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Química Orgânica
Química Orgânica
Outras obras
Química Orgânica – Vol. 2 Fundamentos da Química Analítica –
Tradução da 7ª edição norte-americana tradução da 8ª edição norte-americana
Skoog, West, Holler, Crouch
Este livro, editado em dois volumes e em uma versão combo, escrito de forma Bioquímica – Combo
clara e legível, tem como preocupação básica mostrar a beleza e a lógica da Mary K. Campbell e Shawn O. Farrell
química orgânica, tornando um assunto considerado complexo algo simples
de ser entendido pelos leitores.
Química Geral Aplicada à Engenharia
Lawrence S. Brown e Thomas A. Holme
Para tanto, o autor privilegia, entre outras, as seguintes características:
Química
dão grande importância à primeira reação que veem e a discutem de modo
John McMurry
mais detalhado.
Energia e Meio Ambiente –
• Apresentação modular, o que facilita a coesão dos tópicos e permite ao tradução da 4ª edição norte-americana
professor a flexibilidade de ensinar em uma ordem diferente. Roger A. Hinrichs,
Merlin Kleinbach e
Lineu Belico dos Reis
Orgânica
• Reforço dos principais conceitos por meio de diversos problemas; alguns
incluem estratégias e soluções, outros oferecem aos alunos a oportunidade de
estudar química de uma maneira diferente, observando as moléculas em vez Dinâmica
Vol. 2
de simplesmente interpretar as fórmulas estruturais. Arthur P. Boresi e Richard J. Schmidt
• Resumo, palavras-chave e um pequeno glossário fecham a parte teórica de Mecânica dos Materiais –
cada capítulo, oferecendo rápida revisão do conteúdo estudado.
John McMurry Tradução da
7ª edição
tradução da 7ª edição norte-americana
James M. Gere e Barry J. Goodno
Vol. 2
norte-americana
Aplicações norte-americana
Tradução da
Indicado a disciplinas na área de química orgânica dos cursos de Química,
7ª edição
Farmácia e Engenharia Química.
ISBN 13 – 978-85-221-1016-2
ISBN 10 – 85-221-1016-6
9 7 8 8 5 2 2 11 0 1 6 2
Química Orgânica
Volume 2
Tradução da 7a edição norte-americana
John McMurry
Cornell University
Tradução
All Tasks
Revisão Técnica
Robson Mendes Matos
Professor Associado 3 da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Campus Macaé)
D. Phil. em Química pela University of Sussex at Brighton (Inglaterra)
Austrália Brasil Canadá Cingapura Espanha Estados Unidos México Reino Unido
Conteúdo Geral
Volume 1
1 Estrutura e Ligação 1
2 Ligações Covalentes Polares; Ácidos e Bases 32
3 Compostos Orgânicos: Alcanos e sua Estereoquímica 68
4 Compostos Orgânicos: Cicloalcanos e sua Estereoquímica 100
5 Uma Visão Geral de Reações Orgânicas 129
6 Alcenos: Estrutura e Reatividade 164
7 Alcenos: Reações e Síntese 202
8 Alcinos: uma Introdução à Síntese Orgânica 243
9 Estereoquímica 270
10 Organoaletos 310
11 Reações dos Haletos de Alquila: Substituições Nucleofílicas e Eliminações 336
12 Determinação de Estruturas: Espectrometria de Massas e Espectroscopia no
Infravermelho 384
13 Determinação Estrutural: Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear 415
14 Dienos Conjugados e a Espectroscopia no Ultravioleta 455
15 Benzeno e Aromaticidade 487
16 Química do Benzeno: Substituição Aromática Eletrofílica 517
17 Álcoois e Fenóis 566
Apêndices A-1
Índice Remissivo I-1
Volume 2
18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 615
19 Aldeídos e Cetonas: Reações de Adição Nucleofílica 655
20 Ácidos Carboxílicos e Nitrilas 705
21 Derivados dos Ácidos Carboxílicos: Reações de Substituição Nucleofílica de Acila 737
22 Reações de Substituição Alfa à Carbonila 789
23 Reações de Condensação de Carbonila 820
24 Aminas e Heterocíclicos 855
25 Biomoléculas: Carboidratos 908
26 Biomoléculas: Aminoácidos, Peptídeos e Proteínas 948
27 Biomoléculas: Lipídeos 989
28 Biomoléculas: Ácidos Nucleicos 1026
29 A Química Orgânica das Rotas Metabólicas 1049
30 Orbitais e Química Orgânica: Reações Pericíclicas 1099
31 Polímeros sintéticos 1124
Apêndices A-1
Índice Remissivo I-1
Sumário
Volume 2
Eu adoro escrever. Sinto um prazer enorme quando tenho em mãos um tema difícil, em que
necessite entendê-lo para poder traduzi-lo em palavras mais simples. Hoje, escrevo para expli-
car a química aos estudantes da maneira como gostaria de que tivessem feito para mim há
alguns anos.
O retorno obtido nas seis edições anteriores tem sido muito gratificante e é bastante útil aos
estudantes. Espero que você perceba que esta sétima edição de Química Orgânica acumula to-
das as forças das seis edições anteriores e atende mais às necessidades dos alunos. Fiz todo o
esforço necessário para tornar esta nova edição mais eficaz, clara e legível, com a finalidade de
mostrar a beleza e a lógica da química orgânica, tornando-a agradável de ser aprendida.
Organização e estratégia de ensino Esta sétima edição, como as outras, constitui um misto da
abordagem tradicional dos grupos funcionais com uma abordagem de mecanismo. A organiza-
ção principal é pelo grupo funcional, começando com os mais simples (alcanos) e progredindo
até chegar aos compostos mais complexos. A maior parte do corpo docente vai concordar com
que os estudantes iniciantes e não familiarizados com as sutilezas dos mecanismos se saiam
melhor dessa maneira. Em outras palavras, para a maioria dos estudantes o quê da química é
geralmente mais fácil de perceber do que o porquê. Entretanto, nessa organização principal,
procurei enfatizar a explicação sobre as similaridades dos mecanismos fundamentais entre as
reações. Essa ênfase é clara nos capítulos sobre a química do grupo carbonílico (capítulos 19 a
23), em que as reações relacionadas com mecanismos, como as condensações aldólicas e as de
Claisen, são mostradas juntas. Quando os estudantes atingem esse estágio, é porque eles já
viram todos os mecanismos comuns, por isso o valor dos mecanismos como um princípio de
organização se torna mais evidente.
A primeira reação: adição de hBr aos alcenos Os alunos normalmente atribuem grande importân-
cia à primeira reação, pois é a primeira que veem e a mais discutida. Utilizei a reação de adição
de HBr a um alceno como a primeira reação para ilustrar os princípios gerais da química orgâ-
nica por várias razões: a reação vai relativamente direto ao ponto, envolve um grupo funcional
comum, porém importante, não exige um conhecimento prévio sobre estereoquímica ou cinética
para compreendê-la e o mais importante: é uma reação polar. Como tal, acredito que as reações
de adição eletrofílica representam uma introdução mais realística e útil à química dos grupos
funcionais do que a primeira reação, como a cloração radicalar de um alcano.
Síntese orgânica A síntese é abordada como um dispositivo de ensino para auxiliar os estu-
dantes a organizar e a lidar com um corpo enorme de informações reais — a mesma habilida-
xiv Química Orgânica
Auxílios básicos para o aprendizado Ao escrever e revisar este texto, buscava transmitir explica-
ções elucidativas com transições suaves entre os parágrafos e os tópicos. Conceitos novos são
introduzidos somente quando necessários e são ilustrados com exemplos concretos. Referências
cruzadas em relação ao material anterior são dadas frequentemente e numerosos resumos tam-
bém são fornecidos para juntar todas as informações, ambos ao longo e ao final dos capítulos.
Além do mais, no fim do livro, há muitos dados para ajudar no aprendizado da química orgânica,
incluindo um grande glossário, uma explicação de como dar nomes aos compostos orgânicos po-
lifuncionais e respostas a todos os problemas apresentados no decorrer do texto.
❚❚ O texto foi mais uma vez revisado na questão gramatical, modernizando a apresentação,
melhorando as explicações e atualizando milhares de detalhes. Várias reações pouco usa-
das foram excluídas (a fusão de bases dos ácidos arenossulfônicos para produzir os fenóis,
por exemplo) e algumas novas, adicionadas (como a epoxidação enantiosseletiva de alcenos
de Sharpless).
❚❚ Outras mudanças dignas de nota estão em:
Capítulo 2. Ligações covalentes polares; ácidos e bases – Uma nova seção, a 2.13, sobre as
interações não covalentes, foi acrescida.
Capítulo 3. Compostos orgânicos: alcanos e sua estereoquímica – O capítulo foi revisado
para enfocar exclusivamente os alcanos de cadeia aberta.
Capítulo 4. Compostos orgânicos: cicloalcanos e sua estereoquímica – O capítulo foi revisa-
do para enfocar exclusivamente os cicloalcanos.
Capítulo 5. Uma visão geral de reações orgânicas – Uma nova seção, a 5.11, que compara
as reações biológicas e as realizadas em laboratório, foi acrescida.
Capítulo 7. Alcenos: reações e síntese – a epoxidação dos alcenos foi transferida para a se-
ção 7.8, e a seção 7.11, sobre a adição biológica de radicais nos alcenos, vem com novas in-
formações.
Capítulo 9. Estereoquímica – Uma discussão sobre a quiralidade no fósforo e no enxofre foi
acrescida na seção 9.12, e uma discussão sobre os ambientes quirais, na seção 9.14.
Capítulo 11. Reações dos haletos de alquila: substituições nucleofílicas e eliminações –
Uma discussão sobre a reação E1cB foi acrescida na seção 11.10, e uma nova seção, a
11.11, discute as reações biológicas de eliminação.
Capítulo 12. Determinação de estruturas: espectrometria de massas e espectroscopia no
infravermelho – Uma nova seção, a 12.4, discute espectrometrias de massas das moléculas
biológicas, com foco nos instrumentos de tempo de percurso e nos métodos de ionização
suave, tais como MALDI.
Prefácio xv
Capítulo 20. Ácidos carboxílicos e nitrilas – Uma nova seção, a 20.3, aborda os ácidos car-
boxílicos biológicos e a equação de Henderson-Hasselbalch.
Capítulo 24. Aminas e heterociclos – Este capítulo agora inclui uma discussão sobre os
heterociclos, e uma nova seção, a 24.5, sobre as aminas biológicas e a equação de Hender-
son-Hasselbalch foi adicionada.
Capítulo 25. Biomoléculas: carboidratos – Uma nova seção, a 25.7, sobre os oito carboidra-
tos essenciais, foi acrescida e foram realizadas numerosas revisões de conteúdo.
Capítulo 26. Biomoléculas: aminoácidos, peptídeos e proteínas – O capítulo foi atualizado,
principalmente na questão da síntese de peptídeos na fase sólida.
Capítulo 27. Biomoléculas: lipídeos – O capítulo foi amplamente revisado, mais detalha-
damente sobre as prostaglandinas (seção 27.4), a biossíntese dos terpenoides (seção 27.5)
e a biossíntese dos esteroides (seção 27.7).
Capítulo 28. Biomoléculas: ácidos nucleicos – O tema da química heterocíclica foi transfe-
rido para o Capítulo 24.
Capítulo 29. A química orgânica das rotas metabólicas – O capítulo foi reorganizado e
amplamente revisado, mais detalhadamente nas rotas metabólicas importantes.
Capítulo 30. Orbitais e química orgânica: reações pericíclicas – Toda a parte ilustrativa
deste capítulo foi reelaborada.
❚❚ A ordem dos tópicos, quase sempre a mesma, foi alterada no Capítulo 3, para dedicá-lo
inteiramente aos alcanos, e o Capítulo 4, aos cicloalcanos. Além disso, os epóxidos são ago-
ra introduzidos no Capítulo 7 sobre os alcenos, e o tema da química dos heterociclos foi
transferido para o Capítulo 24.
❚❚ Os problemas ao longo e ao final de cada capítulo foram revistos e, aproximadamente, cem
novos problemas foram adicionados, muitos dos quais enfocam a química biológica.
❚❚ As seções “Em foco…”, no final de cada capítulo, apresentam aplicações interessantes da
química orgânica pertinentes ao tema principal do capítulo. Incluindo tópicos da Biologia,
da indústria e da vida cotidiana, essas aplicações são vivenciadas e reforçam o material
apresentado no capítulo. As seções, como já dito, foram atualizadas, e outras novas, acres-
centadas, entre elas: “De onde vêm os medicamentos?” (Capítulo 5), “Química verde” (Ca-
pítulo 11), “Cristalografia de raios X” (Capítulo 22) e “Química Verde II: líquidos iônicos”
(Capítulo 24).
❚❚ Moléculas e mecanismos biologicamente importantes receberam atenção especial nesta
edição. Diversas reações agora mostram os equivalentes biológicos dos exemplos em labo-
ratório, muitos novos problemas exemplificam as reações e os mecanismos que ocorrem em
organismos vivos, e foi dado bastante destaque às rotas metabólicas principais.
Mais Tópicos
Novo! ❚❚ Por que aprendemos isto? Os alunos me fizeram essa pergunta tantas vezes que eu pensei
que seria conveniente iniciar cada capítulo com a resposta. A seção “Qual a razão deste
capítulo?” é constituída de um parágrafo curto que aparece no fim da introdução de todos
os capítulos e revela aos alunos o porquê de o assunto abordado ser tão importante.
Novo! ❚❚ Treze ideias-chave são destacadas no livro. Essas incluem tópicos indispensáveis para o
desenvolvimento dos alunos na química orgânica, tais como “Setas curvas nos mecanismos
de reações” (Capítulo 5) e a “Regra de Markovnikov” (Capítulo 6). As ideias-chave são mais
tarde reforçadas nos problemas ao final dos capítulos.
❚❚ Os “Problemas para praticar” estão agora separados com esse título para dar aos alunos
um quadro de referência. Cada “Problema para praticar” inclui uma Estratégia e uma So-
lução explicada, e depois é seguida por problemas que os alunos devem tentar resolver
sozinhos. Este livro tem mais de 1.800 problemas no decorrer e no final dos capítulos.
xvi Química Orgânica
❚❚ Um capítulo para uma visão geral – “Uma prévia dos compostos de carbonila” está inseri-
da depois do Capítulo 18 e destaca a crença do autor de que estudar química orgânica re-
quer tanto a habilidade de resumir quanto a de olhar para o futuro.
❚❚ Os problemas da seção “Visualizando a química”, que iniciam a série de exercícios no final
de cada capítulo, oferecem aos estudantes a oportunidade de estudar a química de uma
maneira diferente, observando as moléculas em vez de simplesmente interpretar as fór-
mulas estruturais.
❚❚ As seções “Resumo” e “Palavras-chave” ajudam os alunos a traçar os conceitos-chave do
capítulo.
❚❚ As seções "Resumos das reações", no final de determinados capítulos, resumem as reações-
-chave do capítulo em uma lista completa.
EM
^
INGLES OWL (Online Web-based Learning)
A Cengage Learning, alinhada com as mais atuais tecnologias educacionais, apresenta o LMS
(learning management system) OWL, desenvolvido na Universidade de Massachusetts. Testa-
do em sala por milhares de alunos e usado por mais de 50 mil estudantes, OWL (Online
Web-based Learning) oferece conteúdo digital em um formato de fácil utilização, fornecendo
aos alunos análise instantânea de seus exercícios e feedback sobre as tarefas realizadas. OWL
possui mais de 6 mil questões, bem como um aplicativo Java para visualizar e desenhar estru-
turas químicas.
Este poderoso sistema maximiza a experiência de aprendizagem dos alunos e, ao mesmo
tempo, reduz a carga de trabalho do corpo docente. OWL também utiliza o aplicativo Chime,
da MDL, para auxiliar os estudantes a visualizar as estruturas dos compostos orgânicos. Todo
o conteúdo, bem como a plataforma, encontra-se em língua inglesa.
O acesso à plataforma é gratuito para professores que comprovadamente adotam a obra.
Os alunos somente poderão utilizá-la com o código de acesso que pode ser adquirido em http://
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Agradecimentos
Agradeço a todos os que ajudaram a configurar este livro e as mensagens recebidas. Da Brooks/
Cole, estão incluídos: David Harris, editor; Sandra Kiselica, editora de desenvolvimento sê-
nior; Amee Mosley, gerente executiva de marketing; Teresa Trego, gerente de projeto; Lisa
Weber, gerente de projeto de tecnologia; Sylvia Krick, editora assistente; Suzanne Kastner e
Gwen Gilbert, da Graphic World.
Sou grato aos colegas que revisaram o original e participaram da pesquisa de abordagem.
Entre eles:
CH3CH2 CH2CH3 O O
O CH3
18.1
Nomes e propriedades Os éteres simples sem a presença de outros grupos funcionais são nomea-
dos da seguinte forma:
dos éteres
O CH3 O
H3C C CH2CH3
H CH3
3
CH3O 4 O CH3
2 C
1 H3C CH3
OCH3
p-Dimetoxibenzeno 4-tert-Butóxi-1-cicloexeno
O
H3C CH3
112°
OCH3 CH2CH3
158 136
Br
18.2
Síntese de éteres O éter dietílico e outros éteres simétricos simples são preparados indus-
trialmente pela reação de desidratação de álcoois catalisada por ácido sul-
fúrico. A reação ocorre através de um deslocamento SN2 de água de uma
molécula protonada de etanol pelo átomo de oxigênio de um segundo eta-
nol. Infelizmente, esse método é limitado à utilização de álcoois primários,
pois os álcoois secundários e terciários desidratam por um mecanismo E1
para produzir alcenos (Seção 17.6).
H A OH2
H
+ HO CH2CH3
CH3CH2 OH CH3CH2 OH2 CH3CH2 O CH2CH3
SN2 +
Alexander W. Williamson
Alexander W. Williamson
(1824-1904) nasceu em CH3CH2 O CH2CH3 + H3O+
Londres, Inglaterra. Recebeu o
título de doutor pela
Universidade de Giessen, em
1846. Sua habilidade em A Síntese de Éteres de Williamson
trabalhar no laboratório foi
dificultada por uma lesão na O método geralmente mais conveniente para a preparação de éteres é por
infância que causou a perda de meio da síntese de éteres de Williamson, na qual um íon alcóxido reage com
seu braço. De 1849 até 1887, um haleto de alquila primário ou tosilato em uma reação SN2. Como vimos
Williamson foi professor de
química na University College, anteriormente na Seção 17.2, o íon alcóxido, em geral, é preparado pela rea-
em Londres. ção de um álcool com uma base forte como o hidreto de sódio, NaH.
618 Química Orgânica
–
OH NaH O Na+ CH3 I O
THF CH3
CH2OH CH2OCH3
O O
HO CH3I CH3O
+ AgI
HO Ag2O CH3O
OH CH3O
OH OCH3
Como a síntese de Williamson é uma reação SN2, ela está sujeita a todas
as restrições discutidas na Seção 11.2. Os haletos de alquila primários e os
tosilatos funcionam melhor porque pode ocorrer a competição com a reação
de eliminação E2 em substratos mais impedidos. Os éteres assimétricos
podem então ser preparados pela reação entre um íon alcóxido mais impe-
dido e um haleto menos impedido em vez de vice-versa. Por exemplo, o éter
tert-butílico e metílico, uma substância usada na década de 1990 como um
detonador de octano na gasolina, é mais bem preparada pela reação do íon
tert-butóxido com o iodometano em vez da reação do íon metóxido com o
2-cloro-2-metilpropano.
–
CH3O
H CH3 H CH3
CH3
C C C C + CH3OH + Cl–
H
H Cl H CH3
2-Cloro-2- 2-Metilpropeno
-metilpropano
PROBLEMA 18.2 Por que supostamente apenas éteres simétricos podem ser preparados
pela desidratação catalisada por ácido sulfúrico? Qual(ais) produto(s) você
esperaria se o etanol e o 1-propanol fossem deixados reagir juntos? Em qual
proporção os produtos seriam formados se dois álcoois possuíssem reativi-
dades iguais?
Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 619
PROBLEMA 18.3 Como você prepararia os seguintes éteres a partir da síntese de Williamson?
(a) Éter metílico e propílico (b) (Anisol) éter fenílico e metílico
(c) Éter benzílico e isopropílico (d) Éter 2,2-etílico e dimetilpropílico
Alcoximercuriação de Alcenos
Vimos na Seção 7.4 que os alcenos reagem com a água na presença de ace-
tato mercúrico para formar um produto de hidroximercuriação. O trata-
mento posterior com o NaBH4 rompe a ligação CHg e leva à formação de
álcool. Uma reação de alcoximercuriação similar ocorre quando um alceno
é tratado com um álcool na presença de acetato mercúrico ou, ainda melhor,
trifluoroacetato mercúrico (CF3CO2)2Hg. A desmercuriação por meio da reação
com o NaBH4 então dá origem a um éter. O resultado líquido é uma adição de
Markovnikov do álcool a um alceno.
H H OCH3 H OCH3
C H C HgO2CCF3 C H
C (CF3CO2)2Hg C NaBH4 C
H CH3OH H H H H
Estireno 1-Metóxi-1-
-feniletano (97%)
OCH2CH3
1. (CF3CO2)2Hg, CH3CH2OH
2. NaBH4
Sintetizando um éter
Como você prepararia o éter etílico e fenílico? Utilize o método que você
achar mais apropriado, a síntese de Williamson ou a reação de alcoximer-
curiação.
Estratégia Desenhe o éter-alvo, identifique os dois grupos ligados ao oxigênio, e lem-
bre-se das limitações dos dois métodos para preparar éteres. A síntese de
Williamson é uma reação SN2 e necessita que um dos dois grupos ligados ao
oxigênio seja um éter secundário ou (preferencialmente) primário. A reação
de alcoximercuriação necessita que um dos dois grupos seja proveniente de
um precursor alceno. O éter etílico e fenílico poderia ser preparado por am-
bos os métodos.
620 Química Orgânica
1. NaOH
OH 2. CH3CH2Br O
CH2CH3
1. (CF3CO2)2Hg,
H2C CH2
2. NaBH4
Fenol Éter etílico e fenílico
PROBLEMA 18.6 Classifique os haletos a seguir de acordo com a ordem de sua reatividade na
síntese de Williamson:
(a) Bromoetano, 2-bromopropano, bromobenzeno
(b) Cloroetano, bromoetano, 1-iodopropeno
18.3
Reações de éteres: Os éteres não reagem com a maioria dos reagentes utilizados na química
orgânica, uma propriedade que justifica seu amplo uso como solvente em
quebra ácida
muitas reações. Os halogênios, os ácidos diluídos, as bases e os nucleófilos
não têm efeito sobre a maioria dos éteres. Na realidade, os éteres sofrem
apenas uma reação de uso geral – a quebra com ácidos fortes. Tanto HBr
quanto HI aquosos funcionam bem, mas o HCl não quebra éteres.
O OH
CH2CH3 HBr, H2O
Refluxo
+ CH3CH2Br
O CH3 OH H3C
C CF3CO2H
0 °C
+ C CH2
H3C CH3
H3C
CH3
HBr
CH3C O CH2CH2CH3 ?
CH3
CH3 CH3
PROBLEMA 18.8 Escreva o mecanismo da quebra catalisada por ácido do éter tert-butílico e
cicloexílico para dar origem ao cicloexanol e ao 2-metilpropeno.
PROBLEMA 18.9 Por que o HI e o HBr são mais eficazes que o HCl na quebra de éteres? (Veja
a Seção 11.3.)
18.4
Reações de éteres: Diferente da reação de quebra ácida de éteres discutida na seção anterior,
rearranjo de Claisen que é geral para todos os éteres, o rearranjo de Claisen é específico para os
éteres alílicos e arílicos, ArOCH2CHCH2. O tratamento de um íon fe-
nóxido com o 3-bromopropeno (brometo de alila) resulta em uma síntese de
Ludwig Claisen éter de Williamson e na formação de um éter alílico e arílico. Aquecendo
esse composto a uma temperatura entre 200 °C e 250 °C, ocorre o rearranjo
Ludwig Claisen (1851-1930)
nasceu em Colônia, Alemanha. de Claisen, levando à formação de o-alilfenol. O resultado líquido é a alqui
Recebeu o título de doutor pela lação de um fenol na posição orto.
Universidade de Bonn, sob a
supervisão de August Kekulé.
OH O– Na+ OCH2CH CH2
Claisen nunca se casou, mas
devotou toda a sua vida ao
estudo da química orgânica. THF BrCH2CH CH2
Entre suas atividades, foi + NaH
solução
professor na Universidade de
Bonn; Owens College (em
Manchester); e nas Fenol Fenóxido de sódio Éter alílico e fenílico
Universidades de Munique,
CH2
Aachen, Kiel e Berlim.
O CH OH
PROBLEMA 18.10 Qual o produto você esperaria obter do rearranjo de Claisen do éter 2-bu-
tenílico e fenílico?
O
250 °C
?
18.5
Éteres cíclicos: A maioria dos éteres cíclicos comporta-se como os éteres de cadeia linear. A
química desse grupo funcional é a mesma, independentemente se a reação
epóxidos ocorre em um éter de cadeia linear ou em um éter cíclico. Os éteres cíclicos
comuns, como o tetraidrofurano e o dioxano, por exemplo, são frequente-
mente usados como solventes em razão de sua inércia, ainda que possam
sofrer quebra pelo tratamento com ácidos fortes.
O O
H2C CH2 H2C CH2
H2C CH2 H2C CH2
O
1,4-Dioxano Tetraidrofurano
O
O2
H2C CH2 H2C CH2
Ag2O,
300 °C
Etileno Óxido de etileno
624 Química Orgânica
O H H O
Cl C O Cl C H
+
O CH2Cl2 O + O
solvente
H
H H – H
H OH O
Cl2 NaOH
O
H2O H2O
H H H
Cl Cl H
18.6
Reações de epóxidos: Abertura de Epóxido Catalisada por Ácidos
abertura do anel Os epóxidos são quebrados pelo tratamento com ácido da mesma maneira
que os outros éteres, mas sob condições muito mais brandas por causa da
tensão no anel. Como vimos na Seção 7.8, o ácido aquoso diluído à tempera-
tura ambiente é suficiente para causar a hidrólise de epóxidos em 1,2-dióis,
também chamados de glicóis vicinais (a palavra vicinal significa “adjacen-
te”, e um glicol é um diol). A quebra de um epóxido acontece por meio de um
ataque na parte de trás semelhante a SN2 de um nucleófilo no epóxido pro-
tonado, fornecendo um trans-1,2-diol como produto.
H H H H
OH OH
H3O+ + OH2
O O H + H3O+
OH2
H H
H H O OH
H H
1,2 Epoxicicloexano trans-1,2-Cicloexanodiol
(86%)
H H
H Br
Br2 Br
Br+
H H
H H H H
OH OH
H3O+ + OH2
O O H + H3O+
OH2
H H
H H O OH
H H
1,2 Epoxicicloexano Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 625
trans-1,2-Cicloexanodiol
(86%)
H H
H Br
Br2 Br
Br+
H H
H Br
Cicloexano
trans-1,2-Dibromo-
cicloexano
Os epóxidos também podem ser abertos pela reação com outros ácidos
além do H3O1. Se um ácido HX anidro for utilizado, por exemplo, um epóxi-
do será convertido em uma haloidrina trans:
H H
OH
HX
O
Éter
H
H X
trans 2-halocicloexanol
Secundário Primário
O HO H Cl H
HCl H H
H3C C H C Éter C C + C C
H3C H3C
H H H Cl H OH
Terciário Primário
O Cl H HO H
HCl H H
H3C C H C Éter C C + C C
H3C H3C
H 3C H H3C OH H 3C Cl
+ H H
Br– Br
Carbocátion 2o t-2-Bromo-1-metil-
(NÃO formado) -r-1-cicloexanol
HCl
?
Éter
Solução Secundário OH
O
Cl
HCl
Éter
Primário
(a reação ocorre aqui)
PROBLEMA 18.12 Preveja o produto majoritário de cada uma das seguintes reações:
(a) O (b) O
(a) (b)
O O– OH
CH2 H2O + –OH
OH CH2OH CH2OH
H2O, 100 °C
O
1. Éter como solvente
CH3CH2CH2CH2MgBr + H2C CH2 CH3CH2CH2CH2CH2CH2OH
2. H O+
3
Brometo de butilmagnésio Óxido de 1-Hexanol (62%)
etileno
O OH
H3C CH CH OH
C H C – 3 2 CH3CHCH2OCH2CH3
OCH2CH3
H H 1-Etoxi-2-propanol (83%)
Não ocorre
ataque
aqui (2o)
(a) O (b) O +
CH2CH3 NaOH CH2CH3 H3O18
2C C H ? 2C C H ?
CH3 H2O18 CH3
(c) MgBr
O 1.
CH2CH3
H3C
C C
2. H3O+
?
H CH3
18.7
Éteres de coroa Descobertos no início dos anos 1960 por Charles Pedersen da empresa Du-
Pont, os éteres de coroa constituem uma relativamente recente aquisição
para a família dos éteres. Os éteres de coroa nomeados de acordo com o
Charles John Pedersen
formato geral x-coroa-y, onde x é o número total de átomos do anel e y é o nú-
Charles John Pedersen mero de átomos de oxigênio. Assim, o éter 18-coroa-6 é constituído por um
(1904-1989) nasceu em Pusan, anel de 18 membros contendo seis átomos de oxigênio de éter. Observe o
Coreia do Sul, filho de mãe
tamanho e o caráter negativo (vermelho) da cavidade do éter de coroa no
coreana e pai norueguês.
Como cidadão norte- seguinte mapa de potencial eletrostático.
-americano, mudou-se para os
Estados Unidos por volta de
1920 e recebeu o título de
mestre pelo Instituto de
Tecnologia de Massachusetts,
em 1927. Passou toda a sua O
vida acadêmica na empresa
DuPont (1927-1969) e recebeu O O
o Prêmio Nobel de Química em
1987. Pedersen está entre os
poucos ganhadores desse O O
prêmio que nunca receberam
O
um título formal de doutorado.
Éter 18-coroa-6
Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 629
18.8
Tióis e sulfetos Tióis
Os tióis, algumas vezes chamados mercaptanas, são os análogos de enxofre
dos álcoois. Eles são nomeados pelo mesmo sistema de nomenclatura dos
álcoois, com o sufixo -tiol no lugar do sufixo -ol. O grupo SH em si é deno-
minado grupo mercapto.
SH CO2H
CH3CH2SH
SH
–
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 Br + SH CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 SH + Br–
Br–
S NH2
+
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 Br + C CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 S C NH2
H2N NH2
1-Bromo-octano Tioureia
H2O, NaOH
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 SH + C
H2N NH2
I2
2R SH R S S R + 2 HI
Zn, H+
Um tiol Um dissulfeto
+ +
H3N H H O H3N H H O
–O C N N
2 N CO2– –O C
2 N CO2–
O H H O H H
HS H2O2 S
HS FADH2 S
O H H O H H
–O C
2 N CO2– –O C
2 N CO2–
N N
H3N H H O H3N H H O
+ +
Glutationa (GSH) Dissulfeto de glutationa (GSSG)
Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 631
Sulfetos
Os sulfetos são análogos de enxofre dos éteres da mesma forma que os tióis
são análogos dos álcoois. Os sulfetos recebem seus nomes seguindo as mes-
mas regras dos éteres, com sulfeto utilizado no lugar de éter para os com-
postos simples, e alquiltio utilizado no lugar de alcoxi em compostos mais
complexos.
S S 3 S
H3C CH3 CH3 CH3
2
1
S – Na+ S
CH3
+ CH3 I + NaI
CH3
THF +
CH3 S CH3 + CH3 I CH3 S CH3 I –
CH3 O O O
–O C S –OPOPOPO–
2
+ O– O– O–
H NH3
Íon trifosfato
Metionina
NH2 NH2
+
O O O N CH3 N
N N
–OPOPOPO –O C
2 S+
CH2 N N CH2 N N
O– O– O– O SN2 + O
H NH3
OH OH OH OH
O O O
S S S
CH3 H2O2 CH3 CH3CO3H CH3
H2O, 25 °C
O
Dimetilsulfóxido
S (um solvente aprótico polar)
H3C CH3
CH3
PROBLEMA 18.17 O 2-buteno-1-tiol é um dos componentes do jato do gambá. Como você sin-
tetizaria essa substância a partir do 2-butenoato de metila? E a partir do
1,3-butadieno?
O
CH3CH CHCOCH3 CH3CH CHCH2SH
Metil-2-butenoato 2-Buteno-1-tiol
18.9
Espectroscopia Espectroscopia na Região do Infravermelho
de éteres Os éteres são difíceis de identificar pela espectroscopia na região do infra-
vermelho (IV). Embora apresentem uma absorção característica devido ao
estiramento da ligação simples CO na faixa de 1 050 a 1 150 cm21, muitos
outros tipos de absorções também ocorrem na mesma faixa. A Figura 18.3
exibe o espectro de IV do éter dietílico, identificando o estiramento CO.
80
Transmitância (%)
60
40
C–O
20
estiramento
0
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Número de onda (cm–1)
CH3CH2CH2OCH2CH2CH3
TMS
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 ppm
Deslocamento químico ( )
TMS
Intensidade
O
CH3CH CH2
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 ppm
Deslocamento químico ( )
159,9 54,8
58,5 74,8
O
CH3
CH3 O CH2 CH2 CH3
120,7 114,1
23,3 10,7
129,5
TMS
Intensidade
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 ppm
Deslocamento químico ( )
Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 635
Em foco...
CH3 O
HO C OH + H 2C CHCH2Cl
CH3
Bisfenol A Epicloroidrina
O CH3 OH CH3
O
H2C CHCH2 O C O CH2CHCH2 O C O CH2CH CH2
CH3 n CH3
“Pré-polímero”
Quando o epóxido está para ser usado, um agente de cura básico como
uma amina terciária, R3N, é adicionado fazendo com que as cadeias do
prepolímero se liguem umas às outras. Essa “união cruzada” das cadeias
é simplesmente uma reação de abertura de anel do epóxido catalisada
por base de um grupo OH situado no meio de uma cadeia com um grupo
epóxido da extremidade de outra cadeia. O resultado dessa união cruza-
da é a formação de um vasto entrelaçamento tridimensional que possui
altíssima resistência à deformação e resistência química.
(continua)
636 Química Orgânica
(continuação)
CH2 O CH2 OH
Agente
CH OH + H 2C CHCH2 O
de curta
CH O CH2CHCH2 O
Resumo e palavras-chave
Éteres são compostos que têm dois grupos orgânicos ligados ao mesmo
alcoximercuriação, 619
átomo de oxigênio, ROR’. Esses grupos podem ser alquila, vinila ou arila,
dissulfetos (RSSR’), 630
éteres (ROR’), 615
e o átomo de oxigênio pode fazer parte de uma cadeia linear ou de um
éteres de coroa, 628 anel. Os éteres são preparados pela síntese de Williamson, a qual envolve
grupo mercapto (SH), 629 uma reação SN2 de um íon alcóxido com um haleto de alquila primário, ou
íon tiolato (RS), 631 pela reação de alcoximercuriação/desmercuriação, a qual envolve a adição
rearranjo de Claisen, 622 de Markovnikov de um álcool a um alceno.
sais de trialquilsulfônio (R3S1), Os éteres são inertes à maioria dos reagentes, mas podem sofrer quebra
631 no tratamento com ácidos fortes. Normalmente o HI e o HBr são os ácidos
sulfetos (R–S–R’), 615 mais empregados. A reação de quebra ocorre por um mecanismo SN2 no
sulfona (R2SO2), 632 sítio menos substituído quando somente grupos alquila primários e secun-
sulfóxido (R2SO), 632 dários estão ligados ao átomo de oxigênio do éter. Porém, essa reação pode
tióis (RS–H), 615 ocorrer por um mecanismo SN1 ou E1 se um dos grupos alquila ligados ao
átomo de oxigênio for um grupo terciário. Os éteres alílicos e arílicos sofrem
rearranjo de Claisen dando origem a o-alilfenóis.
Os epóxidos são éteres cíclicos nos quais o átomo de oxigênio faz parte
de um anel de três membros. Em virtude da tensão no anel, os epóxidos
sofrem reação de quebra no tratamento tanto com ácidos quanto com bases.
A abertura do anel induzida por ácido ocorre com uma regioquímica que
depende da estrutura do epóxido. A quebra da ligação CO no sítio menos
substituído acontece se ambos os átomos de carbono do epóxido forem pri-
mários ou secundários, mas a quebra da ligação CO no sítio mais substi-
tuído ocorre se um dos carbonos do epóxido for terciário. A abertura do anel
catalisada por base ocorre por reação SN2 de um nucleófilo no carbono do
epóxido menos impedido.
Tióis, os análogos de enxofre dos álcoois, são geralmente preparados
por uma reação SN2 de um haleto de alquila com tioureia. A oxidação
branda de tióis produz um dissulfeto, e a redução branda de um dissulfe-
to leva de volta ao tiol. Sulfetos, os análogos de enxofre dos éteres, são
preparados por uma reação SN2, entre um ânion tiolato e um haleto de
alquila primário ou secundário. Os sulfetos são nucleófilos mais fortes que
os éteres e podem ser oxidados a sulfóxidos e sulfonas. Os sulfetos tam-
bém podem sofrer alquilação com um haleto de alquila primário dando
origem aos íons sulfônio.
Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 637
(b) Alcoximercuriação/desmercuriação
H OR
1. ROH, (CF3CO2)2Hg
C C C C
2. NaBH4
2. Reação de éteres
(a) Quebra por HBr ou HI (Seção 18.3)
HX
R O R RX + R OH
H2O
OCH2CH CH2 OH
250 °C
CH2CH CH2
O OH
H3O+
C C C C
HO
O HO
HBr
C C C C
Br
O HO
RO–, ROH
C C C C
OR
O
1. Éter como solvente
RMgX + H2C CH2 RCH2CH2OH
2. H O+
3
1. (H2N)2C S
RCH2Br RCH2SH
2. H2O, NaOH
638 Química Orgânica
I2, H2O
2 RSH RS SR
O
H2O2
S
R R S
R R
O O O
RCO3H
S S
R R R R
Exercícios
Visualizando a química
(Os Problemas 18.1 a 18.18 aparecem no decorrer do capítulo.)
18.20 Mostre o produto, incluindo a estereoquímica, que resultaria da reação do seguinte epóxido com o HBr:
Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 639
1. CH3MgBr, éter
2. H3O+
18.22 O tratamento do seguinte alcano com um peroxiácido produz um epóxido diferente daquele obtido pela
reação com o Br2 aquoso seguido de tratamento com uma base. Proponha as estruturas dos dois epóxidos
e explique o resultado.
Problemas adicionais
18.23 Desenhe as estruturas correspondentes aos seguintes nomes IUPAC:
OCH3
4 3 NO2
(c) Br2
(d) SCH2CH3
SH ? H2O2, H2O
?
18.29 Como você realizaria as seguintes transformações? Pode ser necessária mais de uma etapa.
?
(c) H3C CH3 H3C CH3 (d) CH3CH2CH2CH2C CH CH3CH2CH2CH2CH2CH2OCH3
OH
C ? C
H
H3C H3C H
OH
H
(e) OCH3
?
CH3CH2CH2CH2C CH CH3CH2CH2CH2CHCH3
Cap. 18 Éteres e Epóxidos; Tióis e Sulfetos 641
18.31 Como você prepararia o éter benzílico e fenílico a partir do benzeno e do fenol? Pode ser necessária mais
de uma etapa.
18.32 Quando o 2-metilpentano-2,5-diol é tratado com o ácido sulfúrico, ocorre a desidratação e o 2,2-dimetil-
tetraidrofurano é formado. Sugira um mecanismo para essa reação. Quais dos dois átomos de oxigênio
é o mais provável de ser eliminado e por quê?
O CH3
2,2-Dimetiltetraidrofurano
CH3
18.33 Escreva o mecanismo da hidrólise do cis-5,6-epoxidecano pela reação com ácido aquoso. Qual é a este-
reoquímica do produto, supondo que ocorra um ataque normal SN2 pela parte de trás?
18.34 Qual é a estereoquímica do produto formado da hidrólise catalisada por ácido do trans-5,6-epoxidecano?
Como o produto difere daquele formado no Problema 18.33?
18.35 Os éteres arílicos e metílicos, como o anisol, são quebrados em iodometano e íon fenóxido pelo tratamen-
to com o LiI em DMF a quente. Proponha um mecanismo para a reação.
18.36 Os éteres tert-butílicos podem ser preparados pela reação de um álcool com o 2-metilpropeno na presen-
ça de um catalisador ácido. Proponha um mecanismo para essa reação.
18.37 O reagente de Meerwein, tetrafluoroborato de trietiloxônio, é um poderoso agente etilante que converte álcoois
em éteres etílicos em pH neutro. Mostre a reação do reagente de Meerwein com o cicloexanol, e explique por
que os sais de trialquiloxônio são reagentes alquilantes muito mais reativos que os iodetos de alquila.
18.38 O safrol, uma substância isolada do óleo do sassafrás, é usado como uma agente de perfumaria. Propo-
nha a síntese do sofrol a partir do catecol (1,2-benzenodiol).
O CH2CH CH2
Safrol
O
18.39 Os epóxidos são reduzidos pelo tratamento com o hidreto de alumínio e o lítio para formar os álcoois.
Proponha um mecanismo para essa reação.
H
OH
1. LiAlH4, éter
O
2. H O+
3
18.40 Mostre a estrutura e a estereoquímica do álcool que seria formado se o 1,2-epoxicicloexano (Problema
18.39) for reduzido com o hidreto de alumínio e lítio deuterado, LiAlD4.
18.41 A hidrólise catalisada por ácido do 1,2-epoxicicloexano produz um trans-diaxial 1,2-diol. Qual produto
você esperaria obter a partir da hidrólise ácida do cis-3-tert-butil-1,2-epoxicicloexano? (Lembre-se de
que o grupo volumoso tertbutila trava o anel de cicloexano em uma conformação específica.)
18.42 Os reagentes de Grignard reagem com o oxetano, um éter cíclico de quatro membros, para formar álcoois
primários. Porém, essa reação é muito mais lenta que a reação correspondente com o óxido de etileno.
Sugira uma razão para a diferença na reatividade entre o oxetano e o óxido de etileno.
Química Orgânica
Outras obras
Química Orgânica – Vol. 2 Fundamentos da Química Analítica –
Tradução da 7ª edição norte-americana tradução da 8ª edição norte-americana
Skoog, West, Holler, Crouch
Este livro, editado em dois volumes e em uma versão combo, escrito de forma Bioquímica – Combo
clara e legível, tem como preocupação básica mostrar a beleza e a lógica da Mary K. Campbell e Shawn O. Farrell
química orgânica, tornando um assunto considerado complexo algo simples
de ser entendido pelos leitores.
Química Geral Aplicada à Engenharia
Lawrence S. Brown e Thomas A. Holme
Para tanto, o autor privilegia, entre outras, as seguintes características:
Química
dão grande importância à primeira reação que veem e a discutem de modo
John McMurry
mais detalhado.
Energia e Meio Ambiente –
• Apresentação modular, o que facilita a coesão dos tópicos e permite ao tradução da 4ª edição norte-americana
professor a flexibilidade de ensinar em uma ordem diferente. Roger A. Hinrichs,
Merlin Kleinbach e
Lineu Belico dos Reis
Orgânica
• Reforço dos principais conceitos por meio de diversos problemas; alguns
incluem estratégias e soluções, outros oferecem aos alunos a oportunidade de
estudar química de uma maneira diferente, observando as moléculas em vez Dinâmica
Vol. 2
de simplesmente interpretar as fórmulas estruturais. Arthur P. Boresi e Richard J. Schmidt
• Resumo, palavras-chave e um pequeno glossário fecham a parte teórica de Mecânica dos Materiais –
cada capítulo, oferecendo rápida revisão do conteúdo estudado.
John McMurry Tradução da
7ª edição
tradução da 7ª edição norte-americana
James M. Gere e Barry J. Goodno
Vol. 2
norte-americana
Aplicações norte-americana
Tradução da
Indicado a disciplinas na área de química orgânica dos cursos de Química,
7ª edição
Farmácia e Engenharia Química.