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Percepção Visual
Prof. Jorge Elias Dolzan
Indaial – 2020
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2020
Elaboração:
Prof. Jorge Elias Dolzan
D665s
ISBN 978-65-5663-289-6
ISBN Digital 978-65-5663-284-1
CDD 745.2
Impresso por:
Apresentação
Para iniciar o estudo relacionado à disciplina de Semiótica e à
Percepção Visual é necessária uma breve contextualização destas duas
temáticas, tão pertinentes à formação de profissionais ligados às áreas de
projeto, planejamento e criação. A noção de que processos criativos resultem
em produtos/serviços para o mercado, que precisa perceber estes produtos
não apenas como necessários utilitariamente, mas como carregados de
significados e sentidos, pode contribuir para demonstrar a importância da
semiótica e da percepção visual na formação de profissionais ligados às
áreas de projeto de produto (seja ele gráfico, industrial, moda, interiores,
arquitetura, entre outros).
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
LEMBRETE
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 63
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 143
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL.............................................................. 145
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 207
UNIDADE 1 —
SEMIÓTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
1
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Desde sua origem, o ser humano se questiona como as coisas são capazes
de significar outras coisas. Tanto que organizou pensamento para explicar
inúmeros fenômenos naturais, alguns atribuiu às divindades, outros à observação
do próprio fenômeno e, para alguns se utilizou de métodos, que chamou de
ciência. As divindades gregas, por exemplo, davam conta de explicar fenômenos
naturais. A observação do amanhecer e do anoitecer deu conta de explicar que o
sol girava em torno da Terra, que depois pelo método científico foi reorganizando
colocando a Terra como um astro que gira sobre si mesmo e ao redor do Sol.
3
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
NTE
INTERESSA
4
TÓPICO 1 — EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO
São muitos os conceitos, atenção aos de número: 5, 6, 7, 15, 16, 17, 18 e 19; estes
ficam mais em linha ao SENTIDO que se quer para “sentido” em nossa abordagem.
FONTE: https://www.google.com/search?q=SENTIDO&oq=SENTIDO&aqs=chrome.
.69i57j0l7.980j1j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso em: 23 set. 2020.
TUROS
ESTUDOS FU
5
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
DICAS
Escolha uma obra de um artista famoso! Uma pintura, uma escultura, uma
música. Faça uma busca na internet e veja o quanto esta obra representa para a época em
que foi criada – note que ela é capaz de representar uma época!
DICAS
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TÓPICO 1 — EFEITOS DE SENTIDO NO PROCESSO SEMIÓTICO
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
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AUTOATIVIDADE
1 Uma forma de exercitar o conteúdo até agora é aproveitar uma saída sua
pelas lojas de sua cidade. Escolha uma vitrine específica e procure tirar
delas algumas afirmações. Qual é o público-alvo da loja? Que tipo de
produto vende? É possível arriscar o valor médio de um produto? Qual
seria o diferencial da loja? E, então, aponte quais os elementos da vitrine
que deram estes sentidos para você?
Vamos praticar tomando como base uma das vitrines da rede De Fursac:
FONTE: <https://i2.wp.com/farm6.static.flickr.com/5301/5660386039_bde9ceb848.
jpg?zoom=2>. Acesso em: 12 abr. 2020.
I- Uma primeira coisa: o que é sentido para você é correto, afinal, sentimos
coisas diferentes, o que importa neste momento é que exista lógica.
II- A vitrine da imagem nos declara alguns sentidos: o do público-alvo ser
masculino; vende trajes masculinos, como ternos. Dá para arriscar que a
alfaiataria seria um diferencial, e que os valores colocam a loja como de
produtos caros.
III- Os objetos que dão sentido, são: os dois manequins masculinos; o traje que
cada um está vestido; os elementos explodidos que fazem menção a camisaria
e acessórios (caso das gravatas) sugerem alfaiataria, e o conceito clean –
minimalista, cujo estilo (tanto no design, quanto na arquitetura) induz a um
determinado perfil de consumidor, voltado mais para a classe A.
IV- É impossível perceber que uma vitrine é uma peça de comunicação,
pois, mesmo bem trabalhada, ela não dá conta de dizer (declarar) um
determinado conteúdo.
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Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Somente a alternativa I está correta.
b) ( ) Todas as alternativas estão corretas.
c) ( ) Somente a alternativa III está correta.
d) ( ) As alternativas I, II e III estão corretas.
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TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos o segundo tópico desta unidade. Nela aprenderemos o
que é signo e como se dá o processo de significação. Contribuiremos para
a reflexão acerca da capacidade humana de interpretar e produzir signos e,
potencializaremos a capacidade analítica e crítica de leitura de objetos sígnicos,
com base na semiologia (Plano de Expressão e Plano de Conteúdo) e na semiótica
(ícone, índice e símbolo).
Um signo precisa ser percebido por pelo menos um dos nossos sentidos.
Podemos ver (uma forma, uma cor), podemos escutar (um som, uma fala),
podemos cheirar (um perfume, uma fumaça), podemos tocar (uma superfície
quente, áspera) ou ainda podemos saborear (um amargor, um cítrico), podemos
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
absorver fenômenos do mundo e ainda dar a eles sentidos outros – que passam a
significar algo naquele instante. Quando sentimos o cheiro de fumaça podemos
deduzir que estamos perto do fogo (sem mesmo ver o fogo) – a fumaça, neste
momento, significa fogo. É com isso que a semiótica se ocupa.
Veja que interessante isso no campo da moda: quando uma coleção quer
falar de liberdade e romance, deve ser capaz de apresentar peças de roupa,
acessórios que conseguem representar isso. Que no momento que o cliente vê a
peça, prova-a, sente estes conceitos, e se somarmos então um editorial, a vitrine,
a loja, o tag, a abordagem de vendas – constatamos o quão importante é ter a
semiótica em nossa formação.
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
13
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
NOTA
Tal qual um detetive, nos relacionamos com os fenômenos que nos circulam,
desvendando-os e assumindo posturas frente às pistas. Uma dada situação nos
oferece fenômenos que sugerem leituras (que sejam identificados) – perceba que
o barulho do motor, no exemplo anterior, para ser assumido como de moto, tem
certas peculiaridades, que diferem de um carro, de um liquidificador. Há quem
já tenha vivenciado muito este determinado fenômeno que pode ter maiores
informações sobre ele – assim, um mecânico de motocicletas ou um motociclista
experiente em motos, pode não só afirmar que está se aproximando uma moto,
mas dizer o tipo de moto, quiçá até sua marca e potência. Neste momento, vale
o entendimento de que signo tem a capacidade de representar algo para alguém
em determinado contexto.
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
NOTA
Vale ressaltar que todo e qualquer termo que você lê ou escuta e tem pouco
entendimento sobre ele parece que ele não faz tanto sentido para você. Perceba aqui um
exemplo legal para signo linguístico, perceba o desconforto de entrar em contato com
uma palavra que você nunca ouviu (ou leu), ela não tem sentido, não faz sentido – ou seja,
ela não tem capacidade de representar algo em seu lugar – aí é bom pesquisar sobre ela.
No caso de palavras, o dicionário (que pode ser on-line) é um lugar bom para pesquisar –
que tal fazer isso para o termo “dicotômico”, lido anteriormente? Você pode pesquisa por
“dicotomia”. O entendimento deste termo ajudará como base conceitual para o conteúdo
que estamos tratando aqui.
3 SEMIOLOGIA
O filósofo e linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913) elaborou
teorias que contribuíram para o desenvolvimento da linguística como ciência
autônoma, exercendo grande influência sobre o campo literário e dos estudos
culturais. Para Saussure, signo tem sua base conceitual e organizativa na estrutura
linguística de uma determinada cultura, ou seja, na língua – principalmente
falada (WALTHER-BENSE, 2000).
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Aqui fica evidente pensarmos que, à medida que nos letramos (que vamos
estudando e aprendendo) mais significativa fica nossa linguagem – tal raciocínio
ajuda no entendimento de que o signo para Saussure tem arbitrariedade inerente,
pois precisa das convenções linguísticas. Perceba que quando buscamos, no
dicionário, o entendimento de uma palavra, entramos em contato com seu
significado convencional e quando damos uso a ela em nosso processo de
comunicação, estamos sujeitos à arbitrariedade do termo, da capacidade de ele
representar o que queremos expressar – ou seja, estamos sujeitos à arbitrariedade
do signo. Por isso que é muito inteligente saber para quem estamos falando,
assim podemos escolher as palavras mais coerentes para este perfil de pessoas.
É claro, existem palavras cuja convenção não é arbitrária, elas são transmitidas
de diferentes tipos de estruturas gramaticais, percebidas de forma funcional –
caso das onomatopeias – a partir da reprodução aproximada, com os recursos
que se dispões da língua, de um som natural a ela associado, um exemplo se dá
quando imitamos um animal para nominá-lo: “miau-miau” para gato; “au-au”
para cachorro.
FONTE: O autor
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
TUROS
ESTUDOS FU
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Ao tornar o signo uma entidade mental, Saussure faz com que o signo
sempre associe um significante a um significado, possibilitando que esta
concepção tenha papel central na distinção histórica entre “signos naturais”
(que ele entende como motivados) e “signos arbitrários” (ou convencionais).
Esta arbitrariedade “deve dar a ideia de que o significante não depende da livre
escolha do sujeito falante”, este não tem motivação alguma, pois não existe “na
realidade, qualquer ligação material” entre a palavra e a coisa que ela representa
(SAUSSURE, 1990, p. 83).
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
NTE
INTERESSA
Quantas vezes você se perguntou por que tal palavra está atribuída para um
determinado objeto? Por que “mesa” é “mesa”? Note que a resposta não tem uma lógica
(caso de palavras como as onomatopeias: au-au para cachorro; miau para gato). Mesa tem
um significado atribuído por convenções, por regras, ou seja, ela foi atribuída e é usada de
forma arbitrária na língua portuguesa.
4 SEMIÓTICA
O filósofo e físico norte-americano, Charles Sanders Peirce (1839-1917),
assentou as bases da semiótica alicerçado em um pensamento: “O simples ato de
olhar está carregado de interpretação". Trazendo uma abordagem mais ampla, ao que
vinha sendo construído por Ferdinand de Saussure, na Europa no mesmo período.
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
mais visual, mas se já comeu uma, conseguirá atribuir barulho, gosto, acidez.
Imagina se você já colheu uma na macieira. Perceba que a fenomenologia pode ser
encarada como uma postura frente ao mundo – ao se pesquisar um público-alvo,
só ver imagens na tela pode dar uma noção diferente, do que poder participar
de momentos, dos fenômenos que este público vive em seus contextos. Trazer o
pensamento de Peirce como um de seus alicerces pode ajudar: “O simples ato de
olhar está carregado de interpretação".
Para Peirce (2005, p. 46) signo é aquilo que representa algo para alguém.
É alguma coisa que se dirige:
Para Peirce (2005), é irrelevante discutir o que é mental e o que não é mental
no debate sobre o signo, mas se torna importante determinar se o pensamento
é dirigido ou não aos objetos reais, afinal real é o que significa, que tem sentido,
em qualquer coisa de real. Esta postura ajuda a evitar posicionamentos falsos de
dar a uma palavra, por exemplo, um sentido universal externo ao pensamento
e se afastar da ideia de que se pode conceber coisas de forma independente das
relações que se tem no espírito (capacidade inventiva do ser humano). A noção
de signo para Peirce, é toda e qualquer coisa que representa uma outra coisa
em seu lugar – objeto, e que produz um efeito interpretativo. Se pensarmos
dentro da lógica da semiologia vemos que aqui a semiótica peirciana dá conta
dos problemas saussurianos: Peirce considera a matéria externa e dá conta de
especificar a coisa. Com isso, se a semiologia era dialógica, aqui vamos ter um
posicionamento triádico – em que o signo é composto de três partes, que serão
chamadas de categorias: a primeiridade, a secundidade e a terceiridade.
FONTE: O autor
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
Interessante perceber que essa “alguma coisa” é captada pelos órgãos dos
sentidos, mas também percebida de forma intencional – dentro de uma noção
de que perceber é traduzir “alguma coisa” (fenômeno, evento, objeto) captado
pelos sentidos em um julgamento. Uma vez captada, é levada a um processo
de comparações com outras coisas já percebidas, chegando até a capacidade de
nominá-la. Pensando estas três partes como categorias, temos a primeiridade
(como aquele momento de percepção primeira, inicial – quando captamos
“alguma coisa”), temos a secundidade (como o momento de comparação com o
que já fora percebido), e temos a terceiridade (como o momento de construção, de
definição, de nominação).
4.1 A PRIMEIRIDADE
É a primeira das categorias de uma experiência de mundo. É a categoria do ser.
Está nas qualidades das coisas. Relativa às propriedades de um fenômeno que podem
ser descritas, por exemplo: tal coisa é azul. Esta categoria direciona para a ideia de
primeira concepção sígnica de Peirce, que é pré-reflexiva – o da abstração pura. De
forma prática, é mais ou menos como um sentimento, uma sensação primeira – não é
consciente nem elaborada. É aquilo que é, nada mais que isso.
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
4.2 A SECUNDIDADE
Em contraposição à primeiridade (categoria do ser), a secundidade
é a da ocorrência, da existência segundo ao que já se sentiu. Diferente da
primeiridade, na secundidade já existe uma elaboração consciente, já se faz
comparações, já se enseja particularidades do fenômeno em análise. Enquanto
a primeira é atemporal, na secundidade existe a noção de tempo, afinal para se
chegar às comparações é preciso ter passado pela primeiridade. Nesta categoria
só se tem consciência da qualidade de algo, pois é possível constatar com outra
qualidade. Acidental e singular, a secundidade tem na existência, no registro de
sentimento, um fato. Se a primeira é da qualidade, esta, a segunda, é da relação.
4.3 A TERCEIRIDADE
Completa a tríade. Se a primeiridade é a do ser, a secundidade é do existir,
a terceiridade é do interpretar – na capacidade de a coisa ser signo – ou seja: tem
a ver com o que o fenômeno é (primeiridade), no que existe nele em comparação
a outros (secundidade) e no quanto é possível construir algo que não está ali
– de significar. Se a primeira é da qualidade, a segunda da relação, esta é da
representação – do que Peirce vai chamar de signo em si.
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
A primeira é a rara faculdade de sentir o que está diante da gente. Tal como
se apresenta, sem qualquer interpretação. Veja se consegues exercitar tal faculdade
observado uma cena, um objeto, um evento, uma música e descrevendo-a como
ela é, sem atribuir nenhum valor.
5 CATEGORIAS DO SIGNO
A variação e a quantidade dos signos são tão grandes que, Charles S
Peirce organizou-os em categorias, classificando-os a partir das faculdades em
uma tríade composta pelo representâmen – aquilo que funciona como signo; pelo
objeto – o que é referido pelo signo; e pelo interpretante – no efeito do signo de
quem o interpreta.
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
FONTE: O autor
ATENCAO
6 TRICOTOMIA DO SIGNO
A noção tricotômica fica declarada na figura anterior, onde para que o
signo exista é preciso ter os três pontos – representâmen, objeto e interpretante,
porém, Peirce (2005) organizou um raciocínio em sua teoria que em cada um
destes pontos, existem outros três pontos – cada ponto é tricotômico, ou seja,
que no representâmen existem três categorias internas a ele; da mesma forma no
objeto e no interpretante.
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
E
IMPORTANT
Perceba que o conteúdo parece repetitivo. E é isso mesmo, por isso a dica
anterior é boa, pois a repetição vai construindo o entendimento.
6.1 REPRESENTÂMEN
A capacidade de ser signo é a primeiridade dele. Ela terá as três faculdades
também, condicionadas aos fatores que dão capacidade de ser signo: suas
qualidades, suas propriedades que lhe são singulares, e suas características que o
legitimam – em caráter de lei. Assim, temos:
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
uma cor, qualquer cor, um azul-claro, sem considerar onde essa cor está
corporificada, sem considerar se é uma cor existente e sem considerar
seu contexto. Tomemos apenas a cor, nela mesma, só cor, pura cor.
Quantos artistas não fizeram obras para nos embriagar apenas com
uma cor? Por que e como uma simples cor pode funcionar como signo?
Ora, uma simples cor, como o “azul-claro”, imediatamente produz uma
cadeia associativa que nos faz lembrar céu, roupa de bebê etc.; por isso
mesmo, esse tom de azul costuma ser chamado de azul-celeste ou azul-
bebê. A mera cor não é o céu, não é roupa de bebê, mas lembra, sugere
isso. Esse poder de sugestão que a mera qualidade apresenta lhe dá
a capacidade para funcionar como signo, pois quando o azul lembra
o céu, essa qualidade da cor passa a funcionar como quase-signo de
céu. O mesmo tipo de situação, também se cria com quaisquer outras
qualidades, como o cheiro, o som, os volumes, as texturas etc.
FONTE: <https://i.pinimg.com/originals/42/23/ec/4223ec9ee31a88ee6b462a6279186996.jpg>.
Acesso em: 14 abr. 2020.
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
DICAS
Acesse o link que está como fonte da figura acima, ou pesquise na internet
pelo nome da obra para poder ver a imagem colorida.
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
OBJETO
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
FONTE: O autor
FONTE: <https://desenhospracolorir.com.br/wp-content/uploads/Casas-16.jpeg>.
Acesso em: 14 abr. 2020.
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
DICAS
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
6.2 INTERPRETANTE
Já vimos que o representâmen é a condição primeira do signo existir.
Que o objeto é aquilo que determinará o signo e é o que o representa, sendo a
segunda condição. Agora vamos para a terceira, que é o interpretante – o efeito
interpretativo que o signo produz em uma mente, ou em um sistema capaz de
interpretar (este último comentário é necessário, para seguirmos a sugestão de
Peirce: de não limitarmos o interpretante ao ser humano).
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
NTE
INTERESSA
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
FONTE: O autor
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
Signo ainda afetado diretamente pelo seu objeto, mas consegue dar
informações sobre este objeto, finalidade. Um cata-vento é exemplo para este signo.
FONTE: <https://urbanarts.vteximg.com.br/arquivos/ids/4744325/236025-IMA-043-046.
jpg?v=637194245047930000>. Acesso em: 14 abr. 2020.
35
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
É um ícone interpretado com regra, como lei. Pode ser o mesmo diagrama
da segunda classe, mas sua capacidade de se definir em leis é importante. Ele se
representa pelas regras. Veja um diagrama eletrônico como fica difícil se não
conhecemos as regras que o estabelecem.
FONTE: <https://eletricidadesemsegredosblog.files.wordpress.com/2018/05/a2.png>.
Acesso em: 14 abr. 2020.
É um signo que está delimitado por uma lei geral, que de tal modo atrai a
atenção para este objeto. Um exemplo são as sirenes de ambulância e de bombeiro
– cada uma tem uma frequência que diz, exatamente, de qual é.
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
Signo que está delimitado por uma lei geral afetada por um objeto real,
que consegue fornecer informações definidas sobre esse objeto. Uma placa de
trânsito é um exemplo.
FONTE: <https://www.novaflexisencao.com.br/wp-content/uploads/2018/08/
1_27092013122011236444265412651f56we1f56ef1236r65.jpg>. Acesso em: 14 abr. 2020.
FONTE: <https://postoavenda.com/wp-content/uploads/2014/05/posto-de-gasolina-a-venda-
bandeira-branca.jpg>. Acesso em: 14 abr. 2020.
37
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
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TÓPICO 2 — CONCEITOS INTRODUTÓRIOS: SEMIOLOGIA E SEMIÓTICA
39
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
40
AUTOATIVIDADE
PORQUE
41
A respeito dessas asserções, assinale a opção CORRETA.
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa correta da I.
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
42
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos o terceiro tópico desta unidade. Nela, você conhecerá os
conceitos de semiologia e semiótica como fundamento para o entendimento
de semiótica, contribuindo para a reflexão acerca da capacidade humana de
interpretar e produzir signos, potencializando a capacidade analítica e crítica de
leitura de objetos sígnicos com base na semiologia (Plano de Expressão e Plano de
Conteúdo) e na semiótica (ícone, índice e símbolo).
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UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
ATENCAO
FONTE: O autor
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TÓPICO 3 — A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA
NTE
INTERESSA
Outro ponto interessante aqui, que tem como base a lógica de Hjelmslev,
é o entendimento de que o “plano de expressão” pode ter variações, dando conta
das diversidades de estilos, ou seja, um “conteúdo”, pode ser “expresso” de
várias formas. No design, dois projetistas podem expressar o mesmo conteúdo
de formas diferentes, cada um dando conta de expressá-lo, conforme seu estilo
de desenho e de trabalho. Todavia, é claro que alguns elementos de expressão, se
pensados dentro de uma mesma cultura, vão ser similares.
TUROS
ESTUDOS FU
Em resumo, nós podemos destacar que um objeto sígnico aqui tratado terá
elementos de enunciação – do “plano de conteúdo”; elementos de expressão –
do “plano de expressão”; e os efeitos de sentido – da semiose, da capacidade de
significar, de ter significado.
45
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Para Hjelmslev (1975, p. 49) “um signo que funciona, que designa e que
significa, é, acima de tudo, um signo portador de uma significação”. Ele não pode
ser definido como alguma coisa de natureza vazia, ou seja, a condição do signo
é ser signo – é significar. Havendo aqui a necessidade da contextualização, pois
descontextualizado fica desprovido de significado. E, dentro disso, sua máxima
relação sígnica se dá pelas relações que mantêm com outros signos dentro de um
determinado contexto.
FONTE: O autor
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TÓPICO 3 — A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA
NTE
INTERESSA
Rollando Barthes, em Paris nos anos de 1960, na École Pratique des Hautes
Études en Sciences Sociales, se notabilizou como um dos principais representantes do
estruturalismo, entre algumas obras o livro Sistema da Moda (editora Martins Fontes) é
pertinente para a formação em design de moda e em áreas relacionadas à comunicação.
47
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
FONTE: O autor
Por vezes a definição de uma cartela de cores de uma coleção não vem
apenas da certeza, de algo que está em terceiridade: assumida como verdade
e síntese nas tendências de um determinado bureau. Ela pode aparecer de uma
experiência de primeiridade, quando o projetista se permitiu vivenciar situações
do público-alvo da marca, e então, movido mais pelo sentimento do que pela
razão, definiu uma cor, uma tonalidade, uma composição. Este exemplo mostra
quanto o projeto, o ato criativo é singular. O projetista está imerso num processo
dinâmico onde, a cada momento, precisa tomar decisões e fazer escolhas.
48
TÓPICO 3 — A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA
ATENCAO
Todo projeto contém signos ordenados por regras, cuja finalidade é permitir
sua comunicação – seu entendimento. O contexto sentido por um profissional pode
ser por ele incorporado e transformado e resultar em novas formas de representação.
O projeto pode ser entendido como processo de modulação que traduz formas
similares (iguais) – icônicas; que têm relação e remetem aos fenômenos – indiciáticas; e
que se sustentam em regras, em normas – simbólicas.
FONTE: <https://amordepapeis.com.br/wp-content/uploads/2019/11/carros-para-colorir-47.jpg>.
Acesso em: 16 abr. 2020.
49
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
FONTE: <https://pt.dreamstime.com/trilha-de-sujeira-do-protetor-da-roda-carro-silhueta-pneu-
preta-ilustra-o-vetor-isolada-no-fundo-branco-image144799156>. Acesso em: 29 set. 2020.
FONTE: <https://logodownload.org/wp-content/uploads/2014/02/volkswagen-vw-logo-0-
2048x2048.png>. Acesso em: 16 abr. 2020.
50
TÓPICO 3 — A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA
51
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Joana Brolhani
Thyenne Vilela
Introdução
52
TÓPICO 3 — A SEMIOLOGIA E A SEMIÓTICA
53
UNIDADE 1 — SEMIÓTICA
Considerações finais
FONTE: BROLHANI, Joanna; VILELA, Thyenne. Semiótica aplicada ao design de moda: uma
leitura de artigos científicos. 11º Colóquio de Moda – 8ª Edição Internacional – 2º Congresso
Brasileiro de Iniciação Científica em Design e Moda, 2015. Disponível em: http://www.
coloquiomoda.com.br/anais/Coloquio%20de%20Moda%20-%202015/POSTER/PO-EIXO1-
DESIGN/PO-1-SEMIOTICA-APLICADA-AO-DESIGN-DE-MODA.pdf. Acesso em: 13 out. 2020.
54
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• É possível analisar um objeto (que não seja apenas linguístico) a partir da noção
dicotômica – Plano de Expressão e Plano de Conteúdo; e/ou a partir da noção
tricotômica – ícone, índice e símbolo.
CHAMADA
55
AUTOATIVIDADE
FONTE: <https://www.fashionbubbles.com/estilo/a-cor-do-verao-2021-a-i-aqua-aposta-wgsn/>.
Acesso em: 22 set. 2020.
56
Normalmente, resvalamos na descrição de objetos conhecidos que vemos:
uma mulher (modelo) com outra ao fundo; um vestido cinza; sapatos (botas)
pretas; piso; elementos que remetem à divisória com bases circulares. Não está
errado! Contudo, podemos nos ocupar do que está expresso na imagem: como
elementos como as linhas onduladas que formam o vestido cinza; o própria
forma cinza que representa vestido; elementos semicirculares (posicionados
no piso dando a ideia que são as bases das divisórias); desses semicírculos
saem linhas mais curvas em vertical, no canto superior direito estas linhas
curvas ficam mais evidentes; linhas retas (do piso cinza), formas pretas da
mancha ao fundo que remete a uma segunda modelo, dos sapatos que se
espelham no piso cinza, que tal completar com estes direcionamentos sua
lista? Liste tudo o que você vê.
57
Com base na análise, assinale V para verdadeiro e F para falsa cada uma das
seguintes sentenças:
FONTE: <https://www.fashionbubbles.com/estilo/a-cor-do-verao-2021-a-i-aqua-aposta-w-
gsn/>. Acesso em: 22 set. 2020.
58
Plano de
Conteúdo
SIGNO
Plano de
Expressão
Um exemplo: a cor cinza que ocupa boa parte da imagem tem lógica, ainda
mais se considerada na imagem colorida que seria azul – pois a foto de onde
foi tirada está declarando uma tendência de cor – como vimos pela WGSN, o
azul é muito usado na área da tecnológica e tem tudo a ver com água, certo?
Então, por mais que você não concorde, o peso da cor azul na imagem tem
lógica – e ainda mais ostentada pela modelo – afinal, como tendência, ela
remete ao uso como vestimenta.
59
Com base na análise, assinale V para verdadeiro e F para falsa cada uma das
seguintes sentenças:
60
4 Continuando com a mesma imagem dos exercícios anteriores, observe a
imagem e aponte três elementos nela, que são: três ícones; três índices; e três
símbolos.
FONTE: <https://www.fashionbubbles.com/estilo/a-cor-do-verao-2021-a-i-aqua-aposta-
wgsn/>. Acesso em: 22 set. 2020.
Ícones
Índices
Símbolos
61
62
REFERÊNCIAS
63
64
UNIDADE 2 —
PERCEPÇÃO VISUAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
65
66
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Para iniciar esta segunda unidade, vale lembrar que o conteúdo de
semiótica até aqui trabalhado oportunizou não apenas um entendimento de que
se trata de uma ciência que se ocupa do signo e de todo o processo de significação
– a semiose; mas que estamos imersos em um cotidiano onde recebemos uma
quantidade considerável de textos visuais e não visuais, e aplicamos a eles certa
leitura e certa compreensão.
67
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
Para que se entenda um objeto destas duas áreas, deve-se dar valor ao
todo. O que se vê? Qual é a dinâmica das formas e das cores? Este olhar total
pode ser assumido em suas qualidades (em primeiridade das categorias de
Peirce). Este olhar inicial ajudará em muito no entendimento das partes, com
destreza vai-se percorrendo a estrutura total do objeto, para então reconhecer
as principais características e, então, poder explorar com domínio os detalhes
interdependentes. Ao analisar um objeto de design, uma obra de arte – perceba-
se fazendo isso – inicialmente nos damos conta de um olhar geral – de um todo
do objeto – para então percorrer suas partes.
69
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
NTE
INTERESSA
A seguir teremos dois espaços, cada um com um ponto, tomando como limite
cada espaço. O exercício é fazer um traço que inicie no ponto e termine nele, sem tirar o
lápis (ou caneta) do papel. O resultado será uma forma linear fechada – procure fugir de
desenhos existentes. Faça uma forma livre, ok?
Este exercício dá conta do que estamos tratando até aqui. Cada pessoa expressa
os seus conteúdos com base em seu repertório, então, não tem um certo ou errado para
este exercício, o que precisa ter é: lógica. A ideia do exercício é mostrar como somos
levados a manifestar, em linhas, em traços, nas formas situações subjetivas – neste caso,
o sentimento é de “casamento feliz” no primeiro espaço; e de “casamento conflituoso” no
segundo espaço.
Pode haver uma possibilidade de aparecerem respostas contrárias, não tem problema.
Todavia, a probabilidade de mais pessoas seguirem esta lógica é maior – ainda mais em nossa
cultura – que tal você fazer isso com seus amigos? Com seus colegas de trabalho?
70
TÓPICO 1 — PERCEPÇÃO VISUAL – FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO
E
IMPORTANT
Volte ao exercício anterior e perceba com que cor você fez a linha. Se houvesse
a possibilidade de escolher uma cor para dar ainda mais expressão à linha, você mudaria a
cor da sua linha? Certamente, teria que escolher uma cor para a linha do espaço 1 diferente
da cor para a linha do espaço 2. Perceba que você deve ter realizado o exercício de forma
intuitiva – optando por uma cor do lápis ou caneta que se destacasse frente ao fundo
– mas, se além disso você conscientemente quisesse optar por uma cor que também
expressasse – teria uma ação intencional sobre a superfície. Este pequeno exemplo ilustra
esta mudança de atitude que, como projetista, em seus projetos deverá assumir.
71
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
Emissor
Receptor
Estes três filtros, por mais que na ilustração se mostrem distintos, não os
são. E nem seguem a ordem ilustrada. O que é necessário entender é que, ao receber
uma mensagem visual, esta deverá passar pelo filtro sensorial – a mensagem
deverá ser sentida – caso da cor, que para um daltônico este filtro limitará o
sentir determinadas cores, ou se conter elementos muito pequenos pode não
ser captada pelo olho humano. Outro filtro é o cultural, que pode apenas deixar
passar mensagens que compõem seu repertório cultural, ou seja, o receptor só
reconhecerá a mensagem por fazer parte de sua cultura – caso de estilos de moda;
onde ao ver uma pessoa com um look que não faz parte de sua cultura, o receptor
pode afirmar que a pessoa vista está fora de moda – malvestida, que tem mal
gosto. E um outro filtro, o operacional, onde a mensagem recebida é confrontada
pelas condicionantes psicofisiológicas (MUNARI, 1997), que constituem o perfil
do receptor – caso de uma cena de um desenho animado onde uma criança
interpreta de uma maneira (mais infantilizada) e a mesma cena ganha conotações
políticas para um adulto.
72
TÓPICO 1 — PERCEPÇÃO VISUAL – FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO
NOTA
A noção física de que vemos os objetos a partir dos raios luminosos que
eles refletem é fundamento para compreender que o globo ocular (o olho) é o
órgão que recebe estes raios do exterior e os transformam em informação elétrica,
que é enviada ao cérebro, que se transformará em uma imagem do objeto que se
está vendo.
73
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: <http://especialistaemcatarata.com.br/_novo/wp-content/uploads/2016/12/como-
enxergamos.jpg>. Acesso em: 27 ago. 2020.
TUROS
ESTUDOS FU
74
TÓPICO 1 — PERCEPÇÃO VISUAL – FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO
O sistema ocular tem papel importante em todo este processo, pois além de
levar os estímulos luminosos (os objetos) para a retina e convertê-los em impulsos
padrões, para o sistema nervoso, ele é composto por uma estrutura que dá conta
de distinguir figura e fundo, onde a figura (o objeto focado) vai ter uma forma mais
bem definida, em oposição ao fundo. Como afirma Jonathan Crary (1999, p. 72): “A
percepção visual, por exemplo, é inseparável do movimento muscular do olho e do
esforço físico envolvido na busca de foco em um objeto”.
DICAS
75
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
vermelho
laranja
amarelo
verde
ciano
azul
violeta
FONTE: <https://s4.static.brasilescola.uol.com.br/img/2019/06/espectro-visivel.jpg>.
Acesso em: 27 ago. 2020.
Por muito tempo se pensou no olho humano como um órgão que captava e
transmitia informações sem processá-las. Atualmente, é sabido que as informações
trafegam sem interrupções da retina ao sistema nervoso, e um vai interferido no
outro. Quantas vezes, focados em um problema, não percebemos coisas no nosso
campo de visão? De fato, as expectativas do espectador influenciam o processo de
percepção dele. Por mais que seja o olho que capte a luz é o cérebro, a partir das
informações que chegam à retina, que “enxerga”.
76
TÓPICO 1 — PERCEPÇÃO VISUAL – FISIOLOGIA E PSICOLOGIA DA VISÃO
DICAS
77
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: <https://2.bp.blogspot.com/-oM_04u4aq9Y/UH_wUHCQohI/AAAAAAACF0Q/
uwzvCZYt2TQ/s1600/Vladimir+Kush+1965+-+Russian++Surrealist+painter+-+Tutt'Art@.jpg>.
Acesso em: 27 ago. 2020.
Por mais que esteja em tons de cinza, a obra do surrealista russo Vladimir
Kush brinca com o “ver” e “enxergar”, ilustrando as possibilidades que nosso
repertório impõe à maneira como olhamos para as coisas. De fato, “ver” e
“enxergar” são ações diferentes, se no primeiro olhar vemos a representação
de um rosto (enxergamos um rosto), é somente quando nos permitimos “ver”
os detalhes que nos damos conta que não se trata de um rosto, mas de uma
composição de elementos que nos induzem a enxergar outra coisa.
78
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• Ao recebermos uma mensagem visual, ela entra em contato com três filtros:
sensorial; cultural e operativo.
79
AUTOATIVIDADE
PORQUE
80
I- Se um objeto, utilizado para ser percebido visualmente e passar uma
mensagem, precisa ter objetividade, faz-se necessário que sua composição
tenha legibilidade para todos e por todos da mesma maneira.
PORQUE
81
I- Com relação à intensidade de luz, de acordo com a luminosidade, a visão
pode ser fotópica – modo “normal”, quando os objetos estão iluminados
pela luz do dia – aciona basicamente as células cônicas, tendo sua acuidade
acentuada.
PORQUE
II- Durante a visão noturna – a visão pode ser estocópica. Onde as células
bastonetes são ativadas, permitindo uma percepção sem cores e de fraca
acuidade visual.
4 “[...] entre todas essas mensagens que passam através dos nossos olhos
é possível fazer, pelo menos; duas distinções: [...] pode ser casual ou
intencional” (MUNARI, 1997, p. 65). A partir da leitura desse texto, explique
o que mensagem casual e mensagem intencional, exemplificando cada uma
delas.
82
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos o segundo tópico desta unidade. Nela aprenderemos os princípios
que regem a Gestalt, entendendo o que faz um objeto alcançar a boa forma, ou seja, ter
a capacidade de se mostrar legível e com alto grau de pregnância.
2 AS LEIS DA GESTALT
Nos processos de leitura ou produção de objetos que devem ser percebidos
visualmente, tanto a experiência quanto o comportamento de “ver” e “enxergar”
são importantes. A Gestalt
83
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
NTE
INTERESSA
Quando saímos de um lugar que tinha muita fumaça e ficamos com o cheiro
dela em nossas roupas, falamos que ficamos “impregnados de fumaça”. Esta mesma noção
vale aqui para a lei de Prägnanz, que nos processos de comunicação e percepção de mundo,
nos direciona a maneira que devemos seguir para fazer com que o objeto desenvolvido
fique “impregnado” na pessoa, ou seja, o objeto é tão bem organizado que quando alguém
o vê (entra em contato com ele) fica impregnado dele – consegue lembrar dele. Isso foi tão
intenso no design, que na segunda metade do século XX se criou o conceito da “boa forma”,
que tem tudo a ver com esta lei e com a Gestalt. Se você algum dia já ouviu, ou usou a
premissa: “menos é mais”, ela está em linha com o que estamos estudando aqui!
84
TÓPICO 2 — AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA: GESTALT
85
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
NTE
INTERESSA
FONTE: <https://www.fashionismo.com.br/2010/08/o-poder-de-uma-vitrine/>.
Acesso em: 27 ago. 2020.
No caso destas duas vitrines, percebe-se que as duas têm baixo grau de pregnância.
Na comparação entre estas duas, observa-se que a segunda terá um grau de julgamento,
quanto à pregnância, maior – em função de estar composta por elementos similares (papéis
que remetem a cédulas) que contribuem para a harmonização, facilitando o percurso do
olhar (do centro da vitrine para baixo onde se concentram). Em contraposição, a primeira
vitrine apresenta elementos circulares em sua composição, mas além de formas diferentes
(bolas e cilíndricas) se localizam por toda a vitrine, fazendo com que o percurso do olhar
seja bem maior que na segunda vitrine.
86
TÓPICO 2 — AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA: GESTALT
A Gestalt entende que o que acontece no olho humano é diferente com o que
acontece no cérebro, e que a percepção é da junção destes dois momentos, é do todo,
é unificada. Não percebemos formas isoladas, vamos perceber sempre relações, onde
uma parte depende da outra. Na figura a seguir vemos um exemplo disso, por mais
que pareçam diferentes, os dois círculos centrais têm o mesmo tamanho.
87
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
3.1 UNIDADE
Identificada em um único elemento: a forma, encerra-se em si mesma.
Pode ter um ou mais elementos que configuram um todo único. A unidade pode
ser percebida pelas relações de similaridade destas partes, pode haver unidade
formal, dimensional, cromática. Se houver mais de uma unidade em um objeto,
é interessante eleger as unidades principais, desde que permitam a leitura do
objeto como um todo.
88
TÓPICO 2 — AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA: GESTALT
Uma flor tem unidade visual à medida que composta por unidades
similares, que formam um conjunto de pétalas que são unidades particulares, mas
que juntas dão conta do todo de uma flor. A noção de unidade deve considerar os
elementos similares que organizem partes que promovem uma composição única
de um todo. Por exemplo, no desenvolvimento de moda, a cartela da cor ajuda a
garantir unidade para cada peça e para toda uma coleção.
3.2 SEGREGAÇÃO
A capacidade de separar dando destaque ao que está se separando, pode
ajudar na noção deste princípio. A capacidade de evidenciar, notar, destacar
unidades de uma composição pode ser um recurso realizado através de cores,
formas, dimensões, posicionamentos.
89
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
3.3 PROXIMIDADE
Ao aproximarmos elementos uns dos outros, oferecemos ao leitor a
possibilidade de vê-los juntos, constituindo unidade de um todo, ou um todo
por si só. Se você olhar esta página, verá que as letras mais próximas sugerem
palavras e que a cada espaço maior entre elas, uma nova palavra aparece – no
conjunto das palavras temos os parágrafos. Entretanto, vamos nos apoiar nas
duas marcas que usamos nos princípios anteriores:
FONTE: O autor
Os elementos que dão unidade a cada uma das marcas, quando distanciados
não sugerem o que precisam comunicar. A aproximação de cada um permite a
visualização de um todo capaz de dizer da Adidas e dizer de Carrefour.
3.4 SEMELHANÇA
Semelhança e proximidade parecem uma agir sobre a outra. E ambas têm
forte relação com a unidade. Elementos semelhantes facilitam o estabelecimento
de agrupamentos.
90
TÓPICO 2 — AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA: GESTALT
FONTE: O autor
3.5 UNIFICAÇÃO
Tanto a proximidade quanto a semelhança concorrem fortemente para a
unificação, que consiste na semelhança dos elementos apresentado na composição
visual. A unificação é verificada quando um objeto apresenta harmonia, equilíbrio
e coerência visual.
91
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
3.6 FECHAMENTO
Obtido pela continuidade e agrupamento de elementos que promovem
um todo mais completo, mais fechado. Não se trata de um fechamento físico, mas
de uma sensação de fechamento. É pelo fechamento, resultando da aproximação
que a Marca do Carrefour sugere a letra “C” cortando um losango, depois que
percebemos tal fechamento passamos a enxergar ora o losango vazado pelo “C”,
ora duas formas que apontam para direções opostas.
92
TÓPICO 2 — AS LEIS DA ORGANIZAÇÃO DA FORMA: GESTALT
3.7 CONTINUIDADE
A sucessão das partes, sem quebras ou interrupções sugerindo uma
trajetória ou oportunizando fluidez visual, é a continuidade. Ela está na tendência
da organização de elementos de maneira a um acompanhar o outro, permitindo
a continuidade de um movimento numa direção específica.
FIGURA 14 – CONTINUIDADE
Fonte: O autor
93
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Quanto mais simples, mais equilibrado, homogêneo e regular for o objeto, mais
pregnante ele será – e que é esse o princípio da Lei da Prägnanz.
• A teoria da Gestalt entende que o que acontece no olho humano é diferente com
o que acontece no cérebro, e que a percepção é da junção destes dois momentos,
é do todo e é unificada.
• A teoria da Gestalt, pode ser entendida como a Lei da Gestalt ou como a Lei da
organização da forma perceptual.
94
AUTOATIVIDADE
95
Com base no que é possível afirmar acerca das sentenças apresentadas,
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) A Lei da Prägnanz garante que quanto mais elementos, mais fácil de
lembrar do objeto.
b) ( ) A Lei da Prägnanz está relacionada com a afirmação “menos é mais”.
c) ( ) A Lei da Prägnanz não pode estar relacionada com a capacidade de
comunicação de um objeto.
d) ( ) Ao garantir a Lei da Prägnanz, um objeto fica complicado de ser
percebido.
Unidade
Segregação
Proximidade
Semelhança
Unificação
Fechamento
Continuidade
96
Este exercício tem dois objetivos: primeiro, exercitar o olhar para identificar
cada princípio, oportunizando o entendimento de cada um. Segundo: entender
que os princípios se completam, e de como trabalhar um é trabalhar o outro.
Cada um tem seu olhar e ele deve ser pensando dentro da lógica. Dentro disso,
leia com atenção as sentenças a seguir:
97
Com base no que é possível afirmar acerca dos princípios apresentados,
assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) Todas as sentenças estão corretas.
b) ( ) As sentenças I, II, III e VII estão corretas.
c) ( ) As sentenças II, IV, V, VI e VI estão corretas.
d) ( ) As sentenças I, III e V estão corretas.
PORQUE
II- Em um sentido mais geral, o termo Gestalt tem seu significado relacionado
à interação de parte em oposição ao todo.
98
FONTE: Adaptado de Gomes Filho (2008)
99
100
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos o terceiro tópico desta unidade e nela vamos conhecer outros
princípios que parecem completar a Lei da Gestalt, ou, de certa forma estão
intrínsecos a ela. Entendendo que alguns princípios apresentam técnicas opostas
à Gestalt e mesmo assim ter poder na composição visual.
2.1 HARMONIA
A harmonia está relacionada à boa organização e boa proporção em toda
a composição visual. Quando os fatores de equilíbrio, ordem e regularidade
visual permitem clareza e simplicidade na leitura da composição, tem-se a
harmonia plena.
101
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FIGURA 15 – HARMONIA
FONTE: O autor
2.2 CONTRASTE
Se a vontade humana é a harmonia, o contraste é estratégia opositora a isso.
Como já mencionamos, é pelo contraste que é possível ver – imagine um desenho
branco sobre um fundo branco – este baixo contraste dificultará a visualização do
desenho – para darmos visualização, é preciso acentuar a oposição cromática do
fundo ou do desenho – e isso, basicamente, é o contraste.
102
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
NTE
INTERESSA
Retorne ao início desta unidade e veja as linhas que você compôs para
expressar a ideia de “casamento feliz” e de “casamento conflituoso” – o contraste destas
duas situações provavelmente estará manifestado em suas expressões.
FONTE: <http://www.parisartours.com/wp-content/uploads/2016/12/
eb55892fd2817193da0de8ac5a00ec53-1.jpg>. Acessado em: 27 ago. 2020.
103
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
NTE
INTERESSA
Com apenas dois elementos, vamos exercitar o que estamos tratando aqui.
Recorte um quadrado em uma folha de papel branca de tamanho 10x10cm (tendo como
base um A4). E uma moeda.
104
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
2.3 EQUILÍBRIO
Assim como para a harmonia, o ser humano tem uma tendência de buscar
o equilíbrio, é da natureza dele. Desta forma, o equilíbrio é referência visual
forte quando recebe ou produz informações visuais. A noção horizontal-vertical
compõe a base do ser humano com o meio ambiente e com o espaço que ele vai
compor seus objetos, que passam a ter “eixo” vertical, com referência horizontal,
e juntos determinam as condicionantes estruturais que dão conta do equilíbrio –
conhecido como “eixo de sentido”.
105
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
Ilustrando um exemplo dos testes feitos por Maitland Graves para determinar
a sensibilidade de estudantes foi descrita por Arnheim (2005, p. 14) assim:
106
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
107
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
108
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
109
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
110
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
111
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
112
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
113
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
FONTE: O autor
114
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
FONTE: O autor
115
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
116
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
117
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
3 ELEMENTOS VISUAIS
Os elementos visuais formam a base do que vemos, como letras de um
alfabeto: ponto, linha, forma, direção, movimento, escala, dimensão, textura, tom
e cor, se mesclam construindo elementos que sozinhos ou em conjunto formar
as composições visuais. Um pequeno número que é matéria-prima de toda e
qualquer informação visual.
3.1 O PONTO
O elemento mais simples da comunicação visual. Irredutível. Todo e
qualquer ponto tem forte poder de atração.
FIGURA 38 – O PONTO
FONTE: O autor
118
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
FONTE: <https://3.bp.blogspot.com/-Rw8gA-kJImY/WMC-SVvhZGI/AAAAAAAAAG0/eG02q
h2hZNQpjGA1dRpf-OglGL_NQLHNwCLcB/s320/olho%2Bponto.jpg>. Acesso em: 27 ago. 2020.
119
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
NTE
INTERESSA
3.2 A LINHA
Como vimos, os pontos quando vão se aproximando, dirigem o olhar e
aumentam a tonalidade do conjunto que compõem. Esta aproximação, quando
impossibilita a identificação dos pontos nos leva à experiência da linha. Tanto que
uma forma de conceituar linha é pela noção do ponto movimentar-se no espaço,
deixando uma marca contínua – uma linha.
FIGURA 41 – A LINHA
FONTE: O autor
120
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
3.3 A FORMA
É descrita, delimitada pela linha. Sua complexidade é articulada pela
linha. Apenas três formas básicas existem: o quadrado, o círculo e o triângulo.
Com características específicas cada um dá conta de representar determinados
significados, em alguns casos de forma arbitrária.
FONTE: O autor
121
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
3.4 A DIREÇÃO
As três formas básicas surgem de três direções básicas: da direção
horizontal e vertical vamos ter as formas quadráticas; da direção angular vamos
ter as formas triangulares; e da direção em curva, vamos ter as formas circulares.
FONTE: O autor
122
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
3.5 O MOVIMENTO
Este elemento visual está mais implícito que explícito nas composições
visuais. Contudo é um dos principais recursos visuais do funcionamento das
estruturas visuais. Se formos pensar no movimento explícito, vamos percebê-lo
no cinema, nos audiovisuais, onde de fato, a imagem se expressa em movimento;
ou em mecanismos que tenham no movimento sua expressão (podemos pensar
aqui em vitrines que tenham elementos que fiquem se movimentando). Todavia,
a maneira implícita de se declarar faz do movimento um dos principais recursos
das imagens estáticas. Muitas imagens estáticas podem em sua composição
sugerir movimentos – como resposta à posição de elementos e/ou recursos visuais
que formam a estrutura visual dela. Se voltarmos à Figura 39, vamos ver que a
combinação de dois ou mais pontos, ao sugerirem direção, sugerem movimento.
O olhar do espectador vai e volta entre os elementos visuais (que neste exemplo
são similares – pontos).
123
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
3.6 A ESCALA
Os elementos que constituem uma composição podem ser diferentes um
dos outros, estas diferenças constituem as escalas – uma cor é mais forte que
outra; uma forma é maior que a outra. “A escala pode ser estabelecida não só
através do tamanho relativo das pistas visuais, mas também através das relações
com o campo ou com o ambiente” (DONDIS, 1997, p. 72). O resultado destas
relações nunca é absoluto, podem sofrer modificações no decorrer da experiência
do olhar – comparado a um elemento tal forma é menor, mas se mostra mais
intensa que outra forma, e por aí vai.
124
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
A escala nos permite, então, termos uma dimensão dos elementos a partir
de um valor. Em mapas, por exemplo, ela indica que uma determinada medida
no desenho representa outra medida no mundo real. No caso de um desenho
técnico, onde o desenho a proporcionalidade do desenho para a peça final é feito
em escala, normalmente 1:10 (um para dez). Onde na peça real o que for 100 cm de
altura, terá no desenho 10 cm. A escala vai aparecer na indústria do vestuário nos
tamanhos variáveis das peças – P, M, G; com base em uma escala proporcional à
média das medidas do corpo humano em uma determinada etnia.
125
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
DICAS
3.7 A DIMENSÃO
A dimensão de objetos tridimensionais é lógica e real, porém imagens
bidimensionais dão conta de representar a dimensão através da ilusão – o desenho,
a pintura, a fotografia, por mais que representam objetos tridimensionais, não os
são. É possível representar a dimensão por várias maneiras, uma das principais é
a técnica da perspectiva. Os resultados da perspectiva podem ficar mais intensos
com a manipulação de claro-escuro, luz e sombra.
DICAS
126
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
3.8 A TEXTURA
A ideia visual para o tato é a trabalhada na textura. Um objeto pode
apresentar texturas que não são perceptíveis pelo tato, apenas pela visão, caso
dum uma composição de linhas impresso em papel, em um tecido. Boa parte
da experiência com a textura é visual, quando há o toque ampliamos o níveo
desta experiência. Visualizar um casaco de pele e poder tocá-lo, oferece uma
experiência, primeiramente visual – observamos uma composição visual que
nos remete à determinada textura, e depois, ao tocar, confirmamos o que olhos
sugeriram. Um outro exemplo, é visualizarmos um casaco, cujo tecido imita, em
127
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: <https://s3-sa-east-1.amazonaws.com/loja2/248f138f8b8d8c37caaaef0e325150c7.jpg>.
Acesso em: 27 ago. 2020.
3.9 O TOM
A base do tom está na utilização de técnicas de representação que se
utilizam da intensidade, da obscuridade ou claridade do que se quer representar.
O tom pode ser entendido como a variação de luz, mas é bom ressaltar que
quando “falamos de tonalidade em artes gráficas, pintura, fotografia e cinema,
fazemos referência a algum tipo de pigmento, tinta ou nitrato de prata, que se usa
para simular o tom natural” (DONDIS, 1997, p. 61). Entre a obscuridade e a luz
existe uma infinidade de tons na natureza, mas nas artes visuais essas tonalidades
são bem mais limitadas. Entre o branco e o preto existem tonalidades de cinza
perceptíveis aos olhos, quanto à variação tonal – e isso é relevante na reprodução
de composições visuais.
128
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
FONTE: O autor
3.10 A COR
Enquanto a tonalidade nos dá noção de profundidade, de dimensão, a
cor sugere emoção. Isso é interessante, pois conseguimos expressar informações
através de desenhos em preto e branco, mas quando inserimos cor, exaltamos
sentidos emocionais – se voltarmos a exercício das linhas que expressavam um
relacionamento feliz e outro conflituoso, podemos lembrar que, na sequencia
dele, foi levantada a possibilidade de desenharmos a linha com um traço
colorido – e que, dependendo do relacionamento, teríamos cores diferentes em
cada uma destas linhas.
129
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
Muitas são as teorias da cor, não vamos tratar delas aqui! Vamos tratar da
cor como elemento visual, e dentro disso ela pode ser dividida em três dimensões:
A cor em si – matiz (ou croma); a pureza da cor – saturação; e a variação de
tonalidade da cor – o brilho (as gradações de luz e sombra atribuídas a ela).
DICAS
130
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
131
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
LEITURA COMPLEMENTAR
Introdução
Metodologia
132
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
133
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
Pesquisa de campo
134
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
135
UNIDADE 2 — PERCEPÇÃO VISUAL
Considerações finais
136
TÓPICO 3 — PRINCÍPIOS, TÉCNICAS E ELEMENTOS BÁSICOS DA COMPOSIÇÃO
CHAMADA
137
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Existem mais princípios que a Lei da Gestalt apresenta, e eles são a harmonia; o
contraste e o equilíbrio.
• Ponto, linha, forma, direção, movimento, escala, dimensão, textura, tom e cor
compõem o Alfabeto Visual.
138
AUTOATIVIDADE
Primeira Técnica:
Segunda Técnica:
Terceira Técnica:
139
FONTE: <https://www.fashionismo.com.br/2010/08/o-poder-de-uma-vitrine/>.
Acesso em: 27 ago. 2020.
PORQUE
II- É pelo contraste que aguçamos muitos dos significados, como poderíamos
identificar uma placa de trânsito se ela não contrastasse com o fundo dela?
Como entenderíamos a felicidade sem ter experenciado a tristeza?
140
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não complementa
a I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II complementa
corretamente da I.
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
4 Quando vamos fazer uma fotografia (tirar uma foto), somos levados, mesmo
que intuitivamente, a organizar o que queremos fotografar. Enquadramos
o que deverá compor nossa foto, e capturamos a cena em nossa câmera
fotográfica. Ao analisarmos a foto feita, nosso olhar percorre a imagem,
fazendo valer dos princípios da percepção visual – um deles é o eixo de
simetria. A partir da afirmação feita, explique o que é o eixo de simetria.
141
142
REFERÊNCIAS
143
144
UNIDADE 3 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
145
146
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
As habilidades e as competências desenvolvidas em profissionais de
criação – caso dos designers, arquitetos, artistas, entre outros – é alavanca para
a identificação de estilos individuais, que quando bem trabalhados permitem
criações com forte impacto inovador. Alcançar o estilo em projeto é garantir uma
qualidade provocante, principalmente no ato de chamar a atenção, de atrair a
atenção de outras pessoas. De certo modo, esse seria um dos requisitos mais
procurados pelos empregadores e pelo cliente no mercado atual.
A capacidade de dar estilo às ideias deve ser estimulada para que seja
possível expressar algo atrativo, que, para determinado perfil de pessoas, seja
belo. Essa capacidade de dar estilo agrega valor aos produtos, mesmo que em
muitos casos a mudança seja apenas superficial – caso do produto de moda, que
a cada nova estação não muda suas estruturas construtivas (modelagem, corte,
acabamento), mas declara mudanças em sua composição visual (cartela de cor, de
aviamentos, entre outros).
147
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
NOTA
148
TÓPICO 1 — A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO
Esta figura ilustra estes dois estágios. Uma primeira varrida do olhar
destaca se existe algo diferente na composição no canto superior direito dela. Para
perceber isso o esforço foi mínimo e não foi preciso investir intencionalmente
atenção – eis aqui o primeiro estágio. Todavia, se vagarmos com intencionalidade
a composição, nos esforçando, é possível identificar uma forma retangular com
seis letras X em negrito de altura e oito letras X em negrito de largura.
NOTA
149
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
150
TÓPICO 1 — A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO
5 A HIPÓTESE VISUAL
Todo esse processo de perceber visualmente uma imagem, entendendo
os dois estágios e a ambiguidade das imagens, precisa ser percebido como
insuficiente, afinal de contas, muitas imagens não declaram visualmente, não
explicitam em sua composição o que podem querer discursar. Essa incompletude
imagética, da mesma forma que a completude, nos faz definir hipóteses visuais
mentais que projetamos sobre a imagem visualizada, ou seja, somos levados a ver
com o cérebro – já tratamos disso na Unidade 2. Padrões visuais nos fazem ver
formas que não existem na imagem, mas na nossa mente, por mais que as formas
estejam incompletas na imagem, em nossa cabeça elas se completam, dando conta
de declarar coisas que não estão explícitas na imagem. Vamos trazer uma imagem
que já utilizamos anteriormente para ilustrar a hipótese visual:
151
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
NOTA
Essa arbitrariedade entendida como basilar das hipóteses visuais poder ajudar a
entender a terceiridade do signo peirceano. Se ao vasculhar a imagem de forma involuntária,
sem nenhum esforço relacionamos com a primeiridade; e quando já assumimos uma
postura voluntária de identificar padrões e formas dando atenção voluntária a eles
assumimos como secundidade; será terceiridade quando, de certo modo, passamos a ver,
a partir de padrões arbitrariados pela cultura ideológica (por exemplo) imagens que não
estão declaradas, da mesma quando conseguimos nominar o que estamos vendo – caso
da imagem ambígua mulher jovem ou mulher idosa – precisamos arbitrariamente saber o
que define uma mulher, juventude e velhice.
152
TÓPICO 1 — A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO
153
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: O autor
Com base nesses três padrões, uma característica que fica acentuada na
percepção humana é a habilidade de separar o que se julga ser mais importante
– ou seja, dar ênfase, destaque ao que consideramos ser mais importante no
momento em que olhamos a imagem. Essa característica é responsável por
conseguirmos distinguir, em uma cena, a “figura” e o “fundo”. Quando olhamos
uma fotografia nossa em uma viagem, perceba que somos levados a nos colocar
como “figura” e toda a cena enquadrada do lugar que estávamos como “fundo”.
Isso fica tão evidente, que chamamos a foto de: “minha foto” – por mais que seja
uma composição plana – em um papel, em uma tela de celular, evidenciamos o
154
TÓPICO 1 — A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO
que nos atrai. Imagine que essa foto tenha ao fundo um edifício de um grande
arquiteto. Se sua foto estiver em suas redes sociais e, por acaso, ser acessada por
um estudante de arquitetura que não conhece você, mas conhece o edifício, para
ele a “figura” será o edifício, e o você fará parte do “fundo”, inclusive essa pessoa
poderá usar essa foto para ilustrar seu trabalho, chamando a foto pelo nome
do edifício ou do arquiteto. Isso explicaria quando dirigimos a cena, antes de
fotografá-la, pois, uma vez colocado o que queremos como “figura” (e isso pode
ocorrer centralizando esses elementos no centro geométrico do enquadramento
ou ofuscando os outros elementos), delegamos ao restante dos elementos o
“fundo” da composição. Permitir esse jogo entre “figura” e “fundo” pode ser
uma estratégia interessante para atrair a atenção de um número maior de pessoas.
Um exemplo para isso pode ser visto na imagem ambígua (Figura 2),
utilizada anteriormente, nossa visão fica pulando entre “figura” e “fundo”,
dando figuração à jovem em um momento e à idosa em outro. Esta capacidade
da imagem de ser “figura” ou” fundo” está diretamente relacionada aos padrões
simetria, proximidade e continuidade, somando a estes as noções de tamanho
relativo – proporção, contorno e orientação. “Quanto mais a imagem for simétrica,
relativamente pequena, contornada e orientada no sentido horizontal ou vertical,
será mais facilmente identificada com figura” (BAXTER, 2011, p. 57).
FONTE: O autor
155
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
1. NÍVEL BÁSICO – pelo momento que o produto é acessado pelo nosso sistema
visual. O momento que chamamos anteriormente de “scanneamento”, em que
ao determinar nossa percepção visual, direcionará elementos onde o foco do
olhar se concentrará.
2. NÍVEL INTERMEDIÁRIO – a partir do momento em que o foco do olhar
acontece, atributos específicos do processo visual são declarados. Passamos a
dar atenção aos elementos específicos, que pode ser uma marca, um acabamento
ou um detalhe estrutural.
3. NÍVEL MAIS ELEVADO – ao focarmos aos detalhes, depois de uma investida
visual no todo, os fatores sociais, culturais e comerciais determinam o estilo
do objeto que estamos percebendo. Nesse momento, muito do que nos chegou
cultural, social e economicamente ajudará a perceber valores no objeto,
permitindo entender seu valor e iniciar o momento da aquisição.
156
TÓPICO 1 — A PERCEPÇÃO VISUAL E OS PRINCÍPIOS DE ESTILO
• um objeto pode chamar atenção de várias formas, inclusive por ser visualmente
agradável. Perceba quantas vezes você desvia o olhar do que está fazendo
para ver uma pessoa bem vestida; um jardim bem decorado. Certamente isso
acontece quando em meio a vários produtos, um lhe chama atenção.
• ao chamar a atenção um objeto passa a ser desejável. Perceba que a maioria dos
produtos que passamos a desejar ganham destaque em nossa atenção.
• se pensarmos nestes dois momentos – o produto que chama a atenção e, ao
mesmo tempo, é desejável, tem forte poder de atração – ou seja, é atraente.
Portanto, quando somos capazes, como projetistas, de desenvolver/projetar
produtos que chamem a atenção pelo seu estilo, e que esse estilo está em linha
com os comportamentos de voga no mercado, estamos entregando ao mercado
produtos atraentes – com forte poder de consumo.
Basicamente, o que nos atrai está relacionado com quatro coisas (BAXTER,
2011): o que já é conhecido; o que parece funcionar bem; o que parece ajudar a
dizer quem sou; e o que é bonito. Perceba que, quando na composição de um
produto a ser percebido visualmente, escolhemos uma ou mais dessas coisas,
e estamos assumindo a habilidade de compor objetos com base nos princípios
da percepção visual (Unidade 2), compreendendo que o objeto que estamos
desenvolvendo tenha a capacidade de significar produtos que o cliente já conheça;
ou representar seu funcionamento; ou dar conta de simbolizar status, definindo a
pessoa que o usará; ou ser significante dentro dos valores de beleza considerados
pelo mercado consumidor, ou seja, precisamos ter a competência, também, em
semiótica (Unidade 1).
157
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
158
AUTOATIVIDADE
FONTE: <https://i2.wp.com/farm6.static.flickr.com/5301/5660386039_bde9ceb848.
jpg?zoom=2>. Acesso em: 12 out. 2020.
159
2 A imagem que ilustra essa questão “é um caso de imagem ambígua,
mostrando a cabeça e os ombros de uma jovem, com a face voltada para o
fundo da figura. Mostra também a face de uma idosa, em perfil. É impossível
perceber simultaneamente as duas imagens, devido à primeira percepção
global. Se a mente se fixar em uma das duas imagens, uma percepção global
será produzida. Você, então, pode examinar os detalhes: na jovem, a linha
pronunciada do queixo, a elegância da gargantilha, o lenço volumoso
sobre a cabeça e o luxuoso casaco. Na senhora idosa, o nariz aquilino, a
protuberância do queixo, os lábios finos e os olhos profundos. Geralmente,
a imagem que você perceber primeiro vai determinar a estratégia para a
exploração posterior dos detalhes. Para enxergar outra imagem, você
precisará piscar, desviar os olhos ou tirar a figura temporariamente do campo
de visão. É como se fosse necessário apagar a primeira imagem. Depois
de percebida essa segunda imagem, ela determinará também a exploração
posterior dos seus detalhes, de modo que não é possível perceber uma das
imagens e explorar os detalhes da outra” (BAXTER, 2011, p. 50-51).
PORQUE
160
A respeito dessas asserções, assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa correta da I.
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
161
162
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
ANÁLISE DICOTÔMICA
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos o segundo tópico desta unidade. Entramos no momento da
disciplina mais prático. Analisaremos imagens com base na semiologia, mais
especificamente na abordagem dicotômica dos objetos em seus planos de
expressão e conteúdo, e poder, de certa forma, criticar e desenvolver objetos
que sejam capazes de ser percebidos visualmente em linha com os discursos que
pretendem passar.
163
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
164
TÓPICO 2 — ANÁLISE DICOTÔMICA
165
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
O leitor passa a ter domínio sobre o objeto (imagem) que está lendo.
Ele deve transitar incansavelmente pela imagem, indo e vindo pelos elementos
e pelos blocos de elementos e para o todo da imagem, encontrando detalhes,
nesse ir e vir, que não se declaram nos primeiros olhares. É esse vagar
intencional pela imagem que faz com ela, em sua autonomia, tenha condições
de expressar seu conteúdo; e ainda faz com que o leitor seja capaz de interpretar
outros conteúdos, bastando para isso, que a imagem, em seus elementos e seus
procedimentos relacionais, permita!
166
TÓPICO 2 — ANÁLISE DICOTÔMICA
FONTE: <https://i0.wp.com/virusdaarte.net/wp-content/uploads/2014/10/enterro-na-rede-port..jpg>.
Acessado em: 9 out. 2020.
167
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
DICAS
Acesse o link que está como fonte da figura, ou pesquise na internet pelo
nome da obra para poder ver a imagem colorida.
Os contornos das partes internas e externas dos pés não são paralelos
e por estarem eles postos, qual mãos postas em oração, compõem a
diagonalidade da obra e formam dois ângulos que se sobrepõem e
remetem o olhar ao centro da tela onde se situa, o culto atrás desta
mulher, a personagem principal da cena, o morto. Também no centro
da tela, o ângulo formado pelos pés da mulher central, é rebatido
por um grande ângulo – na verdade, um triângulo – que se origina
do lençol ou rede, situado no terceiro plano de profundidade
(OLIVEIRA, 2004, p. 35).
168
TÓPICO 2 — ANÁLISE DICOTÔMICA
169
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
Sugerimos como dica, acessar o link que aparece como fonte da Figura
7 para visualizava em cores, mas as gradações de cinza da impressão aqui
disponibilizada sugerem um olhar total. Na obra como um todo destaca-se
170
TÓPICO 2 — ANÁLISE DICOTÔMICA
A obra toda apresenta uma simetria, ela não é absoluta, mas é possível
situar a mulher ajoelhada no centro simétrico da imagem total, o que sugere
quebrar a simetria é a segunda mulher – lá do quarto plano de profundidade.
Todavia, a sugestão simétrica tem seus rebatimentos por pesos – evidente na
parte inferior com a parte superior – onde o pau que carrega o defunto se faz
linha da simetria horizontal.
171
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
Atentos a linha de simetria vertical, que parte do meio dos dois pés,
divide a cabeça e o triângulo formado pelos braços e o triângulo formado pela
rede ou lençol subindo até a borda superior da tela, percebemos que essa linha
estabelece o eixo da composição principal da composição plástica. Inclusive
registra metricamente, nos dando a exatidão, de constatar que o triângulo
formado pelos braços da mulher e o inferior do triângulo – a rede e o lençol,
coincidem se sobrepõem. “Esta coincidência, reiterada pelo fato de estar a
rede prenhe do morto, podem indicar que esta mulher é a mãe do defunto.
Ou teria sido ele quem fertilizou seu ventre?” (OLIVEIRA, 2004, p. 38 – grifo da
autora). As possibilidades de efeito de sentido que uma composição pode causar
é grande e permite variações, tantas quantas o repertório e a curiosidade do
analista (leitor) permitirem.
172
TÓPICO 2 — ANÁLISE DICOTÔMICA
173
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
NOTA
174
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
175
AUTOATIVIDADE
PORQUE
II- Além do verbo – palavra falada; todo e qualquer outro fenômeno capaz
de representar algo em seu lugar podia ser objeto de análise da semiótica,
indiferente das duas. O que resultou no abandono da semiótica dicotômica,
prevalecendo apenas análises tricotômicas.
176
A partir da leitura desse texto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta
entre elas:
PORQUE
PORQUE
177
Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II não é uma
justificativa correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II é uma
justificativa correta da I.
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
178
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
ANÁLISE TRICOTÔMICA
1 INTRODUÇÃO
Iniciamos o terceiro tópico desta unidade. Dando continuidade ao
momento da disciplina mais prático, trataremos de uma outra maneira de
analisar imagens com base na semiótica norte-americana, mais especificamente
na abordagem tricotômica de Charles S. Peirce, e poder de certa forma criticar
e desenvolver objetos que sejam capazes de serem percebidos visualmente em
linha com os discursos que pretendem passar.
179
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
ATENCAO
DICAS
Que tal escolher três cores de lápis/caneta para sublinhar, definindo cada cor
para cada categoria?
180
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
Para ajudar na leitura, o texto é uma narrativa, dois frades viajam até a um
monastério, um dele é o mestre (Guilherme) e o outro é o aprendiz (Adso). Adso
é o narrador. Guilherme está subindo para a Abadia como investigador e o texto
se dá no momento em que eles estão subindo o monte para chegar na Abadia.
Vamos à leitura:
Primeiro dia.
181
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
182
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
"Não sei se os tem, mas com certeza os monges acreditam piamente nisso.
Dizia Isidoro de Sevilha que a beleza de um cavalo exige “ut sít exiguum caput et
siccum prope pelle ossibus adhaerente, aures breves et argutae, oculi magni, nares
183
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
patulae, erecta cervix, coma densa et cauda, ungularum soliditate fixa rotunditas”.
Se o cavalo de que inferi a passagem não fosse realmente o melhor da escuderia,
não se explicaria por que não foram apenas os cavalariços a persegui-lo,
mas até o despenseiro deu-se ao incômodo. E um monge que considera um
cavalo excelente, além de suas formas naturais, só pode vê-lo assim como as
autoridades o descreveram, especialmente se “aqui endereçou-me um sorriso
de malícia”, "é um douto beneditino...", "Está bem", disse, "mas por que
Brunello?" "Que o Espírito Santo te dê mais esperteza que a que tens, meu
filho!" exclamou o mestre. "Que outro nome lhe darias se até mesmo o grande
Buridan, que está para tornar-se reitor em Paris, precisando falar de um belo
cavalo, não encontrou nome mais natural?".
Assim era meu mestre. Sabia ler não apenas no grande livro da natureza,
mas também no modo como os monges liam os livros da escritura, e pensavam
através deles. Dote que, como veremos, lhe seria bastante útil nos dias que
se seguiriam. Sua explicação, além disso, pareceu-me àquela altura tão óbvia
que a humilhação por não a ter achado sozinho foi superada pelo orgulho de
participar dela e quase congratulei a mim mesmo por minha agudeza. Tal é a
força do verdadeiro que, como o bem, difunde-se por si. E seja louvado o santo
nome de nosso senhor Jesus Cristo por essa bela revelação que tive.
FONTE: ECO, Umberto. O nome da Rosa. Rio de Janeiro: Record, 1986, p. 36-39.
DICAS
184
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
DICAS
185
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
FONTE: <https://i0.wp.com/virusdaarte.net/wp-content/uploads/2014/10/enterro-na-rede-port..jpg>.
Acesso em: 9 out. 2020.
186
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
FONTE: O autor
187
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
188
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
DICAS
Acesse o link que está como fonte da figura acima, ou pesquise na internet
pelo nome da obra para poder ver a imagem colorida.
189
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
DICAS
190
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
Ao olhar a obra pela primeira vez, saltam aos olhos as figuras humanas,
em traços esqueléticos e com membros desproporcionais, ocupam quase toda
a composição visual. Iconicamente vemos dois homens em pé, duas mulheres
ajoelhadas; nos damos conta de vermos mãos, braços e pés (de grandes
proporções) iconicamente – suas formas são similares aos objetos reais. Não há
esforço para ver isso: são pés, braços e mãos. São homens e mulheres. Contudo,
quando, em secundidade, ao nos darmos conta das proporções passa a ensejar
particularidades – porque os pés fixos ao chão são maiores? Por que os braços
ganham tal destaque? Por que os homens sugerem carregar algo, cruzando a cena
da esquerda para a direita, enquanto as mulheres ajoelhadas lamentam, um em
dor e a frente dos homens no enquadramento, e a outra em oração atrás destes
homens? Essas e outras dúvidas nos declaram que estamos na secundidade
e que a busca de certezas só finalizará como em terceiridade legitimarmos
posicionamentos, caso de que: a proporção dos braços simboliza força, esforço
físico; os pés descalços simbolizam pobreza; os braços abertos simbolizam dor
e questionamento; e o ajoelhar pode ser considerado símbolo de resignação
religiosa. Desta forma o discurso da obra, “escrito” visualmente pelo artista,
parece nos apresentar o enredo:
191
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
NOTA
192
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
193
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
Perceba que a indução pela cruz do “ato de amor a Deus”, está carregado
da arbitrariedade judaico-cristã, e tem peso estratégico na composição visual que
o artista organizou.
4 REFERÊNCIAS ICÔNICAS
Aqui a noção de semelhança é importante. Ela pode ser imagética,
estrutural, organizacional e aparece da seguinte maneira:
194
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
5 REFERÊNCIAS INDICIÁTICAS
Considera-se aqui “uma determinação de causalidade” (NIEMEYER,
2003, p. 55). Traços de ferramentas ou de máquina: um detalhe de acabamento dá
a ideia de feito à mão.
195
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
6 REFERÊNCIAS SIMBÓLICAS
São “estabelecidos culturalmente e, então, difundidos, podendo, então,
passar a serem aplicados” (NIEMEYER, 2003, p. 57).
Cor simbólica: uma cor em uma marca pode estar relacionada a uma
regra, norma. Caso do uso da cor azul para tecnologia.
196
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
LEITURA COMPLEMENTAR
Izidoro Blikstein
197
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
198
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
- Ora, evidentemente, eu sabia que você não tinha escrito uma carta,
uma vez que passei toda a manhã sentado à sua frente. Vejo, além
disso, que há uma folha de selos na sua escrivaninha aberta e um
grosso maço de postais. Para que iria, então, à agência postal, se não
para mandar um telegrama? Elimine todos os outros fatores, e o que
restar deve ser a verdade” (p. 12 – grifos meus).
199
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
200
TÓPICO 3 — ANÁLISE TRICOTÔMICA
201
UNIDADE 3 — SEMIÓTICA E PERCEPÇÃO VISUAL
Vale observar então que o título O Signo de Três não é só uma alusão aos três
semioticistas (Sherlock, Dupin e Peirce) mas também uma homenagem ao método
detetivesco de Peirce, todo ele baseado em relações triádicas, como os três termos
das abduções, a conexão entre ícone, símbolo e índice, ou a relação signo/objeto/
interpretante. Já O Signo dos Quatro, de Conan Doyle, se deve a quatro nomes
(Jonathan Small, Maomé Singh, Abdullah Khan e Dost Akbar) escritos num velho
papel e que podem servir de pista para decifrar o mistério de desaparecimento do
Capitão Morstan, pai da Srta. Morstan que desesperadamente tinha recorrido a
Sherlock, como o único capaz de descobrir o paradeiro do capitão.
FONTE: BLIKSTEIN, Izidoro. Semiótica: uma ciência de... detetives. Revista USP, p. 161-166.
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/25944/27675. Acesso em: 9 out.
2020.
202
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
• Na secundidade, esses fenômenos que nos chegam aos sentidos nos fazem
ensejar particularidades, fazer comparações com o que já temos em nossa
experiência, com as coisas do mundo.
• Na terceiridade tudo que nos tocou os sentidos, que nos fez pensar, ganha valor
cultural, ganha relações arbitrárias para que possamos assumir e legitimar o
signo nesse terceiro nível.
CHAMADA
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AUTOATIVIDADE
PORQUE
II- Os projetistas configuram seus objetos de maneira que eles devam mostrar
seus atributos. No campo das artes os atributos estéticos ganham destaque,
enquanto no design, por mais que o estilo (a estética) tenha certa persuasão,
os atributos utilitários ganham destaques.
PORQUE
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Assinale a alternativa CORRETA:
a) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa
correta da I.
b) ( ) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa correta da I.
c) ( ) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
d) ( ) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
e) ( ) As asserções I e II são proposições falsas.
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REFERÊNCIAS
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