Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
- Estruturas passivas:
- Ossos de sustentação;
- ATM;
- Dentes e elementos de suporte;
- Mucosa bucolingual.
- Estruturas ativas:
- Músculos (mastigadores, cutâneos, supra e infra-hióideos);
- Lábios, bochechas e soalho bucal;
- Língua;
- Glândulas salivares;
- Vasos e nervos.
Ortodontia
Ortodontia Removível
Conhecimento técnico
Más oclusões
Capítulo 1
Tipos de Ossificação
❖ Ossificação Intramembranosa
A formação óssea membranosa ocorre a partir de uma condensação do tecido
conjuntivo membranoso, na qual as células mesenquimatosas se diferenciam em
osteoblastos que produzem a substância óssea extracelular, denominada matriz
osteoide. Essa matriz sofre calcificação, tendo como resultado o tecido ósseo.
Esse osso neoformado é constituído pela combinação da matriz mineralizada e
dos osteoblastos enclausurados (que agora recebem o nome de ostócitos) dentro
dela. Os tecidos ósseos depositados pelo periósteo, pelo endósteo, pelas suturas
e pela membrana periodontal são de formação intramembranosa.
(Membrana conjuntiva; diferenciação – células indiferenciadas; fibroblasto –
osteoblastos; matriz osteóide; osteócitos).
❖ Ossificação endocondral
Na ossificação endocondral, inicialmente, forma-se uma cartilagem, um esboço
para a peça óssea, que posteriormente será destruída pelo osso. Em algumas
áreas, essa cartilagem persiste, sendo denominada cartilagem de crescimento.
Essas áreas são responsáveis pelo crescimento em comprimento dos ossos
longos. São regiões entre epífises e diáfises.
Na formação do tecido cartilagineo, há inicialmente um crescimento intersticial,
em que as células mesenquimais se diferencial em condroblastos (células
formadoras de cartilagem). Esses condroblastos começam a produzir uma matriz
cartilagínea de tal modo que ficarão, posteriormente, aprisionados nessa matriz,
dando origem aos condrócitos. O crescimento intersticial ocorre quase somente
na fase inicial de crescimento da cartilagem, porque depois o crescimento é
majoritariamente aposicional – a partir dos condroblastos que se diferenciam do
pericôndrio. Essa cartilagem posteriormente é invadida e substituída por tecido
ósseo, denominado osso endocondral.
(cartilagem hialina (modelo cartilaginoso);
- dois processos: 1. Hipertrofia dos condrócitos – tabiques – calcificação. 2.
Invasão de capilares sanguíneos e células mesenquimais indiferenciadas –
Osteoblastos.
- Adaptação morfogenética – produção contínua de osso;
- Compressão;
- articulações moveis;
- Osso occipital, porção petrosa e mastóidea do temporal, corpo asas menores e
porção basal das asas maiores do esfenóide etmóide.
- Epífise: cartilagem articular; cartilagem epifisária ou cartilagem de conjugação).
❖ Remodelação
Consiste nos processos especializados de aposição óssea em um lado da
superfície cortical (onde há a direção do crescimento) e de reabsorção óssea na
superfície oposta, promovida pelos osteoblastos e osteoclastos,
respectivamente.
(alteração da forma espacial do osso pelos processos de aposição e reabsorção
óssea).
❖ Deslizamento (movimento)
É o movimento gradual da área de crescimento ósseo provocado pela
combinação dos processos de aposição e reabsorção óssea (remodelação óssea).
❖ Deslocamento
É o movimento de todo o osso como uma unidade.
(Movimento espacial da peça óssea resultante da pressão e tração de outros
ossos, tecidos moles circunvizinhos ou aparelhos ortopédicos especializados).
Deslocamento primário: conforme o osso cresce por deposição óssea em uma
determinada direção, ele se desloca no sentido contrário, afastando-se do osso
vizinho. Esse deslocamento ocorre não por compressão de um osso contra o
outro, mas por uma força de expansão dos tecidos moles em crescimento que o
recobrem.
Ex: o complexo nasomaxilar cresce para trás e para cima, mas simultaneamente é
deslocado para baixo e para frente.
Deslocamento secundário: se dá não pelo crescimento do próprio osso, mas pelo
crescimento de outros ossos relacionados a ele direta ou indiretamente.
Ex: o crescimento em direção anterior da fossa craniana média e do lobo
temporal do cérebro desloca a maxila para frente e para baixo.
(Ancoragem Extra-bucal
❖ Tração alta;
❖ Intermediária;
❖ Cervical.)
Crescimento da maxila
Crescimento mandibular
A mandíbula é uma peça esquelética móvel de ossificação mista. Ossificação
endocondral nos côndilos da mandíbula, recobertos por tecido conjuntivo fibroso e
ossificação intramembranosa na formação dos ramos e do corpo mandibular.
Os ramos e o corpo mandibular sofrem reabsorção nas suas paredes anteriores e
aposição óssea nas paredes posteriores, promovendo um deslizamento na direção
posterior, proporcionando espaço para a irrupção dos dentes permanentes
posteriores.
Áreas de remodelação óssea também ocorrem nos processos coronoides e na
chanfradura sigmóide (aposição superior). O corpo da mandíbula apresenta aposição
em todo o seu bordo inferior, e também na região do mento, com reabsorção na
região supramentoniana, dando forma ao queixo.
A ossificação endocondral no côndilo se faz devido aos variados níveis de pressão que
ocorrem nessa área. Um mecanismo de crescimento endocondral é necessário, pois os
côndilos crescem em direção à articulação e sofrem pressão direta dos músculos da
mastigação.
Esse crescimento gera um movimento para trás e para cima dos côndilos, contribuindo
principalmente para o crescimento em altura da mandíbula, e um deslocamento de
todo o osso para baixo e para frente, também influenciado pelo movimento da base
craniana média para frente.
O processo alveolar da mandíbula também depende dos dentes crescendo
verticalmente e em largura conforme estes irrompem e acompanhando o crescimento
para posterior dos ramos mandibulares. Consequentemente, quando há perda de
dentes, há perda de rebordos alveolares.
A mandíbula também segue o princípio de crescimento em V.
Largura dos arcos dentários: medidas transversais que se estendem se um dente até o
seu contralateral. A largura do arco dentário pode ligar as pontas de cúspide, o sulco
oclusal ou a margem gengival lingual de dentes homólogos.
(Conlusões:
❖ Variações morfológicas do complexo craniofacial são as principais causas das mal
oclusões;
❖ A morfologia e as mudanças no crescimento ósseo são as bases fundamentais do
tratamento ortodôntico;
❖ As mudanças na forma são obtidas por remodelação e os movimentos de
crescimento podem resultar em alargamento das estruturas;
❖ O controle do crescimento ósseo craniofacial incluem genética, função,
crescimento corporal e neurotropismo;
❖ Os fatores que alteram o crescimento ósseo facial podem ser eletivos, ambientais
ou congênitos;
❖ A abobada craniana é influenciada pelo crescimento do cérebro;
❖ O crescimento da base do crânio é resultado de uma complexa combinação de
expansão das sincondroses, crescimento sutural, deslizamento cortical e
remodelagem;
❖ O crescimento nasomaxilar envolvem as suturas, superfícies endosteal e
perioesteal e os processos alveolares;
❖ O crescimento mandibular é intramembranoso e endocondral. As áreas de inserção
dentária e muscular são importantes no crescimento e forma. A região condilar
tem papel especial no crescimento e translação mandibular).
(Ortopedia: más oclusões de origem esquelética. Objetivo de melhorar o
relacionamento entre as bases ósseas, durante a fase de crescimento.
Ortopedia mecânica: modificação óssea por meio de forças exercidas pelos aparelhos
(forças mais intensas /suturas);
Ortopedia funcional: modificação óssea por meio das forças musculares dos
indivíduos, redirecionando o crescimento maxilar e/ou mandibular, harmonizando a
oclusão e a estética facial).
(Ortopedia funcional dos maxilares: aparelhos bimaxilares, soltos na boca, com ação
de verdadeira ginástica e treinamento neuromuscular).
(Principios fisiológicos:
❖ Alteração da postura da mandíbula em relação à maxila;
❖ Volume interno bucal funcional- espaço funcional;
❖ Excitação nervosa ou neural;
❖ Normalização da função;
❖ Equilíbrio forma-função;
❖ Inicio do tratamento numa idade mais jovem;
❖ Menor numero de extrações).
(Ação da OFM
❖ McNamara, Pedrovic, Owen, Graber, e Cols;
❖ Estimulando o crescimento da maxila ou mandíbula;
❖ Inibindo o crescimento da maxila ou mandíbula).
Classe I (neutroclusão)
Maloclusão em que a posição mesiodistal dos arcos dentários encontram-se normal.
Os primeiros molares apresentam-se em oclusão normal, ou seja, a cúspide
mesiovestibular do primeiro molar superior oclui no sulco mesiovestibular do primeiro
molar inferior. Os pacientes frequantemente apresentam um perfil facial harmonioso,
sendo a maloclusão classe I restrita ao mal posicionamento dos dentes, que podem
estar desalinhados, protruídos, com sobremordida profunda, etc. Não confundir com
normoclusão!
Classe II (distoclusão)
Relação anormal dos arcos dentários em que os dentes inferiores ocluem em uma
relação distal em relação aos dentes superiores. O sulco mesiovestibular do primeiro
molar inferior encontra-se distalizado em relação à cúspide mesiovestibular do
primeiro molar superior.
Esses pacientes frequentemente apresentam um perfil convexo, no qual as bases
ósseas podem apresentar-se normais ou com protrusão maxilar e/ou retrusão
mandibular, e ainda com as inclinações dentárias características dessa maloclusão.
Classe II Divisão 1: distoclusão na qual os incisivos superiores apresentam-se
inclinados para vestibular. Os pacientes frequentemente apresentam trespasse
horizontal aumentado, curva de spee acentuada, arco superior atrésico, palato
profundo e lábios entreabertos e ressecados, resultando em um desequilíbrio da
musculatura facial.
Classe II Divisão 2: distoclusão na qual os incisivos centrais superiores encontram-se
verticalizados ou lingualizados e os incisivos laterais superiores encontra-se
vestibularizados. Os pacientes geralmente apresentam sobremordida profunda,
dimensão vertical diminuída e aparência de envelhecimento precoce.
Subdivisão Direita: quando a classe II está presente somente do lado direito. Ex:
maloclusão classe II divisão 2 subdivisão direita.
Subdivisão Esquerda: quando a classe II está presente somente do lado esquerdo. Ex:
maloclusão classe II divisão 1 subdivisão esquerda.
(a maloclusão classe II, primeira divisão é mais prevalente no consultório ortodôntico,
caracterizando-se, na maioria das vezes, pela retrusão da mandíbula).
(Prognatismo maxilar; retognatismo mandibular;protrusão dentoalveolar superior;
retrusão dentoalveolar inferior; combinação).
Conceito de protocolo eficiente
(Posicionadores (indicações): padrão de crescimento horizontal; sobremordida e AFAI
diminuído).
Classificação de Lisher
Maloclusões de acordo com as posições individuais dentárias.
Vestibuloversão: o dente apresenta coroa vestibularizada em relação à sua posição
normal.
Linguoversão: o dente apresenta sua coroa lingualizada em relação à sua posição
normal.
Giroversão: o dente encontra-se rotacionado em torno do seu longo eixo.
Supraversão: o dente encontra-se com a face oclusal ou incisal além do plano oclusal.
Infraversão: o dente encontra-se com a face oclusal ou incisal aquém do plano oclusal.
Mesioversão: o dente encontra-se mesializado em relação à sua posição normal.
Distoversão: o dente encontra-se distalizado em relação à sua posição normal.
Axiversão: alteração da inclinação do dente em relação ao seu longo eixo.
Transversão: transposição dentária, ou seja, quando um dente troca de
posicionamento com outro dente no arco dentário.
Perversão: o dente encontra-se impactado, geralmente por falta de espaço no arco.
Classificação no sentido
vertical
Classificação do trespasse
vertical caracterizando a
mordida anterior:
❖ Mordida anterior aberta;
❖ Mordida anterior normal;
❖ Mordida anterior
profunda;
❖ Mordida anterior em topo.
Pesquisas utilizando uma amostra da população brasileira mostrou que a maioria dos
indivíduos apresenta de uma a três chaves de oclusão e nenhum individuo da amostra
apresentou todas as seis chaves. A maloclusão não é uma característica especifica da
dentadura permanente, podendo manifestar-se precocemente, até mesmo na
dentadura decídua.
Capítulo 3
Desenvolvimento da oclusão
O conhecimento do desenvolvimento da oclusão é importante para que o ortodontista
determine quando e como deve atuar para minimizar o aparecimento de maloclusões
na dentição permanente.
Dentição decídua
A origem embrionária dos dentes decíduos ocorre entre a 7ª e a 10ª semana de vida
intrauterina a partir da lâmina dentária, em um processo chamado odontogênese. Por
volta da 15ª semana, o feto se encontra no processo inicial da dentinogênes, com a
diferenciação dos tecidos dentários. Nesta fase podem ocorrer os defeitos de número
como anodontias e supranumerários.
A forma básica dos arcos dentários é determinada, pelo menos até o 4º mês de vida
intrauterina, pelos germes dentários em desenvolvimento e pelo osso basal em
crescimento, enquanto a língua se adapta ao seu espaço. Há casos em que a criança
nasce com os incisivos, porém, estes não devem ser extraídos a menos que sejam
supranumerários.
Aos 6 meses de vida pós-uterina, a dentição apresenta crescimento vertical do
processo alveolar, com ganho em altura no terço inferior da face. Os germes dentários
passam a ser envolvidos por cripta óssea. O processo alveolar passa a existir por
irrupção dentária. Crianças portadoras de displasia ectodérmica apresentam
oligodontia (ausência de dentes) e seu rebordo ósseo alveolar é quase inexistente.
Baume verificou que 70% das crianças eram portadoras do arco tipo I e 30% do tipo II
na maxila. Na mandíbula, 77% das crianças com arco tipo I e 23% do tipo II.
Espaços primatas: diastemas característicos entre incisivos laterais e caninos decíduos
no arco superior e entre caninos e primeiros molares decíduos no arco inferior. A
presença dos espaços primatas é favorável para o bom alinhamento dos dentes
permanentes anteriores. Entretanto, os espaçamentos são muito variáveis, com
ausência total ou presença generalizada.
Outra característica da dentadura decídua é a ausência de curva de spee, devido a
implantação vertical dos dentes decíduos em suas bases ósseas (paralelismo do longo
eixo dos dentes decíduos).
Em relação à inclinação dos incisivos superiores e inferiores, observa-se que, com a
irrupção do grupo dos incisivos, estabelece-se o primeiro ganho de dimensão vertical,
e as funções musculares se modificam. A relação normal caracteriza-se por uma
acentuada sobremordida e sobressaliência, que é posteriormente corrigida com a
irrupção dos primeiros molares, promovendo aumento da dimensão vertical e
deslocamento mandibular para anterior, oriundo do crescimento e desenvolvimento
nessa época. Os incisivos se posicionam verticalmente, criando um ângulo interincisal
aberto próximo de 180º.
Período Intertransitório
É caracterizado pela presença de dentes decíduos e permanentes: incisivos
permanentes, caninos e molares decíduos e molares permanentes.
Essa fase é de grandes mudanças infraósseas, com reabsorções radiculares dos
caninos e molares decíduos. O permanente desses dentes encontram-se em
desenvolvimento radicular, o que é possível graças ao crescimento vertical alveolar
que ocorre nesse período, além da complementação da formação radicular dos
incisivos e molares irrompidos durante o primeiro período transitório. Há também
uma evolução no posicionamento vestibulolingual dos incisivos superiores,
decorrente da pressão do lábio superior e dos incisivos inferiores e da pressão da
língua na vestibualrização dos incisivos inferiores.
Oclusão normal
❖ Presença de todos os dentes permanentes;
❖ Ausência de diastemas ou apinhamentos;
❖ Relação normal de molares e caninos;
❖ Sobressaliência e sobremordidas normais.
A oclusão normal pode ser resumida como dentes permanentes corretamente
ordenados e alinhados nos arcos dentários e em harmonia com as forças estáticas e
dinâmicas que atuam sobre eles. São necessárias oclusões cúspides e fossas ideais,
contatos proximais justos e coordenados, saúde periodontal e integridade da
articulação temporomandibular.
Oclusão aceitável: mastigação satisfatória, dicção razoável, autoclise, saúde
periodontal e estética aceitável.
Maloclusão: quando uma ou mais dessas características da oclusão estão fugindo do
normal.
Capítulo 4
Etiologia das maloclusões
Os fatores etiológicos das malclusões podem ser divididos em dois grandes grupos:
fatores genéticos e fatores ambientais. Quando maior a influência ambiental em
relação à influência genética, maior a possibilidade de prevenção, melhor o
prognóstico de correção e maiores as chances de estabilidade pós-tratamento, desde
que a causa seja eliminada.
Para determinar se a maloclusão tem origem genética ou ambiental, deve-se
diferenciar o efeito relativo dos genes e do ambiente sobre as estruturas dentofaciais
em casa paciente. A face e a dentição são influenciadas pela complexa interação dos
genes e do ambiente, e casa maloclusão ocupa uma determinada posição no espectro
gene/ambiente.
Fatores genéticos
O código genético humano contém a informação básica necessária para o
desenvolvimento físico e psíquico do ser humano, sendo responsável pela aparência,
personalidade, risco de doenças e também pela morfologia dentofacial. Os genes
definem o tamanho e a forma dos dentes, o tamanho relativo e a disposição dos ossos
faciais, da maxila e da mandíbula na face. A constituição gênica de uma pessoa é
conhecida como genótipo e suas características manifestas são conhecidas como
fenótipo.
As irregularidades genéticas não podem ser prevenidas, porém, podem ser atenuadas
com intervenção ortodôntica, ortopédica e/ou cirúrgica, dependendo da localização,
da extensão e da gravidade da maloclusão. Essas irregularidades são:
❖ Tipo facial;
❖ Padrão esquelético sagital da face;
❖ Discrepâncias entre dente e osso;
❖ Anomalias dentárias;
❖ Infraoclusão de molares decíduos;
❖ Anomalias craniofaciais.
Tipo facial
Característica predominantemente genética, sobre a qual o ambiente e as mecânicas
ortopédicas exercem influência mínima. A ortopedia facial e a ortodontia não são
capazes de alterar o tipo facial herdado.
Analisando o paciente frontalmente, pode ser reconhecidas três tipos faciais de acordo
com a proporção entre a altura e largura da face:
Mesofacial: apresentam a distância bizigomática proporcional à altura facial,
quantificada desde o násio até o mento.
Dolicofacial: apresentam predominância da altura facial em relação à largura.
Braquifacial: face mais larga do que longa. Na vista lateral, apresentam maior
profundidade da face, comparando com os indivíduos dolicofaciais.
Anomalias craniofaciais
As anomalias craniofacias com base genética são ocasionadas por alterações
cromossômicas, monogênicas ou poligênicas. As anomalias de origem cromossômica
são representadas pela síndrome de down (trissomia do cromossomo 21). Anomalias
craniofaciais monogênicas: disostose cleidocraniada e displasia ectodérmica,
ocasionadas pela mutação de um único par de genes.
- Disostose cleidocraniana: anomalia rara associada com agenesia ou hipoplasia da
clavícula, fechamento tardio das fontanelas cranianas, presença de múltiplos dentes
supranumerários, atraso indeterminado na esfoliação dos dentes decíduos e retenção
de dentes permanentes. A prevalência é de uma em um milhão, sem preferência por
gênero ou grupo étnico.
- Displasia ectodérmica: distúrbio heterogêneo com muitos tipos clinicamente
distintos, e caracteriza-se pela tríade hipotricose (pouco cabelo), hipo-hidratação (falta
de glândulas sudoríparas, caracterizando a pele extremamente ressecada) e
hipodontia (reduzido número de dentes). A hipodontia na displasia ectodérmica varia
desde poucos dentes ausentes até a completa anodontia. A forma e o tamanho
dentários também podem ser afetados.
- Fissuras labiopalatinas: malformações craniofaciais de origem poligênica, ou seja, um
grupo de genes atua para determinado fenótipo, interagindo com fatores ambientais.
Sua etiologia é considerada multifatorial, pois uma congregação de genes com
interações ambientais determina o fenótipo final. Pacientes com fissuras completas de
lábio e palato mostram uma maloclusões complexas resultante da presença da fissura
em si, das anomalias dentárias associadas principalmente aos dentes adjacentes à
fissura e da atresia maxilar transversal e sagital ocasionada pelas cirurgias plásticas
primárias. O arco dentário mostra-se segmentado nos pacientes com fissuras que
atravessam o rebordo alveolar. A ausência de tecido ósseo alveolar na região da fissura
impõem modificações nas angulações dentárias naturais dos dentes que irrompem
vizinhos à fissura. Geralmente os caninos apresentam angulações mais acentuadas,
enquanto os incisivos que ladeiam a fissura mostram-se contra-angulados definindo
desvios da linha média superior nos casos de fissuras unilaterais.
Fatores ambientais
Costumam ser mais facilmente identificados por terem uma relação de causa e efeito
clara e indiscutível com as maloclusões. Enquadram-se todos os fatores etiológicos que
não são genéticos, relacionados ao meio em que se vive. Estes são: traumatismos,
perda precoce dos dentes decíduos, perda de dentes permanentes e hábitos bucais
deletérios.
❖ Traumatismos: o impacto sobre os incisivos superiores decíduos, principalmente
quando acompanhados de intrusão, pode induzir desde defeitos superficiais no
esmalte dentário até alteração na posição do germe do dente permanente
sucessor. Com o posicionamento alterado, o dente permanente fica inapto a
irromper espontaneamente na cavidade bucal e torna-se retido.
❖ Perda precoce de dentes decíduos: a perda precoce dos molares decíduos deve-se
principalmente à cárie ou à irrupção ectópica dos primeiros molares permanentes.
Com a perda precoce dos molares decíduos, os molares permanentes tendem a
migrar para mesial, reduzindo o perímetro do arco dentário. O movimento mesial
do molar permanente “rouba” o espaço destinado à irrupção dos dentes do
segmento posterior, dos caninos e dos pré-molares. Esse apinhamento no
segmento posterioré chamado de apinhamento secundário e pode ter conotação
ambiental e pode ser prevenido utilizando-se mantenedores de espaço logo após a
perda precoce.
❖ Perda de dentes permanentes: a perda de dentes permanentes (principalmente os
molares) em decorrência de cárie ou de outros problemas ocasiona sérios
desajustes na oclusão. Quando há perda dos primeiros molares permanentes, os
segundos molares migram para mesial e os segundos pré-molares migram para
distal, havendo uma tendência de os incisivos retroinclinarem-se. Quando a perda
ocorre unilateralmente, a linha média da arcada dentária ainda é desviada para o
lado da perda, ocorrendo um importante desequilíbrio na oclusão.
❖ Causas adquiridas proximais: na arquitetura da oclusão normal, a natureza
estabeleceu uma relação de equilíbrio entre os dentes, as bases ósseas e a
musculatura adjacente intra e extrabucal. Os dentes ocupam uma posição de
equilíbrio, correspondente ao local onde se neutralizam forças opostas,
provenientes da musculatura intrabucal (língua) e extrabucal (bochechas e lábios).
Os músculos de circundam os dentes formam “o mecanismo do bucinador”,
composto pelos músculos orbicular dos lábios, o bucinador e o constritor superior
da faringe.
Qualquer função anormal desempenhada por essa musculatura causa um
desequilíbrio entre o mecanismo do músculo bucinador e as forças recebidas pelos
elementos dentários provenientes do músculo da língua. Esse desequilíbrio
determina algumas maloclusões. São causas proximais os fatores que alteram
estruturas próximas aos dentes e causam alterações na oclusão, decorrentes de
uma quebra do equilíbrio existente entre as forças ao redor dos elementos
dentários.
Os fatores que rompem o equilíbrio muscular e suscitam deformidades oclusais e
alterações no padrão de crescimento facial são os hábitos bucais deletérios e a
respiração bucal, que são conhecidos como causas adquiridas proximais:
- Hábitos de sucção: a criança desenvolve esse hábito por carência afetiva,
liberando tensões emocionais no momento em que o realiza. O abandono
espontâneo desse hábito pode ocorrer com o desenvolvimento da maturidade
emocional das crianças. O obstáculo mecânico representado pelo dedo e/ou
chupeta restringe o desenvolvimento vertical normal dos incisivos superiores e
inferiores, retira a língua da sua posição normal, modifica o desenvolvimento
normal do palato e causa maior protrusão dos dentes superiores anteriores e
maior inclinação para lingual dos dentes inferiores anteriores. As maloclusões de
origem unicamente ambiental provocadas pelos hábitos de sucção apresentam
prognostico de tratamento favorável quando abordadas no final da dentadura
decídua ou na dentadura mista.
A maloclusão mais típica relacionada ao hábito de sucção é a mordida aberta
anterior circular e circunscrita à região dos incisivos. Durante o hábito de sucção do
dedo ou chupeta, a língua se interpõe entre os incisivos. Assim, tem-se um efeito
de restrição do desenvolvimento vertical dos incisivos superiores e inferiores,
inclinação vestibular dos incisivos superiores e inclinação lingual dos incisivos
inferiores, tendendo a aumentar o trespasse horizontal. Todas essas alterações
concentram-se na região dentoalveolar, o que torna favorável o prognóstico de
tratamento, principalmente nas dentaduras decídua e mista. Com a sucção do
dedo e da chupeta, tem-se um obstáculo mecânico e uma posição mais anterior e
abaixada da língua, modificando o crescimento normal e adequado do palato e
favorecendo a ocorrência de mordida cruzada posterior, que pode ser observada
muito precocemente em crianças com essas hábitos. Diferente da mordida aberta,
a atresia do arco dentário superior não mostra autocorreção com o abandono do
hábito. As alterações morfológicas não dependem exclusivamente da presença do
hábito, mas também de sua freqüência, intensidade e duração (tríade de Graber),
assim como do padrão facial.
As crianças com padrão de crescimento vertical são mais suscetíveis a alterações
morfológicas dos arcos dentários em comparação com o padrão de crescimento
horizontal, pois a resistência alveolar nesses últimos é maior do que nos primeros.
As implicados ortodônticas mais freqüentes são:
❖ Mordida aberta anterior;
❖ Mordida cruzada posterior;
❖ Inclinação para vestibular dos incisivos superiores;
❖ Inclinação para lingual dos incisivos inferiores;
❖ Alteração da postura e funcionamento da língua.
Interposição lingual
Como conseqüência dos hábitos bucais deletérios de sucção, uma relação morfológica
anormal ocorre entre os arcos dentários, gerando o fenômeno adaptativo da
interposição lingual. Mesmo sendo um fenômeno secundário, que ocorre durante a
fala, deglutição e o repouso, ele mantém a morfologia anormal dos arcos dentários.
Essa postura da língua, principalmente em repouso, é um fator importante na
manutenção da mordida aberta já instalada. A interposição da língua entre os arcos
dentários durante a fonação, a deglutição ou a postura constitui uma anormalidade
funcional denominada pressionamento lingual atípico e ocorre em adaptação a uma
mordida aberta criada pelo hábito de sucção, contribuindo apenas para manter ou
agravar a mordida aberta previamente existente.
Considera-se que a interposição lingual durante a deglutição é conseqüente à mordida
aberta estabelecida pelos hábitos bucais deletérios, o que se explica pela maturação
fisiológica da deglutição.
Desde o nascimento até a irrupção de todos os dentes decíduos, a criança que não
apresenta maloclusões e respiração bucal apresenta a deglutição visceral ou infantil.
Durante esse processo, os maxilares encontram-se separados com interposição lingual,
a mandíbula é estabilizada pelos músculos faciais, e o controle da deglutição ocorre
pelo contato do alimento com lábios e língua.
Após irrupção dos dentes decíduos, ocorre o amadurecimento neuromuscular. A
criança com ausência de maloclusões e de respiração bucal apresenta a deglutição
somática ou madura, que apresenta:
❖ Dentes em oclusão;
❖ Mandíbula estabilizada pelos músculos mastigatórios;
❖ Ponta da língua em contato com o palato;
❖ Participação passiva dos lábios.
Quando há maloclusão de mordida aberta, ocorrem alterações nesse padrão de
deglutição, instalando-se uma deglutição atípica. Ocorre pressionamento atípico da
língua (o padrão infantil é mantido) e ausência de contração dos masseteres e os
músculos peribucais se contraem para promover o selamento labial. Pode ocorrer
escape de ar no inicio da deglutição.
Hábito de sucção e mordida de lábio
Nessas situações também ocorre uma quebrado equilíbrio das forças:
❖ Vestibularização dos incisivos superiores;
❖ Lingualização dos incisivos inferiores, podendo causar mordida aberta anterior;
❖ Formação de diastemas entre os incisivos superiores;
❖ Aumento do trespasse horizontal;
❖ Mordida cruzada posterior.
A repercussão do hábito de sucção do lábio inferior consiste na retroinclinação dos
incisivos inferiores, enquanto o incisivos superiores são inclinados para vestibular.
Tem-se como resultado um trespasse horizontal aumentado, mesmo diante de uma
relação sagital normal entre os arcos dentários (relação de classe I). O trespasse
horizontal aumentado apresenta etiologia ambiental, representado pelo hábito de
sucção do lábio.
Respiração bucal
Diante de obstáculos presentes ao longo das vias aéreas, que obstruem a passagem de
ar ou exercem resistência a esta, a criança passa a respirar por uma via alternativa, a
cavidade bucal.
Obstáculos respiratórios supeiores:
❖ Hipertrofia adenoidiana;
❖ Rinite alérgica freqüente;
❖ Hipertrofia dos cornetos;
❖ Desvio do septo nasal.
Obstáculos respiratórios inferiores:
❖ Hipertrofia das tonsilas palatinas ou amígdalas;
❖ Amidalites freqüentes.
A respiração bucal modifica a postura da cabeça para garantir uma abertura suficiente
para a criança respirar por essa cavidade. A criança permanece com os lábios
entreabertos, com a mandíbula deslocada para baixo e para trás e a língua repousando
mais inferior e anteriormente, sem contato com a abóbada palatina. Essas
modificações posturais favorecem o desenvolvimento da atresia do arco dentário
superior e da mordida aberta anterior.
- Efeitos imediatos: penetração do ar seco e impuro, com ressecamento e irritação da
mucosa bucal e faringeana. Pode levar à infecção de tonsilas e faringes.
- Efeitos tardios: complicações das vias aéreas, perda do equilíbrio muscular e
alterações no crescimento dos arcos dentários. O desenvolvimento é mais vertical do
que o normal, pois, como a criança respira pela boca e a língua não fica em contato
com o palato, o desenvolvimento transversal é prejudicado e o desenvolvimento
vertical é maior. Há também alteração postural no complexo craniofacial.
A implicação ortodôntica disso é a má postura mandibular (boca entreaberta), que
causa um desequilíbrio dos músculos peribucais e pode levar à formação de mordida
cruzada posterior e mordida aberta anterior. As características faciais representam o
que normalmente caracteriza uma face adenoideana, com narinas atrofiadas, postura
labial alterada e lábios ressecados e entreabertos.
Capítulo 6
Diagnóstico
Classificada de acordo com a gravidade, simetria e origem.
Gravidade
A mordida cruzada posterior pode envolver um ou todos os dentes posteriores, de
forma unilateral ou bilateral.
Simetria
- Mordida cruzada posterior bilateral: advém de uma atresia simétrica do arco
dentário superior, de modo que um lado possui a mesma magnitude de estreitamento
que o outro lado.
- Mordida cruzada posterior unilateral: a maioria dos casos apresenta também uma
atresia simétrica do arco dentário superior. Na posição de MIH, identifica-se apenas
um lado cruzado, no entanto, quando o paciente é manipulado em relação cêntrica,
revela-se uma relação de mordida de topo bilateral que denuncia um estreitamento
simétrico do arco superior. O paciente com mordida cruzada posterior unilateral
apresenta MIH distinta da relação cêntrica, pois o estreitamento do arco superior pode
determinar contatos de topo bilaterais. Com essa oclusão instável, a criança desvia a
mandíbula para um dos lados, no intento de aumentar um número de contatos
oclusais e o conforto mastigatório. Observa-se um desvio da linha média inferior para
o lado da mordida cruzada posterior. Esse tipo de mordida cruzada é denominada
mordida cruzada posterior unilateral funcional.
- Mordida cruzada unilateral verdadeira: ocorre mais raramente, determinada por
atresia assimétrica do arco dentário superior. Nesses casos, a MIH coincide com a
relação cêntrica, e as linhas médias superior e inferior são coincidentes.
Origem
A mordida cruzada posterior pode ter origem dentoalveolar ou esquelética. A
dentoalveolar decorre da alteração na inclinação ou da posição vestibulolingual dos
dentes posteriores, em que um ou mais dentes irrompem em uma posição cruzada em
relação ao seu antagonista. A mordida cruzada esquelética advém de uma atresia
óssea de maxila que resulta no posicionamento cruzado dos dentes.
Para o diagnóstico diferencial, deve se considerar a gravidade da mordida cruzada, a
forma do arco dentário, a largura do corredor bucal e a presença de apinhamento
isolado no arco dentário superior. Quanto mais grave a morida cruzada posterior,
maiores as chances de haver envolvimento esquelético. Por exemplo: a mordida
cruzada de um dente apresenta origem eminente dentária, definida pelo mau
posicionamento do dente cruzado; já a mordida cruzada bilateral apresenta
provavelmente origem esquelética.
Tratamento
O tratamento deve se iniciar assim que for diagnosticado, após os 5 anos. A correção
da mordida cruzada consistem em atuar na normalização da atresia do arco dentário
superior. O aumento das dimensões transversais do arco dentário superior mediante a
expansão maxilar geralmente é o tratamento de escolha. Os procedimentos de
expansão pode ser por expansão lenta ou expansão rápida.
Expansão lenta da maxila
Corrige a mordida cruzada posterior inclinando os dentes posteriores para vestibular.
Esse tratamento produz efeitos predominantemente dentoalveolares.
Indicações da expansão lenta:
❖ Dentadura decídua, mista e permanente;
❖ Mordida cruzada posterior dentoalveolar.
Os aparelhos indicados para expansão lenta podem ser removíveis ou fixos. Um
exemplo de aparelho removível é a placa removível com parafuso expansor e um
exemplo de aparelo fixo é o grupo dos arcos palatinos, como o quadri-hélice, o bi-
hélice e o arco em W.
Expansão rápida da maxila
Corrigir a mordida cruzada posterior por meio da expansão da base maxilar secundária
à abertura da sutura palatina mediana.
Nos casos de atresia esquelética da maxila, os aparelhos para expansão rápida são os
mais indicados. Para produzir expansão esquelética da maxila, os aparelhos devem ser
fixos e com parafuso expansor. Esses aparelhos são chamados também de disjuntores,
porque determinam a abertura da sutura palatina mediana. Ex: Haas, Hyrax e o
expansor colado com cobertura acrílica. Sua ativação é baseada no giro do seu
parafuso, que é ativado por quartos de voltas até que se obtenha o descruzamento da
mordida.
Indicações:
❖ Dentadura decídua, mista e permanente;
❖ Mordida cruzada posterior esquelética.
Tratamento
A mordida cruzada anterior esquelética demanda intervenção ortopédica para
interceptação das discrepâncias esqueléticas, ao passo que a mordida cruzada anterior
dentária demanda apenas aprarelhos ortodônticos.
- Mordida cruzada anterior dentária: o tratamento deve ser realizado com o intuito de
corrigir posicionamento vestibulolingual dos incisivos superiores. Na dentadura mista,
a placa de acrílico com molas digitais pode ser utilizada com essa finalidade. O
levantamento de mordida pode ser indicado para facilitar o descruzamento dentário.
- Mordida cruzada anterior esquelética: faz parte das características associadas à
maloclusão classe III e pode ser tratada com aparelhos ortopédicos em pacientes a
partir dos 5 anos.
Capítulo 7
Dentadura decídua
Fase em que o tratamento é mais fácil, pois o comprometimento é apenas dentário,
com pouco envolvimento esquelético. Raramente ocorre o predomínio esquelético
sobre o dentário na dentadura decídua, pois a mordida aberta se instala em um
primeiro momento comprometendo os elementos dentários, e, posteriormente, com o
desenvolvimento, o tecido ósseo é envolvido na má oclusão.
Etiologia
Os principais fatores etiológicos funcionais são os hábitos bucais deletérios e a
respiração bucal. Alguns outros fatores como aleitamento materno, hereditariedade,
traumatismos e patologias podem contribuir.
- Hábitos bucais deletérios:
a) sucção digital e/ou chupeta: mecanismo de suprimento emocional da criança. Tais
hábitos de sucção funcionam como obstáculo mecânico, impedindo a irrupção dos
dentes anteriores e favorecendo o aparecimento da mordida aberta. É necessário que,
além do hábito deletério, o hábito tenha uma certa duração, frequência e intensidade
(tríade de Graber). O padrão de crescimento facial do paciente também influencia no
estabelecimento da maloclusão. Pacientes com crescimento vertical apresentam maior
tendência a manifestar modida aberta anterior do que pacientes com crescimento
horizontal.
b) Língua: a língua apresenta um papel secundário na etiologia da mordida aberta
anterior, porque participa na manutenção e no agravamento da mordida aberta já
existente por meio de sua interposição entre os dentes.
Essa interposição anormal da lingua, também chamada de pressionamento lingual
atípico, pode ocorrer durante a deglutição, o repouso e fonação. A posição postural
(repouso) é a que representa maior potencial deletério, pois permanece entre os
dentes durante um período maior, embora com força muito suave. Durante a
deglutição, a força é bem maior, e o tempo médio em que a língua pressiona os dentes
varia de uma hora a uma hora e meia em um período de 24 horas, apresentando assim
um potencial muito pequeno de manter ou acentuar a mordida aberta.
Considera-se que a interposição lingual durante a deglutição seja conseqüente à
mordida aberta estabelecida pelos hábitos bucais deletérios. Isso se explica pela
maturação fisiológica da deglutição.
A criança que ainda não tem os dentes irrompidos na cavidade bucal apresenta a
chamada deglutição infantil, que é normal para essa fase. São características da
deglutição infantil: maxilares separados com interposição da língua, mandíbula
estabilizada pelos músculos faciais e controle da deglutição pelo contato do alimento
com a língua e os lábios.
Quando os dentes decíduos terminam seu processo de irrupção em oclusão normal,
por volta dos 3 anos, paralelamente ocorre a maturação do músculos faciais e da
mastigação, e a criança desenvolve um novo padrão de deglutição denominada
madura.
Durante a deglutição madura, ao dentes entram em oclusão, a mandíbula é
estabilizada pelos músculos inervados pelo V par do nervo craniano (nervo trigêmeo),
a ponta da língua toca o palato na região da papila incisiva e ocorre participação
passiva dos músculos labiais.
Para que possa deglutir, é necessário obter pressão negativa por meio do vedamento
da região anterior. Assim, a criança com mordida aberta interpõe a língua entre os
dentes e força os lábios para conseguir selamento labial. Diante dessa maloclusão, a
maturação da musculatura bucofacial ocorre de maneira diferente, alterando o padrão
normal de deglutir para a deglutição atípica. Nesse tipo de deglutição, ocorre
pressionamento atípico da língua e ausência de contração dos masseteres; os
músculos peribucais entram em ação e há escape de ar, em vez de sucção, no início da
deglutição.
Respiração bucal
Para que possa respirar, a criança permanece a maior parte do tempo com a
mandíbula abaixada para manter a boca aberta. A língua acompanha a mandíbula e
não toca o palato. A ausência de contato da língua faz predominar a ação do músculo
do bucinador e diminuir o desenvolvimento transversal do palato, podendo resultar
em mordida cruzada posterior. Essa relação proporcionam maior desenvolvimento
vertical dos dentes anteriores e contribuindo para o desenvolvimento da mordida
aberta anterior.
Grade palatina removível: lembrete para que a criança não sugue o dedo e não
interponha a língua.
Grade palatina: impede o hábito de sucção de chupeta ou dedo e também atua como
barreira mecânica, impedindo a interposição da língua entre os dentes anteriores.
São dispositivos passivos que não promovem movimentação dentária. A eliminação
dos maus hábitos nessa fase da vida permite a correção da mordida aberta de forma
natural.
Em casos que os dentes decíduos sofram esfoliação durante o tratamento, é
necessário que os sucessores permanentes irrompam totalmente e estabeleçam o
trespasse vertical para dar continuidade no tratamento.
As consultas para ajustes no aparelho devem ser agendadas mensalmente.
A mordida aberta é considerada corrigida quando o trespasse vertical é de 1 a 2mm na
dentadura decídua e 2 a 3mm na dentadura mista. Após a correção, é instalada a plana
de Hawley com orifício na região da papila incisiva para correto posicionamento por 6
meses em média.
Dentadura Mista
O componente esquelético da mordida aberta anterior começa a aumentar devido à
persistência dos fatores etiológicos que não foram eliminados da dentadura decídua. A
prevalência dos componentes esqueléticos é maior do que na dentição decídua,
porém, a participação esquelética ainda é pouco freqüente.
Etiologia
Mesma da dentadura decídua: hábitos bucais deletérios e respiração bucal. Eles
persistem na fase por não terem sido eliminados anteriormente.
Tratamento
Semelhante àquela realizada na dentadura decídua. Devido ao maior envolvimento
esquelético, a resposta ao tratamento se torna mais demorada, aumentando o tempo
de tratamento.
Dentadura Permanente
O componente esquelético é bem maior do que nas demais, podendo estar restrito ao
osso alveolar ou ter envolvimento de todo o padrão de crescimento esquelético facial.
Etiologia
A etiologia da maloclusão é a mesma das demais fases, com persistências dos hábitos
bucais deletérios e da respiração bucal. Esses fatores etiológicos atuam por longo
período, tornando sua abordagem mais complexa. Por esse motivo, é muito
importante tratar a mordida aberta anterior o mais precocemente possível, pois o
tratamento é o mais simples e rápido, e os resultados são os mais estáveis.
Tratamento
Em virtude do maior envolvimento das estruturas esqueléticas na mordida aberta na
dentadura permanente, o tratamento torna-se mais difícil, principalmente no que diz
respeito à estabilidade, que não é tão satisfatória como aquela da correção precoce.
Como o crescimento vertical para restabelecer o trespasse normal é bem menor nessa
fase, o fechamento da mordida aberta deve ser obtido pela aplicação de aparelhos
ortodônticos fixos com uso de elásticos verticais intermaxilares na região anterior
visando à extrusão dos dentes anteriores. Para obter resultados satisfatórios, o
paciente deve usar os elásticos constantemente, entre 18 e 20 horas por dia,
removendo apenas para as refeições.
Em alguns casos, são necessárias extrações dentárias para corrigir apinhamentos ou
discrepâncias anteroposteriores, por exemplo. O tratamento fonoaudiológico deve ser
realizado, assim como nos casos de dentição decídua e mista, após a correção da
mordida aberta, se houver persistência dos hábitos bucais deletérios.
Capítulo 8
Mantenedores de espaço
Para cada tipo de caso, há uma época ideal para se iniciar o tratamento. Os problemas
que devem ser tratados precocemente são:
❖ Mordida aberta anterior;
❖ Mordidas cruzadas posterior e anterior;
❖ Perda precoce de dentes decíduos.
A perda precoce de dentes decíduos tem como principais fatores etiológicos cáries
múltiplas e extensas (dentes posteriores) e traumas acidentais (dentes anteriores),
principalmente nos primeiros anos de vida. A perda precoce de um dente decíduo
pode ocasionar perda de espaço decorrente da migração dos dentes adjacentes em
direção ao local da perda, diminuindo ou fechando o espaço original. Assim, na época
de erupção do sucessor permanente, pode ocorrer falta de espaço para seu
irrompimento, resultando em um dente impactado ou desvio da sua trajetória de
erupção, resultante em um dente que irrompe em posição ectópica e pode causar
apinhamento.
Se após a perda precoce do dente decíduo for verificado que ainda não houve a perda
do espaço, é necessário instalar um dispositivo nessa área para evitar a migração do
dente adjacente. Tais dispositivos são denominados mantenedores de espaço e podem
ser classificados:
❖ Quanto à função:
- Funcionais: além de manter o espaço nos sentidos anteroposterior e vertical,
restabelecem todas as funções (mastigação, estética e fonação), recuperando a
oclusão.
- Semifuncionais: são aqueles que restabelecem parcialmente a função
mastigatória.
- Não funcionais: são os aparelhos que somente mantêm o espaço no sentido
anteroposterior, sem restabelecer a oclusão ou outras funções (como banda-alça e
coroa-alça).
❖ Quanto à adaptação:
- Removíveis: semelhantes a próteses parciais removíveis e utilizam como agente
de retenção, grampos em dentes situados em áreas não sujeitas a surtos de
crescimento.
- Fixos: são cimentados ou colados aos dentes de suporte e não necessitam da
colaboração do paciente durante o uso.
Em condições normais, não há fechamento de espaço na região anteroposterior após a
perda prematura de dentes decíduos, principalmente se esta ocorre após a erupção
dos caninos. É recomendável a instalação de mantenedores de espaço a fim de
preservar a estética do paciente, a função e a fonética e impede hábitos de língua
(interposição e deglutição atípica).
Para a indicação e o planejamento da manutenção de espaços, é preciso considerar
alguns fatores:
❖ Em caso de perda unitária, a simples comparação do espaço deixado com a
comparação mesiodistal do dente homólogo já fornece a informação para que se
mantenha ou se recupere o espaço. Se a opção for a manutenção do espaço, é
interessante verificar o tempo decorrido desde a perda do dente, uma vez que o
fechamento do espaço normalmente ocorre durante os primeiros dias até seis
meses após a perda do decíduo.
❖ Deve-se considerar o dente envolvido, uma vez que, por exemplo, a perda
prematura dos segundos molares decíduos normalmente causa uma perda de
espaço mais severa que a perda de um primeiro molar, por conta da maior
inclinação mesial da trajetória de erupção do primeiro molar permanente
adjacente.
❖ A identificação da idade dentária do paciente contribui para determinar se a perda
do dente decíduo ocorreu precocemente ou não (com auxílio de radiografias).
Radiograficamente, considera-se perda precoce de um dente decíduo quando o
seu sucessor tem menos de 2/3 de raiz formada, ou seja, não atingiu o estágio de
formação 8 da classificação de NOLLA. Se tiver mais de 2/3 de raiz formada, o
dente permanente encontra-se em processo de erupção ativa, e a perda de espaço
é mínima ou nula. Também, se houver mais de 1mm de osso acima do germe do
permanente, entende-se como perda precoce, pois o dente sucessor levará mais
tempo para irromper, necessitando de um mantenedor de espaço.
Para definir se o mantenedor será fixo ou removível, funcional ou não funcional, deve
se considerar:
❖ Número de dentes perdidos;
❖ Localização dos dentes perdidos;
❖ Idade do paciente;
❖ Condições dos dentes presentes;
❖ Tipo de oclusão;
❖ Cooperação do paciente;
❖ Habilidade manual e preferência individual.
Recuperadores de espaço
Quando houver a perda de espaço após a perda precoce de dentes decíduos, é
necessário a utilização de recuperadores de espaço. São indicados pra recuperação de
espaços de até 3mm nas regiões posterior, superior e inferior, e a melhor época para
se utilizar é na dentição mista. Apresentam bom prognóstico e simples aplicação.
Geralmente, os recuperadores são removíveis e recuperam espaço na região posterior,
verticalizando molares permanentes através de movimentos de inclinação. Quando se
deseja movimentar o corpo do dente (translação), ou recuperar grandes espaços,
torna-se necessária a utilização de aparelhos fixos e mais complexos.
Após a recuperação do espaço, coloca-se um mantenedor a fim de preservar o espaço
para a erupção do permanente sucessor.
Aparelho removível com mola helicoidal: constituído por uma placa de resina acrílica
associada a grampos de retenção e arco vestibular. O movimento dentário é resultante
da ação da mola helicoidal confeccionada com fio de aço 0,7mm, que é ativada 1 ou
2mm ao mês. Quando utilizado no arco inferior, o aparelho é menos confortável para o
paciente, e a retenção se torna mais crítica.
Placa lábio ativa: é um arco vestibular espesso que é inserido nos tubos soldados nas
faces vestibulares dos primeiros molares permanentes inferiores. Esse arco tem um
anteparo acrílico na região anterior que entra em contato internamente com o lábio
inferior e transmite aos molares a força proveniente da viscoelasticidade e da
contração da musculatura labial, promovendo a recuperação do espaço por meio da
verticalização dos molares. Outro efeito da PLA é o ganho de espaço no arco inferior
devido à vestibularização dos incisivos inferiores, uma vez que o anteparo de acrílico
neutraliza a ação da musculatura labial sobre os dentes, permitindo que a língua os
movimente para vestibular.
EVCC (Eixo vestibular da coroa clínica)
Causas da má oclusão
❖ Hereditária;
❖ Desenvolvimento;
❖ Trauma;
❖ Agentes físicos; Adquiridos
❖ Hábitos;
❖ Doença;
❖ Má nutrição.
Exame completo
❖ Anamnese ou história clinica;
❖ Exame clinico;
❖ Exame físico;
❖ Exames complementasres: radiográfico, laboratorial;
❖ Diagnóstico;
❖ Prognóstico;
❖ Plano de tratamento.
Processo de diagnóstico
- Semiogênese: estudo da formação dos sinais e sintomas;
- Semiotécnica: obtenção das informações pertinentes;
- Propedêutica: análise e interpretação dos dados obtidos.
Gênese da deformidade chaves para o planejamento do tratamento
Fatores Hereditários
❖ Alterações cromossomais;
❖ Alterações genéticas.
Influências Exógenas
❖ Sistêmicas;
❖ Locais;
❖ Estática;
❖ Funcional.
Anomalias hereditárias
Tecidos aringidos:
❖ Sistema neuromuscular;
❖ Dentes;
❖ Tecido ósseo/ cartilaginoso;
❖ Tecido mole.
Sistema neuromuscular
Atingem musculatura orofacial e lingual nos seguintes aspectos:
❖ Tamanho;
❖ Posição;
❖ Tonicidade;
❖ Contratilidade;
❖ Padrão de coordenação.
Dentição
Características hereditárias:
❖ Tamanho;
❖ Formato;
❖ Numero;
❖ Mineralização;
❖ Trajetória de erupção e posição primária do germe dentário;
❖ Sequencia de erupção.
Dentes supranumerários
❖ Freqüência maior no maxilar superior (região anterior e molares) – Pmi – incisivos;
❖ Formato normal ou atípico, fusão com dentes normais;
❖ Comuns em pacientes com fenda labial.
Defeitos herdados:
❖ Presente em ambas as dentições;
❖ Localizado no esmalte ou na dentina;
❖ Dispostos irregularmente ou como cristas verticais e sulcos.
PROVA!!!!!!!!!!!!!!!