Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1. Origem e conceito
Pode-se dizer que a origem formal da ideia de controle de convencionalidade foi o Caso
Almonacid Arellano e outros vs. Chile (2006), pois a Corte Interamericana como um todo
fundamentou sua decisão no controle de convencionalidade:
Este controle deve ser realizado por meio de um órgão competente para tanto, assim como o
controle de constitucionalidade concentrado, que possui como Corte competente o STF.
A depender de como o controle é exercido, esse pode ser considerado forte ou fraco. Ele é
forte quando se expõe expressamente na decisão qual parâmetro da norma internacional foi
transgredindo, para então invalidar a norma interna. O controle fraco seria uma
fundamentação que apenas menciona princípios dos tratados e dos Direitos Humanos para
invalidar a norma interna.
O controle teria um problema de pressuposto no Brasil, pois não há norma que determine a
subordinação da lei interna, inclusive a Constituição, às normas internacionais, mesmo após a
EC 45/2004.
Ademais, se um Tratado de Direitos Humanos não passa pelo procedimento especial, ele
assume o lugar de "supralegalidade" e, portanto, caso uma norma internacional supralegal
entre em conflito com uma norma de direito interno, apenas seria necessário se utilizar das
ferramentas hermenêuticas comuns (especialidade, posterioridade, etc.).
Os art. 1º e 2º do Pacto de San José da Costa Rica afirmam que as medidas de direitos
humanos serão adotadas conforme o sistema constitucional de cada país e, assim, o
Estado só precisa cumprir o acordo internacional por ter assumido um compromisso com a
comunidade internacional (ideia que as escolhas de um país soberano o vinculam) e não
porque as normas internacionais são superiores às normas de direito interno. A única
sanção possível seria uma eventual condenação em Tribunais Internacionais ou a punição por
soft law da comunidade internacional.
A Convenção americana não exige que o Estado parte submeta suas normas internas às
normas internacionais. A CIDH estaria, portanto, violando a própria Convenção, por impor
algo que esta não impõe.
O pacta sunt servanda e o art. 27 da Convenção de Viena ("Uma parte não pode invocar as
disposições de seus direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado") não
determinam que as normas de Direito Interno podem ser invalidadas diante de conflito com as
normas internacionais, apenas que o Estado está submetido a sanções da comunidade
internacional. Em resumo: a norma interna pode fazer com que o país não cumpra com os
compromissos internacionais, mas isso não implica em sua invalidação — pois supõe-se que
está em conformidade com o sistema constitucional interno —, apenas permite que a
comunidade internacional puna o Estado que quebrou com o pacto.