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São Paulo
2022
Levantamento de casos envolvendo os dez agentes agentes de degradação incidentes sobre
acervos museológicos.
Água - Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville (MASJ).
1 NSC (Redação). Alagamento no Museu de Sambaqui em Joinville compromete acervo. NSC Total.
19/03/2015. Disponível em: <https://www.nsctotal.com.br/noticias/alagamento-no-museu-de-sambaqui-em-
joinville-compromete-acervo>. Acesso em 15/09/2022.
2SINSEJ. Museu Sambaqui está com a estrutura comprometida. 01/04/2019. Disponível em:
<http://sinsej.org.br/2019/04/01/post11274/>. Acessado em 04/09/2022.
3JOIVILLE (PREFEITURA). Museu Arqueológico de Sambaqui de Joinville – SECULT.UPM.MAS. 2021.
Disponível em < https://www.joinville.sc.gov.br/institucional/secult/upm/mas/>, acesso em 15/09/2022.
4AGÊNCIA SENADO, idem.
5 AGÊNCIA SENADO. Incêndio na Cinemateca é resultado de descaso do governo, apontam senadores.
Senado Notícias. 30/07/2021. Disponível em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2021/07/30/incendio-na-cinemateca-e-resultado-de-descaso-do-
governo-apontam-senadores>. Acesso em 15/09/2021.
A Cinemateca Brasileira possui uma longa história desde sua criação na década de
1940, por Paulo Emilio Gomes, como um clube de cinema. Ela se integrou a diversas
instituições até adquirir autonomia, em 1956, com o nome que porta atualmente. Ela foi
incorporada pelo Governo Federal e, atualmente, é vinculada à Secretaria Especial de
Cultura, do Ministério do Turismo e gerida pela Sociedade Amigos da Cinemateca6.
É a instituição responsável pela salvaguarda da produção audiovisual brasileira, e tem
hoje sob sua posse “mais de 40 mil títulos e um vasto acervo documental (textuais,
fotográficos e iconográficos) sobre a produção, difusão, exibição, crítica e preservação
cinematográfica, além de um patrimônio informacional online dos 120 anos da produção
nacional”7.
Mas esse acervo já foi muito maior; Segundo retrospectiva traçada pelo jornal BBC, o
acervo da Cinemateca foi acometido por 5 incêndios: em 1957, quando situado na rua 7 de
Abril; em 1969 e 1982, momento em que esteve guardado em galpões anexos ao prédio da
Bienal, no parque Ibirapuera; em 2016, quando a Cinemateca, já tornada pública, funcionava
no antigo matadouro de São Paulo, na Vila Clementino sob a administração de uma OSC; e,
novamente, em 29/07/2021, quando fogo se alastrou em um de seus galpões, situado na Vila
Leopoldina8.
Nos casos anteriores os incêndios ocorreram por combustão espontânea dos filmes de
nitrato. Já no episódio de 2021 o incêndio começou após a manutenção de um ar
condicionado9. Segundo a CNN, “a estimativa do Corpo de Bombeiros indicou que o fogo
atingiu cerca de 300 m², o que incluiu três salas com arquivos históricos”10.
Diversas matérias afirmam que, após a interrupção do contrato de gestão com a última
OSC responsável em 2019, a instabilidade administrativa da cinemateca refletiu nos setores
técnicos, com falta de profissionais e prejuízos para a gestão do acervo e dos riscos
associados. Uma semana antes do último acidente, em audiência, o Ministério Público
Federal de São Paulo teria alertado o governo federal do perigo de incêndio. Por isso,
“parlamentares afirmaram que a tragédia é um exemplo do descaso com a cultura 11”, tendo
sido já anunciada.
6FIGUEIREDO, Carolina; LOPES, Leo. Incêndio em galpão da Cinemateca foi acidental, conclui PF. CNN
Brasil. 30/07/2022. Disponível em: <https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/incendio-em-galpao-da-
cinemateca-foi-acidental-conclui-pf/>. Acesso em 15/09/2022.
7 O POVO, Idem.
8 Idem.
9 G1. Museu Histórico é interditado após desabamento do forro em Ribeirão. 05/03/2016. Disponível em:
<http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2016/03/museu-historico-e-interditado-apos-desabamento-
do-forro-em-ribeirao.html>. Acesso em 15/09/2022.
10 RUDZINSKI, Mariana. Pesquisa analisa o estado de conservação do acervo do Museu de Geociências.
Agência Universitária de notícias - AUN. 24/05/2017. Disponível em:
<https://aun.webhostusp.sti.usp.br/index.php/2017/05/24/pesquisa-analisa-o-estado-de-conservacao-do-acervo-
do-museu-de-geociencias/>. Acesso em 15/09/2022.
11 IBRAM, Idem.
O Museu de Arte Sacra de Santos, instituição cultural privada gerida pela diocese
desse município, foi oficialmente inaugurado em 1981 por iniciativa do então Bispo
Diocesano Dom David Picão de Santos. Ele ocupa atualmente parte do “complexo
arquitetônico composto pela Igreja de Nossa Senhora do Desterro e o antigo Mosteiro de São
Bento”12, datado do século XVII, que é tombado pelos órgãos de preservação dos três níveis
de governo (federal, estadual e municipal).
Segundo dados divulgados no site do Museu, seu acervo conta com “mais de 600
peças sacras e religiosas, de cunho erudito e popular, datadas entre o século XVI ao XXI,
entre esculturas, pinturas, objetos litúrgicos e indumentárias” 13, entre elas uma peça
considerada a mais antiga imagem sacra de autor conhecido do Brasil - Nossa Senhora da
Conceição, de João Gonçalo Fernandes .
Algumas dessas peças foram subtraídas em 03/07/2016, quando o MASS foi vitimado
por um roubo no qual, segundo notícia do jornal O Povo, três homens renderam vigias e
levaram 20 itens, entre quadros, esculturas, imagens e outros objetos religiosos, além de
equipamentos de segurança14. Em outra matéria, o Ibram informa que somam-se aos itens
roubados 422 livros15.
Segundo a reportagem do O Povo, “esta foi a segunda vez que o equipamento perdeu
parte do acervo. Outro roubo aconteceu há 20 anos, quando apenas três objetos foram
recuperados. No episódio mais recente os ladrões teriam usado plástico bolha para envolver
as peças16, o que reforça a suspeita de um roubo encomendado.
Segundo o Ibram, “os itens roubados foram incluídos no Cadastro de Bens
Musealizados Desaparecidos, gerenciado pelo Ibram, com imagens e informações descritivas
sobre os itens. As informações serão compartilhadas com organismos de segurança pública e
de controle aduaneiro e com comerciantes de antiguidades, artes e artefatos culturais em
geral”17. Também o Sisem publicou fotos para auxiliar na busca e divulgação do crime e
contatou o Conselho Internacional de Museus (Icom) para articulação da Interpol na
investigação do caso.
12 Conforme consta no institucional do site, no qual podemos ver também uma seção nomeada “Arte da
expansão”, com itens produzidos em Ásia e África.
13 ESTADÃO. Obras do Museu Afro Brasil sofrem danos com o calor e falta de climatização. 23/01/2015.
Disponível em:<https://cultura.estadao.com.br/noticias/artes,obras-do-museu-afro-brasil-sofrem-danos-com-o-
calor-e-falta-de-climatizacao,1623448>. Acesso em 15/09/2022.
14MUSEU DE GEOCIÊNCIAS. História. disponível em: <https://museu.igc.usp.br/o-museu/historia/>. Acesso
em 15/09/2022.
15 A sexta está no Museu Britânico.
16MARTINS, Simone. Cariátides no Museu da Acrópole. História das artes. 29/11/2017. Disponível em:
<http://www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/cariatides-no-museu-acropole/>. Acesso em 15/09/2022.
17 IMBRIZI, Marcos. Museu de Santo André encaminhará acervo para tratamento com radiação. ABCdoABC.
09/01/2015. Disponível em: <https://www.abcdoabc.com.br/santo-andre/noticia/museu-santo-andre-
encaminhara-acervo-tratamento-radiacao-24694>. Acesso em 15/09/2022.
O Museu Nacional de Arte Antiga é uma instituição hoje ligada ao Ministério da
Cultura de Portugal e que desde sua criação, em 1884, ocupa o Palácio Alvor, um edifício do
século XVII situado em Lisboa.
Sua coleção é composta, segundo dados do Museu, por cerca de 40 000 18 itens, que
vão de pinturas, esculturas e cerâmicas, até vidros e mobiliários, produzidos tanto por autores
nacionais e europeus quanto por sociedades exploradas ao longo da história pelos reinados
portugueses, ao que eles entendem, segundo texto institucional de seu site, como “herança da
história”19.
Ainda conforme o texto, este museu é considerado, historicamente, um “museu
nacional normal: o que define a norma, as boas práticas, em acordo, uma vez mais, com os
padrões internacionais, seja em matéria de conservação e de museografia, seja no âmbito do
seu serviço de educação, pioneiro no País”20.
A despeito disso, porém, em 06 de novembro de 2016 aconteceu um acidente com
uma obra em exposição quando um visitante brasileiro, ao tentar tirar uma foto, recuou e
esbarrou em uma peça que caiu e quebrou-se, chegando a haver separação entre suas partes.
A obra é uma representação de São Miguel Arcanjo sem autor definido, feita em
madeira em uma oficina portuguesa ao final do século XVIII. Segundo o site Observador, o
MNAA informou, à época, que “a escultura encontrava-se fixada a um plinto, protegido em
todo o perímetro por um estrado” e que “Após o impacto, os elementos de fixação
mantiveram-se presos ao plinto’, o que não impediu que a escultura se partisse em várias
zonas”21.
Segundo o então diretor do Museu, a peça foi especialmente afetada nas asas, num
dos braços e no manto, mas, apesar da situação ser grave, a restauração seria possível. De
fato, em março de 2017 ela já havia retornado ao seu lugar na sala de exposição em um
mobiliário de base alargada que restringe a uma maior distância a aproximação do público
com a obra.
Apesar de este ter sido um acidente pontual, o então diretor incluiu a situação em um
quadro de falta de investimento em estrutura de pessoal, pois desde antes avisava sobre a
necessidade de mais vigilantes, que eram em número de 30 pessoas para fiscalizar 82 salas de
exposição, além dos demais espaços do Museu22.
O Museu Histórico de Ribeirão Preto é uma instituição pública que faz parte do
Complexo de Museus (junto com o Museu do Café) vinculado à Secretaria Municipal de
Cultura de Ribeirão Preto. Foi criado em 1938 a partir da coleção do professor e historiador
18Idem, p. 97.
19 ASSIS, Neiva de; ZANELLA, Andrea; BOLIGIAN, Levon. Histórias, memórias, lugares: Seu Maneca e a
comunidade do casqueiro em São Francisco do Sul – SC. Texturas - Revista de Educação e Letras, Canoas -
RS, v.19 n. 39, pp. 92 - 111, jan-abr/2017. DOI: https://doi.org/10.17648/textura-2358-0801-19-39-2706.
20 CINEMATECA BRASILEIRA. Nossa História e Missão. Disponível em <https://www.cinemateca.org.br/>.
Acesso em 15/09/2022.
21 Idem.
22TRAGÉDIA anunciada: os 5 incêndios que já consumiram a Cinemateca. BBC. 30/07/2021. Disponível em:
< https://www.bbc.com/portuguese/brasil-58033942>. Acesso em 15/09/2022.
Plínio Travassos dos Santos, sendo denominado, a partir de 1963, de Museu Histórico e de
Ordem Geral Plínio Travassos dos Santos, em homenagem a ele23.
Seu acervo, quando já somava um considerável número de peças, “foi transferido para
uma sala no Bosque Municipal, onde permaneceu de 1948 a 1949. Em 28 de março de 1951
foi instalado definitivamente no antigo Solar Schmidt e inaugurado com as seções de Artes,
Etnologia Indígena, Zoologia, Geologia e Numismática”24. Hoje, segundo informações do site
da prefeitura de Ribeirão Preto, é composto pelas coleções de mobiliários, de veículos de
tração animal, de objetos relacionados à imagem e som, e de minerais.
Localizado na Avenida do Café, na Fazenda Monte Alegre, atualmente parte do
campus da USP, o solar foi uma construção residencial pertencente a um coronel. Suas
instalações, além de antigas, não foram pensadas para o uso atual, bem como a manutenção,
que não têm considerado o acervo e mesmo a segurança das pessoas que lá circulam. Em
2016 o telhado, comprometido pela ação da umidade e de cupins, cedeu. “O desabamento do
forro aconteceu na sala que abriga um piano de 145 anos e o primeiro órgão da Catedral de
Ribeirão Preto. O museu estava fechado e ninguém ficou ferido”.
Antes, porém, o acervo vinha sentindo os impactos dessa falta de manutenção da
estrutura do edifício. Segundo relato do então diretor do Museu, “Chove, cai água do telhado,
infiltra no forro, que é de madeira. Cai no piso, infiltra no piso e acaba comprometendo o
acervo, porque a maior parte do acervo do museu está no porão, são mais de seis mil peças
neste porão”. Na mesma matéria aponta-se que “Na biblioteca, o mofo toma conta de livros e
documentos25
Em dezembro de 2021 a Prefeitura de Ribeirão Preto noticiou que o projeto de
reforma dos edifícios do Complexo de Museus havia sido concluído e estava orçado em 15
milhões de reais. Informou que estava em processo de levantamento de verbas e, atualmente,
há notícias de que as obras já teriam se iniciado. O museu segue fechado indefinidamente.
25 IBRAM. Ibram atua em busca por obras roubadas do Museu de Arte Sacra de Santos. 22/07/2016.
Disponível em: <https://antigo.museus.gov.br/ibram-atua-em-busca-por-obras-roubadas-do-museu-de-arte-
sacra-de-santos/>. Acesso em 15/09/2022.
Nóbrega, edifício projetado por Oscar Niemeyer e inaugurado em 1953 no Parque Ibirapuera,
em São Paulo.
Seu acervo, que começou com a coleção do recém falecido curador e diretor Emanuel
Araújo, conta com mais de 8 mil obras que abarcam “diversos aspectos dos universos
culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a
escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na
construção da sociedade brasileira”26.
Apesar de seu porte e importância, o Museu já sofreu, em tempo recente, com a falta
de estrutura básica à conservação de suas peças, sobretudo no que diz respeito ao controle de
temperatura. Segundo reportagem de 25/01/2015, acerca do ocorrido no dia 11 do mesmo
mês, a instituição teve que colocar ventiladores no ambiente expositivo, tanto para assegurar
o conforto do público quanto para garantir a preservação das obras27.
No episódio relatado, Emanuel Araújo apresentava o Museu a visitantes do jornal O
Estado de São Paulo quando notou que uma peça, uma escultura do Frei Domingo da
Conceição, do século 17, havia soltado um fragmento de madeira policromada, o que atribuiu
ao excesso de calor.
Naquela altura, segundo o então diretor, o Museu esperava “verba de R$ 3.960.770,68
de convênio entre o Ministério da Cultura, por intermédio do Instituto Brasileiro de Museus
(Ibram), e a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, à qual a instituição é vinculada,
para a reforma de todo o telhado de seu edifício” 28, além da alteração de esquadrias, da rede
elétrica e do sistema de ventilação. Só a solução do telhado, segundo Emanuel, contribuiria
com isolamento térmico baixando a temperatura em até 7 graus.
Não foram localizadas informações quanto à efetiva consecução dessas obras, mas
sabe-se que recentemente, em 2022, o Museu lançou um novo edital para contratação de
serviços de construção/manutenção que incluem as instalações elétricas, impermeabilizações,
entre outros aspectos estruturais.
29 HORTA, Bruno; MATOS, Vítor; SILVA, Hugo. Visitante derruba escultura do Museu de Arte Antiga.
Observador (cultura). 06/11/2016. Disponível em: <https://observador.pt/2016/11/06/visitante-derruba-
escultura-do-museu-de-arte-antiga/>. Acesso em 15/09/2022.
30 RIBEIRÃO PRETO (PREFEITURA). Museu Histórico - Histórico. Disponível em:
https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/complexo-museus/museu-historico-historico. Acesso em:
15/09/2022.
A Acrópole de Atenas é um complexo arquitetônico datado de, pelo menos, o século
V a.e.c..“Cidade alta” construída sobre a montanha Acrópolis (em Atenas, Grécia), ela servia
a fins militares, políticos e, sobretudo, religiosos, contando com diversos templos, sendo mais
conhecidos o Pártenon - dedicado ao culto da deusa Atena - e o Erecteion, que homenageava
Atena e, também, Poseidon.
Erguidos como locais de adoração, suas estruturas de escala gigantesca foram
ricamente ornamentadas com obras de arte em homenagem às divindades a quem se lhes
ofereceu. Milenares, elas têm sofrido, inevitavelmente, os efeitos do tempo e do clima.
Conforme reportagem de Fábio Chiossi à Folha de São Paulo, “Hoje um dos piores inimigos
da preservação das ruínas da Acrópole é o enxofre que está na poluição atmosférica. O
elemento, misturado à água da chuva, transforma-se em ácido sulfúrico, o que danifica as
esculturas remanescentes no local”31.
Pensando nisso, desde 1975 o programa de conservação dos monumentos da Acrópole
decidiu que as esculturas que ainda existiam nas ruínas atenienses fossem substituídas por
réplicas, passando as originais a ser transferidas para o Museu da Acrópole. Este, fundado em
1863 sobre os restos do templo Pandion, a poucos metros do Pártenon, já sofreu diversas
intervenções arquitetônicas e foi transferido de lugar mais de uma vez, estando hoje em um
prédio inaugurado em 2009, ao sudeste da colina da Acrópole32.
Suas coleções foram formadas com peças localizadas durante a própria escavação do
Museu, além de artefatos recolhidos dos sítios arqueológicos do entorno. Com mais de 4.000
peças expostas, suas coleções estão organizadas em 5 galerias, que espera-se aumentar tanto a
partir da coleta de outros materiais em campo quanto pela devolução daqueles que estão sob
poder de instituições européias, como o Museu Britânico.
Dentre as que já constam no Museu estão os últimos frisos do Pártenon e cinco das
seis Cariátides do Erecteion33, que vinham sofrendo os efeitos da poluição atmosférica e das
chuvas ácidas. Estas últimas passaram, entre 2011 e 2014, por um processo de restauração
que “documentou a condição atual das estátuas e se concentrou na fixação de segmentos
instáveis das estátuas de mármore, sua restauração estrutural, remoção dos fatores corrosivos
e limpeza de camadas de poluentes atmosféricos”34 com o uso de tecnologia a laser
desenvolvida pelo próprio Museu em parceria com o Instituto de Estrutura Eletrônica e Laser,
na Fundação para Pesquisa e Tecnologia em Creta.
Além das soluções de restauro, no eixo da adequação ambiental para a preservação
foram tomadas medidas para reduzir os efeitos da poluição, como a conversão da rua
principal de acesso ao Museu em um calçadão, por onde se chega de metrô, evitando-se
assim a circulação muito aproximada de veículos.
35PÉ NA ESTRADA. Como visitar o Museu da Acrópole, em Atenas: tudo que você precisa entender.
19/07/2022 (atualização). disponível em: <https://www.penaestrada.blog.br/atenas-como-e-visitar-o-museu-da-
acropole/>. acesso em 15/09/2022.
36 SANTO ANDRÉ (PREFEITURA). Museu de Santo André Dr. Octaviano Armando Gaiarsa. Disponível em:
<https://www3.santoandre.sp.gov.br/turismosantoandre/museu-octaviano-gaiarsa/>. Acesso em 15/09/2022.
A Coleção Histórica é hoje abrigada no Prédio da Alfândega, um edifício datado de
1875. Foi iniciada a partir de uma doação feita pela Biblioteca Rio-Grandense e atualmente
soma cerca de 6 mil itens que buscam representar a história do cotidiano municipal, como
mobiliário, indumentária, numismática, etc.
Já a Coleção de Arte Sacra, inaugurada em 1986 no consistório da Capela de São
Francisco de Assis e que hoje ocupa a nave da Capela, compõe-se de aproximadamente dois
mil objetos “doados pela Catedral de São Pedro, Ordem Terceira de São Francisco de Assis,
pessoas da comunidade e demais instituições religiosas locais”37.
É com a segunda coleção que temos notícia de um caso de dissociação. A ocorrência
foi relatada por estudantes da Universidade Federal de Pelotas, que na disciplina de
Conservação e Restauro em Madeira II descobriram que uma peça representando a
crucificação de Cristo compunha um conjunto com cinco tocheiros. As partes estavam
dissociadas devido às diferenças na coloração, mas as semelhanças morfológicas chamaram a
atenção e, a partir da análise das camadas estratigráficas, descobriu-se que formavam uma
unidade38.
Notou-se também o acréscimo de falsos elementos na última restauração. Enfatizando
a particularidade de um objeto sacro,que é ligado à liturgia e portanto comunicador de um
certo código (o que consideram diferente de arte religiosa, na qual há maior liberdade
autoral), os/as/es estudantes optaram por intervir na peça. “Buscando o restabelecimento do
conjunto e da veracidade na leitura iconográfica da obra efetuou-se o procedimento
interventivo de remoção da repintura de forma a atender inclusive o código de ética da
Conservação e do Restauro, assim como as recomendações internacionais”39.