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Prof. Dr.

Fabricio Carvalho

Noções de
Crescimento
e
Desenvolvimento
Crânio-facial.
RELAÇÃO DENTES
E BASES ÓSSEAS
Crescimento craniofacial
por que estudar ?
• Para se avaliar em profundidade as causas
das anomalias ortodônticas e ortopédicas;
• Para prevenir agravantes nas anomalias;
• Para melhor utilizar as condutas
terapêuticas
Definições e Conceitos para o Estudo do
Crescimento e Desenvolvimento
CRESCIMENTO: É a mudança em quantidade de
substância viva por meio de atividade biológica.

DESENVOLVIMENTO: É um processo fisiológico,


onde há aumento em complexidade.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
CRANIOFACIAL

• PRÉ – NATAL: 1ª FASE – OVULAR


2ª FASE – EMBRIONÁRIA
3ª FASE - FETAL

• PÓS – NATAL: DO NASCIMENTO ATÉ


APROXIMADAMENTE OS 20 ANOS
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
SURTO DE CRESCIMENTO ESTATURAL
9
8
Sexo Feminino
7 Sexo Masculino

6
5
4
3
2
1
0
6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
IDADE (ANOS)
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA FACE
INTRA-
UTERINA EXTRA-UTERINA

COORDENAÇÃO GENÉTICA
INFLUÊNCIA DO MEIO-AMBIENTE
Conceitos Histológicos para

o Estudo do Crescimento e

Desenvolvimento
Tecido Ósseo

• Tecido mineralizado de natureza conjuntiva.

• Constituição:
– 33% matriz orgânica (colágeno)
– 67% matriz mineral (cristais de hidroxiapatita)
Tecido Ósseo

• Funções:

• Esqueléticas de suporte e proteção


• Reserva de minerais (cálcio)
Células Ósseas

• OSTEOBLASTOS
• OSTEÓCITOS
• OSTEOCLASTOS
Células Ósseas

• Osteoblastos - células que formam o tecido ósseo


• Osteócitos - células que mantém o tecido ósseo
• Osteoclastos - células que reabsorvem o tecido ósseo
Desenvolvimento Ósseo
(Osteogênese)

O tecido ósseo se
desenvolve de acordo com o
local em que aparece:

1) TECIDO CONJUNTIVO
MENBRANOSO
2) CARTILAGEM
Desenvolvimento Ósseo
(Osteogênese)
Temos 2 tipos de ossificação:

1) Ossificação Intramembranosa
2) Ossificação Endocondral
Desenvolvimento Ósseo
(Osteogênese)
1) Ossificação Intramembranosa
Formação óssea em regiões submetidas à
tensão
As células indiferenciadas do tecido Conjuntivo
membranoso se transformam em osteoblastos e
elaboram a matriz osteóide que se calcifica
resultando em osso.
Desenvolvimento Ósseo
(Osteogênese)
1) Ossificação Intramembranosa
Locais onde ocorre:

• Sínfise, corpo e ramo mandibular


• Maxila
• Ossos da abóbada craniana
• Porção média dos ossos longos
Desenvolvimento Ósseo
(Osteogênese)
2) Ossificação Endocondral
Produção de osso em regiões de pressão

Células cartilaginosas se hipertrofiam,


matriz se degenera e a cartilagem que se
desintegra é invadida por tecido ósseo.
Desenvolvimento Ósseo
(Osteogênese)
2) Ossificação Endocondral
Locais onde ocorre:

• Côndilo mandibular
• Sincondroses da base do crânio
• Epífises dos ossos longos
• Vértebras
• Costelas
Desenvolvimento Ósseo
(Osteogênese)
2) Ossificação Endocondral
Locais onde ocorre:

• Côndilo mandibular
• Sincondroses da base do crânio
• Epífises dos ossos longos
• Vértebras
• Costelas
Mecanismos do
Crescimento e
Desenvolvimento
Mecanismos que efetuam o
crescimento e desenvolvimento da
face e do crânio

• Remodelação (Aposição e Reabsorção )


• Deslizamento (Relocação)
• Deslocamento
Remodelação
(Aposição e Reabsorção )

• O osso cresce por aposição de um lado da cortical


óssea e por reabsorção do lado oposto.

• No lado voltado para a direção de crescimento há


aposição e no lado oposto, reabsorção.
Remodelação
(Aposição e Reabsorção )
+ +
-
+ - +
- - - -
+ + +
Deslizamento
(Relocação)

• É o nome dado ao movimento


progressivo do crescimento ósseo,
fazendo com que o osso mude a sua
posição original.
Paciente: B. S. V.
11 anos 09 meses
Paciente: B. S. V.
11 anos 09 meses
Paciente: B. S. V.
11 anos 09 meses
Paciente: B. S. V.
11 anos 09 meses
Deslocamento

• Está vinculado ao crescimento dos


músculos, epitélios, tecido conjuntivo,
orgãos e tecidos moles que crescem e
expandem fazendo com que ocorra uma
separação nas juntas articulares,
afastando fisicamente um osso do
outro.
Deslocamento

• Primário

• Secundário
Deslocamento Primário
Quando o processo do

transporte físico ocorre

em conjunção com o

aumento do próprio osso


Remodelação
(deposição e reabsorção)

Deslocamento primário
Deslocamento Secundário
Quando o movimento

ósseo não está

diretamente relacionado

com seu próprio

aumento
Deslocamento secundário
B- DESLOCAMENTO SECUNDÁRIO
A- DESLOCAMENTO PRIMÁRIO
Principais Teorias sobre os Mecanismos de
Controle do Crescimento Craniofacial

1. Teoria de John Hunter – Aposição e Reabsorção


2. Teoria de Sicher – Sutural
3. Teoria de Scott - Cartilaginoso
4. Teoria de Moss - Matriz Funcional
5. Teoria de Petrovic - Servosistema
Teoria de John Hunter
(pioneiro,1771)

• Crescimento se dava
por aposição e
reabsorção óssea.
G. Humphry Confirmou os achados de
(1871) John Hunter
Teoria de Sicher 1947
( Dominância Sutural )

• Forte controle genético.


• Crescimento nas suturas paralelas do crânio.

A- Fronto-maxilar
A B- Zigomático-maxilar
B C - Zigomático-temporal
C
D D - Pterigo-palatina
Teoria de Scott
(1953,54,67)

• Cartilagens – centro de crescimento.


• Suturas – são passivas e apresentam cres. secundário.
Teoria da Matriz Funcional
(Melvin Moss, 1968, 69, 81, 97)

• As atividades celulares base da morfogênese craniofacial são


respostas secundárias e compensatórias à solicitações
funcionais, fisiológicas e volumétricas de outros tecidos,
músculos, ligamentos, glândulas orgãos e nervos relacionados
ao osso.
Matriz funcional (A)
e seu controle sobre
o crescimento da
base craniana (B) e
da calota craniana (C).
Teoria do Servosistema (A.
Petrovic, 1971)
• Servosistema: é um sistema onde existe
um comparador que regula e controla o
crescimento crânio-facial.
• PETROVIC, difere 2 tipos de comparadores:

• 1) Comparador Periférico: refere-se a relação oclusal


entre os arcos superior e inferior.
• 2) Comparador Cental: refere-se à memória muscular
que envolve a atua do SNC.
A teoria do servosistema
aplicada ao crescimento
mandibular.

A mandíbula (2) segue o


crescimento maxilar (1),
por ação do comparador
periférico (A) - relação
oclusão - e do
comparador
central (B) - a
musculatura
do aparelho mastigatório.
CRESCIMENTO DA
BASE CRANIANA
Considerações Gerais

• Sua importância está na articulação com a


região maxilar e mandibular tendo assim
efeito no posicionamento destas estruturas.

• É considerada a estrutura mais estável do


crânio e a menos afetada por influências
externas como o tratamento ortopédico-
ortodôntico.
Mecanismos e Locais de
Crescimento
• O crescimento é obtido por um
equilíbrio entre:
• Crescimento sutural
• Alongamento das sincondroses
• Remodelação (aposição e reabsorção), sendo
que a superfície interna na sua maior parte é
de reabsorção e a externa de aposição.
Anatomia

• Fossa Craniana Anterior


• Fossa Craniana Média
• Fossa Craniana Posterior
A
A
B B

C
C

A. Fossa Craniana Anterior


B. Fossa Craniana Média
C. Fossa Craniana Posterior
Fossa Craniana Anterior

• É composta pelos ossos:

• Frontal
• Etmóide
• Asa menor do esfenóide
Fossa Craniana Média

• É composta pelos ossos:

• Corpo e Asa maior do esfenóide


• Porção escamosa e petrosa do temporal
Fossa Craniana Média

• Onde estão localizadas as sincondroses

• Intra-esfenoidal: fechamento após


nascimento
• Esfeno-etmoidal: fechamento entre 3 à 5
anos
• Esfeno-occipital: fechamento 20 anos
• Intra-esfenoidal: fechamento após
nascimento
• Esfeno-etmoidal: fechamento entre 3 à
5 anos
• Esfeno-occipital: fechamento 20 anos
Fossa Craniana Média

• Sincondrose Esfeno-Occipital

• Mais importante pois permanece ativa por


mais tempo.
• É o maior fator de crescimento durante o
desenvolvimento da criança.
Fossa Craniana Posterior

• É formada pelo osso Occipital


Crescimento

• Crescimento ântero-posterior e
transversal devido ao alongamento da
porção média da base craniana através
da sincondroses, desenvolvimento do
cérebro(matriz funcional) e constante
remodelação.
Alongamento da Sincondrose Esfeno-Occipital
Matriz Funcional (A) e seu controle sobre o crescimento da
base craniana (B) e da calota craniana (C)
Crescimento transversal da base craniana
Base Craniana

• É extremamente importante no
diagnóstico e no planejamento do
tratamento ortopédico-ortodôntico.
Flexão da base craniana e sua interferência no
posicionamento dos maxilares
CRESCIMENTO DO

COMPLEXO NASO-MAXILAR
Mecanismos e Locais de
Crescimento
Os mecanismos de crescimento estão nas:
• Suturas
• Periósteo e Endósteo
• Processo alveolar
• Tecidos moles

Predominância de ossificação intramenbranosa


Ossos da maxila:

•Pré-maxila
•Proc. Palatino da maxila
•Proc. Horizontal do osso
palatino
Deslocamento para frente e para baixo do Complexo
Naso-Maxilar e o crescimento Sutural

A- Fronto-maxilar
B- Zigomático-maxilar
C - Zigomático-temporal
D - Pterigo-palatina
Interferência das suturas
incisiva (A) e palatina (B)
no crescimento antero-
posterior da maxila.
A sutura palatina
mediana (A) interfere
no crescimento
transversal da
Maxila
Crescimento Sutural

• Se adapta às forças posteriores


(Aparelho Extra-Bucal)
• Força Transversa (Disjunção Palatina)
• Tração Anterior (Máscara Facial
Reversa)
Crescimento Sutural
Paciente: I. S. S
8 anos 5 meses
Paciente: I. S. S
8 anos 5 meses
Interferência dos tecidos moles no crescimento da
maxila
Mordida aberta anterior
Interposição Lingual
Mordida aberta anterior
Interposição Lingual
Alongamento horizontal da maxila
Tuberosidade maxilar (A)

Comprimento da maxila é aumentado


devido à aposição na tuberosidade
maxilar e reabsorção no ponto A.
Alongamento da fossa média pelo crescimento na
sincondrose esfeno-occipital (A) e o deslocamento para
a frente, do complexo naso-maxilar (B).
Complexo Naso-Maxilar é deslocado
para baixo e para frente pelo crescimento
da base craniana e dos tecidos moles
adjacentes, fazendo com que a maxila
cresça para trás o que iguala a quantidade
do seu deslocamento para frente.
CRESCIMENTO DA
MANDÍBULA
Anatomia
Regiões anatômicas
• Ramo Mandibular
• Corpo

• Processo Coronóide
• Processo Condilar
• Sínfise Mandibular
• Processo Alveolar
Mecanismos de Crescimento

• Osso em forma de U

• Crescimento Endocondral (Côndilos)


• Crescimento Intramenbranoso
Locais de Crescimento

• Côndilo Mandibular
• Ramo Mandibular
• Corpo Mandibular
Cartilagem Condilar

• É uma cartilagem secundária que está


presente por causa das variações de
compressão no contato articular com o
osso temporal.
Cartilagem Condilar

• Crescimento em direção oblíqua para


cima e para trás devido ao
desenvolvimento dos tecidos moles que
leva a mandíbula para frente e para
baixo fazendo com que o côndilo tenha
esta direção de crescimento para
manter contato com a base craniana.
C
A

B
C
Crescimento a partir de:
(A) Cartilagem condilar;
(B) O tecido ósseo por processo endocondral
(C) O tecido ósseo cortical formado por processo
intramembranoso.
O crescimento mandibular na região do côndilo é uma
resposta às alterações posturais da mandíbula (fisiológicas
e/ou terapêuticas) em relação à maxila.
Paciente: G. S. S.
10 anos 4 meses

05/01/99

05/01/99

05/01/99
Paciente: G. S. S.
10 anos 4 meses
Paciente: G. S. S.
10 anos 4 meses
Ramo Mandibular

• A medida que a mandíbula se desloca para


frente e para baixo, todo o ramo é
remodelado.

• Há reabsorção no bordo anterior e aposição


no bordo posterior dando assim condições
para a erupção dos molares e aumento em
largura e altura do ramo.
Corpo Mandibular

• Cresce para trás aumentando o


comprimento da mandíbula quando o
ramo sofre remodelação.

• O mento se remodela com a idade


particularmente como característica
sexual secundária.
Remodelação do ramo
para posterior e alongamento
do corpo mandibular
Crescimento transversal da mandíbula e o deslocamento
para posterior e para os lados dos ramos mandibulares

Deposição óssea na
superfície lingual, com
isso o processo coronóide
move-se na direção
posterior alargando a
mandíbula.
Paciente: S. A. P.
29 anos 6 meses
Paciente: S. A. P.
29 anos 6 meses
Paciente: S. A. P.
29 anos 6 meses
Paciente: S. A. P.
29 anos 6 meses
Paciente: S. A. P.
29 anos 6 meses
✓ Van de Linden, Frans P.G.M. Crescimento e Ortopedia facial, 1a
Edição,1990

✓ Graber, TM Ortodôntia Princípios e Técnicas atuais, 2a. Edição,


1996

✓ Proffit, W. Ortodôntia contemporânea, 2a. Edição, 1993

✓ Müller de Araújo, MG. Ortodontia para Clinicos, 4a. Edição, 1988

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