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Óleo e Gás
25/10/2023

Petróleo, duas faces de uma moeda.

O que fazer diante das incertezas?

O conflito entre Israel e Hamas se intensificou nas últimas semanas, ganhando os Rafael Winalda, CNPI
noticiários globais e trazendo muitos rumores e incertezas, principalmente quanto à rafael.borges@inter.co
escalada para além das fronteiras de Israel. Isso porque, caso o conflito escalone, com
países como o Irã fazendo parte da guerra, poderíamos ver efeitos de cortes na
produção de petróleo, afetando inclusive a cadeia logística da região. Vale lembrar a
proximidade com o Golfo Persico, região cuja produção representa cerca de 30% de
todo petróleo do mundo. Por esse motivo, temos visto tamanha volatilidade nos
preços das commodities, em especial o petróleo.

Já pelo lado da demanda, temos observado desaceleração do consumo de gasolina nos


Estados Unidos nas últimas semanas, o que tem contribuído para amenizar a situação.
Com o declínio do consumo, o crack spread também diminuiu, impactando a ponta
final dos preços dos combustíveis. No mesmo sentido, a retomada abaixo do esperado
da economia chinesa também tem refletido em menores importações da commodity.

Quanto ao Brasil, não estamos imunes aos impactos externos que se somam às nossas
próprias dinâmicas internas. Recentemente, a Petrobras divulgou novos ajustes nos
preços dos combustíveis, com cortes na gasolina e aumento no diesel, corroborados
pela diferença entre os preços praticados internamente e os preços nos mercados
internacionais, o famoso PPI. Mas acreditamos que o corte na gasolina pode ter sido
precipitado.

O que fazer, então, em momentos como estes de grandes turbulências? A boa e velha
diversificação é uma das soluções. Acreditamos que os preços do petróleo devam
seguir no patamar atual, em torno de US$ 90/brent, considerando um cenário
controlado dos conflitos em Gaza, e por este motivo, vemos como uma boa opção a
alocação em papéis do setor na carteira, uma vez que as empresas seguiriam
beneficiadas por níveis maiores de preços, convertidos em receitas e margens
elevadas.

Diante disto, sugerimos uma exposição a boas empresas nacionais como Prio (PRIO3)
e 3R (RRRP3), bem como nomes internacionais com maiores exposições geográficas,
como Exxon (XOM), Shell (SHEL) e Chevron (CVX). Caso o investidor já tenha posição
nestes e outros ativos do setor, vale a pena considerar estratégias que garantam os
ganhos, como derivativos e operações estruturadas.

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A cara: pressão para cima!

O conflito entre Israel e Hamas tem gerado preocupações em diversos níveis. Apesar de Israel
não ser um produtor relevante de petróleo, a proximidade com o Golfo Pérsico preocupa, uma
vez que cerca de 30% do petróleo produzido no mundo vem desta região. A título de
comparação, a eclosão da guerra na Ucrânia elevou o barril acima de US$ 120 em 2022, por
conta do envolvimento da Rússia, responsável por aproximadamente 11% da produção global

Especificamente o Irã, tem contribuído com cerca de 3 milhões de barris dia. Contudo, vale
destacar que houve um aumento em sua produção recentemente, devido às amenizações dos
embargos impostos ao país, visto que a gestão do governo Biden, presidente norte-americano,
avançou nas tratativas, contribuindo para uma maior exploração, levando a uma produção
maior e amenizando parte da volatilidade vivenciada nos últimos anos.

O escalonamento do conflito poderia ter impacto severo no preço do barril, sendo algo
comparável ao ocorrido na década de 70, com o primeiro choque do petróleo, em razão das
movimentações de produção da OPEC à época, mantida no menor patamar histórico, o que
levou a valorização dos preços da commodity em 10x. Atualmente, a produção da OPEC está
abaixo de 30 milhões de barris dia, com a organização controlando os volumes totais, visando
maior controle dos preços do petróleo nos mercados internacionais. Um conflito expandindo
para os demais países do Golfo poderia ocasionar em estresses nas cadeias logísticas e impactos
em todo o globo.

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A coroa: fraca demanda?

A demanda por gasolina nos Estados Unidos tem arrefecido nas últimas semanas, resultado do
momento sazonal de menor consumo, com o fim do verão, mas também de uma desaceleração
da atividade econômica, em reflexo à política monetária mais restritiva adotada pelo FED em
controle às pressões inflacionárias recentes.

Outra sinalização desta demanda mais enfraquecida é o crack spread –a margem das refinarias.
Devido a todos os congestionamentos das cadeias globais pós-pandemia, bem como o conflito
entre Rússia e Ucrânia, os custos saíram de sua média histórica de US$ 10-15/barril para cerca
de US$ 40, causando ainda mais pressão na ponta final. Entretanto, recentemente as cotações
para a gasolina caíram para US$ 5/barril, refletindo o menor consumo, bem abaixo da média
histórica, bem como o recente aumento da capacidade de refino, revertendo movimento de
queda que vinha desde 2019.

Adicionalmente, a China tem importado abaixo das expectativas. Esperava-se que após o
encerramento das restrições de circulação que o país vivenciava até pouco tempo atrás, o
consumo retomaria, e com ele a demanda por gasolina. Apesar da elevação recente, em razão da
sazonalidade com o período do verão, vemos agora uma estabilização, com tendência de queda,
o que também contribui para amenização dos preços.

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E o Brasil neste contexto?

A dinâmica do mercado interno é influenciada por dois grandes fatores, o primeiro é o mercado
externo e todo o contexto que abordamos, visto ainda que o Brasil é importador líquido de
combustíveis. Embora seja autossuficiente em produção de petróleo, as refinarias não atendem
toda a demanda, fazendo necessárias as importações, explicando então a influência externa.

A segunda outra grande influência é certamente a Petrobras. A atual gestão atualizou a política
de combustíveis, alegando não mais seguir inteiramente os preços internacionais (PPI),
adotando outras dinâmicas. Com os últimos reajustes, entendemos que o diesel opera com
defasagem de 6%, enquanto a gasolina, 4% ante ao PPI. Acreditamos que o recente corte na
gasolina seja de curtíssimo prazo, visto que o crack spread da gasolina apresenta-se bem abaixo
da média histórica.

O que fazer nesta situação?

Os preços do petróleo devem seguir no patamar atual, em torno de US$ 90/brent, considerando
um cenário controlado dos conflitos em Gaza, e por este motivo, vemos como uma boa opção a
alocação em papéis do setor na carteira, uma vez que as empresas seguiriam beneficiadas por
níveis maiores de preços, convertidos em margens elevadas.

Diante disto, sugerimos uma exposição a boas empresas nacionais como Prio (PRIO3) e 3R
(RRRP3), bem como nomes internacionais com maiores exposições geográficas, como Exxon
(XOM), Shell (SHEL) e Chevron (CVX). Caso o investidor já tenha posição nestes e outros ativos
do setor, vale a pena considerar estratégias que garantam os ganhos, como derivativos e
operações estruturadas.

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