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A robótica educacional como ferramenta motivadora no processo de ensino e aprendizagem dos

alunos

João Armando Guiraze

Prof. Doutor Manuel Zunguza

RESUMO:

A Robótica Educacional é uma ferramenta de tecnologia da informação e comunicação,


inicialmente usada apenas nas áreas de computação e engenharia, começou a ser explorada
tambem na educação e com um grande potencial interdisciplinar, apesar de seus custos, e
atualmente é visto como uma das formas de desenvolver o raciocínio lógico e criar motivação
nos alunos durante o processo de ensino. esse estudo buscou responder a seguinte indagação:
Qual a importância da robótica educacional processo de ensino e aprendizagem dos alunos? A
presente pesquisa buscou analisar as contribuições do da robótica educacional no
desenvolvimento do raciocínio lógico nos alunos. Com o objetivo de analisar a importância da
robótica educacional para a formação dos alunos e futuros profissionais que atuam em diferentes
áreas da atualidade. A metodologia utilizada foi a pesquisa descritiva através da técnica de
levantamento bibliográfico dos principais autores e estudiosos sobre o tema em questão, além de
informações resgatadas em websites e artigos. Constatou-se que a ciência computacional vem se
transformando ao longo dos últimos anos, as contribuições dessa ferramenta é bastante
promissora, pois pode estimular a investigação com resoluções de problemas, desenvolver o
pensamento empírico, computacional e o raciocínio logico, o engajamento, a motivação, a
criatividade e o trabalho em equipe. Passando assim para mediador do conhecimento onde é
necessário o desenvolvimento de novas competências para responder os diversos desafios
existentes no dia a dia do cidadão.

Palavras-chave: Robótica Educacional, Formação do profissional, motivação, ensino e


Aprendizagem.
Introdução

A tecnologia da comunicação e informação transformou não somente o funcionamento das


organizações governamentais e empresas privadas, mas também vêm afetando a sociedade e a
formação dos indivíduos, trazendo grande arsenal de desafios nas mais diversas áreas de atuação.

A introdução da Robótica Educacional na escola constitui, hoje em dia, uma proposta suportada
pela comunidade científica e educativa, e um tópico relevante na discussão sobre as
competências que os jovens devem adquirir ao longo da sua escolaridade, tendo em vista os
cenários de futuro no que diz respeito ao desenvolvimento social e económico.

A robótica vem causando grande impacto na nossa sociedade por trazer inovações em diversos
setores. Seja por extinguir postos de trabalhos ou criar outros, bem como na medicina, com
médicos realizando intervenções cirúrgicas delicadas a distância, nas guerras e até no uso
doméstico e na forma de nos relacionarmos socialmente, sem mensurar o amplo uso de robôs no
chão industrial para realizar atividades repetitivas e de precisão. Isso por si só já a torna uma
ciência interdisciplinar de grandes possibilidades na educação, pois, para Fazenda (1993), a
interdisciplinaridade é a atitude positiva diante do conhecimento, que implica mudança
comportamental diante da tomada de decisões. Para ela, a interdisciplinaridade promove
cooperação, trabalho, diálogo entre as pessoas, entre as disciplinas e entre outras formas de
conhecimento (Fazenda, 1994).

Com isso surgiu mais desafios na formação de futuros profissionais, para participar da
implementação das políticas de inclusão social. Para exercer a cidadania as pessoas devem saber
lidar com soluções computacionais presente em todas as áreas atuação, o poder da Robótica
Educacional faz com que o individuo consiga identificar e apresentar as prováveis soluções de
um determinado problema.

A robótica educativa não é jovem, tendo surgido por volta da década de 1960, quando seu
pioneiro Seymour Papert desenvolvia sua teoria sobre o construcionismo e defendia o uso do
computador nas escolas como um recurso que atraía as crianças. Pode ser definida como um
conjunto de conceitos tecnológicos aplicados à educação, em que o aprendiz tem acesso a
computadores e softwares, componentes eletromecânicos como motores, engrenagens, sensores,
rodas e um ambiente de programação para que os componentes acima possam funcionar. Além
de envolver conhecimentos básicos de mecânica, cinemática, automação, hidráulica, informática
e inteligência artificial, envolvidos no funcionamento de um robô, são utilizados recursos
pedagógicos para que se estabeleça um ambiente de trabalho escolar agradável.

A Robótica Educacional é também conhecida como Robótica Pedagógica, e é aplicada em


ambientes educacionais onde o aluno pode montar, desmontar, programar e reprogramar um robô
ou sistema robotizado. Estes sistemas proporcionam aos alunos momentos não só de
aprendizado, mas também de lazer e entretenimento. O ensino da robótica não trata apenas o
ganho do conhecimento sobre tal assunto (montar e programar o robô), mas também é aplicado
na intenção de auxiliar no aprendizado dos conceitos de diversas disciplinas e ainda no ganho
intelectual e de raciocínio lógico.

De acordo com Azevedo (2017), entre essas ferramentas tecnológicas, a utilização da Robótica
Educacional - RE vem se destacando cada vez mais. Inicialmente usada apenas nas aulas e no
desenvolvimento do raciocínio lógico, em virtude do seu caráter desafiador; a robótica pode
ampliar a gama de atividades que servem tanto para o ensino de ciências, como também o
surgimento de capacidades tão importantes neste mundo moderno, pois ela auxilia no trabalho de
construção de conceitos científicos de forma prática; permitindo desenvolver uma série de
habilidades e competências, colocando os estudantes em desafios constantes e estimulando o
trabalho em equipe.

Diante de tais reflexões, percebemos que se faz necessária a busca por novas metodologias que
viabilizem aos estudantes a incorporação do raciocínio, do emprego da lógica e da análise de
situações para diferentes resoluções de problemas.

Metodologia

Diversos são os métodos e técnicas disponíveis para a realização da pesquisa científica, portanto,
adotou-se para este estudo a pesquisa bibliográfica e exploratória. Sobre a pesquisa bibliográfica,
Marconi e Lakatos (1990, p.66) lecionam que: “Abrange toda a bibliografia já tornada pública
em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: radio,
gravações em fita magnética e audiovisuais, filmes e televisão.”
Procurou-se ainda esclarecer os conceitos acerca da importância da Robótica Educacional na
criação da motivação dos alunos e para a formação do profissional do futuro, configurando assim
a pesquisa exploratória.

As pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar


conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos de pesquisa, estas são as que apresentam
menor rigidez no planejamento. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e
documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e
técnicas quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nestas pesquisas.
(GIL, 2008, 27).

Robôs e Robótica

Os robôs e sistemas robotizados são instrumentos criados com habilidades diversas, tais como
executar determinadas ações, reações e capacidade sensorial. Podem ser programados para
desenvolver funções específicas, inclusive à partir de uma sensação detectada. O fato de serem
reprogramáveis é o que diferem os robôs de máquinas autônomas.

O termo Robótica foi inicialmente utilizado pelo escritor Isaac Asimov em sua obra intitulada
“Runaround”, sendo definida como o estudo e utilização de robôs, definição esta que
posteriormente foi adaptada pela comunidade científica. Robôs são hoje instrumentos fantásticos
criados pelo homem e usados a seu serviço. Estas máquinas são usadas nas mais diversas áreas e
com as mais diversas finalidades, interagindo e se adaptando ao meio. São utilizados para
substituir o homem em trabalhos de risco ou inacessíveis, ou mesmo para oferecer comodidade e
liberar o homem para praticar outras atividades de sua preferência, como lazer e descanso.
Atualmente é natural encontrarmos robôs e sistemas robotizados realizando tarefas humanas.

A Robótica Educacional

O crescimento do uso dos novos recursos tecnológicos nas escolas vem crescendo
consideravelmente. O computador está presente no cotidiano escolar com maior frequência e
intensidade do que à poucos anos atrás. Surge neste contexto, a Robótica Educacional como
ferramenta auxiliadora no processo de ensino.

O principal objetivo da robótica pedagógica é fornecer um ambiente onde o aluno aprenda, não
somente, como construir e manipular um robô, mas também todos os conceitos lógicos
envolvidos no processo, estimulando ainda sua criatividade e raciocínio [Castilho, 2002]. A
robótica tem aspectos multidisciplinares, tendo em vista que o ato de montar e programar um
robô exige conhecimento em várias áreas.

Diversos conceitos são abordados e almejados, como o desenvolvimento do raciocínio lógico,


capacidade de solucionar problemas, trabalho em equipe, senso crítico, criatividade etc., pois
junta a teoria à prática. No ensino da robótica o professor deixa de ser o único provedor de
informações e conhecimento e o aluno é estimulado a raciocinar sobre o problema a ser
resolvido, buscando soluções em conceitos e aplicações de outras disciplinas envolvidas como
matemática, física e computação.

A robótica é uma área de pesquisa que visa ao desenvolvimento de robôs que venham a auxiliar
o homem em tarefas complexas ou repetitivas. Observamos o avanço dessa ciência em muitos
campos, na medicina, na astronomia, na indústria automobilística e têxtil, etc. Sendo uma área
que agrega conhecimentos nas diversas ciências, pode-se dizer que ela é por natureza
interdisciplinar. Consideraremos aqui o uso de kits robóticos didáticos, os quais são
disponibilizados no mercado sob várias marcas e modelos.

Ter uma metodologia bem definida ao realizar um trabalho interdisciplinar é fundamental, é um


meio que nos possibilita atingir um determinado objetivo cognitivo. Construindo o conhecimento
voltado para a inter-relação entre as disciplinas e os conteúdos destas, chegamos à inter-relação e
conexão entre os conhecimentos de forma consciente. Professor e aluno têm o compromisso de
participar da elaboração do conhecimento, pois este não existe a priori, pronto e acabado.

Neste sentido, Papert (1986) afirma que “dizer que estruturas intelectuais são construídas pelo
aluno, ao invés de ensinadas por um professor, não significa que elas sejam construídas do nada.
Pelo contrário, como qualquer construtor, a criança se apropria, para seu próprio uso, de
materiais que ela encontra e, mais significativamente, de modelos e metáforas sugeridos pela
cultura que a rodeia”.
O robô, nesse sentido, é utilizado como elemento que auxilia no processo ensino -aprendizagem
desde o ensino fundamental.

Dentre as muitas vantagens pedagógicas do uso da robótica educativa, Zilli (2004), defende que
a robótica educacional pode desenvolver as seguintes competências: raciocínio lógico,
habilidades manuais e estéticas, relações interpessoais e intrapessoais, integração de conceitos
aprendidos em diversas áreas do conhecimento para o desenvolvimento de projetos, investigação
e compreensão, representação e comunicação, trabalho com pesquisa, resolução de problemas
por meio de erros e acertos, aplicação das teorias formuladas a atividades concretas, utilização da
criatividade em diferentes situações, e capacidade crítica.

Robótica e aprendizagem

Segundo o autor bielorrusso (1998), nas tentativas do sujeito aprendiz para resolver problemas
atinge -se a zona de desenvolvimento proximal, que é a distância entre o desenvolvimento real,
aquele que cada pessoa é capaz de realizar por si mesma, e a zona de desenvolvimento potencial,
aquele que a pessoa consegue fazer com ajuda de outros mais capazes.

Como Vygotsky (1998) define, a aprendizagem é baseada principalmente no relacionamento das


pessoas e caracteriza mudança de comportamento, pois desenvolve habilidades. No nosso caso,
essas habilidades são desenvolvidas a partir da interação com os protótipos robóticos e a
mediação do professor. Essas interações estabelecem -se entre professor -aluno -robô e são
fundamentais para o desenvolvimento do domínio do simbolismo, trazendo vantagens sociais,
cognitivas e afetivas.

Alguns professores levaram a robótica a sala de aula de matemática para trabalhar com os seus
alunos. A ideia central da experimentação é trabalhar conceitos matemáticos como funções,
modelando fenômenos. O professor lançou um desafio em que os alunos pudessem manipular os
objetos e formas reais na obtenção das respostas para o que foi proposto resolver. E a robótica foi
uma ferramenta sazonal para esse tipo de actividade. Partindo de um estímulo “problema” de
cunho real que o professor orientador propunha, como “desenvolver certo movimento para o
robô”. Logo o discente se põe a pensar para resolver tal actividade do robô e se vê motivado a
buscar novas relações da Matemática no mundo e vice -versa.
Para a construção da autonomia e criação de motivação no ensino, Freire (2002), afirma que não
basta dar liberdade, é preciso pensar nas formas pelas quais lidamos com os conteúdos que
ensinamos. Quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender, tanto mais se constrói
e desenvolve curiosidade epistemológica, sem a qual não alcançamos o conhecimento cabal do
objecto.

Ao manipularem as peças ou objetos do kit robótico, partem do pensamento abstrato para o


concreto, pois deve haver a concepção de quais mecanismos serão adequados para a construção
que viabilizará os movimentos esperados. Esse ato de “brincar” do real para o imaginário cria na
criança a possibilidade de exercitar -se no domínio do simbolismo (Vigotsky, 1998).
Contextualizando a construção com o objetivo específico do professor, estabelece -se uma
conexão dos conhecimentos prévios com os novos a que se propõe.

Durante o processo de construção, há uma constante interação do pensamento abstrato com o


concreto. Esse processo de construção de protótipos proporciona um ambiente de aprendizagem
muito dinâmico para o processo de mediação a ser realizado pelo professor, que constantemente
intercederá com novos conhecimentos tecnológicos e instigará novos desafios.
Conclusão

Constatou-se que a ciência computacional vem se transformando ao longo dos últimos anos,
passando de um modelo estático, histórico e limitado para um modelo integrado em diversas
áreas, com características muito mais flexíveis e abrangente a todos, para que haja uma mudança
de paradigma no papel dos alunos e futuro profissional, as contribuições dessa ferramenta é
bastante promissora, pois pode estimular a investigação com resoluções de problemas,
desenvolver o pensamento empírico, computacional e o raciocínio logico, o engajamento, a
motivação, a criatividade e o trabalho em equipe. Passando assim para mediador do
conhecimento onde é necessário o desenvolvimento de novas competências para responder os
diversos desafios existentes no dia a dia do cidadão.

Referências bibliográficas

AZEVEDO, Edjane Mikaelly Silva de. FRANCISCO, Deise Juliana. NUNES, Albino Oliveira.
O avanço das publicações sobre a robótica educacional como possível potencializadora no
processo de ensino aprendizagem: uma revisão sistemática da literatura. Revista Redin. v. 6 Nº 1.
FACCAT RS. Outubro, 2017.

BIEMBENGUT, M. S., HEIN, N. Modelagem matemática no ensino. São Paulo: Contexto,


2007.

Castilho, M. (2002). Robótica na educação: Com que objetivos? Monografia de Especialização


em Informática na Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul -Porto Alegre

FAZENDA, I. A interdisciplinaridade: história, pesquisa e teoria. Campinas: Papirus, 1994.


FAZENDA, I. A Interdisciplinaridade um projeto em parceria. 2.ed. São Paulo: Loyola, 1993.

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