo. A b r e v i a ç õ e s :
masculino. As mulheres estão mais propensas a cerem u m defeito
A N P , p e p t í d e o n a t n u r é t i c o atrial; AVP, arginina vasopressina; S N C ,
no gene dos canais de água aquaporina-2 no cromossomo 12,
s i s t e m a n e r v o s o central; ECF, l í q u i d o extracelular; O P R , r e f l e x o
ql2-13, produzindo uma doença autossômica recessiva. Formas
orofaringen. ( D e Reeves W , A n d r e o l i T. T h e p o s t e r i o r pituifary a n d
adquiridas de D I nefrogênico podem ser causadas por (1) doenças
water m e t a b o l i s m . I n W i l s o n JD, Foster D W , eds. W i l l i a m s cextbook o f
metabólicas (hipocalemia, hipercalcemia e amiloidose), (2) drogas
e n d o c r i n o l o g y , S t h ed. P h i l a d e l p h i a : W B S a u n d e r s C o , 1992:312.)
(lítio, demecloriclina, e barbitúricos) e (3) distúrbios renais
(doença policística e insuficiência renal crônica). O D I nefrogê-
nico também pode ser observado na ausência desses fatores
(forma idiopátíca).
Polidipsia Psicogênica OU Primária. U m a ingesta crônica e exces-
urina (Figura 39-9). Q u a n d o liberado, em concentração sufi- siva de água suprime a secreção de AVP e produz poliúria hipo-
ciente, a AVP também induz vasoconstrição generalizada que leva tônica. A poliúria e a polidipsia geralmente não são sustentadas,
a u m aumento na pressão sanguínea arterial. Acredita-se que a tanto no D I central como no D I nefrogênico. A poliúria noturna
AVP tenha um papel importante na manutenção da pressão também é menos freqüente. Fatores psicogênicos são mais comu-
arterial durante a hemorragia. A liberação de AVP no sistema mente associados a este distúrbio, mas a doença hipotalâmica
portal htpofisário também aumenta a ação do C R H , que esti- que afeta o centro da sede pode ser, também, responsável. As
mula a liberação do A C T H da adeno-hipófise. Entretanto, a AVP drogas também afetam o centro da sede e resultam em polidipsia
parece não afetar a liheração dos outros hormônios adeno-hipo- primária.
fisários.
Síndrome da Secreção Inapropriada de Hormônio Antidiurético
Significância Ciínica A síndrome da secreção inapropriada de h o r m ô n i o antidiuré-
Distúrbios na atividade da AVP foram divididos em hipofunção tico (SIADH) refere-se à autônoma e prolongada produção de
(poliúria) e hiperfunção (síndrome da secreção inapropriada de AVP na ausência de estímulo conhecido para sua liberação. Nesta
h o r m ô n i o antidiurético [S1ADH]). síndrome, as concentrações plasmáticas do AVP estão "inapropria-
damente" aumentadas com relação à baixa osmolalidade do plasma
Estados Poliúricos e a u m volume de plasma normal ou elevado. A S I A D H pode ser
A produção ou ação deficiente da A V P resulta em poliúria resultado de (1) produção de AVP por neoplasias malignas (como
causada pela falência dos túbulos renais em reabsorver água livre o carcinoma pulmonar de pequenas células), (2) presença de
de solutos.11 Sob circunstâncias normais, a produção de urina é doenças agudas e crônicas no sistema nervoso central, (3) doenças
largamente dependente da ingesta de fluidos. Desse modo, u m pulmonares, ou (4) efeito colateral de alguns medicamentos. Além
limite arbitrário para avaliar o volume n o r m a l da diurese é difícil disso, aproximadamente 10% de pacientes que sofreram cirurgia
de ser definido. Quando a diurese é maior que 2,5 l y d i a , uma hipofisária têm uma S I A D H passageira, cerca de 8 a 9 dias após
investigação clínica e laboratorial geralmente está indicada; na a cirurgia (quando já estão em casa), que responde à restrição à
deficiência completa de AVP, o volume da diurese deve se apro- água (2 a 3 dias) e não tem recorrência. Na S I A D H , u m excesso
ximar-se a 1 L / h . Se a resposta à sede é normal, ocorrerá u m primário de AVP, juntamente com entrada irrestrita de f l u i d o ,
aumento na ingestão de fluidos (polidipsia). Se o acesso à água promove o aumento da reabsorção da água livre pelo r i m . O
não for restrito, a osmolalidade do plasma e os soros eletrolíticos resultado é u m volume de urina reduzido, e uma elevada concen-
geralmente voltarão ao normal. tracão de sódio e aumento da osmolalidade urinária. C o m o con-
Distúrbios Hipofisários CAPÍTULO 39 76S
seqüência da retenção de água, estes pacientes apresentam expan- trar o valor m o m e n t â n e o do h o r m ô n i o presente na amostra e
são de v o l u m e . O a u m e n t o n o v o l u m e intravascular causa hemo- remover substâncias interferentes não específicas. O s intervalos
d i l u i ç ã o acompanhada p o r h i p o n a t r e m i a d i l u c i o n a l e baixa de referência para a A V P são e n c o n t r a d o s na Tabela 45-1 do
osmolalidade de plasma. A expansão do v o l u m e t a m b é m reduz C a p i t u l o 45.
a reabsorção renal de sódio, e, desse m o d o , posteriormente,
ocorre a u m e n t o da concentração de sódio na urina. Ocitocina
A causa mais c o m u m de h i p o n a t r e m i a d i l u c i o n a l e m pacientes O c i t o c i n a é u m n o n a p e p t í d e o que p r o m o v e contrações uterinas,
hospitalizados é a S I A D H . 1 1 Entretanto, outras doenças causam estimula a lactação e c o n t r i b u i n o segundo estágio do t r a b a l h o
hiponatremia d i l u c i o n a l e devem ser diferenciadas da S I A D H . de parto.
Essas condições i n c l u e m (1) insuficiência cardíaca congestiva,
(2) insuficiência renal, (3) síndrome nefrótica, (4) cirrose hepática Bioquímica
e (5) h i p o t i r e o i d i s m o . A administração excessiva de f l u i d o s h i p o - A o c i t o c i n a é sintetizada no h i p o t á l a m o c o m o parte de u m pré-
tô nicos e tratamentos c o m drogas que estimulam a A V P (como p r ó - h o r m ô n i o , j u n t a m e n t e c o m u m a proteína de ligação chamada
clorpropamida, vincristina, clofibrato, carbamazepina, nicotina, de neurofisina. Esses complexos moleculares são armazenados e m
fenotiazinas e ciclo fosfamida) t a m b é m causam h i p o n a t r a m i a dilu- grânulos secreto rios que m i g r a m para os axônios p o r 12 a 14
cional. A h i p o n a t r e m i a t a m b é m pode ocorrer devido à perda renal horas antes de alcançarem a neuro-hipófise paTa armazenamento.
o u extra-renal de sódio (hiponatremia deplecional), resultado de A liberação da o c i t o c i n a na circulação ocorre p o r exocitose
vômitos, diarréia, sudorese excessiva, abuso de diuréticos, nefropa- dependente de cálcio, e s t i m u l a n d o as células neuronais. A ocito-
tia perdedora de sal o u deficiência de mineralocorticóide. cina existe no plasma p r i n c i p a l m e n t e na sua f o r m a livre.
As manifestações clínicas da h i p o n a t r e m i a não são específi-
cas. Fraqueza e apatia o c o r r e m e m casos leves, e mudanças n o Secreção
sistema nervoso central (letargia, coma e apoplexia) são presentes O p r i n c i p a l estímulo para a liberação da o c i t o c i n a é a amamen-
na m a i o r i a dos casos graves. N e n h u m s i n a l o u s i n t o m a é espe- tação. A estimulação de receptores táteis localizados ao redor dos
cífico da S I A D H . A h i s t ó r i a clínica, o exame físico e os resulta-
m a m i l o s i n i c i a u m a ação p o t e n c i a l que se propaga ao l o n g o das
dos de testes de r o t i n a de l a b o r a t ó r i o geralmente sugerem que a fibras nervosas c o n d u t o r a s através da m e d u l a espinal e d o
h i p o n a t r e m i a seja causada p o r d i l u i ç ã o o u depleção. mesencéfalo para o h i p o t á l a m o . O s corpos celulares d o núcleo
As medições do sódio e da o s m o l a l i d a d e sérica e u r i n á r i a , paraventricular são então estimulados, r e s u l t a n d o em u m a libe-
c o m b i n a d a s c o m a avaliação clínica d o estado do v o l u m e , geral-
ração episódica da ocitocina. Receptores n o Útero e, possivel-
m e n t e p e r m i t e m u m diagnóstico d i f e r e n c i a l a p r o p r i a d o das con- mente, na mucosa vaginal p o d e m , t a m b é m , iniciar ações poten-
dições h i p o n a t r ê m i c a s . O paciente típico c o m S I A D H tem u m ciais nas fibras nervosas aferentes, que, p o r f i m , estimularão a
plasma h i p o s m o l a r (< 270 m O s m / k g ) , u m a o s m o l a l i d a d e uriná- liberação de o c i t o c i n a na neuro-hipófise. Os estrógenos aumen-
r i a lig e ira mente m a i o r que a d o plasma, além de apresentar u m a t a m a resposta da o c i t o c i n a a esses estímulos. A i n f l u ê n c i a de
concentração de sódio u r i n á r i o i n a p r o p r i a d a m e n t e elevada (de outras partes do cérebro na liberação da o c i t o c i n a foi descrita;
4 0 a 8 0 m m o l / L ) . Pacientes c o m h i p o n a t r e m i a d i l u c i o n a l resul- o estresse e m o c i o n a l , por exemplo, i n i b e a lactação.
tante da ingesta excessiva de água t ê m u m plasma h i p o t ô n i c o ,
a c o m p a n h a d o de u m a concentração de sódio u r i n á r i o baixo
Ações Fisiológicas
( i n f e r i o r a 2 0 m m o l / L ) , e c o m u m a u r i n a d i l u í d a ( c o m osmola-
A o c i t o c i n a está presente e m h o m e n s e mulheres, mas seus
lidade i n f e r i o r à da d o plasma). Pacientes c o m h i p o n a t r e m i a
efeitos fisiológicos são c o n h e c i d o s apenas nas mulheres. A oci-
d i l u c i o n a l causada p o r perda de sódio extra-Tenal t ê m plasma
t o c i n a estimula a contração do m i o m é t r i o u t e r i n o apenas n o
h i p o t ô n i c o , baixa concentração sódica na u r i n a (geralmente infe-
útero estimulado pelo estrógeno, além de ativar a muscul at ura
rior a 20 m m o l / L ) c o s m o l a l i d a d e de u r i n a mais elevada q u e a
lisa associada à liberação de leite c o m a lactação. Desse m o d o ,
do plasma. Pacicntcs c o m h i p o n a t r e m i a d e p l e c i o n a l causada
os efeitos da o c i t o c i n a parecem l i m i t a d o s a eventos da gestação
pela d i f i c u l d a d e dos rins e m reabsorver o sódio apresentam
e lactação. A o c i t o c i n a t e m sido usada c o m o u m agente terapêu-
resultados similares, exceto p o r t e r e m concentrações de sódio
tico i n d u t o r de parto, mas o m e c a n i s m o fisiológico pelo q u a l ela
u r i n á r i o elevadas.
i n d u z as contrações uterinas permanece obscuro. Existe alguma
Se a causa para a h i p o n a t r e m i a permanecer não esclarecida
evidência que mostra q u e a o c i t o c i n a estimula a p r o d u ç ã o de
depois que os testes citados a n t e r i o r m e n t e f o r e m realizados, o
prostaglandina, o que p o d e ser o veiculo através d o q u a l a con-
teste de privação h í d r i c a p o d e r á ser realizado. Esse teste, entre-
t r a t i l i d a d e do m i o m é t r i o é a u m e n t a d a . Existem evidências i n d i -
t a n t o , é p o t e n c i a l m e n t e perigoso e m pacientes c o m h i p o n a t r e -
cando que a o c i t o c i n a p o d e afetar o sistema nervoso central e,
m i a grave e não deverá ser realizado se a concentração de sódio
deste m o d o , modulaT o c o m p o r t a m e n t o h u m a n o . Acredita-se
n o soro for i n f e r i o r a 130 m m o l / L . Pacientes c o m S I A D H apre-
que os progestágenos n e u t r a l i z e m as ações da ocitocina.
sentam redução na excreção da água livre e falha na capacidade
de d i l u i ç ã o da u r i n a . Medições de A V P n o plasma não são
Metodologia Analítica
geralmente necessárias para se fazer o diagnóstico de S I A D H ,
Numerosos imunoensaios para medição da ocitocina plasmática
mas pode-se esperar que os valores basais estejam inapropriada-
ou u r i n á r i a f o r a m descritos. 11 E n t r e t a n t o , sua aplicação clínica de
m e n t e altos c o m relação à h i p o s m o l a r i d a d e plasmática. A inter-
rotina t e m sido l i m i t a d a p o r causa da falta de relevância fisiológica
pretação das concentrações plasmáticas de A V P é muitas vezes
a distúrbios de o r d e m reprodutiva. Intervalos de referência para
complicada, p o r q u e os valores estão sempre d e n t r o do i n t e r v a l o
a ocitocina são encontrados na Tabela 45-1 do C a p í t u l o 45
de referência o u são indetectáveis. 51
objetivos dos testes que avaliam as funções hipofisárias em mente em mulheres durante a fase reprodutiva. 1 A presença de
pacientes c o m estes tumores é a detecção das deficiências h o r m o - ciclos menstruais regulares na m u l h e r na fase reprodutiva geral-
nais antes e após o tratamento e reconhecimento de tumores mente indica a integridade d o eixo hipotalâmico-hipofisário-
secretores. gonadal. A avaliação laboratorial basal do eixo hipotalãmico-
A avaliação da função da adeno-hipófise e neuro-hipófise em hipofisário-gonadal deve i n c l u i r a medição das gonadotrofinas
pacientes com tumores hipofisários é importante por duas razões. séricas ( L H e FSH) e os esteróides sexuais (estradiol em mulheres
A primeira é identificar estados clínicos relevantes de deficiência e testosterona nos homens). O teste de estimulo com o uso do
h o r m o n a l causados pelo p r ó p r i o t u m o r . A segunda é para a G n - R H e medições do FSH e do L H são úteis em pacientes
reavaliação de pacientes após cirurgia o u radioterapia para detec- selecionados. Esses testes, entretanto, são conhecidos p o r serem
tar as deficiências h o r m o n a i s conseqüentes ao tratamento inva- não confiáveis na diferenciação entre doenças hipofisárias e hipo-
sivo. O teste da função hipofisária é geralmente feito sob condi- talâmicas; desse m o d o , o médico é geralmente dependente de
ções basais, mas t a m b é m sob condições provocativas para trazer u m a determinação acurada das gonadotrofinas e dos esteróides
à tona deficiências pequenas o u sutis que são observadas em sexuais, juntamente c o m julgamento clínico.
doenças da glândula adrenal, tireóide o u gônadas. Geralmente,
não é necessária uma avaliação da reserva hipofisária para o G H
ou PRL em pacientes adultos, porque acredita-se que a deficiên-
REFERÊNCIAS
cia desses h o r m ô n i o s não seja clinicamente importante.
Os baixos limites de detecção dos novos imunoensaios de I. Apter D. Deveiopment of the hypotiia 1 amie-pituitary-ovaria 11 axis. A n n
dois sítios de ligação para a medição dos h o r m ô n i o s hipofisários "NY Acad Sei 1997;816:9-21
possibilitam distinguir u m valor anormalmente baixo de u m 2. Buatci JM, Marcus RB Jr. Pituitary adenomas: current merhods of
diagnosis and treatment, Oncology 1997;11:791-6.
valor no limite inferior do intervalo de referência. A avaliação da
3 Demcrs LM. General endocrinology. In Kaplan L, Pesce AJ,
função hipofisária deve i n c l u i r sinais e sintomas clínicos de
Kazmierczak, eds. Clinicai chemistry, t henry, analysis, correia tio n. St
deficiência h o r m o n a l e a medição de h o r m ô n i o s secretados pela
Louis: Mosby, 2003:809-26.
glândula endócrina pertinente (por exemplo, tiroxina, cortisol e
4- Imura H, Fukata J, Mori T. Cytokines and endocrine function: an
testosterona); os novos ensaios ultra-sensíveis para T S H , FSH, L H
interaction bcrween the immune and neurocndocrine systems. Clin
e A C T H p e r m i t e m uma distinção mais acurada de u m verdadeiro
Endocrinol 1991:35:107-15.
resultado baixo de u m resultado n o r m a l baixo.
5. Johnson RW, Arlons S, Dantzer R, Kelley KW Hormones,
lymphohcmopoietic cytokines and the neuro immune axis. C o m p
Eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Adrenal Biochem Physiol A Physiol 1997;116:183-201.
U m a concentração n o r m a l de cortisol no soro m a t i n a l geral- 6. K a y c T B . H y p e r p r o l a c t i n e m i í i : causes, c o n s e q u e n c e s , a n d i r e a i m e n t
mente é uma evidência adequada de que o eixo hipotalâmico- options. Postgrad Med 199ó;99 265-8.
hipofisário-adrenal está intacto e f u n c i o n a n d o corretamente 7. KilroyJ, Zhou A, Gaumorid G, Prnvuncher G, Ling E. An automated
Ocasionalmente, o teste de estímulo c o m Synacthen® ( u m chamiliiminescence immunoassay for human prolaetin. Clin C h e m
potente análogo do A C T H ) é usado quando os resultados do 199i;37:935.
cortisol matinal são baixos (inferiores a 5 p g / d L ) ou quando há 8. Ling E, Schubert W, Yannoni C. A n automated che-milummescencc
u m a forte suspeita clínica de insuficiência adrenal. Este teste immunoassay for human follicle stimulating hormone. Clin C h e m
provocativo é feito obtendo-se u m a amostra basal de cortisol 1991:37:935.
seguida pela administração intravenosa (IV) de 250 pg de Synac- 9. Melmed S, Kleinberg DL. The anterior pituitary. In: Larsen PR,
Kronenberg HM, Melmed S, Polonsky KS, eds. Williams textbook
t h e n ( A C T H ) . E m seguida, amostras para a dosagem do cortisol
of endacrinalagy, 10th ed. Philadelphia: W B Saunders, 2003:
são coletadas em 30 a 60 m i n u t o s após a administração intrave-
177-280.
nosa do A C T H sintético. U m a resposta após a administração do
10. Rei ter EO, Rosenfeld RG Normal and aberrant growth. In- Larsen PR,
A C T H com valor de pico acima de 18 p g / d L para o cortisol
Kronenberg HM, Melmed S, Polonsky KS, eds. Williams textbook
plasmático é considerada normal.
c f endocrinology, 10th ed. Philadelphia: WR Saunders, 2003:
1003-1114.
Eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Tireoidiano II. Robinson AG, Verbalis JG. Posterior pituitary gland. In: Larsen PR,
Q u a n d o o resultado da concentração sérica da tiroxina livre (FT 4 ) Kronenberg HM, Melmed S, Polonsky KS, eds. Williams textbook of
ou do T S H ultra-sensível são normais, entende-se que o eixo endocrinology, lOrh ed. Philadelphia: W B Saunders, 2003:281-329.
hipotalãmico-hipofisáno-tireoidiano está intacto. Entretanto, se 12. Rosano TG, Demers LM, Hillam R, Dybas MT, Leinung M. Clinicai
há suspeita clínica de que haja u m hipotireoidismo p r i m á r i o , a n d a n a l y t i c a l e v a l u a t i o n o f a n i m m u n o r a d i o m e t r i c assay f o r
medição simples de concentração basal de T S H pode ser sufi- corticotropin. Clin C h e m 1995;41:961-1064-
ciente na confirmação do diagnóstico. E m pacientes c o m histó- 13. Rosenfeld RG, Gargosky SE. Assays for insulin-like growth factors and
rico de doenças hipofisárias e hipotiTeoidismo secundário, a their binding proteins: practicalities and pitfalls. ] Pediatr (United
concentração sérica do T S H é freqüentemente normal; assim, States) 1996;128:S52-S57.
nessa situação, a concentração de FT4 é o melhor teste para medir 14. Shellum C, KLce G. A sensitive, specific immunochemiluminometric
a normalidade do eixo hipotalâmico-hipofisário-tireoidiano. As assay for luteinizing hormone in serum and urine. Clin C h e m
1991;37:1038-9.
melhorias na sensibilidade dos restes de terceira geração do T S H
15. W i e m a n ME. Disease of the pituitary- diagnosis and treatment. Totowa,
p e r m i t i r a m a detecção de anormalidades do eixo hipotalâmico-
NJ: Humana Press, 1997.
hipofisário-tireoidiano b e m mais precocemente.
Eixo Hipotalâmico-Hipofisário-Gonadal
A anamnese e o exame físico são extremamente úteis na avaliação
do estado do eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadai, particular-
CAPÍTULO 4 0
Distúrbios Adrenoeortieais*
Laurence M. Demers, Ph.D., F.A.C.B., D.A.B.G.G.
5.
Hiperplasia congênita da adrenal
Listar os exames laboratoriais usados para avaliar a função
adrenocortical.
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES
A g l â n d u l a a d r e n a l repousa sobre o p ó l o s u p e r i o r de cada
r i m n o ser h u m a n o . C a d a g l â n d u l a (1) t e m f o r m a p i r a m i -
dal, (2) t e m a p r o x i m a d a m e n t e 2 a 3 c m de largura, 4 a 6
c m de c o m p r i m e n t o , 1 c m de espessura e (3) pesa aproximada-
m e n t e 4 g, i n d e p e n d e n t e da idade, peso o u sexo. C a d a g l â n d u l a
A l d o s t e r o n a : O p r i n c i p a l h o r m ô n i o esteróide consiste e m u m córtex externo amarelo e u m a m e d u l a i n t e r n a
m i n e r a l o c o r t i c ó i d e secretado pelo c ó r t e x a d i e n a l . Ele cinza. A b a i x o da cápsula d o córtex externo repousa a zona glome-
c o n t r o l a o e q u i l í b r i o h i d r o s s a l i n o renal. rulosa, que c o n s t i t u i a p r o x i m a d a m e n t e 1 5 % d o córtex. A p r ó x i m a
A n d r ó g e n i o s : U m a classe de h o r m ô n i o s sexuais que p r o d u z e m camada é a zona fasciculada, que c o m p õ e cerca de 7 5 % d o córtex
masculinização. c o m células grandes e carregadas de l i p í d i o . A zona mais i n t e r n a
A n d r o s t e n e d i o n a : U m esteróide a n d r o g ê n i c o p r o d u z i d o pelos é a zona r e t i c u l a r , que c o n t é m células de aparência irregular c o m
testículos, c ó r t e x a d r e n a l e ovários. Ele ocorre n a natureza p o u c o c o n t e ú d o l i p í d i c o . As células d o córtex adrenal sintetizam
1 5
c o m o A" -androstenediona e A -androstenediona. A h o r m ô n i o s esteróides. As células da m e d u l a adrenal sintetizam
a n d r o s t e n e d i o n a é convertida m e t a b o l i c a m e n t e e m catecolaminas, c o m o as aminas aromáticas d o p a m i n a , norepine-
testosterona e o u t r o s andrógenios. f r i n a e e p i n e f r i n a , que apresentam conseqüências i m p o r t a n t e s
C o r t i s o l : O p r i n c i p a l g l i c o c o r t i c ó i d e a d r e n a l sintetizado na para a regulação da pressão arterial. A s catecolaminas e sua f u n ç ã o
zona fasciculada d o córtex adrenal. Ele afeta o m e t a b o l i s m o são discutidas n o C a p í t u l o 26.
da glicose, proteínas e l i p í d i o s e t e m ' a t i v i d a d e O córtex a d r e n a l d o ser h u m a n o secreta três classes p r i n c i p a i s
m i n e r a l o c o r t i c ó i d e apreciável. de h o r m ô n i o s esteróides que possuem u m a ampla gama de funções
D e s i d r o e p i a n d r o s t e r o n a ( D H E A ) : Esteróide secretado pelo fisiológicas. Estas i n c l u e m (1) glicocorticóides, (2) m i n e r a l o c o r t i -
córtex adrenal. E o p r i n c i p a l precursor d o a n d r ó g e n i o nas cóides e (3) andrógenios adrenais. Este c a p i t u l o começa c o m u m a
mulheres. seção geral sobre a b i o q u í m i c a dos esteróides, seguida de u m a
D o e n ç a de C u s h i n g : U m d i s t ú r b i o caracterizado p o r u m discussão das funções clínicas e biológicas dos h o r m ô n i o s este-
a u m e n t o da concentração de h o r m ô n i o g l i c o c o r t i c ó i d e róides p r o d u z i d o s pelo c ó r t e x a d r e n a l
a d r e n a l n a c o r r e n t e sanguínea.
G l i c o c o r t i c ó i d e s : Q u a l q u e r substância d o g r u p o de esteróides QUÍMICA GERAL DOS ESTERÓIDES
C 2 1 p r o d u z i d o s pelo córtex adrenal q u e r e g u l a m o O s h o r m ô n i o s esteróides são esteróides que agem c o m o h o r m ô -
m e t a b o l i s m o dos carboidratos, l i p í d i o s e proteínas. Eles nios. Nesta seção, discute-se brevemente a estrutura q u í m i c a
t a m b é m i n i b e m a secreção de a d r e n o c o r t i c o t r o f i n a , geral, a b i o q u í m i c a e o m e t a b o l i s m o dos esteróides.
possuem atividade a n t i i n f l a m a t ó r i a p r o n u n c i a d a e
d e s e m p e n h a m u m papel e m u m a variedade de processos Estrutura Química
h o m e o s t á ticos. O s esteróides c o n t ê m u m n ú c l e o c i c l o p e n t a n o p e r i d r o f e n a n t r e n o
M i n e r a l o c o r t i c ó i d e s : Q u a l q u e r substância d o g r u p o de c o m o estrutura básica (Figura 40-1). Os três anéis de seis lados
corticosteróides C Z 1 ( p r i n c i p a l m e n t e aldosterona) que (A, B e C ) c o n s t i t u e m o n ú c l e o f e n a n t r e n o , ao q u a l está f i x a d o
r e g u l a m o balanço h í d r i c o e de eletrólitos d o c o r p o . o anel D o u c i c l o p e n t a n o . O p r e f i x o " p e r i d r o " refere-se à satura-
R e n i n a : E n z i m a da classe das hidrolases que catalisa a clivagem ção d o c o m p o s t o c o m átomos de h i d r o g ê n i o . Esta classe de
da ligação leucina-leucina n o a n g i o t e n s i n o g ê n i o para gerar compostos i n c l u i p r o d u t o s naturais c o m o esteróis (p. ex., coles-
angiotensina I. terol), ácidos biliares (p. ex., ácido colânico), h o r m ô n i o s sexuais
(p.ex, estrógenos e a n d r ó g e n i o s ) , v i t a m i n a D e corticosteróides.
Os h o r m ô n i o s esteróides c o n t ê m até 21 átomos de c a r b o n o (este-
róides C21), n u m e r a d o s c o m o m o s t r a d o na Figura 40-1.
* 0 autor agradecidamente reconhece a contribuição pTévia de Ronald ]. Os esteróides são moléculas t r i d i m e n s i o n a i s . Seus átomos
Whitley, na qual se baseia paTtes deste capítulo. c o n s t i t u i n t e s r e p o u s a m e m planos diferentes, o que resulta n a
768 PARTE V Fisiopatologia
Cu
TABELA 40-1 Sufixos e Prefixos C o m u n s para
i» c »
C I.. Esteróides
Sufixa au Prefixa Definição
^ v
. I «
A SUFIXO
f A í B J Xí
>
>
-al
-ano
Grupo aldeído
Hidrocarboneto saturado
Hidrocarboneto insaturado
-eno
CiclopencarLopcridrofcnan treno -ol Grupo hidroxila
ona Grupo cetona
Figura 40-1 Características comuns e sistema de numeração de
esteróides. PREFIXO
hidroxi- (oxi-) Grupe hidroxila
CetO- (0X0-) Cetona
criação de isômeros. A direção dos átomos de h i d r o g ê n i o , os deoxi- (desüxi-) Substituição de grupo hidroxila por hidrogênio
substiruintes, e a cadeia lateral desempenham u m papel m u i t o desidro- Perda de dois átomos de hidrogênio dos
mais i m p o r t a n t e na diferenciação entre vários isômeros do com- átomos de carbono adjacentes
posto esteróide do que as posições relativas dos átomos de diidro- Adição de dois átomos de hidrogênio
c a r b o n o nos anéis. A s s i m , os isômeros que r e s u l t a m da fusão de cis- Arranjo espacial de dois substituintes no
dois anéis são identificados c o m base na relação espacial entre mesmo lado da molécula
os átomos de h i d r o g ê n i o o u os substituintes nos átomos de trans- Arranjo espacial de dois substituintes nos lados
c a r b o n o c o m u n s . Q u a n d o os anéis A e B s e f u n d e m , dois isôme- opostos da molécula
a- Substituinte que é frans para o grupo metila
ros são possíveis, d e p e n d e n d o de se o á t o m o de h i d r o g ê n i o e m
em C-10
C-5 e o g r u p o metila e m C-1Ü estão n o mesmo lado o u no lado
3- Substituinte que é eis para grupo metila em
oposto ao p l a n o dos anéis. Se o á t o m o de h i d r o g ê n i o a p o n t a r
C-10
para a mesma direção d o g r u p o angular m e t i l a e m O l O , o com-
epi- Isomérico em configuração em qualquer átomo
posto está na f o r m a eis, o u normal E n t r e t a n t o , se eles estão e m
de carbono exceto na junção de dois anéis
lados opostos, o c o m p o s t o está na f o r m a traro o u alio D e p e n -
An- Posição de ligação insaturada
d e n d o em q u a l lado da m o l é c u l a os subscituintes estão fixados
c o m relação a estes dois grupos metila, eles apresentam u m a
orientação a o u p. Por exemplo, q u a n d o os substituintes estão
n o mesmo lado dos dois grupos metila, eles t ê m u m a configura-
ção J3, que é i n d i c a d a p o r u m a l i n h a c o n t í n u a ( — ) q u e liga os
substituintes aos átomos de c a r b o n o apropriados n o n ú c l e o . O s TABELA 40-2 N o m e s Triviais e Sistemáticos de Alguns
substituintes n o lado oposto são fixados p o r u m a l i n h a tracejada H o r m ô n i o s Esteróides Importantes
( — ) para d e n o t a r u m a configuração a . Nome Trivial Nome Sistemático
Os esteróides i n d i v i d u a i s que c o n t ê m o núcleo ciclopentano-
Aldosterona 11 p-21 -diidróxi-3,20-dioxopregn-4-
p e r i d r o f e n a n t r e n o são diferenciados pela presença de ligações
eno-18-ai
duplas entre d e t e r m i n a d o s pares de ácomos de carbono, a intro-
Androstenediona Androst-4-ene-3,11,17-triona
dução de substituintes para os átomos de h i d r o g ê n i o o u a adição
Androsterona 3a-Hidroxi-5a-androstari-17-ona
de u m t i p o específico de cadeia lateral. C o m base e m tais carac-
Cortisol 11 p„ 17,21 -Triidroxipregn-4-ene-
terísticas estruturais, os compostos esteroidais são classificados 3,20-diona
c o m o derivados de d e t e r m i n a d o s h i d r o c a r b o n e t o s (p. ex., estrano Desidroepiandrosterona 3p-Hidroxiandrost-5-en-1 7-ona
para estrógenos, a n d r o s t a n o para andrógenios e pregnano para Estradiol-17p Estra-1,3,5(10)-trieno-3,17p-diol
corticosteróides e progestinas). Vários sufixos e, prefixos são Estriol Estra-1,3,5(10)-trieno-3,16a,17p-triol
usados para descrever os esteróides (Tabela 40-1). Estrora 3-HidróxÍÊStra-1,3,5(10) -Iri eno-17-ona
Os nomes triviais e sistemáticos de vários h o r m ô n i o s esterói- Etiocolanoiona 3a-hidróxi-5p-androstan-17-ona
des i m p o r t a n t e s estão listados na Tabela 40-2. Pregnanediol 5p-Pregnano-3a, 20a-diol
Progesterona Pregn-4-ene-3,20-diona
Bioquímica Testosterona 17p-Hidróxi-androst-4-eno-3-ona
Os h o r m ô n i o s esteróides dos seres h u m a n o s são sintetizados Urocortisol (tetraidro F) , 3a,11 p,17-21 -Tetraidróxi - 5 p-
p r i m a r i a m e n t e a p a r t i r d o colesterol nas glândulas adrenais e pregnan-20-ona
gônadas ( C a p í t u l o 23). N a m a i o r i a dos casos, o colesterol é
a d q u i r i d o da circulação na f o r m a de colesterol de l i p o p r o t e i n a
de baixa densidade ( L D L ) . A captação do L D L ocorTe poT m e i o
de receptores específicos de L D L na superfície celular na super-
fície da glândula adrenal que i n t e r n a l i s a m a porção de colesterol, lular é s u p r i m i d a e o excesso de colesterol para as necessidades
libeiando-a c o m o substrato para esteroidogênese. Todas as células celulares é esterificado e armazenado para uso f u t u r o .
esteroidogênicas, c o n t u d o , são capazes de síntese de novo a p a r t i r A etapa l i m i t e i n i c i a l da velocidade do transporte de coleste-
da acetilcoenzima A . Para garantir u m s u p r i m e n t o c o n t í n u o de r o l intracelular para locais de esteroidogênese é mediada p o r u m a
colesterol livre para a síntese de esteróides, a captação do coles- proteína reguladora da esteroidogênese aguda (StAR), que é regu-
t e r o l da l i p o p r o t e i n a é coordenada c o m a síntese intracelular de lada p o r h o r m ô n i o a d r e n o c o r t i c o t r ó f i c o ( A C T H ) .
colesterol e c o m a mobilização de reservatórios intracelulares de A natureza e q u a n t i d a d e de h o r m ô n i o s esteróides produzidos
ésteres de colesteril. Q u a n d o a taxa de captação de colesterol pelas glândulas adrenais e gônadas são diferentes. Por exemplo, as
excede a taxa de esteroidogênese, a síntese de colesterol intrace- enzimas l l p - h i d r o x i l a s e e 21-hidroxilase, presentes apenas nas
Distúrbios Adrenocorticais CAPÍTULO 40 769
„
f o r m a ç ã o metabólic a i m p o r t a n t e dos esteróides. As etapas bio-
químicas i m p o r t a n t e s para neutralizar a p o t e n t e atividade b i o l ó - Cl -,OII CTT, OH
;n| •
gica dos h o r m ô n i o s e facilitar sua r á p i d a el i m i naç ão da circulação A=Ü
sistêmica i n c l u e m (1) i n t r o d u ç ã o de u m g r u p o h i d r o x i l a adicio- JU OH
n a l (p. ex., estradiol em estriol); (2) desidrogenação (p. ex., tes- s Y*
tosterona e m androstenediona); (3) redução de u m a ligação d u p l a • !,.
(
(p. ex., c o r t i s o l e m d i i d r o c o r t i s o l ) ; e (4) conjugação de u m g r u p o
h i d r o x i l a essencial o u grupos c o m u m a porção q u í m i c a , c o m o o o-
I «
IC
*.
»
1
solúveis. i=o t o
H0
>. U.>.. I
ESTERÓIDES ADRENOCORTICAIS
O córtex adrenal n o ser h u m a n o secreta i n ú m e r o s h o r m ô n i o s
7
esteróides que estão envolvidos e m u m a a m p l a gama de processos
metabólicos. O"
r f j X
Corticosterona 11-Desidroconicosrerona
Bioquímica Geral ( C o m p o s t o B) (Composto A)
Os esteróides isolados das glândulas adrenais i n c l u e m os cotCíom-
teróiães fisiologicamente i m p o r t a n t e s e os andrógenios adrenais.'As
Cll^O]] CH2OH
f ó r m u l a s estruturais de alguns dos corticosteróides biologica- HO i
CKi I c=o
m e n t e ativos mais significativos são mostrados na Figura 40-2.
rn
o—cn
Seus nomes triviais e sistemáticos estão listados na Tabela 40-2. HO.
Glicocorticóides
O c o r t i s o l é o p r i n c i p a l g l i c o c o r t i c ó i d e sintetizado a p a r t i r do
colesterol na zona fascicuiada e reticular do córtex adrenal
jCu
, . . i l :
Aldosterona
rr
h u m a n o (Figura 40-3). Ele é secretado a u m a taxa de aproxima- Aldosterona
d a m e n t e 25 m g / d i a Q u a n d o l i b e r a d o na circulação, o c o r t i s o l (aldeído) (hemiacetal)
. O. CEI,
X
c í A3 M " r è 1: Emiikiu d< diva^aii lie cadclú lateral (F-450^)
II: A ' 3 [J-H iJroxicstcróide doidro^cnasc c
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Colesterol IVl 11 P"Hidn.JXlL\9C
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Aldoíit-iona Cortútorja
Figura 40-3 Biossíntcse de corticosteróides. N ú m e r o s romanos I (enzima de clivagem de cadeia lateral), II (3-p-ol
desidrogenase e / o u A isomerase), III (21-hidroxilase) e IV (llfi-hidroxilase) indicam locais de principais bloqueios que
causam síndromes adrenogeniçais. (Copyright 1959 C I B A Pharmaceutical C o . Division de CIBA-GEIGY Corp. Reproduced,
c o m permissão, de T h e C I B A Collection of Medicai Illustrations por Nettet FH. Todos os direitos reservados.)
Distúrbios Adrerocortícaís CAPÍTULO 40 771
Tireóide
Cérebro
Depressão
Psicose
Metabolismo lipídico/CHO
Alimento do glicogênio
Aumento da resistência à
insulina
Aumento da glieoneogênese Cardiovascular
Aumento de AGL Retenção de água e sal
Obesidade visceral
Hipertensão
Figura 40-4 Efeitos principais d o s glicoc o i ti cuides n o s sistemas orgânicos mais i m p o r t a n t e s n o SCT h u m a n o .
Andrógenios Adrenais carreadora. A excreção dos esteróides ocorre por meio dos rins
As glândulas adrenais também secretam andrógenios, progeste- ou trato gastrointestinal, onde são reabsorvidos. A C B G , albu-
rona e estrógeno, sendo que todos eles são também produzidos mina e S H B G são produzidas pelo fígado. As concentrações de
pelas gônadas (Capítulo 42).' Os andrógenios adrenais são sinte- C B G e S H B G são aumentadas pelos estrógenos e em alguns
tizados na zona fasciculada e / o u reticular a partir do substrato pacientes com hepatite e reduzidas pelos glicocorticóides, testos-
precursor 17a-hidroxipregnenolona. Os andrógenios adrenais terona e em pacientes com doença hepática o u renal. E m con-
incluem desidroepiandrosterona ( D H E A ) , androstenediona e centrações fisiológicas, cerca de 9 0 % a 9 8 % de h o r m ô n i o s este-
testosterona (Figura 40-3). A D H E A e seu derivado sulfatado, róides circulam ligados a uma proteína carreadora, em geral com
sulfato de D H E A (DHEA-S), são os andrógenios adrenais mais alta afinidade por uma globulina de ligação, como a C B G e a
importantes encontrados na circulação e estão presentes na mais S H B G . E m concentrações fisiológicas mais altas, a albumina, que
alta concentração. A adrenal do adulto secreta aproximadamente tem uma alta capacidade mas baixa afinidade para esteróides,
6 a 8 m g / d i a de D H E A , 8 a 16 m g / d i a de D H E A - S , 1,5 m g / d i a torna-se u m meio de transporte mais importante para os esterói-
de androstenediona e 0,05 m g / d i a de testosterona. A quantidade des. Q u a n d o u m esferóide tem baixa afinidade por u m a "proteína
de D H E A e / o u D H E A - S produzida fica atrás apenas do cortisol, carreadora", 6 0 % a 7 0 % do esteróide circula ligado principal-
entre os esteróides adrenais liberados diariamente na circulação. mente à albumina." 3 Alguns esteróides, como a aldosterona, apre-
Estas quantidades são responsáveis por cerca de 5 0 % de D H E A sentam afinidade relativamente alta para C B G , mas a C B G não
e mais de 9 0 % de D H E A - S que circulam no plasma. As glându- é a principal proteína carreadora porque o cortisol, a corticoste-
las adrenais também produzem pequenas quantidades dos estró- rona e a 17ct-hidroxiprogescerona excedem em m u i t o a concen-
genos estradiol e estrona e quantidades insignificantes de proges- tração de aldosterona. D e maneira semelhante, a testosterona e
terona e outros precursores esteróides em u m a base diária. 10 a diidrotestosterona circulam primariamente ligadas a S H B G nos
homens, enquanto o estradiol, apesar da alta afinidade de ligação
Formas Circulantes para S H B G , é amplamente ligado à albumina porque sua con-
Os h o r m ô n i o s esteróides circulam n o sangue como h o r m ô n i o s centração é baixa com relação àquela da testosterona. D H E A - S e
livres ou ligados a proteínas carreadoras, como a a 2 -globulina, D H E A circulam primariamente ligadas à albumina, e n e m a
C B G , alhumina o u globulina ligadora de h o r m ô n i o sexual C B G nem a S H B G são importantes n o transporte destes andró-
(SHBG). 1 0 Alguns esteróides são conjugados à glicuronida ou genios adrenais. A prednisolona é o único glicocorticóide sinté-
sulfato e, portanto, circulam independentes de u m a proteína tico com alta afinidade de ligação para C B G , enquanto a dexa-
772 PARTE V Fisiopatologia
metasona, metilprednisolona e triamcinolona acetonida sao pri- bólitos são conjugados em glicuronídeos e sulfatos, que sao então
mariamente ligadas à albumina. excretados na urina.
Andrógenios
Os andrógenios adrenais também têm u m destino metabólico Secreção de Cortisol
complexo. Por exemplo, a D H E A - S é formada no córtex adrenal O A C T H tem efeitos tróficos e esteroidogênicos n o córtex adrenal
ou por sulfoquinases no fígado e rins a partir de D H E A e é e está sob controle de feedback negativo de cortisol não ligado à
excretada pelo r i m . D H E A e DHEA-S são metabolizadas por proteína. 1 O cortisol é secretado em u m período de alguns
7a- e 16p-hidroxilases. A redução (17-p) de ambos os compostos minutos após u m aumento do A C T H sético. A deficiência de
forma A 4 -5-androstenediol e seu sulfato. A androstenediona A C T H resulta em atrofia da zona fasciculada e da zona reticular.
também é metabolizada em androsterona após 3a- e 5a-redução. A atrofia do córtex adrenal devido a várias causas e a síntese e
A 5p-redução resulta na formação de etiocolanolona. Estes meta- liberação reduzidas de cortisol fazem com que haja aumento das
Distúrbios Adrenocorticais CAPÍTULO 40 773
Hipotálamo
!^Jumor(
W
<100 >120 >120 >120
Cortisol livre na urina, Mg/dia
lises dos metabólitos u r i n á r i o s totais t a m b é m são questionáveis p o s s i b i l i t a m a coleta freqüente e fácil das amostras p o r m e i o de
p o r q u e r e f l e t e m apenas u m a fração dos h o r m ô n i o s esteróides técnicas não-invasivas, sem estresse. O exame c o m amostra da
ativos que são metabolizados através de vias diferentes. A quan- saliva é p a r t i c u l a r m e n t e ú t i l q u a n d o se avaliam as concentrações
tidade e a natureza destes metabólitos p o d e m , p o r sua vez, depen- h o r m o n a i s e m crianças que p o d e m ter aversão a picadas de
der não apenas da c o n d i ç ã o patológica, mas t a m b é m da ingestão agulhas. A dosagem de esteróides na saliva t a m b é m evita as difi-
de fármacos e da dieta. O s exames de urina, c o n t u d o , t ê m seu culdades em se garantir a conclusão de u m a coleta de u r i n a de
lugat i m p o r t a n t e na d e t e r m i n a ç ã o dos h o r m ô n i o s livres. Por 24 horas. Os pacientes e n c o n t r a m pouca d i f i c u l d a d e para salivar
e x e m p l o , demonstrou-se que o c o r t i s o l livre u r i n á r i o e a dosagem d i r e t a m e n t e nos tubos de coleta e p o d e m fornecer u m v o l u m e
de estradiol, estrona e testosterona livres na u r i n a f o r n e c e m adequado em a p r o x i m a d a m e n t e 10 m i n u t o s . Exames de amos-
informações clínicas q u e r e f l e t e m as taxas de p r o d u ç ã o destes tras coletadas em intervalos de 1 a 2 horas d u r a n t e os períodos
esteróides. e m que se está acordado f o r n e c e m u m a avaliação precisa das
concentrações endócrinas basais. Pelo fato de ser possível coletar
Sangue alíquotas menores (500 pi) e m intervalos de 15 o u até mesmo
A determinação dos esteróides n o soro o u plasma atualmente t e m 10 m i n u t o s , as amostras de saliva p o d e m ser mais úteis do que
sido a rotina aceita para d e t e r m i n a r as taxas de secreção dos este- as amostras de plasma ou u r i n a c o m protocolos de exame dinâ-
róides dos órgãos endócrinos que os produzem. Os imunoensaias micos de c u r t o prazo.
e os métodos cromatográficos f o r a m desenvolvidos para determi-
nar de maneira e f i c i e n t e todos os esteróides c l i n i c a m e n t e relevan- Esteróides Livres Versus Ligados
tes encontrados na circulação. A l é m disso, pelo fato de os exames A dosagem de h o r m ô n i o s esteróides em u m estado livre, separada
endócrinos baseaTem-se e m exames provocativos (exames de esti- de u m estado ligado à proteína, pode ser vantajosa e m determi-
mulação e supressão), as amostras de sangue para exame d i n â m i c o nadas situações. Por exemplo, q u a n d o o c o r r e m alterações nas
r á p i d o apresentam obtenção mais conveniente do que a u r i n a e proteínas de ligação que carregam o v o l u m e de esteróides na cir-
refletem u m p o n t o n o t e m p o mais Televante para o estado endó- culação, a interpretação da concentração circulante t o t a l daquele
c r i n o do paciente. A determinação de esteróides n o plasma, esteróide em particular pode ser significativamente i n f l u e n c i a d a
c o n t u d o , t ê m suas limitações devido às rápidas oscilações e pulsa- A l é m disso, é o h o r m ô n i o livre que se liga ao receptor esteróide
tilidade que o c o r r e m na secreção de concentrações d e h o r m ô n i o e p r o d u z o efeito b i o q u í m i c o . Assim, o c o n h e c i m e n t o da concen-
d u r a n t e o dia. Assim, u m a única amostra de plasma é representa- tração do h o r m ô n i o livre é desejável e m inúmeras situações clíni-
tiva apenas da concentração que existiu n o m o m e n t o da coleta da cas. O conceito de dosagem de h o r m ô n i o s livres esteve documen-
amostra. Portanto, a dosagem de alguns esteróides, como o cortisol tado na literatura durante m u i t o s anos c o m a u t i l i d a d e clinica do
livre, usando coletas de u r i n a programadas, t e m seu valor. cortisol livre u r i n á r i o . Outras aplicações i n c l u e m a dosagem de
As concentrações sanguíneas de c o r t i s o l são semelhantes testosterona livre e fracamente ligada n o exame clínico d o paciente
àquelas de A C T H , c o m concentrações episódicas e diurnas obser- que apresenta hirsutismo.
vadas d u r a n t e t o d o o dia. A concentração de sangue após as
2 0 horas em geral é a p r o x i m a d a m e n t e 5 0 % da concentração DISTÚRBIOS DO CÓRTEX ADRENAL
o b t i d a após as 8 horas. O a u m e n t o da secreção de c o r t i s o l é D i s t ú r b i o s d o córtex adrenal são classificados c o m o resultantes
observado em pacientes c o m estresse, após terapia c o m glicocor- de h i p o f u n ç ã o o u h i p e r f u n ç ã o .
ticóides, e na gravidez, estados de depressão, h i p o g l i c e m i a e
h i p e r t i r e o i d i s m o . Nos adultos, os valores de cortisol livre não
Hipofunção do Córtex Adrenal
d e p e n d e m de m a n e i r a significativa da idade o u do sexo. A meia-
A insuficiência adrenal e o hipoaldosteronismo são exemplos de
vida d o cortisol na circulação é de a p r o x i m a d a m e n t e 100 m i n u t o s .
condições clínicas que resultam de h i p o f u n ç ã o do córtex adrenal.
N o p e r í o d o após o n a s c i m e n t o , ocorre u m a u m e n t o t r a n s i t ó r i o
n o c o r t i s o l i m e d i a t a m e n t e após o p a r t o ; isto c seguido p o r u m
Insuficiência Adrenal
d e c l í n i o para u m a concentração abaixo daquela do sangue do
A i n s u f i c i ê n c i a adrenal é classificada c o m o p r i m á r i a , secundária
cordão u m b i l i c a l em 12 até 48 horas e depois p o r u m a u m e n t o
o u terciária (Tabela 40-3).
que se estabiliza c o m cerca de 1 semana de idade. A i n s u f i c i ê n c i a
A insuficiência adrenal primária, t a m b é m conhecida c o m o
renal exerce p o u c o efeito n o c o r t i s o l sérico, exceto que metabó-
doença de Addison, resulta de destruição o u disfunção progressiva
litos retidos p o d e m sofrer reação cruzada e m alguns exames
das glândulas adrenais causada p o r u m processo l o c a l de doença
diretos e, p o r t a n t o , causam u m a superestimativa significativa de
o u d i s t ú r b i o sistêmico ( Q u a d r o 40-1).' Pelo fato de t o d o o córtex
concentrações de cortisol.
ser a c o m e t i d o na insuficiência adrenal p r i m á r i a , todas as classes
de esteróides adrenais são deficientes. O i n í c i o de manifestações
Saliva clinicas e m geral é gradual e o grau e gravidade dos sintomas
E m geral, é possível m e d i r a m a i o r i a dos esteróides de interesse d e p e n d e m da extensão da insuficiência adrenal. Expressões pre-
c l í n i c o na saliva. 5 Para alguns esteróides, c o m o o cortisol, estriol coces o u brandas de insuficiência p r i m á r i a da adrenal p o d e m não
e progesterona, a dosagem da concentração salivar parece ser u m ser evidentes a menos que o paciente esteja sob estresse. A defi-
i n d i c a d o r confiável da concentração plasmática livre. Para o u t r o s ciência c o m p l e t a de glicocorticóides irá manifestar-se e m u m a
(p. ex., testosterona, 17-hidroxiprogesterona, estradiol e aldoste- variedade de formas, i n c l u i n d o (1) fadiga, (2) fraqueza, (3) perda
rona) a u t i l i d a d e clínica das dosagens salivares ainda não f o i de peso, (4) distúrbios gastrointestinais e (5) h i p o g l i c e m i a pós-
c o m p l e t a m e n t e estabelecida. p r a n d i a l . A deficiência de m i n e r a l o c o r t i c ó i d e s leva à desidrata-
Sugeriu-se que a dosagem dos esteróides salivares reflete a ção c o m hipotensão, h i p o n a t r e m i a e hipercalemia. A liberação
fração livre de esteróide (não ligado à proteína) n o sangue e p o d e hipofisária excessiva de A C T H e os peptídeos precursores rela-
fornecer informações semelhantes àquelas derivadas da dosagem cionados, não verificada pelo sistema de feedback negativo, p o d e
dos esteróides livres u r i n á r i o s . causar h i p e r p i g m e n t a ç ã o da pele e m e m b r a n a s mucosas p o r
A dosagem d o c o r t i s o l e da progesterona f o i d e t e r m i n a d a na m e i o da ação do h o r m ô n i o e s t i m u l a d o r de melanócitos nos
saliva. Os protocolos de amostragens da saliva são vantajosos pois melanócitos.
Distúrbios Adrenocorticais CAPÍTULO 40 775
INSUFICIÊNCIA ADRENAL
Normal Primária Secundária Terciária
EXAMES DE TRIAGEM
ACTH plasmático (8:00h) 10-85 pg/mL Aumentado Normal ou reduzido Normal ou reduzido
Cortisol sérico (8:00h) 5-23 pg/dL Reduzido Normal ou reduzido Normal ou reduzido
EXAMES DESAFIADORES
Pico de cortisol cem estimulação de >20 jjg/dL <20pg/dL Qualquer Qualquer
ACTH rápida
Exame noturno com metirapona >7 ng/dL Não indicado . <7 M g/dL <7 M g/dL
ACTH plasmático com >150 pg/mL Não indicado 150 M g/dL 150pg/dL
11 -desoxiccrtisal plasmático
ACTH plasmático com exame de Não indicado Não indicado Resposta reduzida Resposta aumentada
estimulação com CRH
Hipoatdosteronismo
A produção deficiente de aldosterona ocorre e m i n d i v í d u o s c o m
doença de A d d i s o n (Tabela 40-4). 1 Ela t a m b é m ocorre em pacien-
tes c o m (1) p r o d u ç ã o inadequada de r e n i n a pelo r i m , q u e leva a
A dosagem de A C T H basal e concentrações de cortisol, jun- deficiência secundária de aldosterona ( h i p o a l d o s t e r o n i s m o h i p o r -
tamente c o m exame de estimulação de A C T H , é recomendada reninêmico); (2) defeitos hereditários enzimáticos na biossintese
se Houver suspeita de insuficiência adrenal p r i m á r i a a p a r t i r da da aldosterona e (3) formas a d q u i r i d a s de deficiência p r i m á r i a de
anamnese e sintomas. As concentrações plasmáticas basais de aldosterona (terapia c o m h e p a r i n a e pós-cirutgia). As alterações
A C T H maiores que 150 p g / m L c o m concentrações séricas de metabólicas resultantes são hipercalemia e h i p o n a t r e m i a , fre-
c o r t i s o l menores q u e 10 H g / d L são diagnosticas de insuficiência q ü e n t e m e n t e c o m acidose h i p o c l o r ê m i c a . A depleção b r a n d a o u
adrenal. U m a resposta s u b n o r m a l de c o r t i s o l no exame de esti- m o d e r a d a de v o l u m e , f r e q ü e n t e m e n t e c o m hipotensão p o s t u r a l
m u l a ç ã o de A C T H sustenta o diagnóstico de insuficiência adrenal o u não provocada, t a m h é m p o d e ocorrer. O h i p o a l d o s t e r o n i s m o
p r i m á r i a . U m a resposta n o r m a l de c o r t i s o l à estimulação d o h i p o r r e n i n è m i c o t a m b é m f o i estabelecido ao se d e m o n s t r a r falha
A C T H estabelece que o córtex adrenal é capaz de liberar cortisol no a u m e n t o da r e n i n a e aldosterona plasmáticas, e m resposta à
de u m a f o r m a n o r m a l . U m a resposta s u b n o r m a l à estimulação estimulação c o m f u r o s e m i d a o u postura ereta. Este d i s t ú r b i o é
do A C T H sugere o diagnóstico de i n s u f i c i ê n c i a adrenal secundá- mais c o m u m em pacientes idosos e e m i n d i v í d u o s c o m diabetes
r i a o u terciária (Tabela 40-3). mel li tus. U m a f o r m a de r e n i n a alta f o i observada c o m menos
N a insuficiência adrenal secundária o u terciária, a p r o d u ç ã o f r e q u ê n c i a d o que a f o r m a de h i p o r r e n i n a .
inadequada de c o r t i s o l pode ser causada p o r processos destruti- O s pacientes c o m insuficiência adrenal p r i m á r i a e m geral
vos n o eixo h i p o t a l â m i c o - h i p o f i s á r i o q u e resultam e m u m a t a m b é m t ê m deficiência de aldosterona. A m a i o r parte dos endo-
776 PARTE V Fisiopatologia
TABELA 40-4 S í n d r o m e s de H i p o a l d o s t e r o n i s m o
i
T A B E L A 4 0 - 7 I Diagnóstico Diferencial na Síndrome de Cushing
EXAMES DE TRIAGEM
Cortisol livre na urina <100 ^g/dia >120 pg/dia >120 pg/dia >120 jug/día
Exame noturno de supressão com
dexametasona
Cortisol sérico (8:00 h) <3 ng/dL >10 ng/dL >10 juig/dL >10 ng/dL
Da glândula hipotisária - + - -
De outros locais - - - +
Exame de estimulação de CRH com
amostragem venosa de SPI
Razão entre ACTH na veia do SPI e Não indicado >3 <3 <3
o da veia periférica
aparece na u r i n a como cortisol livre. Em geral, uma concentração mente elevadas em pacientes com síndrome de Cushing e hiper-
de cortisol livre na urina de 24 horas menor que 100 p g / d i a plasia macronodular. As concentrações plasmáticas de A C T H
exclui o diagnóstico de síndrome de Cushing, e concentrações com freqüência são acentuadamente elevadas em pacientes com
maiores que 120 p g / d i a sugerem seu diagnóstico {Tabela 40-7). tumores não-endócrinos secretores de A C T H porque alça de
A acurácia diagnostica clínica é de mais de 9 0 % quando o exame feedback negativo n o r m a l não responde nesta situação. As con-
é realizado de maneira adequada. U m a taxa de excreção elevada centrações plasmáticas de A C T H maiores que 300 pg/mL em
documenta superprodução de coítisol. Enrreranto, observou-se geral são sugestivas de n i m o r não-endócrino secretor de A C T H ,
que (1) momento inadequado da coleta de amostra de urina O exame de supressão com alta dose de dexametasona é útil
(mais de 24 horas), (2) uso concomitante de u m diurético, (3) para diferenciar a síndrome de Cushing causada por tumores
ingestão de alto teor de sal, (4) depressão e (5) estresse causam adrenais e tumores não-endócrinos que secretam A C T H da
resultados falsos-positivos. As dosagens de cortisol na urina não doença de Cushing hipofisária. I 0 Alguns pacientes com doença de
estabelecem o diagnóstico, e u m resultado anormal deve ser Cushing apresentam resultados fa ls o-neg ativos com supressão
acompanhado por repetição do exame o u teste provocativo. com baixa dose de dexametasona. Os resultados falso-negativos
O u t r o exame de triagem confiável e conveniente para sín- dos exames sao avaliados administrando-se 1 mg (baixa dose) o u
drome de Cushing é o exame de supressão noturna com baixa 8 mg (alta dose) de dexametasona à meia-noite (exame de supres-
dose de dexametasona (1 m g à meia-noite), com dosagem de são noturna com dexametasona). O soro é coletado às 8 horas
cortisol sérico (suprimido para menos de 5 p g / d L [140 n m o l / L ] ) para dosagem de cortisol. Nos pacientes com tumores adrenais e,
às 8 horas da manhã seguinte. com poucas exceções, naqueles pacientes com tumores não-endó-
O exame do r i t m o circadiano de secreção de cortisol também crinos que secretam A C H T , a supressão não ocorre após adminis-
tem sido usado para fazer a triagem para síndrome de Cushing. tração de alta dose de dexametasona. A maioria dos pacientes com
A diferença da manhã para a noite é perdida em pacientes com hiperplasia macronodular não apresenta supressão normal no
síndrome de Cushing, de forma que as concentrações noturnas exame de alta dose com os exames noturnos n e m com os de
são inapropriadamente elevadas acima do normal. múltiplas doses. Eles, em geral, apresentam concentrações men-
suráveis de A C T H . C o m o exame de alta dose, menos de 10%
Diagnóstico Diferencial da Síndrome de Cushing dos pacientes com doença de Cushing falham em mostrar algum
Os exames de triagem discutidos anteriormente sugerem sín- grau de supressão, embora a maioria apresente apenas 50% a 6 0 %
drome de Cushing endógena. O exame mais definitivo deve de supressão. Os resultados falso-positivos ocorreram nos pacien-
então ser realizado para determinar a origem da superprodução tes com clearance acelerado de dexametasona, assim como em
do cortisol, quando observada nos exames de triagem (Tabela pacientes que recebem fármacos indutores de enzima, como a
40-7). As concentrações plasmáticas de A C T H são baixas nos fenitoína. Nestes pacientes, as dosagens de dexametasona plasmá-
pacientes com tumores supra-renais e normais ou moderada- tica são úteis para medir a concentração sanguínea efetiva.
778 PARTE V Fisiopatologia
trações anormais de esteróides n o sangue e na u r i n a n o intervalo de peso. N ã o h o u v e relatos de tumores virilizantes menores que
de referência. 1 c m de diâmetro. Os carcinomas e m geral pesam mais de 3 0 g.
O hiperaldosteronismo secundário é suspeito em pacientes renal de potássio, o diagnóstico de aldosteronismo não precisa
com depleção de volume, edema Ê alcalose hipocalêmica. As ser considerado posteriormente. 2 1 0
dosagens das atividades de renina e aldosterona raramente são N o aldosteronismo p r i m á r i o , a baixa atividade de renina e a
necessárias nestes casos. Suas dosagens têm importância inesti- alta concentração de aldosterona são esperadas. M u i t o s outros
mável, contudo, na investigação de distúrbios primários no fatores, contudo, i n f l u e n c i a m a secreção de renina e aldosterona
sistema renina-angiotensina-aldosterona, na avaliação de estenose e estes fatores têm de ser reconhecidos e compreendidos antes
da artéria renal e na gênese e manutenção da hipertensão arte- do exame. Pelo fato de fármacos, como os inibidores da E C A ,
rial. betabloqueadores e espironolactona alterarem a liberação de
renina, os pacientes devem suspender estes medicamentos por
Diagnóstico Laboratorial várias semanas antes de se determinar a razão entre atividade de
A hipocalemia é o p r i n c i p a l achado clínico que indica a presença aldosterona plasmática/renina plasmática. O uso de u m i n i b i d o r
de aldosteronismo p r i m á r i o em u m paciente c o m hipertensão da E C A como o captopril também foi empregado para o diag-
diastólica. 2 Para confirmar o diagnóstico, é necessário demonstrar nóstico de aldosteronismo p r i m á r i o . E m indivíduos que são nor-
(1) hipossecreção de renina que não é corrigida de maneira motensos ou têm hipertensão essencial, a inibição aguda da E C A
apropriada durante a depleção de v o l u m e e (2) hipersecreção de reduz a produção de aldosterona mediada pela angiotensina, e a
aldosterona que falha em s u p r i m i r de maneira apropriada durante produção a u t ô n o m a de aldosterona a partir de u m adenoma
a expansão de volume. A Figura 40-6 traz uma sugestão de p r o d u t o r de aldosterona não é afetada pelo i n i b i d o r da E C A .
esquema para avaliar pacientes com suspeita de excesso de mine- A determinação da responsividade da renina plasmática,
ralocorticóides. contudo, não é suficiente para diagnosticar o aldosteronismo
A maioria dos pacientes c o m superprodução autônoma de p r i m á r i o , porque a atividade da renina plasmática suprimida
aldosterona é hipocalêmica. Entretanto, a maioria dos pacientes (ARP) t a m b é m ocorre e m cerca de 2 5 % dos pacientes c o m hiper-
c o m hipocalemia não tem aldosteronismo p r i m á r i o . N o hiperal- tensão essencial. E possível diferenciar aldosteronismo p r i m á r i o
dosteronismo, a excreção urinária de potássio é inapropriada- de outros estados hipermineralocorticóides c o m base na secreção
mente alta, e u m potássio de urina aleatória menor do que 30 inapropriada de aldosterona. A demonstração de uma concentra-
m m o l / L em geral é indicativo de aldosteronismo p r i m á r i o ou ção elevada de aldosterona no sangue o u u r i n a em u m paciente
algum tipo de distúrbio com excesso de mineralocorticóides. Se c o m uma concentração plasmática de renina inequivocamente
ficar comprovado que a hipocalemia é causada por perda não- suprimida (razão aldosterona plasmática/renina plasmática >50)
I
Dosagem de potássio na urina
I
>30 mmol/L <30 mmol/L
Excesso de Mineralocorticóides Sam Excesso de
Mineralocorticóides
Figura 40-6 Esquema para exame laboratorial de suspeita de aldosteronismo que causa hipertensão.
ARP, atividade de renina plasmática; JSp-OH, 183-hidrcxicorticasterona.
Distúrbios Adrenocorticais CAPÍTULO 40 781
é evidência suspeitável de aldosteronismo p r i m á r i o . Pelo fato de m e n t e após depleção de sódio, t a m b é m é p r e d i t i v a de boa res-
a h i p o c a l e m i a ter u m efeito supressivo na secreção de aldoste- posta à cirurgia em 9 0 % dos casos.
rona, o déficit de potássio deve ser substituído antes da realização
das dosagens de aldosterona. Para estabelecer a a u t o n o m i a da EXAME DO ESTADO FUNCIONAL DO CÓRTEX
aldosterona, o m é d i c o p o d e tentar s u p r i m i r a produção de aldos- ADRENAL
terona c o m r á p i d a expansão de v o l u m e usando u m rnineralocor-
O estado f u n c i o n a l do eixo hipotalámico-hipofisário-adrenal é
ticóide p o t e n t e o u captopril. A falha em s u p r i m i r a aldosterona
avaliado pela dosagem de A C T H e adrenocorticosteróides (como
usando estas manobras c o n f i r m a o diagnóstico de aldostero-
o cortisol e a aldosterona) n o sangue sob condições basais e esti-
nismo primário.
muladoras. E n t r e t a n t o , é p r o b l e m á t i c o confiar nas concentrações
U m a vez estabelecido o diagnóstico de aldosteronismo p r i m á -
h o r m o n a i s basais para estabelecer a presença de distúrbios corti-
r i o , é necessário d i s t i n g u i r entre A P A e H A I bilateral. Esta dife-
cais adrenais devido à natureza secretora episódica e circadiana
renciação é v i t a l p o r q u e a m a i o r i a dos pacientes c o m adenomas
dos h o r m ô n i o s envolvidos n o eixo hipotalâmico-hipofisário-
adrenais responde de maneira positiva à retirada cirúrgica d o
adrenal. O exame d i n â m i c o deste eixo ajuda a d e f i n i r anormali-
t u m o r . Os pacientes c o m hiperplasia adrenal não r e s p o n d e m e
dades que não são refletidas na secreção basal de h o r m ô n i o s .
são tratados clinicamente. A localização usando técnicas de
i m a g e m t e m sido ú t i l . I n ú m e r o s indícios b i o q u í m i c o s t a m b é m
a j u d a m n o diagnóstico diferencial. A hípersecieção de aldoste-
Função do Corticosteróide
r o n a e a supressão de r e n i n a plasmática em geral são maiores
Concentrações Basais de Peptídeo e Hormônios
c o m adenomas adrenais. A p ó s a depleção de sódio o u após 2 a Esteróides
4 horas em postura ereta, os pacientes c o m A P A em geral não A secreção episódica e a variação circadiana l i m i t a m a acurácia
apresentam alterações o u queda paradoxal na aldosterona plas- diagnostica clínica das concentrações do cortisol sérico basal. As
mática. Os pacientes c o m H A I tipicamente apresentam u m concentrações séricas de cortisol são mais altas nas primeiras
a u m e n t o da aldosterona plasmática. As concentrações plasmáti- horas da m a n h ã e v a r i a m de 5 a 25 (J.g/dL entre 4 e 12 horas. Os
cas elevadas dos substratos precursores de aldosterona, c o m o valores n o f i n a l da tarde são cerca da metade das concentrações
18-hidroxicorticosteróide (>85 n g / d L ) , são observados na m a i o r i a da m a n h ã e freqüentemente são menores que 5 ( i g / d L entre 2 2
dos pacientes c o m A P A , mas não naqueles c o m H A I . e 2 horas. O cortisol sérico c o m b i n a d o c o m A C T H plasmático
m e l h o r a a acurácia diagnostica dos valores basais.
O cortisol livre u r i n á r i o o b t i d o de u m a coleta de u r i n a de 24
Outras Causas de Excesso de Mineralocorticóides
horas é u m a m e d i d a integrada de cortisol plasmático livre e
Adrenais
e l i m i n a a i n f l u ê n c i a circadiana na secreção d o cortisol. As dosa-
Descobriu-se que os carcinomas adrenocorticais p r o d u z e m m i n e -
gens de cortisol livre na u r i n a são, p o r r a n r o , consideradas o
ralocorticóides e m excesso e p r o v o c a m hipertensão com hipoca-
m e l h o r exame de triagem para h i p e r a d r e n o c o r t i c i s m o . A taxa de
lemia. 1 0 A aldosterona o u a D O C , o u ambas, p o d e m ser p r o d u -
excreção de c o r t i s o l u r i n á r i o livre e m i n d i v í d u o s saudáveis cai
2idas em excesso. A s concentrações de mineralocorticóides não
entre 20 e 80 j i g / d i a .
r e s p o n d e m à terapia c o m glicocorticóides o u a alterações n o
A secreção de m i n e r a l o c o r t i c ó i d e s e andrógenios adrenais
estado salino. As T C são úteis. Os carcinomas adrenais e m geral
t a m b é m é de natureza circadiana e episódica, mas as mudanças
são t u m o r e s grandes que pesam mais de 30 g; os adenomas
dinâmicas nas concentrações não são tão p r o n u n c i a d a s c o m o
secretores de aldosterona são m u i t o menores. O achado de baixa
c o m o cortisol. E m geral recomenda-se, c o n t u d o , que as amostras
atividade dc r e n i n a plasmática c concentração de aldosterona sob
de sangue para esteróides adrenais sejam coletadas entre 7:00 e
circunstâncias que devem causar u m a elevação (estimulação c o m
10:00 horas, para que haja consistência na interpretação dos
f u r o s e m i d a o u postura ereta) sustentaria o diagnóstico.
resultados.
O u t r o s distúrbios i n c o m u n s que sugerem excesso o u deficiên-
cia de aldosterona, mas não estão conectados ao sistema renina-
angiotensma-aldosterona, i n c l u e m síndromes de Liddle e Bartter. A
Testes de Estimulação
s í n d r o m e de L i d d l e t a m b é m é conhecida c o m o pseudo-hiperal- Os testes de estimulação provocativos são úteis na d o c u m e n t a ç ã o
d o s t e i o n i s m o e é clinicamente semelhante ao aldosteronismo da hipossecreção dos h o r m ô n i o s adrenocorticais. 1 0 Aplica-se u m
p r i m á r i o , mas a p r o d u ç ã o de aldosterona é baixa e não há hiper- estímulo específico e a liberação de u m d e t e r m i n a d o h o r m ô n i o
tensão. N a s í n d r o m e de Bartter, que envolve u m a perda de potás- é m e d i d a e m u m p e r í o d o específico de tempo. Os testes de estimu-
sio renal mediada pela prostaglandina e defeito renal de m a n e j o lação âo ACTH, algumas vezes chamados de "teste de cosintro-
do cloreto, t a n t o as concentrações de aldosterona c o m o as ativi- p i n a " , são projetados para d o c u m e n t a r a capacidade f u n c i o n a l
dades da r e n i n a são elevadas. N a acidose t u b u l a r renal e n o das glândulas adrenais e m sintetizar cortisol. E m i n d i v í d u o s
pseudo-hipoaldosteTonismo, o q u a d r o clínico de hipoaldostero- sadios, a administração de A C T H exógeno a u m e n t a r a p i d a m e n t e
n i s m o é observado j u n t a m e n t e c o m concentrações maiores que a a secreção de cortisol em duas a três vezes em u m período de 60
n o r m a l de aldosterona. m i n u t o s após a aplicação do estímulo. Esta resposta f u n c i o n a l
pode seT prejudicada p o r a t r o f i a adrenal, causada p o r u m a defi-
ciência crônica de A C T H , o u p o r destruição p r i m á r i a do córtex
Renina Plasmática na Hipertensão Renovascular adrenal. A seqüência b i o l o g i c a m e n t e ativa de 1-24 aminoácidos
Usada c o m o u m exame de triagem, u m a atividade de renina de A C T H h u m a n o f o i sintetizada e está disponível c o m o tetra-
plasmática elevada após estimulação c o m f u r o s e m i d a o u q u a n d o cosactrina (Synacthen). Este c o m p o s t o é u m estimulante potente
correlacionada c o m excreção u r i n á r i a de sódio sugere estenose para secreção de cortisol e tem u m a meia-vida breve e antigeni-
de artéria renal c o m o causa da hipertensão. Se houver evidências cidade m í n i m a . U m pice de concentração plasmática de c o r t i s o l
arteriográficas de estenose de artéria renal, a dosagem de renina m a i o r que 20 (J.g/dL (>525 n m o l / L ) em u m p e r í o d o de 60
plasmática e m amostras obtidas da cateterização seletiva da veia m i n u t o s da administração intravenosa de Synacthen é d e f i n i d o
renal é ú t i l para prever a resposta à correção cirúrgica da lesão c o m o u m a resposta n o r m a l .
vascular renal o u à n e f r e c t o m i a . A lateralização da r e n m a nas U m exame d i r e t o e seletivo da f u n ç ã o da glândula h i p ó f i s e é
veias renais para o l a d o r a d i o g r a f i c a m e n t e envolvido, especial- o teste de. estimulação com C R H 10 A injeção de C R H o v i n o es ti-
782 PARTE V Fisiopatologia
renina-angiotensina são baseados nas manobras de depleção de o uso de outros procedimentos. O c a p t o p r i l essencialmente i n i b e
v o l u m e , c o m o (1) restrição de sódio, (2) postura ereta o u (3) a conversão de angiotensina I a angiotensina II, r e m o v e n d o o
administração de diuréticos. 1 N o exame de estimulação com furcse- estímulo da angiotensina I I para a secreção de aldosterona. A
mida, administra-se f u r o s e m i d a p o r via oral o u intravenosa (40 a aldosterona plasmática é m e d i d a e n q u a n t o o paciente está sentado,
80 mg), seguida de 4 horas na posição ereta Este exame não antes e 2 a 3 horas após a administração oral de 25 m g de capto-
requer hospitalização, dietas especiais o u ficar de pé p o r tempo pril. Os i n d i v í d u o s sadios s u p r i m e m a aldosterona plasmática para
p r o l o n g a d o , embora ele f u n c i o n e m e l h o r q u a n d o se m a n t é m menos de 15 n g / d L (<410 p m o l / L ) .
u m a dieta c o m ingestão n o r m a l de sal. A resposta n o r m a l a este
d i u r é t i c o é u m a elevação de duas a três vezes na r e n i n a plasmá-
tica. O u t r o exame simples e conveniente de estimulação consiste
REFERÊNCIAS
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de sal que c o n t é m menos de 2 0 m m o l / d i a de sódio é adminis- 1. Bessei G M , Thcímer M O , eds. Endociinology, 3rd ed. Philadelphia: W B
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APÍTULO 4 1
Doenças Tireoidianas*
Laurence M. Demers, Ph.D., D.A.B.C.C., F.A.C.B.
OBJETIVOS H o r m ô n i o L i b e r a d o r da T i r e o t r o p i n a ( T R H ) : U m t r i p e p t í d e o
p r o d u z i d o n o h i p o t á l a m o que e s t i m u l a a síntese e liberação
1. Definir os seguintes termos:
do T S H da adeno-hipófise.
Folículo
S í n d r o m e do D o e n t e E u t i r e o i d i a n o i C o n d i ç ã o clínica q u e
Coió ide
cursa c o m concentrações a n o r m a i s de h o r m ô n i o
Tireoglobulina
t i r e o i d í a n o e h o r m ô n i o e s t i m u l a n t e da tireóide presente
Hormônio liberador da tireotropina
nos doentes gravemente enfermos, e m face de u m a função
T a reverso
t i r e o i d i a n a n o r m a l . F r e q ü e n t e m e n t e s i m u l a u m q u a d r o de
Bócio
h i p o t i r e o i d i s m o e m pacientes e u t i r e o i d i a n o s que t e n h a m
Eutireoidiano outras doenças, c o m o diabetes mellitus o u cirrose hepática.
2. Descrever a estrutura e função da tireóide. T i r e o g l o b u l i n a : U m a glicoproteína que c o n t é m i o d o de alto
3. Listar os hormônios sintetizados pela tireóide e descrever suas peso m o l e c u l a r (663 k D a ) presente n o colóide dos folículos
funções. da tireóide.
4. Descrever a síntese, regulação e metabolismo dos hormônios T i r e o i d i t e : I n f l a m a ç ã o da glândula tireóide. É u m a
tireoidiancs. característica da doença de H a s h i m o t o , u m d i s t ú r b i o auto-
5. Relatar os efeitos dos aumentos e reduções das concentrações de i m u n e que causa a destruição da tireóide.
hormônios tireoidianos sobre as concentrações de TSH. T i r o x i n a ( T 4 ) : O p r i n c i p a l h o r m ô n i o sintetizado e l i b e r a d o
6. Listar os testes de laboratório usados para avaliar a função pela tiTeóide que contém quatro moléculas de i o d o
tireoidiana. (L-3,5,3',5'-tetraiodotironma).
7. Listar os valores de laboratório associados a: T r i i o d o t i r o n i n a (T 3 ): A f o r m a biológica ativa de h o r m ô n i o
Doença de Hashimoto {tireoidite crônica) t i r e o i d i a n o p r o d u z i d a p r i m a r i a m e n t e fora da t i r e ó i d e pela
Doença de Graves desiodinação da t i r o x i n a (T 4 ). T e m três moléculas de i o d o
Hipotireoidismo secundário ligadas à sua estrutura m o l e c u l a r ( L - 3 , 5 , 3 ' - t r i i o d o t i r o n i n a ) .
O T3 reverso é u m m e t a b ó l i t o b i o l o g i c a m e n t e inerte da
Anticorpos tireoidianos
t i r o x i n a ( T J , c o m três moléculas de i o d o anexadas à sua
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES estrutura molecular (L-3,3',5'- t r i i o d o t i r o n i n a )
A
C o l ó i d e : U m m a t e r i a l a m o r f o e n c o n t r a d o nos folículos da tireóide é u m a glândula em f o r m a de b o r b o l e t a situada na
tireóide. E c o m p o s t o p r i n c i p a l m e n t e de t i r e o g l o b u l i n a (Tg) face anterior do pescoço logo acima da t r a q u é i a n o h u m a n o
e pequenas quantidades de t i r e o a l b u m i n a iodada. adulto (veja Figura 25-1, C a p í t u l o 25). A tireóide comple-
D o e n ç a de Graves: U m a doença t i r e o i d i a n a de caráter auto- tamente desenvolvida nos adultos pesa a p r o x i m a d a m e n t e de 15 a
i m u n e . Caracterizada p o r apresentar pelo menos duas das 20 g e é composta de dois lóbulos ligados p o r u m istmo.
seguintes condições: h i p e r t i r e o i d i s m o , b ó c i o e exoftalmia. O folicuia tireoidiano é a u n i d a d e secretora da tireóide. C a d a
T a m b é m c o n h e c i d a na E u r o p a c o m o doença de Basedow. f o l í c u l o possui u m a camada exterior de células epiteliais que
E u t i r e o i d i a n o : O que t e m f u n ç ã o t i r e o i d i a n a n o r m a l . engloba u m m a t e r i a l a m o r f o c h a m a d o colóide. O c o l ó i d e é com-
H i p e r t i r e o i d i s m o : U m a c o n d i ç ã o causada pela p r o d u ç ã o posto p r i n c i p a l m e n t e de t i r e o g l o b u l i n a (Tg) e pequenas q u a n t i -
excessiva dos h o r m ô n i o s t i r e o i d i a n o s iodados. Os sintomas dades de t i r e o a l b u m i n a iodadas. Acredita-se que as reações
i n c l u e m a u m e n t o do m e t a b o l i s m o basal, b ó c i o , taquicardia, i m p o r t a n t e s da síntese dos h o r m ô n i o s tireoidianos, c o m o a
hipertensão arterial, e u m a série de sintomas secundários. iodação e a fase i n i c i a l da secreção d o h o r m ô n i o (reabsorção do
H i p o t i r e o i d i s m o : U m a condição de deficiência na atividade colóide), devam ocorrer na superfície das células epiteliais o u
t i r e o i d i a n a , causando letargia, fraqueza muscular e p r ó x i m o s a ela.
i n t o l e r â n c i a ao f r i o . A tireóide t a m b é m c o n t é m o u t r o t i p o de célula, c o n h e c i d a
H o r m ô n i o E s t i m u l a n t e da T i r e ó i d e ( T S H ) : U m h o r m ô n i o c o m o parafolicular o u célula C. Essas células p r o d u z e m u m hor-
p o l i p e p t í d i c o sintetizado pela adeno-hipófise que p r o m o v e m ô n i o p o l i p e p t í d i c o c h a m a d o cakitonina. Elas estão confinadas
o crescimento da t i r e ó i d e e estimula a síntese e liberação d e n t r o da l â m i n a basal das células foliculares o u existem e m
dos h o r m ô n i o s t i r e o i d i a n o s pela mesma. T a m b é m chamado grupos entre os espaços das células foliculares.
de t i r e o t r o p i n a .
HORMÔNIOS TIREOIDIANOS
A t i r e ó i d e secreta dois h o r m ô n i o s , a t i r o x i n a (3,5,3',5''L-tetraio-
d o t i r o n i n a ) e a t r i i o d o t i r o n i n a ( 3 , 5 , 3 ' - L - t r i i o d o t i r o n i n a ) , que são
* 0 autor agradecidamente reconhece as contribuições prévias de R. '. Whitley,
nas quais se baseiam partes deste capitulo, e a revisão crítica de C.A. Spcncer c o m u m e n t e conhecidas c o m o T 4 e T 3 , respectivamente (Tabela
neste capitulo. 41-1). A l é m disso, a tireóide secreta pequenas quantidades de
786 PARTE V Fisiopatologia
MIT DIT
TABELA 41-1 N o m e n c l a t u r a e Abreviação para os Testes
HJN^ ^COOH HjN, „COOH
L
Tireoidianos
XI
índice de T„ livre |T„ Y THBR] FT4I
índice de T 3 livre [TA * THBR] FT3I
Razão T 4 /TBG VTBG OH OH
Estimativa de h livre (por imunoensaio)5 FT<E
Figura 41-1 Estrutura dos hormônios tireoidianos e seus
PROTEÍNAS DE LIGAÇÃO SÉRICAS precursores. M Í T , Monoiodotirosina; D/T, diiodotirosina; rTj, 3,3',5'-L-
Globuiina ligadcra da tiroxina TBG triiodotironina; T 3i 3,5,3'-L-iriiadci:iranina; T^. 3,5,3',5'-L-
Pré-albumina ligadora da tiroxina ftranstiretina) TBPA tet ra iodo tiro ni na.
//
7
T S H (h As sínteses de T , , T 4 , D I T e M I T nas moléculas de Tg ocorrem
lodo principalmente na interface célula folicular-colóide, mas t a m b é m
proveniente dentro do colóide. A Tg está presente em altas concentrações
da dieta dentro do colóide, onde é armazenada. As células foliculares
(150 (ig/dia) '• T4 3 (6 | i g / d ]
englobam os glóbulos de colóide por endocitose. Esses glóbulos
(80 | i g / d ) Desiodi nação
Periférica
então se f u n d e m c o m os lisossomas dento da célula folicular. As
T 3 (30 ug/dia) proteases lisossomais q u e b r a m as ligações peptídicas entre resí-
Tireóide
duos iodados e a Tg, então o T 4 , o T 3 l o D I T , e a M I T são libe-
rados para dentro do citoplasma da célula folicular. O T 4 e T3
Figura 4 1 - 2 Síntese h o r m o n a l d o eixo h i p o t a l â m i c o - h i p o f i s á l i o - difundem-se para a circulação depois de sua liberação da Tg. A
tireoidiano dependente da ingestão diária de 150 pg dc iodo por dia. A D I T e a M I T são desiodinadas pela iodotirosina desalogenase
t i r o x i n a ( T , ) é a p r i n c i p a l t i r o n i n a secretada pela tireóide, e o T 3 é microssomal intracelular. O iodo liberado é então reutilizado
p r o v e n i e n t e p r i n c i p a l m e n t e da desiodinação periférica. paia a síntese do h o r m ô n i o da tireóide.
Resíduos
Tireóide
tirosil da
tireoglobulina
I lillu
gastiafnrnttinal
Enzima
de captação
Dependente de Ga
Iodo lado
plasmático tireoidíano
Inibido •
1°
Fígado
1. Desaminação
OJft
2. Desiodinaçãc Bili
Resíduos dc
3. Esterificação t Q i 9
monoiodotiiosina (MIT) e
Tecidos diiodorirosina (DIT)
Transportado por
TBG, TBPA e
albumina
IJ-Jí
T,
3,5|3'*TriJodotironma { T J
HOO<
\ '
Desiodinado para T3 e 1 1
3,3'.5'-triiudotironina 3,5,3',5'-Tecraiodotironina (T4)
(Tj reverso) Tireogiofcuiiriíi
{frotease
Figura 4 1 - 3 Formação e secreção do hormônio tireoidiano. O transporte do iodo paTa a glândula é inibido
p o r ânions, c o m o t i o c i a n a t o ( S C N ' ) , p e r c l o r a t o ( C I O 4 ) e pertecnetato ( T c 0 4 ' ) . A oxidação e ligação orgânica d o
i o d o à t i r e o g l o b u l i n a são bloqueadas p o r tiouréias, s u l f o n a m i d a s e altas concentrações de i o d o . ( M o d i f i c a d o de
Berger S, Q u i n n ] L T h y r o i d f u n c t i o n . ín: Tietz N W , ed. F u n d a m e n t a l s o f C l i n i c a i C h e m i s t r y , 2 n d ed.
P h i l a d e l p h i a : W B Saunders C o , 1976:585.)
1
788 PARTE Fisiopatologia
Cada etapa na síntese dos h o r m ô n i o s tireoidianos é regulada QUADRO 41-1 Alterações na Concentração ou Afinidade
pelo h o r m ô n i o estimulante da tireóide ( T S H ) da hipófise. O das Proteínas de Ligação dos Hormônios
T S H estimula o (1) "bombeamento do iodo", (2) a síntese de Tg Tireoidianos
e (3) a captação coloidal pelas células foliculares. O T S H também
regula a taxa de proteólise da Tg para a libéração de T 4 e T 3 . A l é m
AUMENTO NA:
disso, o T S H induz a u m aumento n o tamanho e na quantidade
A. Concentração (cu afinidade) de TBG
de células foliculares da tireóide. O estímulo prolongado de T S H
1. Causas genéticas (herdadas)
leva a uma elevação de vascularidade e eventual aumento hiper-
2. Doenças não-tireoidianas {infecção por HIV, hepatite infecciosa DU
trófico da tireóide (bócio).
crônica, tumores produtores de estrógeno, porfíria aguda intermitente)
3. Fisiologia normal (gravidez, recém-nascido)
Metabolismo 4. Uso de dragas (contraceptivos orais, estrógenos, tamoxifeno, meta-
O T 4 livre (FT 4 ) é o p r i n c i p a l p r o d u t o secretado pela tireóide. de na)
Ocorre desiodinação periférica do anel exrerno na posição 5' do B. Concentração de pré-albumina
T4 para produzir T 3 . Essa desiodinação ocorre em vários tecidos, C. Ligação de albumina (hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar)
mas principalmente n o fígado. O T 3 reverso, produzido pela D. Ligação de T4 por anticorpos (doença tireoidiana auto-imune, carcinoma
remoção de u m iodo do anel interior de T 4 , é metabolicamente hepatocelular)
inativo e é u m p r o d u t o f i n a l do metabolismo da T 4 (Figura 41-1).
A desiodinação periférica é u m mecanismo de controle rapida- REDUÇÃO NA:
mente responsivo para o equilíbrio do h o r m ô n i o tireoidiano. O A. Concentração de TBG
estresse agudo o u crônico ou doença causam uma troca na 1. Determinação genética (herdada)
2. Doença não-tireoidiana (doenças graves ou estresse cirúrgico, síndrome
direção dessa desiodinação, favorecendo a formação de rT 3 em
nefrótica)
vez de T 3 . Vários medicamentos também desviam a desiodinação
3. Uso de dragas (andrógenos, esteróides anahclizantes, grandes doses de
periférica em direção à formação do produto rT 3 inativo.
glicorticóides)
T f e T 3 circulam ligados reversivelmente e quase completa-
B. Capacidade de ligação de TBG (drogas que se ligam a TBG, como sallcitatos
mente a proteínas transportadoras. Essas proteínas transportado-
e tenitoína)
ras são (1) globulina ligadora da tiroxina (TBG), (2) pré-albumina
C. Concentração de pré-albumina
ligadora da tiroxina (TBPA), e (3) albumina. Coletivamente, elas
se ligam a 99,97% do T 4 e 9 9 , 7 % do T 3 . Assim, apenas uma
pequena fração de cada u m desses h o r m ô n i o s está na f o r m a livre
para exerceT atividade biológica. Por causa da grande variação
m U l / L 1 " ' 1 1 Clinicamente, esses ensaios são capazes de medir o
existente na concentração das proteínas ligadoras do T 4 , mesmo
T S H em concentrações requeridas para diferenciar c o m acurácia
sob circunstâncias normais, u m a ampla variação cambém existe
as baixas concentrações do T S H no soro observadas nos pacien-
no t o t a l de concentrações de T 4 entre indivíduos com função
tes c o m hipertireoidismo verdadeiro das concentrações suprimi-
tireoidiana n o r m a l (eutireoidianos). As concentrações totais de
das encontradas em pacientes c o m doenças não-tireoidianas.
T 3 também variam com as alterações das proteínas de ligação,
A secreção do T S H ocorre de maneira circadiana: as mais altas
embora usualmente menos que as concentrações de T 4 . As cir-
concentrações p r e d o m i n a m à noite, entre 2:00 e 4:00h, e as mais
cunstâncias nas quais as concentrações das proteínas ligadoras do
baixas ocorrem entre 17:00 e 18:00h. As oscilações de baixa ampli-
h o r m ô n i o da tireóide a u m e n t a m o u d i m i n u e m são mostradas no
tude t a m b é m ocorrem durante o dia. 9 O aumento n o t u r n o do
Q u a d r o 41-1.
T S H é perdido em doenças críticas e no pós-operatório. O T S H
se eleva imediatamente após o nascimento, atingindo em 30
minutas o pico de 25 a 160 m U I / L ; os valores declinam em 3
METODOLOGIA ANALÍTICA dias até as concentrações do cordão umbilical, alcançando os
A Tabela 41-1 é uma revisão da nomenclatura dos testes utilizados valores típicos de adultos nas primeiras semanas de vida. Não
para avaliar os h o r m ô n i o s tireoidianos e as proteínas séricas existem diferenças significativas de sexo o u raça. As concentrações
relacionadas com a tireóide. As diretrizes para classificar os vários de T S H no soro dos indivíduos euureoidianos são de distribuição
testes tireoidianos foram descritas em u m relatório especial da log-gaussiana o u log-normal; os intervalos de referência deveriam
A m e r i c a n T h y r o i d Association. R Quase todos os testes de labora- ser avaliados logaritmicamente para alcançar uma melhor acurácia
t ó r i o para a função tireoidiana estão disponíveis comercialmente na detecção de limites mais baixos que o normal.
tanto na forma de ítit como de instrumentos de imunoensaios
automatizados. O seguinte relato é uma rápida descrição de testes Determinação da Tiroxina no Soro
considerados úteis para a avaliação do estado da tireóide. Descri- N o r m a l m e n t e , os laboratórios de análises clínicas medem o T 4
ções mais detalhadas de métodos serão discutidas mais adiante total c o m o uso dos imunoensaios competitivos executados por
neste capítulo. 1 As bulas que acompanham os produtos comer- instrumentos automatizados. M u i t o s imunoensaios de T 4 usam
ciais nas embalagens t a m b é m são u m a fonte de informação adi- anticorpos com alta afinidade produzidos contra u m conjugado
cional. Os intervalos de referência para as amostras analisadas albumina-T). Esses antnsoros policlonais são bastante específicos
serão discutidos posteriormente na Tabela 45-1 do Capítulo 45. e estão aptos a distinguir moléculas que diferem por apenas u m
átomo (p. ex., T 3 e T 4 ).
Determinação do Hormônio Estimulante da Os imunoensaios de T 4 total medem tanto a tiroxina livre
Tireóide Sérico como a tiroxina ligada à proteína. Por essa razão, a medição
O imunoensaio é o m é t o d o de escolha para quantificação do acurada do total de h o r m ô n i o s endógenos exige a dissociação do
T S H no soro em u m laboratório clínico. Os ensaios de alta T 4 de suas proteínas de transporte no soro, porque 9 9 , 9 7 % do
sensibilidade para o T S H que se tornaram disponíveis empregam T 4 circula firmemente ligado a T B G , a a l b u m i n a e a T B PA. A
vários sinais de detecção, i n c l u i n d o quimiolumínescência e ligação de T 4 à a l b u m i n a geralmente não é uma peocupação,
ensaios com baixos limites de detecção, na faixa de 0,01 a 0,05 porque a constante de associação de T 4 para o anticorpo (geral-
Doenças Tireoidianas CAPÍTULO 41 789
mente 1 0 9 L / m o l o u mais) é por várias ordens de magnitude mais algum grande laboratório de referência devido à pouca freqüên-
elevada que a de T 4 para a a l b u m i n a (~1,6 x 10 h L/mol). cia na necessidade de medição de rT 3 .
Entretanto, as constantes de ligação para T 4 com T B G e T B P A O rT 3 no soro está presente quase totalmente como o resul-
são elevadas (2 x 1 0 l ü L / m o l e 2 x 1 0 a L / m o l , respectivamente). tado de sua geração a partir do T 4 nos tecidos periféricos pelas
A ligação do T 4 a T B P A é superada pelo uso de tampão barbital, 5'-deiodinases. A concentração sérica de rT-j é mais baixa do que
porque o íort barbital inibe seletivamente esta ligação. Vários a do ^ por causa do rápido ckarancç metabólico do rT^. As
agentes bloqueadores são usados para i n i b i r a ligação de T 4 com concentrações séricas do rT 3 são elevadas ao nascimento, mas
a T B G , como o ácido 8-anilino-l-naftaleno- sulfônico (ANS), que d i m i n u e m para valores estáveis aproximadamente no q u i n t o dia
é o agente de escolha. Esses agentes bloqueadores removem efe- de vida. O rT 3 n o l í q u i d o amniótico reduz-se c o m o aumento do
tivamente o T4 da T B G sem afetar suas características de ligação tempo gestacional. C o m o reconhecimento de que o rT 3 não está
com o anticorpo. sempre elevado na doença, o teste de rT 3 é raramente usado em
Imunoensaios enzimáticos homogêneos foram desenvolvidos pacientes com s í n d r o m e da eutireóide doente. A insuficiência
para determinações do T 4 no soro. Esses procedimentos são rápidos renal é, especificamente, associada à baixa concentração de rT 3 .
e simples de usar e têm sido aplicados em vários instrumentos
automatizados importantes 1
T a m b é m foi desenvolvido o uso de moléculas q u i m i o l u m i - Determinação dos Hormônios Tireoidianos
nescentes c o m marcadores diretos para os imunoensaios para T 4 , Livres
e analisadores completamente automatizados com acesso direto Foram desenvolvidos numerosos métodos para m e d i r as concen-
que utilizam esse sistema de sinalização são agora amplamente trações séricas de FT 4 e FT 3 . Esses métodos incluem ensaios
utilizados para m e d i r o T 4 total e livre (FT 4 ) por imunoensaio. diretos, que geralmente servem como métodos de referência, e
A o nascimento, as concentrações séricas do T 4 total são mais ensaios indiretos o u estimativos, que são mais disponíveis para o
elevadas n o período neonatal por causa do aumento de T B G no uso geral em laboratórios.
soro i n d u z i d o pelo estrógeno materno, enquanto os valores de
FT 4 são mais próximos das concentrações dos adultos. Os valores
totais de T 4 sobem abruptamente nas primeiras horas de vida e
Métodos de Referência Direta
decrescem gradualmente até a idade de 15 anos. Cada laborató- A medição direta de FT 4 e FT 3 no soro apresenta u m desafio
técnico considerável, na medida em que as concentrações de
rio que realiza a triagem para h i p o t i r e o i d i s m o neonatal, contudo,
deveria estipular seu p r ó p r i o intervalo de referência para o T 4 h o r m ô n i o livre são extremamente baixas no soro de indivíduos
dos recém-nascidos. saudáveis. Por exemplo, elas são aproximadamente 0 , 0 3 % do
total de T 4 no soro e 0 , 3 % da concentração sérica total de T 3 ,
respectivamente. Conseqüentemente, ensaios para hormônios
Determinação da Triiodotironina no Soro
tireoidianos livres devem ser capazes de medir concentrações
Os anticorpos específicos para T 3 agora estão disponíveis para a
abaixo de picomol. Teoricamente, os métodos mais confiáveis para
medição direta de T 3 por imunoensaio. Diferentemente do anti-
a medição de FT 4 e FT 3 em SOTO empregam a diálise de equilíbrio
soro para T 4 , é difícil obter altos títulos de anti-soro específico
e técnicas de ultrafíltração que separam fisicamente o h o r m ô n i o
para T 3 por imunização de coelhos com Tg de ocorrência natural-
livre do h o r m ô n i o ligado à proteína antes da medida direta da
Entretanto, foi produzido anti-soro de qualidade aceitável usando-
fração livre c o m u m imunoensaio sensível a T 4 ou T 3 . Apenas
se Tg enriquecida com T 3 , conjugados de T 3 -albunruna do soro
pequenas diluições das amostras de soro são permitidas, porque
h u m a n o (HSA) ou de T r a l b u m i n a do soro b o v i n o (BSA). A n t i -
a diluição altera a ligação de drogas, ácidos graxos livres e outras
corpos monoclonais para o T ] também foram produzidos utili-
substâncias às proteínas séricas, interferindo assim n o equilíbrio
zando tecnologias de h i b r i d o m a . M u i t o s desses métodos foram
entre o h o r m ô n i o ligado e o livre.
desenvolvidos para uso em sistemas de imunoensaio totalmente
A introdução de imunoensaios bastante sensíveis para T 4 e
automatizados. C o m o acontece nos ensaios com T 4 , os ensaios
T 3 combinados com melhorias no m é t o d o de diálise ou ultrafíl-
por quimiluminescência em plataformas automatizadas também
tração de soro não-díluído p e r m i t i u a medição direta dos h o r m ô -
se tornaram rotineiros.
nios tireoidianos livres. 4 Desse m o d o , os métodos de didíise de
Os intervalos de referência para o I 3 variam de acordo c o m
equilíbrio direto e ultrafíltração estão disponíveis para a quantifica-
o procedimento e com a população de referência. Cada labora-
ção de FT 4 ."
tório deveria estabelecer seu p r ó p r i o intervalo de referência. E m
geral, os valores para T 3 estão relacionados c o m a idade, e valores
mais baixos são observados em idosos (com idade acima de 70 Diálise de Equilíbrio Direta
anos), comparados com os adultos jovens, por causa da redução Nesse método, as amostras de soro não-diluído sofrem diálise por
da conversão periférica de T 4 para T 3 com a idade. 16 a 18 horas a 37°C e m u m a câmara de diálise reutilizável. O
Os papéis clinicamente mais importantes para a medição do tampão de diálise proporciona mudanças mínimas na matriz do
T 3 total estão no diagnóstico e m o n i t o r a m e n t o dos pacientes com soro. O soro dialisado é então analisado diretamente, utilizando
hipertireoidismo com concentrações de T S H suprimidas e con- u m radio imunoensaio sensível (RLA). A variação de resultados
centrações normais de FT 4 ("tireotoxicose por T 3 ' J ); as medições esperados é de 2 a 128 n g / L (2,6 a 165 p m o l / L ) , e o coeficiente
de variação interensaio é inferior a 10%.
de T j têm apenas u m papel l i m i t a d o em pacientes com eutireoi-
dismo e hipotireoidismo, mas t ê m valor n o estabelecimento do
diagnóstico do hipertireoidismo em idosos, Ultrafíltração
O segundo método direto é u m procedimento de ultrafíltração
para a determinação d£ FT 4 no soro que consome significativa-
Determinação da Triiodotironina Reversa mente b e m menos tempo que a diálise. Nesse método, a amostra
A molécula de rT 3 (3,5 ^ ' - t r i i o d o t i r o n i n a ) é biologicamente inerte de soro é (1) ajustada a u m p H de 7,4, (2) incubada por 20
e é u m catabólito do T 4 . Vários métodos de imunoensaios foram minutos.a 37°C (para alcançar o equilíbrio de ligação nessa tem-
estabelecidos para quantificar os níveis de r T 3 l contudo a maioria peratura), e então (3) aplicada a u m dispositivo de ultrafíltração
dos laboratórios hospitalares encaminha o teste do rT 3 para para centrifugação por 30 m i n u t o s a 37°C e 2,000 x g (usando
i
790 PARTE V Fisiopatologia
u m rotor de ângulo fixo). Subseqüentemente, o ultrafiltrado é de calibradores secundários que tiveram seus valores-alvo atribuí-
analisado para T 4 por imunoensaio. dos por u m método de referência. A quantidade de h o r m ô n i o
marcado retido pelo anticorpo está inversamente relacionada
Comentários com a concentração de h o r m ô n i o livre da amostra em teste.
Os ensaios de FT 4 haseados na diálise de equilíbrio direto ou A característica fundamental desse método de duas etapas é
ultrafiltração medem o hoTmônio livre sem a necessidade de que o h o r m ô n i o marcado é fisicamente impedido de interagir
quantificação do h o r m ô n i o total. Esses métodos não são afetados com proteínas de ligação séricas. Isso garante que o anticorpo
por nenhuma variação de proteínas de ligação sérica ou de auto- ligante do traçador seja influenciado apenas pela concentração
anticorpos contra o h o r m ô n i o tireoidiano. E sabido que os de h o r m ô n i o livre, e não por mudanças nas proteínas de ligação
valores médios obtidos nos indivíduos saudáveis eutireoidianos dos hormônios da tireóide.
são ligeiramente mais altos, quando são utilizados métodos de U m certo número de procedimentos manuais e automáticos
ultrafiltração, do que na diálise de equilíbrio. 1 agora está disponível para a dosagem de T 4 ou T i livres. Os
métodos mais antigos utilizavam marcadores radioativos e tubos
Métodos indiretos para Avaliação de Hormônios cobertos por anticorpos ou microglóbulos, mas os sistemas auto-
Tireoidianos Livres matizados disponíveis atualmente usam traçadores não-isotópicos
A maioria dos métodos rotineiros de imunoensaio utilizados na e uma variedade dc formatos de fase sólida. Os imunoensaios de
determinação das concentrações de FT 4 e FT 3 no soro é baseada duas etapas de captura de micropartículas foram desenvolvidos
em estimativas hormonais. Essas abordagens são geralmente mais para automatizar totalmente a medição dos hormônios tireoidia-
convenientes e mais econômicas que a diálise de equilíbrio direto nos livres.1 Em u m tipo de ensaio para T 4 livre, este é inicialmente
ou métodos de ultrafiltração, e a maioria está disponível em imunoextraído do soro utilizando-se micropartículas de látex
instrumentos de imunoensaio automatizados como métodos de cobertas com anticorpo pohclonal anti-T^; o T 4 ligado às proteí-
imunoensaio diretos. nas séricas não reage com o anticorpo. U m a alíquota da mistura
Os imunoensaios duetos de duas etapas (two step) e de uma da reação então é transferida para uma matriz de fibra de vidro
etapa (one ste£>) avaliam as concentrações de h o r m ô n i o livre que captura de forma irreversível o complexo micropaTtícula-T 4 -
usando técnicas de extração de anticorpos. Nesses métodos, os and-T 4 . A lavagem remove todo o material do soro não-hgado na
resultados dos testes são relacionados com calibradores do soro fase sólida. Na segunda etapa de análise com T 4 ou T 3 ligado,
extraídos, com valores de h o r m ô n i o livre que foram medidos os sítios de ligação com os anticorpos que permaneceram deso-
independentemente usando métodos de referência (como a cupados reagem com o conjugado de T3-fosfatase alcalina. As
diálise de equilíbrio direto). A l é m disso, estudos mostraram que proteínas de ligação séricas não estão disponíveis para ligação
todos os métodos de avaliação de h o r m ô n i o livre nos instrumen- com essa enzima conjugada. O excesso da enzima não-conjugada
tos atuais são dependentes das proteínas de ligação até certo é removido pela lavagem, seguida da adição do substrato, 4-metil-
ponto. 1 umbeliferil fosfato, à célula matriz. A concentração do produto
Os valores de referência do T 4 livre oscilam entre 0,02% e fluorescente varia inversamente com o montante de T 4 livre n o
0,04% da concentração total de h o r m ô n i o . Devido a T 3 ter uma soro. A T 3 conjugada com a fosfatase alcalina é utilizada nesse
interação mais fraca com T B G do que T 4 , a fiação de T 3 subme- sistema de ensaio em vez da T i conjugada, por causa de sua
tida à diálise é consideravelmente maior (quase 10 vezes) do que menor afinidade com o anticorpo anti-T 4 . Embora a T 3 conju-
a de T 4 . Assim, o intervalo de referência para o T 3 livre é de 0,2% gada possua a capacidade de se ligar a sítios vagos de anti-T 4 nas
a 0,4%. micropartículas, essa enzima marcada não substitui ou desloca o
Vários imunoensaios foram desenvolvidos para medir hormô- FT, já ligado às micropartículas.
nios tireoidianos livres utilizando técnicas de extração de anti-
corpo. 3 Esses ensaios são subdivididos como ensaio seqüencial cie Imunoensaios de Uma Etapa
duas etapas ou ensaio simultâneo de uma etapa ("análogo"). Cada Esses métodos são amplamente utilizados para avaliação direta
procedimento envolve a incubação direta de soro com u m anti- do T4 1 ivre ou do T 3 livre e são conhecidos como imunoensaios
corpo específico anti-T4 ou anti-T 3) durante a qual os hormônios de uma etapa ou "análogos hormonais". Essas técnicas de uma
tireoidianos alcançam u m novo equilíbrio com todos os ligantes única etapa são geralmente subdivididas em (1) baseadas em u m
presentes. Ocorre uma ligeira redução na concentração de hor- h o r m ô n i o análogo marcado e u m anticorpo de fase sólida ou (2)
m ô n i o livre, mas esta é insignificante se o anticorpo seqüestrar aquelas baseadas em anticorpos marcados e u m h o r m ô n i o
menos de 5% do total de h o r m ô n i o presente na amostra. Assim, análogo de fase sólida. Ambas as abordagens usam análogos dos
a quantidade de T 4 ou T 3 imunoextraída é bem próxima da con- hormônios tireoidianos estruturalmente modificados que, em
centração de h o r m ô n i o livre já existente no soro em equilíbrio. tese, conservam a habilidade de competir com o h o r m ô n i o livre
para ligação com anticorpos anti-T 4 ou anti-T 3 específicos, mas
Imunoensaios de Duas Etapas são quimicamente restringidos da interação com proteínas de
Esses métodos utilizam duas etapas de processamento. Na pri- ligação do h o r m ô n i o tireoidiano na amostra de soro. Diferente-
meira etapa, a amostra do soro é incubada rapidamente com mente dos métodos de duas etapas, os ensaios análogos se
anticorpo específico da fase sólida. Sob condições normais de baseiam mais na análise simultânea do que na titulação seqüen-
temperatura e tempo de incubação, uma porcentagem do hormô- cial dos sítios de ligação com os anticorpos não-ocupados.
n i o total proporcional à concentração original do T 4 livre ou do Imunoensaios enzimáticos de uma etapa estão disponíveis
T 3 livre é extraída e ligada ao anticorpo. Após lavagem exaustiva para a dosagem do T 4 livre no qual u m conjugado T 4 -peroxidase
para remoção das proteínas séricas e outras substâncias interfe- compete com T 4 livre por u m anticorpo da fase sólida. U m
rentes, uma segunda etapa avalia os sítios de ligação com os sistema de quimioluminescência baseado em princípios similares
anticorpos que permanecem desocupados por titulação com T 4 envolve o uso de um conjugado T4-éster de acridina que compete
ou T 3 marcados. O excesso de anticorpo marcado então é reti- com h o r m ô n i o livre pelos sítios de ligação em anticorpos imobi-
rado do anticorpo da fase sólida. A quantidade de traçador ligado lizados em partículas paramagnéticas. 1 As indústrias afirmam que
então é comparada com uma curva de calibração gerada a partir a ligação dessas proteínas de ligação séricas aos conjugados é
Doenças Tireoidianas CAPÍTULO 41
insignificante. Vários sistemas de imunoensaio automatizado tireoidismo disalbuminêmico familiar t a m b é m são obtidos de
baseados em uma etapa, métodos com análogos marcados, estão pacientes c o m auto-anticorpos contra T 4 circulantes ou q u a n d o
disponíveis comercialmente com o objetivo de estimar as concen- a ligação de T 4 c o m a pré-albumina está aumentada.
trações de ambas, FT 4 e FT 3 . A l é m disso, os métodos de quantificação de F T 4 e FT 3 não
Os valores esperados usando-se u m ensaio i m u n o q u i m i o l u m i - são confiáveis quando aplicados em pacientes com excesso o u
nométrico de uma etapa são de 0,8 a 2,3 n g / d L (10 a 30 p m o l / L ) deficiência congênita de T B G . Pacientes nessas condições são
para FT 4 e 230 a 420 p g / d L (3,5 a 6,5 p m o l / L ) para FT 3 . clinicamente eutireoidianos, e suas concentrações de FT4 e FT3
são normais q u a n d o determinadas por métodos de referência
Cálculo das Razões T^TBG e T^TBG direta e imunoensaios de duas etapas. Entretanto, os métodos de
As determinações da concentração da T B G no soro são realizadas índice e de imunoensaios análogos de uma etapa produzem resul-
de duas maneiras n o diagnóstico das doenças da tireóide. E m tados anormais. N o caso de excesso de T B G , p. ex., as concen-
uma, a razão T 4 : T B G ou T 3 : T B G é calculada. 1,0 Tais índices são trações séricas totais de T 4 e T 3 aumentam, e o coeficiente de
derivados das equações de açao de massa e sao usadas para apro- h o r m ô n i o de ligação da tireóide ( T H B R ) é baixo. C o n t u d o , o
x i m a r as concentrações de FT 4 o u FT 3 . Essas razões se correlacio- T H B R não está linearmente relacionado com a fração livre de T 4
n a m variavelmente com as concentrações de FT 4 e FT 3 e são ou T 3 a extremos do alcance desta. Conseqüentemente, o T H B R
particularmente úteis nos soros com concentrações alteradas de não é reduzido t a n t o quanto a fração livre, e o índice de FT 4
T B G . Entretanto, elas p o d e m falhar para compensar as variantes calculado é anormalmente alto.
da T B G c o m afinidade reduzida para T 4 ou c o m ligação a n o r m a l O u t r a situação na qual a estimativa de h o r m ô n i o livre pode
à albumina. O intervalo de referência para a razão T 4 : T B G é de não ser confiável é na avaliação de doentes críticos, os quais
3,8 a 4,5 quando os intervalos de referência para T 4 total e T B G acredita-se que são eutireoidianos. Por exemplo as concentrações
são de 4,5 a 12,5 p g / d L e 1,2 a 2,8 m g / d L , respectivamente. séricas de FT 4 . em pacientes com doenças não-tireoidianas c o m
As medições da T B G t a m b é m t ê m sido usadas para obter valores baixos de T 4 total, são geralmente normais o u elevadas
valores para FT 4 ou FT 3 por cálculo. A s s u m i n d o que a T B G é a de acordo com os métodos de referência, enquanto a maioria das
maior determinante da ligação d o h o r m ô n i o tireoidiano, as con- avaliações de FT 4 o u FT 3 fornece valores baixos, apesar de alguns
centrações séricas de T B G e de T 4 total (ou T 3 ), j u n t a m e n t e c o m resultados estarem dentro do intervalo de referência. U m difícil
a constante de associação para a ligação de T 4 (ou T 3 ) à T B G , são desafio analítico é distinguir doenças não-tireoidianas graves do
utilizadas para calcular os valores do h o r m ô n i o livre N a maioria h i p o t i r e o i d i s m o verdadeiro. Por causa disso é que as atuais dire-
dos casos, esses valores calculados correlacionam-se b e m com trizes da N a t i o n a l Academy o f C l i n i c a i Biochemistry ( N A C B )
aqueles determinados diretamente. recomendam o uso preferencial de FT 4 sobre os atuais testes que
estimam o FT 4 (FT 4 E). ]
Considerações Clinicas As avaliações de FT 4 ou FT 3 p o d e m ser p r o f u n d a m e n t e afe-
As estimativas de FT 4 e F T 3 geralmente dão resultados confiáveis tadas por medicamentos que competem com a T 4 ou T 3 na ligação
nos (1) indivíduos saudáveis, (2) pacientes c o m hipertireoidismo c o m proteínas séricas. C o m métodos de referência que utilizam
e hipotireoidismo, e (3) pacientes com pequenas anormalidades soro não-diluído, a concentração de h o r m ô n i o livre pode aumen-
nas proteínas de ligação. Os resultados são comparáveis com os tar e eventualmente voltar a u m novo estado de equilíbrio na
métodos de referência, c o m o a diál ise do equilíbrio direto e os presença de drogas de remoção de T 4 ou T 3 . Contrastando com
ensaios de R I A . Nesses indivíduos, a seleção de u m método isso, a maioria das avaliações de F T 4 ou FT 3 utiliza soro d i l u í d o
específico de medição de F T 4 o u FT 3 é baseada em fatores como no qual a droga competidora é i n i b i d a antes de os h o r m ô n i o s
(1) conveniência técnica, (2) tempo de análise, (3) disponibilidade livres serem inibidos. Conseqüentemente, o efeito de remoção
comercial e (4) custo. E m certas condições clínicas, os métodos do h o r m ô n i o da droga t a m b é m decresce, levando-se a subestimar
de determinação do h o r m ô n i o livre p o d e m fornecer resultados a verdadeira concentração de FT 4 .
anormais que diferem dos valores normais, geralmente obtidos
utilizando-se métodos de referência diretos. Essas anormalidades Determinação da Globulina de Ligação da
são c o m u m e n t e encontradas e m pacientes eu tireoidianos que Tiroxina e Outras Proteínas de Ligação do
apresentam mudanças significativas nas ligações de T 4 e T 3 com Hormônio da Tireóide
proteínas séricas. Nessas situações, a seleção de métodos de ava- A T B G é a proteína de ligação do h o r m ô n i o tireoidiano com maior
liação de FTf e FT 3 apropriados deveria ser baseada mais em afinidade por T 4 . C o m o tal, é m u i t o importante na regulação da
fatores como sua confiabilidade de análise e diagnóstico do que concentração e disponibilidade da T 4 livre. O excesso de T B G
na facilidade de execução e custo. induzido pelo estrógeno e a deficiência congênita de T B G são as
Infelizmente, os métodos de quantificação de FT 4 e F T i não anormalidades mais significativas que afetam a interpretação dos
têm sido considerados confiáveis em diversas situações. U m a resultados de testes da função titeoidiana (Quadro 41-1).
dessas é c o m relação ao h i p e r t i r e o i d i s m o disalbummêmico fami- A medição direta da concentração protéica da T B G por imu-
liar, uma doença hereditária na q u a l u m componente geralmente noensaio é amplamente utilizada. Estão disponíveis ícits comer-
pequeno da albumina sérica está aumentado, Essa albumina ciais baseados tanto na forma isotópica como na não-isotópica.
variante liga T 4 c o m afinidade anormalmente elevada, mas sua U m imunoensaio enzimático competitivo por quimiolumines-
avidez por T 3 não é aumentada de forma comparável. Apesar de cência para T B G faz uso de T B G marcada com peroxidase e
as concentrações de T 4 total serem geralmente altas, pacientes anticorpo T B G , que é capturado por u m segundo anticorpo da
com hipertireoidismo d i s a l b u m i n ê m i c o familiar são clinicamente fase sólida. 3 O conjugado ligado é medido por luminescência
considerados eu tireoidianos, e as concentrações de h o r m ô n i o ampliada após a adição de l u m i n o l e peróxido de hidrogênio. E m
livre são normais enquanto medidas por métodos de referência adultos saudáveis, o intervalo de referência é de 12 a 28 m g / L .
e pela m a i o r parte dos imunoensaios de duas etapas. Os imuno-
ensaios de uma etapa, do mesmo m o d o , estimam valores altos Determinação da Tireoglobulina
de T 4 livre devido à ligação de T 4 análoga c o m a albumina Os ensaios i m u n o m é t r i c o s de dois sítios foram desenvolvidos
variante. Resultados de teste similares àqueles em casos de hiper- para a medição da Tg. Esses ensaios baseiam-se n o uso de dois
792 PARTE V Fisiopatologia
o u mais a n t i c o r p o s m o n o c l o n a i s dirigidos a diferentes porções (4) T S H , (5) T 4 e (6) T 3 . Desses anticorpos, a antiperoxidase
da m o l é c u l a de Tg. U m dos a n t i c o r p o s é anexado a u m a molécula t i r e o i d i a n a é a mais c o m u m e n t e utilizada na avaliação das
sinalizadora, c o m o u m a enzima o u molécula q u i m i o l u m i n e s - doenças auto-imunes tireoidianas, e n q u a n t o o a n t i c o r p o and-Tg
ccnte, e o o u t r o a u m suporte sólido, c o m o pérolas de polistiTeno é empregado para detectar interferência nas medições de Tg.
o u micropérolas magnéticas. O u t r a variação é ligar b i o t i n a ao O ensaio i m u n o s s o r v e n t e ligado à enzima (ELISA) e i m u n o -
a n t i c o r p o e separar o c o m p l e x o T g usando avidina ligada a u m a ensaios baseados e m q u i m i o l u m i n e s c ê n c i a f o r a m desenvolvidos
fase sólida. Existem kits comerciais disponíveis baseados nessas para m e d i r t a n t o os a n t i c o r p o s anti-Tg c o m o anticorpos antipe-
técnicas. Os ensaios i m u n o m é t r i c o s mais utilizados são calibra- roxidase t i r e o i d i a n o s ( T P O ) . V á r i o s kits comerciais e m é t o d o s
dos u t i l i z a n d o u m a preparação de referência de T g ( M a t e r i a l de automatizados estão disponíveis, i n c l u i n d o métodos baseados e m
Referência C e r t i f i c a d o [ C R M ] - 4 5 7 ) desenvolvida pelo C o m m u - microplacas de titulação o u tubos, b e m c o m o i n s t r u m e n t o s auto-
i i i l y B u r e a u o f Refercnce. O uso desse padrão reduz a variabili- matizados baseados e m q u i m i o l u m i n e s c ê n c i a . Hsses métodos
dade entre ensaios e m algo em t o r n o de 3 7 % , u m valor que é geralmente são sensíveis e específicos para acompanhar os pacien-
três vezes mais alto do que a variabilidade entre pessoas.14 A tes c o m doenças tireoidianas auto-imunes.
elevada v a r i a b i l i d a d e entre os métodos impede a troca entre A estimativa d o i n t e r v a l o de referência para os a n t i c o r p o s
métodos d u r a n t e m o n i t o r a m e n t o p o r longos períodos. anti-Tg é controversa, p r i n c i p a l m e n t e devido ao fato de que os
A p r i n c i p a l d i f i c u l d a d e na m a i o r i a dos i m u n o e n s a i o s para Tg auto-anticorpos anti-Tg são observados em i n d i v í d u o s que não
é a interferência devido aos a n t i c o r p o s endógenos a n t i T g (TgAb), aparentam ter q u a l q u e r doença tireoidiana. Intervalos de referên-
que estão presentes entre 1 5 % e 3 5 % dos pacientes c o m câncer cia variáveis f o r a m relatados, d e p e n d e n d o do m é t o d o e de se f o i
t i r e o i d i a n o . Os efeitos de interferência são algumas vezes subs- escolhida u m a população aleatória o u u m a população sem
tanciais, causando o u u m a superestimativa o u u m a subestimativa doença t i r e o i d i a n a ativa o u prévia. Os anticorpos a n t i t i r e o g l o b u -
d o valor real. C o m ensaios i m u n o m é t r i c o s mais novos, esse efeito l i n a são geralmente expressos e m unidades p o r m i l i l i t r o s c o m
tende mais a subestimar. 15 E m contraste, a antiga m e t o d o l o g i a de referência à I a Preparação I n t e r n a c i o n a l de Referência (IRP) d o
R I A parece resistente à i n t e r f e r ê n c i a . 1 5 E crucial q u e todas as M e d i c a i Research C e n t e r ( M R S ) para o auto-anticorpo tireoglo-
amostras de soro sejam avaliadas q u a n t o à presença de T g A b c o m bulina 65/93.
o uso de u m i m u n o e n s a i o sensível, e não u m teste de recupera- A quantificação do a n t i c o r p o anti-Tg acrescenta pouca infor-
ção.' Recomenda-se que a metodologia d o ensaio i m u n o m é - mação além da o b t i d a p o r m e d i ç ã o dos anticorpos a n t i - T P O
trico não seja utilizada para m e d i r T g q u a n d o o T g A b é detectado. para o diagnóstico de u m a doença auto-imune t i r e o i d i a n a . '
O u t r o s problemas técnicos, c o m o a interferência de a n t i c o r p o E n t r e t a n t o , a determinação de anti-Tg é necessária para i d e n t i f i -
heterofílico ( H A M A ) , p o d e m l i m i t a r o valor c l í n i c o das medições car soros c o m auto-anticorpos que p o d e m i n t e r f e r i r na q u a n t i f i -
de Tg. F o r a m sugeridas recomendações sobre abordagens de cação de T g sérica e m pacientes e n c a m i n h a d o s para t r a t a m e n t o
padronização, precisão, limites de detecção e avaliação do "efeito de c a r c i n o m a t i r e o i d i a n o . As concentrações consecutivas de anti-
gancho". 1 Tg p o d e m ser m o n i t o r a d a s e m pacientes c o m câncer de tireóide
O intervalo de referência para T g em i n d i v í d u o s eutireoidia- e a n t i c o r p o s anti-Tg detectáveis, c o m o u m marcador de t u m o r
nos oscila e n t r e . u m l i m i t e i n f e r i o r de 0,5 a 3 a u m l i m i t e superior substituto. 14
de 2 0 a 42 n g / m L (3 a 4 2 p g / L ) , d e p e n d e n d o do método. 1 5
Pacientes sem t i r e ó i d e e que não estão recebendo terapia de Determinação de Anticorpos
reposição de T^ devem ter níveis de Tg indetectáveis, indepen- Antimicrossômicos/Antiperoxidase
dente da c o n d i ç ã o d o T S H . As concentrações de T g são elevadas Tireoidianos
nos recém-nascidos e decrescem significativamente d u r a n t e os A T P O é a t u a l m e n t e r e c o n h e c i d a c o m o o p r i n c i p a l e possivel-
dois p r i m e i r o s anos de vida. mente ú n i c o c o m p o n e n t e auto-antigênico dos microssomos
A Tg é utilizada primariamente, como u m marcador t u m o r a l c i r e o i d i a n o s . Os ensaios baseados na T P O são os preferidos e m
nos pacientes diagnosticados c o m carcinoma diferenciado da tire- uso c l í n i c o de r o t i n a na triagem de pacientes c o m suspeitas de
óide ( C D T ) . Apesar de os níveis séricos da Tg estarem elevados em doenças auto-imunes tireoidianas. O desempenho dos ensaios de
pacientes c o m câncer tireoidiano, i n c l u i n d o o câncer de tireóide a n t i c o r p o s a n t i m i c r o s s õ m i c o s é p r e j u d i c a d o pela (1) l i m i t a ç ã o d e
folicular e o carcinoma papilífero, as elevações t a m b é m são vistas d i s p o n i b i l i d a d e de tecido t i r e o i d i a n o h u m a n o , (2) presença de
em condições não-neoplásicas c o m o (1) adenoma de tireóide, (2) antígenos t i r e o i d i a n o s irrelevantes e auto-anticorpos e (3) conta-
t i r e o i d i t e subaguda, (3) tireoidite de H a s h i m o t o e (4) doença de m i n a ç ã o das preparações microssômicas c o m Tg.1
Graves. As concentrações séricas da T g não a u m e n t a m nos pacien- A purificação da T P O p o r cromatografia de afinidade o u pro-
tes c o m carcinoma m e d u l a r de tireóide. A medição seriada da Tg dução por técnicas recombinantes levou ao desenvolvimento de
é mais utilizada na detecção de recorrência d o C D T após ressecção ensaios para anti-TPO baseados e m R I A o u técnicas i m u n o m é t r i -
cirúrgica. A determinação da Tg é utilizada c o m o u m auxiliar à cas p o r quimioluminescência. 1 Esses procedimentos t ê m as melho-
ultra-sonografia e a pesquisa de c o r p o inteiro c o m iodo radioativo. res características de performance na detecção, confirmação e m o n i -
A análise sérica da Tg t a m b é m é ú t i l no manejo de crianças c o m toração de doenças auto-imunes tireoidianas do que os ensaios
h i p o t i r e o i d i s m o congênito. Todos os pacientes c o m hipertireoi- antigos para anticorpos microssômicos, e são mais adequados para
d i s m o devem ter níveis da Tg elevados;, baixas concentrações de triagem o u automação de grande v o l u m e de testes c o m interferên-
Tg p o d e m indicar a presença de tireotoxicose factitia. cia m í n i m a da Tg o u de anti-Tg. Estão disponíveis imunoensaios
não-isotópicos manuais e automatizados para anticorpos anti-
Determinação dos Anticorpos Antitireoidianos T P O 1 ; os limites de detecção v a r i a m de 0,3 a 2 U / m L .
O a u m e n t o das concentrações circulantes dos a n t i c o r p o s antiti- O i n t e r v a l o de referência de n o r m a l i d a d e para os a n t i c o r p o s
r e o i d i a n o s é observado e m várias doenças da tireóide, em outras a n t i - T P O é controverso. E m ensaios sensíveis, as baixas concen-
doenças auto-imunes e certas e m doenças malignas. Esses anti- trações de a n t i - T P O p o d e m ser detectadas e m alguns i n d i v í d u o s
corpos são dirigidos c o n t r a vários anrigenos da tireóide e do saudáveis sem n e n h u m a doença tireoidiana. A l g u n s desses i n d i -
h o r m ô n i o da tir eóide, i n c l u i n d o (1) Tg (TgAb), (2) peroxidase víduos p o d e m ter disfunção t i r e o i d i a n a subclínica o u oculta. H á
t i r e o i d i a n a ( T P O A b ) , (3) receptor de T S H ( T R A b ) e, raramente, u m a alta prevalência de a n t i - T P O e m idosos. 9,,c E n t r e t a n t o , estu-
Doenças Tireoidianas CAPÍTULO 41 793
dos realizados ao longo d o t e m p o sugerem que a presença de proliferação e privando-a do T S H . As células tireoidianas então
a n t i - T P O é u m fator de risco para disfunção tireoidiana auto- se t o r n a m m u i t o sensíveis ao estímulo pelas preparações de i m u -
i m u n e . As concentrações de a n t i - T P O são geralmente expressas n o g l o b u l i n a G de pacientes c o m doença de Graves. Essas i m u -
e m unidades p o r m i l i l i t r o c o m referência n o padrão M R C n o g l o b u l i n a s s i m u l a m o efeito d o T S H , a t i v a n d o a adenilato
6 6 / 3 8 7 . C o m u m ensaio i m u n o r r a d i o m é t r i c o c o m p e t i t i v o ciclase. Subseqüentemente, o c A M P é liberado para o m e i o cir-
( I R M A ) , a atividade do a n t i - T P O em soro n o r m a l é de 69 ± 15 c u n d a n t e e analisado. O efeito d o estímulo é expresso c o m o u m a
U / m L (SEM). 1 C o m u m ensaio sensível p o r q u i m i l u m i n e s c ê n c i a , porcentagem da atividade basal; a faixa n o r m a l n o soro é de 7 0 %
os valores são < 2 U / m L . 1 a 1 3 0 % . As TSIs estão presentes em 9 5 % dos pacientes c o m
Concentrações detectáveis de anti-TPO são observadas em doença de Graves não-tratada. A l é m de ser altamente sensível e
quase todos os pacientes c o m tireoidite de H a s h i m o t o e nnxedema u m i n d i c a d o r específico da doença de Graves, a medição de T S I
idiopático e na maioria dos pacientes com doença de Graves Esses t a m b é m é empregada n o decorrer da terapia, predizendo recaídas
anticorpos t a m b é m f o r a m encontrados em pacientes c o m diabetes e remissões. E n t r e t a n t o , o valor clínico m a r g i n a l desse teste para
mfiílitus t i p o 1 (dependente de insulina). A frequência de anticor- o paciente, j u n t a m e n t e c o m o custo relativamente alto, sugere
pos anti-TPO detectáveis observados c m doenças tireoidianas não- que a T S I pode não ser a m e d i d a ideal para o diagnóstico e
imunes é similar à observada na população n o r m a l . ' t r a t a m e n t o do h i p e r t i r e o i d i s m o de Graves. 1
Tireóide
Cérebro
Depressão
Redução da concentração
Perda de interesse geral
Desenvolvimento intelectual
fetal deficiente
Fígado
Elevação do LDL-colesterol
Elevação dos triglicerídeos
Coração
Redução da freqüência
cardíaca
Aumento da pressãc arterial
intestinos Redução do débito cardiaeo
Constipação Disfunção diastólica
Redução da motilidade Gl
Sistema Reprodutivo
Redução da fertilidade Rins
Anormalidades menstruais Redução da função renal
Retenção hídrica e edema
Tireóide Cérebro
Aumento do tonus adrenérgico
Excitabilidade
Hipercinesia
Fígado
Aumento da degradação
dos lipídios
Balanço proteico negativo
Disfunção hepática
Coração
Taquicardia
Palpitações
Aumento do débito cardíaco
Pulso acelerado
Intestinos
Esteatorréia
Aumento da motilidade Gl
Má absorção intestinal
Rins
Sistema Reprodutivo
Aumento da filtração glomerular
Redução da fertilidade
renal (FGR)
Anormalidades menstruais
Aumento do fluxo sanguíneo
Abortamento
renal
Historicamente, o teste na tireóide era feito passo a passo, da doença tireoidiana c o m o teste FT4E, o uso de u m ensaio
c o m a primeira etapa sendo realizada por meio da mèdição do sensível de T S H agora é o teste de screening inicial da função
soro do T 4 total ou. FT 4 E. O T 4 total mede tanto o h o r m ô n i o tireoidiana mais aceito em pacientes ambulatoriais — as concen-
ligado quanto o livre e reflete a produção do h o r m ô n i o tireoi- trações de T S H são elevadas n o h i p o t i r e o i d i s m o e baixas 110
diano; entretanto, as mudanças na concentração o u afinidade no hipertireoidismo. A g o r a é possível utilizar o teste de FT 4 de m o d o
soto das proteínas de ligação do h o r m ô n i o tireoidiano afetam as mais parcimonioso quando a concentração de T S H é anormal-
concentrações de T4 total sem mudar as do h o r m ô n i o livre e ativo mente alta ou baixa. Essa estratégia baseada na dosagem do T S H
(resultados de testes de T 4 total "anormais" na ausência de doença para a avaliação inicial da função tireoidiana provou ser clinica-
da tireóide). Pequenas mudanças nas proteínas de ligação séricas, mente eficiente, além de ter u m a boa relação custo-benefício. 3
como aquelas induzidas por gravidez ou terapia com estrógeno,
são corrigidas c o m u m a estimativa indireta de FT 4 por i m u n o e n -
saio (FT 4 E). As anormalidades extremas das proteínas de ligação, R EFERÊ NCIflS
entretanto, dão resultados de FT 4 E não-confiáveis. As concentra-
1. Baloeh Z, Carayon P, Conte-Devolx B, et al. 2003 Laboratory Medicine
ções séricas elevadas das proteínas tendem a produzir uma supe-
Practice Guidclincs. Laboratory support for the diagnosis and
restimativa do resultado de FT4E, enquanto baixas concentrações monitoring of thyroid disease. Thyroid 13:57-67. See also www.aacc.org/
proteicas levam a u m a subestimativa dos valores de FT4. Para A A C C / m e m b e r s / nacb/ •
pacientes com anormalidades primárias da T B G , o valor de FT 4 E 2. DeGroof L], Uirsen PR, Henticmann G, eds The thyroid and its
fornece uma informação diagnostica mais segura do que u m valor dtseases, 6th ed. New York: Churchill Livingstone, 1996
de T 4 total sozinho. Se necessário, em algumas circunstâncias, 3. D eme rs L M , Spencer C A . The thyioid. pathophysiology and thyroid
q u a n d o se o b t ê m resultados equivocados, pode-se mediT a con- funefion testmg In: Burtis CA, Ashwood ER, Bruns DE, eds. Tietz
centração de FT 4 diretamente usando-se métodos de diálise de textbook of clinicai chemistiy and molecular diagnostics, 4th ed.
equilíbrio. Saunders, 2006:2053-95.
As determinações de T 4 total e FT 4 E não são indicadores 4 Fritz KS, Wilcox RB, Nelson JC A direct free rhyroxine (T4) wich the
ideais da função tireoidiana (1) por causa dos efeitos de variação characteristics of a total T 4 immunoassay. C l i n Chem 2007: Mar 15;
nas concentrações das proteínas de ligação n o soro, (2) porque a [Epub ahead of printl.
T 3 é a forma mais potente e biologicamente ativa de h o r m ô n i o 5. Gharib H , Tuttle R M , Daskin HJ, Fish LH, Singer PA, M c D e r m o t t M T
tireoidiano, e (3) porque as relações entre esses h o r m ô n i o s (T 4 e Subclinical thyroid dysfunction: A j o i n t statement on management from
the American Association of Clinicai Endocrinologists, the American
T 3 ) não são sempre previsíveis, E m pacientes c o m hipertireoi-
Thyroid Association, and the Endocríne Society J C l i n Endocrinol
dismo, a T 3 é geralmente elevada a uma amplitude m a i o r que a
Metab 2005;90:581-5; discussion 586-7
T 4 , porque é derivada do aumento da secreção tireoidiana de T3
6. Glinoer D. The regulation of thyroid funccion i n pregnancy; pathways
e da conversão periférica de T 4 a T 3 . A medição de T 3 total é u m
of endocrine adapta tion from physiology to pathology. Endocr Rev
teste auxiliar algumas vezes m u i t o ú t i l em pacientes c o m suspeita
1997;18 404-33.
de hipertireo idismo. Entretanto, pelo fato de as concentrações
7. Hollowell JG, Staehling N W , Handers W D , H a n n o n W H , Gunter EW,
de T3 f l u t u a r e m rapidamente em resposta ao estresse e a outros
Spencer C A , et al. Serum TSH, T(4), and thyroid antibodíes in the
fatores não-tireoidianos, as concentrações de T 3 são baixas não United States population (1988 to 1994): Narional Health and N u t r i t i o n
apenas no h i p o t i r e o i d i s m o , mas t a m b é m em muitas outras con- Examination Survey (NHAKIES 111). ] C l i n Endocrinol Metab
dições. Desse m o d o , a medição de rotina da T 3 total não é u m 2C02:87:489-99.
b o m teste de triagem do estado da tireóide. 8. Ladenson PW, Singer PA, A i n KB, Bagchi N , Bígos ST, Levy EG, et al.
As concentrações séricas de T S H refletem a ação integrada AmeTÍcan Thyroid Association guidclincs for detection of thyroid
dos h o r m ô n i o s tireoidianos na concentração de u m de seus dysfunction. Arch Intern Med 2000; 160.1573-5-
tecídos-alvo — as células hipofisárias que secretam T S H . Assim, 9. Larsen PR, Davies T R , Schlumberger M , Hay I D The thyroid gland. In:
a medição de TSH é mais confiável no diagnóstico da disfunção Larsen PR, Kronenberg H M , Mel med S, Polonsky KS, eds Williams
tireoidiana que as próprias medições de concentrações hormo- textbook of endocrinology, 10th ed Philadelphia: W B Saunders,
nais da tireóide. A secreção hipofisária de T S H é notavelmente 2003:331491
sensível às concentrações de h o r m ô n i o circulante da tireóide; de 10. Larsen PR, Davies TF. Hypothyroidism and thyroíditis. In: Larsen PR,
fato, u m a mudança em dobro na FT 4 provoca uma mudança de Kronenberg H M , Melmed S, Polonsky KS, eds Williams textbook of
100 vezes na concentração sérica de TSH. 1 3 Essa relação recíproca endocrinology, 10th ed. Philadelphia: W B Saunders, 2003.331491.
log-linear explica por que alguns pacientes p o d e m ter concentra- 11 Mclver B. Euthyroid sick syndrome: an overview. Thyroid 1997;7:125-32.
12. Rawlins M L , Roberts W T . Performance characteristics of si.x third-
ções normais de F T | o u FT3, ou ambas, e poucos sinais ou sin-
generation assays for thyroid-stimulating hormone. C l i n C h e m
tomas de disfunção da tireóide, mas p o d e m ter concentrações de
2004;.50.233844 Epub 2004 Oct 7.
T S H anormalmente altas o u baixas. N e m todas as doenças tireoi-
13. Spencer C A , Takeucho M , Kazarosyan M. Current status and
dianas "subclínicas" justificam o tratamento, mas a detecção de
performance goals for serum thyrotropin (TSH) assays. C l i n Chem
pequenas mudanças na função tireoidiana pode ser i m p o r t a n t e
1996.42.140-5.
para alguns pacientes.
14. Spencer C A . Challenges of serum thyroglobulin (Tg) measurement in
Historicamente, o uso clínico de medições de T S H era limi- the presence of Tg autoantibodies. ] C l i n Endocrinol Metab
tado pela incapacidade da maior parte dos imunoensaios em 2004;89:37024.
diferenciar o l i m i t e inferior do intervalo de referência das con- 15. Spencer C A , Bergoglio LM, Kazarosyan M , Fatemi S, Lopresti JS. 2005
centrações anormalmente baixas. A melhora nas técnicas de Clinicai ímpact of thyroglobulin (Tg) and Tg autoantibody method
ensaios levou à disponibilidade do chamados ensaios de terceira differences on the management of patients w i t h differentiated thyroid
geração do T S H , que são altamente sensíveis e distinguem as carcinomas, j C l m Endocrinol Metab 90.5566-75.
concentrações baixas das normais. Esses novos ensaios alteraram 16. Werner SC, Utiger RD, Ingbar SH. The Thyroid: a Fundamental and
a abordagem nos testes de função tireoidiana. E m vez da triagem Clinicai Text, 9th ed. Lippincott Williams <SL Wilkins, 2004.
C A P Í T U L O 4 2
Distúrbios Reprodutivos*
Ann M. Gronowski, Ph.D.
A
reprodutiva.
6. Discutir a infertilidade masculina e feminina — disfunção hormonal, endocrinologia reprodutiva engloba os h o r m ô n i o s do
alterações físicas e tratamento disponível. eixo hipotalâmico-hipofisárío-gonadal e as glândulas adre-
nais (Capítulos 39 e 40). Esses hormônios são cruciais
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES para uma função reprodutiva adequada e incluem (1) h o r m ô n i o
de liberação da gonadotrofina ( G n R H ) , (2) h o r m ô n i o luteini-
A m e n o r r é i a : A ausência de menstruação.
zante (LH), (3) h o r m ô n i o folículo-estimulante (FSH) e (4) uma
Andropausa: A redução da função gonadal masculina com
idade avançada. multiplicidade de esteróides sexuais. Os esteróides sexuais são
sintetizados pelos ovários, testículos e glândulas adrenais, s e n d o
C o r p o Lúteo: U m a massa glandular amarela no ovário
formada pelo folículo ovariano que amadureceu e liberou responsáveis pela manifestação das características sexuais primá-
rias e secundárias. Os esteróides que feminizam são classificados
seu óvulo; secreta progesterona.
Folículo: U m saco em formato de bolsa que se localiza na como estrógenos. Aqueles que masculinizam são conhecidos como
andrógenios.
superfície do ovário e que contém o óvulo que está
amadurecendo.
Ginecomastia: Desenvolvimento excessivo das glândulas BIOLOGIA REPRODUTIVA MASCULINA
mamárias masculinas. A função dos testículos é sintetizar tanto o esperma quanto os
Gônada: U m a glândula produtora de gametas (um ovário ou andrógenios (Figura 42-1). As células de Sertoli nos túbulos semi-
u m testículo). níferos dos testículos desempenham u m papel crucial na matura-
H e r m a f r o d i t i s m o : U m estado físico caracterizado pela presença ção dos espermatozóides e secretam inibina, que inibe a secreção
tanto dos órgãos sexuais masculinos como femininos. hipofisária de FSH. 5 Envolvendo os túbulos seminíferos estão as
H i r s u t i s m o : U m a quantidade anormal de pêlos, especialmente células de Leydig, que são responsáveis pela produção de andró-
u m padrão masculino adulto de distribuição de pêlos, em genios testiculares e necessárias para a maturação espermática.
mulheres.
Menarcai O estabelecimento ou o início da função menstrual. Papel do Eixo
Menopausa: Cessação da menstruação na mulher, que Hipotalâmico-hipofisário-gonadal
geralmente ocorre por volta dos 50 anos. O G n R H é u m decapeptídeo que é sintetizado n o hipotálamo e
Menstruações: O fluxo mensal de sangue pelo trato genital das transportado para a hipófise anterior, onde estimula a liberação
mulheres. tanto de FSH quanto de L H (Figura 42-1).
Placenta: U m órgão materno-fetal que é característico dos N o homem, G n R H , L H e FSH são secretados em padrões
mamiferos verdadeiros durante a gestação. pulsáteis, encontrando-se as concentrações mais elevadas nas pri-
Puberdade Precoce: Desenvolvimento prematuro das meiras horas da manhã e as mais baixas, tarde da noite. O L H
características sexuais secundárias; geralmente antes dos 8 age sobre as células de Leydig para sintetizar testosterona. O papel
anos de idade em meninas e antes da idade de 9 anos em exato do FSH n o sexo masculino ainda não está claro; contudo,
meninos. sabe-se que o FSH atua sobre as células de Sertoli para estimular
a gametogênese e a síntese e liberação de inibina. Os esteróides
sexuais e a inibina fornecem, em conjunto, o controle de feedback
negativo da secreção de L H e FSH, respectivamente. O F S H pode
se encontrar elevado nos distúrbios nos quais o número das
* 0 autor agradecidamente reconhece as contribuições prévias de R. J. Whitley,
células de Sertoli (e, por conseguinte, a concentração de inibina)
A. "W. Meilcle, N. B. Watts e Shannon Haymond, nas quais se baseiam partes
esteja reduzido. Semelhantemente, uma redução do n ú m e r o de
deste capítulo.
800 PARTE V Fisiopatologia
OH
HIPOTÁLAMO
•XXX
a r x y
R
. > •
OH 011
I
m
HKJFISE
ANTERIOR Testosterona
CXJ HO"
J
Androstenediol Androstanediol
Inibina (3p, 17 P-D i id roxiandrost'5-em) {3 Ct, 17 P-Diidróxi-5Cí-androsta na)
! TESTÍCULOS
ClJ
L >4 ^ J
HO v ^
4
A -Andros te n e-3,17 • d io na Desidroepiandrosterona
(DHEA)
Células
Sertoli
Células de Leydig ^ i X .
Acetato
OH
OH
Enzimas
а. 20a-Hidroxilase
1. 3 p - H i d r o x i e s t e r ó i d e D e s i d r o g e n a s e
2. 1 7 a - H i d r o x i l a s e
H
3. 1 7 , 2 0 - D e s m o l a s e
Diidrotestosterona (DHT)
4. 1 7 p - H i d r o x i e s t e r ó i d e D e s i d r o g e n a s e
5. 5 a - R e d u t a s e R
б. 3 c t - H i d r o x i e s 1 e r ó i d e D e s i d r o g e n a s e
7. C Y P 1 9 ( A r o m a t a s e )
8. D H E A S u l f o t r a n s f e r a s e
3 a-, Andrastanedíol
Figura 42-3 Biossíntese dos andrógenos (glândula adrenal e testículos). As setas grossas i n d i c a m a via
p r i n c i p a l . A s áreas circuladas representam o local de m o d i f i c a ç ã o q u í m i c a .
802 PARTE V Fisiopatologia
£
, A íy
^ v /j
r j y TÓide desidrogenase- Os h o m e n s afetados apresentam u m a diversi-
dade de fenótipos, d e p e n d e n d o da deficiência.
^» Andropausa
X O a u m e n t o da expectativa de v i d a gerou interesse pelos proble-
mas de saúde relacionados ao e n v e l h e c i m e n t o , i n c l u i n d o a
redução gradual da f u n ç ã o g o n a d a l nos h o m e n s após a idade de
5 0 anos. O processo de e n v e l h e c i m e n t o m a s c u l i n o acarreta a
11«( redução fisiológica dos andrógenios, i n c l u i n d o a testosterona.
U m a vez que isso se compara c o m as alterações observadas no
Etiocolannlona
J e n v e l h e c i m e n t o f e m i n i n o d u r a n t e a menopausa, esse estado t e m
sido d e n o m i n a d o andropausa. O s sintomas i n c l u e m a d i m i n u i -
Figura 42-4 Catabolismo dos andrógenios CjçO;. A área circulada ção (1) do bem-estar, (2) dos níveis de energia e (3) da f u n ç ã o
representa o local de modificação química. sexual. A o c o n t r á r i o da sua c o n t r a p a r t e f e m i n i n a , a andropausa
Distúrbios Reprodutivos CAPÍTULO 42 B03
fortemente ligada, (4) índice androgênico utilizando Índices que Nas mulheres, que n o r m a l m e n t e excretam quantidades menores
refletem as proporções dos valores da testosterona e (5)1 concentra- d o que os h o m e n s , as concentrações totais de 17-KSs são deriva-
ções da testosterona livre e fracamente ligada p o r meio de modelos das quase que exclusivamente das glândulas adrenais.
matemáticos.^ Esta ú l t i m a abordagem utiliza equações de ação de A m a i o r parte dos 17-KSs u r i n á r i o s consiste e m (1) androste-
massa para calcular as concentrações da'testosterona livre e fraca- rona, (2) epiandrosterona, (3) e t i o c o l a n o l o n a , (4) D H E A , (5)
mente ligada a partir de concentrações da testosterona total, S H B G 11-cero e (6) 11 p - h i d r o x i a n d r o s t e r o n a e (7) 11-cero e (8) l l f ü -
e a l b u m i n a e a partir de constantes de associação para a ligação da h i d r o x i e t i o c o l a n o l o n a . A D H E A e os 17-KSs 11-oxigenados são
testosterona com as duas proteínas de ligação. p r o d u z i d o s somente pelas glândulas adrenais, e n q u a n t o os outros
Intervalos de referência para a testosterona livre, percentual t a m b é m p r o v ê m de precursores (androstenediona e testosterona)
de testosterona livre e testosterona b i o d i s p o n í v e l n o soto estão elaborados pelas gônadas. P o r t a n t o , o p r i n c i p a l p r o p ó s i t o da
listados na Tabela 45-1 n o C a p í t u l o 45. A diálise de e q u i l í b r i o é dosagem desses m e t a b ó l i t o s esteróides é avaliar a p r o d u ç ã o
considerada o m é t o d o de referência para a determinação da adrenal de andrógenios.
testosterona livre n o soro. Diversos métodos f o t o m é t r i c o s estão disponíveis para a ava-
liação da concentração t o t a l dos 17-KSs na u r i n a . A m a i o r parte
Dosagem da Desidroepiandrosterona e do Seu deles se baseia na reação c o l o r i d a o r i g i n a l m e n t e descrita p o r
Sulfato Z i m m e r m a n . Nesse p r o c e d i m e n t o , (1) a clivagem ácida dos con-
As dosagens da D H E A o u d o seu conjugado sulfatado, D H E A - S , jugados dos 17-KSs dos ácidos g l i c u r ô n i c o e s u l f ú r i c o é seguida
no soro e plasma, sãc i m p o r t a n t e s para as investigações da pro- pela (2) extração, (3) lavagem c o m álcalis e (4) desenvolvimento
dução androgênica adrenal, tais c o m o a avaliação de (1) hiper- da cor. A estrona, que é u m 17-KS " á c i d o " , é r e m o v i d a pelo
plasia, (2) t u m o r e s adrenais, (3) adrenarca, (4) puberdade retar- t r a t a m e n t o alcalino d e v i d o à sua natureza fenólica e, p o r t a n t o , é
dada, o u (5) h i r s u t i s m o . O D H E A - S e m circulação se o r i g i n a e l i m i n a d a antes da reação f o t o m é t r i c a da fração " n e u t r a " rema-
p r i m a r i a m e n t e das glândulas adrenais, embora, nos h o m e n s , nescente dos 17-KSs. A formação do c r o m ó f o r o se baseia na
u m a parte possa ser derivada dos testículos. N a d a é p r o d u z i d o reação dos 17-KSs c o m o m - d i n i t r o b e n z e n o n o h i d r ó x i d o de
pelos ovários. A D H E A é secretada quase c o m p l e t a m e n t e pelas potássio alcoólico para p r o d u ç ã o de u m a coloração roxo-averme-
glândulas adrenais. lhada c o m absorção m á x i m a em 520 n m . Diversos medicamentos
A s concentrações de D H E A exibem u m r i t m o circadiano que i n t e r f e r e m c o m o ensaio para os 17-KSs. Aqueles que p r o d u z e m
reflete a secreção de A C T H e que varia d m a n t e o ciclo menstrual. u m a interferência positiva i n c l u e m (1) c l o r p r o m a z i n a , (2) etina-
As concentrações de D H E A - S não exibem u m r i t m o circadiano mato, (3) m e p r o b a m a t o , (4) ácido n a l i d í x i c o , (5) p e n i c i l i n a , (6)
devido à sua meia-vida circulante mais longa. f e n a g l i c o d o l e (7) espironolactona. Os medicamentos que p r o d u -
zem u m a interferência negativa i n c l u e m (1) clordiazepóxido, (2)
Metodologia agentes progestationais, (3) p t o p o x i f e n o e (4) reserpina.
O i m u n o e n s a i o é o m é t o d o de escolha para as dosagens de
D H E A e de D H E A - S . O u t r o s m étodos i n c l u e m (1) C G , (2) Dosagem dos Esteróides Anabólicos
métodos derivados de isótopos d u p l o s e (3) ensaios competitivas A detecção e a dosagem de esteróides exógenos, tais c o m o a
de ligação proteica. Estes ú l t i m o s , na verdade, dosam os deriva- testosterona e a D H T , que são usados para m e l h o r a r o desempe-
dos do 5-androstenediol e u t i l i z a m a S H B G c o m o u m a proteína n h o atlético, c o n s t i t u e m u m desafio para o l a b o r a t ó r i o . A pro-
de ligação de ocorrência natural. U m m é t o d o de referência porção entre a testosterona e a epitestosterona, seu epímero 17-01,
baseado a cromatografia l í q u i d a de alta performance — espectro- f o i utilizada para a detecção d o abuso de testosterona. U m a
metria de massa — f o i usado para a u m a avaliação i n d e p e n d e n t e proporção entre a testosterona e a epitestosterona > 1 sugere o
dos m é todos de r o t i n a . Os i m u n o e n s a i o s para D H E A - S demons- uso de testosterona exógena, e exames adicionais deveriam ser
t r a m u m a reatividade cruzada significativa c o m D H E A , andros- realizados para c o n f i r m a ç ã o . O u t r o s sugeriram u m a p r o p o r ç ã o
t e n e d i o n a e androsterona; a i n d a assim, as concentrações relativas entre a testosterona e o L H na u r i n a c o m o u m a indicação da
desses esteróides p r o v o c a m u m efeito m í n i m o sobre o desempe- dopagem p o r testosterona. Estudos detalhados dessas proporções
n h o d o ensaio. estão disponíveis. A G C - M S permanece sendo o m é t o d o mais
Os intervalos de referência para as concentrações séricas de a m p l a m e n t e utilizado para triagem e confirmação.
D H E A - S e D H E A estão listados na Tabela 45-1 n o C a p í t u l o 45.
Anomalias Reprodutivas Masculinas
Coleta e Armazenamento das Amostras Diversas anomalias afetam o sistema r e p r o d u t i v o m a s c u l i n o antes
O soro o u o plasma (preservados c o m E D T A ) são adequados para do nascimento, na i n f â n c i a o u na vida a d u l t a ( Q u a d r o 42-1). Para
os imunoensaios para D H E A e D H E A - S - N e n h u m a medicação os propósitos deste c a p i t u l o , elas f o r a m divididas nas categorias
à base de esteróides, A C T H , estradiol, o u g o n a d o t r o f i n a s deve (1) h i p o g o n a d i s m o h i p o g o n a d o t r ó f i c o , (2) h i p o g o n a d i s m o hiper-
ser a d m i n i s t r a d a n o p e r í o d o de 48 horas antes da coleta da g o n a d o t r ó f i c o , (3) defeitos na ação androgênica, (4) i m p o t ê n c i a
amostra. A coleta no i n í c i o da m a n h ã , antes das 10:30h, é a e (5) ginecomastia.
preferida para a D H E A . Amostras refrigeradas (4 n a 8°C) são
estáveis p o r até 14 dias, aquelas congeladas a - 2 0 C são estáveis Hipogonadismo Hipogonadotrófico
p o r > 1 ano. O h i p o g o n a d i s m o m a s c u l i n o é u m a condição provocada p o r
u m a redução da f u n ç ã o dos testículos que acarreta u m retardo
Dosagem dos 17-Cetoesteróides na Urina d o desenvolvimento sexual se manifestado no i n í c i o da vida. O
Os 17-cetoesteróides (17-KSs) são os metabólitos dos precursores d i s t ú r b i o é classificado c o m o Jufogonadotrófico o u c o m o hiper-
secretados pelas glândulas adrenais, testículos e, em alguma g o n a d o t r ó f i c o , d e p e n d e n d o de se os h o r m ô n i o s hipofisários
m e d i d a , pelos ovários. N o s h o m e n s , a p r o x i m a d a m e n t e u m terço g o n a d o t r ó f i c o s ( L H e F S H ) estão d i m i n u í d o s o u aumentados.
dos 17-KSs u r i n á r i o s totais representa metabólitos da testosterona O h i p o g o n a d i s m o h i p o g o n a d o t r ó f i c o ocorre q u a n d o defeitos
secretada pelos testículos, e n q u a n t o os dois terços restantes n o h i p o t á l a m o o u na h i p ó f i s e i m p e d e m o estímulo gonadal
derivam-se dos esteróides produzidos pelas glândulas adrenais. n o r m a l . Os fatores causais i n c l u e m (1) p a n - h i p o p i t u i t a r i s m o con-
Distúrbios Reprodutivos CAPÍTULO 4-2 805
Q U A D R O 42-1 A n o m a l i a s Reprodutivas Masculinas (3) defeitos enzimáticos na síntese androgênica; (4) agenesia tes-
ticuiar e (5) doença t u b u l a r seminífera, dentre outras causas
HIP0G0NADISM0 HIPOGONADOTRÓFICO diversas. O envelhecimento t a m b é m está associado à insuficiên-
Pan-hipopituitarismo (congênito ou adquirido) cia gonadal, que ocorre e m cerca de 2 0 % dos h o m e n s c o m mais
Síndrome hipotaiâmica (adquirida ou congênita) de 60 anos (veja o i t e m A n d r o p a u s a na seção anterior). 9
Defeitos estruturais (neopiásicos, inflamatórios e infiitrativos)
Síndrome de PraderWilli Defeitos da Ação Androgênica
Síndrome de Laurence-Moor-Biedi O defeito mais c o m u m e grave da ação androgênica é a síndrome
Deficiência de GnRH (síndrome de Kallmann) do testículo feminizante. Esses i n d i v í d u o s possuem u m a constitui-
Hiperproiactinemia (proiactinoma ou medicamentos) ção f e m i n i n a e desenvolvem tecido m a m á r i o . A vagina t e r m i n a
Desnutrição e anorexia nervosa
e m u m a bolsa cega e testículos masculinos estão presentes. Acre-
Supressão induzida por drogas do hormônio luteinizante (andrógenios,
dita-se que o d i s t ú r b i o provenha de u m defeito n o receptor
estrogenos, tranqüilizantes, antidepressivos, anti-hipertensivos, barbitúricos,
a n d r o g ê n i c o As concentrações circulantes de testosterona nesses
cimetidina, análogos do GnRH e opiáceos)
pacientes são as mesmas, o u maiores, d o que aquelas de h o m e n s
normais.
HIPOGONADISMO HIPERGONADOTRÓFICO
Adquirido (irradiação, caxumba, castração e drogas citoióxicas)
Defeitos cromossõmicos impotência
Síndrome de Klinetelter (47, XXY) e mosaicos A i m p o t ê n c i a é a persistente incapacidade de desenvolver o u
Cromossomos autossômicos e sexuais, poliploidias m a n t e r u m a ereção peniana que seja suficiente para a relação
Hermafroditismo verdadeiro sexual e a ejaculação em 5 0 % o u mais das tentativas. 9 U m a ampla
Defeito da biossíntese aridrogênica variedade de anomalias orgânicas e psicológicas p o d e m provocar
Deficiência da 20a-hidroxilase (colesterol 20,22-desmolase) alterações n o i m p u l s o sexual e na capacidade de apresentar u m a
Deficiência da 17,20-liase ereção o u de ejacular. A i m p o t ê n c i a psicogênica é o diagnóstico
Deficiência da 3(3-hidroxiesteróide desidrogenase mais c o m u m . O u t r a s causas i n c l u e m (1) doença vascular, (2) dia-
Deficiência da 17a-hidroxilase betes meUitus, (3) hipertensão, (4) uremia, (5) doença neurológica,
Deficiência da 17(3-liidroxi esferóide desidrogenase (6) h i p o g o n a d i s m o , (7) h i p e r t i r e o i d i s m o e (8) h i p o t i r e o i d i s m o , (9)
Agenesia testicuiar neoplasias e (10) medicamentos. Se n e n h u m a explicação óbvia
Doença tubular seminífera seletiva para a i m p o t ê n c i a for encontrada, as dosagens matinais das con-
Outros
centrações séricas de testosterona, L H e h o r m ô n i o estimulador da
Síndrome de Noonan (baixa estatura, estenose valvar pulmonar,
t i r e ó i d e são sugeridas 9 Concentrações elevadas de gonadotro finas
hipertelorismo e ptose)
i n d i c a m h i p o g o n a d i s m o p r i m á r i o . As concentrações da testoste-
Gõnadas em estria
r o n a total e mesmo da f o r m a livre p o d e m estar d e n t r o dos inter-
Miotonia distnófica
valos de referência, ainda assim p o d e m ser subnormais para u m
Doenças agudas e crônicas
dado paciente se encontradas na presença de L H o u F S H eleva-
DEFEITOS DA AÇÃO ANDROGÊNICA dos. A h i p e r p r o i a c t i n e m i a é u m a causa rara de impotência, mas
insensibilidade androgênica completa (feminização testicuiar) deveria ser considerada e m situações extraordinárias
Sensibilidade androgênica incompleta
Desfeitos do receptor andrcgênico Ginecomastia
Deficiência 5a-redutase Ginecomastia é o crescimento benigno de tecido glandular m a m á r i o
em homens, c o n s t i t u i n d o u m achado c o m u m em homens de
GnRH, Hormámo de lib&tíção da gonãJotrofma
idades variadas. A ginecomastia está associada a u m a u m e n t o na
razão estrógenoiandrógenio. Existem três períodos distintos da
vida aos quais a ginecomastia está c o m u m e n t e associada. O pri-
m e i r o é a ginecomastia transitória, freqüentemente encontrada e m
gênito o u a d q u i r i d o , (2) síndromes hipotalâmicas, (3) deficiência 6 0 % a 9 0 % de todos os neonatos, devido às elevadas concentra-
de G n R H , (4) h i p e r p r o i a c t i n e m i a , (5) desnutrição o u anorexia e ções de estrógenos que cruzam a placenta. O segundo pico ocorre
(6) causas iatrogênicas. Essas anomalias estão todas associadas a durante a puberdade em 5 0 % a 7 0 % dos m e n i n o s normais. Ela
concentrações reduzidas de testosterona e de g o n a d o t r o finas. geralmente é autolimitada, p o d e n d o ser provocada p o r u m a baixa
A síndrome de Kallmann é a f o r m a mais c o m u m de hipogona- testosterona sérica, p o r u m a D H T baixa, o u p o r u m a elevada razão
d i s m o h i p o g o n a d o t r ó f i c o e resulta de u m a deficiência de G n R H estrógeno:andrógenio. O ú l t i m o p i c o é encontrado na população
n o h i p o t á l a m o d u r a n t e o d e s e n v o l v i m e n t o e m b r i o n á r i o . ' Ela se adulta, mais freqüentemente e m h o m e n s entre 50 e 80 anos de
caracteriza p o r h i p o g o n a d i s m o e anosmia (perda do sentido d o idade. Esta ginecomastia pode ser devida à insuficiência testicuiar,
olfato) e m pacientes d o sexo m a s c u l i n o o u f e m i n i n o ; c o n t u d o , resultando e m u m a razão estrógeno: andrógenio aumentada, o u a
ela é cinco vezes mais c o m u m e m h o m e n s . Ela é u m defeito u m a u m e n t o da gordura corporal, resultando em u m a aromatiza-
c o n g ê n i t o c o m graves causas genéticas que resulta em u m a defi- ção periférica aumentada da testosterona para estradiol.
ciência go nado trófica. 7 A ginecomastia t a m b é m p o d e se desenvolver d e v i d o a (1)
causas iatrogênicas, (2) h i p e r t i r e o i d i s m o , o u c o m o resultado de
Hipogonadismo Hipergonadotrófico (3) diversos t u m o r e s endócrinos. E i m p o r t a n t e observar que a
O h i p o g o n a d i s m o h i p e r g o n a d o t r ó f i c o é causado pela disfunção p r o l a c t i n a desempenha u m i m p o r t a n t e papel na galactorréia (pro-
gonadal. Os pacientes c o m insuficiência testicuiar p r i m á r i a apre- dução de leite), mas apenas u m papel i n d i r e t o na ginecomastia,
sentam concentrações elevadas de L H e de F S H e concentrações
reduzidas de testosterona. As causas de h i p o g o n a d i s m o p r i m á r i o BIOLOGIA REPRODUTIVA FEMININA
i n c l u e m (1) lesão testicuiar, t a l c o m o aquela provocada p o r irra-
O sistema reprodutivo f e m i n i n o consiste e m u m a vagina, u m útero,
diação, doença, o u medicamentos,- (2) defeitos cromossõmicos,-
trompas de Falópio e ovários. O s ovários estão localizados em
806 PARTE V Fisiopatologia
Ciclo
endócrino
ÚQ
Histologia O
Rocnitamanto Corpo
folicular Folículo dominante lúteo
Histologia
andooiH íiial
Temperatura 37.0
corporal
; : J
(«O
36.0
Figura 42-5 As alterações hormonal, ovariana, endometrial e da temperatura corporal basal através do ciclo
menstrual normal. ( D e C a i r BR, Bradshaw K D . Disordeis of the ovary and female reproductive tiact. In:
Braunwald E, Fauci A , Kaspei D , Hauser SL, Longo D L , Jameson JL, eds. Harrison principies of internai
medicine, 15tb ed. N e w York: M c G r a w - H i l l , 2001:2158.)
HIPOTÁLAMO
Estradiol,
Prog este rena
OVÁRIO
OH Oll
J l
ra
,on
O ;
i-?J HO LIO ^
Escrano Es trona Estradiol-17 P Estriol
«I! O riH
.OH J L .OH <0
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T í - J
XX7
<4?
HO" HO
16 Ot-H i d rox i estro n a
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HO" ^ ^
16-Epiestxiol 1 6-Oxo es trad iol-17 P
0
A
OH
^ - N p Y ° " A.
XXX
I K
\ ^ Y
T í f
TIO" ^
r:b , / v
jçxy
011
l-Hidiusaostiona
Química
/ uCÊ
r f r
Os nomes e as fórmulas estruturais de alguns dos estrógenos impor-
tantes estão exibidos na Figura 42-7. Estruturalmente, os estróge-
nos são derivados do hidrocarboneto genitor estrano, que é uma
molécula de 18 carbonos com u m anel aromático A e u m grupo Androstenediona Testosterona
metil no C-13. 211 O anel fenólico A e a função oxigênio no
carbono 17 são essenciais para a atividade biológica. Substituintes
Pr
em outras posições na molécula d i m i n u e m a potência femini- o
A
| OH
zante. Por exemplo, o estriol, que contém u m grupo hidroxila na
posição C-16, possui m u i t o pouca atividade biológica.
cu. onj
Bioquímica e Fisiologia
Biossíntese do Estrógeno
Nas mulheres normais, a maioria dos estrógenos é secretada pelos
0":
T
19-Hidroxi androstenediona
XX J19-Hi droxi cestos cero na
folículos ovarianos e pelo corpo lúteo, e, durante a gravidez, pela
placenta. Acredita-se que adrenais e os testículos secretem quan-
tidades insignificantes de estrógenos. O ovário segue a mesma via OH
esteroidogênica dos demais órgãos produtores de esteróides. 211
Os ovários humanos normais produzem todas as três classes de
esteróides sexuais — estrógenos, progestinas e andrógenios. O / v /
estradiol e a progesterona, contudo, constituem os produtos secre-
tórios primários. A o contrário dos testículos, o ovário possui u m
o-
sistema de arun latas es altamente ativo que rapidamente converte 19-Oxo testosterona
andrógenios, como a testosterona, a estrógenos. Diferentemente
do córtex adrenal, o ovário normal carece tanto da enzima 21-
hidroxilase quanto da ll(3-hídroxilase e, portanto, não produz
OH
glicocorticóides e mineralocorticóides. 2,11 Mais de 20 estrógenos
foram identificados, mas somente o 17p-estradiol (também indi- 1
R LJ
Cfj
cado como E2) e o estriol (também indicado como E3) são
rry
rotineiramente dosados clinicamente. O estrógeno mais potente
secretado pelo ovário é o I7p-estradiol. U m a vez que ele deriva
quase que exclusivamente dos ovários, a sua dosagem freqüente- HO
mente é considerada suficiente para avaliar a função ovariana. A Estrona Escradiol-17P
via bioquímica ilustrando a aromatização da testosterona a estra-
d i o l e da androstenediona a es trona é mostrada na Figura 42-8. Figura 4 2 - 8 Biossíntese dos estrógenos. As setas grossas indicam a
via A5-3(5-hidróxi. As áreas circuladas representam o local de modificação
Biossíntese do Estriol durante a Gravidez química. Consulte a Figura 42-4 para as etapas sintéticas iniciais.
A biossíntese dos estrógenos difere qualitativa e quantitativa-
mente nas mulheres grávidas, se comparada às não-gestantes. Nas
mulheres grávidas, a principal fonte de estrógenos é a placenta,
enquanto nas mulheres não-gestantes os ovários constituem o semana: 0,30 a 1,50 pg/L) quando a síndrome de D o w n está
principal local de síntese. 2611 Ao contrário das quantidades em presente.
microgramas secretadas pelas mulheres não-gestantes, a quanti-
dade de estrógenos secretados durante a gravidez se eleva para o Transporte do Estrógeno no Sangue
nivel de miligramas. O principal estrógeno secretado pelo ovário Mais de 97% do estradiol circulante está ligado às proteínas
é o estradiol, enquanto o principal produto secretado pela pla- plasmáticas. Ele se liga especificamente e com elevada afinidade
centa é o estriol. O estriol é formado na placenta a partir de á S H B G c, não-especificamente, à albumina. Os eslrógeiios
DHEA-S, por meio das ações da sulfatase e da aromatase. Exceto elevam as concentrações de S H B G e, portanto, elas são mais
durante a gravidez, as dosagens de estriol possuem pouco valor elevadas nas mulheres do que nos homens. Elas também estão
clínico, uma vez que, nas mulheres não-gestantes, o estriol deriva aumentadas durante (1) a gravidez, (2) o uso de contraceptivos
quase que exclusivamente do estradiol. otais, (3) o hipertireoidismo e (4) a administração de certas
As dosagens do estriol sérico são comumente usadas como drogas antiepiléticas, tais como a Dilantina. As concentrações de
parte de triagens maternas "triplas" ou "quádruplas" para fetos S H B G podem d i m i n u i r no hipotireoidismo, obesidade, ou
afetados pela síndrome de D o w n (Capítulo 43). E m média, o excesso de andrógenios. Somente 2% a 3 % do estradiol total
estriol não conjugado é 0,72 vez menor (valor médio na 16a circula na forma livre. Assim como com a testosterona, acredita-
Distúrbios Reprodutivos CAPÍTULO 42 809
OH 21
O.TTj
x'
u 1.-0 OH
HO
XX) Estradiol (E5)
/ r s
P .
i> fí
0
n
;
P
14 í ü
JLLJ
Progesterona Nortestosrerona
(Pregn-4-ene*3,2Q-diona) {17 |^H i dróx i-19-n orand ros c-4-eri .3 -on a)
(o)
Figura 4 2 - 1 0 Fórmulas estruturais da progesterona e da
19-no rtes to s tero n a.
HO
XXJ V V
Via òa 2-Hiàroxilãçâo
y Estrona (Hj)
\ \ 16
Via áa
dro3t! la çã o
tação do blastocisto e na manutenção cia gravidez. Em mulheres
não-gestantes, a progesterona é principalmente secretada pelo
corpo lúteo. Durante a gravidez, a placenta se t o m a a principal
fonte desse h o r m ô n i o . Fontes secundárias são o córtex adrenal,
em ambos os sexos, e os testículos, no homem.
. C
X . , - 0
@ k ^ . Y A . v , Química
r i A formula estrutural da progesterona, u m composto C 2 ], está
HO' I-IO"" mostrada na Figura 42-10. Assim como os corticosteróides e a
2-H i d roxi es crori a 16«-H idroxies txori a testosterona, a progesterona (pregn-4-ene-3,20-diona) contém u m
grupo ceto (em C-3) e uma ligação dupla entre C 4 e C-5 (A 4 );
ambas as características estruturais são essenciais para a atividade
A
ii ç—o
r
, =i
CHi u m a sensibilidade d i m i n u í d a da g l â n d u l a hipófise o u d o hipo-
rJLi
& tálamo, o u de ambos, ao efeito de feedback negativo das esteróides
X r "
sexuais. O mecanismo para esta m u d a n ç a não é claro. A m e d i d a
que a puberdade se a p r o x i m a , ocorre a secreção n o t u r n a de
.l gonadotTOfinas. As concentrações de L H , F S H e esteróides gona-
fi<y
H
LT dais se elevam g r a d u a l m e n t e ao l o n g o de vários anos antes de se
estabilizarem nas concentrações adultas, q u a n d o u m a m a t u r i -
dade sexual plena é alcançada. Nas meninas, a puberdade é
Alopregnanediom Preganolona
considerada precoce se o i n í c i o d o desenvolvimento p u b e r a l
(características sexuais secundárias) ocorre antes da idade de 8
(.'II, anos (veja a seção p o s t e r i o r sobre puberdade precoce) e é consi-
(nl\
JL
r—t IIC derada retardada se não houve n e n h u m desenvolvimento aos 13
anos de idade, o u se a m e n a r c a não ocorreu até a idade de I6V2.
ftr WJ
II
D H E A - S e androstenediona) se inicia entre 6 e 7 anos. Esta
elevação das concentrações dos andrógenios adrenais persiste até
Alo pregnano Ion a pTegnanediol
o f i n a l da puberdade. A secreção de estrógenos pelo ovário se
eleva e provoca o a u m e n t o do ú t e r o e das mamas. Nas mamas,
Cif; o estrógeno p r o m o v e o crescimento dos duetos; a progesterona
t
u i a u m e n t a este efeito. A m e d i d a que a m a m a se desenvolve, o
< 113 estrógeno t a m b é m a u m e n t a o tecido adiposo e m t o r n o d o sistema
na
n
í 11 t ó r i o sob a i n f l u ê n c i a da progesterona.
Fases
Desenvolvimento Reprodutivo Feminino O ciclo m e n s t r u a l é m e d i d o t e n d o c o m o dia " 1 " o p r i m e i r o dia
Os estágios do des env ol v i m ento r e p r o d u t i v o f e m i n i n o i n c l u e m de sangramento m e n s t r u a l . C a d a ciclo consiste e m u m a fase
(1) fetal, (2) pós-natal e (3) puberdade. f o l i c u l a r e u m a fase luteínica.
gindo seu ápice 10 a 12 horas antes dela. 2 A ovulação ocorre por resultam no pico de L H da metade do ciclo. Os receptores do
volta do 14" dia do ciclo menstrual. folículo ovariano para o L H , sensibilizados pelo FSH e pelo
estradiol, transmitem o estímulo para acentuar a diferenciação
Fase Luteínica das células teçais e para produzir progesterona pelo corpo lúteo
A fase luteínica constitui a segunda metade do ciclo e se caracteriza em desenvolvimento. A produção de L H encontra-se suprimida
por uma produção aumentada de progesterona e estrógeno pelo durante a fase luteínica pelo feedback negativo da progesterona
corpo lúteo com a conseqüente redução gradual das concentra- combinada com o estradiol, mas u m a concentração baixa de L H
ções de L H e de FSH. A progesterona atinge um pico de, apro- provavelmente é necessária para prolongar a função do corpo
ximadamente, 8 m g / d i a por volta do oitavo dia após a ovulação. lúteo.
Se a ovulação não ocorrer, o corpo lúteo não consegue se formar
e a elevação cíclica da progesterona é subnormal. Se a gravidez Estradiol
ocorrer, a gonadotrofina coriõnica (CG) mantém o corpo lúteo A produção de estradiol pelo ovário cai próximo ao f i m de u m
e a progesterona continua a se elevar. N a ausência da concepção, ciclo, mas começa a aumentar de novo sob a influência do FSH
o corpo lúteo se resolve, resultando em uma diminuição das (Figura 4 2 - 5 ) . A n t e s da fase folicular média, as concentrações
concentrações de estrógeno e de progesterona e a decomposição de estrógeno são < 50 p g / m L , mas se elevam rapidamente à
do endométrio. A duração média do fluxo menstrual é de 4 a ó medida que o folículo amadurece. A produção de estradiol
dias e a perda média de sangue menstrual é de 30 mL. 2 aumenta, atingindo u m pico de meio de ciclo de 250 a 500
p g / m L . As concentrações de estradiol caem abruptamente após
O Papel dos Hormônios Individuais a ovulação, mas se elevam novamente à medida que o corpo lúteo
Os principais hormônios que influenciam o controle e os efeitos se forma, atingindo concentrações de, aproximadamente, 125
do ciclo menstrual normal incluem (1) G n R H , (2) FSH, (3) L H , p g / m L durante a fase luteínica. A progesterona produzida pelo
(4) estradiol e (5) progesterona (Figura 42-5). corpo lúteo, combinada ao estrógeno, exerce u m efeito negativo
sobre o hipotálamo e o lóbulo anterior da glândula hipófise.
Hormônio de Liberação da Gonadotrofina C o m o resultado, a secreção de L H e de FSH é novamente supri-
O h o r m ô n i o de liberação da gonadotrofina desencadeia o pico mida durante a fase luteínica. O estradiol é essencial para o
de L H que precede a ovulação. 2,6,11 Parece haver dois centros desenvolvimento do endométrio proliferativo e atua sinergica-
independentes de feedback n o hipotálamo: (1) u m centro tônico mente com a progesterona para o desenvolvimento das alterações
de feedback negativo n o hipotálamo medial basal e (2) u m centro do endométrio que iniciam a d e s c a m a ç ã o .
cíclico de feedback positivo nas regiões anteriores do hipotálamo.
Baixas concentrações de estradiol, tais como aquelas que estão Progesterona
presentes durante a fase folicular, afetam o centro de feedback A progesterona não é produzida em quantidades significativas até
negativo, enquanto concentrações elevadas de estradiol, tais o pico de L H da metade do ciclo e a ovulação. O L H aumenta
como aquelas observadas imediatamente antes do pico de L H da a diferenciação das células da teca e a produção de progesterona,
metade do ciclo, desencadeiam o centro de feedback positivo. A que se eleva de 10 a 20 vezes, até cerca de no máximo 8 dias após
progesterona, em combinação com o estrógeno, afeta o centro de o pico de L H da metade do ciclo. Acredita-se que a progesterona
feedback negativo na fase luteínica. estimule o pico ovularório do FSH e promova o crescimento do
endométrio secretor, que é necessário para a implantação do óvulo
Hormônio Folículo-estimuiante fertilizado. 2
Alguns dias antes do primeiro dia do ciclo, o FSH exibe u m dis-
creto, mas importante, pico (Figura 42-5), provavelmente desen- Ovulação
cadeado por uma queda na concentração de estradiol que, por Não se sabe como u m folículo em particular é selecionado para
u m curto espaço de tempo, elimina o efeito de feedback nega- cada ciclo menstrual. O pico de FSH de final de ciclo é provavel-
tivo. 2,11 Este pico de FSH inicia o crescimento e a maturação de mente importante nesse processo. U m a vez que u m folículo
u m grupo de folículos ovarianos. A liberação de L H e FSH é tenha sido estimulado, a produção de estradiol faz c o m que
pulsátil ao longo do ciclo. A medida que o estrógeno é liberado aquele folículo específico seja mais receptivo aos efeitos d o FSH.
pelos folículos em crescimento, as concentrações de FSH caem A elevada concentração de estradiol imediatamente antes da
novamente, permanecendo baixas através da fase folicular. Por metade do ciclo é responsável pelo desencadeamento do feedback
volta do quinto ao sétimo dia, u m único folículo é escolhido para positivo no hipotálamo, que leva ao pico de L H da metade do
u m crescimento adicional. O FSH, auxiliado pelo estradiol, age ciclo. A causa exata da ovulação não é conhecida, mas a ovulação
sobre as células do folículo, aumentando a responsividade dos ocorre de 1 a 24 horas após o pico de L H . Após a ovulação, o
receptores de L H no período d o pico da m e t a d e d o ciclo. Ocorre L H é suprimido pela progesterona e pelo estradiol, mas o efeito
uma elevação do FSH na metade do ciclo que é desencadeada do L H é aumentado no corpo lúteo. 2,0 ' 11 N a hipótese de uma
pela progesterona. Durante a fase luteínica, o FSH é suprimido fertilização e de uma implantação bem-sucedidas, a função do
pelo feedback negativo do estradiol até que u m pico menor de corpo lúteo é sustentada pela C G produzida pelas células trofo-
FSH, que ocorre p r ó x i m o ao f i m do ciclo, inicie a maturação blásticas do embrião em desenvolvimento. A C G possui uma alta
folicular do ciclo seguinte. homologia molecular com o L H e é capaz de se ligar e estimular
os receptores do L H . Caso contrário, a concentração declinante
Hormônio Luteinizante do estradiol leva à regressão do corpo lúteo e ao pico de final de
A secreção de L H está suprimida na fase folicular pelo feedback ciclo do FSH, que reinicia o processo.
negativo do estradiol. 2,6,11 A medida que a produção de estradiol
pelo folículo em desenvolvimento aumenta, o efeito do estradiol sobre Menopausa
o centro de feedback positivo se torna mais importante. A cres- A menopausa é definida como a permanente cessação da mens-
cente liberação de G n R H pelo hipotálamo e o aumento da truação resultante da perda da atividade folicular ovar ia na. Os
sensibilidade do l o b o anterior da glândula hipófise ao G n R H ovários falham em produzir quantidades adequadas de estrógeno
812 PARTE V Fisiopatologia
e, então, a produção de inibina e de gonadotrofina aumenta em anilino-l-naftaleno sulfônico (ANS) ou de uma quantidade exces-
uma contínua tentativa de estimular o ovário. A idade média da siva de u m esteróide competitivo, tal como a D H T , à amostra.
menopausa nos Estados U n i d o s é de 51 anos, mas essa idade
varia consideravelmente. 2,4 A falência ovariana pode ocorrer em Coleta e Armazenamento da Amostra
qualquer idade, mas a menopausa antes dos 40 anos é conside- O soro ou o plasma (com E D T A ou heparina como anticoagu-
rada prematura. 4 lante) são usados para a dosagem dos estrógenos. As amostras
As alterações hormonais se iniciam cerca de 5 anos antes da devem ser centrifugadas e separadas dentro de 24 horas. As
verdadeira menopausa, à medida que a resposta do ovário às gona- amostras podem ser armazenadas refrigeradas poT 24 horas ou
dotrofinas começa a se reduzir e os ciclos menstruais se tornam congeladas por até 1 ano, As concentrações de estradiol estão
progressivamente irregulares.4 O termo "perimenopausa" refere-se aumentadas na cirrose hepática e foi constatado que os contra-
ao intervalo de tempo entre a início dessas irregularidades mens- ceptivos orais alteram as concentrações. N e n h u m a medicação à
truais e a própria menopausa. Observou-se que essa fase de transi- base de esteróides, A C T H , gonadotrofina ou estradiol deveria ser
ção dura entre 2 e 8 anos.4 Nesse momento, as concentrações de administrada dentro de 48 horas antes da coleta da amostra.
FSH aumentam e as concentrações de estradiol diminuem.
E importante observar que, com o advento de imunoensaios Intervalos de Referência
altamente sensíveis para a dosagem das concentrações séricas e Os intervalos de referência para o estradiol e a estrona estão lis-
urinárias de (3-CG, foi ocasionalmente observado que as mulhe- tados na Tabela 45-1 n o Capítulo 45.
res na pós-menopausa apresentam concentrações levemente ele-
vadas de p-CG (tipicamente maiores que 5, mas < 25 U I / L ) . Esses Dosagem de Progesterona no Sangue
resultados podem causar confusão quando as concentrações A dosagem da progesterona no soro ou n o plasma é considerada
estão acima do limite de detecção definido pata um teste de a técnica mais confiável para avaliar a sua taxa de produção.
gravidez positivo. Embora este fenômeno não esteja associado à
gravidez, esses resultados não são falso-positivos, uma vez que são Metodologia
rotineiramente confirmados por métodos alternativos.
Métodos derivativos de isótopos duplos e ensaios competitivos
de ligação proteica foram aplicados à dosagem da progesterona
sérica. Estes métodos exigem uma extensa purificação do este-
Metodologia Analítica róide e são altamente dependentes de mão-de-obra. Os procedi-
Diversos métodos estão disponíveis para a dosagem dos hormô- mentos de G C utilizando ionização em chama, captura eletrô-
nios reprodutivos femininos e seus correlatos nos líquidos corpo- nica, ou detecção por nitrogênio foram empregados para melho-
rais. (Os métodos utilizados para dosar os hormônios reproduti- rar a precisão das análises da progesterona. Esses métodos
vos protéicoR são discutidos no Capítulo 39.) também consomem tempo e muitas vezes exigem extração por
solvente, cromatografia e derivatização antes da quantificação do
Dosagem dos Estrógenos no Sangue esteróide. A G C - M S foi recomendada como método de referên-
Metodologia cia para a determinação da progesterona.
Tanto métodos cromatográficos quanto imunoensaios são utili- Para as dosagens de rotina da progesterona n o laboratório
zados para dosar os estrógenos no sangue. clínico, os imunoensaios que utilizam anticorpos esteróide-espe-
Métodos Cromatográficos. Métodos C G - M S associados à cíficos são os preferidos. Os imunoensaios iniciais para a dosagem
diluição isotópica uíeTecem a dosagem mais precisa e confiável da progesterona sérica utilizavam solventes orgânicos para remover
do estradiol. As etapas fundamentais desses métodos de referên- os esteróides das proteínas endógenas de ligação, tais como a
cia são (1) extração por solvente, (2) fracionamento cromatográ- globulina de ligação dos corticosteróides e a albumina. A dosagem
fico, (3) derivatização química e (4) análise instrumental. Para direta (não-extração) da progesterona no soro ou no plasma é
propósitos de rotina, os métodos cromatográficos foram ampla- considerada o método escolha para as aplicações de rotina. Vários
mente substituídos pelos imunoensaios, que são mais fáceis e antígenos diferentes foram utilizados para preparar anti-soros
rápidos do que os métodos cromatográficos. para os ensaios de progesterona. A reatividade cruzada é mais
Imunoensaio. Tanto o imunoensaio indireto (extração neces- proeminente com o 5a-pregnanedioI, variando de 6 % a 11%.
sária) quanto o direto (a extração não é necessária) são utilizados. Tanto o R I A quanto os imunoensaios não-isotópicos estão dispo-
O antígeno mais comumente empregado para preparar anticor- níveis para a dosagem da progesterona. Os imunoensaios enzimá-
pos paraos ensaios de estradiol é o estradiol-6-(0-carboximetil)oxima ticos são responsáveis pela maior parte dos ensaios de progeste-
conjugado à albumina sérica bovina. A reação cruzada com rona utilizados atualmente.
outros esteróides Cia geralmente é mínima, uma vez que os
grupos 3- e 17-hidroxila permanecem livres. Os imunoensaios Coleta e Armazenamento de Amostras
diretos substituíram amplamente os RIAs para a dosagem de O soro ou o plasma (com heparina ou E D T A como anticoagu-
rotina das concentrações de estradiol. A avaliação das concentra- lantes) são usados, mas devem ser separados dentro de 24 horas.
ções de estrógeno em homens, mulheres na pós-menopausa e O paciente não necessita estar em jejum e n e n h u m procedi-
crianças, requer RIAs mais sensíveis. M u i t o s dos imunoensaios mento especial de manuseio é necessário. As amostras podem ser
iniciais utilizavam solventes orgânicos para a extração seletiva de armazenadas refrigeradas por até 3 dias entre 4°C e 8°C, ou por
estradiol do soro. Esta etapa não somente remove o estradiol das até u m ano a - 2 0 ° C . Os pacientes não devem estar em uso de
proteínas endógenas de ligação como também retira outros com- qualquer medicação à base de corticosteróides, A C T H , estróge-
postos que interferem com o método. nos ou gonadotrofinas por, pelo menos, 48 horas antes da coleta
Para dosar o estradiol diretamente sem extração e cromato- da amostra.
grafia, o esteróide deve ser deslocado das suas proteínas de ligação.
Os agentes deslocadores utilizados pelos métodos comerciais fre- Intervalos de Referência
qüentemente não são revelados, mas em alguns sistemas uni Os intervalos de referência para as concentrações séricas de pro-
deslocamento efetivo é alcançado com a adição de ácido 8- gesterona estão listados na Tabela 45-1 no Capítulo 45.
Distúrbios Reprodutivos CAPÍTULO 42 813
HIP0TALÂM1CAS |
SNC — disfunção hipotalâmica idiopática N N N +
Secundária a medicamentos N N N +
Secundária a estresse N N N +
SNC — disfunção ou insuficiência hipotalâmica devida ao exercício 4- ou N 4 ou N 4 cu N ±
SNC — disfunção ou insuficiência hipotalâmica devida à perda de peso
Perda simples de peso 4 ou N 4 ou N 4 ou N ±
Anorexia nervosa 4 V 4 -
Idiopática 4 1 i -
HIP0FISÁRIAS
Lesões destrutivas (síndrome de Sheehan) 4 4 4 --
Tumor i 4 4 -
OVAR IAN AS
Falência ovariana prematura t T • -
UTERINAS
Sinéquias uterinas (síndrome de Asherman) N N N -
De Davajan V, Kletrfcj A O . Amenerrhía. I n ' WísKêÜ DR, Davajan V L e t o R A , «is In/ej-rilitj, con tracejnion and reproductive enJccrinclogj, 3tJ. ed. Boston: B l n t t u i e l í Scienri/ic
Publicacions, 199J:373.
F S H , Hormônio jòlfcul&títimulance; L H , hormônio hiteimzdme, S N C , sistema n m n s o centrai; N , talor dentro do iniervala de referência normal; 4 , valor abaixe do intervalo Aa referência
normat; T, valor acima do incervalc dá refsTÔicia normal (T, >25 xr\Ul/mL, menm do que o nível da menopausa; ±, respoica hemorrágica positiva ou negativa à progestemrw)
G n R H . U m a abordagem para este teste envolve a injeção intra- Papanicolaou cervical e vaginal com culturas cervical e endocer-
venosa de 100 jig de G n R H com dosagens das concentrações de vical apropriadas, (3) investigação da patência das trompas, em
FSH e de L H aos zero, 30, 60, 120 e 180 minutos após a injeção. busca de endometriose ou de aderências e (4) avaliação da ovu-
U m a elevação das gonadotrofinas séricas > 10 m U I / m L acima lação e da adequação da função luteínica. Depois que as anoma-
do nível basal é normal. Se o aumento das gonadotrofinas for lias tratáveis óbvias tenham sido excluídas, uma história mens-
pequeno ou ausente, a doença hipofisária é provável. Pacientes trual indicará uma avaliação endócrina adicional e u m teste
com doença hipotalâmica demonstrarão u m aumento retardado, pós-coito auxiliará a determinar a suficiência do coito.
mas significativo, > 7 m U I / m L dentro cie 180 minutos.
Teste Pós-coito
Avaliação dos Parâmetros Imunológicos 0 teste pós-coito constitui uma avaliação rápida dos múltiplos
O método de dosagem dos anticorpos antiespermatozóide é idên- fatores que afetam a fertilidade; contudo, as opiniões variam com
tico para a avaliação da infertilidade masculina ou feminina. A relação à sua utilidade clínica. O teste é agendado por volta do
técnica das immunobeads é a mais amplamente utilizada. Nesta m o m e n t o do pico de L H . U m exame com especulo estéril é
técnica, uma conta de poliacrilamida é revestida com u m anti- realizado entre 9 e 24 horas após o coito (baseado nas diretrizes
corpo anti-humano de coelho. Este se liga aos anticorpos que já da O M S ) . U m a amostra de muco endocervical é aspirada e colo-
estão presentes n o esperma h u m a n o ou que estão presentes após cada em uma lâmina de vidro com duas lamínulas. O muco com
a incubação do esperma com o f l u i d o apropriado (muco cervical uma adequada estimulação estrogênica tem uma aparência clara
ou soro). As contas que se ligam aos espermatozóides são micros- e transparente e forma u m filamento de 6 cm ou mais de exten-
copicamente detectadas. Essa técnica permite a determinação da são quando as lamínulas são separadas da lâmina. Q u a n d o exa-
porcentagem de espermatozóides humanos ligados, o isotipo de m i n a d o sob o microscópio, o muco seco pelo ar sob a segunda
imunoglobulina e a localização da ligação dos anticorpos (cabeça, lamínula forma, quando uma quantidade adequada de estrógeno
peça intermediária, o u cauda). A verificação rotineira em busca está presente, u m padrão semelhante a uma samambaia. Antes
de anticorpos antiespermatozóide não está recomendada.' 5 U m a que o muco tenha secado, devem ser visualizados > 20 esperma-
vez que os anticorpos antiespermatozóides estejam associados à tozóides por campo de alta resolução (corte recomendado pela
infertilidade, a concentração em que estes reduzem a fertilidade O M S ) . U m resultado normal para o teste sugere (1) suficiência
é desconhecida. do coito, (2) provável ovulação, (3) muco cervical "não-hostil" e
(4) u m teste de fertilidade masculina normal. Os valores prognós-
Infertilidade F e m i n i n a ticos variam de quase 5 0 % de chance de concepção dentro de
1 ano com u m teste ótimo a 15% de chance de concepção se o
Fatores Causais
teste for anormal.
Os fatores que contribuem para a infertilidade feminina estão
mostrados n o Quadro 42-5.2
Avaliação da Ovulação
Fatores Ovulatórios Os exames laboratoriais atuais não confirmam a liberação do
A disfunção ovulatória se manifesta por meio da presença ou ausên- óvulo. Contudo, a dosagem da progesterona plasmática da metade
cia de menstruações regulares, o que a toma difícil de diagnosticar. da fase luteínica indica que o corpo lúteo foi formado. O u t t o s
Doenças metabólicas de vários tipos afetam a função ovulatória, métodos, tais como a temperatura corporal basal e a avaliação do
incluindo aquelas que resultam de u m excesso de andrógenios. Por pico do L H , também foram usados para detectar ou prever a
exemplo, a PCOS é a causa mais comum de anovulação e foi dis- ovulação.
cutida anteriormente neste capítulo. Em mulheres com hirsutismo, Dosagem dâ Progesteronã. A dosagem da concentração sérica
a C A H deveria ser considerada. Uma deficiência de 21-hidroxilase da progesterona é o primeiro ensaio utilizado para a avaliação da
ou de 3-(i-hidroxiesteróide pode estar presente em até 26% dos ovulação. E importante observar que uma elevação na concen-
casos. Distúrbios hepáticos o u tireoidianos reconhecidamente tração de progesterona indica que u m corpo lúteo foi formado,
também resultam em disfunção ovulatória. mas não pode confirmar que o óvulo foi realmente liberado.
Assim como na i n f e r t i l i d a d e masculina, o hipogonadismo Começando imediatamente após a ovulação, as concentrações
(hipergonadotrófico ou hipogonadotrófico) também resulta séricas de progesterona se elevam e têm o seu pico dentro de 5
em infertilidade f e m i n i n a . As causas de hipogonadismo hiper- a 9 dias, durante a metade da fase luteínica (dias 21 a 23). Se a
gonadotrófico i n c l u e m (1) POF, (2) disgenesia gonadal, (3) ovulação não ocorrer, o corpo lúteo não consegue se formar e a
síndrome dos ovários resistentes, (4) menopausa e (5) deficiên- esperada elevação cíclica da concentração de progesterona é sub-
cia da fase luteínica. As causas de hipogonadismo hipogonado- normal. Se a gravidez ocorrer, a C G estimula o corpo lúteo e a
trófico i n c luem insuficiência hipofisária ou hipotalâmica e produção de progesterona continua a se elevar. Concentrações
hiperprolactinemia. da metade da fase luteínica > 10 n g / m L indicam ovulação
normal; concentrações < 10 n g / m L sugeTem (1) anovulação, (2)
Fatores Imunológicos produção lútea inadequada de progesterona, (3) momento inade-
Os anticorpos antiespermatozóide contribuem para a infertili- quado de coleta da amostra.15
dade feminina e podem estar presentes n o soro, muco cervical Temperatura Corporal Basal. Os gráficos de temperatura cor-
ou no líquido seminal. O seu papel na infertilidade feminina p o r a l basal há m u i t o têm sido aceitos como indicadores simples
permanece controverso. Alguns casos de infertilidade, especial- e c o m boa relação custo-benefício da ovulação. A ovulação está
mente quando associada a u m teste pós-coito anormal, são encon- associada a uma rápida elevação da temperatura corporal em
trados na presença de uma elevada porcentagem de anticorpos t o r n o de 0,5°C, o que.persiste ao longo da fase luteínica (Figura
ligados aos espermatozóides. 42-5). A elevação na temperatura se deve a u m aumento da con-
centração de progesterona. C o n t u d o , assim como a progesterona,
Avaliação da Infertilidade Feminina a elevação da temperatura corporal só é evidente retrospectiva-
A avaliação inicial da infertilidade feminina deveria incluir (1) mente e, portanto, não prediz uma ovulação iminente de u m
uma história e u m exame físico detalhados, (2) u m esfregaço de m o d o ú t i l para o ajuste do m o m e n t o da relação sexual.
820 PARTE V Fisiopatologia
Dosagem do Pico do Hormônio Luteinizante. O LH surge na ções basais de estradiol >75 a 80 p g / m L estão associadas a u m
u r i n a i m e d i a t a m e n t e após o pico d o L H e 24 a 36 horas antes da resultado insatisfatório.
ovulação. A dosagem d o L H não c o n f i r m a a presença de ovulação
n e m fornece u m v i s l u m b r e da causa da anovulação, mas, emvez Reprodução Assistida
disso, i n d i c a q u a n d o a ovulação deveria ocorrer e oferece u m guia Casais c o m m ú l t i p l o s problemas de i n f e r t i l i d a d e , i n c l u i n d o
c o m o q u a l se pode d e t e r m i n a r o m o m e n t o da relação sexual. causas não identificadas e i n f e r t i l i d a d e persistente, a despeito dos
A tecnologia m o n o c l o n a l levou à utilização de kits domésticos tratamentos padrão, p o d e m se beneficiar de técnicas de r e p r o d u -
de LH que não apenas oferecem u m a i n f o r m a ç ã o precisa e m ção assistida. A terapia padrão i n i c i a l consiste na i n d u ç ã o da
relação ao m o m e n t o da ovulação, mas que p o d e m reduzir o ovulação e inseminação a r t i f i c i a l por, pelo menos, 6 meses antes
estresse e os custos associados aos programas de i n f e r t i l i d a d e , que se prossiga para técnicas mais dispendiosas e exóticas.
u m a vez que estes testes são realizados e m casa e são comparati- O l a b o r a t ó r i o desempenha u m i m p o r t a n t e papel n o processo
v a m e n t e baratos. A m a i o r i a dos kits domésticos de ovulação de i n d u ç ã o da ovulação. O p r i n c í p i o envolve a administração de
consiste em u m a "vareta" que emprega u m i m u n o e n s a i o m o n o - g o n a d o t r o f i n a s para estimular o crescimento f o l i c u l a r seguida
c l o n a l d u p l o de dois p o n t o s ligado à enzima. O s testes efetiva- pela C G a f i m de estimular a ovulação. A dosagem da concen-
m e n t e prevêem a ovulação e m 7 0 % das mulheres. tração de estradiol sérico e o m o n i t o r a m e n t o ultra-sonográfico
do ciclo de t r a t a m e n t o são necessários para (1) d e t e r m i n a r a dose
Avaliação dos Parâmetros Endócrinos e a duração do t r a t a m e n t o , (2) d e t e r m i n a r q u a n d o o u se se deve
a d m i n i s t r a r C G e (3) obter u m a resposta o v u l a t ó r i a adequada,
Hipogonadismo Hipergonadotrófico
e m b o r a e v i t a n d o a hiperestimulação.
A P O F é i n d i c a d a p o r concentrações basais de F S H repetida-
m e n t e elevadas (> 3 0 U I / L ) o u p o r u m a ú n i c a elevação de > 4 0 REFERÊNCIAS
U I / L . Essas pacientes são hipoestrogênicas (estradiol < 20 U I / L )
1. Azziz R. The evaluation and management of hirsutism. Obstet Gynecol
e não r e s p o n d e m a u m desafio c o m progestina (veja seção ante-
2C03; 101:995-1007.
r i o r sobre a avaliação da amenorréia secundária). A dosagem das
2. Bulun SE, Adashi EY. The physiology and pachology of the femaie
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Hipogonadismo Hipogonadotrófico comparison of radioimmunoassay and mass spectrometry. Steroids
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4- Greendale GA, Lee NP, Arriola ER. The menopause. Lancet
de estradiol são < 4 0 pg/mL (110 p m o l / L ) e, p o r t a n t o , não há
1999;353:571-80.
sangramento de retirada c o m o teste da progesterona. A concen- 5. Griffin JE, Wilson JD. DisoTders of the testes and the male reproductive
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de F S H (< 10 U I / L ) t a m b é m estão presentes. A h i p e r p r o l a c t i n e - "Williams textbook of endocrinology, 10th ed. Philadelphia: Saunders,
mia t a m b é m provoca i n f e r t i l i d a d e h i p o g o n á d i c a h i p e r g o n a d o t r ó - 2003:709-70.
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plasmática e m u m a m u l h e r amenorréica, hipoestrogênica e não- Barberi R, eds. Yen and Jaffes reproductive endocrinology: physiology,
gestante é de 4 0 0 a 5 0 0 m U I / m L (20 a 25 n g / m L ) . Se a condição pathophysiology, and clinicai management, 5th ed. Philadelphia:
Saunders 2004:195-212.
estrogênica for n o r m a l , as concentrações máximas de p r o l a c t i n a
7. Iovane A, Aumas C, de Roux N. New msights in the genetics of isnlated
variarão de 600 a 800 m U I / m L (30 a 40 n g / m L ) . A concentração
hypogonadotropic hypogonadism. Eur J Endocrinol 2004;I51:U83-Ufl8.
de h o r m ô n i o e s t i m u l a d o r da tireóide deveria ser dosada a f i m de
8. Lewis V. Polycyscic ovaiy syndrome: a diagnoscic challenge. Obstet
excluir o h i p o t i r e o i d i s m o . Observou-se que as concentrações de Gynecol Clin North Am 2001;28:1-20.
p r o l a c t i n a encontravam-se elevadas e m pacientes c o m P C O S e 9. Lo KC, Lamb DJ. The testis and male accessory organs. In: Strauss ],
naquelas e m uso de m e d i c a m e n t o s tais c o m o antidepressivos, Barberi R, eds. Yen and Jaffe's reproductive endocrinology: Physiology,
c i m e t i d i n a e m e t i l d o p a . A s imagens radiográficas da h i p ó f i s e pathophysiology, and clinicai management, 5th ed. Philadelphia:
estão indicadas para descartar adenomas hipofisários o u a sín- Saunders 2004.367-88.
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As mulheres entre 35 e 40 e poucos anos c o m i n f e r t i l i d a d e eds. Yen and Jaffe's reproductive endocrinology: Physiology,
c o n s t i t u e m a m a i o r parte do t o t a l da população i n f é r t i l . Essas pathophysiology, and clinicai management, 5 th ed. Philadelphia:
mulheres t a m b é m apresentam u m risco a u m e n t a d o de perda da Saunders 2004:213-54.
gravidez. Isso reflete u m a reserva ovariana d i m i n u í d a c o m o u m 12. Vermeulen A, Verdonck L, Kaufman JM. A criticai evaluation of simple
resultado da depleção folicular e u m d e c l í n i o da qualidade dos methods for the estimation of íree testosterone in serum. J Clin
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Measurement of total serum testosterone in adult men: comparison of
A s dosagens basais d o F S H e estradiol séricos t ê m se consti-
cuirent laboratory methods versus liquid chromacography-tandem mass
t u í d o nos testes de t r i a g e m de escolha para a avaliação da reserva
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prognóstica de u m a d e t e r m i n a ç ã o isolada de F S H . Concentra- with reference to radiological imaging. J Clin Pathol 2003;56:261-7.
C A P Í T U L O 4 3
Distúrbios da Gravidez
Edward R. Ashwood, M.D., e George J. Knight, Ph.D.
O
mulher durante uma gravidez normal.
l a b o r a t ó r i o clínico tem u m papel i m p o r t a n t e n o con-
5. Descrever o desenvolvimento dos sistemas renal, hepático e
trole da gravidez. E m contraste c o m a m a i o r i a das situa-
pulmonar do feto quanto à função e à maturidade.
ções clínicas, n o t r a t a m e n t o de u m a gestante, o m é d i c o
6. Expor a significância clínica dos seguintes analitos para avaliar a deve cuidar s i m u l t a n e a m e n t e de mais de u m paciente. A saúde
saúde maternal e fetal: gonadotrofina crônica, lactogênio da mãe e a d o seu feto estão interligadas, cada u m a afetando a
placentário, alfa-fetoproteina, estriol não-conjugado, inibira-A o u t r a ; logo, o t r a t a m e n t o da gravidez deve considerar ambos. Este
dimérica. c a p í t u l o revisa a b i o l o g i a da gravidez e discute os testes laborato-
7. Listar os métodos de análise e os princípios dos procedimentos riais usados para detectar, avaliar e m o n i t o r a r a gravides t a n t o
usados para avaliar a maturidade do pulmão fetal. n o r m a l quanto anormal.
a. No contexto de triagem sérica materna para defeitos fetais,
descrever a composição, logísticas e utilidade dos testes triplos,
quádruplos e integrados. GRAVIDEZ HUMANA
Para apreciar o papel dos testes laboratoriais de assistência m é d i c a
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES
na gravidez, é necessário e n t e n d e r tópicos f u n d a m e n t a i s c o m o
a - F e t o p r o t e í n a : U m a proteína produzida no fígado fetal que é
(1) concepção, desenvolvimento e m b r i o n á r i o e crescimento fetal;
usada para prever risco de anencefaiia, espinha b í f i d a e
(2) o p a p e l da placenta; (3) a i m p o r t â n c i a e a composicão d o
s í n d r o m e de D o w n .
l i q u i d o a m n i ó t i c o ; (4) a adaptacao m a t e r n a à gravidez e (5) a
A n e n c e f a i i a : D e f e i t o de nascença caracterizado p o r u m cérebro
maturação f u n c i o n a l do feto.
que não se desenvolve n o r m a l m e n t e .
D e f e i t o d o T u b o N e u r a l : Defeitos congênitos n o cérebro, na
m e d u l a espinal o u e m ambos (p. ex., anencefaiia e espinha
bífida). Concepção, Embrião e Feto
D o e n ç a H e m o l í t i c a d o Recém-nascido: D o e n ç a d o feto e do A gravidez h u m a n a n o r m a l , i. e., a gestação, d u r a aproximada-
recém-nascido causada p o r destruição de e r i t r ó d t o s fetais m e n t e 40 semanas, medidas desde o p r i m e i r o dia do ú l t i m o
mediada por anticorpo materno. p e r í o d o m e n s t r u a l n o r m a l ( L M P ) o u ( L N M P ) . A data antecipada
E c i â m p s i a : Convulsões e c o m a o c o r r e n d o e m mulheres d o n a s c i m e n t o de uma. criança é c o m u m e n t e chamada de data
grávidas o u puerperais. esperada de confinamento ( E D C ) . A o falar c o m os pacientes, os
E m b r i ã o : Primeiras m o d i f i c a ç õ e s celulares a p a r t i r d o ovo médicos n o r m a l m e n t e d i v i d e m a gravidez em três intervalos de
f e c u n d a d o até a 8 a semana de gestação. t e m p o chamados trimestres, cada q u a l i n d o u m p o u c o além de 13
E s p i n h a B í f i d a : Defeitos congênitos caracterizados p o r u m a semanas. Por convenção, o p r i m e i r o trimestre, de zero a 13 semanas,
m e d u l a espinal que não se desenvolve n o r m a l m e n t e . começa n o p r i m e i r o dia da ú l t i m a menstruação.
822 PARTE V Fisiopatologia
Placenta
Mãe Placenta Felo
A placenta e o cordão u m b i l i c a l são o elo p r i n c i p a l entre a mãe
e o feto. A placenta cresce d u r a n t e a gravidez e é n o r m a l m e n t e
Hormônios Esteróides
liberada pelo canal d o parto logo após o nascimento da criança.
Colesterol Progesterona
Função DHEA-S (adrenal) Eslradiol e estrona DHEA-S (adrenal)
4
A placenta (1) m a n t é m os sistemas de circulação fetal e m a t e r n o
separados, (2) a l i m e n t a o feto, (3) remove os p r o d u t o s d o meta- Estriol 4 16-a-OH-DHEA-S (figado)
b o l i s m o fetal e (4) p r o d m os h o r m ô n i o s vitais para a gravidez. Hormônios Protéicos
Ela é c o m p o s t a p o r grandes coleções de vasos chamados uiíos, os
quais são c i r c u n d a d o s p o t espaços i nter v i l os os nos quais o CG
sangue m a t e r n o f l u i . Q u a n d o as substâncias se deslocam da
PL
circulação m a t e r n a para a circulação fetal, elas atravessam os
Aminoácidos ACTH
trofoblastos e várias m e m b r a n a s . O t r a n s p o r t e de q u a l q u e r subs-
tância depende, e m grande parte, de (1) u m gradiente de concen- e CT
tração entre os sistemas c i r c u l a t ó r i o s fetal e m a t e r n o , (2) pre- carboidratos TRH
sença o u ausência de proteínas ligantes c i r c u l a n d o , (3) s o l u b i l i -
GnRH
dade l i p i d i c a da substância e (4) presença de t r a n s p o r t e facili-
CRH
tado, c o m o b o m b a s de íons o u e n d o c i t o s e m e d i a d a p o r receptor
( Q u a d r o 43-1). A p l a c e n t a é u m a b a r r e i r a eficaz para o m o v i - Somatostatina
m e n t o de proteínas grandes e de compostos h i d r o f ó b i c o s ligados Inibina-A
às proteínas plasmáticas. A i m u n o g l o b i n a m a t e r n a G ( l g G ) atra- PAPP-A
vessa a placenta v i a endocitose m e d i a d a p o r receptor. D e v i d o à Cerca de 20 proteínas especificas da
sua longa meia-vida, a I g G p r o d u z i d a pela mãe protege o recém- gravidez (proteína de Schwangerschaft)
nascido d u r a n t e os 6 p r i m e i r o s meses de vida. Exames de anti-
corpos c o m baixos l i m i t e s de detecção p o d e m ser positivos e m
Figura 43-1 Representação esquemática da produção de hormônio
crianças c o m até 18 meses.
proteico e esteróide pela placenta. DHEA-S, sulfato de
desidroepiandrosterona; CG, gonadotrofina cotiônica; PL, lactogênio
Hormônios Placentários placentário; ACTH, hormônio adrenocorricotrôfico; TRH, hormônio
A placenta p r o d u z várias proteínas e h o r m ô n i o s esteróides liberador de tireotrofina; CT, ciíeotrofma cotiônica; GnRH, hormônio
(Figura 43-1). O s p r i n c i p a i s h o r m ô n i o s proteicos são a g o n a d o - liberador de gonadotrofina; CRH, hormônio liberador de
t r o f i n a c o r í ô n i c a ( C G ) e o l a c t o g ê n i o p l a c e n t á r i o (PL). O s este- corticotrofina; PAPP-A, proteína-A plasmática associada à gravide?.
Distúrbios da Gravidez CAPÍTULO 43 823
róides incluem (1) progesterona, (2) estradiol, (3) estriol e (4) estrona. O volume do líquido amniótico é (1) 200 a 300 m L em 16
Geralmente, a produção pela placenta aumenta em proporção semanas, (2) 400 a 1.400 m L em 26 semanas, (3) 300 a 2.000 m L
ao aumento de massa placentária. Portanto, as concentrações de em 34 semanas e (4) 300 a 1.400 em 40 semanas. O volume em
hormônios derivados da placenta, como o PL, aumentam no qualquer período é uma função de vários movimentos fluídicos
sangue periférico materno à medida que a placenta aumenta de inter-relacionados, incluindo (1) deglutição, (2) urinação, (3) trans-
tamanho. A C G , que atinge o pico n o final do primeiro trimes- porte intramembranoso e (4) excreção pulmonar. Embora o
tre, é uma exceção. f l u i d o pulmonar fetal contribua com u m pequeno volume, a
respiração fetal desse f l u i d o é o mecanismo de transporte de
Gonadotrofina Coriônica surfactante dos pulmões fetais para o líquido amniótico.
A C G é u m h o r m ô n i o placentário m u i t o importante. Ela esti- Aumentos e peidas patológicas no volume do líquido amni-
mula o ovário a produzir progesterona que, por sua vez, evita a ótico são encontrados com freqüência na prática clínica. O
menstruação, protegendo, assim, a gravidez. A química, a bio- retardo no cresfcimento intra-uteiino e as anormalidades do trato
química e os métodos da C G são discutidos mais adiante neste u r i n á r i o fetal, como a agenesia renal bilateral ou obstrução da
capítulo. uretra, estão associados aos oiigoidrâmnios, u m volume de líquido
amniótico anormalmente baixo. O volume fluídico aumentado
Lactogânio Placentário é conhecido como hidrãmnio (também denominado polndrâm-
O PL, também conhecido como lactogênio placentário h u m a n o nio). As condições associadas ao h i d r â m n i o são tão diversas
(hPL) e como somatotrofina coriônica humana (hCS), é uma como as associadas ao diabetes meUitws, incluindo (1) doença
cadeia polipeptídica única de 191 aminoácidos. A estrutura do isoimune R h grave, (2) atresia esofágica fetal, (3) gravidez rnulti-
PL é excepcionalmente homóloga (96%) ao h o r m ô n i o do cres- fetal, (4) anencefaiia e (5) espinha bífida.
cimento (GH) e menos homóloga à prolactina (67%). Suas pro- N o início da gestação, a composição do líquido amniótico
priedades lactogênicas e sobre o crescimento são potentes. A parece u m dialisado complexo do soro materno. A medida que
secreção placentária próxima ao termo é 1 a 2 g/dia, a maior de o feto cresce, o líquido amniótico sofre várias alterações (Tabela
qualquer h o r m ô n i o conhecido. D o ponto de vista fisiológico, o 43-1). Mais notavelmente, a concentração de sódio e a osmola-
PL possui muitas atividades biológicas, incluindo (1) lactogênica, lidade d i m i n u e m e as concentrações de uréia, creatinina e ácido
(2) metabólica, (3) somatotrófica, (4) luteotrófica, (5) eritropoié- úrico aumentam. Os lipídios de maior interesse são os fosfolipí-
tica e (6) efeitos estimuladores de aldosterona. Seu efeito direto dios, cujos tipos e concentrações refletem a maturidade pulmo-
ou em sinergismo c o m a prolactina c o n t r i b u i significativamente nar fetal (discutida mais detalhadamente adiante). M u i t o s hor-
na preparação das glândulas mamárias para a lactação. Embora mônios esteróides e protéicos também estão presentes n o líquido
o PL tenha sido usado n o passado para aliviar o bem-estar fetal, amniótico e alguns são úteis para o diagnóstico de hiperplasia
atualmente não há razão clínica aparente para medir o PL. adrenal congênita ( C A H ) e doença tireoidiana fetal.
N o início da gravidez, há pouca ou n e n h u m a matéria parti-
Esteróides Placentários culada no líquido amniótico. Em 16 semanas de gestação, grandes
A placenta produz uma grande variedade de hormônios esterói- quantidades de células segregadas das superfícies do âmnio, da
des, incluindo estrógeno e progesterona. Quantidades significa- pele e da árvore traqueobrônquica estão presentes. Essas células
tivas de estrõgenos são produzidas a termo. A química desses são de grande utilidade n o diagnóstico pré-natal A medida que
esteróides é descrita n o Capítulo 42. O colesterol materno é o a gravidez continua a progredir, cabelos do couro cabeludo e
principal precursor da produção de progesterona placentária. A lanugem (pilosidade fina no corpo do feto) também são secretados
biossíntese dos estrógenos pela placenta difere daquela dos no líquido amniótico e contribuem para sua turbidez. A produ-
ovários porque a placenta não possui 17a-hidroxilase. Portanto, ção de partículas surfactantes no pulmão, denominadas corpos
cada u m dos estrógenos — (1) estrona ( E l ) , (2) estradiol (E2) e ]amehzres, aumenta m u i t o o turvamento do líquido. N o período
(3) estriol (E3) — deve ser sintetizado a partir dos intermediários a termo, o líquido amniótico contém partículas absolutas de
Cj9 que já possuem u m grupo hidroxila na posição 17. E m
mulheres não-grávidas, os ovários secretam 100 a 600 pg/dia de
estradiol, dos quais cerca de 10% são metabolizados para estrona.
D u r a n t e o período f m a l da gravidez, a placenta produz 50 a TABELA 43-1 Composição do Líquido Amniótico (Valores
150 mg/dia de estriol e 15 a 20 m g / d i a de estradiol e estrona. A Médios)
secreção de estrógenos e progesterona durante a gravidez asse-
IDADE GESTACIONAI (SEMAMAS)
gura (1) o desenvolvimento apropriado do endométtio, (2) o
Componente 15 25 40
crescimento uterino, (3) o suprimento sanguíneo uterino ade-
quado e (4) a preparação do útero para o trabalho de parto. Sódio, mmol/L 136 138 126
Embora a dosagem de estriol n o terceiro trimestre tenha sido Potássio, mmol/L 3,9 4,0 4,3
usada no passado para avaliar o bem-estar fetal, muitos obstetras Cloreto, mmol/L 111 109 103
consideram essa prática obsoleta. As dosagens de estriol entre as Bicarbonato, mmol/L 16 18 16
16a a 18a semanas de gestação são úteis para prever a trissomia Nitrogênio uréico, mmol/L 11 11 18
fetal do 21 e do 18 (veja discussão adiante sobre triagem sérica Creatinina, mg/dL 0,8 0,9 2,2
Glicose, mg/dL 47 39 32
materna para defeitos fetais).
Ácido úrico, mg/dL 4,0 5,7 10,4
Proteína total, g/dL 0,5 0,8 0,3
Líquido Amniótico Bilirruhina, mg/dL - 0,13 0,14 0,04
Durante a vida intra-uterina, o feto vive dentro de u m compar-
Osmolalidade, m0sm/kg H 2 0 272 272 255
timento cheio de líquido. O l í q u i d o a m n i ó t i c o fornece u m meio
no qual o feto se movimenta prontamente; ele protege o feto DE Betifie Kl, Dorán TA, Harkins 71, O u m VM, Por ter CJ. Composiüon o/ lhe
amnioftc flitid and materna jerttrn in pregnan&i. Ara J Cfeto GjíiecúI
contra possíveis danos e ajuda a manter uma temperatura cons-
1974,119:798-810.
tante.
824 PARTE V Fisiopatologia
vemix caserna, substância gordurosa composta de sebo e células TABELA 43-2 Média dos Valores Laboratoriais Séricos
epiteliais descamadas que recobre a pele do feto. e Plasmáticos durante Gestações N o r m a i s
Os fetos n o r m a i s não defecam durante a gravidei. Q u a n d o
Expressos c o m o uma Porcentagem da Média
severamente estressado, u m fero pode defecar u m a matéria chamada
1 e m Não-grávidas
mecônio. Esse material heterogêneo c o n t é m m u i t o s pigmentos bilia-
TEMPO DE GESTAÇAC
res e, p o r t a n t o , tinge o l í q u i d o a m n i ó t i c o de verde. L í q u i d o amni-
Analito 12 semanas 32 semanas Termo
ó t i c o t i n g i d o p o r m e c ô n i o é u m sinal de estresse fetal.
Sódio 97 98 97
Adaptação Materna Potássio 95 95 100
D u r a n t e a gravidez, a m u l h e r passa p o r mudanças fisiológicas e Bicarbonato 85 85 81
h o r m o n a i s intensas. O a u m e n t o na concentração de estrógeno, Cloreto 98 100 99
Nitrogênio uréico 77 63 77
progesterona, P L e corticosteróides produzidos durante a gravidez
Creatinina 71 74 81
afetam vários sistemas metabólicos, fisiológicos e endócrinos.
Glicose em jejum 98 94 94
A l é m disso, ela e x p e r i m e n t a (1) u m a u m e n t o na resistência à
Bilirrubina, não-conjugada 56 67 78
angiotensina, (2) prevalência do m e t a b o l i s m o l i p í d i c o sobre o
Albumina 93 78 78
uso de glicose e (3) u m a síntese a u m e n t a d a pelo fígado das pro-
Proteína 92 83 93
teínas ligantes de h o r m ô n i o s esteróide e tireoidianos, fibrinogê-
Ácido úrico 68 92 120
n i o e outras proteínas. D e v i d o a tais mudanças, m u i t o s dos
Cálcio 98 94 97
intervalos de referência laboratoriais para pacientes não-grávidas Cálcio ionizado livre 99 101 102
não são apropriados para pacientes grávidas. Os valores medianos Hormônio da paratireóide, intacto — — 140
para testagems selecionados expressos c o m o porcentagem das 1,25-diidroxivitamina D — — 400
médias de c o n t r o l e são apresentados na Tabela 43-2. Fosfato 108 97 96
Magnésio 92 87 87
Alterações Hematológicas Fosfatase alcalina 90 203 347
O v o l u m e sanguíneo m a t e r n o aumenta e m média 4 5 % d u r a n t e Creatininoquinase 87 86 135
a gravidez. O v o l u m e plasmático aumenta mais rapidamente que a aT-antitripsina 129 174 191
massa de eritrócitos. P o r t a n t o , apesar da eritropoiese aumentada, Transferrina 105 160 170
a (1) concentração de h e m o g l o b i n a , (2) a contagem de eritrócitos Colesterol 100 144 156
e (3) o h e m a t ó c r i t o d i m i n u e m durante a gravidez n o r m a l . A HDL-colesterol 121 119 130
média das concentrações de h e m o g l o b i n a a termo é 12,6 g / d L , LDL-colestercI 80 118 146
Triglicerídeos em jejum 141 300 349
comparada c o m 13,3 g / d L para o estado de não-gravidez.
Ferro 112 94 94
A s concentrações de vários fatores de coagulação sanguínea
Capacidade Ugarte de ferro 95 139 144
estão aumentadas d u r a n t e a gravidez. Por exemplo, o f i b r i n o g ê -
Saturação da transferrina 136 68 64
n i o plasmático a u m e n t a a p r o x i m a d a m e n t e 65%, de 275 para
Zinco protoporfirina 107 109 144
450 m g / d L . A gravidez a u m e n t a o risco de t r o m b o e m b o l i s m o
Ferritina 81 33 59
e m até cinco vezes o TÍSCO n o r m a l .
Tiroxina 103 107 100
Triiodotironina 100 121 121
Alterações Bioquímicas Tiroxina livre 98 Cl 74
D u r a n t e a gravidez, os eletrólitos mostram pouca mudança, mas há Globulina ligante de tiroxina 114 155 182
u m aumento de aproximadamente 4 0 % em triglicerídeos séricos, Hormônio estimulante da tireóide 111 122 139
colesterol, fosfolipídios e ácidos graxos livres. A albumina plasmática Cortisol 111 301 309
é reduzida a u m a média de 3,4 g / d L no f i n a l da gravidez, e as con- Aldosterona — — 1500
centrações de globulina plasmática têm u m leve aumento. Várias das Prolactina — — 800
proteínas de transporte a u m e n t a m significativamente n o plasma, Hemoglobina 95 90 96
i n c l u i n d o globulina ligante da tiroxina (TBG), globulina ligante do Hematócrito 94 91 97
cortisol ( C B G ) e globulina ligante d o h o r m ô n i o sexual ( S H B G ) . A Contagem de leucócitos 144 167 240
atividade da colinesterase sérica é reduzida, enquanto a atividade da Tempo de protrombina 99 97 97
Tempo de tromboplastina parcial ativada 95 91 93
fosfatase alcalina sérica triplica, principalmente devido ao aumento
Contagem plaquetária 98 96 100
na fosfatase alcalina termolábel de origem placentária. A l é m disso,
Fibrincgênio 119 154 165
a creatininoquinase aumenta substancialmente n o parto.
Dildos dtt Lockiií.k G, ed. HandÜjook of diagnoslic biochcmíjtrj aná hematoUigy in
Amostras Clínicas
M u i t a s amostras diferentes estão disponíveis para análise clínica
l a b o r a t o r i a l antes e d u r a n t e a gravidez. Essas amostras i n c l u e m
(1) sangue e soro paternos; (2) soro, sangue e u r i n a maternos;
(3) l í q u i d o a m n i ó t i c o o b t i d o p o r amniocentese o u a p a r t i r de o b t i d o s q u a n d o anticorpos a n t i m u r i n o s h u m a n o s ( H A M A ) o u
concentrados do f l u i d o na vagina após r u p t u r a das membranas anticorpos heterófilos estão presentes. 2,6 E m caso de suspeita, o
fetais; (4) vilos coriônicos; (5) sangue fetal o b t i d o p o r amostragem soro deve ser testado usando-se u m métodos de C G diferente o u
sanguínea u m b i l i c a l percutânea e {6) tecido fetal o b t i d o p o r a u r i n a deve ser testada.
biópsia. Para estabelecer datas acuradas, os obstetras c o n t a m c o m
A técnica de amniocentese é descrita n o C a p i t u l o 3. I n f o r - (1) história menstrual, (2) exame físico, (3) sons cardíacos fetais, (4)
mação a d i c i o n a l encontra-se na seção sobre testes para avaliar a ultra-sonografia e (5) detecção e quantificação da C G . Nas p r i -
m a t u r i d a d e do p u l m ã o fetal, mais adiante neste capítulo. O meiras 8 semanas dé gravidez, a concentração de C G n o soro
l í q u i d o a m n i ó t i c o é, às vezes, o b t i d o i m e d i a t a m e n t e após a m a t e r n o sobe geometricamente (Figura 43-2). Q u a n t i d a d e s detec-
p u n ç ã o transvaginal das membranas abauladas. E possível usar táveis ( - 5 U l / L ) estão presentes em 8 a 11 dias após a concepção,
esse l í q u i d o para análise se ele não estiver m u i t o c o n t a m i n a d o que é na terceira semana de gravidez, c o m o m e d i d o pelo L M P .
c o m sangue o u secreções vaginais. Os médicos devem considerar PaTa as mulheres c o m idade entre 18 e 40 anos, as concentrações
seriamente a amniocentese para pacientes c o m membranas r o m - séricas de C G de ~ 5 U l / L o u maiores são consistentes c o m a
pidas espontaneamente. gravidez. Valores mais altos não são vistos c o m freqüência e m
Pequenas amostras de tecido placentário (vilos coriônicos) mulheres mais velhas e não-grávidas, e acredita-se que sejam
t a m b é m são usadas para análise. Elas são obtidas com u m cateter causados pela secreção de C G pela hipófise. 1 3 As concentrações
entre a 9 a e a 12a semana de gestação. A s amostras de vilos cori- em a p r o x i m a d a m e n t e metade das mulheres grávidas chegam a
ônicos t ê m sido usadas para (1) i d e n t i f i c a r os cromossomos fetais 25 U I / L n o p r i m e i r o dia do p e r í o d o m e n s t r u a l ausente. O p i c o
(o cariótipo), (2) d e t e r m i n a r as atividades enzimáticas o u (3) detec- de concentração ocorre e m cerca de 8 a 10 semanas e aproxima-
tar as mutações de genes específicos. E possível realhar esse pro- se de 100.000 U I / L . Subseqüentemente, as concentrações de C G
c e d i m e n t o mais cedo na gravidez d o que a amniocentese, mas ele começam a d i m i n u i r n o soro e na u r i n a , e n o f i n a l d o segundo
possui u m a taxa mais alta de perda fetal. trimestre, u m a redução de 9 0 % d o pico da concentração n o r m a l -
m e n t e já ocorreu. A presença de gêmeos quase dobra as concen-
trações de C G .
Diagnóstico e Datação da Gravidez
Os aspectos mais i m p o r t a n t e s do c o n t r o l e da gravidez são detec-
tar a gravidez e estabelecer estimativas acuradas da idade fetal Os COMPLICAÇÕES DA GRAVIDEZ
obstetras m e d e m a extensão da gravidez e m termos de semanas, E m b o r a a m a i o r i a das gestações p r o g r i d a sem problemas, com-
não trimestres. plicações p o d e m surgir na mãe, na placenta o u n o feto.
O s testes quantitativos para C G n o sangue o u u r i n a são
usados p r i n c i p a l m e n t e paTa a c o n f i t m a ç ã o da gravidez. Os testes Gravidez Anormal
u r i n á r i o s de C G n o r m a l m e n t e são suficientes para diagnosticar As condições que acometem p r i n c i p a l m e n t e a mãe i n c l u e m
a gravidez n o r m a l q u a n d o ela já passou da p r i m e i r a semana (1) gravidez ectópica, (2) biperêmese gravídica, (3) pré-eclâmpsia,
depois do p r i m e i r o p e r í o d o m e n s t r u a l ausente. Porém, os testes (4) S í n d r o m e H E L L P (hemólise, enzimas hepáticas elevadas e
séricos de gravidez qualitativos detectam a gravidez mais cedo, e contagens de plaquetas associadas à pré-eclâmpsia), (5) doenças
os testes séricos quantitativos são úteis para descobrir problemas hepáticas, (6) doença de Graves e (7) doença h e m o l í t i c a d o
no início da gravidez. Testes falso-positivos de C G sérica f o r a m recém-nascido. O m é d i c o deve d i s t i n g u i r as mudanças anormais
Distúrbios da Gravidez CAPÍTULO 43 827
em testes laboratoriais das mudanças fisiológicas normais indu- hepáticas, i n c l u i n d o (1) hemorragia, (2) mfarto e (3) insuficiên-
zidas pela gravidez (Tabela 43-2). cia hepática fulminante, podem ocorrem e precisam de parto
prematuro.
Gravidez Ectópica e Ameaça de Aborto
Q u a n d o u m ovo fertilizado se implanta em outro local que não Síndrome HELLP
seja o útero, a condição é denominada gravidez ectópica. A A síndrome H E L L P ocorre em 0,1% das gestações. As caracte-
maioria das implantações ocorre na trompa de Ealópio, mas elas rísticas mais prevalentes são trombocitopenia e coagulação intra-
também podem ocorrer n o abdome, embora isso seja raro. A vascular disseminada (DIC). A maioria dos casos ocorre entre a
ruptura tubária e a hemorragia são as complicações sérias mais 27a e 36a semana de gestação, mas também pode ocorrer n o
comuns da gravidez ectópica. Cerca de 25% das mulheres com pós-parto. As mulheres normalmente apresentam (1) dor epigás-
gravidez ectópica apresentam sintomas clássicos de (1) dor na trica ou no quadrante superior direito, (2) mal-estar, (3) náusea,
parte inferior do abdome, (2) sangramento vaginal e (3) massa (4) v ô m i t o e (5) dor de cabeça. Icterícia ocorre em 5 % das
anêxial. De todas as mulheres com esses sintomas, cerca de 15% pacientes. As atividades da lactato desidrogenase (LD) podem
têm uma gravidez ectópica e uma porcentagem menor tem u m estar m u i t o altas, e as atividades de A L T e A S T estão geralmente
aborto espontâneo incompleto ou completo. U m a paciente 2 a 10 vezes acima dos seus limites de referência superiores. O
grávida tem aproximadamente uma chance em 200 de morrer tratamento é o parto. O controle pós-parto da paciente pode
por causa de uma gravidez ectópica. O controle de uma gravidez exigir plasmaférese ou transplante de órgão. As taxas de recor-
ectópica é cirúrgico (por laparoscopia) ou médico (com adminis- rência são de 3% a 27%.
tração intramuscular de metotrexato). A detecção precoce e o
controle apropriado da gravidez ectópica são os meios mais efi- Doença Hepática
cazes de prevenir a morbidade e a mortalidade maternas. H á muitos distúrbios hepáticos próprios da gravidez. Dentre eles
O exame de ultra-som e as mensurações quantitativas de C G estão (1) hiperêmese gravídica, (2) colestase da gravidez e (3) e
séiica são úteis para identificar mulheres com gravidez ectópica fígado adiposo da gravidez. Esses distúrbios devem ser distingui-
ou gravidez intra-uterina anormal. Essas condições quase sempre dos das mudanças fisiológicas normais da gTavidez (Tabela 43-2).
produzem concentrações anormais de C G e ritmos lentos de As mudanças significativas normalmente observadas na gravidez
aumento. A l é m disso, as mensurações de progesterona são úteis incluem uma redução dilucional na albumina sérica e uma ele-
tanto individualmente quanto em combinação com C G . vação da fosfatase alcalina placentária (ALP). Notavelmente,
Nos casos de gravidez ectópica, as concentrações de C G (1) b ilirru b in a total, (2) 5'-nucleotidase, (3) y-glutamikransferase
chegam a 200.000 U I / L , com uma média geométrica de aproxi- ( G G T ) , (4) A L T e (5) A S T estão inalteradas em mães com gesta-
madamente 1.000 U l / L . As concentrações de C G dependem do ções normais. Mudanças nesses analitos refletem doença hepa-
tamanho e da viabilidade do tecido trofoblástico. E m cerca de tobiliar.
1% das pacientes, a C G é < 5 U I / L . A testagem em serie dc C G
pode sei m u i t o útil. N a gravidez intra-uterina normal, durante Hiperêmese Gravídica
o período que vai da segunda até a quinta semana, a C G dobra A hiperêmese gravidica é caracterizada por náusea e v ô m i t o e,
em cerca de 36 horas. Após 5 semanas de gestação, os valores em casos graves, desidratação e subnutrição. Normalmente,
de C G dobram em intervalos de 2 a 3 dias. Nos casos de gravi- ocorre no primeiro trimestre. Q u a n d o a hiperêmese causa desi-
dez ectópica ou de aborto espontâneo, as concentrações de C G dratação, valores anormais da enzima hepática — geralmente
sobem mais lentamente ou quase sempre d i m i n u e m . menos de quatro vezes o limite de referência superior — são
A concentração de progesterona sérica é quase sempre baixa observados em aproximadamente 5 0 % das pacientes. Hiperbi-
em mães com gestações anormais. U m a progesterona sérica < 6 lirrubinemia leve pode ocorrer. N o entanto, doença hepática
n g / m L prevê u m resultado de gravidez anormal com 81% de significativa não ocorre, e os resultados de biópsia hepática são
confiança paia mulheres com menos de 8 semanas desde a normais. Bebês que nascem abaixo do peso são comuns, espe-
ú l t i m a menstruação. Para as mulheres com sintomas clínicos de cialmente em mulheres que desenvolvem subnutrição.
gravidez anormal, a mensuração tanto de C G quanto de proges-
terona é mais preditiva de gravidez anormal que a mensuração Colestase da Gravidez
apenas de CG. Noventa e sete por cento das pacientes na oitava A colestase da gravidez geralmente ocorre no terceiro trimestre e
semana com C G < 3.000 U I / L e progesterona < 12,6 n g / m L é manifestada clinicamente por pruridos difusos e, em 20% a 60%
têm u m resultado de gravidez anormal, enquanto aquelas com das pacientes, por ictericia. As características típicas da colestase,
C G > 3.000 U I / L ou progesterona > 12,6 n g / m L t ê m u m resul- incluindo fezes pálidas e urina escura, estão presentes e duram até
tado de gravidez normal. Apenas 8% das pacientes com gravidez o parto. As mulheres que experimentam colestase enquanto
ectópica terão uma progesterona > 17,5 n g / m L . tomam contraceptivos orais geralmente desenvolvem colestase na
gravidez. A concentração de bilirrubina sérica Taramente excede
Pré-eclâmpsia e Eciâmpsia 5 m g / d L . A A L P está tipicamente 2 a 4 vezes o limite de referên-
A pré-eclâmpsia é caracterizada por (1) hipertensão, (2) protei- cia superior. As atividades enzimáticas de A L T e A S T estão leve-
núria e (3) edema, normalmente ocorrendo n o final do segundo mente elevadas. Pode haver u m tempo de protrombina aumen-
trimestre ou no início do terceiro trimestre. Se a mãe desenvol- tado devido à má absorção de vitamina K. Embora alguns médicos
ver convulsões, a condição é denominada eciâmpsia. O distúrbio recomendem ácidos biliares séricos, esse teste é raramente neces-
é caracterizado por deposição intravascular de f i b i i n a com sub- sário para o diagnóstico. A condição, em si, é benigna, mas está
seqüente dano ao órgão-alvo. A maioria das mortes é causada associada a risco aumentado de parto prematuro e morte fetal. Há
por complicações no sistema nervoso central, mas o fígado recorrência em gestações subseqüentes.
também pode ser alvo de prejuizo. O dano causado ao fígado é
isquêmíco. Elevações moderadas na alanina aminotransferase Esteatose Hepática da Gravidez
(ALT) e aspartato aminotransferase (AST) ocorrem, normal- A esteatose hepática da gravidez ocorre em uma de 7.000 gesta-
mente 4 a 10 vezes o limite de referência superior. Complicações ções. Embora a causa exata seja desconhecida, esse distúrbio
828 PARTE V Fisiopatologia
ocorre com m u i t o mais freqüência em mulheres que têm o feto nal e a gravidade da doença, a avaliação dn líquido amniótico
afetado por distúrbio na oxidação de ácido graxa.' A doença para b i l i r r u b i n a é ú t i l (discutido mais adiante).
geralmente ocorre na 37a semana e se manifesta clinicamente A sensibilização, ou produção de anticorpo materno, pode
pelo desenvolvimento rápido de (1) mal-estar, (2) náusea, (3) vômito ocorrer em resposta ã transfusão sanguínea ou à gravidez na qual
e (4) dor abdominal. Elevações leves —'' fnenos de seis vezes os o feto tenha u m antígeno celular sanguíneo que a mãe não tenha.
limites de referência superiores — da aminotransferase ocorrem Embora se considere que os compartimentos sanguíneos fetal e
com a atividade de A S T normalmente maior que a de ALT. A materno estejam separados durante a gestação normal, pequenos
b i l i r r u b i n a sérica geralmente está > 6 m g / d L , e hipoglicemia nÚmeTOS de eritrócitos estão continuamente ganhando acesso à
severa com ameaça à vida pode ocorrer. A hiperuri cernia, prova- circulação materna. E m algumas mulheres, esse desafio antigê-
velmente da destruição tecidual e da insuficiência renal, é carac- nico è suficiente para provocar a produção de anticorpos. Expo-
terística. A histologia hepática mostra infiltração adiposa aguda sições com grande carga antigênicas podem resultar de hemorra-
com pouca necrose ou inflamação. Caso não seja tratada, ocorre gia fetal transplacentária causada por (1) aborto espontâneo ou
insuficiência hepática fulminante com encefalopatia. O trata- induzido, (2) gravidez ectópica ou (3) parto. Quanto maior for a
mento é a interrupção imediata da gravidez, tempo no qual a hemorragia materno-fetal, maior a probabilidade de a mãe res-
recuperação rápida normalmente ocorre. A mortalidade infantil ponder ao desafio desenvolvendo anticorpos. Outros antígenos
e materna é de aproximadamente 20%. A recorrência em gesta- do sistema R h — C, c, E, e — podem estimular a formação de
ções subseqüentes é m u i t o rara. anticorpo, mas são bem menos potentes.
A IgG materna produzida é ativamente transportada para o
Doença Hepática na Gravidez Nãa-Relacionada à Gravidez feto através da placenta. Quando uma mulher sensibilizada está
A gravidez não impede a aquisição ou o agravamento de doença grávida de u m feto RhD-positivo, os anticorpos causam a destrui-
hepática não-relacionada à gravidez. Portanto, a colesrase durante ção dos eritrócitos fetais. A anemia fetal impõe uma carga extra
a gravidez pude indicar a presença de (1) hepatotoxicidade indu- no coração fetal para forneceT suprimento adequado de oxigênio
zida por droga, (2) cirrose biliar primária, (3) síndrome de Dubin- para o tecido fetal. A anemia estimula a medula fetal e a eritro-
Johnson ou (4) colelitíase {Capítulo 36). poiese medular no fígado e no baço para repor os eritrócitos
A hepatite virai ocorre com a mesma freqüência na gravidez destruídos. A eritropoiese extramedular destrói os hepatócitos e
que seria esperada em u m gtupo de idade comparável. As mulhe- leva à produção aumentada de albumina sérica, além de d i m i n u i r
res que adquirem hepatite B no final da gravidez ou que são a pressão oncótica n o espaço intravascular. Essas mudanças,
portadoras crônicas podem transmitir a doença a seus bebês. Isso quando graves, levam à insuficiência cardíaca congestiva e ao
é especialmente provável se a mãe for positiva para HBeAg. O edema fetal generalizado, com ascite e efusões pleurais e pericar-
resultado na criança varia de hepatite fulminante (rara e geral- diais. Q u a n d o a condição fetal atinge esse grau de deterioração,
mente em mães positivas para anti-HBe) a hepatite branda e a ela é denominada hidropsia fetal e apresenta u m prognóstico
hepatite crônica (resultado mais c o m u m em 90% das mulheres m u i t o grave. O edema e as efusões são prontamente observados
infectadas cronicamente). Todas as mulheres grávidas devem por exame de ultra-som. Q u a n d o essas mudanças são observadas
fazer uma triagem para hepatite B com HBsAg. Caso sejam posi- e não há intervenção terapêutica, a morte uterina ocorre em
tivas, seus bebês devem ser imunizados com globulina específica tempo relativamente curto.
e vacina contra hepatite B. Os bebês nascidos de mães positivas
para hepatite C normalmente possuem anticorpos transmitidos Profilaxia
passivamente por vários meses, mas a transmissão da hepatite U m a imunoglobulina anti-RhD, R h o G A M ( O r t h o Clinicai Diag-
ativa é rara. C o m o não há tratamento conhecido para o recém- nostics, Raritan, N J . ) , vem sendo usada nos Estados Unidos
nascido, a triagem da infecção por vírus da hepatite C não é desde 1968, e outros produtos similares foram introduzidos n o
recomendada. final da década de 1971. U m a dose de 300 pg é administrada
intramuscularmente em uma mãe potencialmente exposta a
Doença de Graves Neonatai 15 m L o u menos de eritrócitos fetais RhD-positivos após (1) aborto,
O eixo tireoidiano-hipofisáTio fetal funciona independentemente (2) hemorragia materno-fetal, (3) amniocentese, (4) amostra de
do eixo da mãe na maioria dos casos. C o n t u d o , se a mãe tiver vilos coriônicos ou (5) parto. O uso de imunoglobulina R h D tem
doença de Graves preexistente (Capítulo 44), é possível que seus sido responsável pela redução dramática na incidência de H D N .
auto-anticorpos consigam atravessar a placenta e estimular a glân- Além da reconhecida hemorragia fetal transplacentária, o sangra-
dula tireóide fetal. Logo, é possível que o feto desenvolva hiper- mento materno-fetal não detectado durante uma gravidez aparen-
tireoidismo. A triagem com anticorpos anti-receptores para T S H temente normal pode levar à sensibilização. Portanto, a adminis-
é ú t i l para avaliar a doença de Graves fetal ou materna. tração de imunoglobulina R h D na 28a semana de gestação é reco-
mendada para mulheres negativas para R h D . Apesar dessa profi-
Doença Hemolítica do Recém-nascido laxia imune, u m pequeno número de gravidez sensibilizada conti-
A doença hemolítica do recém-nascido ( H D N ) é u m distúrbio nua ocorrendo.
hemolítico fetal causado pelos anticorpos maternos direcionados
contra antígeno na membrana eritrocitária fetal. Os sinônimos Controle Clinico de Mães Sensibilizadas
comumente usados para esse distúrbio são (1) doença de isoimtmi- Para identificar mulheres sensibilizadas, uma triagem aloanti-
zaçãa, (2) doença isoimime do Rh, (3) doença Rh ou (4) isoimunização corpo é feita na primeira consulta pré-natal. Se u m anticorpo
(FRh). Qualquer u m do grande número de antígenos de superfí- para u m antígeno de eritrócito for identificado, o título é deter-
cie de eritrócito — R h (CDE), A , B, Kell, Duffy, K i d d e outros — minado. O título crítico para anti-RhD depende do laboratório,
pode ser responsável pela hemólise isoimune. Q u a n d o grave, o normalmente 1:8 a 1:32, embora os estudos de título crítico
distúrbio é conhecido como eritToblastose fetal e é uma ameaça à sejam bem desiguais. Para todas as mulheres sensibilizadas, o
vida do feto e do recém-nascido. A causa mais c o m u m da doença fenótipo do eritrócito paterno é determinado. Se o pai for RhD-
grave é a sensibilização de uma mulher D-negativa. Devido à forte negativo, estudos de acompanhamento não são necessários. Se
associação entre a concentração de bilirrubina, a idade gestacio- ele for D-positivo, então sua zigosidade fenotípica do fator R h é
Distúrbios da Gravidez CAPÍTULO 43 829
Segundo
20- Trimestre
c Espinha Bífida Aberta
Termo
§
T~ 50- Não afetada
c
5 100-
Q
05
TJ MO-
(D Anencefaiia
E
2
Tl MO
c
(/)
(D 1000-
<y>
8
JS 2000-
a.
15 20 25 30 35 40 45
0,2 0.3 0.5 1 2 3 5 10 20 30 50 80
Idâde Materna (anos)
AFP Sérica Materna (MoM)
mais baixas na s í n d r o m e de D o w n d o que em gestações não a triagem é aplicada e m mulheres grávidas de todas as idades. 8
afetadas. D e m o d o significativo, descobriu-se q u e esta associação Acredita-se que a p r o x i m a d a m e n t e u m a em cada 35 mães classi-
i n d e p e n d e da idade materna. A n t e s dessa descoberta, o ú n i c o ficadas c o m o de alto risco terão u m feto c o m s í n d r o m e de
teste de triagem de s í n d r o m e de D o w n d i s p o n í v e l era perguntar Down.
à m u l h e r a sua idade. A m n i o c e n t e s e e cariotipagem eram reco- A triagem sérica materna usando o teste t r i p l o às vezes p r o d u z
mendadas às mulheres c o m 35 anos de idade o u mais velhas na u m padrão de resultados mais baixos para AFP, C G e uE 3 . Esse
época d o parte. A triagem de s í n d r o m e de D o w n usando a idade padrão i n d i c a u m risco a u m e n t a d o para trissomia d o 18.
m a t e r n a t e m c o m o base o a u m e n t o d o risco de se ter u m bebê
c o m s í n d r o m e de D o w n à m e d i d a que a idade m a t e r n a a u m e n t a Múltiplo da Mediana
(Figura 43-2). A i n d e p e n d ê n c i a das mensurações de A F P sénea O m ú l t i p l o da m e d i a n a ( M o M ) é a estatística usada para n o r m a -
m a t e r n a e da idade m a t e r n a estabeleceu a possibilidade de ofe- lizar os valores dos analitos. A etapa i n i c i a l para calcular u m
recer u m m é t o d o de triagem às m u l h e r e s mais jovens, nas quais M o M é desenvolver u m c o n j u n t o de valores medianos para cada
a m a i o r i a dos casos de s í n d r o m e de D o w n ocorre, A triagem de semana (ou dia) de gestação, u s a n d o os p r ó p r i o s valores das
A F P sérica m a t e r n a para s í n d r o m e de D o w n t a m b é m i n t r o d u z i u análises laboratoriais m e d i d o s na p o p u l a ç ã o a ser tríada. Os
o conceito de usar o risco, em vez de a concentração de analitos, resultados de testes i n d i v i d u a i s são, então, expressos c o m o M o M ,
corno a triagem d i s p o n í v e l p a t a i d e n t i f i c a r mulheres de alto dividindo-se cada resultado de teste i n d i v i d u a l pela m e d i a n a
risco. para a semana gestacional relevante. Essa convenção f o i original-
Estudos adicionais m o s t r a r a m q u e estriol não-conjugado m e n t e desenvolvida c o m o u m m e i o de levar em consideração as
(uEj) e C G são suficientemente d i s c r i m i n a t ó r i o s e independentes grandes diferenças entre os centros nos valores das análises de
para serem adições úteis na triagem de s í n d r o m e de D o w n n o A F P observados no estudo colaboratívo de 1977 n o R e i n o
segundo trimestre. Por exemplo, o UE3 está cerca de 2 5 % mais Unido. 1 ' 1 C o n v e r t e r os resultados das análises para unidades do
baixo em gestações c o m s í n d r o m e de D o w n , e as concentrações M o M t a m b é m contrabalança c o m a elevação constante na con-
de C G , cerca de duas vezes mais altas. E m 1988, f o i proposto u m centração de A F P n o soro m a t e r n o d u r a n t e o segundo trimestre
m é t o d o para c o m b i n a r a idade materna c o m as mensurações e c o m a redução correspondente nos valores de A F P n o l í q u i d o
desses três analitos (o teste t r i p l o ) e m u m a estimativa ú n i c a do a m n i ó t i c o , p e r m i t i n d o o uso de u m a ú n i c a estatística para
risco para s í n d r o m e de D o w n . A s s i m c o m o c o m a triagem de expressar os resultados. Subseqüentemente, descobriu-se que os
AFP, o risco, em vez dos p r ó p r i o s valores dos analitos, é a variável valores do M o M t a m b é m p o d i a m ser ajustados para levar em
da triagem. O teste t r i p l o f o i projetado para detectar 6 0 % das consideração o u t r o s fatores (p. ex., peso e raça maternos) q u e
gestações c o m s í n d r o m e de D o w n , i d e n t i f i c a n d o 5 % de todas as afetam m a t e r i a l m e n t e os valores dos analitos. O M o M é agora
mulheres grávidas c o m o t e n d o u m resultado positivo n o teste de m u n d i a l m e n t e usado para converter os valores dos analitos em
triagem (desempenho baseado em gestações datadas pelo L M P ) . u m a u n i d a d e interpretativa, além de ser o p o n t o de p a r t i d a para
A u t i l i d a d e do teste t r i p l o f o i c o n f i r m a d a em 1992 p o r dois calcular os riscos para defeitos d o t u b o neural, s í n d r o m e de
estudos intervencionais. s A mensuração da i n i b i n a dimérica D o w n e trissomia do 18.
t a m b é m se m o s t r o u ú t i l para ser adicionada ao teste t r i p l o ,
a u m e n t a n d o a taxa de detecção em 8 % a 10%. a Esse "teste quá- Triagem para Defeito do Tubo Neural Usando
d r u p l o " tornou-se a triagem pré-natal mais c o m u m . M a i s da a-Fetoproteína Sérica Materna
metade dos participantes da Pesquisa de T r i a g e m de FP M a t e r n a A triagem pré-natal baseada na p o p u l a ç ã o teve i n í c i o n o f i n a l da
de proficiência externa, a d m i n i s t r a d a pelo College o f A m e r i c a n década de 1970, c o m o uso de mensurações de A F P sérica
Pathologists, oferece o teste q u á d r u p l o , i n c l u i n d o todos os m a t e r n a para i d e n t i f i c a r m u l h e r e s c o m risco a u m e n t a d o de
grandes laboratórios de referência nos Estados U n i d o s . t e r e m u m feto c o m defeito do t u b o n e u r a l aberto. H E m b o r a seja
Descobriu-se q u e u m a expansão a d i c i o n a l da triagem pré- possível usar o risco específico da paciente na t r i a g e m de defeitos
n a t a l é possível c o m a d e s c o b e r t a dc que a trissomia do 18 em d o cubo n e u r a l aberto, quase todos os laboratórios d e f i n e m u m
fetos t e m u m padrão característico n o teste triplo que difere do resultado positivo na triagem c o m A F P n o p o n t o de corte do
padrão da síndrome de D o w n . Nas gestações c o m trissomia do 18, M o M f i x a d o o u acima. U m a triagem considerada ó t i m a é reali-
as concentrações de A F P e u E 3 estão baixas, mas as concentra- zada entre a 16â e a 18â semana c o m p l e t a de gestação, m o m e n t o
ções de C G t a m b é m estão m u i t o baixas, Isso é o inverso da em que as distribuições dos resultados para gestações afetadas e
s í n d r o m e de D o w n , na q u a l as mensurações de C G estão altas, não afetadas estão e m suas diferenças máximas, e há t e m p o
Logo, é improvável q u e as gestações c o m trissomia do 18 obte- adequado para estudos de a c o m p a n h a m e n t o . Os dois p o n t o s de
n h a m estimativas de risco alto para s í n d r o m e de D o w n . corte do M o M da A F P mais c o m u m e n t e usados nos Estados
U n i d o s são 2,0 e 2,5 M o M , p r o d u z i n d o taxas positivas na
A p l i c a ç ã o Clínica da Triagem Pré-natal triagem de 3 % a 5 % e de 1% a 3 % , respectivamente. A taxa
A t u a l m e n t e , é prática c o m u m oferecer t r i a g e m sérica materna positiva i n i c i a l mais baixa e m 2,5 M o M está associada à taxa de
para mulheres de todas as idades. C o n t u d o , p o d e ser p r u d e n t e detecção reduzida para espinha b í f i d a : 7 0 % a 7 5 % , comparados
c o n t i n u a r oferecendo a opção de amniocentese às mulheres mais c o m 8 0 % a 8 5 % em 2,0 M o M . U m a pesquisa norte-americana
velhas p o r q u e a amniocentese ainda é considerada por alguns descobriu q u e 5 2 % dos laboratórios usam 2,5 M o M c o m o p o n t o
profissionais c o m o u m c u i d a d o - p a d i ã o . Recentemente, a pro- de corte, 3 0 % usam 2,0 M o M , c o restante usa p o n t o s dc corte
porção de mulheres grávidas c o m 35 anos de idade o u mais entre esses dois valores.
velhas a u m e n t o u de 5 % para 14% d o total, e cerca de metade A s m u l h e r e s que t ê m resultado p o s i t i v o n o teste de triagem
(até 2 0 % ) de todos os casos de s í n d r o m e de D o w n ocorreu nesse de defeitos do t u b o n e u r a l aberto são encaminhadas para acon-
grupo. 1 0 Se todas essas mulheres fizessem amniocentese, desco- selhamento genético -e testes adicionais. A l g u n s programas soli-
brir-se-ia que u m a em cada 150 teria u m a gravidez c o m s í n d r o m e c i t a m u m a segunda amostra para resultados m o d e r a d a m e n t e
de D o w n . E m contraste, o teste q u á d r u p l o n o segundo trimestre elevados (2,0 a 3,0 M o M ) para r e p e t i r e m o teste. Se o resultado
detecta 8 0 % dos casos c o m s í n d r o m e de D o w n c o m apenas 5 % do segundo teste de A F P não estiver elevado, a m u l h e r é consi-
a 6 % das mulheres o b t e n d o u m teste de triagem positivo q u a n d o derada negativa nesta triagem. Se o resultado c o n t i n u a r elevado,
832 PARTE V Fisiopatologia
a paciente é e n c a m i n h a d a para teste adicional. A p ó s o aconse- então, calculados usando-se os valores de M o M ajustados, junta-
l h a m e n t o genético para (1) explicar os resultados dos testes, m e n t e c o m a idade materna n o p a r t o , utilizando-se u m a l g o r i t m o
(2) f o r n e c e i mais i n f o r m a ç õ e s sobre o d i s t ú r b i o e (3) descrever q u e usa distribuições gaussianas m u l t i v a r i a d a s sobrepostas. O
os riscos e os benefícios da testagem adicional, u m exame de risco f i n a l de s í n d r o m e de D o w n , e não os p r ó p r i o s valores d o
ultra-som de baixa resolução é r e c o m e n d a d o para verificar a analito, é a variável da triagem sobre a q u a l as decisões clínicas
idade gestacional e para i d e n t i f i c a r outras possíveis razões p a i a serão tomadas.
os resultados d o teste de A F P a u m e n t a d a (p. ex., perda fetal A detecção e os índices falso-positivos alcançados d e p e n d e m
recente e gêmeos). Para pacientes cujo resultado para A F P séTica de m u i t o s fatores, i n c l u i n d o (1) a c o m b i n a ç ã o escolhida, (2) o
elevada não pode ser explicado, recomenda-se amniocentese para p o n t o de corte escolhido, (3) o m é t o d o de datação usado para
mensuração de A F P n o l í q u i d o a m n i ó t i c o e de acetilcolinesterase estabelecer a idade gestacional e (4) as idades maternas das
( A C h E ) , ultra-som de alta resolução, o u ambos. mulheres que estão sendo testadas. A Tabela 43-3 apresenta u m
Comparadas c o m o soro m a t e r n o , as concentrações de A F P resumo d o i m p a c t o desses fatores e m u m a h i p o t é t i c a cooTte de
no l í q u i d o a m n i ó t i c o em gestações afetadas c o m defeitos d o t u b o m u l h e r e s c o m a distribuição das idades maternas encontradas
n e u r a l aberto estão b e m distantes das gestações normais. N o nos Estados U n i d o s e m 2000. 8 M u i t o s laboratórios nos Estados
e n t a n t o , as dosagens de A F P n o l i q u i d o a m n i ó t i c o não são, em U n i d o s usam o teste t r i p l o (AFP, UE3, C G ) e u m p o n t o de corte
si, u m diagnóstico, p o r causa dos resultados falso-positivos. Se o equivalente ao risco de u m a m u l h e r c o m 35 anos de idade (1:270
l í q u i d o a m n i ó t i c o estiver c o n t a m i n a d o c o m u m a q u a n t i d a d e n o segundo trimestre o u 1:350 a t e r m o ) . Nesse p o n t o de corte e
ainda que m í n i m a de sangue fetal, é possível que 2 % a 3 % dos c o m o uso dos dados d o L M P para estimar a idade gestacional,
resultados sejam falsamente positivos. Todos os resultados anor- o teste t r i p l o apresenta u m a taxa positiva i n i c i a l de 6 , 6 % e u m a
mais de A F P n o l i q u i d o a m n i ó t i c o devem ser c o n f i r m a d o s c o m taxa de detecção de 7 0 % . Se as gestações f o r e m datadas p o r ultra-
mensuração de A C h E . A c o m b i n a ç ã o de A F P e de A C h E n o som, a taxa de detecção a u m e n t a para 7 4 % e o índice positivo
l i q u i d o a m n i ó t i c o é v i r t u a l m e n t e u m diagnóstico para defeitos na triagem cai levemente para 6 , 5 % . E m vez disso, alguns labo-
d o t u b o neural aberto. ratórios escolhem u m p o n t o de corte para o risco, para o b t e r u m
O ultra-som de alta resolução quase sempre c o n f i r m a o diag- índice positivo i n i c i a l de a p r o x i m a d a m e n t e 5 % ( 4 , 6 % na tabela
nóstico q u í m i c o de u m defeito d o t u b o neural. A anencefaiia é c o m datação do L M P ) . Esse í n d i c e mais baixo ocorre n o p o n t o
p r o n t a m e n t e identificável e o diagnóstico p o r ultra-som de de corte da triagem n o segundo trimestre, que corresponde a u m
espinha b í f i d a aberta é consideravelmente m e l h o r a d o c o m a risco de 1:190 (risco n o t e r m o 1:250) e está associado à taxa de
presença de dois achados cranianos, os sinais de " l i m ã o " e detecção de 6 5 % . Se as mensurações da D I A ( i n i b i n a d i m é r i c a
" b a n a n a " . O diagnóstico p o r u l t r a - s o m de defeitos d o t u b o n e u r a l A ) f o r e m adicionadas ao teste t r i p l o , a taxa de detecção a u m e n t a
aberto é agora tão confiável que é usado c o m freqüência para para cerca de 7 8 % , e o índice positivo i n i c i a l d i m i n u i para 5 , 1 %
diagnosticar mulheres c o m A F P sérica m a t e r n a elevada sem (datação do L M P e m u m p o n t o de corte para o risco de u m a
esperar p o r mensurações do l í q u i d o a m n i ó t i c c . m u l h e r r o m 35 anos de idade). A tabela d e m o n s t r a c o m o as
escolhas da c o m b i n a ç ã o de testes e o p o n t o de corte para o risco
Triagem para Síndrome de Down Usando Testes afetam a detecção e os índices positivos da triagem.
Bioquímicos Múltiplos As mulheres que t ê m u m resultado p o s i t i v o n o testes de
A s combinações mais c o m u n s dos testes b i o q u í m i c o s n o soro triagem de s í n d r o m e de D o w n são n o r m a l m e n t e encaminhadas
m a t e r n o n o segundo trimestre usados para tr i ar a s í n d r o m e de para aconselhamento genético e testagem adicional. D e p o i s do
D o w n nos Estados U n i d o s são o teste t r i p l o (idade materna em aconselhamento, u m exame c o m ultra-som de baixa resolução
c o m b i n a ç ã o c o m mensurações de AFP, uE 3 e C G ) e o teste quá- p o d e ser r e c o m e n d a d o c o m o m e i o para verificar a idade gesta-
d r u p l o (que adiciona i n i b i n a d i m é r i c a A [ D I A ] ) . A s medidas de c i o n a l e i d e n t i f i c a r outras possíveis razões para o resultado posi-
cada analito são feitas e m u m a ú n i c a amostra sérica (a mesma tivo do teste. U m a das razões mais c o m u n s para o risco aumen-
usada para triagem de defeito dn rnho n e u r a l aberto) e os resul- t a d o de s í n d r o m e de D o w n é a idade gestacional superestimada.
tados nas unidades de massa são convertidos em M o M para a A t é u m terço das mulheres c o m resultados positivos na triagem
semana ( o u dia) a p r o p r i a d a de gestação. Esse valor de M o M é, q u e são datadas pelo L M P terá gestações m u i t o recentes para u m a
então, ajustado para outras variáveis, c o m o idade materna e raça. triagem confiável (< 15 semanas) o u será reclassificado c o m o de
Os riscos de s í n d r o m e de D o w n específicos para a paciente são, baixo risco após revisão da idade gestacional p o r ultra-som. 9 Para
TABELA 43-3 Estimativas das Taxas de Detecção {DR) para S í n d r o m e de D o w n , dos índices Falso-positivos (FPR) e das Chances
de Estar Afetada A d m i t i n d o u m Resultado Positivo (DARP) e m Três Valores de Pnrito de Corte do Risco para
1 C o m b i n a ç õ e s Selecionadas de Marcadores Séricos Maternos e e m D o i s M é t o d o s de Datação
SEGUNDO TRIMESTRE
LMP, Idade tia gestação estimada desde o último período menstrual; US, idade gestacional estimada por medidas de ultra-som
, AFP, tt-fetoproteÍTi/l] UE 3J estriol nâo-conjugãdo,
CG, gonadotrofina coriônica, DIA, inibina dimérica A.
Distúrbios da Gravidez CAPÍTULO 43 833
as mulheres que c o n t i n u a m c o m risco aumentado depois do dos e atualizados q u a n d o necessário. Os valores da mediana
exame de ultra-som, recomenda-se amniocentese para obtenção fornecidos em bulas para A F P não são aceitáveis por muitas das
de células fetais para cariotipagem. E m b o r a alguns achados ao razões descritas anteriormente. Os métodos para determinar os
ultra-som n o segundo trimestre estejam associados à síndrome valores da mediana são discutidos no Tietz Textbook of Clinicai
de D o w n , o p r o c e d i m e n t o não é diagnóstico. O ú n i c o m e i o de Cfiemistry and Molecular Diagnostics.3
diagnosticar a síndrome de D o w n é via determinação do carió- A l g u ns laboratórios usam medianas "específicas do dia", em
t i p o do feto. C o n t u d o , os benefícios de diagnosticar precisa- vez de medianas semanais. E m b o r a as gestações individuais não
mente u m a anormalidade cromossômica no inicio da gestação possam ser seguramente datadas em u m dia específico, há uma
devem ser avaliados contra o potencial de prejudicar u m feto mudança consistente no dia-a-dia nas concentrações de analitos
n o r m a l durante a amniocentese. Esse procedimento invasivo se u m grupo de mulheres grávidas for observado.
contém u m risco pequeno, mas real, de prejudicar o feto ou de Os laboratórios devem atualizar os valores da mediana existen-
causar aborto espontâneo. M e s m o u m a amniocentese realizada tes em várias situações. Por exemplo, diferenças significativas nos
por obstetra experiente usando ultra-sonografia como guia t e m valores das mesmas amostras da paciente são comuns quando se
uma taxa de p e i d a fetal relacionada c o m o procedimento de usa u m novo lote de reagentes ou reagentes de fabricantes diferen-
aproximadamente 1 (um) em 200. Dado que 1 (uma) em 50 tes. Nesse caso, a relação entre o novo e o velho método é estabe-
mulheres c o m resultados positivos inexplicados na triagem (alto lecida por analise de regressão dos valores medidos nas mesmas
risco) terá u m feto com uma anormalidade cromossômica, a amostras da paciente, c o m o descrito anteriormente. 1 Se u m ajuste
recomendação de u m procedimento invasivo é razoável. periódico for necessário, o laboratório deve escolher cuidadosa-
mente as características da população a ser usada (p. ex., raça,
Triagem para Trissomia do 18 Usando Testes método de datação e período de tempo) e verificar que o teste tem
Múltiplos fornecido resultados consistentes durante o período de tempo de
A trissomia do 18 é o menos c o m u m dos três distúrbios consi- interesse. Isso é obtido com m o n i t o r a m e n t o rotineiro da média
derados para triagem sérica no segundo trimestre. Ela t a m b é m do M o M durante algum tempo (monitoramento epidemiológico),
é a menos compatível c o m a vida. Por essas razões, é d i f í c i l jus- como será discutido em detalhes posteriormente.
tificar u m programa de triagem exclusivamente dedicado à iden-
tificação pré-natal da trissomia do 18. Klo entanto, dado que os Ajustes para Fatores que Influenciam as
analitos séricos já estão sendo medidos para triagem de sín- Mensurações de Analitos
drome de D o w n e defeitos do tubo neural aberto, acrescentar A triagem pré-natal para defeitos do t u b o neural aberto e sín-
uma interpretação adicional desses analitos para quantificar o drome de D o w n é otimizada quando cada concentração de
risco de trissomia do 18 fetal é justificável. C o n t u d o , desde que analito de uma m u l h e r é comparada com outras mulheres (o
a prevalência da trissomia do 18 é u m décimo da prevalência da grupo de referência) que sejam "similares" a ela.7 A l é m da idade
síndrome de D o w n , a porcentagem de mulheres identificadas gestacional, essa "similaridade" se estende para outros fatores
como positivas na triagem deve ser correspondentemente mais que mostraram afetar as concentrações do analito, i n c l u i n d o
baixa que a porcentagem para síndrome de D o w n . U m algo^ (1) peso materno, (2) raça, (3) diabetes dependente de insulina
r i t m o baseado no risco mostrou que em u m p o n t o de corte n o ( I D D ) e (4) gravidez m ú l t i p l a . N a prática, o uso desses fatores
segundo trimestre de 1:100, 6 0 % das gestações c o m trissomia aumenta a especificidade da interpretação. Esses fatores são
do 18 poderiam ser identificadas, com cerca de 0 , 5 % das mulhe- levados em consideração q u a n d o se divide o valor do M o M da
res ohtendo u m a triagem positiva inicial. Esse algoritmo irá paciente pelo fator correspondente da razão dos valores do M o M
identificar 1 (um) feto c o m trissomia do 18 para cada 16 amnio- encontrado naquelas sem o fator para os valores do M o M naque-
centeses que resultam do programa. As mulheres c o m risco las c o m o fator. U m a metanálise dos dados que apoiam as
superior ao p o n t o de corte especificado são encaminhadas para seguintes recomendações f o i publicada. 1
aconselhamento genético e testagem adicional.
Peso Materno
Estabelecimento dos Valores da Mediana A medida que o peso materno aumenta, a concentração média
Específicos da População e do Teste dos valores do analito d i m i n u i , talvez porque uma quantidade
U m a das responsabilidades mais importantes do laboratório de fixa do analito seja diluída c o m o aumento do volume sanguíneo
triagem pTé-natal é estabelecei os valores de mediana específicos materno. Por exemplo, as mulheres c o m mais peso têm, em
da população e do kit para cada analito usado na triagem ou média, valores de A F P menores e têm menos probabilidade que
mostrar que os valores da mediana obtidos de outras fontes são as mulheres c o m menos peso de serem positivas na triagem de
apropriados. Erros relativamente pequenos nos valores da defeitos do tubo neural. S e m levar o peso materno em conside-
mediana já tiveram impacto desproporcional sobre a precisão do ração, a triagem é menos eficaz em mulheres mais pesadas,
risco calculado e sobre o n ú m e r o de mulheres identificadas p o i q u e seus valores do M o M estão inapropriadamente baixos.
como positivas na triagem. Os valores medidos nas mesmas A importância de se ajustar os valores do M o M da AFP para o
pacientes e nas mesmas amostras na testagem de proficiência peso é reforçada por estudos mostrando que u m a m u l h e r mais
diferem entre métodos em 5 % a 2 0 0 % j dependendo do analito pesada tem o risco aumentado em 3 a 4 vezes para espinha bífida
medido. Os valores da mediana não são, p o r t a n t o , diretamente aberta. O efeito do peso t a m b é m é significativo para C G e D I A ,
transferíveis entre os grupos de reagentes de diferentes métodos. mas menos significativo para uE> O peso materno é levado em
Os valores da mediana t a m b é m diferem entre laboratórios consideração, ajustando-se os valores de M o M para cada m u l h e r
mesmo q u a n d o a mesma metodologia é empregada. Essas dife- por u m fator correspondente ao valor dn M o M esperado para a
renças são causadas por fatores como o método e a confiabili- média de mulheres' com seu peso. Esses fatores são empirica-
dade da datação gestacional, a raça, o peso materno e até as mente derivados da população triada de uma maneira que seja
mudanças sutis na instrumentação do teste o u as mudanças nos similar à derivação da concentração média do analito para cada
números dos lotes dos fabricantes de reagentes o u de calibrado- idade gestacional. Portanto, cada laboratório deve derivar seus
res. Os valores da mediana devem ser rotineiramente monitora- próprios fatores de ajuste d o peso materno para cada analito
834 PARTE V Fisiopatologia
porque o peso médio materno pode ser diferente daquele visto Gravidez de Gêmeos e Defeitos do Tubo Neural
era outros laboratórios. Esses fatores de ajuste devem ser aplica- As concentrações da AFP sérica materna em gestações de gêmeos
dos apenas sobte a variação do peso materno na qual eles se são quase o dobro (2,0 M o M ) das concentrações encontradas em
mostraram apropriados. Pot exemplo, se pouco ou n e n h u m dado gestações únicas. 1 Entre as gestações únicas com espinha bífida
estiver disponível para derivar fatores de ajuste para mulheres aberta, o M o M da mediana da AFP sérica é cerca de 3,5.14 Por-
com peso acima de 120 kg, então o laboratório deve ter cautela tanto, a AFP sérica materna esperada na gravidez de gêmeos afetada
ao extrapolar fatores para essas mulheres a partir de dados sobre com espinha bífida aberta pode estar em torno de 4,5 M o M (1,0
mulheres com pesos inferiores. Os laboratórios devem limitar a M o M do feto não afetado e 3,5 M o M do feto com espinha bífida
faixa de ajuste usando limites de truncamento superiores (e infe- aberta). O desempenho da triagem em gestações de gêmeos não
riores). Se o peso de uma mulher estiver fora desses limites, o irá, portanto, ser tão efetivo como nas gestações únicas, já que as
ajuste deve ser aplicado como se a mulher estivesse n o limite distribuições de AFP estão menos separadas. E m cerca de 5 % das
respectivo. gestações de gêmeos afetadas, ambos os gêmeos estão afetados e
espera-se que o desempenho da triagem seja bem próximo daquele
para gestações únicas.
Raça Materna
As mulheres afro-americanas possuem concentrações de AFP e Gravidez de Gêmeos e Triagem de Síndrome de Down
C G séricas 10% a 15% mais altas que as encontradas em mulhe- O cálculo do risco de sindrome de D o w n requer o conhecimento
res caucasianas 1 O ajuste para essa diferença c o b t i d o calculando- das distribuições dos valores dus analitos para todos OS testes
se o valor do M o M para mulheres afro-americanas usando-se analisados tanto na gravidez não afetada quanto na afetada. Essas
medianas derivadas da população caucasiana e depois dividindo distribuições estão bem definidas para AFP, uE 3 e D I A em gesta-
o M o M resultante pelo fator correspondente à razão entre os ções únicas e, portanto, os TÍSCOS confiáveis já foram calculados.
valores nas duas populações (i e., 1:10). Por exemplo, se uma As distribuições desses analitos também estão disponíveis para a
mulher afro-ameTicana tiver u m M o M de AFP sérica materna de gravidez de gêmeos não afetada por sindrome de D ow n; as médias
1,60 calculado usando-se os valores da mediana de uma popula- dos M o M s em gravidez de gêmeos não afetada para AFP, UE3,
ção caucasiana, seu M o M ajustado é 1,45 (1,60/1,10). Embora C G e D I A ficam em torno de 2,0, 1,7, 1,9 e 2,0, respectiva-
haja pouca evidência de que a prevalência de nascimentos com mente.' Há poucos dados disponíveis para as concentrações
síndrome de D o w n específica da idade difira com a raça, há forte desses analitos em gestações de gêmeos afetadas com síndrome
evidência de que a prevalência de nascimentos com defeitos do de D o w n . U m a complicação extra é que, em aproximadamente
tubo neural aberto em mulheres afro-americanas seja metade ou u m terço das gestações, ambos os gêmeos estarão afetados (mono-
menos da metade da prevalência em mulheres caucasianas da Zlgóticos) e, em dois terços, apenas u m gêmeo estará afetado
mesma região geográfica. Portanto, em qualquer suposto M o M (dizigótico). A triagem será menos efetiva quando apenas u m dos
da AFP sérica materna, uma mulher afro-americana tem metade gêmeos estiver afetado. Dados publicados indicam que a preva-
do risco de uma mulher caucasiana de ter uma gravidez afetada lência em gestações de gêmeos é similar àquela encontrada em
por u m defeito do tubo neural aberto. gestações únicas.
Devido a essas limitações, o cálculo do risco, ainda que apro-
Diabetes Dependente de Insulina ximado (às vezes denominado pseudo-risco), para gravidez de
Há relatos de que os valores da AFP sérica materna em mulheres gêmeos, é possível. Isso é obtido dividindo-se o valor do M o M
com I D D anterior à gravidez são sistematicamente mais baixos para cada analito pela média correspondente encontrada na gra-
em cerca de 20%. 7 Essa diferença é considerada dividindo-se o videz de gêmeos não afetada. O risco para a gravidez de gêmeos
valor do M o M computado em mulheres com I D D por 0,8 — a é, então, computado da mesma forma que para as gestações
razão dos valores da AFP sérica materna encontrada nas duas únicas. O mesmo ponto de corte usado para identificar as mulhe-
populações. Após o ajuste, a proporção de mulheres com I D D res com gestações únicas também é usado para identificar as
n o p o n t o de corte ou acima de qualquer ponto de corte deve ser mulheres com gestações de gêmeos.
aproximadamente igual àquela encontrada na população geral. Esse protocolo de triagem de gêmeos (1) classifica correta-
Informação atual sugere que as concentrações de AFP sérica mente as gestações de alto risco às de risco mais baixo e (2) produz
materna não estão alteradas entre as mulheres com diabetes uma taxa posiriva na rriagem similar à taxa encontrada para ges-
gestacional, mesmo que a insulina seja subseqüentemente neces- tações únicas em qualquer ponto de corte admitido na triagem.
sária mais tarde na gravidez. O pseudo-risco de síndrome de D o w n , entretanto, pode não estar
Não há forte evidência de que a taxa de nascimentos com correto, e recomenda-se que esse risco não seja rotineiramente
síndrome de D o w n em mulheres com I D D seja muito diferente comunicado. Deve-se informar às mulheres positivas na triagem
daquela da população geral. C o n t u d o , há evidência de que a com gestações de gêmeos que o resultado dos seus testes as colo-
prevalência de nascimentos com defeitos do tubo neural aberto é caram em u m grupo de alto risco, mas que seus riscos reais são
superior em até u m fator de 5. Logo, em uma determinada con- incertos. A interpretação do risco para trigêmeos e gestações múl-
centração do M o M da AFP, as mulheres com I D D estão em risco tiplas não é recomendada devido aos poucos dados disponíveis.
substancialmente maior para defeitos do tubo neural aberto que
a população geral. Isso pode ser considerado diminuindo-se n
ponto de corte do M o M da AFP de 2,0 para 1,5, por exemplo. Outros Testes e Combinações de Testes
E m mulheres com I D D , os M o M s de uE 3 e C G estão em H á relatos de que vários outros analitos séricos maternos estão
média 8 % e 7% mais baixos, respectivamente, do que em mulhe- associados à síndrome de D o w n durante o segundo trimestre,
res não-diabéticas. 7 Essas diferenças são pequenas, e se elas serão i n c l u i n d o as subunidades da C G alfa e beta livres e o antígeno
ou não usadas terá pouco impacto no risco resultante de sín- trofoblasto invasivo (ITA, também denominado C G hiperglico-
drome de Down. O impacto da I D D sobre os resultados da D I A silada). U m estudo retrospectivo concluiu que o I T A sérico
é mais variável, variando de 0,91 M o M a 1,17 M o M (média ava- poderia substituir a C G ou a CG{3 livre em u m quadro de mul-
liada de 1,06 M o M ) , e o ajuste ainda não f o i confirmado. tianalitos.
Distúrbios da Gravidez CAPÍTULO 43 835
paciente. Dois desses programas de testagem de proficiência homens e de mulheres não-grávidas e, como muitos outros hormô-
externa para triagem pré-natal estão atualmente disponíveis nos nios da hipófise, elas são secretadas de modo pulsátil. U m único
Estados Unidos. O College of American Pathologists (CAP) admi- gene localizado no cromossomo 6 codifica a subunidade a dos
nistra o materna Screening Survey FP, atendendo aproximada- quatro hormônios da glicoproteína (TSH, L H , FSH e CG). O
mente 300 lab ora tórios. Amostras de proficiência, cinco séricas e cromossomo 19 contém uma família de genes que codifica a subu-
duas de líquido amniótico, são distribuídas três vezes por ano. O nidade C G p . RNAs mensageiros separados são transcritos dos
estado de Nova Iorque também possui u m programa de testagem respectivos genes, e as subunidades a e p são traduzidas de cada
de proficiência externa que é uma exigência para os laboratórios um. As subunidades combinam-se espontaneamente no retículo
que atendem os residentes do estado. Nenhuma das análises inclui endoplasmãtico rugoso e são, então, continuamente secretadas na
testes séricos n o primeiro trimestre ( C G beta livre e PAPP-A), mas circulação materna. A síntese de C G p chega ao pico em cerca de
o W o m a n and Infants Hospital, em Providence, Rhode Island, 8 a 10 semanas, mas a produção da subunidade a continua aumen-
administra u m programa voluntário denominado InteTlaboratory tando e parece ser uma função da massa da placenta.
Comparison Program para esses analitos (informação disponível Existe uma homologia extensiva entre as porções do peptídeo
em gknight@ipmms.org ou www.ipmms.org). das subunidades CG(5 e L H p . Investigadores propuseram que
u m a única deleção n o gene L H 0 ancestral alongaria a subuni-
TESTES LABORATORIAIS dade de 115 aminoácidos para 145 aminoácidos; 8 0 % dos pri-
Nesta seção, os métodos para mensurações de (1) CG, (2) AFP, meiros 115 aminoácidos nas duas subunidades p são idênticos,
(3) UE3, (4) D I A , (5) fibronectina fetal e (6) bilirrubina no líquido amni- mas 20 resíduos de aminoácidos adicionais são exclusivos na
ótico, bem como (7) seis testes para maturidade fetal, serão revistos. CGp.
amniótico não se comparam àqueles n o soro fetal, mas a concen- Mensuração de a-Fetoproteina no Líquido
tração é 2 a 3 ordens de magnitude inferior (~ 15.000 p g / L em Amniótico
16 semanas de gestação). A relação no que diz respeito à concen- A A F P n o l í q u i d o amniótico é medida usando-se os mesmos
tração n o soro materno é u m pouco mais complicada devido a imunoensaios para A F P sérica materna após uma diluição ade-
vários fatores, i n c l u i n d o (1) transferência feto-maternal, (2) cresci- quada ( n o r m a l m e n t e 1:50 a 1:200). Os resultados são expressos
mento rápido do feto, (3) tamanho relativamente constante da em microgramas por m i l i l i t r o , microgramas por litro o u em qui-
mãe, (4) ckarance materno da proteína e (5) variação do volume logramas-UI por litro. A maioria dos laboratórios usa unidades
de distribuição na mãe c o m o peso materno. A AFP é detectável de massa.
p r i m e i r o ( ~ 5 p g / L ) n o soro materno por volta da 10a semana de A A F P no l í q u i d o amniótico é menos estável que no soro.
gestação. A concentração aumenta cerca de 15% por semana até Deixar amostras em temperatura ambiente por períodos prolon-
u m pico de aproximadamente 180 p g / L em cerca de 25 semanas. gados resulta em degradação de A F P no l í q u i d o amniótico. A
U m a típica concentração na 16a semana é de aproximadamente refrigeração do l í q u i d o amniótico, no entanto, comprometerá a
35 p g / L (Figura 43-5). A concentração no soro materno então análise do cromossomo. Portanto, se forem requisitadas a análise
declina lentamente até o termo. Após o nascimento, a AFP sérica de AFP no l í q u i d o amniótico e a análise cromossômica na mesma
materna declina rapidamente para < 2 p g / L . N o bebê, a A F P sérica amostra, uma alíquota do l í q u i d o coletado deve ser colocada na
declina exponencialmente para alcançar as concentrações do geladeira o mais r á p i d o possível após a coleta para determinar a
adulto por volta do 10a mês de vida. concentração de AFP. A outra alíquota do l í q u i d o é mantida em
A distribuição das concentrações de A F P sérica em uma temperatura ambiente para c o m ela determinar o cariótipo do
população de mães grávidas é gaussiana após transformação loga- cromossomo fetal. A l é m disso, as amostras enviadas aos labora-
rítmica. Os fatores que afetam as concentrações de AFP no soro tórios de referência devem ser transportadas no dia seguinte em
materno incluem (1) idade gestacional, (2) peso materno, (3) pre- temperatura ambiente ou em caixas c o m gelo se a temperatura
sença de diabetes mellitus materno dependente de insulina, (4) raça exterior estiver alta. C o m o a presença de sangue fetal nas amos-
materna, (5) número de fetos presente, (6) distúrbios renais fetais tras de l i q u i d o amniótico aumenta os resultados de AFP, os
que causam proteinúria e (7) anomalias estruturais fetais. laboratórios devem anotar a presença de sangue no relatório. N o
A A F P no l í q u i d o a m n i ó t i c o já foi medida tão precocemente caso de u m resultado com AFP aumentada no l í q u i d o a m n i ó t i c o
como em 8 semanas de gestação. Ela declina rapidamente para (normalmente acima de 2,0 o u 2,5 M o M ) , o laboratório deve
u m p o n t o baixo em 11 semanas, depois aumenta para chegar a u m pesquisar a presença de sangue fetal. Os laboratórios que medem
segundo p o n t o máximo em 13 semanas. A concentração então A F P no l í q u i d o amniótico devem estabelecer medianas para cada
cai de m o d o log-linear até a 25 a semana, q u a n d o o declínio pre- semana entre a 13a e a 25a semana de gestação (Figura 43-5).
cipita. M u i t o s estudos mostraram que a combinação de A C h E e
da A F P no l í q u i d o a m n i ó t i c o é ú t i l na detecção de defeitos do Mensuração de Acetilcolinesterase no Líquido
t u b o neural aberto nas 13a a 25a semanas de gestação. Amniótico
O teste de A C h E é essencial e c o n f i r m a t ó r i o para todos os fluidos
c o m A F P elevada n o líquido amniótico. O l í q u i d o a m n i ó t i c o
Métodos de Detecção da a-Fetoproteína Sérica n o r m a l contém u m grupo de colinesterases inespecíficas deno-
E m b o r a a AFP tenha sido tradicionalmente medida pelo m é t o d o m i n a d o pseudocolinesterase (PChE). O l í q u i d o cerebrospinal
R I A , os métodos mais recentes usam análise imunoenzimétrica contém altas concentrações da enzima neural A c h E , e, em casos
( I E M A ) ou imunoensaio quimioluminescente ( C I A ) devido a de defeitos do tubo neural aberto (e em cerca de 8 0 % dos casos
(1) seus limites de detecção mais baixos, (2) sua melhor precisão, c o m defeitos da parede abdominal), f l u i d o s vazam da lesão aberta
(3) velocidade, (4) evitação de radioatividade e (5) facilidade de e p e r m i t e m que a A C h E entre n o l í q u i d o a m n i ó t i c o .
automação. Vários sistemas comerciais estão disponíveis para
medir A F P e a maioria possui desempenho satisfatório como Estriol Não-conjugado
d o c u m e n t a d o em pesquisas de testes de proficiência administra- A mensuração de estriol não-conjugado (uEj) é agora usada de
das pelo College o f A m e r i c a n Pathologists (Survey FP). A calibra- m o d o r o t i n e i r o na maioria dos laboratórios nos Estados U n i d o s
ção das análises de A F P é descrita em Tietz Textbook of Clinicai que oferecem triagem de síndrome de D o w n . Esse esteróide, em
Chemistry and Molecular Diagnostics.3 vez de estriol total (estriol conjugado e não-conjugado), é o mais
específico dos estrógenos para identificar u m feto c o m síndrome
de D o w n .
Coleta e Armazenamento da Amostra
Amostras séricas são obridas de mulheres sem estarem em j e j u m Química
pelas técnicas-padrão de coleta de sangue. A A F P é m u i t o estável O estriol, como o n o m e implica, é u m estrógeno c o m três grupos
nas amostras de soro materno que são transportadas em tempe- hidroxilas (nas posições 3, 16 e 17). E m b o r a esteja presente em
ratura ambiente e armazenadas a 4 ° C por 1 semana ou a - 2 0 ° C pacientes não-grávidas em concentrações m u i t o baixas, no f i n a l
por anos. da gravidez esse estrógeno predomina. Apenas u m a pequena
quantidade ( ~ 9 % ) do h o r m ô n i o circula no plasma não-conju-
Significância Clínica gado e, devido à sua baixa solubilidade, essa f o r m a está forte-
Os testes de AFP no l í q u i d o a m n i ó t i c o e n o soro materno são mente ligada ao S H B G . A m a i o r i a existe como conjugado de
úteis para detectar algumas anormalidades fetais sérias. A A F P glicuronato e sulfato (Figura 43-6). A conjugação que ocorre no
no soro materno está elevada em 8 5 % a 9 5 % dos casos de defeito fígado materno t o r n a o h o r m ô n i o mais solúvel, p e r m i t i n d o o
do tubo neural aberto 14 e está reduzida em cerca de 25%, em cleamnce renal.
média, nos casos de síndrome de D o w n . C o m o a triagem sérica
materna para defeitos fetais envolve testes m ú l t i p l o s , esse tema Bioquímica
foi discutido anteriormente em Triagem Sérica Materna para O estriol é produzido em grandes quantidades no ú l t i m o trimes-
Defeitos Fetais. tre da gravidez. A via biossintética requer o f u n c i o n a m e n t o
Distúrbios da Gravidez CAPÍTULO 43 B39
Sulfato de estriol
I .ÍX>
/XJ centrifugar as amostras logo após a coleta. O transporte de
sangue t o t a l não é r e c o m e n d a d o . Se o sangue t o t a l for enviado
p o r correio, a entrega n o dia seguinte é essencial. Q u a n t o à
f * armazenagem, o uE 3 fica estável n o soro p o r até 7 dias a 4 ° C . A
/ , 7 concentração do uE 3 , e n t r e t a n t o , a u m e n t a q u a n d o os soros são
/ / T
V7 armazenados p o r mais de 4 dias à t e m p e r a t u r a ambiente.
0,10
77 Significância Clínica
Q u a l q u e r d i s t ú r b i o na via biossintética levará a u m uE 3 sérico
6 10 14 18 22 26 30 34 38 42 m a t e r n o m u i t o baixo. As condições q u e causam distúrbios
i n c l u e m anencefaiia fetal, deficiência de sulfatase placentária,
Semanas de Gestação
m o r t e fetal, anormalidades cromossômicas, gravidez m o l a r e sín-
d r o m e de S m i t h - L e m l i - O p i t z (SLOS). A deficiência de sulfatase
F i g u r a 4 3 - 7 Concentração de estriol não-conjugado (uE3) no soro placentária apresenta-se no bebê c o m o ictiose ligada ao cromos-
materno como uma função da idade gestacional. As linhas representam somo X . Ela está presente em a p r o x i m a d a m e n t e 1 ( u m ) em cada
o 2Q, 50 E e 97 ü percentis. Os valores séricos maternos das semanas 14 a 2.000 bebês do sexo masculino. D e v i d o à falta de uE 3 , a mãe
25 são medianas calculadas de 11.309 gestações com testagens quase sempre t e m o i n í c i o d o t r a b a l h o de p a r t o retardado. O
realizadas no ARUP Laboratories Inc., de janeiro a outubro de 1997. í n d i c e de cesariana é m u i t o alto nessas mães. A S L O S é u m
defeito de nascença raro, resultante de u m erro i n a t o n o meta-
b o l i s m o de colesterol, deficiência de 7-desidrosterol-7-reductase.
(1) da adrenal fetal, (2) do fígado fetal e (3) dos órgãos placen- A s í n d r o m e de D o w n leva a u m a modesta redução e m uE 3 . A
tários. O córtex adrenal do feto possui u m a zona especial para triagem de s í n d r o m e de D o w n é agora a aplicação mais c o m u m
a p r o d u ç ã o de esteróides. A d e m a n d a p o r estriol é t a m a n h a que das mensurações de uE 3 .
840 PARTE V Fisiopatologia
b i n a n o l í q u i d o a m n i ó t i c o e essa q u a n t i d a d e m u d a c o m a idade
gestacional (Figura 43-9). Pata i n t e r p r e t a r AA450 adequadamente,
é preciso saber a idade gestacional. Os detalhes do p r o c e d i m e n t o
estão disponíveis e m Tiet? Textbook of Clinicai Chemistí7 and Mole-
cular Diagnoi Cies.3
\
0,4 "^^,227 ,
0,232 . a l u m í n i o . O pico de absorvência da b i l i r r u b i n a tem u m a meia-
v i d a de 10 horas e m l a b o r a t ó r i o i l u m i n a d o . N o e n t a n t o , q u a n d o
0,3
armazenada n o escuro, o pico fica estável p o r 3 0 dias à ternpe-
r a t u r a a m b i e n t e e p o r n o m í n i m o de 9 meses em 4 Q C.
0,2
•
€ Interpretação
A interpretação de A A W depende d o c o n h e c i m e n t o da idade
0,1
gestacional (Figura 43-9). Considera-se que os valores que caem
na zona i n f e r i o r de Liley representem u m feto n ã o afetado o u
I I l i ! m u i t o levemente afetado. Os valores na zona i n t e r m e d i á r i a
B 350 365 410 450 530 580 nm ainda são compatíveis c o m u m feto m i n i m a m e n t e afetado, mas,
à m e d i d a que os valores sobem d e n t r o dessa zona, a u m e n t a a
F i g u r a 4 3 - 8 A, Líquido amniótico normal. Observe a linearidade p r o b a b i l i d a d e de que o feto esteja s o f r e n d o h e m ó l i s e m o d e r a d a
peito da curva quando diagramada no gráfico log-linear. B, Liquido a acentuada. D e p e n d e n d o da t e n d ê n c i a c o m o t e m p o e das
amniótico mostíando o pico de bilirrubina em 450 nm e o pico de circunstâncias clínicas, alguns m é d i c o s r e c o m e n d a m interven-
oxiemoglobina em aproximadamente 410 nm Observe a linba de base ção q u a n d o a elevação de AA450 atinge 8 5 % na zona i n t e r m e d i -
traçada entre as partes lineares da curva, de 365 e 530 nm. ária. Os valores na zona s u p e r i o r (zona I I I ) d e n o t a m doença
grave. Sem intervenção, u m feto c o m valores na zona superior
m u i t o provavelmente morrerá.
A c o n t a m i n a ç ã o de u m a amostra d o l í q u i d o a m n i ó t i c o c o m
o sangue de u m feto afetado c o m u m a alta concentração de
b i l i r r u b i n a sérica p o d e levar a erro substancial, cuja m a g n i t u d e
^jOI"a 11 n ã o p o d e ser exatamente prevista. Correções matemáticas e
•H. extração e m c l o r o f ó r m i o f o r a m usadas para amostras c o m sangue
(ve]a Tietí Textbook of Clinicai Cfiemistr} and Molecular Diagnostics
n\
/
- —
3 para detalhesj. 3
- / n n* II j^i
S * ~ Corar o líquido amniótico c o m mecônio aumenta a A A ^ o
*Ni c o m picos extensos e variáveis e m 4 0 0 a 415 n m . N ã o há m e i o
a1 de compensar q u a n t i t a t i v a m e n t e n o caso de c o n t a m i n a ç ã o c o m
*—
m e c ô n i o . O clearance de m e c ô n i o de u m a única passagem pelo
C.C1 l í q u i d o a m n i ó t i c o requer 3 semanas.
22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 42
Semanas de Gestecão
Testes para Avaliar a Maturidade do Pulmão
Fetal
Os testes de m a t u r i d a d e d o p u l m ã o fetal ( F L M ) a j u d a m o m é d i c o
Figura 43-9 Gráfico da zona três de Liiey (com modificação) para
a decidir se a m e l h o r sobrevida p e r m a t a l será o b t i d a n o ú t e r o
interpretação do líquido amniótico AA^o Paia explicação sobre as três
o u n o berçário. A situação mais c o m u m na q u a l u m teste de
zonas, veja o texto. (Modificado de Liley AW. Liquor amnii analysis in
F L M é r e c o m e n d a d o é antes de r e p e t i r u m p a r t o cesariano
the management of the pregnancy complica te d by rhesus sensicization.
q u a n d o a idade da gestação é i n c e m . O u t r a indicação i m p o r -
Am J Obstet Gynecol 1961;82:1359-70.).)
t a n t e é o paTto p r e m a t u r o antecipado devido à indicação médica
o u obstétrica, c o m o (1) dores d o p a r t o pré-termo, (2) r u p t u r a
p r e m a t u r a das m e m b r a n a s , (3) p i o r a de h i p e r t e n s ã o materna,
de absorvência para o l í q u i d o a m n i ó t i c o entre 365 e 5 5 0 n m (4) doença renal grave, (5) r e t a r d o n o crescimento i n t r a - u t e r i n o
define u m a curva quase e x p o n e n c i a l (Figura 43-8). N o s eixos o u (6) s o f r i m e n t o fetal. As vezes, resultados i n d i c a n d o i m a t u r i -
log-lineares, a altura da curva em 4 5 0 n m acima da l i n h a reta é dade dos p u l m õ e s do feto levam ao a d i a m e n t o do p a r t o eletivo
l i n e a r m e n t e p r o p o r c i o n a l à concentração de b i l i r r u b i n a n o o u i n c i t a m intervenção ativa c o m drogas para s u p r i m i r as dores
l í q u i d o a m n i ó t i c o . Essa é a diferença na absorvência em 4 5 0 n m n o pré-parto. A administração farmacológica de corticosteróides
(AA^5q). N o r m a l m e n t e , há u m a pequena q u a n t i d a d e de b i l i r r u - antes d o n a s c i m e n t o acelera a m a t u r a ç ã o p u l m o n a r e reduz casos
842 PARTE V Fisiopatologia
de RDS. Se o parto de uma criança for inevitável, a transferência mica (tingida de amarelo) ou obviamente contaminada com
para u m centro de assistência médica terciário é apropriada. muco. A amostra deve ser mantida em gelo ú m i d o .
Vários testes de l í q u i d o a m n i ó t i c o para F L M foram propos-
tos. A lgun s deles, como mensuração de creatinina e uréia o u a Testes de Maturidade do Pulmão Fetal por
coloração lipidica das células, correlacionam-se c o m a idade ges- Polarização de Fluorescência
tacional, mas não analisam diretamente a maturação do pulmão. A FP é uma razão sem unidade de medida c o m valores de 0,000
Os testes que medem (1) corpos lamelares direta o u indireta- a 0,500 para soluções diluídas contendo compostos fluorescen-
mente, (2) o sutfactante que eles contêm o u (3) a propriedade tes. A polarização (P) mede a difusão rotativa do f l u o r ó f o r o
biofísica do surfactante mostraram-se úteis para avaliar a F L M . relativa à sua meia-vida fluorescente. Se a meia-vida for curta,
Os métodos que m e d e m o surfactante p u l m o n a r i n c l u e m a comparada c o m a taxa de difusão rotativa, a P estará alta. E m
determinação de (1) razão lecitina/esfingomielina (L/S), (2) con- contraste, se a rotação molecular for mais rápida que o estado
centração de fosfatidilglicerol (PG), (3) polarização de fluorescên- excitado de decomposição, a P estará baixa. Corantes fluorescen-
cia (FF) (testes comerciais e não-comerciais) e (4) contagens de tes específicos ligam-se à albumina e ao surfactante; logo, a P
corpos lamelares. Desde 1994, o n ú m e r o de laboratórios usando resultante é uma função da razão surfactante/albumina e u m
métodos que requerem cromatografia em camada delgada (razão indicador da maturidade de u m p u l m ã o fetal. Versões comerciais
I / S e fosfatidilglicerol) d i m i n u i u , enquanto o n ú m e r o de labo- e "feitas em casa" estão disponíveis. 3 A versão comercial está
ratórios que usam FP comercial aumentou sensivelmente. Deta- calibrada c o m soluções contendo fosfolipídios e a l b u m i n a em
lhes sobre esses e outros testes baseados em surfactante são des- várias razões, expressas como miligramas de surfactante por
critos em Tietz Textbook of Clinicai Chemistrj and Molecukn Díag- grama de albumina. A maioria dos laboratórios que realizam
nostics.3 testes de FP para F L M usa a versão comercial desse teste.11
Os laboratórios hospitalares devem oferecer testes rápidos,
como FP, PG ou contagens de corpos lamelares Esses testes Razão Lecitina/Esfingomielina
devem estar disponíveis diariamente tanto para r o t i n a quanto O p r i n c i p a l componente ativo de superfície do surfactante pul-
para emergência. Solicitações de razões L / S e de perfis pulmona- monar é a fosfatidilcolina, t a m b é m denominada lecitina. A quase
res devem ser encaminhadas ao laboratório de referência. Os a totalidade de esfingomielina no l í q u i d o amniótico é derivada
resultados das análises de qualquer F L M devem ser comunicados de fontes não-pulmonares; logo, ela não tem papel determinado
imediatamente, porque o estado da paciente pode estar m u d a n d o no sistema surfactante nos pulmões, mas é u m padrão interno
e a informação pode ajudar no manejo do parto. conveniente para a mensuração de lecitina. A concentração de
lecitina relativa à esfingomielina, a razão L / S , tende a se elevar
c o m o aumento da idade gestacional. Essa elevação não é gradual
Coleta e Manejo do Líquido Amniótico para ou u n i f o r m e ; uma elevação u m tanto súbita ocorre em 34 a 36
Análise da Maturidade do Pulmão Fetal semanas de gestação e se correlaciona c o m o desenvolvimento da
Para os testes usados para analisar a F L M , o l i q u i d o amniótico é maturidade do p u l m ã o fetal.
o b t i d o por amniocentese transabdominal, geralmente durante a A maioria dos laboratórios usa u m método comercialmente
visualização sonográfica em tempo real. O médico evitará através- disponível para determinar a razão L / S . C o m esse teste, u m
sar a placenta, mas, às vezes, falhará. E m uma gravidez m ú l t i p l a , intervalo de referência conservador para a maturidade do p u l m ã o
n o r m a l m e n t e há bolsas separadas. Amostra é extraída de cada é u m a razão L / S de 2,5 ou mais elevada. Espera-se que mais de
bolsa. O l í q u i d o pode ser o b t i d o por punção transvaginal das 1% dos bebês nascidos dentro de 24 horas da obtenção de uma
membranas abauladas, mas não deve estar m u i t o c o n t a m i n a d o razão L / S > 2,5 desenvolvam RDS; logo, 9 9 % dos bebês c o m
c o m secreções vaginais como pode ocorrer na aspiração de poças previsão de maturidade estarão, de fato, maduros. N o entanto,
vaginais após ruptura esponrânea das membranas. Amostras em quase metade dos bebês com razões l / S entre 1,5 e 2,5 não
poças vaginais raramente são adequadas para testagem. Os desenvolverão RDS.
médicos devem considerar seriamente a amniocentese em pacien-
tes com r u p t u r a das membranas. 1 Fosfatidilglicerol
Sempre que possível, o l í q u i d o deve ser testado imediata- O papel exato do P G n o surfactante p u l m o n a r não está claro.
mente. Caso for preciso adiar por algumas horas, o l í q u i d o deve M u i t o s alegam que o aparecimento do PG no l í q u i d o a m n i ó t i c o
ser refrigerado a 4°C. As amostras permanecem estáveis por no indica a maturação b i o q u í m i c a f i n a l do surfactante, mas o PG
m í n i m o 1 semana a 4°C. Se o teste for adiado em mais de 1 t a m b é m é encontrado em quantidades mensuráveis no l í q u i d o
semana (p. ex., líquidos coletados para estudos de pesquisas), os a m n i ó t i c o já na 32 a semana de gestação, e sua presença em
líquidos devem ser congelados em - 2 0 ° C o u - 7 0 ° C . O l í q u i d o pequenas quantidades não implica necessariamente que os
deve ser suavemente invertido 20 vezes para obter uma suspensão pulmões do feto estejam maduros. A concentração de PG no
u n i f o r m e sem criar espuma logo antes da testagem. Recomenda- l í q u i d o amniótico aumenta c o m a idade gestacional.
se pelo menos 2 m i n u t o s no rotor para tubo. 1 A maioria dos laboratórios que oferecem teste de PG usa
A maioria dos procedimentos para medir a F L M i n c l u i cen- testagem de aglutinação rápida qualitativa, no qual a aglutinação
trifugação para remover debris. Atenção cuidadosa à técnica é ocorre na presença de PG e é comparada com três controles. Os
necessária para obter resultados reproduzíveis. Qualquer centri- resultados são notificados como negativo, positivo-haixo (0,5 a
fugação remove algum surfactante p u l m o n a r da amostra. Obser- 2 p g / m L ) ou positivo-alto (2 p g / m L o u mais elevado). A R D S
vou-se que centrifugação prolongada acidentalmente reduz a raramente se desenvolve em u m bebê de uma mãe c o m P G posi-
recuperação de fosfolipídios para menos de 50%. Para melhores tivo-alto.
resultados, a amostra deve ser (1) completamente homogeinizada,
(2) cuidadosamente centrifugada (p. ex., 2 m i n u t o s em 400 x g), Contagem de Corpo Lamelar
(3) decantada e (4) homogeinizada novamente. A condição da Os corpos lamelares dispersam luz avidamente, obscurecendo o
amostra t a m b é m deve ser observada, p. ex., não contaminada, líquido amniótico. Essas partículas são contadas diretamente usando
c o m sangue, corada c o m mecônio (tingida de verde), xantoerõ- o canal plaquetáno da maioria dos contadores de células de sangue
Distúrbios da Gravidez CAPÍTULO 43 843
total."1 Essa técnica é d e n o m i n a d a contagem de corpo lamelar 8. Haddow JE, Palomaki GE, Knight GJ, Foster DL, Neveux LM. Second
(LBC). U m a metanálise registrou que em u m a sensibilidade clínica trimester screening for Down's syndrome using maternal setum dimeric
fixa de 95%, a especificidade clínica da L B C f o i de 8 0 % , enquanto inhibin A. J Med Screen 1998;5:115-9.
9. Haddow JE, Palomaki GE, Knight GJ, Williams J, Pulkkinen A, Canick
que a especificidade clínica da razão L / S foi de 70%. 16
JA, et ai. Prenatal screening for Down's syndrome with use of maternal
D e v i d o aos diferentes algoritmos de identificação plaqueta-
semm markers. N Engl J Med 1992;327:588-93.
ria, as contagens serão mais baixas o u mais altas e m diferentes
10. Knight GJ, Palomaki GE. Epidemiologic monitoring of prenatal
i n s t r u m e n t o s . O s i n s t r u m e n t o s que usam algoritmos similares
screening for neural tube defects and Down syndrome. Clin Lab Med
possuem alta correlação, mas pouca concordância. Logo, os
2003;23:531-51.
valores de referência vão depender do i n s t r u m e n t o usado.
11. Malone FD, Canick JA, Ball RH, Nyberg DA, Comstock CH, Bukowski
R, et al. Firsc-tnmescer ot second-trimester screening, ot both, fot
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C A P Í T U L O 4 4
Triagem Neonatal
Marzia Pasquali, Ph.D., F.A.C.M.G., e
Barbara G. Sawyer, Ph.D., M.T.ÍA.S.C.R), C.L.S.(N.CA), C.L.Sp.(M.B.)
O
10. Discutir a questão dos resultados falso-positivos na triagem do s avanços recentes da tecnologia, como a espectrometria
recém-nascido, incluindo os exames mais comumente mal de massa em tandem e a análise de D N A , promoveram
interpretados e o uso e princípio dos exames de segunda opção. a identificação, prevenção e tratamento pré-sintom áticos
e precisos de doenças congênitas e genéticas em recém-nascidos.
PALAVRAS-CHAVE E DEFINIÇÕES Algumas crianças com estes distúrbios manifestam sintomas ao
A c i d e m i a / A c i d ú r i a Orgânica: Distúrbio do metabolismo de nascimento, enquanto outras permanecem assintomáticas durante
aminoácidos n o qual a enzima degradante deficiente leva ao décadas. Embora os programas de triagem tipicamente não sejam
aparecimento de u m produto catabólico de u m aminoácido projetados para fornecer u m diagnóstico definitivo da doença, eles
n o sangue, em vez do desenvolvimento de u m aminoácido identificam uma subpopulação de indivíduos de alto risco para os
precursor. quais o acompanhamento, exames de confirmação, diagnóstico e
A m i n o a c i dopatia: U m distúrbio do metabolismo de tratamento são vantajosos.
aminoácido no qual o aminoácido precursor é elevado no
sangue ou na urina. PRINCÍPIOS BÁSICOS
Análise M u l t i p l e x : Avaliação simultânea de múltiplos analitos A triagem neonatal é uma atividade de saúde pública que
em uma única amostra. começou no início dos anos de 1960, graças ao Dr. Robert
Distúrbios de Oxidação de A c i d o Graxo: G r u p o de distúrbios G u t h r i e , que desenvolveu u m exame de triagem para fenilalanina
causados por deficiência de uma enzima na via de oxidação a partir do sangue seco dos recém-nascidos colhido em papel
dos ácidos graxos, que leva à incapacidade de utilizar filtro (Figura 44-1 ).9
lipídios como uma fonte de energia. Desde esta época, milhões de lactentes nos E U A passaram
Distúrbios do M e t a b o l i s m o de A m i n o á c i d o : U m grupo de pela triagem para uma variedade de distúrbios genéticos e congê-
distúrbios causados pela perda de uma enzima na via nitos. O objetivo da triagem neonatal é a identificação e o trata-
metabólica do aminoácido, que leva à elevação do nível de mento precoces de distúrbios que, de outra forma, não seriam
aminoácidos n o sangue e na urina. detectados antes q u e ocorresse dano irreversível o u morte. A
Distúrbios do Metabolismo de Carboídratos; U m grupo de detecção e intervenção precoces levam à eliminação ou redução
distúrbios causados por perda de uma enzima na via da mortalidade, morbtdade e incapacidades associadas a estas
metabólica de u m carboidrato, que leva a concentrações condições. Assim como com os programas de triagem da popu-
elevadas daquele carboidrato no sangue e na urina. lação, os exames de triagem neonatal têm de ser primeiramente
845
846 PARTE V Fisiopatologia
Acidemia isovalérica (IVA1) Deficiência de acil-CcA Fenilcetonúria (PKU) Anemia falciforme (HbSS) Hipolireoidismo congênito
desidrogenase de cadeia (CH)
média (MCAD)
Acidemia glutárica tipo 1 (GA1) Deficiência de acii-CoA Doença (da urina) do Hb S/p-talassemia Deliciência de biotinidase
desidrogenase de cadeia muito xarope de bordo (Hb S/p-Th) (BIOT)
longa (VLCHAD) (MSUD)
Acidúria 3-hidróxi Deficiência de L-3-0H acil-CoA Hornocistinúria (HCY) Doença da Hb S/C Hiperplasia adrenal
3-metil glutárica (HMG) desidrogenase de cadeia longa (Hb S/C) congênita (CAH)
(LCHAD)
Deficiência múltipla de Deficiência de proteína Citmlinemia (CIT) Galactosemia (GALT)
carboxilase (MCD) trifuncional (TFP)
Acidemia metilmalônica •efeito da captação da Acidemia Perda auditiva (HEAR)
(deficiência de mutase) camitina (CUD) argininossuccinica
(MIIT) (ASA)
Deficiência de Tirosinemia tipo 1 (TYH 1) Fibrose cística (CF)
3-metilcrotcnil-CoA
carboxilase (3MCC)
Acidemia metilmalônica
(Cbl A.B)
Acidemia propiònica (PR0P)
Deliciência de
p-cetotiolase (pKT)
Modificado de: Niiuborn Scrceníng: TOUIUTA a Uniform Screeniri£ Panei anA Sustem, http://www.acm.g.net/re&ou,rees/policie5/NBS/NBSjsectíortí-hi'm
Mãe
Dieta (portador) (portadora)
Glicose
ATP
Portador Portador
NADH
II
Piruvato
AGBÜI-COA
N n N n
ATP
bólica, f r e q ü e n t e m e n t e a c o m p a n h a d a de h i p e r a m o n e m i a , é u m
NH H?0 CO, achado f r e q ü e n t e nas acidemias orgânicas. 0 ( s ) composto(s)
n
acumulado(s) depende(m) d o l o c a l d o b l o q u e i o enzimático, da
reversibilidade das reações p r ó x i m a s à lesão e da d i s p o n i b i l i d a d e
F i g u r a 4 4 - 2 Macromoléculas maiores em nutrientes são degradadas
de vias alternativas de "fuga" metabólica.
em subunidades simples que são convertidas a acetil-CoA com produção
de ATP e N A D H . A acetil-CoA é então completamente oxidada em
Fenitcetonúria
CO2 e H i O na mitocõndria, com produção de grandes quantidades de
A f e t i i l c e t o n ú r i a ( P K U ) ( O M I M n ° 261600) é u m d i s t ú r b i o do
N A D H e ATP.
m e t a b o l i s m o da fenilalanina. A f e n i l a l a n i n a é u m a m i n o á c i d o
essencial, c o n s t i t u i n d o 4 % a 6 % de todas as proteínas obtidas
na dieta. A f e n i l a l a n i n a que não é usada na síntese de proteína
Bloqueio é convertida a t i r o s i n a pela enzima f e n i l a l a n i n a hidroxilase e
metabólico •eficiência
Acúmulo do I . depois é degradada p o r meio de u m a v i a cetogênica (Figura 44-5).
substrato 1 de produto
E x i s t e m várias formas de h i p e i f e n i l a l a n i n e m i a / f e n i l c e t o n ú r i a ,
TA Di
c o m u m a freqüência de 1:10.000 até 1:20.000 nascimentos vivos.
A P K U clássica é causada p o r mutações n o gene da f e n i l a l a n i n a
Ft
hidroxilase e representa 9 8 % de todos os casos de hiperfenilala-
Acúmulo de n i n e m i a / f e n i l c e t o n ú r i a . Os 2 % restantes são causados p o r defei-
subprodutos tos na biossíntese o u reciclagem de t e t r a i d r o b i o p t e r i n a ( B H 4 ) , o
co-fator para f e n i l a l a n i n a hidroxilase.
A deficiência p r i m á r i a o u secundaria (causada p o r u m a defi-
Figura 4 4 - 3 Bloqueio em uma via metabólica resulta em acúmulo
ciência do co-fator) da f e n i l a l a n i n a hidroxilase resulta em a c ú m u l o
de substrato A, deficiência do produto B e acúmulo de subprodutos F.
de fenilalanina, fenilcetonas e fenilaminas e e m deficiência de
tirosina. A concentração a l t a m e n t e elevada de f e n i l a l a n i n a pre-
j u d i c a o desenvolvimento e as funções cerebrais, afetando outros
órgãos m i n i m a m e n t e . Os pacientes c o m P K U clássica são clini-
tonas nos l í q u i d o s biológicos. A P K U não tratada irá causar c a m e n t e assintomáticos ao nascimento; os atrasos n o desenvolvi-
r e t a r d a m e n t o m e n t a l . O u t r o s exemplos i n c l u e m doença da u r i n a m e n t o e as manifestações neurológicas típicas tornam-se eviden-
c o m o d o r de xarope de b o r d o , h o m o c i s t i n ú r i a e tirosinemia tipo I. tes após vários meses de vida, q u a n d o a lesão cerebral já ocorreu.
U m exemplo de acidemia orgânica é a acidemia glutárica tipo I (veja Os pacientes c o m P K U não tratada desenvolvem microcefalia,
adiante)j u m d i s t ú r b i o d o m e t a b o l i s m o de lisina e t r i p t o f a n o . e x a n t e m a cutâneo eczematoso, o d o r " m u r i n o " (devido ao
O u t r o s i n c l u e m acidemia isovalérica, acidemia m e t i l m a l ô n i c a e a c ú m u l o de fenilacetato) e r e t a r d a m e n t o m e n t a l grave. O trata-
acidemia p r o p i ô n i c a (Tabela 44-1). As manifestações clínicas das m e n t o da P K U i n c l u i dieta c o m baixo teor de p r o t e í n a s / f e n i l a -
acidemias orgânicas variam desde conseqüências clínicas não obser- l a n i n a e suplementação c o m tirosina, minerais, v i t a m i n a s e
váveis até mortalidade neonatai. Atraso do desenvolvimento mental, outros n u t r i e n t e s para p e r m i t i r o crescimento n o r m a l . O trata-
convulsões, alterações sensoriais o u distúrbios de comportamento m e n t o deve ser c o n t í n u o p o r toda a vida. A triagem n e o n a t a i
ocorrem e m mais da metade dos distúrbios. A cetoacidose meta- para P K U é realizada em todas as regiões dos E U A . A detecção
Triagem Neonatal CAPÍTULO 44 849
O Hj—CÍH
V
COOTT coou
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A t i d o lutÍLÍ£lÍCú D H ".L. j í » I c r . i . j u i l k i i
A c i d o a - h i d r o x i f e n i la célico
2.865 d3C16
2,4e5
Acidúria glutárica tipo I
2.0e5
d3C18
1.2e5
d3 C4
d9C5
d3C8 C5DC
8.0fl4
388.3
C3*.
4.084
O.C H
2B0 3CD 320 340 360 3BQ 400 420 440 4B0 480
m/z, amu
Figura 4 4 - 6 Perfil da acilcarnitina por M S / M S obtido de uma amostra de sangue de um paciente com
acidemia glutárica tipo I. A glutarilcarnitina (C5DC) está presente em excesso. Os padrões internos deu cerados
(d3C3, d3C4j d9C5, d3C8, d9C14, d3C16) são adicionados ao solvente do extrato para possibilitar a
quantificação das diferentes espécies de acilcarnitina.
infecções). O diagnóstico precoce e a terapia reduzem o risco de doentes, p e r d e m a consciência, tornam-se comatosas e p o d e m
d i s t o n i a aguda e m pacientes c o m G A I . 1 0 m o r r e r . Q u a n d o sintomáticos, os pacientes c o m d i s t ú r b i o s da
oxidação de ácidos graxos tornam-se hipoglicêmicos e p o d e m
Tratamento de Acidemias Orgânicas e apresentar a u m e n t o das transaminases séricas, o que i n d i c a lesão
A minoacidopatias hepática. A l g u n s distúrbios da oxidação de ácidos graxos (defici-
A terapia para os d i s t ú r b i o s de ácido orgânico e aminoacidopatias ência de h i d r o x i a c i l - C o A desidrogenase [ L C H A D ] de cadeia
consiste em dietas especiais que restringem os compostos (em geral longa) t a m b é m p o d e m afetar os músculos esqueléticos e o
aminoácidos) que resultam na formação de ácido orgânico a n o r m a l coração, p r o d u z i n d o d o r m u s c u l a r (mialgia) e c a r d i o m i o p a t i a , o u
o u n o a c ú m u l o de altas concentrações de aminoácidos; suplemen- causar sintomas na mãe d u r a n t e a gravidez. O u t r o s d i s t ú r b i o s
tacão c o m vitaminas específicas para cada distúrbio; suplementos i n c l u e m o defeito d o t r a n s p o r t a d o r de c a r n i t i n a e a deficiência
de carnitina e, algumas vezes, evitar j e j u m . Para algumas destas de a c i l - C o A desidrogenase de cadeia curta (Tabela 44-1).
condições, a terapia agressiva das doenças c o m líquidos I V que
c o n t e n h a m glicose é essencial para evitar catabolismo e agrava- Deficiência de MCAD
m e n t o dos sintomas clínicos. A M C A D ( O M I M n c 201450) é o d i s t ú r b i o mais c o m u m da
oxidação de ácidos graxos, c o m u m a freqüência de 1:6.000 até
Distúrbios da O x i d a ç ã o de Ácidos Graxos 1:10.000 nascimentos entre caucasianos. 1519 Os sintomas da
Os ácidos graxos são metabolizados d e n t r o da m i t o c ô n d r i a para d o e n ç a são variáveis, desde pacientes c o m p l e t a m e n t e assintomá-
produzir energia. A c a r n i t i n a e seu ciclo são necessários para trans- ticos até h i p o g l i c e m i a , letargia, coma e m o r t e súbita, e m geral
ferir ácidos graxos de cadeia longa para as mitocôndrias, para desencadeados p o r j e j u m p r o l o n g a d o , doença aguda o u ambos. 19
subseqüente beta-oxidação (Figura 23-8). E m cada ciclo da beta- A m a i o r i a dos pacientes apresenta a doença n o p r i m e i r o ano de
oxidação, os ácidos graxos de cadeia longa são progressivamente v i d a , mas p o d e m ocorrer sintomas clínicos e m qualquer m o m e n t o
reduzidos e m duas unidades de c a r b o n o para p r o d u z i r acetil-CoA, d u r a n t e a vida e f r e q ü e n t e m e n t e o p r i m e i r o episódio é fatal. O
que é utilizada pelo ciclo de Krebs para p r o d u z i r energia. Os t r a t a m e n t o consiste e m evitar j e j u m , c o n s u m i r a l i m e n t o s c o m
d i s t ú r b i o s da oxidação dos ácidos graxos, c o m o a deficiência de b a i x o teor de gordura, fazer suplementação de c a r n i t i n a e insti-
M C A D , o c o r r e m q u a n d o falta u m a enzima na via metabólica e t u i r u m p l a n o de emergência n o caso de doença o u o u t r o estresse
os ácidos graxos não conseguem sofrer oxidação para p r o d u ç ã o m e t a b ó l i c o . O diagnóstico precoce p o r m e i o da triagem n e o n a t a i
de energia. Estes d i s t ú r b i o s em geral são silenciosos e tornam-se e o i n í c i o precoce de t r a t a m e n t o c o n d u z e m a u m prognóstico
evidentes apenas q u a n d o o c o r p o precisa de energia a p a r t i r de b o m . 3 Os pacientes c o m deficiência de M C A D são i d e n t i f i c a d o s
l i p í d i o s d u r a n t e j e j u m , infecções o u febre. As crianças aparente- p o r t r i a g e m n e o n a t a i c o m M S / M S d e v i d o ao t í p i c o p e r f i l de
mente saudáveis que t ê m estes distúrbios f i c a m gravemente a c i l c a r n i t i n a , c o m a u m e n t o da concentração de C6-(hexanoil),
Triagem Neonatai CAPÍTULO 44 851
ca
2.2e5
344 d3C16
459
1.8e5 -
Deficiência de MCAD
1.4e5
d3C3
S. 277 d9C14
437
1.0 e5 d3C4 d9C5 d3C8
291 311 347
G,0e4
C3 CG
/ C10:1
370
274 316
2.0 e4
302.3
0.0 4 1 , i., L
2HQ 300 320 340 360 380 40D 420 440 460 4H0
m/z, amu
Figura 44-7 Perfil da acilcarnitina por M S / M S obtido de uma amostra de sangue de um paciente com
deficiência de MCAD. O hexanoil (C6)-, octanoil (C8)- e decanoil (C10: l)-carnitim são as espécies típicas da
acilcarnitina aumentadas neste distúrbio de oxidação do ácido graoco, Os padrões internos deuterados (d3C3,
d3C4, d9C5, d3C8, d9C14, d3C16) são adicionados ao solvente do extrato para possibilitar a quantificação das
diferentes espécies de acilcarnitina.
parte de u m programa de triagem neonatal incluem deficiência envolve estimulaçao da medula óssea, hidiataçao adequada ou
de biotinidase, distrofia muscular de Duchenne, neuroblastoma possíveis transfusões sanguíneas.
e toxoplasmose, dentre outros
M É T O D O S DE T R I A G E M NEONATAL
Embora a técnica de M S / M S seja u m avanço notável na área da
Hipotireoidismo Congênito triagem neonatal, muitos programas de triagem c o n t i n u a m
O h o r m ô n i o da tireóide é essencial para a função celular e o usando os métodos de triagem tradicionais. Estes serão discuti-
crescimento n o r m a l do cérebro. A peTda de função da tireóide dos primeiro, seguidos de uma discussão sobre a M S / M S .
ao nascimento leva a retardamento mental e deficiência no cres-
cimento. O hipotireoidismo congênito ( C H ) afeta 1 em 3.500 M é t o d o s Tradicionais
recém-nascidos e é u m distúrbio esporádico, embora aproxima- Os primeiros exames de triagem neonatal detectaram substâncias
damente 15% dos casos sigam u m padrão de herança autossô- anormais na urina. U m a das primeiras deficiências enzimáticas
mico recessivo. As mutações genéticas especificas afetam o desen- congênitas testadas que resultou em aumento do fluxo renal foi
volvimento da glândula tireóide ou d i m i n u e m a produção de a P K U , O Dr. A s b j 0 r n F 0 l l i n g , da Noruega 7 , desenvolveu o teste
hormônios da tireóide sem mudar a glândula em si. de cloreto férrico nos anos de 1930, o qual usava u m a reação
entre os íons férricos e o excesso de fenilpiruvato nas amostras
Hemogtobinopâ tias de urina para formar u m complexo de coloração verde-asulada,
Os principais distúrbios hereditários da hemoglobina incluem que indicava possível PKU. Entretanto, devido à baixa sensibili-
anemia falciforme (HbSS), hemoglobina S/beta-talassemia e dade e inúmeras substâncias de interferência, o exame f o i usado
doença da hemoglobina SC. A HbSS é o distúrbio autossômico apenas para avaliar lactentes de famílias que t i n h a m uma história
recessivo hereditário do sangue mais c o m u m nos E U A , com do distúrbio.
acometimento de aproximadamente 1 em 500 recém-nascidos N o f i n a l dos anos de 1950, o D r Robert G u t h r i e desenvolveu
afro-descendentes. O distúrbio produz eritrócitos que assumem u m sistema efetivo, ainda em uso atualmente, para coletar sangue
uma morfologia anormal {célula "falcifonne") quando a satura- de lactentes usando u m papel f i l t r o / Aplica-se a gota de sangue
ção de oxigênio é baixa- Isto reduz a estabilidade das células, que retirada com uma picada no calcanhar do lactente sobre u m
se t o r n a m rapidamente destruídas, levando a icterícia, anemia e cartão de papel f i l t t o espesso, e deixa-se secar. U m a vez secos,
redução do fluxo sanguíneo, predispondo a infecções e hiperten- estes cartões são coletivamente enviados para um laboratório de
são pulmonar. a análises, em geral estadual público, ou u m laboratório de refe-
rência. N o laboratório a "mancha" de 3 a 6 m m é retirada com
Hiperplasia Adrenal Congênita (Síndrome perfuração do centro da área da amostra seca e enviada para
Adrenogenital) análise. U m a das vantagens de se usar amostra seca é que os
Aproximadamente 1 em cada 12.000 lactentes é acometido com cartões de papel filtro são facilmente transportados e podem ser
C A H . A causa mais freqüente deste distúrbio é a ausência de guardados para exames adicionais. A maior parte deste trabalho
21-hidroxilase, uma enzima necessária para a síntese de aldoste- hoje é realizada c o m equipamentos automatizados. Esforços adi-
rona e cortisol pelo córtex adrenal 8 Estes hormônios esteróides cionais feitos pelo Dr. Guthrie, que ficou conhecido como o "Pai
são essenciais para o metabolismo da glicose, reabsorção de sal da Prevenção", levaram ao desenvolvimento de muitos exames
pelos Tins e desenvolvimento genital. Nos casos graves de C A H de tTiagem neonatal, i n c l u i n d o aqueles usados para avaliar a
que prejudicam a síntese de aldosterona, ocorre perda de sal e os galactosemia, a doença da urina com odor de xarope de bordo e
lactentes desenvolvem desidratação, vômitos e desequilíbrio ele- a homocistinúria.
trolítico que leva à morte. A produção excessiva de andrógenos
leva à genitália ambígua nas meninas e à puberdade prematura Triagem de PKU
nos meninos. C o m o mostrado na Figura 44-5, a perda da conversão do subs-
trato de fenilalanina a tirosina resulta na formação de fenilpiru-
Fibrose Cística vato e metabólitos, assim como fenilalanina elevada no sangue;
A CF é u m distúrbio autossômico recessivo de glândulas exócrinas as fenilcetonas são excretadas na urina. O exame de triagem
em todo o corpo, incluindo as glândulas sudoríparas, pequenos semiquantitativo para P K U idealizado pelo Dr. G u t h r i e nos anos
duetos exócrinos no pâncreas e glândulas brônquicas. A C F leva a de 1960 foi u m ensaio microbiológico que envolveu a incorpora-
obstrução glandular ou excesso de secreção de determinadas subs- ção de uma bactéria, Baciílus sitbíiíis, e u m inibidor do cresci-
tâncias, incluindo secreções mucosas espessas nos pulmões, que mento, beta-2-tienilaIanina, em ágar.2 A mancha de sangue seco
levam a doença pulmonar crônica, e bloqueio da liberação da retirada do cartão de papel filtro é colocada no ágar. Se houver
enzima pancreática, que leva a má absorção. Aproximadamente 1 u m a concentração n o r m a l de fenilalanina na mancha da amostra,
em cada 2.000 lactentes caucasianos é acometido por CF. o crescimento bacteriano será inibido. O excesso de fenilalanina
neutralizará o inibidor e irá restaurar o crescimento da bactéria
Tratamento de Outros Distúrbios Congênitos ao redor da mancha, indicando P K U . O teste de G u t h r i e é
Os tratamentos típicos usados para a maioria dos distúrbios que sensível para concentrações séricas de fenilalanina maiores que
envolvem a falta de u m h o r m ô n i o concentram-se em uma terapia 4 m g / d L . A simplicidade do exame possibilitou a triagem de u m
de reposição para toda a vida com o h o r m ô n i o que está faltando. grande número de lactentes não apenas para PKU, mas também
A tiroxina sintética é o típico tratamento de reposição para hipo- para outros distúrbios de aminoácidos com uso de diferentes
tireoidismo congénito, enquanto a hidroxicortisona freqüente- inibidores do crescimento.
mente é prescrita para C A H . O tratamento para C F inclui fisio-
terapia, suplementação enzimática para as enzimas pancreáticas Triagem para Galactosemia
ausentes, antibióticos e outros tratamentos com base nas neces- A galactosemia é u m distúrbio do metabolismo de carboídratos
sidades específicas do indivíduo. As hemoglobinopatias são tra- que resulta n o acúmulo de galactose. A forma mais c o m u m é
tadas com u m enfoque na oxigenação adequada do tecido, que causada pela deficiência de galactose-1-fosfato uridiltransfeiase
Triagem Neonatai CAPÍTULO 4 4 853
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Os distúrbios metabólicos e outros distúrbios são causados pelo
n e w b o r n s d i f f e r f r o m those o b s e r v e d i n patients w i t h c l i n i c a i s y m p t o m s :
bloqueio em uma via bioquímica, provocando o acúmulo de
i d e n t i f i c a t i o n a n d c h a i a c t e r i z a r i o n o f a new, p r e v a l e n t m u t a r i o n t h a t
produtos específicos de doença ou a ausência de uma substância
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anormais são assinalados quando a quantidade de u m metabólito
3. C a r p e n t e r K , W i l e y V , S i m K G , H e a t h D , W i l c k e n B. E v a l u a r i o n o f
medido está acima de u m determinado valor de corte. C o m
n e w b o r n screening for m e d i a m c h a i n a c y l - C o A dehydrogenase
M S / M S , vários analitos são detectados no mesmo momento e a deficiency i n 2 7 5 , 0 0 0 bafai es. A r c h D i s C h i l d Fecal N e o n a r a l E d
interpretação dos resultados baseia-se expressivamente no reconhe- 2 0 0 1 ;85;F 105-9.
cimento padrão, enquanto a mensuração da concentração de dife- 4- Chace D H , Kalas T A , N a y l o i E. U s e o f t a n d e m mass s p e c t r o m e t r y for
rentes metabólitos sustenta a interpretação.'1 A capacidade de detec- m u l t i a n a l y r e screening o f d t i e d b l o o d specimens f r o m n e w b o r n s . C l i n
tar metabólitos múltiplos por M S / M S possibilita o uso de propor- C h e m 2003;49:1797-617.
ções de metabólitos para definir se u m valor elevado é causado por 5. C l i n i c a i a n d L a b o r a t o r y Standards Insricute. N e w b o r n s c r e e n i n g f o l l o w -
u m desarranjo metabólico o u pelo estado clinico ou nutricional do up; approved guideline. C L S I D o c u m e n r I / L A 2 7 - A { I S B N 1-56238-606-9).
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16. Orfonos AP, Jinks D C , G u t h r i e R. Microassay for estimation of summary. http://mchb.hrsa.gov/screening/summary.htm (accesscd o n
galacrose and galactose-l-phosphate i n dried b l o o d specimens. C l i n February 15, 2007).
B i o c h e m 1986;19:225-8. 22. W i l c k e n B, W i l e y V, H a m m o n d J, Carpenter K. Screening newborns
17. Rinaldo P, 0 ' S h e a JJ, Coates PM, Hale D E , Stanley C A , Tanaka K. for i n b o r n errors of metabolism by tandem mass spectrometry. N Engl
Medium-chain a c y l C o A dehydrogenase deficiency. Diagnosis by stablfr J M e d 2004;348:2304-12.
isotope d i l u t i o n measurement o f u r i n a r y n-hexanoylglyc t ne and 3-
phenylpropionylglydne. N Engl J M e d 1998;319:1308-13.
INFORMAÇÕES DE REFERÊNCIA PARTE VI
C A P Í T U L O
Informações de Referência
para Laboratórios Clínicos*
William L. Roberts, M.D., Ph.D., Gwendolyn A. McMillin, Ph.D.,
Carl A. Burtis, Ph.D., e David E. Bruns, M.D.
SUMÁRIO
Tabela 45-1 Valores e Intervalos de Referência
Tabela 45-2 Níveis Terapêuticos e Tóxicos dos Fármacos
Tabela 45-3 Valores Críticos
Os resultados dos testes laboratoriais apresentavam pouca utilidade clínica até que estudos clínicos atribuíram vários estados de saúde e doença aos intervalos de valores.
Os intervalos de referência são úteis parque tentam descrever os resultados típicos encontrados em uma população definida de indivíduos aparentemente saudáveis.
Diferentes métodos podem gerar valores diferentes,- dependendo da calibração e de outras considerações técnicas. Portanto, podem ser obtidos diversos intervalos de
referência e resultados em diferentes laboratórios. A variabilidade entre os métodos é particularmente característica dos métodos que utilizam anticorpos para detectar o
material de interesse e quando os resultados são reportados como unidades relativas de atividade. Os valores de indivíduos aparentemente "saudáveis" e doentes pedem
sobrepor-se significativamente. Portanto, os intervalos de referência, embora úteis na orientação dos clínicos, não devem ser utilizados como indicadores absolutos de
saúde e doença. Os intervalos de referência apresentadas neste capítulo são somente para propósitos de informação geral. As orientações para definir e determinar
os valores de referência são discutidas no Capítulo 14 e publicadas no manual 2000 CLSI C28-A2 (Como Definir e Determinar Intervalos de Referência no Laboratório
Clínico; Manual Aprovado - Segunda Edição). Como apresentado em vários capítulos deste livro, laboratórios individuais devem gerar seu próprio conjunto de intervalos
de referência.
Os intervalos de referência são listados nas unidades convencionais e internacionais, quando ambas existirem, e para adultos em jejum, a menos que o contrário seja
determinado. Os valores para os outros grupos etários, quando incluídos, devem ser claramente identificados. A maioria dos valores listados foi obtida dos capítulos deste
livro. Alguns foram extraídos de Tietz NW. Clinicai guide to iaboratory tests, 3 ,d ed. Philadelphia: WB Saunders, 1995 e Burtis CA, Ashwood ER, Bruns DE. Tietz textbook of
clinica! chemistry and molecular diagnostics, 4* ed, Philadelphia: Saunders, 2006. Para várias proteínas específicas, os intervalos de referência-obtidos após a calibração
do sistema analítico com a referência de proteína internacional RPPHS/CRM-470 - estão listados no Capítulo 18. Intervalos adicionais podem ser encontrados em Wu AHB,
ed. Tietz clinicai guide to iaboratory tests, 4^ ed. Philadelphia: Saunders, 2006.
Uma fonte valiosa de intervalos de referência para métodos antigos está em http://cclnprod.cc.nih.gov/dlm/testguide.nsf/ (Acesso em 20 de junho de 2007).
Utilizamos abreviações-padrão empregadas em medicina laboratorial por conveniência e para economizar espaço. Algumas abreviações menos comuns e algumas
abreviações não-padronizadas estão listadas abaixo:
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão internacionais
Ácida ascórbico
(ver Vitamina C)
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 861
T A B E L A 45-1 V a l o r e s e I n t e r v a l o s de R e f e r ê n c i a - C o n t .
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Aldolase U/L fikat/L
S Criança
10-24 meses 10-40 0,017 0,17-0,68
25 meses-16 anos 5-20 0,09-0,34
Adulto 2,5-10,0 0,04-0,13
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analíto Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 863
Catecoiaminas
Epinefrina P Adultos pg/mL pmol/L
Supino (30 min) <50 5,46 <273
Sentado (15 min) <60 <328
Em posição vertical (30 min) <90 <491
Norepinefrina P Adultos pg/mL pmo!/L
Supino (30 min) 110-410 5,91 650-2.423
Sentado (15 min) 120-680 709-4.019
Em posição vertical (30 min) 125-700 739-4.137
864 PARTE VI Informações de Referência
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão internacionais
Catecoiaminas - cont.
Dopamina P Adultos pg/mL pmol/L
Supino (30 min) < 87 6,53 <475
Sentada (15 min) <87 <475
Em pasiçãa vertical (30 min) <87 < 475
Epinefrina LI, 24 h jag/dia nmol/dia
0-1 ano 0-2,5 5,46 0-14
1-2 anos 0-3,5 0-19
2-4 anos 0-6,0 0-33
4-7 anos 0,2-10 1-55
7-10 anos 0,2-10 1-55
10-15 anas 0,5-20 3-109
> 15 anos 0,5-20 3-109
Norepinefrina U, 24 h ng/dia nmol/dia
0-1 ano 0-10 5,91 0-59
1-2 anos 1-17 6-100
2-4 anos 4-29 24-171
4-7 anos 8-45 47-266
7-10 anos 13-65 77-384
10-15 anos 15-80 89-473
> 15 anos 15-80 89-473
Dopamina II, 24 h fj.g/día nmol/dia
0-1 ano 0-85 6,53 0-555
1-2 anos 10-140 G5-914
2-4 anos 40-260 261-1.697
4-7 anos 65-400 424-2.612
7-10 anos 65-400 424-2.612
10-15 anos 65-400 424-2.612
> 15 anos 65-400 424-2.612
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 865
Creatinoquinase (CK)
IFCC, 37°C S U/L jjkat/L
Homem 46-171 0,017 0,78-2,90
Mulher 34-145 0,58-2,47
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 867
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão internacionais
Contínua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 869
TABELA 45-1 V a l o r e s e I n t e r v a l o s de R e f e r ê n c i a - C o í i t .
INTERVALOS DÊ REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Estrona pg/mL pmol/L
s Homem 15-65 3,69 55-240
Mulher
Fase folicular inicial 15-150 55-555
Fase folicular tardia 100-250 370-925
Fase lútea 15-200 55-740
Pós-menopausa 15-55 55-204
T A B E L A 45-1 V a l o r e s e I n t e r v a l os d e R c f e r c n e i a Cont.
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Fosfatase alcalina U/L nkat/L
IFCC, 37QC s 4-15 anos (Homem) 54-369 0,017 0,91-6,23
4-15 anos (Mulher) 54-369 0,91 -6,23
20-50 anos (Homem) 53-128 0,90-2,18
20-50 anos (Mulher) 42-98 0,71-1,67
> 60 anos (Homem) 56-119 0,95-2,02
s 60 anos (Mulher) 53-141 0,90-2,40
Fosfatase alcalina isoenzimas < 1 ano 1-15 anos Adulto Mulheres Mulheres na
grávidas pós-menopausa
Porcentagem da
Atividade Total
Biliar 3-6 2-5 1-3 1-3 0-12
Hepática 20-34 22-34 17-35 5-17 17-48
Óssea 20-30 21-30 13-19 8-14 a-21
Placentária 8-19 5-17 13-21 53-69 7-15
Renal 1-3 0-1 0-2 3-6 0-2
Intestinal 0-2 0-1 0-1 0-1 0-1
Atividade Fracionada < 1 ano 1-15 anos Adulto Mulheres Mulheres na
grávidas pós-menopausa
Biliar 0,3-0,06 0,02-0,05 0,01-0,03 0,01-0,03 0,0-0,12
Hepática 0,20-0,34 0,22-0,34 0,17-0,35 0,05-0,17 0,17-0,48
Óssea 0,20-0,30 0,21-0,30 0,13-0,19 0,08-0,14 0,08-0,21
Placentária 0,08-0,19 0,05-0,17 0,13-0,21 0.53-0,69 0,07-0,15
Renal 0,01-0,03 0,0-0,01 0,0-0,02 0,03-0,06 0,0-0,02
Intestina] 0,0-0,02 0,0-0,01 0,0-0,01 0,0-0,01 0,0-0,01
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 871
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
A na li to Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
GIicose-6-fosfato desidrcgenase ST (ACD, EDTA 7,9-16,3 U/g Hb 64,5 510-1.050
(G-6-PD) em erilrócitos CL Hep) 230-470 0,001 U/mmoi Hb
OMS e ICSH U/1012 RBCs 0,23-0,47 nU/RBCs
2,69-5,53 U/mL 1,0 2,69-5,53 kU/L RBCs
RBCs
Homocisteína total
S,P Dieta suplementada
com foiato F.imol/L nmol/L
< 1 5 anos <8 1.0 <0
15-65 anos <12 <12
> 65 anos < 16 <16
Sem suplemento
de tolato
< 15 anos <10 < 10
15-65 anos < 15 <15
> 65 anos <20 <20
TABELA 45-1 V a l o r e s e I n t e r v a l o s de R e f e r ê n c i a - C o n t .
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Imunoglobulina D mg/dL g/L
S Adulto (20-60 anos) 0-8 0,01 0,0-0,08
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 873
Metanefrinas
Livre
Normetanefrina s,p pg/mL nmoi/L
Adultos hipertensos 24-145 0,0054 0,13-0,79
Adultos normotensos 18-101 0,10-0,55
Crianças normotensas 22-83 0,12-0,45
Metanefrina S, P pg/mL nmol/L
Adultos hipertensos 12-72 0,0050 0,06-0,37
Adultos normotensos 12-67 0,06-0,34
Crianças normotensas 10-95 0,05-0,48
Total
Normetanefrina S, P pg/mL nmol/L
Adultos hipertensos 755-5.623 0,0054 4,1-30,7
Adultos normotensos 624-3.041 3,4-16,6
Crianças normotensas 851-2.398 4,7-13,1
874 PARTE VI Informações de Referência
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Metanefrinas - cont.
Metanefrina S,p pg/mL nmol/L
Adultos hipertensos 327-2.042 0,0050 1,7-10,4
Adultos normotensas 328-1.837 1,7-9,3
Crianças normotensas 380-1.995 1,9-10,1
Metanefrinas (total)
Metanefrina U. 24 h ^g/dia nmol/dia
0-3 meses 5,9-37 5,07 130-188
4-6 meses 6,1-42 31-213
7-9 meses 12-41 61-210
10-12 meses 8,5-101 43-510
1-2 anos 6,7-52 34-264
2-6 anos 11-99 56-501
6-10 anos 54-138 275-701
10-1G anos 39-242 200-1.231
Adulto 74-297 375-1.506
Continue]
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 875
Fumantes
1 -2 maços/dia 4-5 0.04-0,05
> 2 maços/dia 8-9 0,08-0,09
Tóxico >20 > 0,20
Letal >50 > 0,5
N-Te!opeptídeo
(BCE = equivalentes ao
colágeno medular) nmol BCE/L nmol BCE/L
S Homens 5,4-24,2 1,0 5,4-24,2
Mulheres na pré-menopausa 6,2-19,0 6,2-19,0
nmol BCE/mmol nmol BCE/mmol de
de creatinina creatinina
u Homens 3-63 3-63
Mulheres na 5-65 5-65
pré-menopausa
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analfto Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
pH (37°C) WB, arterial pH pH
Sangue do cordão umbilical
Arterial 7,18-7,38 1,0 7,18-7,38
Venoso 7,25-7,45 7,25-7,45
Recém-nascido
Prematuro, 48 h 7,35-7,50 7,35-7,50
A termo
Nascimento 7,11-7,36 7,11-7,36
5-10 min 7,09-7,30 7,09-7,30
30 min 7,21-7,38 7,21-7,38
1 h 7,26-7,49 7,26-7,49
1 dia 7,29-7,45 7,29-7,45
Crianças e adultos
Arterial 7,35-7,45 7,35-7,45
Venoso 7,32-7,43 7,32-7,43
Adultos
60-90 anos 7,31-7,42 7,31-7,42
> 9G anos 7,26-7,43 7,26-7,43
Ofintintíd
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 877
INTERVALOS GE REFERÊNCIA I
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Progesterona ng/dL nmol/L
s Criança pré-púbere 7-52 0,0318 0,2-1,7
Adulto H 13-97 0,4-3,1
Adulto M
Fase folicular 15-70 0,5-2,2
Fase lútea 200-2.500 6,4-79,5
Grávida M
Primeiro trimestre 725-4.400 23,0-139,9
Segundo trimestre 1.950-8.250 62,0-262,4
Terceiro trimestre 6.500-22.900 206,7-728,2
TABELA 45-1 V a l o r e s £ I n t e r v a l o s de R e f e r ê n c i a - C o n t .
INTTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão internacionais
Proteína total - cont.
mg/dL mg/L
U, 24 h Adulta 1-14 10-140
Excreção mg/dia g/dia
Adulta <100 0,001 <0,1
Grávida <150 <0,15
mg/dL g/L
CSF Prematuro 15-130 15tl-1.300
Recém-nascido a termo 40-120 400-1.200
< 1 mês 20-80 200-800
> 1 mês 15-40 150-400
Liquido ventricular 5-15 50-150
Líquido cisternal 15-25 150-250
g/dL g'L
Amf Início da gravidez 0,2-1,7 2,0-17,0
Final da gravidez 0,175-0,705 1.8-7,1
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 879
TABELA 45-1 V a l o r e s e I n t e r v a l o s de R e f e r ê n c i a - C o n t .
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Taxa de filtração glomerular (endógena] mLVmin/1,73mz mL/s/m 2
S ou P e U Homens
17-24 anos 93-131 0,00963 0,90-1,26
25-34 anos 78-146 0,75-1,41
35-44 anos 74-138 0,71 -1,33
45-54 anos 74-129 0,72-1,24
55-64 anos 69-122 0,67-1,18
65-74 anos 61-114 0,59-1,10
78-84 anos 52-102 0,50-0,93
Mulheres
40-49 anos 65-123 0,63-1,19
50-59 anos 58-110 0,56-1,06
60-69 anos 50-111 0,48-1,07
70-79 anos 46-105 0,44-1,01
80 + anos 48-85 0,46-0,82
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 B81
TABELA 45-1 V a l o r e s e I n t e r v a l o s de R e f e r ê n c i a - C o n t .
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Ana li to Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Testosterona, lotai - cont. ng/dL nmol/L
6-11 meses, M 2-5 0,07-0,17
1-5 anos, H 2-25 0,07-0,87
1-5 anos, M 2-10 0,07-0,35
6-9 anos, H 3-30 0,10-1,04
6-9 anos, M 2-20 0,07-0,69
Puberdade, estágio de Tanner
1,H 2-23 0,07-0,80
1, M 2-10 0,07-0,35
2, H 5-70 0,17-2,43
2, M 5 30 0,17-1,04
3, H 15-280 0,52-9,72
3,M 10-30 0,35-1,04
4, H 105-545 3,64-18,91
4, M 15-40 0,52-1,39
5, H 65-800 9,19-27,76
5, M 10-40 0,35-1,39
Adulto, H 260-1.000 9-34,72
Adulto, M 15-70 0,52-2,43
I N T E H V A L O S DE R E F E H É N C Í A
Unidades Fator de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Tiroxina, livre (FT4) ng/dL pmot/L
S Recém-nascidos (1-4 dias) 2,2-5,3 12,9 28,4-68,4
Crianças (2 semanas- 0,8-2,0 10,3-25,8
20 anos)
Adultos (21 -87 anos) 0,8-2,7 10,3-34,7
Gestação
Primeiro trimestre 0,7-2,0 9,0-25,7
Segundo e terceira 0,5-1,6 6,4-20,6
trimestres
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 883
INTERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Faiar de Unidades
Analito Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Abreviação Termo
EDTA Acido elilenodiaminotetracético
Hep Heparina
P Plasma
Prem Prematuro
S Soro
Terap Terapêutico
U Urina
WB Sangue total
INVEKVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Fármaco Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Acetaminofen S ou P (Hep ou EDTA) ng/mL nmol/L
Terap 10-30 6,62 66-199
Tóxico
4 h após a dose >200 >1.324
12 h após a dose > 50 >132
Amicacina
(sulfato) S ou P (EDTA) ng/mL nmol/L
Terap
Pico 25-35 1,71 43-60
Depressão
Infecções menos 1-4 1.7-6,a
graves
Infecções graves 4-8 6.8-13,7
Tóxico
Pico > 35 >60
Depressão > 10 >17
INVERVALOS DE REFERÊNCIA
Unidades Fator de Unidades
Fármaco Amostra Condição Convencionais Conversão Internacionais
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 887
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 889
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 45 891
graves
Infecções moderadas < 2 < 4
Tóxico
Pico > 10 > 21
Continua
Informações de Referência para Laboratórios Clínicos CAPÍTULO 4.5 893
ÊASES SANGUÍNEOS
PH 7,2 7,6 Arterial, capilar
PC02 mm Hg 20 70 Arterial, capilar
POi mm Hg 40 - Arterial
POs (crianças) mm Hg 45 125 Arterial
P02 (recém-nascido) mm Hg 35 90 Arterial
QUÍMICA
Albumina (crianças) g/dL 1,7 6,0 Soro ou plasma
Amónia (crianças) pino l/L - 109 Plasma
Bilirrubina (recém-nascido) mg/dL - 15 Soro ou plasma
Cálcio mg/dL 6,0 13 Soro ou plasma
Cálcio (crianças) mg/dL 6,5 12,7 Soro ou plasma
Cálcio ionizado mmol/L 0,75 1,6 Plasma
Dióxido de carbono, total mmol/L 10 40 Soro cu plasma
Cloreto mmol/L ao 120 Soro ou plasma
Creatinina mg/dL - 5,0 Soro ou plasma
Creatinina (crianças) mg/dL - 3,8 Soro ou plasma
Glicose mg/dL 40 450 Soro ou plasma
Glicose (crianças) mg/dL 46 445 Soro ou plasma
Glicose (recém-nascido) mg/dL 30 325 Soro ou plasma
Glicose, CSF mg/dL 40 200 CSF
Glicose, CSF (crianças) mg/dL 31 - CSF
Lactato mmcl/L - 3,4 Plasma
Lactato (crianças) mmol/L - 4,1 Plasma
Magnésio mg/dL 1,0 4,7 • • Soro ou plasma
Osmolalidade m Os m/kg 250 325 Soro ou plasma
Fósforo mg/dL 1,0 8,9 Soro ou plasma
Potássio mmol/L 2,8 6,2 Soro ou plasma
Potássio (recém-nascido) mmol/L 2,8 7,8 Soro ou plasma
894 PARTE VI Informações de Referência
HEMATOLOGIA
Hematócrito
Adulto % 20 60 Somente 0
primeiro registro
Recém-nascido % 33 71
Hemoglobina
Adulto g/dL 7 20 Somente o
primeiro registro
Recém-nascido g/dL 10 22
Leucograma
Adulto x 10 a / M L 2,0 30 Somente o
primeiro registro
Crianças x 10 3 /(iL 20 43
Plaquetas * 103/|oL 40 1.000
Blastos Qualquer um visto (somente o primeiro registro)
Drepanócitos Presença de células falciformes ou crise aplásica
COAGULAÇÃO
Fibrinogènio mg/dL 100 800
Tempo de piotrombina 30
Tempo de tromboplastina parcial 78
URINÁLISE
Microscópica Presença de cristais patológicos (urato, cisteína, leucina ou tirosina)
Química Glicose e cetonas fortemente positivas
LIQUIDO CEREBROESPINAL
Leucograma (0-1 ano) Células por jiL >30
Leucograma (1-4 anos) Células por jaL >20
Leucograma (5-17 anos) Células por JIL >10
Leucograma ( > 17 anos) Células por pL >5
Células malignas, blastos em microrganismos Qualquer um Aplicável a outros fluidos corporais estéreis
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Glossário
3,4-di ídroxifenilglicol ( D H P G ) ; O metabo- missor inibitório no sistema nervoso pelo espessamento de várias partes do
li to produzido dentro dos nervos noradre- central. esqueleto.
nérgicos do sistema simpático periférico A c i d o Graxo Essencial: Acido graxo que não Acuraria do Diagnóstico: A proximidade de
ou sistema nervoso central pela cies anima- é sintetizado no corpo bumano. São concordância entre valores obtidos a
ção da norepinefrina (também pode ser exemplos os ácidos linoléico, linolênico e partir de u m teste diagnóstico (teste-
formado a paTtir da epinefnna); é O-meti- araquidônico. índice) e aqueles do padrão de referência
lado a metoxi-hidroxifenil glicol nos A c i d o Graxo: Qualquer ácido monocarboxí- (padrão-ouro) para uma doença ou distúr-
tecidos extraneurais. lico de cadeia linear. Os ácidos graxos são bio especifico; esses resultados são expres-
a-Fetoproteína: U m a proteína produzida no geralmente classificados como-, ácidos sos de inúmeras formas, incluindo sensi-
fígado fetal usada para prever o risco de graxos saturados, aqueles sem ligações bilidade e especificidade, valores prediti-
anencefalia, espinha bífida e síndrome de duplas; ácidos graxos monoinsarurados, vos, razões de probabilidade, oiüs ratio
Down. aqueles com uma ligação dupla, e ácidos diagnósticos e áreas sob curvas R O C (recei-
Absortividade \ i o l a r (s): A absorvância de graxos polimsaturados, aqueles com múl- ver operating characteristic).
uma solução u m molar de u m de ter mi' tiplas ligações duplas. Adeno-hipófise: O lobo glandular anterior
nado compostoj em u m determinado Á c i d o Homovanílico ( A H V ) : Produto do
da glândula hipófise.
comprimento de onda e com 1 cm de metabolismo da dopamina; concentra- Aditivos: Componentes adicionados a amos-
espessura, sob condições prescritas do sol- ções urinárias elevadas são usadas para
tras biológicas para evitar que coagulem
vente, temperatura, p H etc.; expressa em diagnosticar neuroblastomas.
ou para preservar seus constituintes.
L / m o l x cm'1. Ácido Nucléico: U m polímero feito de
Afinidade: Energia de interação de u m
Absortividade: Medida da absorção de monômeros de nucleotídeos (uma parte
único sítio de combinação de u m anti-
energia radiante em u m dado compri- de açúcar, u m ácido fosfórico e uma base
corpo com seu epítopo correspondente
mento de onda e / o u a freqüência com purímca ou pirimidímca), são exemplos o
no antígeno.
que esta passa através da solução de uma ácido desoxirribonucléico ( D N A ) e o
Agentes Antiarrítmicos: Agentes utilizados
substância a uma concentração de 1 m o l / ácido ribonucléico (RNA).
no tratamento ou prevenção de arritmias
L; é expressa como a absorvância dividida Á c i d o Vanililmandélico ( V M A ) : O princi-
cardíacas. Os agentes antiarrítmicos são
pelo produto da concentração de uma pal produto final do metabolismo da
frequentemente classificados em quatro
substância e o comprimento da trajetória norepinefrina e epinefrina, excretado na
grupos principais de acordo com seu
da amostra. urina; formado principalmente no fígado
mecanismo de ação: bloqueadores de
Absorvância (A): A capacidade de uma subs- a partir da oxidação do metoxi-hidroxife-
canais de sódio, bloqueadores beta-adre-
tância em absorver radiação; é expressa nilglicol.
nérgicos, prolongadores da repolarização
como o logaritmo (log) do recíproco da Acidose Metabólica; Processo patológico
e bloqueadores dos canais de cálcio.
transmitância (T) da substância. que leva ao acúmulo de ácido, reduzindo
AgonistasBeta-Adrenérgicos: Medicamentos
Acidemia Orgânica: Distúrbio no metabo- a concentração de bicarbonato e dimi-
que se ligam aos receptores p-adrenérgi-
lismo do aminoácido no qual a enzima n u i n d o o p H ; também conhecida como
degradante deficiente leva ao apareci- déficit primário de bicarbonato. cos, estimulando-os.
mento de u m produto catabólico de u m Acidose Respiratória! Processo patológico Água de G r a u Reagente: Água purificada e
aminoácido no sangue, em vez do desen- que leva ao acúmulo de dióxido de classificada para usos analíticos específi-
Aldolase: E m i ma glicolítica que cliva a fosfato, A alanina e a aspartato amino- processo único para que apenas sejam
frutose-l,6-hifosfato em dihidroxiacetona transferase são exemplos que têm utili- produzidos os resultados para u m único
e gliceraldeído-3-fosfato. dade clinica significante. analito. Também conhecida como análise
Aldosterona: Principal h o r m ô n i o es ter ó ide AmperomeLria: U m processo eletroquímico de teste único.
mineralocorticóide secretado pelo córtex em que a corrente é determinada em Análise Seqüencial: T i p o de análise na qual
adrenal. Controla o equilíbrio hidrossa- diferença de potencial fixo (controlado) cada amostra em u m lote entra no pro-
lino renal. entre os eletrodos de trabalho e de refe- cesso analítico uma após a outra, e cada
Alelo: Cópia de u m gene; os alelos podem rência em uma célula eletroquimica. resultado ou conjunto de resultados
conter variações na seqüência (mudanças A m p l i c o n : O produto de uma reação de emerge na mesma ordem que as amostras
na seqüência de pares de bases) que amplificação, como a PCR. entraram.
alteram sua expressão ou as característi- A m p l i f i c a ç ã o do A l v o : Qualquer método Análise: As etapas de procedimento desen-
cas funcionais da proteína transcrita. para aumentar a quantidade de ácido volvidas para determinar o tipo o u quan-
Alfa-Amilase: Enzima que catalisa a endo- nucleico alvo, ou seja, o ácido nucléico tidade de u m analito em u m espécime.
hidrólise das ligações glicosídicas 1,4-alfa de interesse. A n a l i t o ; Componente, substância ou cons-
no amido, glicogênio e polissacarideos Amplificação do Sinal: Método que tituinte para o qual o laboratório conduz
relacionados e cligossacarídeos que aumenta o sinal resultante de uma inte- o teste. A substância a ser analisada ou
contêm três ou mais unidades de D - ração molecular que não envolve ampli- mensurada pode ser u m i o n (p. ex.,
glicose ligadas por ligações 1,4-alfa. ficação do DNA-alvo. sódio), uma molécula inorgânica (p. ex.,
A l í q u o t a : Quantidade conhecida de u m Analgésicos: Agentes que aliviam a doT sem fosfato) ou uma molécula orgânica (p.
material homogêneo, a qual se assume causar perda de consciência. ex., etanol, glicose, gonadotrofina cotiô-
ser obtida com erro de amostragem Análise de Acesso Aleatório: T i p o de análise nica h u m a n a ou imuncglobulina G).
ínfimo ( I U P A C — U n i ã o Internacional na qual qualquer amostra, pelo comando A n d r ó g e n o s i U m a classe de hormônios
para Química Pura e Aplicada); informal- do sistema processador, é analisada pOT sexuais que produzem masculinização.
mente, uma portão de uma amostra qualquer processo disponível, em seqü- Andropausa: A redução da função gonadal
como sangue ou urina (n); u m processo ência ou não a outras amostras e sem masculina com idade avançada.
para dividir uma solução em alíquotas respeitar a ordem inicial. Androstenediona: Esferóide androgênico
(v). Análise de Fluxo C o n t í n u o : U m tipo de produzido pelos testículos, córtex adrenal
Alosteria; Fenômeno pelo qual a conforma- análise no qual cada amostra do lote e ovários. Ocorre na natureza como A 4 -
ção de u m a enzima o u outra proteina é passa pelo mesmo fluxo contínuo na andrnstenediona e A^-mdrostenediona.
alterada pela ligação — em u m outro aí Lio mesma velocidade e é submetida às A andtostenediona é convertida metabo-
que não o sítio de ligação ao substrato mesmas reações analíticas. licamente cm testosterona e outros
— com uma pequena molécula referida Análise de Massas: Processo pelo qual u m a andrógenos.
como efetor, o que resulta em aumento mistura de espécies icnicas é identificada A n e m i a Falciforme: U m tipo autossômico
o u redução da atividade da enzima. segundo a relação entte a massa e a carga dominante de anemia hemolítica causada
Alteração: U m a variação ou mudança na { m / z ) (íons). pela presença de hemoglobina S c o m
seqüência de D N A . Pode ser benigna o u Análise e m Lote: U m tipo de análise no entrócitos anormais em forma de foice
causar doença. qual muitas amostras são processadas na {células falciformes).
A m e n o r r é i a ; A ausência de menstruação. mesma sessão o u "curso" analítico. Anencefalia: Defeito de nascença caracteri-
A m i n o á c i d o : U m composto orgânico que Análise Independente: U m tipo de análise zado por u m cérebro que não se desen-
contém ambos os grupamentos funcio- no qual cada amostra em u m lote tem os volve normalmente.
nais amino (-NH2) e carboxila (- espaços físicos e químicos separados de A n f e t a m i n a : A m i n a simpatomimética que
COOH). qualquer outra amostra. tem efeito estimulante sobre o sistema
A m i n o a c i d o p a t i a : U m distúrbio do meta- Análise M u l t i c a n a l : T i p o de análise no qual nervoso central e periférico.
bolismo de aminoácido no qual o ami- cada amostra é submetida a múltiplos A n f ó l i t o : U m a molécula que contém tanto
noácido precursor está elevado no sangue processos analíticos para que vários resul- grupos ácidos como básicos (também
ou na urina. tados de testes sejam obtidos de uma denominada zwitterion).
A m i n o á c i d o s Essenciais: Aminoácidos que única amostra; também conhecida como A n g i n a Instável: Angina cuja gravidade,
não podem ser sintetizados pela maioria artdlise tnulüteste duração o u freqüência esteja aumen-
dos mamíferos e, portanto, são conside- Análise M u l t i p l e x : Avaliação simultânea de tando.
rados constituinte? essenciais da dieta múltiplos analitos em uma única A n g i n a : D o r no peito geralmente associada
para a manutenção da saúde o u cresci- amostra. à redução no suprimento de oxigênio
mento. Análise Muhivaríada: Consideração de (isquemia} para o músculo cardíaco.
Aminotransferases: Subclasse de enzimas mais de u m teste simultaneamente. Angiografia: Visualização das artérias coro-
da classe transferase que catalisa a trans- Análise Paralela: T i p o de análise no qual nárias 1 geralmente utilizando equipa-
ferência de u m grupo a m i n o de u m todas as amostras são submetidas a uma m e n t o radiográfico, em seguida a uma
doador (geralmente um aminoácido) série de processos analíticos ao mesmo injeção de u m contraste radiografica-
para u m aceptor (geralmente u m 2-ceto- tempo, de forma paralela. mente opaco.
ácido). A maioria dessas enzimas é de Análise por V i a Ú n i c a : U m tipo de análise Angioplastia: U m procedimento usado para
proteínas dependentes de piridoxil no qual cada amostra é submetida a u m eliminar áreas de estreitamento nos vasos
Glossário 897
sanguíneos; normalmente realizada por que é utilizada para registrar a completa Autossomo: U m cromossomo não-sexual;
cateter com balão inflável n o local do absorção do espectro em milissegundos. existem 22 pares de autossomos no
estreitamento. Arritmia: Qualquer variação no ritmo genoma humano.
Anticoagulante: Qualquer substrato que normal do batimento cardíaco. Avaliação da Qualidade Externa: O pro-
evite a coagulação do sangue. (Tecnicamente, arritmia significa ausên- grama de qualidade no qual as amostras
A n t i c o r p o M o n o c l o n a l : Produto de u m cia de ritmo. U m batimento cardíaco são submetidas a laboratórios para análise
único clone ou linhagem de pias mó ei- rápido ou lento, em contraste, pode ter e os resultados de u m laboratório indivi-
tos. batimento rítmico e, assim, o rermo dis- dual são comparados aos resultados do
A n t i c o r p o : Molécula da classe das imuno- ritmia é algumas vezes usado para essas grupo de laboratórios participantes.
globulinas (Ig) (p. ex., IgA, IgG ou IgM) anormalidades.) Avidez: Força de total de ligação de um
que se liga, especificamente, a u m anti- Artérias Coronárias: Pequenos vasos sanguí- anticorpo a u m antígeno; inclui a soma
geno ou hapteno. neos que se originam da aorta, acima da das afinidades das ligações de todos os
Antiepilético: Substância paia prevenir ou válvula aórtica, e que fornecem supri- sítios de combinação individuais no anti-
suavizar crises convulsivas.. mento sanguíneo aos tecidos cardíacos. corpo.
Antígeno Oncofetal: Proteínas produzidas Ascite: Líquido seroso que se acumula na Avitaminose: Doença, descrita como uma
durante a fase fetal cujas concentrações cavidade abdominal. síndrome de deficiência, resultante da
se tornam baixas ou não detectáveis após Aterosclerose: U m distúrbio no qual depó- carência de vitamina.
o nascimento. Elas reaparecem em sitos de placas amareladas contendo Azotemia: Excesso de uréia ou de outros
algumas formas de câncer por causa da colesterol, material lipóide e células espu- compostos nitrogenados no sangue.
mosas de macrófagos são formados p-Lipotropina (f^-LPH): U m polipeptídeo
reativação de um gene nas células malig-
nas transformadas. dentro das camadas íntima e média das com 91 aminoácidos sintetizado pela
artérias de médio e grande calibre. adeno-hipófise que exerce uma ação lipo-
Antígeno Prostático Específico: Proteinase
Ativador: Molécula efetora que aumenta a lítica periférica branda e promove o escu-
serina produzida pelas células epiteliais
atividade catalítica de uma enzima recimento da pele por estímulo aos mela-
de tecido prostático tanto benigno como
quando esta se liga a u m sítio especí- nócitos.
maligno e em alguns outros tecidos.
fico. Bacterióíago: Qualquer vírus que infecta uma
Antígeno: Qualquer material capaz de reagir
Atividade Catalítiva: A propriedade de um bactéria.
com u m anticorpo sem necessariamente
catalisador medida pela velocidade de Balança: U m instrumento usado para pesar.
ser capaz de induzir a formação de anti-
conversão catalisada de uma reação Bmiífixzss: A faixa de comprimento de onda
corpo.
química específica produzida em u m que atravessa u m filtro ou monocroma-
Anti-histamínicos: Antagonistas dos recep-
sistema de ensaio especificado. dor; também chamada de largura de
tores H | e H j cia histamina, usados para
A T S D R : Agency for Toxic Substances and banda, é expressa como o intervalo de
tratar reações alérgicas ou hiperarides
Disease Registry. comprimentos de onda transmitidos em
gástrica.
A u d i t o r i a Clínica: Revisão de histórias de u m ponto igual à metade do máximo de
Anti-soro Policlonal: Anti-soro produzido
casos de pacientes em comparação com intensidade transmitida.
em u m animal hospedeiro normal em
o padrão de melhor prática vigente; Barbitúrico: Qualquer u m de uma classe de
resposta à administração de u m imunó-
usada como ferramenta para melhorar a agentes sedativo-hipnóticos derivados do
geno.
prática clínica. ácido barbitúrico ou do ácido tiobarbitú-
Apoenzima: A parte protéica de uma enzima
A u d i t o r i a : O exame de u m processo para rico e classificados nas classes de ação
que requer uma coenzima ou co-fator
verificar sua acuidade, que neste caso longa, intermediária, curta e ultracurta.
para a catálise. pode ser o uso da testagem laboratorial Base {do D N A ou R N A ) : As purinas e piri-
Apolipoproteínas: Componentes proteicos
remota para garantir que o resultado midinas em uma molécula de ácido nuc-
das lipoproteínas. correto esteja sendo produzido e / o u que léico.
Apoptose: M o r t e celular geneticamente pro- o resultado do paciente esperado esteja Bastão de Imersão: U m dispositivo fácil de
gramada em células animais e humanas sendo apresentado. usar que consiste em uma superfície ou
que funcionam normalmente, quando o A u t ó c r i n o : U m modo de ação hormonal no almofada contendo reagentes sobre o
envelhecimento ou a condição e o estado qual um h o r m ô n i o se liga aos receptores qual se coloca uma gota da amostra (ou
da célula exigem. localizados nos tipos celulares que os pro- o dispositivo é mergulhado na amostra
Arranjo (Microarranjo, Chip de D N A , duzem, afetando sua função. [p. ex., urina]) e que, então, permite que
C/üf» de Genes): Nos estudos de ácidos Automação: O processo pelo qual um ins- se monitore a reação da amostra com os
nucléicos, lâminas ou pérolas de vidro ou trumento analítico realiza muitos testes reagentes (p. ex., por alteração de cor ou
plástico às quais as sondas de D N A se com apenas o envolvimento m í n i m o do alteração eletroquímica).
ligam, com o propósito de estudar o analista; também definida como a opera- Benzodiazepínkos: Qualquer substância do
D N A o u R N A em uma amostra. E m ção controlada de u m aparelho, processo grupo dos tranqüilizantes menores, que
outros tipos de arranjo, as sondas de ou sistema por dispositivos mecânicos ou têm uma estrutura molecular c o m u m e
D N A são substituídas por anticorpos ou eletrônicos sem a intervenção humana. atividade farmacológica semelhante,
antígenos. (Veja também microarranjo.) Auto-radiografia: Uso de uma emulsão foto- incluindo efeitos ansiolíticos, sedativos,
A r r a n j o de Fotodiodo: Matriz bidimensio- gráfica (filme de raios X) para visualizar hipnóticos, amnésicos, anticonvulsivan-
nal de semicondutores sensíveis à luz, moléculas radioativamente marcadas. tes e de relaxamento muscular.
898 Glossário
Betabloqueadors Medicamento que induz o Branco; Reagente Branco: Solução com- Centrifugação: Processo de separação de
bloqueio adrenérgico dos receptores P1 posta de todos os componentes de uma moléculas por tamanho ou densidade
ou p2-adrenérgicos, ou de ambos. reação, exceto a substância a ser anali- usando forcas centrífugas geradas por u m
Bile; Líquido amarelo-esverdeado secretacjo sada. rotor. Forças G de várias centenas de
pelo fígado e armazenado na vesícula Calcitonina: Polipeptídeo produzido pelas milhares de vezes a gravidade são geradas
biliar. células parafoli culares tireoidianas, que, na ultracentrifugação.
B i l i r r u b i n a Conjugada: Bilirrubina que foi em concentrações farmacológicas, reduz Centro Ativo: A parte da enzima ou outra
resgatada pelas células hepáticas e conju- a concentração de cálcio no sangue. proteína na qual ocorre a ligação inicial
gada para formar o diglicuronideo de Cálculo B i l i a r : Formação sólida na vesicula entre o substrato e a enzima para formar
bilirrubina bidroasolúvel. biliar, composta de colesterol e sais bilia- o complexo enzima-substrato intermediá-
B i l i r r u b i n a Direta ( B i l i r r u b i n a Conjugada); res. rio.
A bilirrubina que foi conjugada (geral- Câncer: T u m o r maligno de crescimento Centrômerc: Constrição primária em u m
mente no fígado) para formar a bilirru- potencialmente ilimitado que se expande cromossomo; os centrômeros desempe-
bina hidrossolúvel diglicuronida. localmente por invasão e sistemicamente nham u m uma função importante no
B i l i r r u b i n a Direta: A fração da bilirrubina por metãstase; envolve u m crescimento controle do movimento dos cromosso-
que reage com o reagente diazo na ausên- relativamente autônomo do tecido. mos entre as células-filhas durante a
cia de álcool. Carboidratos: Compostos neutros forma- divisão celular.
B i l i r r u b i n a Indireta; Bilirrubina livre que dos por carbono, hidrogênio e oxigênio C E R C L A : Comprehensive Hnvironmental
não foi conjugada com o ácido glicurô- (em uma proporção de 1:2:1) que consti- Response, Compensation, and Liability
nico. tuem uma classe importante de alimen- Act.
Bilirrubina Não-conj ugada: Bilirrubina tos. Cetonas: Compostos que surgem a partir da
livre que não foi conjugada com o ácido Catalisador: Substância que aumenta a velo- quebra de ácidos graxos; a deficiência de
glicurônico. cidade de uma reação química, mas não insulina provoca o aumento de cetonas
Bioluminescência: E a emissão de luz como é consumida ou alterada por ela. U m a séricas, as maiores responsáveis pela
consequência da oxidação de algum subs- enzima é u m hiocatalisador. acidose metabólica que ocorre em indiví-
trato celular (lucifermas) na presença de Catecolamina: Pertence a u m grupo de duos com cetoacidose diabética.
uma enzima (luciferases); existe em bacté- aminas biogênicas que possuem uma Cirrose B i l i a r P r i m á r i a Forma rara de
rias, fungos, protozoários e espécies per- ação simpaticomimética, cuja porção aro- doença hepática que resulta ria destrui-
tencentes a 40 diferentes ordens animais. mática da molécula é o catecoí e a porção ção irreversível do fígado e dos duetos
B i o r r i t m o : Ocorrência cíclica de eventos alifática, uma amina; os exemplos biliares. A causa é desconhecida, mas
fisiológicos como u m ritmo circadiano. incluem a dopamina, a norepinefrina e a acredita-se que seja auto-imune.
Biossensor: U m tipo especial de sensor, no epinefrina Cirrose: Doença hepática caracterizada,
qual u m componente biológico/bioquí- Célula C r o m a f i m : Células neuroendócrinas patologicamente, pela perda da arquite-
mico, capaz de interagir com o analito e derivadas da crista neuronal embrionária, tura lobular microscópica normal, com
produzir u m sinal proporcional à concen- encontradas na medula da glândula fibrose e regeneração nodular. O termo
tração do analito, é imobilizado na super- adrenal e em outros gânglios do sistema é algumas vezes utilizado para se referir à
fície do eletrodo,, ou em proximidade a nervoso simpático; assim denominadas inflamação intersticial crônica de qual-
ela. A interação entre o biocomponente devido à presença de grânulos citoplasmá- quer órgão. Na cirrose hepática, as células
e o analito é uma reação bioquímica (p. ticGs que praduzem uma reação acasta- do fígado são substituídas por tecido cica-
ex., enzimas) ou u m processo de ligação nhada com os sais de cromo. tricial fibroso. A fibrose leva ao desenvol-
(p. ex., anticorpos), que é percebido pelo Célula Eletroquímica Eletrolítica: U m tipo vimento de hipertensão portal.
transducor eletroquímico. de célula eletroquímica na qual ocorrem Citocromo P450: Termo genérico para
Biotransformação: Séries de alterações quí- reações químicas pela aplicação de uma enzimas oxidativas de função mista,
micas de u m composto (p. ex., uma diferença de potencial externo. Esse tipo importantes na fisiologia de animais,
droga) que ocorrem dentro do orga- de célula forma a base para as técnicas plantas e bactérias.
nismo, por atividade enzimática. eletro analíticas amperométricas, conduti- Clearance Renal: O volume de plasma do
Bloqueador de Canal de Cálcio: U m dos métricas, coulométricas e voltamétricas. qual uma determinada substância é com-
grupos de drogas que inibem a entrada Célula Eletroquímica Galvânica: T i p o de pletamente eliminada pelos rins por
de cálcio para dentro das células ou inibe célula eletroquímica que opera esponta- unidade de tempo.
a mobilização de cálcio a partir do arma- neamente e produz uma diferença de C L I A ' 8 8 : Clinicai Laboratory Improvement
zenamento intracelular, resultando na potencial (força eletromotiva) pela con- Amendments de 1988
lentificaçãc da condução atrioventricular versão de energia química em energia Cloreto do Suor: A concentração do cloreto
e sinoatrial e íeflxa mento do músculo elétrica. Essas células formam a base para no suor; o cloreto do suor aumentado é
liso arterial e do músculo cardíaco; utili- as técnicas eletroanalíticas potenciométri- característico de fibrose cística.
zado no tratamento da angina, arritmias cas. Cocaína: Alcalóide cristalino, obtido das
cardíacas e bipertensão. Célula Eletroquímica: Dispositivo eletro- folhas de Erytfiroxylon coca (folhas de coca)
Bócio: U m aumento da glândula tireóide químico que produz uma força eletromo- e outras espécies de E^t/irajqyíon, ou pela
que causa aumento na parte anterior do tiva. Entre as classes de células eletroqui- síntese de eegonina ou seus derivados;
pescoço.. micas estão a galvânica e a eletrolítica. usada como anestésico local aplicada
Glossário 899
topicamente às membranas mucosas. O (Tg) e pequenas quantidades de tireoal- Constante de Michaelis-Menten (K^:
abuso de cocaína ou seus sais leva à bumina iodada. Operacionalmente definida como a con-
dependência. Complemento: Sistema de proteínas funcio- centração do substrato que permite que
Código Genético: A lista completa dos nalmente relacionadas que compreende uma reação enzimática proceda com a
códons de três nucleotídeos (trifiíets) e os pelo menos 20 proteínas séneas e de metade de sua velocidade máxima.
aminoácidos ou ações que eles "codifi- membrana distintas que auxiliam na des- Contador de Radiação: Contador de
D
cam . truição de células estranhas e vírus iden- líquido ou cristal de cintilação ou conta-
Códon: Seqüência de três nucleotídeos que tificados pelo sistema imune. dor preenchido com gás (p. ex., contador
"codifica" para u m aminoácido durante Comprimento de Onda: Característica da Geiger |Hans Geiger]) usado para detec-
a tradução ou codifica paTa o f i m de uma radiação eletromagnética; a distância tar e medir radiação.
cadeia peptídica ("códon de parada" — entre duas cristas de onda. Contaminação Cruzada (Carry-0<uer): O
"stop codon"); existem 64 códons possí- Comutabilidade! Habilidade de u m mate- transporte de uma quantidade de analito
veis de três nucleotídeos no DNA rial de referência ou de controle para ou reagente que parte da reação de uma
nuclear. demonstrar propriedades interensaio amostra para a seguinte e a contamina.
Coenzima: Molécula orgânica ou substância comparáveis às propriedades demonstra- Controle de Processo do Seis Sigma: Meta
termoesrável e difundível (algumas vezes das pelas amostras clínicas autênticas de desempenho da qualidade que requer
derivada de uma vitamina), de baixo peso quando mensurado por mais de um 6 sigma ou 6 desvios-padrão de variação
molecular, que, quando combinada com método analítico. do processo para se ajustar aos limites de
uma proteína inativa denominada apo-
Condutometria: U m processo eletroquí- tolerância do processo.
enzima, forma um composto ativo
mico utilizado para medir a capacidade Controle de Qualidade Estatístico: Os
chamado de holoenzima que funciona
de uma solução de elerrólito em trans- aspectos do controle de qualidade nos
caraliticamente em u m sistema enzimá-
portar uma corrente elétrica pela migra- quais estatísticas são aplicadas, em con-
tico.
ção de íons em u m gradiente de campo traste com o objetivo mais amplo da
Co-fators Reagente natural, geralmente u m
potencial. U m potencial alternado é apli- garantia de qualidade, que inclui muitos
íon metálico ou uma coenzima, necessá-
cado entre dois eletrodos em uma célula outros procedimentos, como a manuten-
rio a uma reação catalisada por enzima.
de dimensões definidas. ção preventiva, avaliações da função do
Calangite Esclerosante: Estreitamento infla-
Conectividade: A propriedade (p. ex., sof- instrumento e testes de validação do
matório crônico, nãobacteriano, dos
tivare e iund UJÍTÉ O U conexão sem fio) de desempenho.
duetos biliares, frequentemente asso-
u m dispositivo que permite que ele seja Coproporfirina: Uma poifirina com quatro
ciado à colite ulcerativa. O tratamento é
conectado a u m sistema de informação cadeias laterais do tipo metil e quatro do
atenuar a obstrução através de dilatação
(p. ex., u m sistema de informação de tipo ácido propiônico ligadas ao suporte
ou cirurgia.
laboratório) com os principais objetivos do tetrapinol.
Colecistocinina: Peptídeo de 33 aminoáci-
de transmitir os dados do paciente do Corpo Lúteoí U m a massa glandular amarela
dos secretado pela mucosa do intestino
dispositivo para o registro do paciente e no ovário formada pelo folículo ovariano
superior e encontrado também no
de monitorar o desempenho do disposi- que amadureceu e liberou seu óvulo;
sistema nervoso central. Causa a contra-
tivo. secreta progesterona.
ção da vesícula biliar e libera as enzimas
Configuração do Analisador: O formato no Cortisol: Principal glicocorticóide adrenal
pancreáticas exócrinas (ou digestivas), e
qual os instrumentos analíticos são con- sintetizado na zona fasciculada do córtex
influencia outras funções gastrointesti-
figuradas; disponível em sistemas aberto adrenal. Afeta o metabolismo da glicose,
nais.
Colestase: Bloqueio do fluxo normal da e fechado. No sistema aberto, o operador proteínas e lipídios e tem atividade mine-
bile. Pode ocorrer devido à obstrução dos de laboratório modifica os parâmetros da ralocorticóide apreciável.
duetos biliares, resultando em aumento análise e compra reagentes de vários for- Coulometriai U m processo eletroquímico
da bilirrubina na corrente sanguínea necedores. N o sistema fechado, a maioria no qual a quantidade total de eletrici-
(icterícia). dos parâmetros é determinada pelo fabri- dade (ou seja, carga = corrente x tempo)
Colesterolt Álcool esteróide, cante que também fornece os reagentes necessária para eletrolisar uma espécie
que é o componente essencial do meta- em u m recipiente especial. eletroativa específica é medida em solu-
bolismo lipídico. Freqüentemente encon- Configuração R,S: Atribuição da configura- ções sob agitação e em condições de
trado esterificado com u m ácido graxo. ção sobre u m átomo quitai, baseada na potencial controlado ou corrente cons-
Colinesterase: Enzima da classe hidrolase convenção de Cahn-Ingold-Prelog, por tante.
que catalisa a clivagem do grupo acil de designação da seqüência de subsrituintes Creatininoquinase (CK): Enzima diméTÍca
vários ésteres de colina, inclusive acetilco- do maior (L) para o médio (M), para o que catalisa a formação de ATP a partir
lina e alguns compostos relacionados. menor (S); orientação em sentido horário de A D P e creatinina" fosfato no músculo.
Colite Ulcerativa: Doença inflamatória do da seqüência L-M-S recebe a configura- Tem tTês formas: CK-1, CK-2 e / o u CK-
intestino grosso e reto que causa feridas ção R e a orientação em sentido anti- " 3.
(úlceras). horário, a configuração S.. Cromatina: D N A nuclear e suas proteínas
Colóides Material amorfo encontrado nos Conservantes: Substância ou preparação estruturais associadas; a cromatina é
folículos da glândula tireóide. É com- adicionada a uma amostra para evitar arranjada e organizada em u m padrão
posto principalmente de tireoglobulina alterações em seus constituintes. hierárquico no qual o grau de sua con-
900 Glossário
densação aumenta com os níveis mais ria), enquanto a outra (fase móvel) se onda entre o quanta absorvido e o
altos de organização estrutural. move em uma direção definida. emitido.
Cromatografía de Fase Gasosa (GC): U m Cromatograma de l ô n í c o Total (TIC): Na Desnaturação: Alteração parcial ou total na
tipo de cromatografia em coluna no qual espectrometria de massa, a disposição, estrutura de uma proteina, sem alterar a
a fase móvel é u m gás. como uma função de tempo, da soma de estrutura covalente, pela ação de certos
Cromatografia de Fase Reversa: U m tipo de todos os ions produzidos no aparelho. procedimentos físicos (aquecimento, agi-
cromatografia de partição líquida no Cromatograma: U m gráfico ou outra apre- tação) ou de agentes químicos. A desna-
qual a fase móvel é significativamente sentação da resposta do detector, concen- turação pode ser reversível ou irreversí-
mais polar que a fase estacionária. tração de uma substância a ser analisada vel.
Cromatografia de Partição: M o d o de cro- (analito) no efluente ou outra quanti- Dessecador: U m recipiente, preenchido
matografia no qual a separação é baseada, dade usada como medida de concentra- com dessecante, usado para armazenar
principalmente, nas diferenças entre as ção de efluente versus volume de efluente substâncias em ambiente livre de água.
solubilidades dos componentes da ou tempo. Tipicamente, a técnica de con- Detecção de Erros: U m desempenho carac-
amostra na fase estacionária (cromatogra- firmação de escolha é a Cromatografia terístico de u m procedimento de Q C que
fia em fase gasosa) ou nas diferenças Gasosa-Espectrometria de Massa [CG- descreve o quão freqüentemente uma
entre as solubilidades dos componentes EM] série analítica é rejeitada quando os resul-
nas fases móvel e estacionária (cromato- Cromossomo: Estrutura altamente orde- tados contêm erros além da imprecisão
grafia líquida). nada de u m a única molécula de d s D N A inerente ao método.
Cromatografia Eletrocinética Micelar (DNA dupla-fita), compactada muitas D e t e r m i n a n d o : A "quantidade" que é real-
( M E K C ) : H í b r i d o de eletroforese e cro- vezes com a ajuda de proteínas mente medida (p. ex., a concentração de
matografia envolvendo a adição de Curva de Dissociação do Oxigênio: A curva um analito). Por exemplo, se o analito é
agentes químicos ao tampão para produ- sigmoidal obtida quando a SO? do sangue a glicose, o determinando é a concentra-
zir micelas, as quais auxiliam na separa- é representada graficamente contra a ção de glicose. Para uma enzima, o deter-
ção de moléculas sem carga. P0 2 . minando pode ser a atividade enzimática
Cromatografia em Coluna: Técnica de Defeito do T u b o N e u r a l : Defeito congênito ou a concentração de missa da enzima.
separação na qual o leito estacionário do cérebro, na medula espinal ou em Diabetes Insipidus (DI): Distúrbio diabético
está dentro de u m tubo. ambos (p. ex., anencefalia e espinha (definido como produção excessiva de
Cromatografia em Fase Gasosa— bífida). urina) causado pela síntese insuficiente
Espectrometria de Massa (GC-MS): Deleção: Seqüência de D N A que é perdida de h o r m ô n i o antidiurético ( A D H ) ou
Processo analítico que usa a cromatogra- em uma amostra em comparação a uma pelos receptores defeituosos de A D H , ou
fia em fase gasosa acoplada a u m espec- outra. As deleções podem ser tão peque- pela resistência do órgão terminal à sua
tômetro de massa. nas a ponto de conter apenas u m nucle- ação. Isso resulta em insuficiência de rea-
Cromatografia L í q u i d a (LC): Forma de cro- otídeo. bsorção tubular de água no rim.
matografia de coluna na qual a fase D e l t a Clieck: A diferença entre duas men- Diabetes Melí/tws ( D M ) : U m grupo de dis-
móvel é um líquido. surações consecutivas de u m mesmo túrbios metabólicos do metabolismo dos
Cromatografia Líquida de A l t a Eficiência analito em u m mesmo paciente como carboidratos n o qual a glicose é subutili-
( H P L C ) : U m tipo de L C que usa uma medida de garantia de qualidade. zada, produzindo hiperglicemia.
eficiente coluna contendo pequenas par- Densitometria: U m método instrumental Diabetes Melíitus Gestacional (GDM):
tículas de fase estacionária. para medir a absorvância, a reflectância Intolerância a carboidratos que surge
Cromatografia Líquida—Espectrometria de ou a fluorescência de cada fração sepa- durante a gestação.
Massa (LC-MS): Processo analítico que rada em uma fita eletroforética (ou outro Diagnóstico Molecular: U m campo da
usa u m cromatógrafo líquido acoplado a meio) à medida que esta passa por u m medicina laboratorial n o qual os princí-
u m espectrômetro de massa. sistema óptico de medição. pios e técnicas da biologia molecular são
Cromatografia Planar: Técnica de separa- Desfechos: Os resultados relacionados com aplicados para o estudo da doença.
ção na qual a fase estacionária é u m papel qualidade ou sobrevida dos pacientes; os Diálise Peritoneah Difusão de solutos e con-
(cromatografia em papel [PC]) ou uma exemplos incluem mortalidade, estado vecção do líquido através da membrana
camada de partículas sólidas dispersas •funcional, qualidade de vida e bem- peritoneal. A solução de diálise é intro-
em um suporte (cromatografia em estar. duzida e removida da cavidade peritoneal
camada fina [TCL]). Desidroepiandrosterona (DHEA): como procedimento continuo ou inter-
Cromatografia p o r Troca de Ions: T i p o de Esferóide secretado pelo córtex adrenal. mitente.
cromatografia em que a separação é É o principal precursor do andrógeno Diarréia; Passagem de fezes amolecidas ou
baseada, principalmente, nas diferenças nas mulheres. líquidas, mais que três vezes ao dia e / o u
das afinidades de troca iônica dos com- Deslocamento de Stokes: O fenômeno pelo fezes com peso superioi a 2 0 0 / g por
ponentes da amostra. qual substâncias luminescentes ou fluo- dia.
Cromatografia: Método físico de separação rescentes emitem luz em compiimentos D i e t i l a m i n a do A c i d o Lisérgico (LSD):
n o qual os componentes a serem separa- de ondas superiores ao comprimento de Derivado de u m alcalóide encontrado
dos são distribuídos entre duas fases: onda de excitação em que a luz é absor- em certos fungos que têm propriedades
uma delas é estacionária (fase estacioná- vida; a diferença n o comprimento de alucinógenas.
Glossário 901
Digestão; Conversão do alimento, n o estô- rilação oxidativa; este D N A é particular- Dose de Radiação: Quantidade de energia
mago e intestinos, em produtos solúveis mente transmitido através de gerações de radiação absorvida em matéria, con-
e difusíveis, capazes de serem absorvidos por herança materna. vencionalmente expressa em rads, defi-
pelo sangue. d N T P s : D es oxirrib o nucleotídeos trifosfatos nida como 100 ergs absorvidos por grama
D i l u i ç ã o ; O processo (diluindo) de redução (geralmente dATP, dCTP, d G T P e dTTP), de matéria.
da concentração de u m soluto pela os blocos de consnução do D N A . Dose Equivalente Efetiva Total (TEDE): A
adição de u m solvente adicional. Doença Celíaca (Enteropatia Sensível ao dose total de radiação, tanto de fontes
Diretrizes de Prática Clínica: Afirmações Glúten): Doença causada pela interação internas como externas, corrigida para o
sistematicamente desenvolvidas para destrutiva do glúten com a mucosa intes- tipo de radiação. Os limites para a T E D E
auxiliar nas decisões do profissional e do tinal, causando má absorção. Na maioria são estabelecidos em regulamentações
paciente sobre a assistência adequada dos casos, o dano à mucosa é revertido gover n a m en ta i s.
para circunstâncias clínicas especificas; retirando-se da dieta todos os alimentos Droga Genérica: Medicamento não prote-
n o laboratório, elas incluem objetivos que contenham glúten. gido por patente. Também, o nome cien-
para acurácia, precisão e tempo de execu- Doença de C r o h n : Doença inflamatória tífico em oposição ao nome comercial
ção dos exames. crônica que afeta qualquer parte do intes- patenteado.
Dispersão da Luz: A dispersão da luz ocorre tino, do seu início até o ânus. Droga Ilícita: Substância controlada, como
quando a enetgia radiante, passando por Doença de Cushing: Distúrbio caracteri- especificado nas Tabelas I a V da
uma solução, encontra uma partícula e é zado por aumento da concentração de Controlled Substances Act, seções 811 e
dispersada em todas as direções. b o r m ô n i o glicocorticóide adrenal na cor- 812 do título 21 do Código dos Estados
Dispositivos Minimamente Invasivos: rente sanguínea. Unidos (United States Co de, 21 U.S.C
Dispositivos para medir constituintes dos Doença de Graves: U m a doença tireoidiana 811, 812). O termo "droga ilegal" não se
fluidos do corpo sem a necessidade de de caráter auto-imune. Caracterizada por aplica ao uso de uma substância contro-
uma venipuntuta, como n o caso da ion- apresentar pelo menos duas das seguin- lada de acordo com os termos de uma
toforese, para extrair o líquido extracelu- tes condições: hipertireoidismo, bócio e prescrição válida, ou outros usos autori-
lar para a superfície da pele para a men- exoftalmia. Também conhecida na zados pela lei.
suração de glicose, como alternativa a Europa como doença de Basedow. Eclâmpsia: Convulsões e coma que ocorrem
lancetar o dedo para medir a glicose san- Doença de Paget [dos Ossos]: Doença em mulheres grávidas ou em fase puerpe-
guínea. c o m u m e localizada não-metabólica dos ral.
D i s t ú r b i o M i s t o Acido-Base: Ocorrência de ossos, caracterizada pela reabsorção oste- Efeito de Exclusão d o Eletrólito: Os eletró-
mais de u m distúrbio ácido-base simulta- oclástica do osso seguida de reposição de litos são excluídos da fração do volume
neamente; o p H sanguíneo pode estar osso de modo caótico. Tem-se sugeiido de plasma total ocupado por sólidos, o
baixo, alto ou dentro do intervalo de refe- uma causa virai. que acarreta a subestimação da concen-
rência. Doença de W i l s o n : Distúrbio autossômico tração de eletrólitos por alguns
Distúrbios de Oxidação de Á c i d o Graxo: recessivo associado a quantidades excessi- métodos.
U m grupo de distúrbios causados pela vas de cobre nos tecidos, particularmente Efeito de P r i m e i r a Passagem: Metabolismo
deficiência de uma enzima da via de oxi- n o fígado e sistema nervoso central. extensivo de uma droga com alta taxa de
dação dos ácidos graxos, que leva à inca- Doença Hemolítica d o Recém-Nascido: extração hepática antes de atingir a circu-
pacidade de utilizar lipídios como fonte Doença do feto e do tecém nascido lação sistêmica.
de energia. causada por destruição de eritrócitos Elastase-1. U m a serina protease do pâncreas.
Distúrbios do Metabolismo de A m i n o á c i d o ; fetais mediada por anticorpos maternos. U m a carboxiendopeptidase que catalisa
U m grupo de distúrbios causados pela Doença Hepática Alcoólica; A cirrose alco- a hidrólise da elastma nativa com afini-
perda de uma enzima na via metabólica ólica é a condição de doença hepática dade especial pelo grupo carboxila da
do aminoácido, que leva à elevação do irreversível devida aos efeitos tóxicos do Ala, Val e Leu.
nível de aminoácidos no sangue e na etanol e inflamação crônica no fígado. O Elemento-traçoi Molécula inorgânica
urina. desenvolvimento da cirrose está direta- encontrada em tecidos humanos ou
Distúrbios do Metabolismode Carboidratos: mente relacionado à duração e quanti- animais em concentrações expressas em
U m grupo de distúrbios causados pela dade de consumo de álcool. miligrama por quilograma, ou inferior.
perda de uma enzima da via metabólica Doença Renal T e r m i n a l (ESRD): Condição Elemento-ultratraço: Molécula inorgânica
de u m carboidrato, levando a concentra- na qual a função renal é inadequada para encontrada em tecidos humanos ou
ções elevadas daquele carboidrato no manter a vida. animais em concentrações expressas em
sangue e na urina. Doença Ulcerosa Péptica: N o m e coletivo micrograma por quilograma, ou infe-
Diurese; A u m e n t o da excreção de urina. dado à ulceração gástrica e duodenal. rior.
DNA (Ácido Desoxirribonucléico): Dopamina: Catecolamma formada no Eletrocardiograma (ECG): Um registro
Substância biológica que carrega infor- corpo pela descarboxilação da dopa; é gráfico da atividade elétrica produzida
mação genética e é u m polimero de u m produto intermediário na síntese da pelo músculo cardíaco.
nucleotídeos dupla-fita. norepinefrina, que age como u m neuro- Eletrodo de M e m b r a n a de V i d r o : Eletrodo
D N A M i t o c o n d r i a l : O D N A circular dentro transmissor n o sistema nervoso central; contendo u m a fina membrana de vidro
da organela mitocondiial que codifica é produzido perifericamente e age nos (geralmente na forma de u m bulbo no
polipeptídios envolvidos na via de fosfo- receptores periféricos. final de u m tubo de vidro) como ele-
902 Glossário
mento sensor. É amplamente utilizado Embrião: Primeiras modificações celulares a Epinefrina (Adrenalina): Hormônio cateco-
a
como eletrodo de pH, mas algumas com- partir do ovo fecundado até a 8 semana lamínico secretado pela medula adrenal.
posições de vidro são sensíveis a concen- de gestação Equação de Henderson-Hesselbalch:
trações de cárions, como o sódio. Enantiômeros: Os estereoisômeros que são Equação que define a relação entre pH,
Eletrodo: U m condutor através do qual a imagens especulares não-sobreponíveis. bicarbonato e pressão parcial do gás de
corrente elétrica entra ou sai de uma Encefalopatia Hepática: Condição usada dióxido de carbono dissolvido.
região não metálica de um circuito. Os para descrever os efeitos tóxicos da insu- Equação de Nernsti Walther H, N e m st
eletrodos indicador, de trabalho e de refe- ficiência hepática sobre o sistema nervoso (1864-19411 recebeu o prêmio Nobel em
rência são utilizados com propósitos ele- central. As características incluem confu- 1920 por seu trabalho em termoquímica.
troanalíticos. O eletrodo indicador, utili- são mental e falta de reação (coma).
Sua contribuição à termodinâmica
zado em potenciometna, produz u m Endocrinologia: O estudo científico da
química levou ao melhor conhecimento
potencial representativo da espécie a ser função e patologia das glândulas endócri-
da equação que correlaciona a energia
medida. O eletrodo de trabalho é utili- nas.
química e o potencial elétrico de uma
zado em células eletrolíticas onde ocorre Endonuclease: Enzima que hidrolisa uma
célula galvânica ou bateria.
a reação de interesse. O eletrodo de refe- ligação fosfodiéster interna, cortando u m
Equilíbrio Acido-Base: A manutenção
rência, onde não é permitido u m fluxo ácido nucléico em duas ou mais partes.
homeostática de ácidos e bases dentro do
apreciável de corrente, é utilizado para Endonucleases de Restrição: As endonucle-
organismo para alcançar o p H fisiológico
observar ou controlar o potencial dos ases, geralmente de bactérias, cortarão,
(aproximadamente 7,40).
eletrodos indicador ou de trabalho, res- cada uma delas, somente seqüências
Ergonomia: O estudo de suscetibilidades
pectivamente. Em certos tipos de células, específicas de ácido nucléico.
o eletrodo contador ou auxiliar é utili- Endosmose (Fluxo Endosmótico, em relação ao trabalho exigido pela defi-
zado para transportar a corrente que Eletroendosmótico): Movimento prefe- nição de posturas que minimizam o tra-
passa através do eletrodo de trabalho. rencial da água em uma direção através balho estático desnecessário e reduzem as
Eletrodos Seletivos de Ions (ISEs):Um tipo de u m meio eletroforético devido à forças que atuam sobre o corpo.
de eletrodo potenciométrico com finali- ligação seletiva de u m tipo de carga sobre Erro Aleatório: Erro que resulta de varia-
dades especiais, constituído de uma a superfície do meio. ções imprevisíveis influenciado pela
membrana seletivamente permeável a Energia de Ativação: E m enzimologia, é a quantidade de medidas. Estes efeitos ale-
uma única espécie iõnica. O potencial energia necessária para uma molécula atórios originam variações em observa-
produzido na interface entre a mem- formar u m complexo ativado. Em uma ções repetidas do determinando.
brana e a solução de amostra é propor- reação catalisada por enzima, isso corres- Erro Inato do Metabolismo: Doença primá-
cional ao logaritmo da concentração ou ponde à formação do complexo enzima- ria causada por u m defeito enzimático
atividade iônica. substrato ativado. hereditário.
Eletroferograma: Representação densitomé- Ensaio de Imunoabsorvâncía Ligado à Erro Sistemático: U m componente de erro
trica de zonas de proteína em u m mate- Enzima (ELISA): U m imunoensaio do que, no decorrer de uma série de análises
rial de suporte após a separação e colora- tipo sanduíche de enzima em que u m do mesmo determinando, permanece
ção. dos componentes da reação está ligado à constante ou varia de uma forma previsí-
Eletroforese Capilar: Método no qual as superfície de uma fase sólida para facili- vel.
técnicas clássicas de eletroforese em placa tar a separação dos reagentes marcados Especificidade (Clínica): Proporção de indi-
são transferidas para u m tubo capilar de ligados ou livres.
víduos sem doença que apresentam resul-
silica fundida de pequeno calibre. Enzima Conversora de Angiotensina
tados negativos.
Eletroforese em Microchip: U m tipo de ele- (ECA): Enzima que cliva o decapeptidio
Espécime/Amostra: U m exemplar ou parte
troforese no' qual a separação é condu- angiotensina I para formar angiotensina
de u m fluido corpóreo ou tecido cole-
zida em canais em u m microcfiif). I I ativa.
tado para exame, estudo ou análise.
Eletroforese por Focalização Isoelétrica Enzima: Molécula protéica que catalisa
Espectro de Absorção: Descrição gráfica da
(IEF): Método eletroforético que separa reações químicas sem ser destruída ou
absorvância vénus comprimento de onda
compostos anfotéricos em um meio que alterada.
(espectro de absorvância) para u m com-
contém um gradiente de p H estável. Enzimas Imobilizadas: Enzimas solúveis
posto específico.
Eletroforese: Separação de moléculas por ligadas a uma matriz insolúvel, orgânica
Espectro de Massa: U m gráfico da abundân-
seus movimentos causados por um ou inorgânica, ou encapsuladas em uma
campo elétrico, freqüentemente através membrana para aumentaT sua estabili- cia relativa de cada íon traçado em função
de uma matriz de gel. Poliacrilamida e dade e tornar possível seu uso repetido da sua relação entre a massa e a carga
agarose são matrizes comumente usadas ou contínuo. (m/z).
para separar D N A e R N A sujeitos a u m Epigenética: Processos que alteram a função Espectrofotometria de Absorção Atômica
campo elétrico. do gene por outros mecanismos que não (AA): Método analítico no qual uma
Eletrólitos; Moléculas carregadas, de baixo aqueles que dependem da mudança da amostra ê vaporizada e a concentração de
peso molecular, presentes no plasma e seqüência de DNA; esses processos u m metal é determinada pela absorção
citosol, geralmente ions de sódio, potás- incluem a metilação do D N A , imprínting da luz emitida por u m átomo neutro em
sio, cálcio, magnésio, cloreto, bicarbo- genômtco, modificação de histona e uma das linhas de emissão intensa do
nato, fosfato, sulfato e lactato. remodelagem de cromatma. elemento.
Glossário 903
Espectrofotometria: Medida da intensidade Excreção U r i n á r i a de A l b u m i n a (UAE): O uso abusivo deste fáTmaco pode levar
da luz em comprimentos de ondas sele- Taxa de excreção da albumina na urina a distúrbios psicológicos graves.
cionados. (20 a 200 jjg/min) que está entre protei- Fenilcetonúria (PKU): Acúmulo de fenila-
Espectrometria de Massa com Diluição de núria normal e maciça; a U E A aumen- lanina no sangue, mais freqüentemente
Isótopo (IDMS): Técnica analítica usada tada precede e é altamente preditíva de causado pela ausência de atividade da
para quantificar um componente relativo nefropatia diabética; também conhecida fenilalanina hidroxilase, levando à pro-
a uma espécie isotópica de concentração como microaIbuminúria. dução de fenilcetonas que são excretadas
conhecida ou fixada. Exon: A região codificadora de u m gene que na urina.
Espectrometria de Massa em Tandem (MS/ pode ser expressa cnmo proteína logo Fenótipo: Características observáveis de u m
MS): U m método espectrométrico de após a tradução. organismo, determinadas pela interação
análise que envolve separação e identifi- Exonuclease: Atividade enzimática qüe dos genes com o ambiente; a função
cação de substâncias químicas e outras remove os nucleotídeos :erminaís de u m expressa o u o produto biológico do
substâncias com base na razão massa e polinucleotídeo. gene.
carga (m/z). Experimento Controlado Rando mizado: Feo cromo cito ma: Tumor vascular geral-
Espectrometria de Massas (MS): Técnica U m estudo experimental no qual os par- mente benigno, bem encapsulado e
analítica que usa u m espectrômetro de ticipantes do estudo são randomicamente lobular do tecido cromaflm da medula
massas para identificar e quantificar subs- alocados em um grupo de intervenção adrenal ou dos paragânglios simpáticos.
tâncias em uma amostra pelo espectro da (tratamento) ou em u m grupo alternativo Ferritilia: Complexo ferro-apoferritina, uma
massa de seu fragmento. de tratamento (controle). das principais formas nas quais o ferro é
Espectrômetro de Massas: Instrumento no Earmacocinética: Atividade ou destino das armazenado no organismo; ocorre na
qual feixes de íons são separados (anali- drogas no corpo dentro de u m período mucosa gastrointestinal, fígado, baço,
sados) de acordo com sua razão massa- de tempo, incluindo processos de absor- medula óssea e células reticuloendote-
carga e são mensurados eletricamente. ção, distribuição, localização em tecidos, liais.
Espinha Bífida; Defeitos congênitos carac- biotransformação e excreção. Feto: Desenvolvimento intra-uterino após 8
terizados pela medula espinal que não Farmacodinàmica: Estudo da interação dos semanas de vida embrionária até o f i m
fechou normalmente durante o desenvol- fármacos (e outros xenobióticos) com o da gestação.
vimento. corpo, e dos efeitos bioquímicos e fisio- Fibrose Cística (FC): Doença hereditária
Estadiamento do Câncer: O processo de lógicos dos medicamentos e seu meca- causada por alteração genética da prote-
determinação da extensão anatômica e nismo de ação; inclui a correlação dos ína reguladora da condutância de mem-
presença ou ausência de disseminação efeitos dos fármacos com sua estrutura brana (CFTR) que causa pancreatite
para linfonodos e órgãos distantes; útil química. crônica e doença pulmonar obstrutiva.
para o prognóstico e direcionamento do Farmacogenética: Estudo da influência da A fibrose cística afeta muitos tipos de
tratamento. variação genética na resposta da droga glândulas exócrinas — particularmente
Estado Nutricional: A condição do coTpo em pacientes, pela correlação entre a glândulas sudoríparas (o sódio e o cloreto
relacionada à nutrição, geralmente, ou expressão de u m gene ou polimorfismos contidos no suor são elevados) — mas
em referência a u m nutriente específico, de u m único nucleotídeo e a eficácia ou também glândulas do pulmão e pâncreas,
como u m elemento-traço. toxicidade de uma droga. causando a secreção de u m muco viscoso
Esteatorréia: Condição de gordura excessiva Farmacologia: Todo o conhecimento sobre sujeito a se tornar infectado, quando no
nas fezes (algumas vezes definida como agentes químicos e seus efeitos em pro- pulmão.
>5 g/dia ou >18 mmol/dia). cessos ativos Flebotomia: A punção de u m vaso sanguí-
Estereoisômetos: Moléculas com a mesma Fase Estacionária: A fase es(acionária é uma neo para coletar sangue.
constituição, mas que diferem no arranjo das duas fases que formam o sistema cro- Flebotomista: Quem pratica a flebotomia;
espacial de certos átomos ou grupos. matográfico. Pode ser u m sólido, u m gel o indivíduo que retira uma amostra de
Estudos dos Desfechos: Estudos realizados ou u m líquido. Se for líquido, pode ser sangue.
paTa determinar se uma intervenção distribuído sobre u m suporte sólido. Esse Fluídico: Processo pelo qual o líquido se
médica (como um exame laboratorial suporte sólido pode ou não contribuir move dentro de u m espaço confinado,
específico) melhorará o desfecho do para o processo de separação. como no caso de u m tubo estreito ou
paciente. Fase Móvel: Na cromatografia, u m gás ou uma matriz porosa. Tal processo inclui
Etileno Glicol: U m composto etileno com líquido que se infiltra através ou ao longo tensão de superfície, difusão e o uso de
dois grupos hidróxi nos carbonos adja- do leito estacionário numa direção defi- bombas.
centes. E u m ingrediente comum em nida. Fluido Extracelular (ECF): U m termo gené-
anticongelamento e é muito tóxico se Fator de Crescimento Semelhante à rico para todos os fluidos corporais fora
ingerido. Insulina (IGF): Os fatores de crescimento das células, incluindo fluido intersticial,
Eucromatina: Regiões genômicas que são semelhantes à insulina I e I I são polipep- plasmático, linfático e líquido cerebrospi-
ricas em genes e geralmente estão organi- tídeos com considerável similaridade nal; esse fluido gera u m ambiente externo
zadas de forma menos compacta durante estrutural à insulina e com as mesmas constante para as células.
a intérfase do que a heterocromatina. respostas biológicas. Fluido Intracelular (ICF): A porção de água
Eutireoidiano: O que tem função tireoi- Fenciclidina (PCP): Analgésico e anestésico corporal total com seus solutos dissolvi-
diana normal. potente usado em medicina veterinária. dos no meio interno das células.
904 Glossário
Fluorescência: A emissão de radiação eletro- para medir a quantidade da substância de alelos que u m indivíduo possui em
magnética por uma substância após a analisada. uma ceita localização do genoma.
absorção de energia de alguma forma Fotometria: A medição da luz. Gerenciamento de Qualidade: Técnicas
(por exemplo, a emissão de luz de uma. Fóton: Quantum, de energia radiante. usadas para garantiT a melhoT qualidade
cor [comprimento de onda], quando Gama-Glutamiltransferase: Enzima que no desempenho. As técnicas incluem
uma substância é excitada por irradiação catalisa reversivelmente a transferencia treinamento e certificação dos operado-
com luz de diferente comprimento de de u m grupo glutamil de u m glutamil- res, controle de qualidade, garantia de
onda); distinguida de fosforescência por peptídio e u m aminoácido para u m pep- qualidade e auditoria.
apresentai vida útil inferior a 10 milisse- tídio e u m glutamil-aminoácido. Gestação: Tempo de duração da gTavidez
gundos, após cessada a excitação. Gama-hidroxibutiratc (GHB): Potente medido em semanas desde o primeiro
Folha de Dados de Segurança do Material agente sedativo, hipnótico, euforizante, dia do último período menstrual.
(MSDS): Boletim técnico que contém que é ilicitamente ingerido por seus Gestão da Qualidade Total ( T Q M ) i Filosofia
informação a respeito de produtos quími- efeitos prazerosos. Tem sido usado para e abordagem de gestão que focaliza os
cos perigosos, como composição química, agressão sexual facilitada por droga processos e sua melhoria como o meio
perigo químico e físico e precauções paTa (estupro durante encontro). para satisfazer as necessidades e exigên-
segurança na manipulação e uso. Gases Sanguíneos: PCOí e P 0 2 (pressões cias do cliente.
Folículo Tireoidiana! Unidade secretora da parciais de dióxido de carbono e oxigê- Gigantismo Hipofisário: Crescimento
glândula tireóide consistindo em uma nio) geralmente no sangue total. excessivo em função da produção aumen-
camada externa de células epiteliais que Gastrina: Grupo de hormônios peptidicos tada de hormônio de crescimento pela
encapsulam u m material amorfo chamado secretados pelas células da mucosa gas- hipófise antes de o crescimento dos ossos
trointestinal de alguns mamiferos, em longos estar completo.
de colóide.
resposta ao estresse mecânico ou p H alto, Gine comas tia: Desenvolvimento excessivo
Folículo: U m saco em formato de bolsa que
ambos produzidos pela presença do ali- das glândulas mamárias masculinas.
se localiza na superfície do ovário e que
mento no estômago. A gastrina estimula Glândula Hipófise: Formada por um corpo
contém o óvulo que está amadure-
as células parietais do estômago a produ- de forma elíptica, localizada na base do
cendo.
zirem ácido clorídrico, crânio, alojada na sela túrcica, que se
Força Centrífuga Relativa (FCR): O peso
Gastrinoma: Tumor das células das ilhotas comunica com o hipotálamo pela haste
de uma partícula em uma centrífuga,
pancreáticas que ocasiona uma hiperpro- hipofisária, de onde recebe importante
relativo ao seu peso normal.
dução de ácido gástrico, levando a ulce- estímulo neural e vascular. É dividida na
Fosfatase Acida: Emima da classe hidrolase
ração fulminante do esôfago, estômago, hipófise anterior (adeno-hipófise), inter-
que catalisa a clivagem do ortofòsfato a
duodeno e jejuno. Os gastrinomas mediária e posterior (neuro-hipófise),
partir de monoésteres ortofosfóricos sob
podem ocorrer também no estômago, cada qual responsável pela produção de
condições ácidas.
duodeno, baço e linfonodos regionais. seus próprios hormônios.
Fosfataie Alcalina: Enzima da classe hidro-
Gastrite: Inflamação da mucosa do estô- Glicocorticóides! Qualquer substância do
lase que catalisa a clivagem do OT to fosfato
mago. grupo de esteróides C21 produzidos pelo
a partir de monoésteres ortofosfóricos
Gene Supressor Tumoral: Gene envolvido córtex adrenal que regulam o metabo-
sob condições alcalinas.
na regulação do crescimento celular; a lismo dos carboidratos, lipídios e proteí-
Fosfolipídio: Qualquer lipídio que contém
perda do gene supressor de tumor tem o nas. Eles também inibem a secreção de
fósforo, incluindo aqueles com uma
potencial de permitir o crescimento autó- adrenocoTticotrofina, possuem atividade
estrutura central de glicerol (fosfoglicerí-
nomo. antiinflamatória pronunciada e desem-
deos) e esfingosina ou substâncias rela-
Gene: Unidade básica da hereditariedade; penham u m papel em uma variedade de
cionadas (esfingomielinas). Os fosfolipi-
parte do D N A do gene humano codifica processos homeostáticos.
dios são a principal forma de lipídio nas a produção de R N A , enquanto outras GUcogènio: Polissacarídeo que tem a
membranas celulares. partes não codificam. fórmula (C É H 10 O 3 )n e é utilizado pelos
Fosforescência: Luminescência produzida Genes Diabetogênicos: Genes que contri- músculos e pelo fígado para armazena-
por certas substâncias após terem absor- buem para o desenvolvimento do diabe- mento de carboidratos.
vido energia radiante ou de outros tipos; tes; menos de 5% dos indivíduos com Glicose: U m açúcar simples de seis carbonos
distinguida da fluorescência na medida diabete tipo 2 tem u m defeito genético que é o principal combustível para a
em que continua mesmo depois que a identificado. maioria dos organismos e um importante
radiação incidente tenha desaparecido. Genoma: Conjunto completo de cromosso- precursor de outros constituintes corpo-
Fotodetector: U m dispositivo utilizado para mos; o complemento total da informação rais.
medir ou indicar a presença de luz. hereditária; o genoma humano contém Glicose-6-fosfato Desidrogenase: Enzima que
Fotômero/Espectrofotômero: Dispositivo duas cópias, denominadas alelos, de cada catalisa a primeira etapa na via da hexose
utilizado para medir a intensidade da luz um dos genes autossômicos. monofosfato, isto é, a conversão de glicose-
emitida que atravessa ou é refletida por Genótipo: Constituição genética de u m 6-fbsfato a 6-fosfogliconato, gerando
uma substância. indivíduo, incluindo seqüências de D N A NADPH.
Fotometria de Reflexão: Técnica de espec- que podem não afetar a aparência exte- Glomérulo: Tufo de vasos sanguíneos
tro foto metr ia em que a luz é refletida da rior (/biótipo); o "genótipo" é geralmente encontrado em cada néfron do rim,
superfície de uma reação e é utilizada utilizado para se referir ao par especifico envolvido na filtração do sangue.
Glossário 905
Glomerulonefrite: Nefrite acompanhada algumas cepas produzem toxinas que tica e pulmonaT são caracterizadas pelas
de inflamação das alças capilares dos glo- lesam as células gástricas. quantidades anormais de hemossideTina
mérulos do rim. Ocorre nas formas Hematúria: Sangue na urina. no fígado e nos pulmões, respectiva-
aguda, subaguda e crônica. Foram descri- Heme: Qualquer quelato de ferro com os mente.
tos diversos padrões patológicos, desde quatro grupos pirrólicos de uma porfi- Hepatite Alcoólica: Lesão inflamatória
idiopáticos até aqueles associados a rina, também reconhecido como ferro- aguda ou crônica do fígado, em alcoóli-
doenças sistêmicas. heme ou fem-heme, que se refere aos cos, que é potencia Imente progressiva,
Glutamato Desidrogenase: Enzima mito- quelatos do Fe(II) e Fe(III), respectiva- embora algumas vezes seja reversível.
condrial que catalisa a remoção de hidro- mente. Hepatite Auto-imune: Hepatite crônica,
gênio do L-glutamato para formar um Hemoconcentração: Diminuição do conte- geralmente com hipergamaglobulinemia
cetoaminoácido correspondente que údo fluido do sangue que resulta em e auto-anticorpos séricos.
sofre hidrólise espontânea a 2-oxogluta- aumento da concentração dos consti- Hepatite Crônica: Termo coletivo para uma
rato. tuintes sanguíneos. síndrome clínica e patológica que possui
Go-Iíue: O momento no qual u m sistema Hemocromatoae: Uma doença genética diversas causas e é caracterizada por graus
de software ou hardware é completa- rara causada por deposição de hemossi- variáveis de necrose hepatocelular e infla-
mente instalado e testado e inicia-se seu derina nas células parenquimais, cau- mação por, pelo menos, seis meses.
uso de rotina. sando dano ao tecido e disfunção do Hepatite Virai: Inflamação do fígado
Gônada: Glândula produtora de gametas fígado, do pâncreas, do coração e da causada por vírus. Os vírus específicos da
(ovário ou testículo). pituitária. Também chamada doença de hepatite foram identificados como A, B,
Gonadotrofina Coriônica: Hormônio glico- sobrecarga de ferro. C, D e E. Quanto a outros vírus, como
protéico placentário que estimula o Hemodiálise: Remoção de certos elementos o vírus da mononucleose (Epstein-Barr)
ovário a produzir progesterona do sangue em virtude da diferença nas e citomegalovírus, que também causam
Gota: Grupo de distúrbios do metabolismo taxas de sua difusão através de uma mem- hepatite, o fígado não é o órgão-alvo prin-
de purina e pirimidina. brana semipermeável, por exemplo, por cipal.
Gráfico de Controle de Levey-Jennings: meio de uma máquina ou filtro de hemo- Hepatite: Inflamação do fígado.
Uma exposição gráfica simples na qual os diálise. HepatócitO! Célula epitelial do fígado.
valores observados são confrontados Hemodiluição: Aumento do conteúdo Herança A u tossôtnica Recessiva! Padrão de
com uma série de valores aceitáveis, fluido do sangue que resulta em dimi- herança mendeliano no qual as caracte-
como indicado no gráfico pelas linhas de nuição da concentração dos constituin- rísticas aparecem horizontalmente na
limites de controle superior e inferior, os tes sanguíneos. genealogia, os indivíduos acometidos
quais são comumente extraídos da média, Hemoglobina (Hb)i Proteína contendo heme com dois alelos anormais têm progenito-
mais ou menos 3 desvios-padTão. e carreadora de oxigênio, abundante nas res heterozigotos sadios e os progenitores
Gráfico de Linewaver-Burk: Gráfico do hemácias e formada pelo eritrócito em heterozigotos têm uma chance de 25%
recíproco da velocidade de uma reação desenvolvimento na medula óssea. E uma de acometimento da progénie; os autos-
catalisada por enzima (ordenada; eixo Y) proteína conjugada que contém quatro somos apresentam a mutação.
versus o recíproco da concentração dn grupos heme e globina, possuindo a pro- Hermafroditismo: Estado físico caracteri-
substrato (abscissa; eixo x). priedade de oxigenação reversível. zado pela presença tanto dos órgãos
Gravidez Ectópica: Desenvolvimento de u m Hemoglobina Glicada: Hemoglobina com sexuais masculinos como femininos.
embrião na tromba de Falópio ou no resíduo de açúcar; A Hb A k é a principal Heterocromatina: Regiões genômicas que
abdome, em vez de no útero. fração ( 80%) da hemoglobina glicada; são pobres em genes ou cobertas por
Gravimetria: O processo de medição da também conhecida como glicohemoglo- genes transcricionalmente silenciosos,
massa (peso) de uma substância. bivã. sendo mais densamente empacotadas
G r u p o Prostético: Uma estrutura não-poli- Hemoglobinopatia: Qualquer doença here- durante a intérfase do que a eucroma-
peptídica que está fortemente ligada à ditária causada por anormalidades da tina.
proteína e é necessária à atividade de hemoglobina, resultando em condições Hihridização: Anelamento ou pareamento
uma enzima ou outra proteína. como anemia falciforme, anemia hemo- de duas fitas complementares de D N A .
Haplótipo: Associação de alelos específicos lítica ou talassemia. H I P A A : Health Insurance Portability and
em múltiplos loci em uma fita do cromos- Hemólise: Ruptura da membrana das hemá- Accountability Act, com suas regulamen-
somo. cias causando liberação de hemoglobina tações associadas a respeito da segurança
Hapteno: Determinante quimicamente e outros componentes dos eritrócitos. e privacidade da informação de saúde.
definido que, quando conjugado a um Hemossideiina: Forma de armazenamento Hiperbilirrubinemia: Concentrações exces-
carreadoT imunológico, estimula a síntese intracelular de ferro; os grânulos consis- sivas de bilirrubina no sangue, as quais
de anticorpos específicos para o tem em um complexo mal definido de podem levar à icterícia; as hiperbilirrubi-
hapteno. hidróxidos de ferro, poltssacarídeos e nemias são classificadas como conjuga-
Helicobacter pylorii Bactéria encontrada na proteínas, com u m conteúdo de ferro de das e não-conjugadas, de acordo com a
camada mucosa do estômago. Todas as cerca de 33% do peso. forma predominante de bilirrubina no
cepas secretam proteínas que causam Hemossiderose: Aumento focal ou geral dos sangue.
inflamação da mucosa e a enzima urease, estoques de ferro tecidual sem dano teci- H i perca! cem ia: Aumento da concentração
que pTcdu2 amónia a partir da uréia; dual associado. As hemossideroses hepá- do cálcio no plasma; as manifestações
906 Glossário
clínicas da hipercalcemia incluem fadiga, Hipofosfatemia: Baixas concentrações mula o córtex adrenal a secretar os corti-
fraqueza muscular, depressão, anorexia, séricas de fosfato; a hipofosfatemia é costeróides.
náusea e constipação. As principais comum em pacientes hospitalizados Hormônio Antidiurético (ADH; Vaso-
causas são hiperparatireoidismo primá- (aproximadamente 2%); geralmente é pressina): Hormônio octapeptídico
rio e neoplasias. causada pela troca intracelular do fosfato formado pelas células neuronais do
Hipercalemia: Elevada concentração plas- (estimulação da secreção de insulina núcleo hipotalâmico e armazenado e
mática ou sérica de potássio acima do pelos carboidratos, administração da liberado pelo lobo posterior da glândula
limite superior do intervalo de referência insulina ou alcalose respiratória), redução pituitária (neuro-hipófise). Possui tanto
apropriado do limiar renal (hipetparatireoidismo), ação antidiurética como vasopressora.
Hiperglicemia: Concentrações elevadas de perda intestinal (vômitos, diarréia, uso de Hormônio de Crescimento (GH): Poli-
glicose no sangue. antiácidos), redução da absorção intesti- peptídeo com 191 aminoácidos produ-
Hipernatremia: Concentração sérica ou nal (má absorção) ou perda intracelular zido pela adeno-hipófise e afeta o meta-
plasmática de sódio acima de seu limite (acidose). bolismo de carboidratos, lipídios e prote-
de referência de 150 m m o l / L . Hipoglicemia: Concentrações reduzidas de ínas.
Hiperparatireoidismo Secundário: Secreção glicose no sangue. H o r m ô n i o de Liberação da C o r t i c o t r o p i n a
excessiva do paratormônio em resposta a Hipomagnesemia: Baixa concentração de (CHR): Um neuropeptídeo liberado
níveis séricos baixos de cálcio causados magnésio no plasma; manifesta-se pri- pelo hipotálamo que estimula a liberação
por outra condição clínica, comc a obser- mordialmente como hiperexcitahilidade da corticotropina pela adeno-hipófise.
vada em pacientes com insuficiência neuromuscular; c o m u m em pacientes
H o r m ô n i o de Liberação de T i r e o t r o f i n a
renal crônica e indivíduos com ingestão hospitalizados.
( T R H ) : Tripeptídeo produzido no hipo-
H í p o n a tremia: Concentração sérica de
inadequada de vitamina D, por tálamo que estimula a síntese e liberação
sódio abaixo do limite de referência de
exemplo. de T S H da adeno-hipófise.
136 m m o l / L .
Hipertensão Portali Qualquer aumento na H o r m ô n i o Estimulante da Tireóide (TSH):
H i p o t i r e o i d i s m o : U m a condição de defici-
pressão da veia porta (no fígado) devido U m polipeptídeo sintetizado pela adeno-
ência na atividade tireoidiana, causando
à obstrução anatômica ou funcional (p. hipófise que promove o crescimento,
letargia, fraqueza muscular e intolerância
ex., cirrose alcoólica) da fluxo sanguínea sustenta e estimula a secreção de hormô-
ao frio.
no sistema venoso portal. nios na tireóide, também conhecida
H i p o u r i c e m i a : Concentração diminuída de
Hipertextai Interface para o usuário de u m como tireotrofina.
ácido úrico no sangue, às vezes devida à
sistema de informação que liga informa- Hormônio Folículo-Estimulantc (FSH):
deficiência de xantina oxidase, a enzima
ções relacionadas através de documentos U m glicopeptídeo secretado pela adeno-
necessária para a conversão da hipoxan-
e sustenta a procura fácil de documentos hipófise. E m mulheres, o FSH estimula
tina em xantina e da xantina em ácido
usando essas ligações (!inlís). o crescimento e maturação dos folículos
úrico.
Hipertireoidismo: Condição causada pela ovarianos, estimula a secreção do estró-
Hipovitaminose: Condição não saudável
produção excessiva de Hormônios tireoi- geno e promove alterações endome-
resultante da carência de vitamina; inter-
dianos iodados. Os sintomas incluem triais.
cambiável com a avitaminose.
aumento do metabolismo basal, bócio, H o r m ô n i o Luteinizante (LH): H o r m ô n i o
Hipovolemia: Volume anormalmente redu-
taquicardia, hipertensão arterial, e uma glicoprotéico gonadotiófico secretado
zido de fluido circulante (plasma) no
série de sintomas secundários pela adeno-hipófise que age com o FSH
corpo.
Hiperuricemiat A u m e n t o da concentração promovendo a ovulação e a produção de
H i r s u t i s m o : Uma quantidade anormal de
do ácido úrico ou uratos n o sangue; pré- andrógeno e da progesterona.
pêlos, especialmente um padrão mascu-
requisito para o desenvolvimento de gota H o r m ô n i o : Substância química que tem
lino adulto de distribuição de pêlos, em
e pode levar à doença renal. mulheres. u m efeito regulatÓTio na atividade de
Hipervitaminosei Condição não saudável Histona: Proteína estrutural envolvida na certo(s) órgão(s) ou tipos celulares.
resultante do excesso de vitamina. organização tridimensional dos cromos- H o r m ô n i o s Hipotalâmícos: Hormônios do
Hipervolemiai Aumento anormal no somos e na regulação da função do D N A hipotálamo que exercem controle sobre
volume de fluido circulante (plasma) n o nuclear. outros órgãos, principalmente a glândula
corpo. Holoenzima; Componente funcional (i.e., hipófise.
Hipocalcemia: Redução da concentração cjiraliMramente ativo) formado pela com- Icterícia; Síndrome caracterizada por hiper-
do cálcio no plasma; comumente se apre- binação de uma apoenzima e sua coen- bilirrubinemia e deposição de pigmento
senta como hiperexcitab ilida de neuro- zima apropriada. biliar na pele, nas membranas mucosas e
musculaT, como tetania, parestesia e con- Homeostase: Manutenção de condições na esclera, com resultante aparência ama-
vulsões; geralmente as principais causas fisiológicas internas relativamente está- relada da pele e esclera dos olhos; também
de hipocalcemia são insuficiência renal veis (como o p H do plasma sanguíneo) chamada de amarelão. Nos neonatos, a
crônica, deficiência de magnésio ou defi- mesmo diante de mudanças nas condi- icterícia é também chamada de icterícia
ciência de vitamina D ções ambientais. neonatal.
Hipocalemia: Concentração sérica ou plas- H o r m ô n i o Adrenocorticotrófico ( A C T H ) : Imunodeficiência: Deficiência ou incapaci-
mática. de potássio abaixo do limite de U m polipeptídeo com 39 aminoácidos dade de certas partes do sistema imune
referência apropriado. secretado pela adeno-hipófise que esti- para funcionar, o que torna u m indivíduo
Glossário 907
suscetível a certas doenças que ele ou ela, disseminação e transferência de informa- Intoxicação: Estado de funcionamento
de forma geral, não desenvolveria. ção. Também pode ser usada para descre- mental o u físico deficiente resultante da
Imunoensaio: Ensaio baseado na reação de ver o estudo da aplicação da informação ingestão de álcool ou fármaco.
u m antígeno com u m anticorpo especí- dentro de organizações. I i i t r o n : Região nãocodificadora de u m gene
fico para esse antígeno. I n i b i d o r : O inibidor é uma substância que que não será traduzida em proteína con-
I m u n o í i l i n a : Termo genérico para uma pro- d i m i n u i a velocidade de uma reação forme é removida durante o processa-
teina intracelular que se liga a drogas química; o processo é denominado inibi- mento do m R N A .
ímunossupressoras como a ciclosporina, ção. í o n Molecular: O íon não fragmentado da
FK 506 (tacrolimus), ou rapamicina. Inserção: "Uma seqüência extra de D N A que molécula original.
Imunógeno: Substância capaz de induzir está presente em uma amostra em com- Ionização p o r Eletrospray-, Técnica na qual
uma resposta imune. paração com uma sequência de referên- uma amostra é ionizada sob pressão
Imunoglobulínasi Classes de proteínas, cia. atmosférica antes de sua introdução no
também conhecidas como anticorpos, pro- Insuficiência Hepática. Condição de dis- analisador de massas.
duzidas pelas células B do sistema imune função hepática grave, em fase terminal, lontoforese por Pilocarpina: Processo de
em resposta ao antígeno específico, con- acompanhada por declínio do estado utilizar eletricidade para forçar o fármaco
tendo uma região que se liga a este antí- mental que pode variar de confusão pilocarpina para dentro da pele com o pro-
geno (sítio de ligação ao antígeno); mental (encefalopatia hepática) à falta de pósito de induzir o suor naquele local.
existem cinco classes de imunoglobulinas reação (coma hepático). lontoforese: U m método não invasivo de
(IgA, IgD, IgE, IgG e IgM).
Insulina: H o r m ô n i o protéico produzido propulsão de altas concentrações de uma
Imunossupressor: Agente capaz de suprimir
pelas células [3 do pâncreas que d i m i n u i substância carregada transdetmicamente
as respostas imunes.
as concentrações de glicose no sangue. por uma força eletromotiva repulsiva uti-
Incerteza: Parâmetro associado ao resultado
Interações Medicamentosas! Os efeitos de lizando uma carga elétrica pequena apli-
de uma medição que caracteriza a disper-
uma droga na absorção intestinal, meta- cada a uma câmara iontoforética que
são dos valores que poderiam ser razoa-
bolismo ou ação de outra droga. contém u m agente ativo carregado de
velmente atribuídos ao determinando
Interface de Operador: A parte de u m dis- forma semelhante e o seu veículo.
ou, mais resumidamente: a incerteza á
positivo que o operador precisa usar para I S O 9000: Séries de padrões internacionais
u m parâmetro que caracteriza o intervalo
que o dispositivo funcione (p. ex., ligar pata a gestão da qualidade, produzidos
de valores dentro do qual se espera que
u m leitor, inserir identificação de amostra pela Organização Internacional para
a quantidade a ser medida esteja
de paciente ou calibrar o dispositivo). Padronização.
contida
Interface: N o ambiente laboratorial, esse Isoenzima: U m a enzima de u m grupo de
índice Refrativo (índice de Refração): A
termo geralmente se refere ao mecanismo enzimas relacionadas que catalisam a
razão entre as velocidades da luz em u m
de transmissão de dados de u m sistema mesma reação, mas que têm diferentes
meio e em u m segundo meio.
de computador para outro, incluindo estruturas moleculares e são caracteriza-
I n d i v í d u o Referenciai Individuo selecio-
formatos específicos de dados. das por diversas propriedades físicas, bio-
nado como base de comparação com
Intergênica: Seqüência de DNA entre químicas e imunológicas.
outros indivíduos que estão sob investi-
genes. Isoforma: Eorma enzimática molecular que
gação clinica; os indivíduos referência
Internet: Rede mundial de computadores foi modificada pós-traducionalmente.
são selecionados através do uso de crité-
disponível para uso público. Isquemia: Deficiência do fluxo sanguíneo
rios definidos.
Intervalo A n i ô n i c o (AG): Diferença entre a causada por constrição funcional ou obs-
Indução Enzimática: A u m e n t o da síntese
de uma enzima em resposta a u m indutor concentração sérica de sódio e a soma trução efetiva de uma artéria; na doença
das concentrações séiicas de bicarbonato cardíaca, a artéria referida é a artéria
ou outro estímulo.
Indução: Na enzimologia, indução é u m e cloreto; o A G é alto em algumas formas coronária.
processo biológico que resulta em u m de acidose metabólica. Katal: Quantidade de atividade enzimática
aumento da biossintese de uma enzima Intervalo de Medição; Intervalo fechado de que converte u m m o l de substrato por
aumentando, com isso, sua atividade valores possíveis permitidos para u m pro- segundo sob condições específicas de
aparente. Isso resulta da presença de u m cedimento de medição e delimitado reação.
indutor. pelos limites inferior e superior de deter- Kernicteriis: Síndrome clínica do neonato
Infarto A g u d o do Miocárdio ( A M I ) : Necrose minação. Para este intervalo, o erro total resultante de altas concentrações de bilir-
total do miocárdio como resultado da das medições está dentro de limites espe- rubina não-conjugada, que passa pela
interrupção no suprimento sanguíneo cíficos do método. Também designado barreira hematoencefálica imatura do
para uma área do músculo cardíaco; o faixa de medição analítica. recém-nascido e causa degeneração das
A M I é quase sempre provocado por ate- Intolerância à Lactose: Condição provocada células da gânglia basal e do hipo-
rosclerose nas artérias coronárias sobre as pela deficiência de lactase, levando à má campo.
quais a trombose coronariana normal- absorção da lactose e causando sintomas Laboratório Central: U m tipo de laborató-
mente é sobreposta; comumente chamado de flatulência, desconforto abdominal, rio centralizado para o qual as amostras
de "ataque cardíaco". inchaço ou diarréia após a ingestão de são enviadas para a análise.
Informática: A estrutura, criação, gerencia- leite ou alimentos que contenham Lactato Desidrogenase: Enzima da classe
mento, armazenamento, recuperação, lactose. oxidorredutase que catalisa a redução do
908 Glossário
piruvato a lactara, usando N A D H como proteína consistem em u m núcleo esfé- Marcador: Qualquer substância com pro-
doador de elétron. rico hidrofóbico de triglicerídeos e ésteres priedade mensurável de se ligar a u m
Lactato: Produto intermediário do metabo- de colesterol circundados por uma mono- antígeno, anticorpo ou substância ligante
lismo de carboidratos que se acumula no camada de íosfolipídios, colesterol e apo- (como avidina, biotina ou proteína A)
sangue predominantemente quando lip0pT0teína5. que pode ser associada a u m analito para
ocorre diminuição da oxigenação teci- Líquido A m n i ó t i c o : Substância derivada que seja mais fácil observá-lo.
dual; a concentração elevada de lactato principalmente da urina fetal que protege Marcadores Tumorais de Carboidrato:
no sangue resulta em acidose láctica. o feto em desenvolvimento. Antígenos contendo um componente
L - D o p a (Levodopa); Aminoácido, 3,4-dii- Litotripsia: Esmagamento de cálculos dentro carboidrato principal, geralmente encon-
droxifenilalanina, produzido pela oxida- do sistema urinário ou da vesícula biliar, trados na superfície das células ou secre-
ção da tirosina pela tirosina hidroxilase; prontamente acompanhado por lavagem tados pelas células (p. ex., mucinas ou
è o precursor da dopamina e u m produto dos fragmentos; isso é feito cirurgica- antígenos de grupos sanguíneos).
intermediário na biossíntese da norepi- mente ou por vários métodos nãoinvasi- Material de Referência (RM): U m material
nefrina, epinefrina e melanina. vos diferentes. ou substância, com uma ou mais proprie-
L e i de Bcer: Equação matemática que esti- Luminescência: Emissão de lua ou de dades físicas ou químicas suficientemente
pula que a absorvância da luz monocro- energia radiante quando u m elétron bem estabelecidas, para ser usado para a
mática por uma solução é proporcional retorna de u m nível excitado ou de u m calibração de um aparelho, para a verifi-
à absortívídade (a), ao comprimento do cação de u m método de medida ou para
nível de energia superior para u m nível
trajetória da luz (b) e à concentração (c): atribuir valores a materiais. Certificados
energético inferior.
Absorvância = a x b x c. primário e secundário são tipos de mate-
Luz Parasita: Qualquer luz de fora de u m
Ligação Peptídica: Ligação amida formada riais de referência.
fotômetro ou espectrofotômetro, ou de
entre o grupamento carboxila de u m ami- Material de Referência Certificado (CRM):
dispersão dentro do instrumento, que é
noácido e o grupamento amina de um Na química clínica, u m material para o
detectada e provoca erros na medida da
outro aminoácido. qual uma propriedade (geralmente a con-
transmitância ou absorvância.
Ligações Cruzadas do Colágeno, Piridínio: centração ou pureza de u m analito) foi
Luz Visível: Região do espectro eletromag-
Derivados dos aminoácidos formados determinada por u m tipo especial de pro-
nético com comprimento de onda entre
pela condensação intermolecular de duas cedimento; o certificado dá o resultado
390 e 780 nm, visível para o olho
cadeias de hidroxilisil ou uma cadeia de (como concentração) e incerteza do resul-
humano.
lisina (desoxipiTÍdinolina) e três cadeias tado.
M á Absorção: Anormalidade do intestino
de hidrolisina (piridinolina) durante a Material de Referência Primários Um
delgado que causa distúrbio do processo
maturação do colágeno, que adicionam material perfeitamente caracterizado,
absortivo.
força tensora e estabilidade ao osso. estável, homogêneo, do qual uma ou
M á Digestão: Anormalidade do processo
Ligase: Enzima que liga, covalente mente, mais propriedades físicas ou químicas
digestivo devido à disfunção do pâncreas
duas fitas de D N A . foram determinadas experimentalmente
e do intestino delgado.
L i m i t e de Detecção: A menor quantidade dentro de medidas fixadas. Usado paTa
Maconha: Preparação rudimentar de folhas
de analito que pode ser detectada numa calibração de métodos definitivos; no
e parte superior da flor da (plantas fêmea
amostra, mas não quantificada como u m desenvolvimento, estimativa e calibracão
ou macho) Gmnabis nativa, em geral
valor exato. Também designado de limite de métodos de referência; e para atribuir
empregada em cigarros e inalada como
inferior de detecção, concentração valores a um material de referência secun-
mínima detectável (ou dose ou valor). fumaça devido às suas propriedades eufo-
dário.
Limites de Controle: Linhas sobre um rizantes.
Material de Referência Secundário: Solu-
gráfico de controle utilizadas para avaliar MALDI: Acrônimo para Ionização/
ções cujas concentrações não podem ser
o estado de controle de u m método; Dessorção a Laser Assistida por Matriz). preparadas pela pesagem do soluço e dis-
comumente calculadas como a média do Malwarci Termo genérico para software mali- solução de uma quantidade conhecida
material de controle mais ou menos u m cioso, incluindo, mas não se limitando em u m volume de solução. A concentra-
certo múltiplo do desvio-padrão obser- aos vírus de computadores. ção dos analitos nos materiais de referên-
vado para aquele material de controle. Marcador Cardíaco: U m teste ú t i l em cia secundários é geralmente determinada
Lípase: Uma enzima que cliva hidrolitica- . doença cardíaca. Os marcadores podem pela análise de uma alíquota da solução
mente u m ânion de ácido graxo a partir ser usados, por exemplo, paTa detectar por u m método de referência aceitável,
de u m triglicerídeo ou fosfolipídio. distúrbios cardíacos ou o risco de desen- usando u m material de referência primá-
Lipídios: Qualquer grupo heterogêneo de volvê-los, para monitorar o distúrbio ou rio para calibrar o método. Os materiais
gorduras e substâncias semelhantes à para prever a resposta de u m distúrbio ao de referência secundários contêm u m ou
gordura caracterizado por ser insolúvel tratamento. mais analitos em uma matriz que repro-
em água e solúvel em solventes não Marcador Tumoral: Substância produzida duz ou estimula a matriz das amostras que
polares como álcool, éter, clorofórmio, por u m tumor, encontrada no sangue, são tipicamente analisadas.
benzeno etc. nos fluidos corporais ou nos tecidos, que Material de Referência-Padrão (SRM): U m
Lipoproteínas: Qualquer complexo lipídio- pode ser usada para predizer a presença material de referência certificado (CRM)
proteína no qual os lipídios são transpor- do tumor, seu tamanho e a resposta ao que é certificado e distribuído pelo
tados no sangue. As partículas de lipo- tratamento. National Institute of Standards and
Glossário 909
a alteração da seqüência causa doença células cromafins da adrenal como um Ongogene: Gene que causa a transformação
e / o u é hereditária. precursor da epinefrina. maligna de células normais. O termo se
Nanismo Hipofisário: Baixa estatura Normetanefrina: U m metabólito O-meti- refere tipicamente a u m gene mutado e
causada pela deficiência de síntese de lado da norepinefrina produzido nas uma célula normal (proto-oncogene).
hormônios da adeno-hipófise células extraneuronais e na medula Opiáceo/Opióide: Opiáceo refere-se a qual-
Necroses Conjunto de alterações morfológi- adrenal; excretada pela urina como u m quer substância de um grupo de alcalói-
cas indicativas de m o r t e celular e causa- metabólito conjugado a sulfato; as dosa- des narcóticos de ocorrência natural
das pela progressiva ação degradativa das gens dos metabólitos livres e conjugados (papoula) ou semi-sintéticos, com ações
enzimas; pode afetar grupos de células o u fornecem testes úteis para o diagnóstico farmacológicas e estrutura química seme-
paTte de uma estrutura ou órgão. do feocromocitoma lhantes às da morfina. Opióide é u m
Nefelometria: Técnica que usa u m nefelô- Northern Blút; U m método para detectar termo genérico aplicado a todas as subs-
metro para medir um número ou seqüências específicas de R N A com tâncias com propriedades semelhantes às
tamanho de partículas em uma suspen- sondas marcadas após elas terem sido da morfina, independente da origem ou
são; u m detector é colocado em u m separadas por eletroforese. estrutura química.
ângulo ao feixe de luz incidente pata Nuclease: Enzima que degrada o ácido nuc- Optodo: Sensor óprico que mede optica-
medir a intensidade da luz dispersa pelas léico. mente substâncias específicas, como pH,
partículas. Nucleossomo: Uma unidade de cromatina gases sanguíneos e eletrólitos.
Nefrite: Inflamação do r i m com prolifera- que consiste em partículas centrais de OSHAi Occupational Safety and Health
ção focal ou difusa ou processos destruti- nucleossomo (146 pares de bases do A d m in istratíon.
vos que podem envolver glomérulo, D N A dupla-fita) e u m D N A de ligação Osmometria: Técnica para mensurar a con-
tiibulo ou tecido renal intersticial. (linícer) enrolado ao redor de u m con- centração de partículas de soluto dissol-
Nefrolitíases Condição marcada pela pre- junto de oito (octâmeTo) proteínas histx> vidas em uma solução
sença de cálculos renais (pedras). nas. Osteoblastos: Células responsáveis pela for-
Néfron: Unidade anatômica e funcional do Nucleotídeo: Unidade monomérica que mação do osso, incluindo síntese de colá-
rim, formada por corpúsculo renal, consiste em uma parte de açúcar, u m geno tipo I e de proteínas não derivadas
túbulo convoluto proximal, membros ácido fosfórico e uma base purínica ou do colágeno, e mineralização da oste-
descendente e ascendente da alça de pirimidinica; a ligação dos monômeros óide.
Henle, túbulo convoluto distai e túbulo de nucleotídeos forma os polímeros de Osteoclastosi Células grandes e multinucle-
coletor. D N A e RNA. adas, responsáveis pela reabsorção óssea.
Nefcuiorlcs Mecanismo para conectar com- N ú m e r o Variável de Repetições em Série Osteodistrofia Renal: Doença óssea asso-
putadores para o compartilhamento de ( V N T R ) : Segmentos repetidos de D N A ciada à insuficiência renal crônica,
dados. As redes de comunicação incluem com comprimento de 14 a 500 bases, incluindo doenças ósseas de elevado tur»
conexões sem fio (u/ireless) e conexão também conhecidos como minissatéli- rtouer ósseo (osteíte fibrosa ou hiperpara-
física, j unto com hardware e software para tes. tireoidismo secundário) e de baixo turno
os dados de rotina. Nutrição Parenteral Total (TPN): Prática ver ósseo (osteomalácia e doenças ósseas
Neuroblastoma: Sarcoma constituído por de alimentar uma pessoa por via intrave- adinâmicas).
neuroblastos malignos, surgindo geral- nosa, evitando o intestino. Osteomalácia: Mineralização osteóide ina-
mente no sisrema nervoso autônomo Nutrientes Essenciais: Aqueles nutrientes dequada ou retardada; é o equivalente ao
(simpaticoblastoma) ou na medula (proteínas, minerais, carboidraros, lipí- raquitismo no adulto (interrupção do
adrenal; considerado u m tipo de tumor dios e vitaminas) necessários ao cresci- desenvolvimento e da mineralização da
neuroepitelial que afeta principalmente mento, às funções normais e à manuten- placa de crescimento na criança).
os lactentes e crianças atá 10 anos de ção da vida; esses devem ser supridos Osteoporose: Condição clínica caracteri-
idade. pelos alimentos porque não podem ser zada pela redução na massa óssea, levando
Neuro-hipófises Lobo posterior da glândula sintetizados pelo corpo. a fraturas por traumas mínimos; a osteo-
hipófise, compondo a porção neural a Ocitocinai H o r m ô n i o octapeptídico sinteti- porose pós-menopausa ocorre na mulher
qual secreta hormônios diversos. zado no hipotálamo e armazenado na após a menopausa; a osteoporose senil
N l O S H s National Iristitute for Occupational neuro-hipófise que induz uma suave con- ocorre ranto em homens como em
Safety and Haealth. . tração muscular no útero e glândulas mulheres na fase mais avançada da
Nonsense, Mutação Nonsense (Mutação mamárias. vida.
sem Sentido): Uma alteração de seqüên- Oclusão Venosa: Bloqueio temporário do P30: A P0 3 paTa uma dada amostra de
cia que converte u m códon que deter- retorno do fluxo sanguíneo ao coração sangue em que metade da hemoglobina
mina u m aminoácido em um códon de através da aplicação de pressão, geral- do sangue está saturada com O u a P?o
parada ("stofi"), terminando prematura- mente usando um torniquete. reflete a afinidade da hemoglobina pelo
mente a proteína. O ligo núcleo tíd ec: U m pequeno polímero 07.
Norepinefrina (Noradrenalina): U m impor- de ácido nucléico de fita simples. Padrão de Referência: Nas avaliações de
tante neurotransmissor produzido por Oligopeptídeo: Uma cadeia relativamente acurácia/precisao diagnostica de exames
alguns neurônios cerebrais e nervos sim- curta de aminoácidos (três a cinco resí- médicos, o melhor método disponível
páticos periféricos que agem sobre recep- duos). para estabelecer a presença ou ausência
tores 0 r e p r adrenérgicos; produzida nas OMS: Organização M u n d i a l de Saúde. de doença ou distúrbio-alvo; pode ser u m
Glossário 911
único exame ou uma combinação de Partícula Beta (p): Elétron de alta energia dos às substâncias químicas perigosas
métodos e técnicas. emitido como resultado de u m decai- presentes no laboratório.
Padrão P r i m á r i o de Medição: Padrão que mento radioativo. Plasma: Porção fluida do sangue na qual as
é amplamente designado ou conhecido Parto Pré-termo: Nascimento de u m bebê células estão em suspensão. Difere do
como tendo as melhores qualidades antes de 37 semanas de gestação. soro por conter fibrinogênio e compo-
metrológicas e cujos valores são aceitáveis Patógenos Hematogênicos: Microrganismos nentes relacionados que são removidos
sem referência a outros padrões da patogênicos que estão presentes no do soro quando o sangue coagula.
mesma quantidade. sangue humano. Esses patógenos incluem Polidipsia: A u m e n t o excessivo de ingestão
Pancreatite Aguda: Episódio agudo de des- o vírus da hepatite B (HBV) e vírus da de água como n o diabetes meüitus ou dia-
truição enzimática da substância do pân- imunodeficiência humana (HIV), mas betes iwifridus.
creas devido ao escape de enzimas pancre- não se l i m i t a m a eles. Polimerases: Enzimas envolvidas na replica-
áticas ativas no tecido pancreático. P C R em Tempo Real (Real-time PCR): ção e transcrição do D N A .
e persistente do pâncreas. ção) pelo menos uma vez a cada ciclo. orideo (isto é, com uma base alterada) de
Pancreatite: Inflamação aguda o u crônica Peptídeo Insulinotrófico Dependente de uma molécula de D N A ) que ocorre na
Glicose (GIP, PoKpeptídio I n i b i t ó r i o população com uma freqüência de pelo
do pâncreas, que pode ser sintomática ou
Gástrico): H o r m ô n i o peptídico (42 ami- menos 1%. Os SNPs podem ser doenças
assintomática e se deve a autodigestão do
noácidos) que estimula a liberação de benignas ou malignas.
tecido pancreático por suas próprias
insulina e inibe a secreção de ácido gás- Polimorfismos de Comprimento de
enzimas. Na maioria das vezes é causada
trico e pepsina. Fragmentos de Restrição (RFLP):
por alcoolismo ou doença do nato
Peptídeo Intestinal Vasoativo (VIP): Alteração da seqüência do D N A que
biliar.
Peptídeo de 28 aminoácidos encontrado muda o tamanho dos fragmentos de
Par de Bases: Nucleotídeos de purina e piri-
no sistema nervoso central e periférico, D N A produzidos por digestão do D N A
midina ligados por pontes de hidrogênio;
onde atua como neurotransmissor. Está por uma enzima de restrição.
no pareamento de bases do D N A , a
localizado nos nervos entéricos no intes- Polipeptídeo: Cadeia curta de aminoácidos,
adenina se liga à tiamina e a guanina faz
tino. Relaxa o músculo liso do intestino tipicamente com cerca de 6 a 30 resí-
par com a citosina; no pareamento de
e aumenta a secreção de água e eletrólitos duos.
bases do R N A , a adenina se liga ao
do intestino. Poliúria: Eliminação de uma grande quan-
uracila.
p H : Logaritmo negativo da atividade do íon tidade de urina em u m determinado
Parácrino: U m tipo de função hormonal no
hidrogênio. período, característica do diabetes.
qual o h o r m ô n i o sintetizado dentro de
Pico Básico: O íon em maior abundância Porfirias Agudas: Doenças herdadas asso-
um tipo de célula e liberado por ela se
no espectro da massas; é atribuído u m ciadas à biossintese do heme, caracteriza-
liga a receptores hormonais em células
valor relativo de 100%. das por crises agudas causadas por disfun-
vizinhas, de tipo diferente, e afeta suas
Pielonefrite: Inflamação do r i m e de sua ções neuroviscerais; potencialmente
funções.
pelve como resultado de infecção. fatais; diagnosticadas por níveis elevados
Paramétrico: Em estudos de intervalo de
P i r i m i d i n a i Base contendo u m anel de de porfobilinogênio (PBG) na urina
referência, a abordagem da análise dos
carbono e nitrogênio; citosina, timina e Porfirias Cutâneas: Doenças associadas à
valores de referência que requer uma uracila são pirimidinas. biossintese do heme, nas quais o acúmulo
suposição específica em relação à distri- Placa: U m a área branco-granulada no inte- de porfirinas causa dano à pele quando
buição dos dados; as abordagens não-para* rior da parede de uma artéria que faz a esta é exposta à luz solar.
métricas, por outro lado, não fazem supo- superfície íntima (interior) protuberar Porfirias Neurológicas! Distúrbios hereditá-
sições a respeito da distribuição. dentro do lúmen; composta por lipídio, rios da biossintese do heme, caracteriza-
Paraproteína: Proteína plasmática anormal resíduos celulares, células do músculo dos por ataques agudos de sintomas neu-
que aparece em grandes quantidades liso, colágeno e, às vezes, cálcio; também roviscerais; potencialmente fatal; detec-
como resultado de condições patológi- conhecida como ateroma. tada por testes para detecção de aumento
cas. Placenta: U m órgão matemo-fetal que é do porfobilinogênio urinário
Paratormônio ( P T H ) : E u m h o r m ô n i o pep- característico dos mamíferos verdadeiros Porfirias: G r u p o de doenças metabólicas
tídico secretado pelas glândulas pararire- durante a gestação. primordialmente hereditárias que resul-
óides em resposta a hipocalcemia. Piano de Controle de Exposição: U m con- tam de deficiências parciais das enzimas
Ocasiona elevação do cálcio sérico devido junto de instruções escritas descrevendo da biossintese do heme, resultando em
ao aumento da reabsorção óssea, aumento os procedimentos necessários para prote- maior formação e excreção de porfirinas,
da reabsorção renal do cálcio e aumento ger funcionários de laboratório contra a seus precursores, ou ambos.
da síntese da 1,25-hidroxivitamina D , exposição potencial a patógenos hemato- Porfirinas: Qualquer grupo de compostos
que aumenta a absorção intestinal de gênicos. contendo a estrutura de porfina, quatro
cálcio e fosfato. Plano de Higiene Química: U m conjunto anéis de pirrol ligados por pontes de
Partição: Processo pelo qual u m grupo de de instruções escritas descrevendo os pro- meteno (ou pontes metênicas ou pontes
referência é subdividido para reduzir a cedimentos necessários para proteger os metenilas) em uma configuração cíclica,
variação biológica em cada grupo. empregados de riscos à saúde, relaciona- a qual se ligam várias cadeias laterais.
912 Glossário
Porfühilinogênio (PBG): Precursoi ime- Processo de Teste Completo: Definição Proteína: Polímeros caracterizados pela pre-
diato das porfirinas, u m anel p i r r o l com ampla do processo de testes laboratoriais, sença de uma o u mais cadeias de amino-
cadeias laterais do tipo acetil, p t o p i o n i l e que inclui as etapas pié-analítica, analí- ácidos ligadas por ligações peptídicas; as
aminometil; quatro moléculas de PBG se tica e pós-analítica. proteínas contêm carbono, hidrogênio,
condensam para formar uma molécula Processo Digestivo: Processo de três fases nitrogênio e geralmente enxofre (sendo
de 1-hidroximetilbilano, que é então con- — neurogênica (vagai), gástrica e intesti- o elemento característico o nitrogênio) e
vertido sucessivamente a uroporfirinogê- nal. A fase neurogênica (vagai) é iniciada são amplamente distribuídas em animais
nio-III, coproporfitinogênio-III, proto- pela visão, odor e sabor do alimento. A e plantas.
porfirinogênio-IX, piotoporfirina-DÍ e fase gástrica é iniciada pela distensão do Proteínas de Bence-jones: Cadeia leve de
heme. estômago, pela entrada de alimenta. A imunoglobulina monoclonal encontrada
Potenciometria: Um processo eletroquí- fase intestinal inicia-se quando o ali- em algumas doenças neoplásicas e carac-
mico no qual a diferença de potencial mento, o r i u n d o do estômago e parcial- terizada por propriedades anormais de
entre u m eletrodo indicador e u m ele- mente digerido, entra n o duodeno. solubilidade; precipita-se quando aque-
trodo de referência (ou segundo eletrodo Produção Magra: Processo de qualidade cida entre 50°C e 60°C e se redissolve
indicador) é medida enquanto não é per- que se concentra na em criação de mais entre 90°C e 100°C; quando resfriada
m i t i d o fluxo de corrente na célula eletro- valor pela eliminação de atividades con- precipita-se e se redissolve novamente. E
química. sideradas desperdício. uma proteína característica encontrada
Precauções Universais: U m a abordagem P r o d u t o : Substância produzida pela conver-
na urina da maioria dos pacientes c o m
paTa o controle de infecções. D e acordo
são catalisada por enzima de u m subs-
com conceito das Precauções Universais, mieloma múltiplo.
trato.
todo sangue h u m a n o e certos fluidos Proteínas Plasmáticas: Proteínas presentes
Produtos Finais de Glicação Avançada
orgânicos humanos são tratados como se no sangue, incluindo proteínas transpor-
(AGE): Proteínas que foram modificadas
fossem infectados pelo H I V , HBV e tadoras, fibrinogênio e outros fatores de
irreversivelmente por ligação não enzimá-
outros patógenos hematogênicos. coagulação, componentes do comple-
tica da glicose; podem contribuir pata as
Precursores de Porfirinas: A I A e PBG, os mento, imunoglobulinas, inibidores de
complicações crônicas do diabetes.
intermediários biossintéticos, que são enzimas e muitas outras; a maioria
Prognóstico: U m a predição dos futuros
metabolizados a porfirinogênios e porfi- também é encontrada em outros fluidos
curso e conseqüência da doença do
rinas. corporais, mas em concentrações
paciente baseada nos indicadores atual-
Pré-Eclãmpsia: Hipertensão induzida pela menores.
mente conhecidos (p.ex., idade, sexo,
gravidez com aumento da proteína uriná- Proteômica: Identificação e quantificação
estágio do tumor, concentração do mar-
ria. de proteínas e suas modificações pós-
cador tumoral etc.)
Pressão Parcial: A fração da substância translacionais em u m dado sistema o u
Prolactina (PRL): H o r m ô n i o lactogênico
(mole) de gás multiplicada pela pressão sistemas. "Proteômica" também é utili-
sintetizado pela hipófise.
total; por exemplo, a pressão parcial de zado para indicar o tipo de alterações
P r o m o t o r ; Região reguladora do D N A ; os
oxigênio, P 0 2 l é a fração de gás oxigênio globais na expressão da proteína quando
promotores estão envolvidos no controle
multiplicada pela pressão barométrica.. visualizada mais comumente por eletro-
da taxa e do tempo da transcrição.
Primeri Oligonucleotídeo que serve para forese em gel bidimensional ou analisada
Propoxifeno: O p i ó i d e sintético amplamente
iniciar a adição catalisada por polimerase
por espectrometria de massa.
prescrito.
de dNTPs por anelamento à fita molde.
Protoporfirina: U m a porfirina com quatro
Procedimento de controle (Procedimento Prostaglandina: Qualquer grupo de com-
postos derivados de ácidos graxos insatu- cadeias laterais do tipo metil, duas do
C Q ) : Protocolo e materiais necessários
rados de 20 carbonos (principalmente tipo v i n i l e duas do tipo ácido propiônico
para u m analista avaliar se u m método
ácido araquidônico) por meio da via de ligadas ao suporte do tetrapirrol; o com-
está funcionando adequadamente e se os
ciclo oxigenas e. Estes compostos são plexo pr0t0p0rfirina-IX-ferT0, o heme, é
resultados dos exames do paciente podem
potentes mediadores de u m grupo diverso o grupo prostético da hemoglobina, dos
ser divulgados. E descrito pelo número
de processos fisiológicos. citocromos e de outras hemoproteínas.
de medidas de controle e pelos critérios
Proteína Conjugada: Proteína que contém Pseudogene: Elemento genético que não
de decisão (regras de controle) usados
. u m ou mais grupos prostéticos. resulta em u m produto gênico funcional,
para julgar a aceitabilidade dos resulta-
dos. Proteína G l o b u l a r : Proteína com morfolo- geralmente por causa das mutações acu-
P u r i n a : U m a base contendo dois anéis de Reação de Fase Aguda: Resposta do corpo Rejeições Falsas: O desempenho caracterís-
carbono e nitrogênio; a adenina e a a uma lesão ou inflamação, incluindo tico de u m procedimento de Q C que
guanina são purinas. febre, leucocitose e alterações de proteí- descreve o quão freqüentemente uma
Qualidade: Conformidade às exigências dos nas. série analítica é rejeitada quando n e n h u m
usuários ou clientes e a satisfação de suas Reação de Jaffe: Reação da creatinina com erro ocorre, exceto pela imprecisão ine-
necessidades e expectativas. o picrato alcalino para formar u m com- rente ao método.
Quantidade: A quantidade de substância (p. ponente colorido. Usada para medir a Relação Dos e-Resp os ta: A relação entre a
ex., a concentração da substância). creatinina. dose da droga administrada e a resposta
Q u i l o m í c r o n : Partícula da classe das lipo- Reação de O r d e m Zero: Reação na qual a do organismo à droga.
proteínas, responsável pelo transporte de velocidade da reação é independente da Renina: U m a enzima da classe das hidrola-
colesterol e triglicerídeos exógenos do concentração do reagente. ses que catalisa a clivagem da ligação
intestino delgado para os tecidos após as Reação de P r i m e i r a O r d e m : Reação na leucina-leucina no angiotensinogênio
refeições. U m quilomícron é uma partí- qual a velocidade de reação é proporcio- para gerar a angioterisina I.
cula esférica com u m núcleo de triglice- nal à concentração dc reagente. Reperfusão: Restauração do fluxo sanguí-
rídeos circundado por uma monocamada Reação de Tempo Fixo: U m a forma de neo para u m tecido; em discussões de
de fosfolipídios, colesterol e apolipopro- reação de dois pontos na qual as medidas síndromes coronárias agudas, refere-se ao
teínas. são feitas em tempos específicos (i.e., retorno do fluxo sanguíneo a uma área
Q u i m i o l u m i n e s c ê n c i a : Emissão de luz por "fixos"). Prefere-se esse método pata do coração irrigada pela artéria coroná-
moléculas nos estados excitados produzi- ensaios nos quais a velocidade da reação ria.
dos por uma reação química, como em é primeira ordem em relação à concen- Repetições Curtas em Série (STR):
vaga-lumes. tração inicial do substrato. Segmentos curtos de D N A (1-13 bases de
Q u i m i o t r i p s i n a : Serina protease originária Reação em Cadeia da Polimerase (PCR): comprimento) que se repetem de ponta
do pâncreas. Hidrolisa preferencialmente Método ín vitra de amplificação expo- a ponta; também conhecidos como
os peptídios que contêm Leu, Phe, Tyr ou nencial do D N A . micros satélites.
T r p e ligações ésteres. Receptor: Estrutura mo.ecular, dentro de Replicação: Reprodução do DNA das
Q u i r n o : A l i m e n t o que foi processado pelo uma célula ou na sua superfície, caracte- células-mães para as células-filhas durante
revolvimento do estômago e dos sucos rizada por (1) ligação seletiva de substân- a divisão celular; cópia das seqüências de
gástricos, mas que ainda não passou para cias específicas, (2) efeito fisiológico espe- DNA.
os intestinos. cifico que acompanha a ligação; são Resolução: N a cromatografia, uma medida
Radiação Infravermelha (IR): Região do exemplos receptores na superfície da do quão eficazmente dois picos adjacen-
espectro eletromagnética entre 770 e célula (para hormônios peptídicos, neu- tes estão separados.
12.000 nm. rotransmissores, antígenos, fragmentos Revisão Sistemática! Uma revisão metodo-
Radiação Ultravioleta: Região entre 180 a do complemento e imunoglobulinas) e lógica e abrangente de todas as informa-
390 n m do espectro eletromagnético. receptores intracelulares para hormônios ções publicadas e não publicadas sobre
Radioatividade: Decaimento espontâneo de esteroidais. u m assunto específico para responder
átomos (radionuclídeos) que produz Retração: Desvio oblíquo de u m raio de luz uma pergunta clínica precisamente defi-
radiação detectável. ou comprimento de onda em trajetória nida.
Radioproteção: Regulamentações e práticas linear, quando passa de um meio para R N A (Acido Ribonucléico): Uma substân-
para garantir que a radiação seja usada outro. cia biológica similar ao D N A exceto por
com segurança. Registro Clínico Eletrônico (EHR): Registro ser, principalmente, de fita simples,
Raio Gama: Fóton de alta energia emitido médico com base em computador. O conter ribose como a parte de açúcar, ter
como resultado de decaimento radioativo. E H R pode incluir dados hospitalares, u m grupo hidroxila extra e conter uracila
Rastreabilidade: "A propriedade do resultado dados de atendimento ambulatorial e em lugar de timina; existem diferentes
de uma medida ou do valor de u m padrão mesmo dados de entrada do paciente. tipos funcionais de R N A , incluindo
segundo a qual esses podem ser relaciona- Regras de Controle: Critério de decisão R N A mensageiro (mRNA), R N A ribos-
dos a referências estabelecidas, geralmente usado para interpretar os dados do con- sômico (rRNA) e R N A de transferência
padrões nacionais ou internacionais, por trole de qualidade (QC) e fazer u m julga- (tRNA).
uma cadeia ininterrupta de comparações, mento do estado de controle (p. ex., l 3 s Rotação dextro rrotatória o u (+): Rotação
todas possuindo incertezas indicadas" representando uma regra de controle sentido horário da luz polarizada por u m
[ISO], Isto é alcançado pelo estabeleci- onde uma sétie é julgada fora de controle estereoisômero (p. ex., D- ou [+]-metanfe-
mento de uma cadeia de calibrações que se uma medida de controle exceder a tamina).
leva aos padrões nacionais ou internacio- média mais ou menos 3 desvios- Rotação Levorrotatória ou (-): Rotação anti-
nais primários, de maneira ideal (por coe- padrão). hoTária da luz plana polarizada por um
rência a longo prazo), em unidades de Regras Multiplicas de Westgard: esteroisômero (p. ex., L- ou [-]-metanfeta-
medidas do S^sféme Internacional (SI). Procedimento que utiliza uma série de mina).
Razão entre Massa e Carga (m/zh Quan- regras de controle para testar as medidas SARA: Superfund Amendments and
tidade adimensional formada pela divisão de controle: uma regra li s é usada como Reauthonzation Act. O S A R A incorpo-
do numero de massa de u m íon pela sua u m aviso, seguida por 1^, 2^, R^,, 4is e rou o Comprehensive Environmental
carga. 10, usadas como regras de rejeição. Response, Compensation, and Liability
914 Glossário
Açu (CERCLA) em 17 de outubro de (com injúria mínima ao miocárdio) e ao pelo aumento da produção de andró-
1986. infarto do miocárdio (com extensa geno.
Saturação de Oxigênioi Fração (porcenta- necrose tecidual). Síndrome Ectópica: Produção de u m hor-
gem) de hemoglobina funcional que é Síndrome da Pós-Gastrectomia: Síndrome m ô n i o por tecido tumoral não-endócrino
saturada com oxigênio, abreviada com que sucede a cirurgia para doença ulce- que normalmente não produz o hormô-
so2. rosa péptica, que inclui a síndrome do nio (p. ex., produção de A D H pelo carci-
Secretina: H o r m ô n i o peptidico do trato gas- esvaziamento rápido, diarréia, má diges- noma de células pequenas do pulmão).
trointestinal (27 Tesiduos de aminoáci- tão, perda de peso, anemia, doença óssea Síndrome Nefrótica: N o m e genérico paia
dos), encontrado nas células da mucosa e câncer gástrico. u m grupo de doenças envolvendo os glo-
do duodeno. Estimula a secreção da bile, Síndrome da Secreção Inapropriada de mérulos defeituosos do rim, caracteri-
da pepsina e pancreática e inibe a secre- Hormônio Antidiurético (SIADH)i zado por proteinúria e lipidúria maciças
ção ácida gástrica. Considerável homolo- Condição na qual a secreção inapro- com graus variáveis de edema, hipoalbu-
gia com o GIP, peptídeo intestinal vaio- priada de h o r m ô n i o antidiurético produz minemia e hiperlipidemia.
ativo, e glucagon. hiponatremia, hipovolemia e elevada Sistema C r o m a f i m : Células do corpo que
S E L D I : A c r ô n i m o de Dessorcão/Ionizacão osmolaridade urinária. se coram com sais de cromo.
a Lase-r Realçado de Superfície. Síndrome de D o w n : Distúrbio genético Sistema de Gerenciamento de Dados
Seletividade e / o u Especificidade (Analítica): caracterizado pela presença de três cópias (DBMS): U m programa de computador
Na química analítica, o grau em que um do cromossomo 21 (trissomia do 21) em projetado para criar e manter grandes
método responde, exclusivamente, a um coleções de informação.
vez de duas cópias normais.
analito definido. Sistema He Informação Hospitalar (HIS):
Síndrome de Reye: Doença súbita, algumas
Sensibilidade (Clinica): Proporção de indi- Sistema de funções computadorizadas
vezes fatal, que afeta múltiplos órgãos,
víduos com doença que apresentam que gerencia o atendimento do paciente
mas mais notavelmente o cérebro (ence-
resultados positivos. dentro do hospital.
falopatia) e fígado. Ocorre em enanças
Sensor! Dispositivo que recebe e responde a Sistema de Informação Laboratorial (LIS):
(maioria entre 4 e 12 anos de idade) apôs
u m sinal ou estímulo. Existem muitos Sistema de funções computadorizadas
infecção virai (varicela ou tipo de
exemplos na vida, incluindo os recepto- para o gerenciamento das operações labo-
influenza), associada à ingestão de aspi-
res da língua, orelha etc. Uma enzima é ratoriais e comunicação dos resultados
rina.
usada como u m sensor conectado a u m de testes laboratoriais.
Síndrome de Zollinger-Ellison (Z-E): Con-
transdutor na construção de u m bios sen- Sistema Endócrino: O sistema de glândulas
dição resultante de u m tumor das células
sor. que libera suas secreções (hormônios)
das ilhotas pancreáticas, produtor de gas-
Scqüenciamento: Método para determinar diretamente no sistema circulatório.
trina (gastrinoma), que resulta na hiper-
a identidade e ordem exata das bases em A l é m das glândulas endócrinas, estão
produção de ácido gástrico, levando à
uma molécula de D N A o u R N A , ou incluídos o sistema cromafim e o sistema
ulceração do esôfago, estômago, duodeno
parte (sequenciamento de ácido nucléico), neurossecretor.
e jejuno, causando hipergastrinemia,
ou a ordem de aminoácidos em uma pro- Sistema Hipotálamo-Hipofisário: Sistema
diarréia e esteatorréia.
teína (seqüenciamento de proteína). de neurônios, feixes fibrosos, tecido
Síndrome do Desconforto Respiratório:
Serotonina (5-Hidroxitriptamina): Um endócrino e vasos sanguíneos responsá-
Doença de recém-nascidos prematuros,
vasoconstritor monoamínico sintetizado vel pela produção e liberação dos hormô-
causada por deficiência de surfactante
pelas células enterocromafins intestinais nios hipofisários na circulação sistê-
ou em neurônios centrais ou periféricos; pulmonar.
mica.
encontrada em altas concentrações em Síndrome do Doente Eutireoidiano:
Sistema Internacional de Unidades (Slj:
vários tecidos do corpo, incluindo a Condição clínica que cursa com concen-
U m sistema de medidas adotado interna-
mucosa intestinal, corpo pineaí e sistema trações anormais de h o r m ô n i o tireoi- cionalmente. As unidades do sistema são
nervoso central. diano e h o r m ô n i o estimulante da tire- chamadas unidades SI.
Síndrome Carcinóide: Um complexo óide presente nos doentes gravemente Sistema M é t r i c o : Sistema de pesos e medidas
sistema associado aos tumores carcinói- enfermos, face a uma função tireoidiana baseado no metro como unidade padrão
des e caracterizado por crises de rubor normal. Frequentemente simula um de comprimento.
cianótico da pele — com duração de . quadro de hipotireoidismo em pacientes Sistema Operacional (OS): U m programa
minutos a dias — e por evacuações diar- eutireoidianos que tenham outras de computador mestre que controla as
réicas aquosas, crises broncoconstritivas, doenças, como diabetes metlítus o u cirrose funçõesbásicas do computador, incluindo
quedas abruptas da pressão sanguínea, hepática. dispositivos terminais de imagens, res-
edema e ascite. Os sintomas são provoca- Síndrome do Esvaziamento Rápido: Após posta ao teclado e ao moiüe, gerencia-
dos pela secreção tumoral de serotonina, cirurgia gástrica, o quimo hiperosmolar é mento de arquivos e controle de progra-
prostaglandinas e outras substâncias bio- "esvaziado" no intestino delgado, cau- mas.
logicamente ativas. sando hipovolemia rápida e hemocon- Samatomedinai Fator de crescimento seme-
Síndrome Coronariana A g u d a (ACS): U m centração. lhante à insulina I. Originalmente, qual-
distúrbio cardíaco que varia de angina Síndrome do Ovário Policístico (PCOS): quer peptídeo produzido no fígado e
(dor no peito por esforço físico com lesão U m a condição feminina que se caracte- relacionado em resposta ao h o r m ô n i o de
ao tecido reversível) a angina instável riza por múltiplos folículos ovarianos e crescimento (somatotrofina) que medeia
Glossário 915
o estímulo d o crescimento induzido por pequenas substâncias como creatinina e Teste de T r i a g e m : Exame inicial, como u m
h o r m ô n i o d o crescimento. uréia são filtradas através dos glomérulos imunoensaio o u T L C , que é usado para
Sonda: A c i d o nucléico usado para identifi- renais. E uma medida da quantidade de "triar" amostras de u r i n a para eliminar
car u m alvo por hibridização. néfrons ativos. as "negativas" das considerações adicio-
Soro: L í q u i d o claro que se separa d o sangue Taxa de P r o d u ç ã o de A m o s t r a : A veloci- nais e identificar as amostras presumivel-
na coagulação. dade na qual u m sistema analítico pro- mente positivas, que então requerem
Southern B l o t : U m m é t o d o para detectar cessa as amostras. teste de confirmação.
variantes da seqüência de D N A que T é c n i c a de I m u n o e n s a i o M u l t i p l i c a d o p o r Teste Judicial de C o n s u m o d e Drogas:
envolve digestão do D N A , c o m u m a ou E n z i m a ( E M I T ) : U m imunoensaio de Aplicação de testes de verificação de
mais enzimas de restrição, e separação não-separação baseado na marcação da consumo de drogas em questões legais.
dos fragmentos de D N A resultantes por enzima. Teste: N o laboratório de análises clínicas,
eletroforese. Após separação, o D N A é Tecnologia da I n f o r m a ç ã o (IT): U m assunto u m teste é u m procedimento qualitativo,
transferido (por "blotting" - transferência amplo relacionado com tecnologia e semiqualitarivo, quantitativo ou semi-
por absorção) d o gel de eletroforese para outros aspectos d o gerenciamento e pro- quantitativo, para detectar a presença o u
u m suporte sólido (tal como papel) e os cessamento de informações. Os profissio- m e d i r a quantidade de u m analito e m
fragmentos de interesse são identificados nais da computação são muitas vezes u m espécime.
por hibridização com uma sonda chamados de especialistas em IT, e a Teste-Indice: Nos estudos de acurácia diag-
marcada. Southern bíots detectam varian- divisão de u m a empresa ou universidade
nostica, o " n o v o " teste o u o teste de inte-
tes de seqüência que produzem u m a alte- que lida com a tecnologia de softwares ê
resse.
ração na distância entre sítios de restrição geralmente chamada de departamento
Testes Respiratórios: Testes que detectam os
e, p o r t a n t o , p r o d u z e m u m a alteração dos de IT.
produtos do metabolismo bacteriano n o
tamanhos dos fragmentos. Sout/iem blots T e l ô m e r o : A seqüência de D N A na extremi-
intestino ou os produtos do metabolismo
p o d e m detectar alterações pequenas n o dade de u m cromossomo; os telõmeros
h u m a n o , pela mensuração, mais comu-
DNA, alterações estas que afetam os c o n t ê m seqüências de nucleotídeo repe-
mente, de C O ? e H? na respiração.
sítios que as enzimas de restrição cortam, titivas que protegem as extremidades dos
T i r a : Matriz porosa que c o n t é m u m a região
p o d e n d o t a m b é m detectar inserções e cromossomos da recombinação com
na qual u m anticorpo marcado é seco na
deleções grandes e alguns rearranjos de outros cromossomos.
matriz e outra à qual u m a n t i c o r p o está
seqüências de D N A . Testagem Centralizada: U m m o d o de testa-
quimicamente ligado. Q u a n d o a amostra
S T A R D : D o inglês Standards for J^eporting gem n o qual as amostras são transporta-
é adicionada à primeira região, o analito
o f .Qiagnostic Accuracy - Padrões para das para uma unidade central, ou
de interesse se liga ao anticorpo, agora na
Relato de Acurácia Diagnostica, um "núcleo", de análise.
solução, e se move ao longo da fita,
projeto delineado para melhorar a quali- Testagem L a b o r a t o r i a l R e m o t a ( P O C T ) :
ligando-se ao segundo anticorpo. A pre-
dade dos relatos dos resultados dos U m sistema de testagem e m que a análise
sença desse p r i m e i r o a n t i c o r p o retido na
estudos de acurácia diagnostica. é realizada n o local onde a assistência
segunda região indica que o antígeno
Substrato: Regente em u m a reação catali- médica é fornecida; t a m b é m conhecido
contra o qual os anticorpos foram esti-
sada. c o m o teste à cabeceira, próximo ao paciente,
mulados está presente na amostra.
S u p e r f u n d : U r n programa do governo dos descentralizado e fora do laboratório. O
Tireoglobulina: Uma glicoproteína que
E U A criado para limpar locais c o m resí- exame ao leito geralmente é realizado
contém iodo de alto peso molecular (663
duos perigosos sem controle n o país. c o m u m aparelho portátil, e a amostra
kDa) presente n o colóide dos folículos da
C o m o programa Superfund, são elimi- não processada é coletada imediatamente
tireóide.
nados os resíduos perigosos abandona- antes d o teste.
T i r e o i d i t e : Inflamação da glândula tireóide.
dos, acidentalmente derramados ou des- Teste de C o n f i r m a ç ã o ; U m segundo proce-
carregados ilegalmente, e que configuram d i m e n t o analítico usado para identificar Característica da doença de H a s h i m o t o ,
u m a ameaça atual ou futura à saúde a presença de u m fármaco o u metabólito u m a doença auto-imune que causa des-
hemolíticas hereditárias que apresentam p i o químico diferentes daqueles do teste zado e liberado pela tireóide; c o n t é m
Toxíndrome: Síndrome causada por uma Tripslna: Serina endopeptidase que catalisa Validação: (na pesquisa) o grau até o qual
concentração perigosa de toxinas no a clivagem de ligações peptídicas na u m exame ou estudo mede o que ele se
organismo. porção carboxila de uma arginina ou propõe a medir.
Traduçãoi O processo pelo qual uma seqüên- lisina. Valor de Referência: Valor obtido pela
cia do R N A mensageiro (mRNA) dire- Trombólíse: Destruição ("dissolução") de observação ou mensuração de um tipo
ciona a formação de u m peptídio com a u m trombo (coágulo), quase sempre após particular de quantidade em u m indiví-
seqüência de aminoácidos desejada; a injeção de uma droga como estreptoqui- duo referência.
tradução também envolve os RNAs de nase ou ativador de plasminogênio teci- Variáveis Pré-Analíticas: Fatores que afetam
transferência (tRNAs), que reconhecem dual (TPA). as amostras antes de serem realizados os
os códons trijjlfit no m R N A e carregam o T u m o r Careínóide: U m tumor amarelado, exames; são classificadas como controlá-
aminoácido correspondente; a tradução circunscrito, originado das células entero veis e não controláveis,
ocorre nos ribossomos e necessita de cromafins, geralmente no intestino Varizes: Veias, artérias ou vasos linfáticos
enzimas e outros fatores. delgado, apêndice, estomago ou cólon, e aumentados e tortuosos.
Transaminase: Subclasse de enzimas da menos comumente no brônquio; Vasopressina: Hormônio peptidico —
classe das transferases que catalisa a trans- algumas vezes usado isoladamente para também conhecido como hormônio
ferência de u m grupo amino de u m se referir ao tumor gastrointestinal antidiurético ( A D H ) — sintetizado no
doador (geralmente um aminoácido) (também denominado argentafinoma).. hipotálamo, mas liberado a partir da
ácido). E m sua maioria, essas enzimas são causada p o i partículas em suspensão que Veneno: Substância que, quando ingerida,
proteínas piridoxal fosfato. A alanina dispersam luz; a quantidade de luz dis- inalada, absorvida, aplicada, injetada ou
persa está relacionada de maneira com- produzida dentro do corpo, em quanti-
transaminase e a aspartato transaminase
plexa com a concentração, tamanhos e dades relativamente pequenas, apresenta
são transaminases que são medidas com
formas das partículas. ação química que pode causar dano
freqüência nos laboratórios de análises
Turbidimetria: A medição de turbidez; estrutural ou distúrbio de função, produ-
clínicas.
geralmente executada em instrumento zindo sintomas, doença ou morte.
Transcrição; Processo de transferência de
(espectrofotômetro ou fotómetro) que V e n o p u n t u r a : Processo envolvido na nhren-
informação da seqüência de regiões
mede a razão entre a intensidade de luz ção de amostra de sangue da veia do
gênicas do D N A para uma mensagem de
transmitida por dispersão e a intensidade paciente.
R N A ; fazer uma "cópia" de R N A do
de luz incidente. Viéss Erro sistemático n a coleta OU na inter-
DNA.
U n i d a d e Internacional: A quantidade de pretação dos dados, superestimado ou
Transcriptase Reversai Polimerase que cata-
enzima que catalisa a conversão de u m subestimado, ou outra forma de desvio
lisa a síntese de D N A a partir de u m
m i c r o m o l de substrato por minuto sob dos resultados ou das inferências a partir
molde de R N A ; a enzima que faz uma
condições especificas do método de da verdade. O viés pode resultar de falhas
"cópia" de D N A do R N A ; contrasta com
ensaio. sistemáticas na elaboração do estudo, na
a transcrição.
Unidade-Dose de Reagente: Reagente emba- mensuração, na coleta de dados ou
T r a n s d u t o n Substância ou dispositivo que
lado de modo que apenas uma embala- análise ou na interpretação dos resulta-
converte entrada de energia em uma
gem seja usada por ensaio. dos.
forma, em produção de energia de outra
Uréia: Principal metabólito nitrogenado do Virilização: Indução ou desenvolvimento das
forma. São exemplos o cristal piezoeléc-
catabolismo protéíco n o homem. características sexuais secundárias masculi-
trico, o microfone e a célula fotoelétrica.
U r e m i a : Excesso de uréia, de creatinina e de nas; especialmente a indução de tais altera-
A combinação de u m sensor e um trans-
outros nitrogenados e produtos do meta- ções no sexo feminino, incluindo o
dutor deve levar a u m produto que pode bolismo de proteína e aminoácido n o aumento do ditóris, crescimento de pêlos
ser "lido" por humanos- sangue; mais corretamente chamada de faciais e corporais, desenvolvimento de
Transferrina: Betaglobulina que transporta azotemia. uma linha de implantação capilar tipica-
ferro no sangue. Urobilinogênios Componente incolor for- mente masculina, estimulação da secreção
Triglicerídeo! U m composto orgânico que mado n o intestino pela redução da bilir- e proliferação das glândulas sebáceas (fre-
consiste em até três moléculas de ácidos rubina. quentemente provocando acne), e redução
giaxos esterificados ao glicerol. U r o p o r f m n a : Porfirina com quatro cadeias da tonalidade da voz.
T r i i o d o t i r o n i n a (T 3 ): A forma biológica laterais de ácido acético e quatro de ácido V i t â m e r o i Termo usado para descrever qual
ativa de hormônio tireoidiano produzida propriôníco, ligadas ao suporte de tetra- quer u m dos diversos compostos que
primariamente fora da tireóide pela pirrol. possuem uma dada atividade vitamí-
desiodinação da tiroxina (T 4 ). Tem três Validação Externa: O grau até o qual os nica.
moléculas de iodo ligadas à sua estrutura resultados de u m estudo podem ser gene- V i t a m i n a D i Vitamina lípossolúvel produ-
molecular (L-3,5,3'-triiodotironina). O ralizados para a população como definido zida pela pele após exposição à luz solar
T 3 reverso é u m metabólito biologica- pelos critérios de inclusão do estudo. ou proveniente de alimentos que a con-
mente inerte da tiroxina (T+), com três Validação Internas O grau até o qual se pode tenham (óleos de peixe, ovos, gema de
moléculas de iodo anexadas à sua estru- confiar nos resultados de u m estudo para ovo, fígado) e de suplementos alimenta-
tura molecular (L-3,3',5'- triiodotiro- a amostra de pessoas que estão sendo res com vitamina D (tais como o leite nos
nina).. estudadas. Estados Unidos). A sua deficiência causa
Glossário 917
raquitismo nas crianças e osteomalácia para uma membrana e detecção com Zinco-Protoporfirina (ZPP): U m subpro-
nos adultos. anticorpo marcado. duto normal, mas de menor importân-
Vitamina; Micronutriente orgânico essencial Wicíc Fiou; (Fluxo por Capilaridade)! cia, da biossintese do heme, encontrado
que deve ser suplementado por via exógena Movimento da água dos reservatórios de nos eritrócitos; quando o Fe(II) disponí-
tampão em direção ao centro de um gel vel é insuficiente para a biossintese do
e em muitos casos é o precursor de uma
ou fita de eletroforese para reposição da heme, mais ZPP é formado.
coenzima derivada metabolicamente.
água perdida pela evaporação. Zona Fasciculada: Camada média espessa
Voltametria: U m processo eletroqulmico
World Wide Weh-. U m a rede de servidores do córtex adrenal que contém células
que envolve a medida de corrente da
na Internet que permite aos usuários de grandes carregadas de lipídios. È a prin-
célula como uma função de potencial,
computador navegarem entre documen- cipal fonte de glicocorticóides.
quando o potencial do eletrodo de traba-
tos usando interfaces gráficas e ligações Zona Glomerulosai Camada externa fma do
lho versus o eletrodo de referência varia hipertexto (links) córtex adrenal. E a fonte de aldosterona.
em função do tempo. Xenobióticos: Substâncias químicas estranhas Zona Reticular: Camada interna do córtex
Western B l o t t i t i g : Ensaio baseado em mem- ao sistema biológico. Incluem os com- adrenal. Suas células se assemelham às da
brana n o qual as proteínas são separadas postos natural, drogas, toxinas ambientais, zona fasciculada exceto por conterem
por eletroforese, seguida da transferência carcinógenos, inseticidas etr. menos lipídios.
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