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Este relatório tem o objetivo de expandir o horizonte de empresas para além das que estão

atualmente no radar tradicional do mercado, expondo companhias que se encontram bem


posicionadas no mercado, com bom momento no setor de atuação, porém ainda pouco visadas ou
deixadas de lado por grande parte dos investidores. Assim, o desempenho de suas ações é inferior
ao merecido na Bolsa de Valores.

Aqui, falaremos sobre a Petrobras (PETR4), longe de ser esquecida, mas deixada para trás na
corrida de preços das ações na Bolsa, e sobre a Portobello (PTBL3) e a Mills (MILS3), ambas
componentes da extensa cadeia produtiva do segmento de construção civil, aquecido no País -
sobretudo no Sudeste.

O caso da Petrobras é baseado puramente em seus sólidos fundamentos, com entregas de


resultados operacionais cada vez melhores, mesmo em um cenário de preços internacionais do
petróleo em patamares baixos em comparação histórica. A empresa segue firme em seu plano de
venda de ativos e redução do nível de endividamento, tornando-se cada vez mais leve e rentável,
sobretudo no segmento de Exploração e Produção de petróleo, com os campos no pré-sal,
altamente produtivos.

Já o setor de construção vive um bom momento e engloba as divisões de infraestrutura e


incorporação imobiliária em grande parte, envolvendo desde os setores de mineração e energia
até o de serviços e movimentando um volume financeiro significativo para economia do País. No
momento, o setor de construção segue bem aquecido, puxado principalmente pelos juros em
patamares historicamente baixos, o que barateia o valor dos imóveis residenciais de maneira
significativa e aumenta a atratividade dos investimentos em infraestrutura.

O mercado em geral, quando se trata do setor, volta suas atenções para as incorporadoras
imobiliárias, seja pela quantidade de empresas listadas (atualmente próxima a 20), seja pela
relevância dessas empresas na Bolsa, com 3 incorporadoras na composição do Ibovespa (Cyrela,
Eztec e MRV Engenharia). As incorporadoras fazem parte da cadeia mais visível aos olhos do
investidor, com canteiros de obras e campanhas de marketing de lançamentos, por exemplo. Esta
parte mais visível é a ponta final da cadeia, de modo que, quando ela está indo bem, todo o
restante se beneficia.

A seguir, entenderemos melhor o que tem segurado o desempenho da PETR4 neste ano. Depois,
traremos um breve panorama do funcionamento da cadeia produtiva do setor de construção civil,
exposto quem são os participantes dessa cadeia listados em Bolsa e onde se encaixam as
empresas Portobello (PTBL3) e Mills (MILS3) dentro dessa malha de participantes.

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Petrobras - Fundamentos mais sólidos que nunca
Desde a reformulação, em 2016, da estrutura de governança da Petrobras, desencadeada pela
sequência de operações da Lava-Jato, a empresa vem gradualmente melhorando seus resultados,
corrigindo e aperfeiçoando procedimentos arcaicos, enxugando seu tamanho e investindo
recursos onde realmente há potencial de geração de valor relevante.

Os objetivos da empresa são simples e diretos: redução de seu nível de endividamento, ainda alto
para os patamares do setor petrolífero, e melhora do retorno sobre o capital investido (Return On
Invested Capital - ROIC). O caminho é complexo e longo, porém os resultados têm aparecido nos
últimos meses, com destaque para a geração de caixa no segmento de Exploração e Produção de
Petróleo no pré-sal.

Dentre as inúmeras melhorias operacionais executadas e em andamento, a venda de ativos não


prioritários tem sido crucial para a empresa atingir sua meta de redução de alavancagem,
possibilitando-lhe levantar montantes relevantes de caixa e, ao mesmo tempo, desinchar seu
balanço.

O ativo mais relevante na lista de espera para o desinvestimento é o parque de refinarias de


combustível que a empresa detém em todo o território nacional, avaliado em aproximadamente
83 bilhões de reais por metade de sua capacidade total.

Na quinta-feira da semana passada (01 de outubro), o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu
decisão favorável à venda das refinarias pela Petrobras como parte do programa de
desinvestimento já anunciado pela estatal em seu plano de negócios 2020-24. O julgamento
ocorreu devido a uma contestação do poder Legislativo alegando que a autorização da venda
deveria passar pelo crivo do Congresso e do Senado, visto que o formato executado pela Petrobras
seria supostamente uma manobra para driblar tal deliberação.

Um ponto importante a citar é que a


alienação de algum ativo estatal deve
passar pela autorização do Congresso
somente em caso de alienação de
controle da empresa-mãe. Porém, no
caso de subsidiárias e demais ativos,
a estatal está autorizada a seguir de
maneira autônoma, inclusive
respaldada pela decisão do STF em
2019 sobre o mesmo tema, quando
ocorreu a venda da empresa
operadora de gasoduto TAG pela
Petrobras.
Seguindo essa linha de raciocínio, o
Supremo, por 6 votos a 4, concedeu o aval para a continuidade das vendas das refinarias, um
ponto importante e positivo para a Petrobras, que poderá seguir com o seu plano de
desalavancagem conforme planejado.

Entretanto, no tocante à Petrobras e sua tese de investimento, as refinarias não são o ponto mais
importante, mas sim os resultados consistentes que a companhia vem apresentando e as
melhorias operacionais constantes e duradouras em curso dentro da empresa. Os custos de
extração de petróleo vêm atingindo níveis cada vez mais baixos. Atualmente, eles já estão em
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patamar competitivo com os custos dos maiores produtores mundiais da commodity,
predominantes no Oriente Médio, tamanha a produtividade e qualidade da tecnologia empregada
e desenvolvida pela estatal nos campos do pré-sal. Somado a esse ponto, há os desinvestimentos
em campos maduros e em ativos de menor rentabilidade. Tais desinvestimentos permitem uma
alocação de recursos otimizada, de modo a tornar o balanço e as operações cada vez mais leves e
rentáveis, mesmo aos preços atuais do petróleo (fator que representa um grande balizador de
receita da empresa), permitindo uma geração de caixa líquido trimestre a trimestre.

Em uma estimativa rápida, levamos em conta um cenário de Petróleo a USD 35/barril e um câmbio
a R$ 5/dólar (ambos abaixo dos
patamares atuais - USD
40/barril e R$ 5,65/dólar),
adicionando a isso tudo uma
“pitada” de demanda de
combustíveis abaixo do
patamar pré pandemia, o que
pressiona a receita da
companhia.

Com isso, a empresa, em 2021,


geraria um Ebitda (métrica de
geração potencial de caixa) de
26 bilhões de dólares. Mantendo o
ritmo de desalavancagem atual, com essa geração de caixa, a empresa ainda teria um potencial de
valorização próximo a 45% em relação ao preço de fechamento de R$ 20,00, considerando-se o
múltiplo justo de 5,5 x EV/Ebitda - em linha com o histórico da companhia.

Não há motivos para acreditarmos que o múltiplo de 5,5 x tenha de ser revisado para baixo, dado
que: (1) ele já está em um patamar abaixo do patamar dos pares internacionais da companhia; e
(2) a Petrobras é uma empresa controlada pelo Estado, o que embute um desconto de risco na
conta.

Aqui, reforçamos dois pontos importantes. Primeiro: a Petrobras já vem, gradual e


constantemente, gerando um enorme valor há tempos com a operação atual. Segundo: possível
venda das refinarias seria um catalisador opcional muito positivo para a tese. Assim, vê-se que a
recomendação de investimento na empresa advém majoritariamente de sólidos fundamentos, e
não de especulações vagas a respeito de eventos políticos.

Então, após todas essas questões expostas, chegamos à pergunta-chave desta parte: “O que pode
estar segurando o desempenho das ações da Petrobras nesses últimos meses?”

Os catalisadores de PETR3/PETR4, em geral, possuem 2 componentes que têm grande peso no


modo como o mercado enxerga o risco na empresa. Além dos fundamentos, temos:

i) A dinâmica de preços internacionais do Petróleo

Como dito, os preços do petróleo praticados no mercado internacional são o grande


influenciador da linha de receita da companhia. Atualmente, o cenário internacional
aponta para um patamar de preço abaixo da média histórica, pois a demanda por seus
derivados segue em baixa devido à pandemia e, ao mesmo tempo, há a necessidade de
geração de caixa dos grandes produtores de petróleo no mundo, sobretudo dos países que
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compõem a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Esses dois fatores
geram pressão sobre a política de produção, com riscos de inundação do produto no
mercado, levando os preços a patamares próximos a USD 40/barril.

Um ponto de equilíbrio nessa dinâmica


surge do fato de que muitos
produtores mundiais fora do Oriente
Médio, inclusive nos EUA, não
conseguem uma rentabilidade
atraente a esses preços, o que, até
mesmo, ocasiona o
interrompimento da produção
nesses locais, jogando a produção
mundial um pouco para baixo.

Nesse ponto, a Petrobras leva


vantagem, posto que ela é rentável
nesse patamar de preço. Ademais, a
cotação do dólar em suas máximas (acima de R$ 5/dólar) ajuda a impulsionar a linha de
receita, permitindo à empresa gerar caixa positivo mês a mês.

ii) O risco político:

Por ser uma estatal atuando em um setor estratégico para o País, há sempre o risco de
interferência política na empresa, o que faz com que os investidores mantenham cautela
sobre o papel, sobretudo neste ano, recheado de grandes instabilidades política e
econômica no Brasil.

Como vimos, com a história das refinarias, os riscos de judicialização e interferência nos
planos da empresa permanecem latentes.

Apesar da reestruturação de governança, da reformulação da política interna de aprovação


de projetos e das melhorias operacionais e estruturais da empresa, nunca podemos prever
as manobras políticas que poderão emergir de Brasília a fim de utilizar as grandes estatais
como plataforma política ou meio de possível solução para algum problema
macroeconômico. Como exemplo dessas interferências políticas, temos o caso do controle
de preços de combustíveis que ocorreu há alguns anos e gerou um prejuízo estrutural à
Petrobras, origem do alto endividamento que a empresa carrega até hoje.

Nesse ponto, o ambiente parece muito mais benigno atualmente, dado que o governo
atual tem um viés liberal, garantindo a autonomia da gestão atual da estatal para ela seguir
com as melhorias internas. Além do mais, a decisão sobre as refinarias é considerada um
divisor de águas, dada a complexidade e a magnitude financeira da operação. Ela abre uma
janela positiva não só para que a Petrobras continue seus desinvestimentos, mas também
para as demais estatais seguirem a mesma onda de limpar o balanço e otimizar a estrutura
de capital.

Estamos confiantes de que a tese de Petrobras é uma das mais promissoras daqui em
diante, com os papéis ainda descontados em relação ao potencial de geração de valor da

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companhia, muito mais visível e concreto, e sendo deixados de lado pelo mercado. Assim,
neste caso específico, há uma boa oportunidade de compra.

No ano, as ações da Petrobras seguem atrás no desempenho do Ibovespa. Os papéis da empresa


acumulam queda de 33,6% em 2020, ante queda de 16,9% do Índice no mesmo período.

Fonte: Quantum Axis | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

Bom momento para o setor - Entendendo a cadeia de construção civil

A cadeia produtiva do setor de construção civil possui grande importância para a economia
brasileira, tendo sido responsável por 6,2% do PIB nacional em 2019 e movimentado mais de 70
setores da economia de maneira direta. A cadeia é complexa, mas é possível dividi-la em: Cadeia
Montante (Fornecimento de Matéria-Prima e Insumos Primários), Cadeia Principal (Construção,
Equipamentos, Materiais e Insumos Secundários) e Cadeia Jusante (Serviços, Comércio e
Acabamentos).

Em geral, o setor se movimenta puxado pela cadeia principal, com o segmento de construção
puxando a demanda para os demais segmentos, conforme as obras avançam nos canteiros, e
movimentando o fluxo de materiais e recursos no montante e na jusante da cadeia.

No esquema abaixo, podemos ver, em maiores detalhes, os principais segmentos econômicos


envolvidos em todo o setor:

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Fonte: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) | Adaptação: Levante Ideias de Investimentos

Por mais que o projeto a ser desenvolvido seja simples, com apenas 1 edifício pequeno, a
complexidade é inerente ao setor, com muitos detalhes a serem cobertos e executados em um
ciclo longo de tempo, geralmente contabilizado em anos. As construtoras e executoras das obras
disponibilizam grandes montantes de recursos de maneira antecipada, de modo a alimentar a
cadeia fornecedora de insumos (entende-se tal cadeia, aqui, em sentido mais amplo, desde
energia até maquinários e mão-de-obra), visando a rentabilização de um projeto no longo prazo
com boas margens de lucro.

Por conta desse longo ciclo, a taxa de juros é um componente crucial na avaliação da viabilidade
de um projeto e na continuidade de suas obras, dado que ela assegura um nível de rentabilidade
aceitável para a empresa, em comparação com o custo do dinheiro que a empresa terá nesse
mesmo período.

Neste momento, tanto a demanda quanto a oferta de obras na construção civil encontram-se
favoráveis ao olharmos o potencial financeiro dos projetos, com custo de captação baixo para
quem executa as obras e custo de compra cada vez mais reduzido para o público consumidor (no
caso de obras habitacionais).

Após uma das mais graves recessões econômicas da história do Brasil, ocorrida no biênio 2015-
2016, uma série de medidas macroprudenciais foram adotadas pelo Governo Federal como forma
de reorganizar a política econômica do País. Daí surgiu a possibilidade de prescrever uma série de
cortes na taxa básica de juros brasileira, lançando mão de uma política monetária expansionista.
Basicamente, três políticas contribuíram para alcançarmos o atual patamar da Selic no País: a
implementação de mecanismos de controle das despesas públicas; a redução substancial do
direcionamento de crédito e a ampliação do crédito livre; e a redução das expectativas (e,
consequentemente, da meta) de inflação.

Com isso, o setor de construção civil, que possui um perfil de ciclo mais longo que setores como o
varejo, por exemplo, beneficia-se exponencialmente dessa dinâmica, principalmente no segmento

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de construção vertical (casas, condomínios e edifícios), possibilitando à população um maior
acesso aos financiamentos imobiliários - e com prestações que cabem no orçamento familiar.

Assim, uma família que, antes, com os juros básicos em patamares de 13% ao ano, não estaria
autorizada a financiar um valor de R$ 300 mil reais para um imóvel, hoje, com a Selic a 2% e os
juros de financiamento imobiliário caindo para patamares de 6%, se encaixa dentro do perfil de
financiamento autorizado pelas instituições financeiras, levando-se em consideração o
comprometimento de cerca de 30% do orçamento mensal.

Para ilustrar de maneira mais concreta, fizemos uma simulação com as seguintes premissas:

- Financiamento de R$ 400 mil


- Prazo de financiamento de 15 anos
- Comprometimento de 30% da renda mensal familiar.

Com esses números, um financiamento de imóvel a 13% ao ano de taxa geraria uma parcela
mensal de cerca de R$ 4.874, com renda mensal necessária de R$ 16.250. Já quando a taxa cai
para 7% ao ano, a parcela cai para R$ 3.547 e a renda mensal necessária cai para R$ 11.823, o que
amplia fortemente a base de famílias com acesso a esse valor de financiamento.

Estima-se que a queda de 6 pontos percentuais no custo efetivo total (o custo final dos juros do
financiamento) praticamente dobra a quantidade de famílias com acesso ao mesmo valor de
financiamento, comparando-se as duas taxas, e, na realidade atual, significa o ingresso de cerca de
4,4 milhões de famílias na base de potenciais compradores de imóveis.

Essa dinâmica também é positiva para o lado das instituições financeiras que concedem o crédito,
uma vez que o perfil de crédito ganha qualidade, com maior número de clientes em créditos de
longuíssimo prazo e lastreados em um ativo real, com garantias mais firmes.

As construtoras e incorporadoras vêm preparando-se para a demanda potencial crescente e


acelerando os canteiros de obras para poder captar da melhor maneira possível o crescimento
potencial de vendas.

O Indicador Antecedente do Mercado Imobiliário, elaborado pela Associação Brasileira de


Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe),
que monitora a atividade de construção de novos empreendimentos verticais (edifícios), indica
uma alta constante desde meados do ano de 2018, período de maior visibilidade e estabilidade da
taxa de juros com tendência decrescente.

Esse indicador monitora mensalmente o volume de alvarás concedidos na cidade de São Paulo,
local com o maior volume de construções do País, que, mesmo em meio a paralisações diante da
pandemia, se mantém em níveis altos e crescendo, conforme podemos ver no gráfico abaixo.

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Fonte: Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

O setor, na Bolsa, não é só feito de incorporadoras


Como dito no início deste relatório, quando se fala em construção civil no mercado de ações, as
atenções são voltadas para as incorporadoras, dado que as empresas listadas são as maiores do
setor no País. Hoje em dia, temos perto de 20 empresas listadas no segmento, com a abertura de
capital de 6 delas ocorrendo somente neste ano, seguindo a onda favorável para o setor.

Porém, o setor envolve de maneira direta (atenção para a palavra direta) muitos outros setores da
economia. Portanto, ao avaliar os ventos favoráveis para as incorporadoras, necessitamos prestar
atenção em toda a cadeia. A boa notícia é que, sim, temos diversas outras empresas que fazem
parte dessa rede e merecem a devida atenção na hora da avaliação de investimentos.

A seguir, temos uma listagem das empresas de capital aberto ligadas ao setor. Elas estão
separadas em 3 segmentos de atuação principais: Fornecimento de Insumos Primários,
Comércio/Serviços e Finalização/Acabamentos.

i) Fornecimento de Insumos Primários:

Gerdau (GGBR4) - Aços longos e vergalhões - Estrutura de obras


CSN (CSNA3) - Aços longos e vergalhões - Estrutura de obras
Eternit (ETER3) - Telhas, Fibrocimentos e Louças/Metais Sanitários

ii) Comércio/Serviços:

Lojas Quero-Quero (LJQQ3) - Comércio de materiais de construção


Lopes Brasil (LPSB3) - Serviços de intermediação comercial/Corretagem de Imóveis
Brasil Brokers (BBRK3) - Serviços de intermediação comercial/Corretagem Imóveis
Mills Solaris (MILS3) - Locação de equipamentos pesados para Construção Civil
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iii) Materiais de Finalização e Acabamentos;

Duratex (DTEX3) - Madeira, Louças, Pisos e Cerâmicas


Portobello (PTBL3) - Revestimentos cerâmicos e porcelanatos

Essas empresas beneficiam-se diretamente do aquecimento da construção civil, sendo as


referências em cada segmento de atuação, característica dominante das empresas listadas na
Bolsa brasileira.

PORTOBELLO (PTBL3)

A Portobello é a maior fornecedora de revestimentos cerâmicos e porcelânicos para o setor de


construção civil da América Latina. A empresa foi fundada em 1979, na cidade de Tijucas (SC), e faz
parte do segmento Novo Mercado (na B3) desde 2008, ano de sua abertura de capital.

Atualmente, a companhia possui aproximadamente 2.600 colaboradores e está estruturada em 4


frentes de negócios:

i) Portobello – Responsável pela operação industrial e pelo atendimento aos mercados


B2B - “Business-to-Business Service” (revenda multimarca, construtoras, grandes projetos
e exportação).

ii) Portobello Shop - Segmento


responsável pela administração da
atuação varejista da marca, com 114
lojas franqueadas e 14 lojas próprias.

iii) Pointer - Marca de design de


revestimentos voltados para casa e
ambientes comerciais, com atuação
regional no Nordeste e fábrica em
Alagoas.

iv) Portobello América - unidade de


atuação da marca nos EUA, principal
mercado internacional da empresa.

A Portobello possui quatro frentes de receita, sendo três delas no mercado doméstico e uma
frente de exportação. As distribuições entre as linhas de negócios são próximas, com pouca
concentração.

A frente de Engenharia é a venda direta a obras de construção civil, acompanhada de uma equipe
técnica da Portobello para atender às especificações de cada projeto.

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A Portobello Shop é a frente de venda direta aos consumidores. Isso é feito em suas lojas
expositivas, com apresentação de catálogos e coleções lançadas periodicamente. Voltada ao
segmento comercial e residencial.

A Revenda é a distribuição dos revestimentos para lojas de materiais de construção multimarcas,


sendo o maior meio de distribuição geográfica dos produtos Portobello.

As receitas de exportação têm predominância de vendas de seus produtos aos EUA, por meio de
escritório e fábrica instalados no local.

Fonte: RI Portobello | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

O modelo de negócios da Portobello se encaixa tanto na “Cadeia a Montante” (como fornecedora


de materiais provenientes da indústria cerâmica, compondo a fachada e os revestimentos
externos dos edifícios e projetos) como na “Cadeia a Jusante” (como fornecedora de
revestimentos para a área interna das residências e imóveis comerciais, entrando no segmento de
decoração e acabamento).

Em termos de desempenho financeiro, a empresa apresenta resultados estáveis, sem grandes


oscilações em sua linha de receita nos últimos anos, mesmo com a oscilação do mercado
imobiliário, mostrando boa resiliência pela sua distribuição de receita (apresentada acima no
relatório).

As perspectivas futuras para a receita são promissoras pelo aquecimento do mercado de


construção civil.

Um ponto de atenção é a oscilação grande de sua margem Ebitda (métrica para geração de caixa
potencial), muito influenciada pelos custos dos insumos atrelados ao câmbio, o que corrói as
margens em caso de desvalorização forte do real. Além disso, cerca de 85% de seu endividamento
é atrelado ao dólar, o que gera uma instabilidade nos resultados financeiros, apesar de ser um
efeito contábil e a empresa possuir um hedge (estar protegida) natural devido à parcela da receita
proveniente do exterior.

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No mais, o montante total de endividamento permanece estável, indicando uma geração de caixa
suficiente para financiar suas operações sem grandes problemas, apesar da forte variação da
relação Dívida Líquida/Ebitda.

Fonte: RI Portobello | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

Fonte: RI Portobello | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

As ações da empresa acumulam variação positiva no ano, com desempenho superior ao do


Ibovespa. A recente alta se deve aos dados sobre o crescimento de vendas e ao aumento de
preços no segmento de materiais de construção no País.

Os principais catalisadores para as ações PTBL3 são justamente o ritmo de continuidade das obras,
sobretudo residenciais, e os projetos verticais (edifícios) em todo o País. A exposição da empresa à
região Sudeste também favorece a linha de receita daqui em diante, dada a maior concentração
de obras na região - a mais rica economicamente do Brasil.

Outro ponto de atenção é o incremento de receita potencial proveniente da nova linha de


revestimento, chamada de Lastras, que possui tecnologia de laminação de cerâmica, o que
permite a fabricação de placas de maiores dimensões, com maior economia de materiais, maior
resistência e ambientalmente sustentáveis. A empresa está com o projeto de fabricação em
andamento e será a única fornecedora do produto no País.

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Fonte: Quantum Axis | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

MILLS (MILS3)

A Mills (MILS3) é uma companhia criada na década de 50 que presta serviços para o segmento de
construção civil e infraestrutura. Ela é a maior companhia da América Latina em termos de locação
de plataformas aéreas e a maior fornecedora de soluções em engenharia no Brasil.
As suas operações giram em torno da
locação, da intermediação comercial e da
venda, com montagem ou não, de bens
e móveis de fabricação própria ou
adquiridos de terceiros, de uma ampla
gama de mais de 8.400 equipamentos
de produtos de infraestrutura, a citar
principalmente os andaimes, as
plataformas aéreas de trabalho e os
manipuladores telescópicos.

Durante essas quase 7 décadas de


existência, a empresa atuou em diversas
obras icônicas no Brasil, destacadas do
ponto de vista regional e, até mesmo,
nacional. Alguns exemplos são a Ponte Rio-Niterói, a Usina Hidrelétrica de Itaipu, a cidade de
Brasília, a primeira plataforma de petróleo no Brasil, o Rodoanel de São Paulo e aeroportos e
reformas dos estádios da Copa do Mundo de 2014.

Atualmente, a companhia segmenta a sua atuação em duas áreas:

i) Rental: a companhia dispõe da maior frota de plataforma aérea no Brasil: plataformas


pantográficas (plataformas tesouras), plataformas de lanças articuladas e plataformas de
lanças telescópicas, que podem atingir mais de 56m de altura. A área atende desde ao
setor de construção e manutenção de plantas industriais até a diversos setores da
economia, tais como os setores industriais, de serviços, comércio, logística e agronegócio.
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ii) Construção: nessa unidade de negócio, o foco da Mills está em grandes projetos de
engenharia, incluindo obras de infraestrutura voltadas para os segmentos de logística
(como malhas ferroviárias, rodoviárias, metroviárias, aeroportos, portos), de
infraestruturas social e urbana (incluindo obras de saneamento, escolas e hospitais) e de
energia (usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares), além de construção industrial e
projetos de grandes edificações. Esses projetos têm uma duração mais longa, com prazos
de locação acima de 1 ano.

Em 2019, mais de 80% das suas receitas vieram do segmento de Rental:

Fonte: Comdinheiro | Elaboração: Levante Investimentos

Sob a ótica dos seus resultados mais recentes, observamos uma variação relevante em termos de
receita, EBITDA e de margens operacionais, ao contrário da Portobello, que demonstra variação na
margem (por conta do componente cambial na matriz de custos), mas alguma resiliência em sua
linha de receitas. Já a Mills, como prestadora de serviços exclusivamente no cenário doméstico,
apresentou uma retração significativa de sua receita, de seu EBITDA e de suas margens no triênio
2016-2018, auge da crise do setor de construção civil:

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Fonte: RI Mills | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

Porém, sob a ótica do endividamento e da alavancagem, a Mills está posicionada de maneira mais
conservadora que a Portobello, que opera com relação dívida líquida/EBITDA anual de
aproximadamente 3 x. A Mills passou a adotar uma dinâmica mais conservadora a partir de 2016,
mantendo recursos em caixa superiores ao total de dívidas:

Fonte: RI Mills | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

Assim como a Portobello, a Mills se enquadra na Cadeia a Montante, suprindo a necessidade de


construções na parte de máquinas e equipamentos.

Desse modo, o bom momento da construção civil pode beneficiar as operações da Mills. Uma
diferença significativa em seu catalisador na comparação com a Portobello é a sua exposição ao
segmento de grandes obras de infraestrutura, que ficaram atrasadas após o contexto pandêmico
deste ano.

No ano, suas ações recuam 43,9%, ante queda de 16,9% do Ibovespa. Acreditamos que, ao preço
atual, a Mills é uma empresa interessante para o investidor manter no radar.

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Fonte: RI Mills | Elaboração: Levante Ideias de Investimentos

Conclusão

Encontrar boas oportunidades de investimento fora do radar mais tradicional do mercado


financeiro é um trabalho difícil de ser realizado. Porém, ele faz parte do processo de tomada de
decisão de onde aplicar o seu dinheiro e, se bem realizado, pode gerar retornos satisfatórios,
inclusive acima da média geral do mercado.

Este relatório, como dito inicialmente, teve como principal objetivo ampliar o seu ponto de vista e
calibrar o seu radar, para que assim você possa encontrar boas oportunidades de investimento no
mercado. As três empresas aqui apresentadas (PETR4, PTBL3 e MILS3) estão sendo, a nosso ver,
deixadas de lado por boa parte do mercado atualmente. Assim, acreditamos que todos os
investidores devam considerá-las como opções para seus portfólios.

Lembrando que as análises sempre devem ter respaldo nos fundamentos da(s) companhia(s), que
são dados, concretos e reais, dos desempenhos operacional e financeiro da empresa e do setor no
qual ela atua e servem de base para as teses de investimento.

Um abraço e até breve,


Equipe Levante

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Conforme o artigo 20, parágrafo único da ICVM 598/2018, o analista Eduardo Guimarães se declara
inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise.

Os valores mobiliários não contam com garantia do Fundo Garantidor de Crédito – FGC.

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