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O caminho das pedras


13 de outubro de 2021

Apontamentos sobre as táticas


comunistas na luta contra
Bolsonaro/Mourão e seus aliados!

Lucas Prestes *

A política burguesa genocida segue a


todo vapor, apesar de alguns poucos
(e aparentes) recuos táticos do
governo Bolsonaro (em relação às
aventuras golpistas). Passamos da
marca de 600 mil mortes por
Covid-19, fruto de uma estratégia
assassina e de guerra aberta contra a classe trabalhadora, de desmonte dos
serviços públicos que atendem a parte mais pobre da nossa população, de
cortes em 92% das verbas para pesquisas cientí�cas, sem contar a tentativa
sistemática de aprovação da reforma administrativa (PEC 32) entre vários
outros ataques simultâneos (perpetuados também por governos liberais nos
estados e prefeituras, sintonizados com o programa econômico do governo
federal).

Passamos por um dia 2 de outubro repleto de manifestações por todo o país,


embora visivelmente perdendo força, e com a tentativa constante de amplos

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setores da social-democracia (setores do PT, PCdoB, PDT e PSOL


principalmente) de reverterem essas manifestações em comícios e
manifestações eleitorais. Entre os vários motivos dessas manifestações
estarem perdendo força, é possível destacar alguns elementos (não estão
elencados em ordem hierárquica):

1) A di�culdade e/ou sabotagem dos setores majoritários de esquerda em


vincular o Fora Bolsonaro/Mourão às demandas concretas da classe
trabalhadora e à luta contra o programa econômico do bolsonarismo (não
basta apenas o emprego, vacina no braço e comida no prato, é preciso
denunciar sistematicamente os efeitos nefastos da política ultraliberal para os
serviços públicos, a carestia da cesta básica, o crime da política de paridade
internacional da Petrobrás, a imperiosa necessidade de reversão completa da
privatização da Eletrobrás e etc.);

2) Táticas difusas e abstratas que não conseguem materializar a revolta


popular e reverter as milhares de pessoas nas ruas em organização política
permanente (como a organização de comitês populares em defesa da
vacinação, comitês nos locais de trabalho e de moradia pela rejeição completa
da reforma administrativa, entre outras iniciativas permanentes, além das
reuniões das frentes e das manifestações, e que também não cometam os
equívocos do hegemonismo e do eleitoralismo [como os supostos comitês
Fora Bolsonaro ou Lula Livre]);

3) O quase completo silêncio de grande parte das forças políticas da esquerda


sobre a necessidade de uma greve geral, ou pelo menos uma paralisação
nacional;

4) A ausência de um calendário de lutas mais de�nido e sistemático no


período entre as manifestações;

5) Datas cada vez mais espaçadas entre os atos (e quando apontamos isso,
criticamos o fato de os atos demorarem mais de um mês para acontecer);

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6) Agitação muito insu�ciente e pouco permanente sobre a necessidade do


impeachment;

7) Apesar do crescimento e de acertos táticos importantes nesse ciclo de lutas


que foi aberto em maio, o campo socialista ainda está pequeno, e ainda não
tem força su�ciente para empurrar a social-democracia a um combate mais
popular, mais pé no barro e antenado com os interesses da classe
trabalhadora na luta pelo Fora Bolsonaro (como por exemplo na necessidade
da greve geral), até para se impor perante a oposição liberal de direita e evitar
contaminação das pautas populares na unidade de ação pelo Fora Bolsonaro.

Porém, o foco do debate de hoje nem é tanto avaliar as manifestações, tarefa


que nosso Comitê Central cumprirá bem, e sim destrinchar um pouco mais a
importância do impeachment e do que podemos fazer no imediato Fora
Bolsonaro.

É importante frisar que, apesar de o impeachment ser o prato principal dentro


do cardápio do Fora Bolsonaro, não descartamos em hipótese alguma as
possibilidades de renúncia, bem como a cassação da chapa de
Bolsonaro/Mourão. A prioridade zero para nós comunistas na atual conjuntura
é a imediata retirada desse governo genocida, cuja questão, além de ser
humanitária, é também uma medida sanitária (sendo a principal bene�ciada, a
classe trabalhadora brasileira e latinoamericana).

Voltando ao impeachment, essa tática é muito importante primeiro no


movimento de unidade de ação pelo Fora Bolsonaro, sendo uma pauta que
uni�ca praticamente 90% da esquerda, seja a socialista, seja a social-
democracia, dando uma forma mais de�nida para o Fora Bolsonaro. Além de
abrir portas no trabalho de massas, nos primeiros debates políticos que temos
com nossa classe nos locais de trabalho, estudo e moradia. Eu mesmo já perdi
as contas das vezes que consegui abrir um debate mais desenvolvido sobre a
desgraça do programa econômico do bolsonarismo, através do Fora Bolsonaro
e do impeachment (isso na categoria do telemarketing, que é uma loucura e

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uma correria constante para esse tipo de debate).

O Fora Bolsonaro com o impeachment aglutina amplos setores na unidade de


ação contra o governo Bolsonaro/Mourão, inclusive setores da direita liberal,
contribuindo para jogar contradições no bloco burguês. Mas, reparem, quando
enfatizamos a importância dessa unidade de ação, não jogamos ilusão
nenhuma sobre a oposição liberal de direita e mesmo com boa parte dos
setores social-democratas. Sabemos que o campo classista tem um papel
fundamental para levar o impeachment até às últimas consequências. Porém,
é inegável a importância dessa pauta para levar setores populares e das
camadas médias para as ruas e no trabalho diário de agitação contra o
bolsonarismo.

Para nós comunistas o impeachment de Bolsonaro/Mourão (sim, defendemos


impeachment dos dois!) só virá através de uma ampla mobilização popular,
com uma pressão das massas absurda a ponto de obrigar o Congresso e as
frações burguesas a abrir o processo de impeachment, não deixando a menor
dúvida sobre o protagonismo popular desse processo. E mais, para nós é
indissociável a concretização do impeachment da construção de uma greve
geral (ou até mais de uma), tática fundamental no combate ao bolsonarismo,
para bater na burguesia onde dói mais: no bolso! para acuar a burguesia e dar
um sinal claro e poderoso das ruas, retirando a classe trabalhadora da
defensiva para uma ofensiva contra essa política burguesa genocida e
assassina (que usa Bolsonaro como operador político do seus interesses).
Claro que não é impossível ocorrer um processo de impeachment sem a greve
geral, entretanto é muitíssimo improvável.

Comparando com as possibilidades de renúncia e cassação de chapa, o


impeachment é a tática mais lenta e consequentemente a que tem maior
potencial de desgaste, de sangramento do bolsonarismo, abrindo amplas
possibilidades de denúncia e crítica pesada a toda plataforma bolsonarista,
desde a política criminosa com relação à pandemia, passando pela
criminalização dos movimentos populares, pela ultramilitarização da

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segurança pública, pela política de fome mesmo e guerra aberta ao nosso


povo. O sangramento político do bolsonarismo, num processo de
impeachment no Congresso, abre caminho nas ruas (e claro no Congresso
também) para o questionamento dos motivos e do saldo do bolsonarismo,
assim como o desgaste do partido fardado/militar, que é outra tarefa
importantíssima, além do que não faltam candidatos à sucessão de um
bolsonarismo sem Bolsonaro).

Entendemos as críticas de que a tática do impeachment pode direcionar a


revolta popular para saídas por dentro do Estado, e que pode até causar
ilusões nos trabalhadores. Entretanto, é preciso dizer que este tipo de crítica
escamoteia e desconsidera que o impeachment só virá com ampla força e
mobilização popular de fora, e mais, não esqueçamos que a oposição
burguesa (e na prática, setores da social-democracia petista e pedetista) não
quer em sua maioria o impeachment, mas sim uma domesticação ou desgaste
do bolsonaro até 2022, para retirá-lo nas eleições.

Precisamos lembrar duas coisas também: 1) a mesma força popular que pode
forçar uma renúncia e/ou uma cassação de chapa é a que protagonizará o
impeachment; 2) um elemento de demarcação fundamental na defesa da
tática do impeachment é justamente a necessidade de uma greve geral, coisa
que estamos defendendo com feijão e farinha! Além de que o Fora
Bolsonaro/Mourão em abstrato pode justamente nos fazer cair naquilo que
mais criticamos no combate ao bolsonarismo: o eleitoralismo! Porque na
prática a defesa de uma tática do Fora Bolsonaro/Mourão em abstrato pode
nos levar a reboque de uma política eleitoral (junto com o isolamento dentro
da frente única contra o bolsonarismo).

Porque quem não propõe, quem não aponta caminhos concretos, é dirigido! E
se tem algo que precisamos apresentar à classe trabalhadora nessa
conjuntura, são propostas concretas e caminhos para derrotar o bolsonarismo
para ontem!

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Pois bem, num cenário de imediata derrubada de Bolsonaro/Mourão (fruto de


uma gigantesca mobilização popular, somada à greve geral) é preciso apontar
caminhos para sacramentar ou pelo menos colocar em melhores condições a
ofensiva contra os resquícios bolsonaristas! Ou seja, garantias concretas de
derrota do seu programa econômico!

Por isso é importante a defesa de um referendo que revogue todas as


medidas dos governos Temer e Bolsonaro, que retiraram direitos da classe
trabalhadora e colocaram o país nessa lama e vale de lágrimas que se encontra
(como as reformas trabalhista, previdenciária, as privatizações, o emprego de
mais de 7 mil militares no governo etc.). E colocamos a importância desse
referendo, primeiro para não dependermos de promessas eleitorais vagas e
abstratas, segundo para colocarmos em xeque a burguesia, terceiro para
materializarmos a vitória sobre o bolsonarismo em um legado político
permanente, que abra caminho e faça nossa classe re�etir sobre a própria
força. Do ponto de vista técnico e institucional, tanto o referendo quanto o
plebiscito popular passam pelo Congresso, porém, entendemos que a força
das massas pode obrigar o parlamento a colocá-lo na pauta (o referendo
também versa sobre temas que já estão postos e aprovados pelo Congresso,
ou seja, sobre as medidas, emendas, leis etc. que já foram aprovadas pelos
governos ultraliberais).

E por �m e não menos importante, junto com um referendo popular,


precisamos apontar e aproveitar toda essa força das massas para derrubar o
Bolsonaro e apontar a necessidade de construção de um grande encontro
nacional das classes trabalhadoras (Enclat), que esse encontro seja
protagonizado pelas forças da campanha nacional Fora Bolsonaro e que o
Enclat sirva para dar consequência prática e programática à campanha Fora
Bolsonaro, criando instrumentos mais unitários de combate da classe
trabalhadora e construindo um programa uni�cado para reconstruir o país sob
os interesses proletários. Ou seja, que o Enclat seja a continuidade da Frente
Única, que não deve se restringir apenas ao Fora Bolsonaro e às manifestações
unitárias, e sim construindo um programa antiliberal mais sólido, com

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instrumentos de luta mais organizados (como uma central sindical), abrindo


caminho para o fortalecimento do poder popular e colocando a classe
trabalhadora na ofensiva política, reconquistando direitos e colocando em
xeque a sociedade da exploração e do sofrimento (a sociedade capitalista).

Encadeada com a construção do Enclat, temos a tarefa de fortalecer e


organizar ainda mais o Fórum Sindical, Popular e de Juventudes por direitos e
liberdades democráticas, que consequentemente tem como tarefa “se
constituir como espaço unitário que aglutine entidades, movimentos e
organizações na construção de uma agenda classista e independente, sendo
esse, uma das expressões do processo de reorganização da classe
trabalhadora brasileira” [1], ou seja, ser um espaço que uni�que e organize as
intervenções do campo classista e socialista dentro da Frente Única (seja a
campanha Fora Bolsonaro, seja o Enclat e os instrumentos de luta dele
derivados), apresentando nestes espaços mais amplos aquilo que for
consenso entre o campo socialista, e aquilo que for divergente que seja
apresentado por cada organização. Esse espaço de articulação do campo
classista dentro da frente única é fundamental para organizar melhor nossas
intervenções, nossas propostas e movimentos de levar levar a frente cada vez
mais a esquerda, contudo, reforçamos que o Fórum e qualquer outro espaço
de aglutinação do campo socialista, nem deverá sufocar ou engessar a
independência e as propostas comunistas.

Junto a essas tarefas, precisamos sempre e sempre estar junto com a classe
trabalhadora, atualizando nosso programa (através da dialética do estudo e
do trabalho de massas), ganhando seus corações e mentes não somente para
a luta contra Bolsonaro/Mourão, mas também pela construção do poder
popular no rumo do socialismo, reforçando sempre que não temos nada a
perder a não ser as correntes que nos prendem.

Fora Bolsonaro/Mourão e seus aliados! Impeachment Já!

Pela construção da necessária greve geral e do Enclat!

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Sempre pela construção do poder popular no rumo do socialismo!

[1] – https://pcb.org.br/portal2/22383/forum-de-luta-por-direitos-
e-liberdades-democraticas/

* Lucas Prestes é militante do PCB – SP e membro da Comissão Nacional de


Comunicação e Jornalismo do Jornal O Poder Popular

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