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1.
O MISTÉRIO PASCAL
CENTRO E FUNDAMENTO DO ANO LITÚRGICO 1
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BERGAMINI, Augusto. Cristo, Festa da Igreja - história, teologia, espiritualidade e pastoral do ano litúrgico. Paulinas, São
Paulo, 1997. Pág. 86-104.
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memorial de suas maravilhas", e se referem à Cristo. Na sua gloriosa paixão salvadora
realizar-se-á o êxodo pascal definitivo.
O aceno a todos os profetas é para explicar a razão do sofrimento e da morte a fim
de que o Messias entrasse em sua gloria; é a referência precisa do tema do servo sofredor do
Deutêro-Isaías, suscitado para a salvação de muitos (52, 13-15; 53,1-12). O servo inocente
oferece um sacrificio de expiação pelo pecado de todos, depois de ter intercedido por eles (Is
53, 11-12).
A figura do servo não esvazia a dinâmica do êxodo, da grande passagem, porque os_
cantos do servo estão inseridos num contexto de "novo êxodo", de uma saída exaltante, sob
a guia de Deus para um mundo novo (Is 52, 12; 55,12). O tema do êxodo domina o
ensinamento do Segundo Isaías e, de modo central, forma a introdução e a conclusão de sua
obra.
A Páscoa de Jesus, nos seus componentes morte-vida, está ligada à realidade bíblica
do servo sofredor e glorificado (Mt 12, 15-21). A Páscoa-de morte-ressurreição é a síntese e
a plenitude de toda a vida e missão de Cristo como servo.
Jesus redimiu a todos, não dominando-os como os chefes deste mundo (Mt 20, 25-28),
mas seguindo com ânimo filial, na potência do Espírito, o caminho de servo; superando
criticamente a mentalidade messiânica nacionalista e. triunfalista dos seus contemporâneos e
discípulos; rompendo com o puritanismo de uma prática religiosa corrompida -pela
infidelidade a Deus, a sua Lei e a sua Aliança.
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Jesus encarna e realiza a figura do servo sofredor e do Filho do Homem
transcendente e escatológico de Daniel (Dn 7,13); "o Filho do·Homem não veio para ser
servido mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mt 20, 28; 12, 15-21; Me 10,
45; Lc 22,27).
A manifestação da divindade de Cristo se deu na carne Qo 1,14-18; 14,9; 12,45). A
humanidade integral de Cristo foi assumida não em condição de privilégio e prestígio, mas de
fraqueza, nas condições reais de pecado. E Ele se colocou em uma situação criatura! de Servo,
de pobreza e de amor.
a) Ensina São Paulo. "Cristo que foi entregue à morte pelos nossos pecados e
ressuscito para nossa justificação" (Rm 4,25); morrendo, venceu a morte libertando-nos do
pecado e, com sua·ressurreição, se toma para nós Espírito vivificante" (Cor 15,45; 2 Cor
3,17).
Somente Cristo glorificado à direita do Pai é o mediador, o sacerdote eterno na
plenitude do seu ato sacrifical: "o tema mais importante da nossa exposição é este: temos um
tal sacerdote que se assentou a direita do trono da majestade nos céus. Ele é ministro do
santuário e da tenda verdadeira, armada pelo Senhor, e não por homens" (Hb 8,1-
2). Pedro proclamará o núcleo da fé em Cristo: "que todo o povo de Israel fique sabendo com
certeza que Deus tomou Senhor e Cristo aquele Jesus que vocês crucificaram" (At 2,36).
A vida divina é comunicada como graça, através da carne de Cristo crucificado,
ressuscitado e glorificado. Afirma Sto. Tomás que "assim como são salutares para nós as
coisas realizadas e sofridas por Cri,sto na sua humanidade em virtude da sua divindade,
assim também a sua ressurreição é causa eficiente da nossa ressurreição pela virtude de
Deus, a quem cabe propriamente ressuscit os mortos. Tal virtude atinge com a sua
presença todos os lugares e todos os tempos. E ess,e contato é suficiente para explicar tal
eficácia" (S. Th., III, q.56, a 1 ad 3um). "'