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SLIDE 1: Título

Oi, tudo bem? Eu sou a Giovana, e estou aqui com a Gabriela para apresentarmos o nosso seminário do
artigo “Por que a desigualdade é tão desigual pelo mundo?”, ou “Why is inequality so unequal across
the world” no título original. O artigo foi produzido por José Gabriel Palma, e publicado na Cambridge
Working Papers in Economics. Para facilitar a apresentação, nós traduzimos alguns títulos e conceitos,
mas buscamos manter a tradução o mais fiel possível ao original.

Esse artigo é uma versão atualizada e expandida de um trabalho apresentado pelo autor na
Development Studies Association Conference de 2018, na cidade de Manchester, no Reino Unido. O
autor explica que esse é apenas a primeira parte de um estudo de duas partes: nessa parte 1 será
abordada a diversidade na distribuição de renda disponível no mundo, e a parte 2, que não será
contemplada nesse seminário, fala sobre essa mesma diversidade mas com a renda de mercado (antes
de impostos e transferências, por exemplo).

SLIDE: INTRODUÇÃO

O autor introduz o artigo afirmando que uma das falhas analíticas mais importantes da teoria econômica
atual é a modesta compreensão da desigualdade, especialmente sobre por que há uma grande
diversidade de desigualdade de renda disponível pelo mundo, e por que temos observado uma
deterioração tão grande na desigualdade de mercado entre países da OCDE.

E é exatamente isso o que o estudo do autor busca abordar; em específico nesse artigo o motivo da
diversidade de desigualdade de renda disponível. O autor levanta algumas possibilidades, entre elas que
este fenômeno seria o reflexo de uma multiplicidade de fundamentos, ou o resultado de diversas
estruturas de poder e escolhas.

Para isso, o autor se propõe a estudar 9 fatos estilizados do atual espectro de desigualde, sendo 5 destes
fatos analisados neste artigo. O objetivo do autor com este estudo é o de tornar a desigualdade mais
transparente, esclarescendo algumas camadas que são geralmente mal entendidas ou mal
interpretadas. O autor gostaria que esses esclarescimentos ajudassem a nossa sociedade a se
responsabilizar mais sobre as nossas escolhas distributivas.

SLIDE 3: 1 . A distribuição de renda disponível pelo mundo

Nessa primeira parte do artigo, o autor explora os 5 fatos estilizados, e 3 do que ele chama de “falhas
distributivas”.

Começando pelo fato estilizado 1: Desigualdade após tributação e transferências é altamente desigual
pelos países

Este seria o fato mais conhecido entre os apresentados pelo autor; nós podemos observar essa
desigualdade vendo que enquanto alguns países apresentam um índice de GINI de distribuição de renda
disponível, que evidencia a desigualdade, próximo de 25 (como os países nórdicos), enquanto outros
países chegam quase em 65 (como a África do Sul).
SLIDE 4 - SF 2

No segundo fato estilizado, A desigualdade é particularmente desigual entre países de média renda, com
alguma crescente diversidade também encontrada em países de alta renda, podemos analisar esta
figura que representa a diversidade de distribuição quando categorizamos os países por PIB per capita.

Nós podemos ver que encontramos países de média renda (segunda elipse à ditrita) espalhados por
toda a distribuição (como a Slovenia próxima de 25 e a África do Sul em 63), e também vemos países de
renda alta (primeira elipse à direita) por toda a distribuição (como a Islândia em 26 e Hong Kong em 52).
A distribuição de países de baixa renda (elipse “inclinada”) já é mais diferente, e podemos observar que
a desigualdade aumenta junto com o PIB dos países ali representados. Essa tendência de aumento da
desigualdade pode ser visualizada comparando países como Mali (em 33) e a Zambia (em 57), crescendo
para países de renda média-baixa da América do Sul até a China.

Essa grande diversidade expõe que países com um maior PIB tem maiores possibilidades de tirar
vantagem dessa grande gama distribucional. Isso também nos afasta de algumas teorias deterministas,
que já caíram muito em desuso mas ainda tem influência política no mundo, que pregam a ideia de
países de renda média serem “destinados” à desigualdade, desresponsabilizando a sociedade nesse
resultado.

SLIDE 5 - SF 3

Passando agora para o terceiro fato estilizado: O amplo espectro de diversidade distribucional por um
país muda repentinamente quando a população de cada país é dividida em partes: média e média-alta
(5º a 9º decil), e o topo e fundo (10º e do 1º ao 4º decil).

Esse fato estilizado se refere ao grande contraste entre a multiplicidade de resultados quando a
desigualdade se refere a toda a população, e quando se refere à parcela de renda de duas metades da
população, como mostra a figura.

Se nós compararmos esta figura às outras duas que já vimos, o contraste é muito significativo. Toda a
diversidade que nós observamos se transforma nessa uniformidade entre as duas metades. Isso acaba
dividindo a renda nacional de uma forma mais “igual”, sendo as principais exceções a essa regra alguns
países da América do Sul e do Sul da África.

O autor levanta aqui uma possível janela para má interpretação dessa distribuição, que seria a ideia de
que isso significaria uma igualdade de distribuição entre as duas metades, ou seja, que refletiria a forma
em que cada metade divide sua parcela de renda entre os seus membros. O autor aborda isso no
próximo fato estilizado:

SLIDE 6 - SF 4 a

… que diz que Apesar da tendência de ambas partes da população terem parcelas de renda semelhantes
pelo mundo (aproximadamente metade), elas dividem esta parcela dentre seus constituintes de forma
muito diferente.
O autor separa esse fato estilizado em três aspectos.

O primeiro deles (4a) diz sobre o contraste entre a média e média-alta homogênea, e as caudas
heterogêneas, conforme a figura do slide.

Enquanto a distribuição é bastante uniforme entre a média e a média-alta, temos muita divergência
entre os 10% do topo, e os 40% inferiores. Podemos tomar como exemplo a Finlândia, onde os 10% do
topo tomam menos renda do que os 40% de baixo, até a África do Sul, onde o topo toma quase 90% da
renda.

O autor também expõe nesta parte que o índice de Gini não considera a homogeneidade distribucional
das porções média e média-alta à parte, e ao juntar essa grande massa homogênea com as caudas
heterogêneas, que seria onde está o verdadeiro problema, acaba “amenizando” a nossa percepção de
desigualdade.

SLIDE 7 - SF 4 b

O segundo aspecto deste fato estilizado trazido pelo autor é o questionamento: essa homogeneidade da
média e média-alta tem se mantido estável ao longo dos anos?

O autor encontra que em países da OCDE e em alguns outros países de média renda há sim uma
estabilidade nessa porção, entre o 5º e 9º decil. Isso quer dizer que um professor, um funcionário
público médio, um gerente e um taxista tendem a ganhar o mesmo pelo mundo, porém essa tendência
não é verdadeira para os 10% do topo, ou para os 40% inferiores.

Além de várias outras implicações, o autor destaca esse aspecto como particularmente relevante no
debate sobre a diminuição na qualidade de vida da classe média em países da OCDE, onde apesar da
homogeneidade apontada o aumento no custo de vida, acúmulo de dívidas e impostos regressivos
deterioram o nível de welfare.

SLIDE 8

Comparando a Finlândia com o Uruguai, países com distribuições bastante parecidas porém com uma
divergência que faz toda a diferença, o autor demonstra que a diferença de 13 pontos percentuais entre
eles no índice de Gini pode ser atribuída à porção extra de ricos (no caso, D10) do Uruguai, que foi
constituída em detrimento dos 40% inferiores. Este, junto ao argumento do slide anterior, mostra que o
aumento nos 10% do topo não significa a ascenção da parcela média e média-alta, mas sim o
empobrecimento da parcela mais baixa.

Como dito na introdução, o autor quer entender o motivo pelo qual essa diferença acontece. Ele coloca
que o D10 uruguaio é uma consequência do tamanho das falhas distributivas do país, uma verdadeira
distorção, e o autor aponta para a necessidade de se estudar mais a fundo a parcela dos ricos, que ao
que tudo indica é a principal responsável pela desigualdade, porém é a menos estudada de todas.
Também é destacado que o estudo desta parcela pode ser muito benéfico para compreendermos as
diferenças de países com muito pouco em comum, como EUA e China, por exemplo.

SLIDE 9: SF 5

O quinto e último fato estilizado que o autor traz é o cenário extremo do último fato estilizado: Em
alguns países a desigualdade torna-se extrema pois D10, além de pressionar ainda mais D1-D4, pode
passar a pressionar também a parcela de D5-D9: A emergência de "d10++"

Em um pequeno número de países, principalmente na América do Sul e no sul da África, a parcela D10
vai além da sua pressão na parcela dos 40% mais pobres, e também espreme a parcela média e média-
alta para baixo de 50% da renda nacional. O autor traz aqui como exemplo o Chile e a Zambia; em países
que se enquadram nessa categoria, nem mesmo a chamada “classe administrativa” consegue se
proteger do D10. Essa supressão da porção média e média-alta é um elemento crucial no aumento da
desigualdade na América Latina, em países como Brasil, Chile e Colômbia.

CONCLUSÃO

O autor conclui que existem várias abordagens diferentes à questão da desigualdade, especialmente
quando tratamos com diferentes tipos de dados sobre a renda. Com os seus fatos estilizados, o autor
conclui que

1) A desigualdade é muito desigual pelos países


2) É particularmente desigual entre países de média-renda
3) Diversidade se torna homogeneidade quando as populações são divididas pela metade: a
porção média/média-alta, e o topo/fundo
4) Mesmo que ambas metades recebam uma parcela de renda semelhante, sua distribuição é
muito diferente
5) Em países com desigualdade extrema, a porção do topo pode também pressionar a porção
média/média-alta

O autor acredita que para compreendermos a desigualdade precisamos remover as camadas menos
compreendidas: fazemos isso separando a desigualdade em seus principais componentes: o quanto os
10% do topo podem pressionar os 40% inferiores (ou até mesmo a porção média)

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