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Criado método que prevê mutações originadas por técnica de edição genética

Equipa de cientistas do Reino Unido desenvolveu método computacional que prevê mutações
genéticas causadas pela CRISPR-Cas9, o que poderá tornar esta técnica de edição genética mais
segura.
PÚBLICO - 29 de Novembro de 2018

Cientistas do Instituto Wellcome Sanger (no Reino Unido) desenvolveram um método que prevê
mutações que a técnica de edição genética CRISPR-Cas9 pode introduzir numa célula. Publicado
na última edição da revista científica Nature Biotechnology, este é já considerado o maior estudo
sobre a acção desta técnica e poderá torná-la mais segura.
A CRISPR-Cas9 é um tipo de tesoura molecular que pode ser usada para editar o ADN. Ao usar a
enzima Cas9 acoplada a um bocadinho de ARN torna-se possível penetrar em células vivas e levar
essa enzima a cortar o ADN em qualquer sítio que foi seleccionado e depois localizado pelo
bocadinho de ARN – que funciona como um guia para a Cas9. Esta técnica pode assim desligar ou
ligar genes específicos e corrigir mutações genéticas.
Para este estudo, os cientistas criaram mais de 40 mil pares de bases de ADN-alvo (as bases são
as “letras” A-T e G-C que, sempre aos pares, formam a dupla hélice da molécula de ADN), bem
como de ARN-guia. Depois, editaram-nos com a CRISPR-Cas9. Desta forma, observaram como o
ADN é cortado e se reintegra outra vez em cada par de base nas diferentes células. “Percebemos
que a correcção [feita pela CRISPR] dependia da sequência exacta de ADN e do guia e
descobrimos ainda que isso era reproduzível na mesma sequência”, lê-se num comunicado do
Instituto Wellcome Sanger, que anunciou este trabalho.
Por fim, os cientistas usaram uma grande quantidade desses dados para criar uma ferramenta
computacional de aprendizagem automática (machine learning) que indicasse os resultados das
correcções feitas pela CRISPR-Cas9. Essa ferramenta chama-se “FORECasT” (Favoured
Outcomes of Repair Events at Cas9 Targets) e consegue prever a sequência genética corrigida,
usando apenas a sequência de ADN-alvo.
“Elaborámos o maior e mais alargado estudo sobre a acção da CRISPR-Cas9 até à data e
analisámos mais de mil milhões de sequências de ADN, o que nos permitiu estudar este
processo”, afirma no comunicado Luca Crepaldi, do Instituto Wellcome Sanger e um dos
autores do artigo. “Demonstrámos que sequências-alvo específicas foram reparadas pela célula
da mesma forma, provando assim que a acção dos mecanismos celulares é reproduzível.”
Esta nova ferramenta pode tornar a CRISPR-Cas9 mais segura e, consequentemente, mais barata
e eficaz, tal como destaca Leopold Parts, também do Instituto Wellcome Sanger e outro dos
autores do trabalho. “A nossa investigação permite aos cientistas perceberem muito melhor as
suas investigações”, considera o cientista. “Permite prever o efeito de cada edição da CRISPR-
Cas9 numa célula e projectar melhor as experiências de edição, podendo levar a futuras
aplicações terapêuticas.”

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