Você está na página 1de 24

TEORIA E SISTEMAS

MATRIZES E TEORIAS DO PENSAMENTO


PSICOLÓGICO
Júlio César Carregari

-1-
Olá!
Você está na unidade Matrizes e teorias do pensamento psicológico. Conheça aqui as contribuições do

Reducionismo para a formação da ciência psicológica; a formação de um novo campo de abordagem prático-

teórica da Psicologia Etnocêntrica; a consolidação das leituras socioculturais com a Psicologia Transcultural; e a

dinâmica de relação do Determinismo e o Livre Arbítrio para a constituição subjetiva do homem.

Nesta unidade, seja apresentado a alguns aspectos importantes do percurso histórico da Psicologia, além de

algumas das principais matrizes presentes nas suas dinâmicas de análise mais atuais.

Bons estudos!

-2-
1 Reducionismo
O Reducionismo é um sistema de pensamento bastante promissor e com potencial explicativo nascido entre os

séculos XVII e XIX, juntamente com a concepção de que os homens seriam como máquinas, cuja natureza se

comportava segundo critérios e padrões específicos, submetidos a “leis gerais” de funcionamento, subsidiando

os primórdios do que mais tarde se reconheceria como conhecimento científico e seus desdobramentos

metodológicos.

Em um momento histórico de grandes descobertas e invenções humanas, o pensamento da época buscava

explicar o homem e seus feitos a partir de uma compreensão que se afastasse do conhecimento religioso e se

apropriasse do pensamento filosófico racional, prático e paradigmático, a fim de poder intervir e produzir

efeitos de compreensão e previsão do comportamento e funcionamento humano.

O Reducionismo constitui-se em um movimento filosófico específico e próprio desse tempo histórico, e se

consolida como um método de pensamento, cujos conceitos podem ser formulados em termos cada vez mais

“simples”, promovendo uma redução ao nível das propriedades e das relações entre suas partes.

Foi através do reducionismo teórico conceitual que a visão mecânica do universo se constituiu em um modelo

de compreensão do homem enquanto ser natural, distanciando-se do conhecimento religioso e predizendo as

leis gerais que explicitavam o homem, suas estruturas orgânicas e biológicas, e sua relação com a vontade e o

pensamento.

Através desse modelo, o homem era comparado a uma máquina, e seu funcionamento podia ser então explicado

em razão de causa, efeito e consequência. Clique abaixo para saber mais.

Enquanto o que o motivava, como operava sua maquinaria interna e revelava a dinâmica
Causa
física de seu comportamento.

Efeito Enquanto movimento e comportamento vital.

Consequência Enquanto processo de tomada de consciência (mesmo que religiosa e moral) de seus atos.

O universo mecânico era então explicitado aos olhos de quem quisesse ver, e as razões de causas e efeitos

podiam ser harmonicamente remontadas na composição das engrenagens de uma das máquinas mais

emblemáticas destse pensamento: o relógio.

-3-
Como nos dizem Schultz e Schultz (1992, p. 34): “O relógio era a metáfora perfeita para o espírito mecanicista do

século XVII, tendo sido, justamente, considerado uma das maiores invenções de todos os tempos”.

Foi com esse conhecimento, cada vez mais sistematizado e difundido sobre o mundo e seu funcionamento, que o

homem passou a considerar-se pertencente ao mundo natural; assim, deixava de ser uma criação divina

para fazer parte das mesmas leis mecânicas que regiam e organizavam todo o universo.

A concepção dos seres humanos “como máquinas” emprestou aos modelos filosóficos de explicação do mundo

condições para a criação de um novo método de conhecimento, modo pelo qual seria possível entender e operar

sobre a natureza humana, fomentando intensamente o recém “descoberto” método científico de investigação do

mundo moderno.

-4-
1.1 Conceitos e Abordagens

É inegável a contribuição e o avanço significativo que o reducionismo trouxe no bojo das transformações das

relações do homem com o conhecimento e de sua base na produção do conhecimento científico, como ainda hoje

se considera.

A possibilidade de traduzir as leis gerais de um fenômeno em um único conceito ou apenas em uma lista

diminuta de explicações que congregam, em essência, o jogo das partes envolvidas e sua dinâmica de

interferências, produziu, no homem, uma racionalidade de controle e predição dos fenômenos enquanto

acontecimentos naturais e, como tais, possíveis de serem “reduzidos” aos mesmos enquadres de explicações de

causas e efeitos observados no universo físico do mundo.

Segundo Hillix e Marx (1995, p. 57):

As explicações reducionistas oferecem, pelo menos, uma economia potencial de conceitos, visto que

um único conceito pode servir em mais de um nível de explicação. Essas economias podem servir

como base para a escolha entre teorias em tudo o mais equivalente.

Como também explicitam El-Hani e Pereira (1999), a base de toda produção científica na modernidade se

consolida a medida em que os pensadores e cientistas das diversas áreas do conhecimento fazem uso do

reducionismo como modelo a ser aplicado na construção do saber científico, contrapondo-se aos saberes

filosóficos, religiosos e do senso comum.

Através de um modelo reducionista, ao analisar um fenômeno qualquer em questão, o cientista seria capaz de

“reduzir” a explicação do mesmo em termos condensados e essenciais, revelando os “segredos” das estruturas e

de seus funcionamentos específicos, respeitando as condições externas e internas para a sua manifestação e

expressão aparente.

Continuam os autores acima citados:

Nos últimos trezentos anos, o programa reducionista tem sido o modo de análise dominante dos

mundos físico, biológico e até mesmo social. Em outras palavras, ele tem sido o paradigma na

explicação científica (EL-HANI; PEREIRA, 1999, p. 77).

Os autores acreditam que a assimilação do reducionismo ao pensamento científico da modernidade fez com que

essa última estivesse intimamente associada a um modelo que, se tinha grande sucesso no plano das ciências

naturais da física, química e biologia, o mesmo não se podia observar no planos dos conhecimentos científicos

-5-
que não possuíam um objeto de investigação tão objetivo e passível de replicação de experimentos com

controles de variáveis manejáveis ou até mesmo mensuráveis.

E, apesar de demonstrar-se como um método limitado para lidar com sistemas causais complexos, dentre eles

encontramos os estudos realizados pela psicologia científica. Esta fez uso de suas premissas em diversos

momentos e em várias perspectivas teóricas tão distintas que, em certos momentos, chegou mesmo a produzir-

se em contradições teóricas e metodológicas, sendo seus conflitos teóricos a base para a compreensão do que

hoje se aceita como sendo a Psicologia, ciência e profissão.

-6-
1.2 Contribuições para a Psicologia

Para retratarmos as contribuições do reducionismo para a Psicologia enquanto ciência moderna, vale destacar as

premissas do que é científico contrapondo-se aos conhecimentos de naturezas distintas, de base especulativa,

observacional e experimental, presentes nos conhecimentos da filosofia, das artes, religiões e do próprio senso

comum. Clique abaixo para obter mais informações.

Com o advento do “Iluminismo”, movimento cultural e filosófico do século XVII, transfere-se ao homem a

capacidade de conhecer e explicar o universo, suas estruturas e funcionamentos com base no instrumental

próprio de sua natureza superior. Isso distingue-o dos demais seres e dá ao homem o caráter dominador de tudo

o que é capaz de observar, perceber, pensar, controlar, mensurar e concretamente experimentar, “objetivando” o

conhecimento e transformando, inclusive, o próprio corpo como objeto do conhecimento.

Essa mudança de paradigma para o processo de conhecimento e produção de saberes específicos sobre o homem

e a natureza inaugura um cenário ideal para o advento da racionalidade enquanto instrumento específico de

acesso às verdades universais do homem e da natureza, conduzindo a humanidade para a realização plena de

sua liberdade fundamental.

Desse modo, fazendo uso da racionalidade como princípio norteador das ciências humanas e, dentre essas, a

ciência psicológica, o homem passou a considerar a possibilidade de revelar todo o fenômeno humano à luz

do reducionismo explicativo, tratando a realidade interna e externa da psiquê humana como “essência” e,

portanto, como um fenômeno já dado a priori, que se transforma e se “esconde” à medida que se manifesta no

plano físico e fisiológico do corpo.

A compreensão da expressão comportamental como efeito de um funcionamento psíquico constituiu-se na base

do reducionismo fisicalista, explicando o fenômeno psíquico humano como um fenômeno comportamental, ou

seja, reduzindo o que se entendia em termos subjetivos como vontades e motivações humanas a uma espécie de

respostas comportamentais a estímulos que poderiam ser observados, categorizados e, consequentemente,

manipulados (CASTAÑON, 2009).

Esse exemplo de um reducionismo realizado pela ciência psicológica demonstra o difícil dilema enfrentado por

essa área do conhecimento científico e, até mesmo, revela uma das tensões fundamentais da Psicologia

apresentada em termos de disputa de, ora pertencimento, ora afastamento do paradigma da ciência moderna.

Assista aí

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2

/84cbef98633a3adaf9870c26bd67edea

-7-
Devido à natureza não quantificável de seu objeto – à simultaneidade da condição de sujeito e objeto de estudo,

à indivisibilidade do fenômeno psíquico, dentre outros aportes analíticos, considerando a transformação do

próprio ser humano pela inerente interação com o mundo e demais indivíduos, da sua relativa autonomia e,

portanto, relativa liberdade, além das constantes transformações de suas realidades externas e internas –, as

diversas teorias explicativas realizadas pelos métodos reducionistas desses fenômenos contribuíram para a

ampliação dos modelos teóricos, por vezes complementares, ou tão antagônicos, colocados no bojo da

compreensão psicológica: desde o estudo do funcionamento neuroquímico do sistema nervoso central até

mesmo as condições inconscientes da constituição subjetiva humana.

Essa compreensão analítica da realidade psíquica humana será sustentada por reducionismos metodológicos

que explicitarão os mecanismos e funcionamentos da psiquê humana na alternância de posições de destaque

desses sistemas e de acordo com as tendências das épocas históricas que se seguem, até o aparecimento de outro

campo teórico capaz de produzir uma Psicologia científica tão rica e plural quanto as complexas realidades de

constituição do ser humano.

-8-
2 Abordagem etnocêntrica
Para entendermos a abordagem etnocêntrica em Psicologia e seu reduzido quadro de compreensão do homem e

do mundo, precisamos adentrar uma área ainda mais espinhosa da psicologia científica, que se constitui na

interface das relações de saber e poder produzidas e amplamente difundidas pela Psicologia e pela

Antropologia enquanto áreas de domínio e de afirmação de preconceitos e desigualdades.

Os esforços da ciência psicológica, desde seu início, voltaram-se primeiramente para os estudos do

comportamento do ser humano adulto, traçando suas características externas e internas, preocupando-se com a

regularidade e padrões desses comportamentos. Com o passar do tempo, essa ciência ampliou seu olhar também

para os “desvios”, os comportamentos que se constituíam fora da “curva”, ou seja, se constituíam em análises

iminentemente estatísticas da norma.

Com o alvorecer da compreensão de normalidade, as análises comparativas não demoraram a acontecer e a

psicologia passou a incluir outras áreas do conhecimento em seu campo teórico-metodológico. Os avanços nos

estudos do comportamento da criança e do adolescente, do comportamento animal, dos aspectos sociais e

profundos das atividades humanas, acompanhado de um vasto campo de técnicas de intervenção e métodos de

exploração científica, deram à Psicologia um lugar de destaque na compreensão de quem é o homem, objeto e

sujeito de análise, na área das ciências humanas. Contudo, esse destaque não lhe garante universalidade de

conhecimento sobre os temas do homem.

Podemos observar que, apesar dos avanços significativos alcançados na compreensão do fenômeno humano, o

embasamento teórico-metodológico da Psicologia se encontra profundamente enraizado em uma abordagem

etnocêntrica, que considera outras sociedades ou povos como inferiores ao seu próprio grupo étnico.

Toda a Psicologia produzida até meados de 1960 e 1970 tinha por pressuposto uma universalidade de homem

referendada aos sujeitos brancos, ocidentais, que viviam culturas capitalistas e democráticas, de tradição

cultural judaico-cristã, e que compactuavam com a visão de mundo advinda da Europa renascentista, com os

ideais da Revolução Francesa ainda pulsando fortemente em suas formas de entender e se relacionar com o

mundo.

-9-
2.1 Teorias e conceitos

O caráter etnocêntrico até então apresentado nos estudos psicológicos, ou seja, o caráter de quem olha para

outra cultura sem realizar um trabalho de reconhecimento e tratando o diferente como “exótico, diferente de

mim (indivíduo), ou nós (sociocultural), começa a alargar-se em todas as direções dos campos de pesquisa.

A abordagem etnocêntrica em Psicologia começa a sofrer severas críticas com o desenvolvimento da Psicologia

Social em consonância às críticas dos métodos de investigação da Antropologia, compondo um campo novo,

capaz de, não somente abarcar duas áreas específicas do conhecimento humano científico, mas compor uma

Psicologia capaz de trabalhar a universalidade dos conhecimentos e dos olhares sobre o acontecimento humano

sobre a terra, sem excluir as dimensões singulares e particulares dos modos de ser e habitar o planeta em toda

sua diferenciação fundamental. Para essa nova perspectiva, a Psicologia Cultural nascerá como proposta

alternativa e eticamente viável na composição do novo saber.

Andrada (2010, p. 6) nos trará um aporte totalmente renovado sobre as perspectivas desse modo de entender o

humano na sua dimensão etnológica ao destacar a importância de experimentarmos “o estranhamento do

outro”, como um modo de revermos o cenário antropológico da Psicologia, e propondo “um novo enfoque para a

área, uma teoria interpretativa da cultura, de fato, amparada fundamentalmente na etnografia”.

Vale ressaltar que, dada a realidade recente desse campo de trabalho, ainda temos muito o que conhecer e

compreender enquanto realidade teórico-metodológica, e muito mais ainda a formar enquanto campo semântico

conceitual de inserção desse saber nas atuais bases das ciências humanas.

Desse modo, as experiências que apresentamos a seguir são possibilidades de compreensão do campo da

abordagem cultural em oposição à visão etnocêntrica em Psicologia, e nos permitem vislumbrar o caminho

que ainda temos pela frente na consolidação desses conhecimentos.

- 10 -
2.2 Perspectivas culturais da Psicológica

A abordagem etnocêntrica em psicologia perde força para uma proposta de integração:

Entre os estudos culturais da antropologia.

Das perspectivas coletivas dos agrupamentos humanos organizados da sociologia.

Das constituições objetivas e subjetivas das linguagens e línguas da linguística.

Das características psicológicas compartilhadas entre os indivíduos de uma tribo, aldeia, ou qualquer outro

agrupamento humano que caracteriza ou denota uma compreensão específica de um modo de ser e estar no

mundo de maneira única e singular da psicologia.

Assim, é uma abordagem que se processa na tensão emergente das tentativas de interlocução interdisciplinar a

respeito das relações entre os sujeitos, da mesma forma que acontece na composição da Psicologia Cultural, cujo

método de investigação se processa na esteira da antropologia e sociologia.

Segundo Guimarães (2016, p. 179):

Ao trabalhar com a articulação de disciplinas, tais como a antropologia e a etnologia, a psicologia

cultural tem se aproximado de questões que dizem respeito à relação de pessoas oriundas de povos

autóctones da América (povos indígenas) com a sociedade envolvente (não-índios). Investigações

recentes vêm demonstrando, por exemplo, que diversos fatores contribuem para a configuração de

situações de risco e vulnerabilidades psicossociais intensas relacionadas às pessoas indígenas que

habitam tanto nas aldeias quanto nas regiões metropolitanas de grandes cidades.

Com essa aproximação entre a Psicologia Cultural, a abordagem etnocêntrica perde espaço para a compreensão

da relação intersubjetiva do homem emergente de determinada cultura, estabelecendo os critérios de análise de

sua psicodinâmica, extrapolando e, por vezes, ressignificando os conceitos tradicionalmente aceitos e aplicados

pela Psicologia científica oriunda do campo cultural europeu ou norte americano.

Assista aí

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2

/fd35cc5d089ad95b08a1a8c2f5a67388

Esse esforço pode ser analisado nas recentes apropriações do campo teórico da psicologia na tentativa de

explicar fenômenos culturais nos mais diversos espaços de ocupação do homem sobre a terra – primeiramente

- 11 -
numa perspectiva puramente descritiva, na tentativa de identificação de o que fazem esses sujeitos, como vivem,

como se organizam e como lidam com as adversidades desse modo de vida, etc. Tais esforços aprofundam-se na

busca de compreender como se desenvolvem, quais aspectos de personalidade estão mais dispostos a aceitar e

inclinados a valorizar, e como reagem diante do desconhecido e dos sentimentos que carregam e apresentam na

relação consigo mesmos e com os demais integrantes do grupo.

Figura 1 - A cultura em evidência


Fonte: Rawpixel.com, Shutterstock, 2020

#PraCegoVer: Na imagem, há um esquema das relações dos conceitos de cultura, etnia, pessoas, crença,

tradição, diversidade e nação projetado numa parede com jovens sentados como em um auditório observando

essa projeção.

Vale destacar que uma das possíveis respostas a essa abordagem em Psicologia está na aproximação do plano

teórico-metodológico da Psicologia Cultural às questões dos povos indígenas de nossa realidade nacional. Assim

como nos lembra Guimarães (2016, p. 187):

Ao entrarmos em contato com as tradições indígenas, dispostos a vivenciar o choque cultural e a

estabelecer formas de relação mais equitativas, passamos a conhecer a alteridade das diferentes

tradições indígenas, ao mesmo tempo em que, pelo processo de comparação, passamos a conhecer

também a nossa própria tradição.

- 12 -
Com essa abordagem, vislumbramos um plano teórico-metodológico ainda em processo de consolidação e com

muito espaço de aberturas e composição interdisciplinar que capte o que há de melhor no plano das ciências que

têm o homem como principal referência de suas dimensões individuais e culturais em análise.

- 13 -
3 Abordagem Transcultural
Para apresentar a abordagem da Psicologia Transcultural no seu percurso científico, que se relaciona com a

Psicologia Social Experimental, utilizaremos da Psicologia Cultural como substrato de compreensão dessas

discussões associadas ao universo da produção brasileira na área. Desse modo, faz-se necessária uma atenção ao

recorte epistemológico dos efeitos desse Sistema Transcultural, na composição do campo temático em Psicologia.

O nascimento da Psicologia Cultural remonta ao século XVII, quando o filósofo Giambattista Vico (1668- 1774) –

em pleno período em que imperava o pensamento de Descartes, cuja expressão da ciência e do saber eram a

mola mestra do direcionamento humano – questionava a importância do senso comum e da necessidade de

compreensão da vida prática como elementos fundamentais para a construção do pensamento e da linguagem

(BONIN, 1998).

Ele apontava a importância de Deus como conhecedor de todas as coisas, e o homem deveria apreender as

questões a partir de seu viés particular, amplamente valorizado, incitando o estudo cultural, voltado

especificamente para a análise de uma dada realidade ou de um dado contexto. É por isso que se atribui a ele as

origens da Psicologia Cultural, uma vez que consubstancia a importância da apreensão particular de cada sujeito.

De uma maneira ou de outra, a Psicologia como ciência trilhou um caminho de reconhecimento do campo

cultural. Apesar de algumas escolas de pensamento centralizarem suas pesquisas, conceitos e conhecimentos na

natureza intrapsíquica das questões psicológicas, há uma busca de compreensão do campo cultural e de como os

sujeitos reagem e produzem tal realidade.

- 14 -
3.1 Leituras do Campo Cultural

De modo geral, a cultura se apresenta como “um conjunto de hábitos, de instrumentos, objetos de arte, tipos de

relações interpessoais, regras sociais e instituições em um dado grupo” (BONIN, 1998, p. 61). A partir desse

recorte, o autor nos relata quatro perspectivas sobre a Psicologia Cultural, que são determinadas pela leitura

específica do campo cultural. Clique nas abas abaixo e acompanhe as definições.

• Primeira leitura

A primeira leitura toma a cultura como variável independente, ou seja, se caracteriza como uma

grandeza que estava sendo manipulada em um experimento. Essa concepção foi aplicada aos estudos de

cognição/testagem psicológica nos anos 1960/1970. A ideia observada era de que o corpo era separado

da mente, dualismo mente/corpo. Nesse sentido, registra Bonin (1998), o mental era um aparelho

interno que estabelecia o pensamento abstrato, o qual era marcado pela cultura, de fora, sem ter relação

ou ser criado por esta.

• Segunda leitura

A segunda leitura da concepção de cultura era de que a mente está inserida nas práticas culturais. Nesse

entendimento, a cultura passa a ser considerada como elemento fundante das interações e práticas

sociais, as quais constituem o sujeito. Há uma retroalimentação: o sujeito se constitui como humano a

partir das produções culturais e, por sua vez, também é produtor dos elementos da cultura.

Um importante expoente é Vygostsky, que estuda e apresenta a Psicologia Sócio-histórica e as funções

mentais superiores com as indicações de como a criança aprende e apreende o mundo a partir das

relações de mediação promovidas pelo adulto em seus universos linguísticos e também pela ajuda

colaborativa com as demais crianças.

• Terceira leitura

A terceira leitura acena para a cultura na mente, a ideia de se estudar as narrativas produzidas pelas

pessoas em um dado contexto cultural. Dar visibilidade e luz pelo modo como relatam e organizam as

suas experiências diárias, coletivas, a partir de elementos cotidianos, e não se limitar a estudar

categorias ordenadas como pensamento, cognição, linguagem como a concepção anterior.

A questão que se coloca aqui alude ao pensamento simbólico e aos registros possíveis de serem

efetuados pela fala ou a partir de elementos situacionais que nos conduzem a criar e potencializar ações

- 15 -
e estabelecer conexões, por exemplo: diante de uma situação de descobrimento/conflito para a criança,

ela pode resolver isso a partir da interação com o adulto (que apresenta a cultura em seus gestos e

ações) ou a partir de um conhecimento próprio (por ser sujeito emergente da mesma cultura).

• Quarta leitura

A quarta leitura sobre a cultura implica um novo direcionamento para a Psicologia Cultural, diz respeito

ao recorte que considera a cultura na pessoa, observando o sujeito como um agente intencional, capaz de

criar elementos e recursos para a ação, considerando empaticamente a presença do outro.

Estudos recentes apontam o bebê como um sujeito de intencionalidades e capacidade de empatia desde

o nascimento, diferindo da concepção que aponta o bebê dotado apenas de instinto ou comportamento

reflexo.

Nesses estudos, se considera cada vez mais a importância do ambiente como elemento potencializador

do desenvolvimento, bem como as relações que se estabelecem com o bebê, que viabilizam a ação deste,

na convocação dos adultos que cuidam dele, reforçando a proposição de agente intencional que busca

interativamente quem está por perto.

- 16 -
3.2 A Psicologia Transcultural: conceitos e contribuições

A Psicologia Transcultural se caracteriza como um sistema de investigação em Psicologia, que se coloca a estudar

a relação do homem em seu contexto social, como ele interage, aprende, demonstra emoções e afetos sob certas

circunstâncias de vida.

De acordo com Gomes (2018), a busca para compreender e estudar as semelhanças e diferenças nos indivíduos e

grupos em seus mais diferentes aspectos – sejam eles biológicos, ecológicos, sociais ou psicológicos – constitui-se

como um dos principais objetivos de pesquisa e intervenção da Psicologia Transcultural.

Fique de olho
Para aprofundamento dessa questão, sugerimos o filme “Babies”, pois apresenta o processo do
desenvolvimento infantil em diferentes contextos culturais possíveis de serem analisados
segundo a perspectiva da Psicologia Transcultural.

Para garantir pesquisas que oportunizem tamanha correlação de variáveis, a Psicologia Transcultural opta por

metodologias de trabalho que contemplem as ações de coleta e análise de dados, mas que também analisem uma

demanda abundante de variáveis que podem estar se apresentando.

Gomes (2018) aponta que esse campo precisa ser melhor explorado nos países ocidentais, que ainda há

necessidade de estudos mais abrangentes para analisar as pesquisas e metodologias que apresentem um maior

rigor científico. Via de regra, pode-se dizer que a Psicologia Transcultural oferece três orientações teóricas

para os fenômenos observados, a saber: absolutismo, relativismo e universalismo. Clique abaixo para obter

informações sobre cada uma delas.

Absolutista

Para a perspectiva absolutista, entende-se que os fenômenos psicológicos se caracterizam da mesma maneira

em todas as culturas (por exemplo, o comportamento ansioso, em um dado local, continua sendo um

comportamento ansioso em outra cultura).

Relativista

A perspectiva relativista implica em afirmar que o comportamento pode ser criado a partir do contexto em que

ele se desenvolve, por exemplo, a criança desenvolverá paladares específicos de acordo com a ingestão de

alimentos ofertados em um determinado contexto cultural a partir das primeiras experiências. Nesse caso,

- 17 -
podemos observar que, para algumas culturas, o leite a ser oferecido para a criança é apenas o leite materno, não

possuindo qualquer outro substituto como observado em determinadas culturas que o associam às

disponibilidades alimentares da localidade.

Universalista

Por fim, a perspectiva universalista aponta que os processos psicológicos básicos são comuns a todas as

pessoas, independentemente de questão cultural; porém, admite-se que a cultura possa interferir em

características psíquicas.

- 18 -
4 Determinismo/Livre Arbítrio
A dualidade que aqui se apresenta é apenas mais uma das diversas formas de compreender o acontecimento

humano em seu amplo espectro de argumentos interpretativos e especulativos, na tentativa de explicar o

homem, como se constitui objetiva e subjetivamente, qual seu objetivo ou sua missão no mundo, além de muitas

outras indagações que, dependendo do ponto de partida, despertarão respostas tão distintas quanto incompletas

a respeito das mesmas questões.

Se partimos do pressuposto de que os atos humanos são frutos de uma intenção e que o próprio homem é

quem conduz sua vida a partir de decisões pessoais, então estamos considerando o homem como um ser livre.

Clique abaixo e obtenha mais informações.

Segundo esse pressuposto, somos livres e o próprio querer é a origem causal de uma ação cujas intenções se

colocam em xeque ao compreender que nem sempre somos capazes de identificar linearmente o motivo e a

consequência de um dado comportamento.

Mas é possível estar no mundo e ser um sujeito sem qualquer interferência sobre si e seus comportamentos? De

onde nasce o querer e quais as razões dele se manifestar dessa ou daquela forma? A liberdade da qual estamos

tratando pode ser traduzida pelo livre arbítrio? Essas e outras questões nascem no intelecto humano e se

constituem ao longo do seu próprio desenvolvimento sócio-histórico, desde os primórdios das civilizações das

quais se tem registro até os nossos dias atuais.

É claro que, ao ser estudado, enquanto objeto de conhecimento científico, conseguimos, por alguns breves

momentos, compreendê-lo objetivamente e satisfazer nossa aguçada atenção curiosa definindo conceitos que

justifiquem seus significados. Por outro lado, podemos também, sem muito esforço, ver tal estrutura teórico-

conceitual se desmontar em função de um “novo” conceito, ou novo argumento, apresentado numa nova

perspectiva que nos “obriga” a aceitarmos, senão em termos ideológicos, porém em termos lógico-racionais, que

precisamos rever nossos velhos conceitos.

Pensemos agora na psiquê humana como um “aparelho mental” provido de um sistema de análise e definidor

de escolhas possíveis de serem realizadas sem interferências; como um dispositivo sem um acionamento prévio,

sem qualquer forma de determinismo.

É essa reflexão que Strapsson e Dittrich (2011) realizam ao analisar as contribuições do determinismo para a

formação da Psicologia como ciência e profissão. Os autores fazem um contraponto esclarecedor entre o

determinismo radical e o indeterminismo, também radical. Em ambos os casos, a realidade da condição humana

de existência não encontra referências que justifiquem, cientificamente, tais proposições.

- 19 -
O homem, apesar de sua liberdade de criação de modos de organização vital, individual e coletiva, não é

desprovido de determinantes, que tanto podem ser internas (vontades, desejos e motivações individuais)

quanto externas (suscetível à pressão do grupo, aos impeditivos jurídicos e convenções sociais), ou ainda, a um

terceiro tipo de interferência cuja base se constitui na interseção dos determinismos anteriormente citados

acrescidos aos de natureza ética e moral com seus tabus e tradição de qualquer sorte.

Mesmo com o nível de compreensão alcançado pelas ciências naturais e humanas, ainda temos a tarefa de tentar

explicitar, de maneira objetiva, a seguinte questão: o que determina o motivo do comportamento humano em

suas mais diferentes nuances de intenções e efeitos sobre si e os demais sujeitos com os quais convive? Onde

reside a liberdade ou o livre arbítrio?

Pensemos um pouquinho e voltemos os olhos ao que é possível!

- 20 -
4.1 Conceitualização e consequências para a Psicologia

Para nos ajudar nesta tarefa nada fácil de compreender, finalmente, o que está em jogo quando trabalhamos as

questões humanas e os pressupostos da ciência psicológica na dualidade determinismo e livre arbítrio, nos

aproximamos de Strapsson e Dittrich (2011). Esses autores se debruçaram sobre as questões teórico-conceituais

acerca do determinismo e, por consequência, do livre arbítrio como elementos basilares para se decifrar o

comportamento humano em suas dinâmicas conscientes e até mesmo inconsciente.

Continuam os autores:

O comportamento humano é um dos fenômenos mais complexos a serem estudados no mundo, e

consequentemente um dos eventos de mais difícil explicação. A cultura em geral tende a assumir que

ao menos parte do nosso comportamento é livre, e o tamanho dessa parte tem sido tema de

discussão por muitos séculos, na filosofia, no direito, na psicologia e na religião (STRAPSSON;

DITTRICH, 2011, p. 300).

Preocupados em identificar as contribuições do determinismo para o desenvolvimento da Psicologia como

Ciência e Profissão, analisam o quanto dessa compreensão se encontra nos diferentes postulados teóricos da

Psicologia ao longo da sua história e reconhecem que existe uma tendência a aceitar o determinismo em campos

de interpretação tão distintos como a psicanálise e o comportamentalismo.

Essa compreensão se justifica pela argumentação que, se de um lado a psicanálise pauta-se nos estudos e

análises do comportamento humano determinado em grande parte pela dinâmica do inconsciente, por outro,

não deixa de ser um determinismo à base das relações funcionais entre organismo e ambiente no jogo de

estímulos e respostas pesquisados pelos behavioristas radicais. Para repor a complexidade da análise, não nos

esqueçamos também dos determinismos sócio-histórico-culturais presentes nas análises da psicologia social.

Assista aí

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2

/3f254e4f2bb982b83e7ac565b370f6b6

O que de fato acontece na visão desses autores é uma certa confusão teórico-conceitual com a definição de

determinismo quando utilizado para explicitar uma refutação de ideias e compreensão epistemológica distinta

entre os diversos sistemas e teorias em Psicologia. Ou seja, a questão das críticas formuladas entre esses campos

teóricos do conhecimento psicológico não se faria com base no problema do determinismo, compreendido como

- 21 -
equivocada simplificação do fenômeno humano sobredeterminado em suas causas, mas sim numa errônea

aproximação do conceito de fatalismo na base do que seria o determinismo.

Ao contrário do determinismo, o fatalismo apontaria para a incapacidade humana de criação de novas formas

de responder aos motivos de um comportamento e estaria à mercê de “forças” completamente alheias às

expressões de suas vontades, mesmo que inconscientemente. Nessa perspectiva, além de estar preso às

demandas externas ou internas da motivação, não conseguiria nem mesmo recusar-se ao movimento na

anulação de si mesmo.

E essa não é mais uma escolha plausível na justificativa dos comportamentos humanos, pois, de toda a complexa

rede de interações e determinações existente na condição humana, há ainda uma possibilidade de criação que

pode indeterminar o homem e as respostas apresentadas às mais diversas e variadas indagações da vida.

Do mesmo modo, o livre arbítrio estaria colocado em um pressuposto epistemológico determinado pela

concepção de autonomia humana, para poder pensar, refletir, racionalizar uma escolha diante de diferentes

circunstâncias objetivas e subjetivas de vida, podendo até mesmo ser compreendida na relação entre as forças

conscientes e inconscientes que determinam a realidade psíquica dos sujeitos, mas não completamente alheio às

circunstâncias próprias da vida.

- 22 -
4.2 Entre a dualidade e a complexidade

Dentre as diversas formas criadas pela Psicologia na tentativa de abarcar o homem e todo fenômeno psíquico a

ele referendado, entendemos, assim como Figueiredo (2008), que nas questões explicitadas entre os

determinismos e o livre arbítrio encontramos um rede de relações tão complexas que qualquer reducionismo é

apenas uma possível forma, historicamente constituída e arbitrariamente eleita, como modelo que apenas se

revela como efeito dos arranjos das forças presentes no fato observado.

Nos lembra o referido autor que, historicamente,

[...] as condições para a emergência de projetos de psicologia científica eram duas: a) um alto nível de

elaboração da experiência subjetiva privatizada; e b) a crise dessa experiência, com o

reconhecimento de que o sujeito não é tão livre como julga, nem tão único como crê. É isso que leva à

necessidade de superar a experiência imediata para compreendê-la e explicá-la melhor

(FIGUEIREDO, 2008, p. 71).

Desse modo, a superação da experiência imediata acima apresentada pressupõe a ultrapassagem da

compreensão dos fenômenos psíquicos colocados em termos antagônicos e maniqueístas da relação entre

determinismo e livre arbítrio, para alcançar a compreensão da complexidade do fenômeno humano posto em

sua heterogeneidade irredutível.

O autor acima citado irá propor a construção dessa dualidade à necessidade que temos de criar, também

historicamente, a ilusão de condições imutáveis e fixas que justifiquem a natureza humana em uma essência

dada ao conhecimento que, pela emergência da evolução do método científico, seria capaz de definir, de uma vez

por todas, quais as regras que sustentam as relações humanas.

Assim, Figueiredo (2008) recorrerá às ideias nietzschianas para repor a natureza complexa do homem e da

necessidade de também trabalharmos o pensamento nessa complexidade. Como Mangueira e Bonfim (2014, p.

627), o autor apresenta a intrínseca correlação entre vida e pensamento, e que este constitui-se “não mais uma

atividade puramente contemplativa e rememorativa, mas um procedimento criativo por meio do qual um

pensamento afirma a sua força-diferença e a própria vida”.

Portanto, na afirmação da vida ao homem, mesmo que realize sua compreensão em termos dualistas e, não

raras vezes, antagônicos, esta deve ser entendida como uma forma possível de expressar seus anseios e

projeções condicionados a um determinado tempo histórico e lugar físico específico, pois sua verdade reside na

certeza das ilusões da vida.

- 23 -
é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer as matrizes e teorias do pensamento psicológico;
• estudar os conceitos e aplicações dessas teorias;
• apropriar-se das leituras do conhecimento psicológico;
• compreender as transformações da ciência psicológica ao longo da história;
• analisar o homem como sujeito e objeto de investigação científica.

Referências
ANDRADA, C. F. Etnografias em Psicologia Social: notas sobre uma aproximação fecunda. Ponto Urbe [Online], n.

7, 2010. Disponível em: https://journals.openedition.org/pontourbe/1661. Acesso em: 17 mai. 2020.

BONIN, L. F. R. Indivíduo, Cultura e Sociedade. In: STREY, M. N. (et al.). Psicologia Social Contemporânea. 9. ed.

Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1998.

CASTAÑON, G. A. Psicologia como Ciência Moderna: vetos históricos e status atual. Temas em Psicologia, n. 1, v.

17, p. 21-36, 2009.

EL-HANI, C. N.; PEREIRA, A. M. Reducionismo ou Holismo? Desperguntando a questão. Revista Ideação, Feira de

Santana, n. 3, p. 69-100, jan./jun. 1999.

FIGUEIREDO, L. C. M.; SANTI, P. L. R. de. Psicologia: uma (nova) introdução. 3. ed. São Paulo: Educ, 2008.

GUIMARÃES, D. S. A psicologia e a questão indígena no Brasil. In: CONSELHO regional de psicologia. Povos

indígenas e psicologia: a procura do bem viver. São Paulo: CRP, 2016.

GOMES, L. B. et al. Pesquisas transculturais em psicologia do desenvolvimento: considerações teórico-

metodológicas. Arq. bras. psicol., n. 1, v. 70, p. 260-275, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: http://pepsic.

bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-52672018000100018&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 18

mai. 2020.

HILLIX, W. A.; MARX, M. H. Sistemas e Teorias em Psicologia. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1973.

MANGUEIRA, M.; BONFIM, E. M. da S. Força versus representação: o legado de Nietzsche na filosofia de Gilles

Deleuze. Revista Kriterion, n. 130, p. 619-635, Belo Horizonte, dez. 2014.

SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da Psicologia Moderna. 5. ed. São Paulo: Cultrix, 1992.

STRAPASSON, B. A.; DITTRICH, A. Notas sobre o determinismo: implicações para a psicologia como ciência e

profissão. Avances en Psicología Latinoamericana, v. 29, n. 2, p. 295-301, Bogotá, 2011.

- 24 -

Você também pode gostar