FICHAMENTO DISSERTATIVO DO LIVRO: Diálogos de Platão; Hípias Maior «
Hípias Menor É de conhecimento geral o termo “relativo” aplicado a debates e discussões voltadas a filosofia em temas musicais seja frequentemente usado. Em específico, é muito recorrente o termo “belo” em boa parte dessas discussões, seja direta ou indiretamente utilizado. No livro: Diálogos de Platão; Hípias Maior « Hípias Menor, há um trecho que diz: “Na sua tentativa de atingir a essência do que é belo, o sofista pondera que o ouro tem a capacidade de tornar as coisas belas, mesmo as feias, quando são adornadas com esse elemento. Sócrates refuta a tese de Hipias, mostrando que existe outra matéria utilizada na escultura, o marfim, capaz de deixar os artefatos adornados com ele igualmente belos. Para complicar a obviedade da assertiva de Hipias, Sócrates conjectura se, ao invés de marfim, caso fosse utilizada uma pedra semelhante ao marfim no prodígio de uma escultura, tais objetos poderiam ser considerados realmente belos.” P.48 No trecho podemos ver que os pontos apontados por Sócrates do que é “belo” vai muito além dos pontos colocados por Hípias. Vejamos, ao descrever que o ouro tem a capacidade de “embelezar” as coisas mesmo que as mesmas sejam “feias” na tentativa de atingir ou chegar próximo da definição de belo, Sócrates refuta todo o embasamento com outros elementos além do ouro que possuem semelhantes características de “belo”. De maneira análoga, é muito recorrente que na sociedade moderna ocorram inúmeras situações semelhantes, sejam aplicadas ao consumismo ou padrão imposto pela sociedade em relação ao belo. Ao usar o exemplo de “...caso fosse utilizada uma pedra semelhante ao marfim no prodígio de uma escultura, tais objetos poderiam ser considerados realmente belos.”, Sócrates deixa claro que a relatividade presente no conceito de belo é o que torna algo belo ou não. Ainda sobre o conceito de belo no contexto de Sócrates, “...levando à conclusão de que o belo não pode ser determinado como aquilo que é útil, vantajoso ou bom.”, para ele, a utilidade é de deveras importância para algo que se julga apenas belo, pois, há uma diferença entre o que é belo e o que é O belo. Ao perguntar para uma criança a diferença, de imediato a resposta dela será apenas uma só, ademais, ao indagar a diferença e faze-las pensar, em maioria, cada criança terá uma definição do que é O belo e o que é belo, pois, os conceitos farão as mesmas lembrarem de coisas diferentes se separados. Há um trecho do livro que aborda melhor a questão da diferença entre O que é e “O”: “O impasse é quebrado quando Hipias sustenta não observar nenhuma diferença entre dizer o que é belo e o que é o belo, prometendo responder à questão de modo a não ser refutado pelo anônimo. Contudo, o sofista apresenta não a ideia do belo, mas sua apreciação acerca de coisas que considera belas.” P.46 O exemplo de perguntar as duas definições para uma criança é justamente a vasta oportunidade de se aprender algo novo, pois, as crianças costumam observar muito e consequentemente, perguntar. Se elas se perguntam o que é o belo, talvez lembrem de padrões ou coisas impostas por outras pessoas como “um lugar cheio de rosas” ou “uma pessoa de longos cabelos de cor castanho”, ademais, haverá uma diferença quando chegar no “o que é belo?”, muitos irão citar coisas menos complexas como “o meu brinquedo novo” ou “uma roupa de determinada marca” ou um simples novo aparelho/brinquedo infantil. Todo esse gancho para chegarmos ao pondo de que o belo é totalmente relativo, sendo útil ou não, é um aspecto que abrange muitas opiniões e visões de diferentes idades e tipos. Para mim, enquanto discente em música e questionado pelo que é belo em relação a música, os conceitos mais atuais de músicas populares como POP, KPOP ou INDIE são os que me passam a mente, pois, admiro todo o trabalho de fundo atrelado a essas produções como arranjos que fazem referencia o tempo todo aos grandes sucessos do passado e a forma genial de ligarem um ao outro sem que cada um perca a sua identidade, tornando assim, tudo atrativo. Ainda enquanto discente em música, ao ser questionado pelo que seria “O belo”, definitivamente me vem a mente as músicas clássicas que eram populares entre a nobreza, a sensação que acompanha tal lembrança é exatamente o fictício histórico de nobreza e música voltados exclusivamente a apreciação, com grandes arranjos e complexas formações de harmonia. O belo, para mim, voltado a música está totalmente ligado a sensação do momento em que estamos inseridos, seja por influência do ambiente e círculo de amigos ou por influência do momento em nossa vida. É indescritível a sensação prazerosa e relativamente preocupante de ouvir uma música de ritmo e letra triste em um dia triste, pois, é como se parte dessa tristeza fosse transformada naquele momento em uma companhia musical que está existindo exclusivamente para lhe trazer conforto mesmo que também triste. Num contexto geral e pessoal onde o belo é tudo aquilo que me faz sentir atraído apenas por ser “belo”, não passa apenas dessa descrição, entretanto, ao contextualizar o belo e dar-lhe uma utilidade como “é belo e me serve para determinada função”, o termo ganha um maior destaque e importância para mim, seja no contexto consumidor ou no contexto de apreciador. Enquanto ao belo ser útil, o livro possui um trecho que diz: “argumento estrategicamente armado por Sócrates visa mostrar que, apesar de a ideia de bem encontrar-se associada à de belo, ambos diferem um do outro - nem o belo pode ser considerado bom nem o bom considerado belo, pois “nem a causa é efeito, nem o efeito, causa” (Platão, Hípias Maior, 297c), levando à conclusão de que o belo não pode ser determinado como aquilo que é útil, vantajoso ou bom.” P.52” É evidente que atrelar a imagem de algo belo ao útil é completamente errônea, uma vez que se levarmos em consideração que tudo aquilo que é bonito também deverá ser belo, não existiria a beleza. Não que algo belo e útil não possa existir, porém, é escasso e exceção. Como um exemplo mais prático e direto, podemos utilizar a borda dourada de um anel, é algo útil? Definitivamente não há chances de alguém necessariamente utilizar disso para viver ou para algum beneficio de saúde, porém, traz para alguns o conceito de beleza, elegância e poder. Uma simples tomada, mesmo que suja ou enferrujada, funcional, mas visualmente prejudicada é algo útil? Sim! A necessidade de ter luz em determinados ambientes é mais importante que um simples interruptor que faz parte apenas do mecanismo do ambiente. Trazendo mais uma vez a ótica de uma criança aplicada ao belo e útil, podemos analisar que o conceito de beleza e funcionalidade/utilidade só começa a ser usado a partir do momento em que uma criança é instigada a fazer a diferenciação dos mesmos, pois, para ela até aquele momento apenas a funcionalidade é o que de fato importa. O Hípias passeia por diversos momentos sobre os questionamentos em relação a beleza, ademais, deixa para todos a reflexão principal que está totalmente atrelada a relatividade que as coisas possuem, sejam elas visões ou contextos específicos de algo, é de extrema importância que as análises de trechos do livro sejam bem exploradas para que haja uma compreensão da palavra e significado “relativo”.
“Jamais aparecerá feio a ninguém de modo algum” (HM, 291b)