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Resumo
O objetivo deste artigo é abordar uma das vertentes possibilitadas pela profissão de secretariado
executivo, que é a atuação do profissional como principal agente de comunicação interna e externa
dentro de uma pequena ou média empresa. Para demonstrar as possibilidades dessa atuação, foi usada a
pesquisa bibliográfica por entender-se que seria a fonte substancial para o projeto. O desenvolvimento se
dá a partir de uma breve contextualização da profissão nos dias de hoje, bem como seu histórico,
especialmente no que tange à expansão das organizações. Finalmente, a área de comunicação será
contextualizada para que seja introduzida a função de relações públicas para o profissional de
secretariado executivo no cenário macro em que está inserido atualmente. A partir deste estudo, conclui-
se que o secretário atua como facilitador na comunicação interna e externa, gerenciando o fluxo de
informação da organização.
Palavras-chave: Secretariado, Comunicação, Relações Públicas.
1 Introdução
O profissional de secretariado executivo tem, ao longo dos anos, adquirido novas atividades
correlatas à sua função. Se, no início, ainda na época dos escribas, sua atividade era basicamente redigir
textos, atualmente, o secretário atua como cogestor e, inclusive, sua formação está direcionada a essa
nova necessidade. Disciplinas como Administração, Marketing, Contabilidade, Logística e Comércio
Exterior dão a esse profissional as ferramentas necessárias para que ele tenha noções básicas de tudo o
que ocorre em seu local de trabalho, tornando-se um profissional de visão holística. Essa profissão está
cada vez mais valorizada, e o campo de atuação está ampliando, sendo possível atuar em organizações
educacionais, jurídicas, corporativas e ligadas à saúde. Bond e Oliveira (2009) fazem a seguinte
colocação sobre a evolução do perfil desse profissional:
[...] tem uma profissão multidisciplinar, pois envolve várias áreas do conhecimento, como
técnicas administrativas de gestão, domínio das técnicas secretariais, conhecimentos de
marketing, direito empresarial, economia, contabilidade, psicologia, línguas, gestão da
informação e do conhecimento, entre outras (BOND; OLIVEIRA, 2009, p. 19).
1
Aluna do curso de Secretariado Executivo Trilingue – Claretiano Faculdade – Rio Claro
2
Secretária e professora do curso de Secretariado Executivo Trilingue – Claretiano Faculdade – Rio Claro
O secretário é a ponte entre aqueles que tomam decisões em nível gerencial e aqueles que
executarão. Ele não lida somente com coisas, mas, sobretudo, com pessoas, daí a
necessidade de compreensão das funções das Relações Públicas nesta profissão (LEITE,
2010, p. 2-3).
Além disso, não há melhor maneira de conhecer os fatos passados para embasar o estudo atual
do que os dados bibliográficos (Gil, 2009), sendo a metodologia mais recomendada por esta pesquisa
ser, em sua maioria, de cunho histórico.
É fundamental que se entenda que a comunicação empresarial é uma ferramenta estratégica
dentro da empresa, bem como as atividades secretariais. Isso fica nítido quando, em breves pesquisas,
verifica-se que algumas publicações já abordam a relação entre Secretariado Executivo e Relações
Públicas, deixando clara a necessidade que existe no que tange ao conhecimento e entendimento do
secretário acerca dessa vertente da comunicação. Portanto, faz-se necessário entender todo o processo
que permitiu, nos dias de hoje, que o profissional de secretariado esteja apto a atuar como um agente
importante nos processos comunicacionais de uma organização.
diversas áreas precisaram se qualificar e procurar outras maneiras de atuarem frente às modificações
ocorridas na época. Robbins (2005) salienta que “a revolução industrial destruiu as carreiras de centenas
de milhares de artesãos qualificados. Mas criou um novo grupo – os trabalhadores industriais” (ROBBINS,
2005, p. 8).
Ao contrário do que se possa pensar, “a participação da mulher é exclusivamente para o trabalho
pesado, ficando a área administrativa de bancos e organizações nas mãos masculinas” (BOND;
OLIVEIRA, 2009, p. 17). Dessa forma, nota-se que, milhares de anos após o surgimento dos escribas,
que são considerados os primeiros secretários, vivencia-se na Revolução Comercial o desenvolvimento
dessa profissão, ainda exercida apenas por homens, e o cenário permanece igual na Revolução Industrial.
No entanto, há uma maior valorização do papel do secretário, segundo Nonato Junior (2009):
[…] na segunda metade do século XVIII, a Revolução Industrial trouxe a complexificação
dos processos de produção de máquinas e equipamentos tecnológicos. Com isso, a
estrutura das organizações foi reconfigurada, exigindo a figura de assessores executivos
para que os trabalhos administrativos fossem feitos com qualidade e otimização (NONATO
JUNIOR, 2009, p. 88).
É nesse período que Christopher Lathan Scholes inventou a máquina de escrever. A primeira
pessoa a testar o invento foi sua filha, Lilian Scholes, sendo a primeira mulher a escrever numa máquina
em público. Em comemoração ao centenário do nascimento de Lilian, a empresa fabricante do artefato
decidiu fazer um concurso para escolher a melhor datilógrafa. Esse fato ocorreu em 1950, um período em
que a profissão de secretário era basicamente ocupada, em sua maioria, por mulheres, o que coincidiu
que os participantes do concurso eram, em sua totalidade, do sexo feminino. A partir desse dia, 30 de
setembro de 1950, todos os anos, a empresa realizava o mesmo concurso para eleger a melhor
datilógrafa (secretária), o qual passou a ser conhecido como “Dia da Secretária” (PORTELA;
SCHUMACHER, 2006).
Esse cenário leva-nos a entender a Era Industrial Neoclássica, considerada entre os anos de 1950
e 1990, quando ocorre uma grande transição no mundo dos negócios, especialmente pelo fortalecimento
do desenvolvimento tecnológico, que, além da máquina de escrever, traz o avião a jato, a televisão, os
primeiros computadores e a telefonia digital. Esse é o período em que as empresas passam a produzir em
larga escala, com uma série de novos produtos e serviços, possibilitados pelo advento tecnológico. No
entanto, isso faz com que o cenário mude drasticamente e torne-se, muitas vezes, instável e mutável, o
que constitui um grande desafio às empresas acostumadas com a estabilidade. Nesse sentido, as teorias
clássicas deixam de fazer sentido e precisam ser revistas para adequar-se ao novo quadro, e dão enfase
à estrutura, às pessoas e à tecnologia:
Nos últimos 20 anos, viveu-se a Era da Informação, tendência já indicada no final da era anterior.
O foco principal desse período é a Tecnologia da Informação, que se torna a nova riqueza, substituindo o
capital financeiro. O computador e as telecomunicações tornam-se indispensáveis nas organizações e na
vida das pessoas (CHIAVENATO, 1999). Verificamos, então, novas características organizacionais: menor
espaço, menor tempo e maior contato. A tecnologia permite que as empresas economizem em tempo e
espaço, pois surgem os “escritórios virtuais”, que permitem ao profissional trabalhar a partir de qualquer
lugar, otimizando não só o espaço, como o tempo, já que, agora, existe o advento da comunicação
instantânea. O contato também é aumentado por meio do teletrabalho, em que as pessoas, mesmo
distantes, trabalham juntas por meio da teleconferência, por exemplo. Sobre as Teorias Administrativas
dessa era, Chiavenato (1999) elucida:
Embora não tenha surgido ainda um corpo estruturado e integrado de ideias capazes de
formar uma nova teoria administrativa, as modernas abordagens em plena era da
informação privilegiam aspectos organizacionais como simplicidade, agilidade,
flexibilidade, trabalho em equipe e células de produção, unidades autônomas, além de
aspectos culturais como ampla participação, comprometimento, focalização no cliente
interno e externo, orientação para metas e resultados, busca da melhora constante e da
excelência. A competitividade costuma ser o resultado de toda essa preocupação
(CHIAVENATO, 1999, p. 59).
Pode-se notar como o papel do secretário executivo evoluiu durante os anos. Se, antes, era
apenas o assistente que cuidava de compromissos e atendia a telefonemas, além de servir o “cafezinho”
aos clientes, atualmente, o profissional tornou-se uma peça chave na empresa, pois suas competências
estão diretamente ligadas ao quadro da Era da Informação. Neiva e D’Elia (2009) destacam a mudança
do perfil do secretário, demonstrando a autonomia decisória conquistada frente às tantas áreas de gestão
atingidas por esse profissional atualmente. Galindo, Souza e Carvalho (2012) ilustram essa transição por
meio do quadro comparativo abaixo, baseado em Neiva e D’Elia (2009):
No entanto, para que o profissional de secretariado chegasse a esse patamar, muito aconteceu
desde o início da profissão, no Antigo Egito, epóca dos escribas, considerados os primeiros secretários.
[…] o destino do secretariado seguiu pelo afortunado caminho da cultura, pois para registrar a história,
os secretários tinham que ter domínio da escrita. E quem tinha esta capacidade, exercendo funções tão
ligadas aos Governantes, obtinha o privilégio da leitura de obras cerceadas ao povo. Desta forma tinha,
o secretário, acesso ao conhecimento (SABINO; ROCHA, 2004, p. 03).
Os escribas eram, em sua totalidade, do sexo masculino. Com o decorrer dos anos, eles foram se extinguindo.
Na Idade Média, os monges assumem o papel de copistas, ou seja, indivíduos responsáveis por copiar à mão
exemplares de livros, além de realizarem outras funções, assim, o comparando ao secretário/escriba.
A mulher só começa a ganhar espaço a partir da I Guerra Mundial, atuando em trabalhos pesados e lidando
com máquinas de tecelagem (SABINO; ROCHA, 2004). A partir da II Guerra Mundial, com a mão de obra masculina
escassa, a mulher começa a atuar nos escritórios. Sabino e Rocha (2004) ainda citam que:
[…] dez anos mais tarde, o Pós-Guerra da segunda grande batalha mundial (1939), ampliou
consideravelmente o mercado de trabalho dessas profissionais, registrando, em 1940, a presença de
20 milhões de secretárias no mundo. O aspecto interessante nesse programa é de que a profissão
tornou-se exclusivamente feminina (SABINO; ROCHA, 2004, p. 08).
Corroborando esse quadro, Robbins (2005, p. 08) bem coloca que “no Brasil, nas últimas três
décadas a participação da mulher na força de trabalho praticamente dobrou, sendo que atualmente mais
da metade das brasileiras trabalham”.
No Brasil, a profissão de Secretariado foi iniciada por volta de 1950, quando as empresas
multinacionais começaram a ser instaladas. No início, o profissional secretário era responsável apenas
por recepcionar, anotar recados e atender telefonemas.
1
NEIVA, E. G.; D´ELIA, M. E. S. (2009). As novas competências do profissional de secretariado. São Paulo: Editora
IOB, p. 29-39.
A profissão passou por diversas transformações, porém o carisma em bem recepcionar os clientes
internos e externos ainda é uma exigência na área. Atualmente, o profissional secretário assume papel
relevante dentro das organizações, gerindo pessoas, informações e tomando decisões.
Segundo Veiga (2007, p. 21), “a secretária deixou de desempenhar um papel passivo, de simples
executora de ordens e de tarefas mecânicas e passou a ser uma profissional ativa e participante, cada
vez mais integrada aos negócios”.
Nos últimos 60 anos, após o início da profissão no Brasil, o profissional de secretariado
conquistou o seu espaço no mercado de trabalho de maneira tal que a profissão foi reconhecida pelo
Governo Federal no ano de 1985, a partir da promulgação da Lei 7.377 em 30 de setembro,
posteriormente alterada pela Lei 9.261 em 10 de janeiro de 1996. Segundo a regulamentação, é
secretário executivo todo profissional formado em curso superior de Secretariado ou aquele que, formado
em qualquer curso superior, tenha exercido a função de secretário por, no mínimo, três anos.
Em 1989, foi publicado no Diário Oficial da União o Código de Ética do Profissional de
Secretariado, documento que dispõe os direitos e deveres desse profissional, bem como as relações com
as empresas, os colegas de profissão e as entidades da categoria. Nele, verificam-se dois itens, refentes
ao Capítulo VI – Das relações com a empresa, que são pertinentes à discussão aqui abordada:
[...] b) agir como elemento facilitador das relações interpessoais na sua área de atuação;
c) atuar como figura-chave no fluxo de informações desenvolvendo e mantendo de forma
dinâmica e contínua os sistemas de comunicação (BRASIL, 1989, s.p.).
O documento, apesar de antigo, já mostra, como função do secretário, agir como elemento
facilitador da comunicação dentro da empresa e, o mais importante, ser o protagonista no que tange ao
fluxo de informações da organização, sendo o responsável pela manutenção dos sistemas de
comunicação. Garcia e D’Elia (2005) complementam essa informação em um cenário mais atual:
É neste ínterim que nota-se a proximidade das funções do secretário executivo com o profissional
de relações públicas. Em organizações de pequeno e médio porte, que não dispõem de uma equipe
voltada à comunicação, cabe ao secretário o desempenho dessa função, em razão da natureza de sua
profissão (MAUÉS, 1973). Cabe ressaltar, inclusive, que as formações acadêmicas das duas profissões
têm grandes semelhanças. Uma faculdade do interior de São Paulo que oferece o curso de Secretariado
Executivo identifica o perfil desse profissional como:
Outra instituição que oferece o curso de Relações Públicas define seu egresso da seguinte forma:
O egresso deverá apresentar aptidões que se caracterizem pelo gerenciamento do
relacionamento das organizações com seus diversos públicos, tanto externos como
internos, adotando estratégias de comunicação, elaboração de diagnósticos,
prognósticos, ações e políticas inerentes ao aperfeiçoamento das relações entre
Leite (2010) discorre, ainda, sobre a necessidade que existe para qualquer profissional de
secretariado que vá atuar ou não com relações públicas, o domínio dessa área do conhecimento:
As Relações Públicas determinam a atitude de qualquer grupo em relação à organização,
assim, é preciso que o Secretário Executivo esteja consciente da sua missão como
gerenciador das informações referentes à organização, pois ele analisa o estado das
opiniões, antecipa problemas, formula políticas, e principalmente, faz o planejamento e
executa as ações sempre observando as respostas, as avaliações e os ajustes que devem
ser feitos para o bom desempenho da Instituição gerenciada (LEITE, 2010, p. 8).
4 Comunicação Empresarial
A comunicação empresarial teve início, no Brasil, pouco antes do início da década de 1960,
quando as empresas decidem criar uma relação mais forte com seus consumidores e clientes. Nessa
época, surge o “jornalismo empresarial”, ou seja, profissionais da área de jornalismo começam,
timidamente, a ser contratados pelas empresas de maior porte para reportar as informações
consideradas pertinentes no que tangia à empresa para seu público-alvo.
Na década de 1980, com o processo de comunicação mais maduro e difundido nas organizações,
verifica-se a valorização da comunicação estratégica, isto é, a empresa começa a interagir com o meio e
competir em um mercado aberto a novos conceitos e necessidades (Torquato, 2009, p. 15). Esse
processo gera o que se conhece, hoje, por inteligência empresarial competitiva, que é quando todo o
time de funcionários está, efetivamente, participando da comunicação dentro dos processos de tomada
de decisões.
Bueno (2009), elucida, de maneira simples, a transformação da comunicação empresarial em
uma ferramenta estratégica e de inteligência dentro das organizações:
Cabe ressaltar que não será possível à empresa utilizar, de maneira coerente, a comunicação
empresarial se o agente comunicador não tiver conhecimento do mercado em que a organização está
incluída, do tipo de público com o qual ela lida e dos meios que são utilizados para promover o
relacionamento com os stakeholders. Isso significa que o comunicador empresarial deve ir muito além de
um mero executor de tarefas, como bem coloca Bueno (2009):
Dessa forma, podemos verificar, mais uma vez, a competência do secretário executivo para atuar
nessa função, pois, como abordado anteriormente, trata-se de um profissional com visão holística e
formado para atuar como um gestor, justamente pelos múltiplos conhecimentos adquiridos no curso
superior, bem como pelas diferentes funções que está apto a desenvolver.
O profissional de secretariado tem, instrinsecamente à sua atuação, a função de agente
comunicador, pois está presente em todos os setores, nas mais diversas relações estabelecidas dentro da
empresa, na maioria dos fluxos de informações relevantes e na tomada de decisões. Bond e Oliveira
(2011) definem:
Fica bem nítida a atuação do secretário como agente facilitador no recorte seguinte, ainda de
Bond e Oliveira (2011), quando delineiam o secretário moderno:
5 Considerações Finais
A profissão de secretariado passou por uma série de mudanças ao longo de sua trajetória. No
início, o profissional era passivo e executor; atualmente, é ativo, dinâmico e gestor. No entanto, os
registros do passado ainda trazem consigo a essência da profissão. Antigamente, o secretário era o
indivíduo que tinha o conhecimento proporcionado pela sabedoria em leitura e escrita, algo raro entre a
população de milhares de anos atrás. Atualmente, esse profissional é o mais engajado dentro das
organizações devido à sua formação e atuação, além de possuir visão macro, devendo estar apto a atuar
em diversas frentes como gestor.
As instituições de Ensino Superior preparam-no para isso durante a graduação ao inserir, em suas
grades curriculares, não apenas as línguas que deverão ser dominadas pelo profissional, como português,
inglês e espanhol, mas também ao abordar disciplinas necessárias para a função de gestor, como
Administração, Recursos Humanos, Economia, Comércio Exterior, Empreendedorismo, Planejamento
Estratégico, entre outras.
O profissional tornou-se multidisciplinar, podendo atuar não apenas com as atividades habituais
do secretariado, mas com assessoria e consultoria, tradução e interpretação e organização de eventos,
além de ser o agente executor mais próximo às tomadas de decisões da organização, normalmente
efetuadas por seus gerentes ou diretores, consolidando-se como facilitador da ação administrativa nas
organizações.
Assim sendo, torna-se intrínseca sua atuação como agente facilitador da comunicação organizacional,
especialmente em empresas de pequeno e médio porte, que não têm um profissional dedicado
exclusivamente às relações públicas.
6 Referências Bibliográficas