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O BELO

EM SI

JOANA BARROS CRUZ


Nº 13294
ESTÉTICA I
DESIGN DE COMUNICAÇÃO
FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
FACULDADE DE BELAS-ARTES DA UNIVERSIDADE DE LISBOA
ANO LETIVO 2020-2021
Estética I

Joana Cruz

Nº 13294

ÍNDICE
1. Introdução
2. Hípias Maior
3. Fedro
4. Conclusão
5. Bibliografia

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Estética I

Joana Cruz

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INTRODUÇÃO
Neste trabalho, define como foco principal procurar e investigar a constante busca
pelo verdadeiro conceito do Belo em si. Como material de estudo e de referência,
centralizei-me maioritariamente em diferentes obras de Platão, fazendo também
referência a outras obras como “Odisseia” de Homero, que para além de ser um
autor muito abordado por Platão, por exemplo, no Íon, a sua obra serviu-me
também como um bom objeto de estudo para exemplificar alguns dos argumentos
estudados no trabalho, e outros autores, como Aristóteles, que apesar do seu
trabalho não se focar na procura da definição do Belo, a sua perspetiva em relação
à beleza traz outros pensamentos e reflexões pertinentes para o estudo deste
conceito.
Antes de começar o estudo aprofundado sobre o Belo em si e fazendo uma breve
introdução à estética, procurei responder à questão, “O que é a Estética?”. Numa
primeira reflexão, a estética pode ser vista apenas como algo que nos é agradável
de observar, algo prazeroso, mas na verdade é muito mais isso. A estética analisa
diferentes reflexões filosóficas em relação não só o Belo, como também a todas as
distintas artes do mundo, e os conceitos por detrás delas.

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HÍPIAS MAIOR
Neste livro, Sócrates começa por meter em jogo, a questão central do diálogo,
propondo a Hípias responder à questão, “O que é o Belo”.
Num primeiro momento, Hípias começa por destacar a insignificância da
pergunta, desvalorizando a sua relevância. Procede por cometer o erro de não
diferenciar o conceito de belo e o exemplo de algo belo, ao propor que “o belo é
uma bela rapariga”. O método de avaliação onde Hípias procura definir o Belo não
é fiável, pois ao lado de uma deusa, uma bela jovem deixa de ser bela, continuando
em falta algo que seja o Belo em si.
Numa segunda tentativa, Hípias começa por afirmar que “o belo é o ouro”, mas
esta ideia é rapidamente desconsiderada visto que uma colher de pau por ser
mais indicada e apropriada para fazer um belo puré, é mais bela do que uma
colher de ouro, sendo lançado assim um dos termos/conceitos que mais vai ser
associado e comparado com o Belo, o Útil. Hípias sugere ainda uma última ideia
onde o Belo seria a “vida ideal”, na riqueza, na saúde e no prestígio.
Depois de serem discutidas as diferentes propostas e ideias de Hípias em relação
ao Belo, é a vez de Sócrates debater as suas teorias e reflexões sobre este conceito,
fazendo-o de forma precisa e complexa.
Sócrates começa por relembrar o termo abordado por Hípias, o apropriado/útil,
“Poderá o apropriado ser esse tal eidos que era o objeto de procura?” e de seguida
questiona, “O apropriado é aquilo que faz as coisas parecerem ou serem belas?”.

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Por um lado, parecer, pois ao veremos uma pessoa que por mais feia que seja,
bem vestida e calçada, nos parece mais bonita. Mas Sócrates rebate esta tentativa
ao afirmar que nem tudo o que é belo o parece aos olhos de todos. Após o pedido
de Hípias de tréguas, Sócrates propõe que o Belo é o Útil. Sendo um belo atleta,
considerado belo devido à sua aptidão para atingir algo, ou seja, meio para atingir
um fim (utilidade). No âmbito de validar a coerência e veracidade da sua
afirmação, Sócrates reconhece a neutralidade da utilidade, no sentido em que
pode ser utilizada para uma finalidade má, não admissível, “O que é o belo não
seja bom” e “O que é bom não seja belo”, sendo abordado um dos conceitos que
vai ser seguidamente relacionado e comparado com o Belo, Belo/Bem. Sócrates
segue ao questionar, “O belo é o agente ou a causa do bem?”, resultando na
conclusão de que o Belo/Bem são conceitos distintos.
Outra qualidade associada e apresentada para contribuir para a definição do Belo
é o agradável, partindo do pressuposto de que o Belo é algo que causa prazer ao
olhar e/ou ao ouvido. Mais uma vez salientando a distinção entre o Belo e o Bem,
se o Belo é algo agradável/prazeroso, então todos os prazeres, incluindo os mais
feios como os do Amor seriam considerados belos, não sendo assim a
característica agradável suficiente para definir o Belo, existindo a necessidade de
encontrar um outro atributo mais específico que permita definir o Belo,
pertencendo a ambos e a cada um. Sócrates não o compreende assim, indicando a
impossibilidade de existirem em cada um, mesmo que existam em ambos,
demonstrando assim a ambiguidade entre estes dois termos.
Após este extenso debate remetente ao esclarecimento do Belo, Sócrates conclui
apenas que “O belo é difícil”.

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FEDRO
No livro Fedro, Platão explora as semelhanças e contrastes entre o Belo e o Amor,
na tentativa de mais uma vez encontrar a verdadeira definição do Belo em si.
Platão começa por apresentar o tema da loucura do amor/ do apaixonado, onde o
amor é visto como um delírio que torna todos os apaixonados/amantes escravos
dessa paixão, dessa força desesperada, sendo incapazes de serem racionais e
sensatos. Mas por outro lado essa mania/delírio são uma virtude puramente bela,
fonte de inspiração de muitos feitos e características dos deuses, capaz de criar a
arte delirante, sendo considerada o símbolo do conhecimento e sabedoria.
É abordado também outra espécie de loucura, a loucura inspirada pelas Musas,
sendo que sem esse entusiasmo maior, a poesia não passava de uma habilidade
sem poder ou significado, com essa mania a poesia torna-se uma arte delirante,
citando um excerto do livro, “Seja quem for que, sem a loucura das Musas, se
apresente nas umbrais da Poesia, na convicção de que basta a habilidade para
fazer o poeta, esse não passará de um poeta frustrado, e será ofuscado pela arte
poética que jorra daquele a quem a loucura possui.” Sendo que o poeta, como é
concluído por Sócrates no Íon, ou é um ignorante ou um deus divino,
assemelhando-se assim a essa mesma dicotomia presente no conceito de
delírio/loucura, por lado uma vergonha/âncora e por outro uma virtude que os
destaca dos restantes, associando-se aos deuses.

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Como falei anteriormente e como é muito falado não só na escrita de Platão, mas
também em muitas outras obras de grande relevância literária, os
deuses/divindades são vistos como um Ideal inatingível, tentando os humanos
imitar o seu carácter ao máximo. Sendo uma das suas principais característica a
sua Beleza, o Belo é aqui explorado então não como qualidade moral, mas como
uma característica mitológica, especialmente das deusas, da figura feminina. Os
humanos procuram nos seus amantes qualidades o mais próximas possíveis dos
deuses, por exemplo, em obras como Odisseia de Homero, no canto V, podemos
ver como Odisseu, apesar de se recusar e tentar resistir a Beleza pura de Calipso,
admite que nunca sua mulher Penélope seria tão bela como uma deusa como
Calipso, rendendo se e envolvendo-se com Calipso.
Mais uma vez tentando se assemelhar ao máximo aos deuses, a procriação dos
filhos e a criação de gerações familiarizares são vistas como uma aproximação ao
valor mais desejado pelos humanos, imortalidade, sendo assim mais uma
demonstração de como o Belo e o Amor se relacionam.

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CONCLUSÃO
Após estudar então os pensamentos e ideias de Platão, no âmbito de definir o Belo em si,
tornou-se clara a dificuldade e ambiguidade entre as diferentes perspetivas ao
caracterizá-lo. Apesar de Aristóteles não se focar em determinar a essência do Belo, a sua
poesia teve uma grande influência não só no estudo deste conceito em si, mas na estética
toda em si.
Na perspetiva de Aristóteles, uma obra só pode ser considerada bela se for capaz de
promover a catarse (clarificação/purificação das emoções), defendendo, ao contrário de
Platão, a vivencia das emoções. Para Aristóteles, a beleza não é apenas algo que nos causa
prazer ou algo que é agradável ao olhar, a beleza é Harmonia, Grandeza e Proporção, ou
seja, tem que existir uma coerência entre as diferentes partes do objeto, relacionando-se
de forma harmoniosa. Para alem disso, o Belo exige uma outra qualidade de
imponência/influência.
Ao contrário de Platão, Aristóteles acredita que o Belo não existe desprovido do Feio,
trazendo à estética uma nova reflexão sobre a relação que estes dois conceitos
apresentam. Um bom exemplo das mais conhecidas manifestações do Feio como Belo, é a
“Fonte” de Marcel Duchamp, que ao exibir um urinol num museu, demonstra a sua
relevância, de uma forma chocante e provocatória, sendo realçada assim a sua grandeza
que a torna uma obra bela, apesar de a um primeiro olhar não o parecer.
Concluindo, o Belo continua a ser um dos mais enigmas da estética, e mesmo apesar de
tantas teorias e ideias estudadas e exploradas em relação à sua definição, continua a ser
uma incógnita.

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BIBLIOGRAFIA
ARISTÓTELES– Poética. Lisboa: Imprensa Nacional
Casa da Moeda, 2016.
HOMERO- Odisseia. Quetzal Editores, 2018.
PLATÃO- Fedro. Lisboa: Edições 70, 2009.
PLATÃO- Hípias Maior. Lisboa: Edições 70, 2000.
PLATÃO– Íon. Lisboa: Editorial Inquérito, 1988.

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