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Universidade Federal Fluminense

Literatura Brasileira I
Professor: Pascoal Farinaccio
Aluna: Rafaela Amaral Mota
Prova 2

A feijoada é considerada como um dos símbolos do Brasil e sua origem ainda carrega um
mistério. Muitas pessoas acreditam que o prato típico foi criado pelos escravos nas senzalas,
onde juntavam os restos de carnes dos senhores, como a orelha, o pé e outras partes menos
nobres do porco, juntavam ao feijão e surgia a feijoada. Porém, historiadores afirmam que
essa não é a verdadeira origem.
O feijão já era consumido muito antes do descobrimento do Brasil, principalmente pelo velho
mundo onde era conhecido como feijão branco. Com a descoberta das Américas, o feijão
preto foi descoberto e era consumido junto com farinha de mandioca pelos indígenas, sendo
chamado de Comaná ou Cumaná.
No período colonial toda a alimentação era escassa, tanto para os escravos quanto para os
senhores, fazendo com que a alimentação de ambos fosse quase semelhante, utilizando
bastante mandioca e milho. As carnes eram consideradas iguarias e a confirmação existe a
partir de um recibo histórico onde há uma compra de carne de porco, linguiças, tripas e entre
outras carnes em um açougue na cidade de Petrópolis em abril de 1889.
No conto “O Enforcado” de Alberto Mussa, uma cozinheira se torna fugitiva e o capitão-do-
mato faz surgir especulações de que seria o cumplice da fuga. Fica em evidencia na página 59
o trecho: “Também chamou atenção seu repentino interesse pelas sobras dos porcos
trinchados, especialmente rabos, pés e orelhas, que se davam vez por outra como ração à
escravaria. Fazia questão de recolhê-las e salga-las – habito estranho e contrário ao seu gosto
pelos bons regalos”. Contrário do que diz a história original, onde as carnes de porco eram
consideradas iguarias.
O capitão-do-mato ao encontrar com a cozinheira fugitiva, lhe permite que auxilie a dona da
casa no preparo da comida, onde havia feijão e farinha. A cozinheira começou a cozinhar os
pés, as orelhas e o rabo do porco para misturar ao feijão. O capitão-do-mato superou a
diferença que fazia com as sobras e comeu tudo o que havia na cuia. Neste exato momento se
apaixonou pela feijoada. Decidiu então fugir com a cozinheira e aproveitar seus últimos
momentos, já que ajudar escravos fugidos dava pena de morte, sendo condenado a forca no
mesmo local do crime.
Há evidencias de que a feijoada não era comida dos escravos e era bastante apreciada pela
elite. Outros registros históricos trazem à tona um anúncio no Diário de Pernambuco em
agosto de 1833, em que o Hotel Théâtre em recife, informa que feijoada à brasileira toda
quinta-feira. O jornal do Commercio em janeiro de 1849 no Rio de janeiro anunciava que o
Botequim da Fama do Café com Leite chamava os fregueses para uma bela feijoada.
É possível perceber que a história real e o conto são distintos, mostrando que a verdadeira
origem da feijoada talvez não seja aquela que conhecemos e sim aquela que está nos registros
antigos.

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