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Ortodontia
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF)
19 pag.
Crescimento: é o aspecto quantitativo. Processo físico-químico que ocorre desde o nascimento até a maturidade.
Pode ser o resultado direto da divisão celular ou o produto indireto da atividade biológica, isto é, ossos e dentes.
Ocorre perfeita harmonia no aumento de dimensões.
Desenvolvimento: conjunto de acontecimentos biológicos desde a fecundação até a fase adulta. Implica no
alcance de estágios mais complexos e avançados em direção à maturação.
Método longitudinal: realizado através de medições feitas num mesmo indivíduo ou grupo de indivíduos,
com intervalos de tempo regulares. Comparações seriadas (estudo do padrão de crescimento). Longa
duração, custo quase sempre elevado, desgaste da amostra (desistência, morte etc.).
Método transversal: aquele através do qual um determinado indivíduo ou amostra pode ser estudado em
diferentes períodos, cujos resultados são comparados com os que foram obtidos de outro indivíduo ou de
outra amostra. Vantagens: rapidez, custo e tamanho da amostra. Desvantagem: variação individual fica
mascarada.
Método misto (longitudinal + transversal)
Variáveis que atuam sobre o crescimento: hereditariedade, nutrição, doenças, etnia, fatores socioeconômicos,
clima.
Osteogênese: o osso se forma a partir do tecido conjuntivo – cartilagionoso e membranoso – resultando dois
tipos de ossificação: endocondral e intramembranosa
Crescimento do crânio: o crescimento da caixa craniana está limitado pelo crescimento do cérebro. O
crescimento da base do crânio parece estar sob menor influência do crescimento do cérebro do que o da
abóbada. *Gradiente cefalocaudal de crescimento: há um crescimento maior dos membros inferiores do que dos
superiores durante a vida pós-natal. A mandíbula, que está mais distante do cérebro, tende a crescer mais e mais
tardiamente do que a maxila, que está mais próxima do cérebro.
Base do crânio: o crescimento depende das transformações da cartilagem contida nas sincondroses. É a
zona do esqueleto ósseo que menos sofre mudanças durante o crescimento, e por isso, é utilizada como
referência. No feto, é uma lâmina contínua de cartilagem, na qual aparecem centros de ossificação nas
sincondroses esfenoetmoidal, interesfenoidal, esfeno-occipital e intra occipital.
Crescimento da maxila: apresenta crescimento sutural e processo de remodelação, que juntos provocam o seu
deslocamento para frente e para baixo. Maior aumento → região posterior (aposições na face posterior da
tuberosidade) e superior. O crescimento da mandíbula está relacionado ao crescimento dos ossos aos quais está
ligada, principalmente o frontal, o zigomático e o temporal. O crescimento na região alveolar está na dependência
do desenvolvimento da oclusão. WINMANN SICHER (1955) - as suturas (fronto-maxilar, zigomático-maxilar,
zigomático-temporal e pterigo-palatina) são responsáveis pelo movimento para baixo e para frente pois todas são
oblíquas e mais ou menos paralelas entre si. Entretanto, também há evidência que a atividade sutural é
secundária, e que o crescimento endocondral da base do crânio e do septo nasal, pode estimular o crescimento
para frente e para baixo do complexo maxilar. Esse crescimento (para baixo e para frente) é uma das adaptações
para acomodar maior número de dentes na extremidade posterior (alongamento do arco). Por processos
alternados de aposição e reabsorção, os assoalhos nasal e orbitário e abóbada palatina, movem-se para baixo
paralelamente. O crescimento na sutura palatina mediana é responsável pelo crescimento em largura.
Crescimento da mandíbula: ao nascimento, os dois ramos da mandíbula são muito curtos. O desenvolvimento
condilar é mínimo e quase não existe eminência na cavidade glenóide. Entre os 4 meses e o final do primeiro ano,
a cartilagem da sínfise é substituída por osso. Segundo WINMANN e SICHER (1955), o côndilo é o maior centro de
crescimento da mandíbula e é dotado de um potencial genético intrínseco; o côndilo aumenta por proliferação
intersticial da cartilagem e crescimento aposicional (há uma densa e fina camada de tecido conjuntivo que
recobre a cartilagem hialina do côndilo).
O crescimento do côndilo associado com a aposição óssea no rebordo posterior do ramo, contribui para o
aumento no comprimento da mandíbula, e quando associado ao crescimento alveolar (desenvolvimento da
dentição), contribui para o aumento em altura do corpo da mandíbula. Quanto à largura, há um crescimento no
rebordo posterior que pode ser explicado pela divergência posterior. Os ramos também divergem de baixo para
cima, de tal modo que o crescimento aposicional do processo coronóide e côndilo também aumenta a dimensão
superior entre os ramos.
SHUDY (1965): a variação entre o crescimento nos côndilos e na área alveolar molar, é a responsável pelo
mecanismo de rotação da mandíbula em relação à face. Essa rotação pode ser no sentido horário, quando o
crescimento na área alveolar é maior que nos côndilos e anti-horário, em caso contrário.
Tendência de crescimento facial: Durante o período de crescimento facial, observa-se uma estreita relação
entre a base anterior do crânio, ossos maxilares, dentes e o tecido tegumentar envolvente, e tal crescimento
geralmente processa-se para baixo e para frente de maneira e intensidade diferentes, de acordo com o padrão
herdado. Para a avaliação da tendência de crescimento facial, Tweed levou em consideração a parte média e
inferior da face, tomando como referência o ANB em um determinado espaço de tempo (12 a 18 meses de
diferença entre as telerradiografias laterais), obtendo uma superposição dos traçados na linha S-N com registro
em “S”, no qual se pode visualizar o sentido e a intensidade do crescimento. Nas Classes III, além do ângulo ANB,
considerou ainda o ângulo FMA, que indica a altura angular da face.
Classificação:
Tipo A: a maxila e a mandíbula se deslocam para baixo e para frente harmoniosamente na mesma velocidade
(quantidade igual). Ângulo ANB constante e menor que 4,5⁰. Aproximadamente 25% dos pacientes que procuram
tratamento ortodôntico apresentam este tipo de crescimento. Os indivíduos normalmente apresentam relação
molar de Classe I; podem ter maloclusão Classe I ou protrusão maxilo-mandibular. Pacientes com essas
características devem ser submetidos a um programa de extração seriada. Inicialmente não há necessidade de
procedimentos ortodônticos, os quais estão indicados somente após o irrompimento dos caninos permanentes.
Tipo A subdivisão: relação molar Classe II e ANB maior que 4,5⁰. Podem ter maloclusão Classe II ou
protrusão bimaxilar. Pacientes com discrepância negativa podem se submeter a um programa de extração
seriada, com intervenção ortodôntica imediata. Deve-se utilizar um aparelho extrabucal tipo Kloehn para
correção da chave de molar.
Tipo B: a maxila e a mandíbula se deslocam para baixo e para frente com resultante para posterior, porém é
predominantemente vertical. A velocidade é maior na maxila do que na mandíbula. ANB varia de 4⁰ a 12⁰. Cerca
de 15% dos indivíduos possuem esse tipo de tendência de crescimento.
Tipo B propriamente dito: os indivíduos apresentam relação molar de Classe II e ANB variando de 6⁰ a
12⁰; com maloclusão Classe II 1ª divisão, Classe II 2ª divisão ou uma protrusão maxilo-mandibular e ainda uma
displasia mandibular. Esta constitui o caso mais desfavorável, com pequena possibilidade de correção
ortodôntica.
Tipo B subdivisão: os indivíduos apresentam relação molar Classe I e ANB variando de 4⁰ a 6⁰. Casos
favoráveis de ótimo prognóstico.
Tipo C: a maxila e a mandíbula se deslocam para baixo e para frente com resultante anterior, porém é
predominantemente horizontal. A mandíbula cresce em velocidade maior que a maxila e o ângulo ANB pode
variar de 6⁰ a -10⁰; 60% dos indivíduos apresentam esse tipo de tendência de crescimento.
Tipo C propriamente dito: os indivíduos apresentam relação molar Classe III e ANB variando de -1⁰ a -10⁰
e o FMA é sempre menor que 20⁰.
Categoria A: ângulo goníaco reto; os indivíduos podem apresentar mordida cruzada (anterior,
posterior, uni ou bilaterais). Os planos oclusal e mandibular são aproximadamente paralelos entre
si. Também chamada falsa ou pseudo Classe III.
Categoria B: faces longas e mandíbula avançando anteriormente e queixo proeminente; ângulo
FMA varia de 20⁰ a mais de 50⁰; mordida aberta; ângulo goníaco demasiadamente obtuso.
Período pré-dental: também chamado período dos roletes gengivais; o arco superior apresenta forma
arredondada com a abóboda pouco profunda, e o inferior tem a forma de U com porção anterior pontiaguda e
inclinada vestibularmente. A região anterior dos roletes é mais saliente e proeminente, enquanto na região
posterior os processos se achatam. Os roletes contactam na região posterior e apresentam um espaço da região
anterior chamado de “espaço mesial anterior”. Na posição de repouso, os roletes estão separados e a língua
sobressai entre os lábios na chamada postura neonatal da língua. Lateralmente, há uma posição distal do rolete
inferior. Além disso, apresentam saliências e pregas que atuam como vedantes durante a lactação. A lactação
natural estimula fortemente o crescimento mandibular. Ocorre um surto de crescimento nesse período e a
mandíbula vai se deslocando mais à frente até atingir uma nova posição, mais mesial.
Inclinação axial dos dentes decíduos: paralelismo entre as raízes (ausência de inclinação axial)
Relação distal dos segundos molares decíduos: as faces distais dos segundos molares decíduos e suas raízes
funcionam como guias de erupção para os primeiros molares permanentes. Três tipos fundamentais: plano
vertical (76%), degrau distal (10%) e degrau mesial (14%).
“Leeway Space” ou Espaço Livre de Nance: diferença entre a somatória das distâncias mesiodistais do canino, 1⁰
e 2⁰ molares decíduos com a somatória das distâncias mesiodistais do canino, 1⁰ e 2⁰ pré-molares. Na arcada
inferior é igual a 1,7 mm e na superior é igual a 0,9 mm para cada lado. Na parte anterior, esta diferença é
negativa. Na posterior, é positiva.
Espaços primatas: na arcada inferior estão localizados entre caninos e 1⁰s molares decíduos e na superior entre
caninos e incisivos laterais.
Tipo I: apresentam além dos espaços primatas, espaços generalizados entre os incisivos superiores e
inferiores
Tipo II: apresentam somente espaços primatas, sem espaços generalizados entre os incisivos, nos quais
pode ocorrer até a ausência dos espaços primatas
Considera-se que é mais provável que os dentes irrompam regularmente, sem problemas de posicionamento, nos
arcos Tipo I.
Distância intermolares
Comprimento da arcada: medido do ponto interincisivo até uma linha tangente às faces distais dos 2M decíduos.
Perímetro da arcada: medido a partir da face distal do 2M decíduo através de todo o contorno da arcada,
passando pelos pontos de contato entre os dentes e bordas incisais e terminando no lado oposto, na face distal
dos 2M decíduos. MOORREES (1976): redução no perímetro da arcada mandibular durante a dentição mista de
aproximadamente 5 mm devida à mesialização dos molares permanentes, à resultante póstero-anterior das
forças de oclusão durante a vida ou à inclinação lingual dos incisivos em função do tipo de crescimento da
mandíbula. Na arcada superior, o perímetro aumenta principalmente em função da inclinação vestibular dos
incisivos permanentes.
Overjet (sobressaliência): trespasse dos incisivos superiores em relação aos inferiores no plano horizontal. É
medido em mm a partir da face vestibular dos incisivos inferiores até a borda incisal dos superiores.
Overbite (sobremordida): trespasse dos incisivos superiores em relação aos inferiores no plano vertical.
Considera-se sobremordida profunda quando o trespasse é exagerado e os incisivos superiores cobrem as faces
vestibulares dos inferiores mais do que o terço incisal.
Erupção do primeiro molar permanente: o 1M inferior irrompe e quase que concomitantemente, sua
erupção é seguida pela erupção dos IC inferiores. Os 1M superiores devem irromper depois da erupção
dos 1M inferiores. A inversão nesta ordem quase sempre provoca cruzamento nos molares permanentes.
Erupção dos caninos e pré-molares: a melhor sequência de erupção na arcada inferior é: canino, 1PM e
2PM. Já na arcada superior é: 1PM, 2PM, C ou 1PM, C, 2PM.
Erupção dos segundos molares permanentes: o 2M inferior irrompe depois de todos os dentes
permanentes anteriores a ele, antes do 2M permanente superior. Quando esta sequência é invertida,
pode-se prever o agravamento de uma relação Classe II entre os molares.
Terceiros molares: apresentam grande variação no seu processo de calcificação e erupção; forte
tendência à agenesias; possibilidade de provocarem apinhamento dos incisivos mandibulares? Deve-se
considerar os aspectos que ocorrem quase ao mesmo tempo em que os 3M irrompem: encurtamento do
perímetro, apinhamento suave já existente entre os incisivos que se agrava e surto de crescimento tardio
na mandíbula.
DENTE 1M sup. IC sup. IL sup. C inf. 1PM 1PM 2PM 2PM C sup.
e inf. e inf. e inf. sup. inf. sup. inf.
CRONOLOGI 6a7 6a7 7a8 9 a 10 10 a 11 10,5 a 10,5 a 11 a 12 11,5 a
A DE 11,5 11,5 12,5
ERUPÇÃO
(em anos)
Oclusão dentária
Período de ficção/empirismo (até o final do século XIX): foram descritas as relações anatômicas e
fisiológicas dos dentes. Autores como FULLER (1810), CLARK (1836), IMRIE (1841), se referiam aos
antagonismos e deslizamentos dos dentes, não apresentando ainda uma definição do que poderia ser
“normal”.
Período de hipóteses (1900-1930): ANGLE (1907) postulou a hipótese da “Chave de Oclusão”, definiu e
descreveu a “linha de oclusão”. BENNET (1908), LINSCHER (1921), SIMON (1921) e TURNER (1913)
defenderam a hipótese da ação muscular na face e na oclusão dentária. HELLMAN (1921) relacionou e
evidenciou as variações raciais, na oclusão dentária, estudou o crescimento e desenvolvimento da face
através de observações antropométricas. Em 1930, a oclusão adquiriu o significado de “contato cuspídeo
dos dentes” e a oclusão normal passou a ser entendida como a correta intercuspidação dos dentes
inferiores e superiores.
Período dos fatos (1930 em diante): PLANER (1930) e BROADBENT (1931) introduziram os termos de
fisiologia e função às definições já existentes. PLANER (1930) → a posição de descanso fisiológico e a ação
da musculatura e da ATM passaram a ter grande importância no mecanismo mastigatório. BROADBENT
(1931) → a tríade dentes – músculo e ATM passou a ser considerada fundamental. Ideia dinâmica da
oclusão dentária. Segundo WHELLER (1958), o estudo da oclusão deve incluir os seguintes aspectos:
correto alinhamento dos dentes e contatos interdentários, curvas de compensação (Spee e Wilson),
inclinações das faces vestibulares dos dentes, forma funcional dos dentes em seus terços incisal e oclusal,
contatos oclusais em posição cêntrica e durante a função mastigatória (dinâmica mandibular).
Capítulo 4: MALOCLUSÕES
Classificação de Angle
Fácil
Maneira simples de agrupar maloclusões semelhantes
Abrange genericamente quase todos os tipos de maloclusões
Permite rápidas comunicações entre ortodontistas, odontopediatras e clínicos gerais
Hipótese preconizada por Angle: os 1M permanentes superiores são considerados “dentes chaves” e
pontos de referência no estudo das relações anteroposteriores das arcadas dentárias
o Classe I (neutroclusão): a cúspide mésio-vestibular do 1M permanente superior oclui no sulco
mésio-vestibular do 1M permanente inferior. Harmonia entre as arcadas. Caracteriza-se por
apresentar apinhamentos na região anterior.
o Classe II (distoclusão): posição distal dos 1M inferiores em relação aos superiores
1ª divisão: os incisivos superiores encontram-se a frente dos inferiores, criando um
“overjet”; observa-se quase sempre bom alinhamento dos dentes; curva de Spee
bastante acentuada; podendo ou não haver sobremordida profunda; frequentemente a
arcada superior apresenta forma em “V”; quase sempre está associada à hábitos bucais
(respiração bucal ou sucção de dedos)
2ª divisão: somente os incisivos laterais se encontram à frente dos inferiores, estando os
incisivos centrais superiores verticalizados em relação aos inferiores; frequentemente
apresenta sobremordida profunda e apinhamento nos dentes superiores
Subdivisão: relação distal de molares inferiores somente de um lado. Pode ser direita ou
esquerda
o Classe III (mesioclusão): 1M inferior relaciona-se mesialmente com o superior; pode ser
observado apinhamento inferior e/ou superior; também possui subdivisão
Limitações: 1M considerado um dente fixo; classificação apenas anteroposterior; só pode ser aplicada a
partir da erupção dos molares;
Labioversão
Vestibuloversão
Linguoversão
Palatoversão
Mesioversão
Distoversão
Giroversão
Infra-oclusão
Supra-oclusão
Transposição
Distogressão (mov. completo do dente)
Classificação
Equação ortodôntica de DOCKRELL (1952): “CAUSAS agem no TEMPO sobre TECIDOS produzindo EFEITOS”.
Moyers procurou desenvolver e ampliar essa equação, enumerando sete causas possíveis e como elas agem no
tempo, os tecidos ou estruturas atingidas, além dos tipos de efeitos prováveis.
Questão da predisposição ou resistência individuais: indivíduos que mesmo expostos à condições que
supostamente levariam ao surgimento de uma maloclusão não chegam a apresentar qualquer anomalia
significante. Por outro lado, a recíproca também pode ser verdade.
Apinhamento dentário: discrepância ósseo-dentária negativa (p. ex. dentes normais associados a arcadas
subdesenvolvidas); perda de espaço nas arcadas (devido a sequência desfavorável de erupção, perdas precoces
de dentes decíduos, cáries nas proximais, dentes supranumerários, restaurações incorretas).
Sobremordida (overbite): perdas precoces de decíduos ocasionando perda da dimensão vertical; sobre-erupção
dos incisivos em busca de contato em arcadas com relação anteroposterior inadequada; mordida cruzada
anterior.
Sobressalência (overjet): falta de desenvolvimento mandibular; hábito de sucção de dedos; deglutição atípica.
Mordida aberta anterior: padrão esquelético anômalo; anomalias de desenvolvimento do processo fronto-nasal;
hábitos de sucção de dedos ou objetos; deglutição atípica; macroglossia; traumatismos na região da pré-maxila.
Cruzamentos: Anteriores → Classe III de Angle; falta de desgaste fisiológico dos caninos decíduos (criança desvia
a mandíbula para evitar contatos desconfortáveis) – falsa Classe III; posições ectópicas dos germes dos
permanentes, levando a erupções ectópicas; hábitos de interposição de lábio superior e uso incorreto de
chupetas (interposição da “arruela”); retenção prolongada dos decíduos, provocando desvios de erupção dos
permanentes; traumatismos na área anterior da maxila. Posteriores → atresia maxilar; respiração bucal
(desequilíbrio funcional); erupção ectópica; retenção prolongada de decíduos; interferência de cúspides;
bloqueios por perda de espaço, Classe III (excessivo crescimento mandibular).
2) Exames complementares
Modelos de estudo: devem mostrar o alinhamento dos dentes, processos alveolares bem nítidos e vista
oclusal perfeita, para analisar a forma do arco, assimetrias, alinhamento dos dentes, forma do palato, mal
posições individuais dos dentes e relação oclusal entre as arcadas. Além disso, é sobre um modelo de
estudo que se executa a análise da dentição mista.
Radiografias periapicais: somente para os casos nos quais necessitamos de detalhes quanto a ausência
congênita, impacções de dentes, supranumerários, estágios de desenvolvimento dos dentes, cáries e
problemas periapicais. Preferencialmente é feita uma panorâmica e quando necessário, solicita-se
radiografias periapicais de áreas mais importantes.
Método de CARREA (1953): “triângulo equilátero decíduo” - quando inscrito numa circunferência, determinava
pontos de referência nas superfícies oclusais de modelos de dentadura decídua. Observou-se que na maxila, a
circunferência passava nas bordas incisais dos incisivos e caninos, cortava os primeiros molares, passando pelas
cúspides mesiopalatinas dos segundos molares decíduos e, na mandíbula, tangenciava as bordas incisais de
incisivos e caninos, cúspides vestibulares dos primeiros molares e cortava os segundos molares decíduos pelas
cúspides disto-linguais. As bissetrizes dos ângulos deste triângulo passavam também por pontos pré-
estabelecidos. Após escolher as placas (27, 28, 29 ou 30 mm de lado) de acordo com o tipo de arco, procura-se
analisar os possíveis desvios, como por exemplo, o encurtamento do arco (contração uni ou bilateral).
Espaço presente: espaço da base óssea existente para o correto posicionamento de todos os dentes
permanentes, considerando a face mesial do 1M permanente, de um lado, e a mesial do 1M, do lado oposto. Dois
métodos são tradicionalmente usados: fio de latão e compasso de ponta seca ou paquímetro.
Espaço requerido: espaço necessário para o alinhamento de todos os dentes permanentes. A soma do maior
diâmetro mesiodistal dos incisivos permanentes inferiores é usada para a estimativa do tamanho de caninos e
pré-molares não irrompidos.
Análise de Moyers: os incisivos inferiores são escolhidos como referência porque estão entre os primeiros dentes
a irromper; apresentam boa correlação de tamanho com os demais dentes; estão na área onde ocorrem com
maior frequência os problemas de espaço e são fáceis de medir. O maior diâmetro mesiodistal dos 4 incisivos é
medido e registrado em uma ficha. Com o somatório desses diâmetros, procura-se na tabela de probabilidade o
Radiografia panorâmica
Radiografias periapicais: melhor padrão de detalhes; técnica do paralelismo. Análise completa dos dentes
e regiões adjacentes: 14 radiografias periapicais + 4 interproximais.
o Aspectos a serem analisados:
Número de dentes: dentes supranumerários ou ausentes. Segundo Graber (1974), a falta
congênita é mais frequente que a presença de supranumerários.
Erupção e posicionamento: inclusões (verticais, mesioangulares, distoangulares,
horizontais, invertidas e transversas) → ordem crescente de frequência: incisivos (↑
sup.), pré-molares (↑ sup.), 3M sup., caninos (↑ sup.) e 3M inf. As radiografias oclusais
são elemento complementar do exame periapical. Localização vestibulopalatal (método
de Clark – “paralaxe”)
Esfoliação prematura de dentes decíduos
Rizólise anormal da dentição decídua
Cáries dentárias
Telerradiografia
A análise cefalométrica é aquela feita sobre uma telerradiografia da cabeça do indivíduo, tomada em norma
lateral, que permite avaliar a harmonia existente entre as partes ósseas que compõe a face (principalmente
mandíbula e maxila) e o grau de equilíbrio existente entre os dentes e os ossos que os suportam, entre os dentes
e o perfil facial mole.
Na telerradiografia lateral, o feixe de Rx central passa, à uma distância foca de 150 a 156 cm, perpendicularmente
ao plano sagital mediano da cabeça do paciente, estando ela, firmemente colocada no interior do cefalostato.
Tamanho da chapa radiográfica: 18x24cm
SN: une os pontos S (sela túrcica) e N (násio), representa a parte anterior da base do crânio
Plano mandibular: é traçado de várias maneiras – tangente à borda inferior da mandíbula; a partir dos pontos Go-
Gn; a partir dos pontos Go-Me; plano que passa, na porção anterior, pelo ponto Me, e posteriormente, pelo
ponto médio entre as bordas inferior esquerda e direta da mandíbula, na região do ângulo goníaco
Longo eixo dos incisivos: passa pelo longo eixo dos incisivos inferiores e superiores, geralmente informando o
grau de inclinação axial destes dentes
Ângulos
SNA (82⁰ - Riedel): ângulo formado pela união dos pontos sela, násio e ponto A. Posição antero-posterior da
maxila em relação à base anterior do crânio (grau de protrusão ou retrusão).
SNB (80⁰ - Riedel): ângulo formado pela união dos pontos sela, násio e ponto B. Posição antero-posterior da
mandíbula em relação à base anterior do crânio (grau de protrusão ou retrusão).
ANB (2⁰ - Riedel): diferença entre os ângulos SNA e SNB. Indica a relação entre a maxila e a mandíbula (indicador
de harmonia ou não entre esses ossos).
SND (76⁰ - Steiner): ângulo formado pela união dos pontos sela, násio e ponto D (localizado dentro da sínfise).
Correlaciona-se com o SNB. Foi introduzido por Steiner, porque este demonstrou que o ponto B mudava de
posição de acordo com a mecânica empregada durante a movimentação dos incisivos inferiores.
Ângulo aumentado: mandíbula crescendo para baixo; face longa; mandíbula retrognata
Ângulo diminuido: mandíbula crescendo para frente; mandíbula prognata
SN – GoGn (32⁰ - Steiner): ângulo formado pela linha SN até intersectar o plano mandibular. Quando está
aumentado ou diminuído indica desarmonia na face no sentido vertical (geralmente associada à mordida aberta
ou sobremordida).
FMA (25⁰ - Tweed): ângulo formado pelo plano de Frankfurt e plano mandibular (Go-Me). Tem a mesma função
do ângulo SN – GoGn.
FMIA (65⁰ - Tweed): ângulo formado pelo plano de Frankfurt e o longo eixo do incisivo central inferior.
IMPA (90⁰ - Tweed): completa o Triângulo Facial de Diagnóstico de Tweed. É formado pelo plano mandibular e o
longo eixo do incisivo central inferior.
NAPg (ângulo de convexidade): formado pela linha NA e pela linha Pg-A. A medida é feita através do
prolongamento da linha Pg-A.
1.SN (103,5⁰ - Riedel): ângulo formado pelo longo eixo do ICI e a linha SN
Ângulo 1.NA (22⁰ - Steiner): ângulo formado pelo longo eixo do ICS e a linha NA. Quando estiver aumentado ou
diminuído de seus valores médios significa que existe protrusão ou retrusão dentária superior.
Distância 1-NA (4 mm - Steiner): segmento medido pela distância da superfície mais proeminente da face
vestibular do ICS perperdicularmente à linha NA.
1/1 (130⁰ - Downs): ângulo interincisivo. Só pode ser avaliado em conjunto com os ângulos 1-NA e 1-NB, visto que
uma diminuição de seu valor normal nem sempre significa que existe uma biprotrusão, podendo ocorrer apenas
protrusão maxilar ou mandibular.
Ângulo 1.NB (25⁰ - Steiner): ângulo formado pelo longo eixo do ICI e a linha NB. Quando estiver aumentado ou
diminuído de seus valores médios significa que existe protrusão ou retrusão destes dentes.
Distância 1-NB (4 mm - Steiner): segmento medido pela distância da superfície mais proeminente da face
vestibular do ICI perperdicularmente à linha NB.
Pg-NB: distância entre o pogônio e a linha NB obtida através de uma perpendicular traçada à linha NB. Posição do
ICI em relação ao mento e, consequentemente, ao perfil. Holdaway preconiza que a distância 1-NB seja igual à
distância desta linha ao pogônio (Relaçâo 1:1 de Holdaway). Uma variação de 2 a 3 mm desta relação é aceitável.
Plano estético H (Holdaway): plano que passa tangente ao ponto mais saliente do mento (pogônio mole) e ao
ponto mais saliente do perfil do lábio superior. Segundo Holdaway, em faces harmoniosas, o sulco formado pelo
lábio superior logo abaixo do nariz deve ter uma profundidade de 5 mm, com variação de mais ou menos 2 mm.
Extrações consideradas precoces: quando a extração ocorre pelo menos 1 ano antes da erupção do sucessor
permanente; quando o sucessor permanente ainda está com sua formação aquém do estágio 6 de Nolla (haverá
neoformação óssea sobre o germe, dificultando sua erupção).
A manutenção do perímetro da arcada é uma das atividades mais importantes na prevenção das maloclusões. Um
dos primeiros passos que envolvem a manutenção do perímetro da arcada é a restauração correta da distância
mesiodistal do dente decíduo em casos de cáries proximais. O mantenedor de espaço está indicado logo após a
remoção do dente decíduo nas seguintes condições: presença do sucessor permanente, quando não ocorreu a
perda do espaço e quando a análise da dentição mista demonstra situação favorável para erupção de todos os
dentes.
A perda de incisivos decíduos, quase sempre provocada por traumatismos ou por cáries múltiplas, nem sempre
necessita de mantenedor. A indicação de colocação dos mantenedores depende do estágio de desenvolvimento
do sucessor permanente, sendo indicada também em casos de perdas múltiplas para prevenir a interposição de
língua.
A perda do 1M decíduo torna-se mais séria quando ocorre antes da erupção do 1M permanente, pois há grande
possibilidade de encurtamento da arcada. Os casos mais sérios de perda de molares decíduos atingem os 2M
(maior rapidez na diminuição do perímetro da arcada – inclinação mesial dos 1M permanentes). Quando ocorrem
perdas múltiplas de dentes decíduos, deve ser programado o tipo de mantenedor antes das extrações.
Mantenedor banda-alça
Arcos linguais
Aparelhos removíveis
Aparelhos recuperadores de espaço: indicados principalmente quando a perda de espaço não é tão grande, ou a
inclinação mesial dos molares não é severa. Devem ser indicados após minucioso exame e análise da dentição
mista.
Mordida Cruzada Anterior Dentária ou Simples: cruzamento é provocado por inclinações dentárias e as bases
ósseas estão bem relacionadas entre si.
Mordida Cruzada Anterior Esquelética ou Complexa: mandíbula cresce mais do que a maxila, com tendência a
maloclusão Classe III de Angle.
Elásticos intermaxilares cruzados: descruzamento de um dente cruzado. Os elásticos são presos a botões
ou ganchos linguais superiores e vestibulares inferiores que estão soldados a bandas molares. Utilizam-se
2 ou mais elásticos tipo 1/8 pesado para auxiliar o descruzamento.
Aparelho removível com mola digital
Mordida Cruzada Dentoalveolar: problema localizado em dentes e osso alveolar, com bom desenvolvimento
ósseo. Se o paciente apresenta desvio da linha média, pode estar ocorrendo acomodação da mandíbula em
relação ao cruzamento. Se a linha média é coincidente, está ocorrendo uma contração dentoalveolar na região
posterior.
Mordida Cruzada Funcional: para o diagnóstico, deve-se observar a oclusão habitual do paciente e verificar que a
linha média dos incisivos não coincide e há um desvio da mandíbula. Em relação cêntrica, a linha média deve
coincidir e os dentes posteriores deverão estar em relação de topo.
Mordida Cruzada Posterior Esquelética: atresia total do arco superior. A telerradiografia frontal pode se
constituir de um bom meio de diagnóstico.
Disjuntor: disjunção da sutura palatina mediana. Está indicado em pacientes com bom potencial de
crescimento (início da puberdade)
Diastemas patológicos
Segundo TAYLOR (1939), à medida que a idade aumenta, diminuem os diastemas, de tal modo que, os 7%
compreendidos entre os 12 e os 18 anos, seriam os diastemas patológicos.
Agenesias
Dentes mais frequentemente ausentes, em ordem de prevalência: segundos molares inferiores, incisivos laterais
superiores e segundos pré-molares superiores.
Agenesia de incisivos laterais: levar o canino para o lugar do incisivo lateral ou manter o espaço para futura
colocação de prótese. A escolha dependerá da idade e escolha do paciente, forma e tamanho dos caninos, e
possibilidade de movimentação dos caninos.
Agenesia do segundo pré-molar inferior: manter o espaço (com o próprio dente decíduo quando possível) para
futura colocação de prótese ou fechamento do espaço através de movimentação mesial do 1MI.
Hábitos Bucais
Os dentes são mantidos em equilíbrio e em harmonia por duas forças musculares antagônicas: uma de contenção
interna (representada pela língua) e outra de contenção externa (representada pelos mm. das bochechas e lábios
– “Mecanismo do Bucinador”). Segundo GRABER (1969), apesar de ser o tecido ósseo um dos mais duros do
corpo, é ele um dos mais plásticos e que mais responde às forças funcionais. Forma e função estão, portanto,
intimamente relacionados.
Postura normal de repouso: suave contato labial, ponta da língua na papila palatina e aproximação do dorso da
língua com o palato, dando equilíbrio aos componentes musculares internos e externos.
1. Fase bucal: consciente e voluntária. Dominada voluntariamente, pode ser acelerada ou retardada (p. ex.
quando há uma partícula estranha na boca). Vai desde a apreensão do alimento até a transferência do
bolo alimentar para a faringe. A ponta da língua pressiona a papila palatina, há contração dos músculos
elevadores da mandíbula e os dentes entram em oclusão. A participação dos músculos periorais é
considerada passiva, para o vedamento dos lábios.
2. Fase faríngea: consciente e involuntária. Com a passagem do bolo alimentar para a faringe, e
continuando a parte anterior bucal vedada, a pressão bucal torna-se menor que a pressão das fossas
nasais, formando na cavidade bucal uma “pressão negativa”. Se há duas pressões diferentes em cada lado
de uma estrutura, deve-se espetar que esta estrutura tenha a tendência de ser deslocada para o lado da
pressão menor. É o que ocorre com o palato em cada ato de deglutir, concorrendo para a sua modelação.
Pacientes com deglutição atípica ou respiração bucal, geralmente tem o palato estreito e alto (ogival), já
que a língua não é sugada contra o palato no ato da deglutição para promover a “pressão negativa”.
3. Fase esofágica: inconsciente e involuntária. O bolo alimentar é levado para o estômago sob a ação dos
movimentos peristálticos.
Deglutição atípica: há pressionamento atípico da língua, ausência de contração dos masseteres e participação da
musculatura perioral. Além disso, desvios de fonação podem estar relacionados com a deglutição atípica
(fonemas apicais, que são produzidos com a ponta da língua → T, D, N, L e as sibilantes S e Z). Outros sinais:
tamanho da língua (volumosa, alargada ou ondulada), interposição do lábio interior entre os dentes (Classe II 1ᵃ
Respiração bucal: pode ser por obstrução real das fossas nasais ou por hábito residual. Os pacientes geralmente
tem musculatura hipotônica, com a mímica expressiva alterada, com a conhecida “face adenoidiana”. Há
necessidade de fortalecimento da musculatura.
Onicofagia e Bruxismo
Sucção de dedos e chupeta: o autor sugere um método para eliminação destes hábitos utilizando o próprio
hábito na tentativa de eliminá-lo, visto que “o que é proibido, coercitivo, provoca reações contrárias”.