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181) Rua Santos Dumont, 1307, 1° Andar, Sala 1


CEP: 85851-040 – Foz do Iguaçu – PR – Fones: (45) 3572-1840 / 9108-7120

EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) JUIZ(A) FEDERAL(A) DA ________ VARA DA


SEÇÃO JUDICIÁRIA DE FOZ DO IGUAÇU – PR.

CINERLANDES MARCOS DE OLIVEIRA, brasileiro,


casado(a), porteiro, residente e domiciliado(a) na Alameda Beberibe,
126, Campos do Iguaçu, Foz do Iguaçu, PR, portador(a) da Cédula de
Identidade nr. 4.113.839-4/PR e inscrito(a) no CPF sob nr. 662.623.729-20,
por seu advogado que esta subscreve, vem mui respeitosamente à
presença de Vossa Excelência, ajuizar

AÇÃO ORDINÁRIA DE CORREÇÃO DOS SALDOS DO


FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO (FGTS)

em desfavor da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, com sede no SBS quadra


04 lotes 3/4 Matriz, Brasília – DF, CEP: 70092-900, pelas razões de fato e de
direito que passa a expor:

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I – SÍNTESE FÁTICA

O presente processo trata de questão de extrema


importância para milhões de trabalhadores brasileiros e diz respeito ao
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Como é cediço, o Fundo de Garantia por Tempo de


Serviço foi criado na década de 1960 para proteger o trabalhador,
como sucedâneo da antiga estabilidade decenal. É constituído por
valores depositados pelas empresas em nome de seus empregados e
possibilita que o trabalhador forme um patrimônio.

Consta no sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal


que o FGTS hoje financia programas de habitação popular,
saneamento básico e infraestrutura urbana.

O FGTS é regido pelas disposições da Lei nº 8.036, de 11 de


maio de 1990, por normas e diretrizes estabelecidas pelo seu Conselho
Curador e gerido pela Caixa Econômica Federal.

Dos artigos 2º e 13 da Lei nº 8.036/90 extraímos que há uma


obrigatoriedade de correção monetária e de remuneração através de
juros dos depósitos efetuados nas contas vinculadas do FGTS, senão
vejamos:
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das
contas vinculadas a que se refere esta lei e outros
recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados
com atualização monetária e juros, de modo a
assegurar a cobertura de suas obrigações.
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas
vinculadas serão corrigidos monetariamente com base
nos parâmetros fixados para atualização dos saldos
dos depósitos de poupança e capitalização juros de
(três) por cento ao ano.

Ressalte-se que o parâmetro fixado para a atualização


dos depósitos dos saldos de poupança e consequentemente dos
depósito do FGTS é a Taxa Referencial – TR, conforme prescrevem os
artigos 12 e 17 da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, com redação
da lei nº 12.703, de 7 de agosto de 2012, cuja dicção é a seguinte:

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Art. 12. Em cada período de rendimento, os


depósitos de poupança serão remunerados:
I - como remuneração básica, por taxa
correspondente à acumulação das TRD, no período
transcorrido entre o dia do último crédito de
rendimento, inclusive, e o dia do crédito de
rendimento, exclusive;
II - como remuneração adicional, por juros
de: (Redação dada pela Lei n º 12.703, de 2012)
a) 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, enquanto
a meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco
Central do Brasil, for superior a 8,5% (oito
inteiros e cinco décimos por cento); ou (Redação
dada pela Lei n º 12.703, de 2012)
b) 70% (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao
ano, definida pelo Banco Central do Brasil,
mensalizada, vigente na data de início do período
de rendimento, nos demais casos. (Redação dada pela
Lei n º 12.703, de 2012)
(...)

Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos


das contas do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa
aplicável à remuneração básica dos depósitos de
poupança com data de aniversário no dia 1°,
observada a periodicidade mensal para remuneração.
Parágrafo único. As taxas de juros previstas na
legislação em vigor do FGTS são mantidas e
consideradas como adicionais à remuneração prevista
neste artigo.

Retrata a Lei nº 8.177/91 a forma como a TR será


calculada:
Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa
Referencial (TR), calculada a partir da remuneração
mensal média líquida de impostos, dos depósitos a
prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos
de investimentos, bancos múltiplos com carteira
comercial ou de investimentos, caixas econômicas,
ou dos títulos públicos federais, estaduais e
municipais, de acordo com metodologia a ser
aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo
de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do
Senado Federal.
§ 1° A TR será mensalmente divulgada pelo Banco
Central do Brasil, no máximo até o oitavo dia útil

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do mês de referência. (Revogado pela Lei nº 8.660,


de 1993)
§ 2° As instituições que venham a ser utilizadas
como bancos de referência, dentre elas,
necessariamente, as dez maiores do País,
classificadas pelo volume de depósitos a prazo
fixo, estão obrigadas a fornecer as informações de
que trata este artigo, segundo normas estabelecidas
pelo Conselho Monetário Nacional, sujeitando-se a
instituição e seus administradores, no caso de
infração às referidas normas, às penas
estabelecidas no art. 44 da Lei n° 4.595, de 31 de
dezembro de 1964.
§ 3° Enquanto não aprovada a metodologia de cálculo
de que trata este artigo, o Banco Central do Brasil
fixará a TR.

A metodologia de cálculo foi há muito tempo definida


pela Banco Central-Conselho Monetário Nacional (CMN), e hoje está
vigente sob a forma da Resolução nº 3.354, de 31 de março de 2006.

Ocorre que, há muito tempo, a TR não reflete mais a


correção monetária, tendo se distanciado completamente dos índices
oficiais de inflação. Nos meses de setembro, outubro e novembro de
2009, janeiro e fevereiro de 2010, fevereiro e junho de 2012 e de
setembro de 2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada,
como se não existisse qualquer inflação no período passível de
correção.

Eis a razão desta ação.

II - PRELIMINARMENTE

A) LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA

Posto que a lide versa sobre correção monetária dos


depósitos de FGTS, sobressai irrefutável a legitimidade passiva e
exclusiva da Caixa Econômica Federal, conforme precedentes do STJ,
senão vejamos:

AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO DOS


SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS. DIFERENÇAS DE

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EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ PACIFICADO NO STJ.


PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
1. A matéria referente à correção monetária das
contas vinculadas ao FGTS, em razão das diferenças
de expurgos inflacionários, foi decidida pela
Primeira Seção deste Superior Tribunal, no REsp n.
1.111.201 - PE e no REsp n. 1.112.520 - PE, de
relatoria do Exmo.
Min. Benedito Gonçalves, ambos submetidos ao regime
do art. 543-C do CPC e da Resolução n. 8/08 do STJ,
que tratam dos recursos representativos da
controvérsia, publicados no DJe de 4.3.2010.
(...)
3. Quanto às demais preliminares alegadas,
devidamente prequestionadas, esta Corte tem o
entendimento no sentido de que, nas demandas que
tratam da atualização monetária dos saldos das
contas vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva
ad causam é exclusiva da Caixa Econômica Federal,
por ser gestora do Fundo, com a exclusão da União e
dos bancos depositários (Súmula 249/STJ).
(...)
(AR 1.962/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/02/2012, DJe
27/02/2012)

Súmula 249/STJ – A Caixa Econômica Federal tem


legitimidade passiva para integrar processo em que
se discute correção monetária do FGTS.

Assim, a presente ação se dirige exclusivamente contra a


Caixa Econômica Federal, conforme pacificamente definido pela
jurisprudência pátria.

B) DA PRESCRIÇÃO

No que tange ao prazo prescricional, já está


amplamente assentado na doutrina e jurisprudência, que em relação
ao pleito de correção monetária do FGTS, a prescrição é trintenária.

Neste sentido, decisão do STJ:

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. FGTS. CORREÇÃO DOS


SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS. DIFERENÇAS DE
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ JULGADO PELO
REGIME DO ART. 543-C DO CPC E DA RESOLUÇÃO N. 8/08
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DO STJ, QUE TRATAM DOS RECURSOS REPRESENTATIVOS DE


CONTROVÉRSIA.(...)3. No REsp n. 1.112.520 - PE, por
seu turno, firmou-se o seguinte entendimento: 4.
Outrossim, não deve prevalecer a interpretação da
recorrente quanto à ocorrência de prescrição
quinquenal, pois este Tribunal já decidiu que é
trintenária a prescrição para cobrança de correção
monetária de contas vinculadas ao FGTS, nos termos
das Súmula 210/STJ: "A ação de cobrança das
contribuições para o FGTS prescreve em (30) trinta
anos".(...)(REsp 1150446 RJ 2009/0143136-0, Rel.
Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Julgamento:
10/08/2010, Órgão Julgador: T2 - SEGUNDA TURMA,
Publicação: DJe 10/09/2010)

Assim, a ação ora proposta não está alcançada pela


prescrição trintenária, conforme se demonstrará adiante.

III – NO MÉRITO - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A) Análise da correção monetária e do FGTS

A correção monetária existe entre nós desde a década


de 1960. O principal teórico da Correção Monetária, o Advogado
Tributarista Bulhões Pedreira explica o seguinte:

’”Por analogia com as unidades de medidas físicas


podemos dizer que o nível geral de preços é o
padrão primário do valor financeiro, enquanto que a
unidade monetária serve como padrão secundário –
usado, na prática, para exprimir o valor
financeiro, mas que deve ser aferido pelo padrão
primário porque sujeito a modificações.” (BULHÕES
PEDREIRA, José Luiz, “Correção Monetária; Indexação
Cambial. Obrigação Pecuniária”, in “Revista de
Direito Administrativo”, c. 193 p, 353 a 372
Jul/Set 1993).

Ainda, o autor Letácio Jansen diz que Bulhões Pedreira


teria conseguido institucionalizar e colocar em prática a sua doutrina
principalmente através da Lei nº 4.357, de 1964, que criou o primeiro
indexador da Economia Brasileira – a ORTN (obrigação reajustável do
tesouro nacional), uma obrigação monetária cuja função era fazer
variar, periodicamente, a moeda nacional segundo a perda de seus

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respectivos poderes aquisitivos


(http://www.scamargo.adv.br/scripts/forum/textoTema.asp?id=81&tem
a=nvalidade+da+taxa+referencial+(TR)%3A+o+Significado+da+ADI+493-
0-df).

Desde esta data, uma plêiade de índices de correção


monetária foi se sucedendo, até a entrada em vigor da Medida
Provisória nº 294, de 31 de janeiro de 1991, que se transformou na Lei nº
8.177, de 1º de março de 1991. Nesta oportunidade o Governo Collor
pretendeu substituir a série de indexadores tradicionais da correção
monetária brasileira (ORTN, OTN e BTN) que eram vinculados à variação
dos níveis gerais de preços, pela Taxa Referencial, que tinha natureza
financeira.

Ainda hoje permanece a perplexidade em relação à


natureza jurídica da TR, até por conta da própria inconsistência da lei
que a criou, que ora a trata como taxa de juros (artigo 39) ora como
indexador (artigo 18).

Taxas de juros objetivam promover a remuneração do


capital. São calculadas por quem disponibiliza o capital em benefício
de outra pessoa, física ou jurídica, para que empregue para satisfação
de determinada necessidade, na expectativa de lucro. Os indexadores,
por outro lado, podem ser entendidos como índices calculados a partir
da variação de preços de mercado em determinado período. O seu
objetivo está na correção dos efeitos inflacionários, quando se compara
valores monetários em diferentes épocas.

Pois bem. Quando o STF enfrentou o tema da natureza


da TR, disse através do voto vencedor da ADI 493-0/DF que:

A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção


monetária, pois, refletindo as variações do custo
primário da captação dos depósitos a prazo fixo,
não constitui índice que reflita a variação do
poder aquisitivo da moeda.

Não obstante, os Ministros vencidos Celso de Mello,


Marco Aurélio e Ilmar Galvão entenderam que a estrutura de cálculo
da taxa referencial não era suficiente para impedir sua utilização como
parâmetro de indexação da economia.

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Mesmo assim, naquela oportunidade, o STF entendeu que


a TR possuía natureza de taxa de juros e declarou inconstitucional o
artigo 18 da Lei nº 8.177/91, cujo texto original estabelecia que os saldos
devedores e as prestações dos contratos integrantes do SFH, passariam
a ser atualizados pela taxa aplicável à remuneração básica dos
Depósitos de Poupança. Vale a pena transcrever a ementa deste
julgado:
Ação direta de inconstitucionalidade.- Se a lei
alcançar os efeitos futuros de contratos celebrados
anteriormente a ela, será essa lei
retroativa (retroatividade mínima) porque vai
interferir na causa, que e um ato ou fato ocorrido
no passado.- O disposto no artigo 5, XXXVI, da
Constituição Federal se aplica a toda e qualquer
lei infraconstitucional, sem qualquer distinção
entre lei de direito público e lei de direito
privado, ou entre lei de ordem pública e lei
dispositiva. Precedente do S.T.F..- Ocorrência, no
caso, de violação de direito adquirido. A taxa
referencial (TR) não é índice de correção
monetária, pois, refletindo as variações do custo
primário da captação dos depósitos a prazo fixo,
não constitui índice que reflita a variação do
poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há
necessidade de se examinar a questão de saber se as
normas que alteram índice de correção monetária se
aplicam imediatamente, alcançando, pois, as
prestações futuras de contratos celebrados no
passado, sem violarem o disposto no
artigo 5, XXXVI, da Carta Magna.- Também ofendem o
ato jurídico perfeito os dispositivos impugnados
que alteram o critério de reajuste das prestações
nos contratos já celebrados pelo sistema do Plano
de Equivalência Salarial por Categoria Profissional
(PES/CP). Ação direta de inconstitucionalidade
julgada procedente, para declarar a
inconstitucionalidade dos artigos 18, "caput" e
parágrafos 1 e 4; 20; 21 e parágrafo único; 23 e
parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei
n. 8.177, de 1 de maio de 1991. (ADI 493, Relator
(a): Min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado em
25/06/1992, DJ 04-09-1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-
02 PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP-00724)

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Por algum tempo, o próprio STJ rejeitou a TR como índice


de correção monetária, tanto para a poupança, quanto para o SFH.
Neste sentido:
COMERCIAL. MÚTUO RURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA.
VINCULAÇÃO AO CRITÉRIO DE REAJUSTE DOS DEPÓSITOS EM
CADERNETA DE POUPANÇA. LICITUDE. SUBSTITUIÇÃO PELA
TR NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91. PREVISÃO
DE UTILIZAÇÃO DA OTN. INDEXADOR CONTRATUALMENTE
ELEITO. SUBSTITUIÇÃO EX LEGE PELA TR.
INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA. ADOÇÃO DO INPC.
PRECEDENTES.
I – NO CONTRATO DE MÚTUO RURAL É LÍCITO O PACTO DE
VINCULAÇÃO DA CORREÇÃO MONETÁRIA AO CRITÉRIO DE
ATUALIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS EM CADERNETA DE POUPANÇA,
RESULTANDO DEVIDA A INCIDÊNCIA DO MESMO INDEXADOR
NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91. (ART. 13 DA
LEI 8.177).
II – EM FACE DA POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
INADMITINDO A TR COMO FATOR DE ATUALIZAÇÃO
MONETÁRIA SUBSTITUTIVO DO BTN, A CORREÇÃO DOS
VALORES, CUJA FORMA DE REAJUSTE ESTAVA, POR LEI OU
CONTRATO, ATRELADA A VARIAÇÃO DO VALOR DE REFERIDO
TÍTULO DA DÍVIDA PÚBLICA, CUMPRE SEJA PROCEDIDA, A
PARTIR DA LEI 8.177/91, COM BASE NO INPC (REsp.
40.777/GO, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO
TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 13/11/1995, DJ
11/12/1995, p. 43225) (grifamos)
ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES E DO
SALDO DEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL
(PES) - INAPLICABILIDADE DA TR – ADIN 493-0/STF -
VANTAGENS PESSOAIS INCORPORADAS DEFINITIVAMENTE AO
SALÁRIO - INCLUSÃO NO CÁLCULO - DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA - RISTJ, ART. 255 E
PARÁGRAFOS - SÚMULA 13/STJ -
PRECEDENTES STJ.
- Nos contratos vinculados ao PES, o reajustamento
das prestações
deve obedecer à variação salarial dos mutuários, a
fim de preservar
a equação econômico-financeira do pactuado.
- As vantagens pessoais incorporadas,
definitivamente, ao salário ou
vencimento do mutuário, incluem-se na verificação
da equivalência
para fixação das parcelas.
- Declarada pelo STF a inconstitucionalidade da TR
como fator de

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correção monetária (ADIN 493-0), o reajustamento


do saldo devedor,
a exemplo das prestações mensais, também deve
obedecer ao Plano de Equivalência Salarial.
- Recurso conhecido e parcialmente provido.
(Resp 140.839/BA, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/11/1999, DJ
21/02/2000, p. 112) (grifamos)

SFH. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. REAJUSTE DAS


PRESTAÇÕES. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO.
NULIDADE DO ACÓRDÃO. INOCORRÊNCIA. VANTAGENS
PESSOAIS. INCLUSÃO. CORREÇÃO PELA TR.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
(...)
4. Inaplicável a TR como fator de correção
monetária Entendimento
consagrado nesta Corte na esteira de orientação
traçada pelo STF.
5. Recurso especial conhecido e parcialmente
provido.
(REsp 209.466/BA, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/08/2001, DJ
17/06/2002, p. 231) (grifamos)

Todavia, a Corte de Justiça, fazendo uma releitura do


voto do Ministro Moreira Alves do STF, mudou de entendimento, e
passou a adotar a constitucionalidade da TR como índice de correção
monetária, conforme demonstra o seguinte julgado:

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SALDO DEVEDOR.


ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TR.
1. Não é inconstitucional a correção monetária com
base na Taxa Referencial - TR. O que é
inconstitucional é sua aplicação retroativa. Foi
isso o que decidiu o STF da ADI 493/DF, Pleno, Min.
Moreira Alves, DJ de 04.09.1992, ao estabelecer o
âmbito de incidência da Lei 8.177, de 1991.
2. Aos contratos de mútuo habitacional firmados no
âmbito do SFH que prevejam a correção do saldo
devedor pela taxa básica aplicável aos depósitos da
poupança aplica-se a Taxa Referencial, por expressa
determinação legal. Precedentes da Corte Especial:
AGEREsp 725917 / DF, Min. Laurita Vaz, DJ
19.06.2006; DERESP 453600 / DF, Min. Aldir
Passarinho Junior, DJ 24.04.2006.

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3. Embargos de divergência a que se nega


provimento.
(EREsp 752.879/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO
ZAVASCKI, CORTE ESPECIAL, julgado em 19/12/2006, DJ
12/03/2007, p. 184) (grifamos)

Em relação ao FGTS, há até a súmula do STJ sobre a


aplicação da TR como índice de correção monetária. Neste sentido:

A Taxa Referencial (TR) é o índice aplicável, a


título de correção monetária, aos débitos com o
FGTS recolhidos pelo empregador mas não repassados
ao fundo. (Súmula 459, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
25/08/2010, DJe 08/09/2010)

Como dito alhures, aplicação de índice de correção


monetária se presta para recuperar o poder de compra do valor
emprestado. Este poder de compra é diretamente influenciado por um
processo inflacionário. O próprio STJ reconhece a influência da inflação
e da deflação na composição do índice de correção monetária, senão
vejamos:
PREVIDENCIÁRIO E ECONÔMICO. TÍTULO EXECUTIVO
JUDICIAL. DETERMINAÇÃO
DE CORREÇÃO MONETÁRIA PELO IGP-M. ÍNDICES DE
DEFLAÇÃO.
APLICABILIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA
IRREDUTIBILIDADE DOS VENCIMENTOS. NÃO OCORRÊNCIA.
PRESERVAÇÃO DO VALOR NOMINAL DA OBRIGAÇÃO.
PRECEDENTES.
1. "A correção monetária nada mais é do que um
mecanismo de manutenção do poder aquisitivo da
moeda, não devendo representar, consequentemente,
por si só, nem um plus nem um minus em sua
substância. Corrigir o valor nominal da obrigação
representa, portanto, manter, no tempo, o seu poder
de compra original, alterado pelas oscilações
inflacionárias positivas e negativas ocorridas no
período. Atualizar a obrigação levando em conta
apenas oscilações positivas importaria distorcer a
realidade econômica produzindo um resultado que não
representa a simples manutenção do primitivo poder
aquisitivo, mas um indevido acréscimo no valor
real. Nessa linha, estabelece o Manual de
Orientação de Procedimento de Cálculos aprovado
pelo Conselho da Justiça Federal que, não havendo
decisão judicial em contrário, "os índices

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negativos de correção monetária (deflação) serão


considerados no cálculo de atualização", com a
ressalva de que, se, no cálculo final, 'a
atualização implicar redução do principal, deve
prevalecer o valor nominal'" (Corte Especial, REsp
1.265.580/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe
18/4/12).
2. No precedente da Corte Especial, mencionado na
decisão agravada, ficou expressamente consignado
que se, na atualização da dívida, houver redução do
principal, deve prevalecer o valor nominal, em
respeito ao princípio da irredutibilidade de
vencimentos, previsto nos arts. 7º, VI e 37, XV, da
Constituição Federal.
3. A compreensão no sentido de que não há violação
ao princípio da irredutibilidade dos vencimentos,
quando preservado o valor nominal da obrigação,
encontra respaldo na jurisprudência do STF e do
STJ.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg nos EREsp 1252558/RS, Rel. Ministro SERGIO
KUKINA, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2013, DJe
21/03/2013)(grifos nossos)

Não podemos nos esquecer de que a cultura da


correção monetária está de tal forma arraigada ao nosso sistema
econômico, que o próprio Código Civil de 2002, traz diversos dispositivos
garantindo atualização monetária:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o


devedor por perdas e danos, mais juros e
atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.

Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que


sua mora der causa, mais juros, atualização dos
valores monetários segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de
advogado.

Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de


pagamento em dinheiro, serão pagas com atualização
monetária segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, abrangendo juros, custas e
honorários de advogado, sem prejuízo da pena
convencional.

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Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar


o contrato, poderá a outra tê-lo por desfeito,
retendo-as; se a inexecução for de quem recebeu as
arras, poderá quem as deu haver o contrato por
desfeito, e exigir sua devolução mais o
equivalente, com atualização monetária segundo
índices oficiais regularmente estabelecidos, juros
e honorários de advogado.

Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro


obriga à atualização monetária da indenização
devida segundo índices oficiais regularmente
estabelecidos, sem prejuízo dos juros moratórios.
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se
enriquecer à custa de outrem, será obrigado a
restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.

Este retrospecto da evolução legal e jurisprudencial a


respeito da aplicação da TR como índice de correção monetária se fez
necessário para que pudéssemos chegar ao núcleo do argumento
desta ação.

Hoje, no país, há dois tipos de índices de correção


monetária. Índices que refletem a inflação e, portanto, recuperam o
poder de compra do valor aplicado, como o IPCA e o INPC, e um
índice que não reflete a inflação, e consequentemente não recupera o
poder de compra do valor aplicado – a Taxa Referencial/TR.

Historicamente, é preciso lembrar que a Taxa Referencial


nunca foi igual à inflação. Nem quando experimentamos hiperinflação,
nem quando experimentamos deflação. Todavia, os índices da TR, do
INPC e do IPCA, sempre andaram próximos. Em outras palavras,
imperava a razoabilidade nos índices da TR para que pudessem atingir
a finalidade de correção do valor do capital.

ANO TR INPC IPCA


1991 335,51% 475,11% 472,69%
1992 1.156,22% 1.149,05% 1.119,09%
1993 2.474,73% 2.489,11% 2,477,15%
1994 951,19% 929,32% 916,43%
1995 31,6207% 21,98% 22,41%
1996 9,5551% 9,125% 9,56%
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Não obstante, o cenário começa a mudar a partir de


1999. A TR se distancia expressivamente do INPC e do IPCA, ao ponto
de hoje a inflação superar 6% ao ano e a TR ser igual a zero. Logo, ela
não se presta para o fim de manter o poder aquisitivo dos depósitos do
FGTS, que são um patrimônio do trabalhador.

O sentimento geral é que há muito tempo o FGTS é um


fundo iníquo por ele não ter recomposição inflacionária dos seus
recursos. Na verdade, o trabalhador não está financiando programas
de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, ele
está subsidiando.

Ao contrário de outros investimentos, o FGTS não é um


fundo de livre à disposição por parte do trabalhador, não podendo ele
decidir por vontade própria quais as aplicações que lhe são mais
convenientes ou rentáveis. O trabalhador tem que se submeter a
políticas econômicas e sociais que lhe são altamente prejudiciais.

Ora, mas a própria Lei do FGTS diz em seu artigo 2º que é


garantida a atualização monetária e juros. Quando a TR é igual a zero
este artigo é descumprido. Quando a TR é mínima e totalmente
desproporcional em relação à inflação, este artigo também é
descumprido e o patrimônio do trabalhador é subtraído por quem tem o
dever legal de administrá-lo.

Em um cenário de TR zero e inflação pública e notória,


estamos diante de uma situação de confisco. O Governo Federal,
através da Caixa Econômica Federal, está confiscando os rendimentos
dos trabalhadores, para subsidiar políticas públicas, sem a menor
possibilidade de ingerência destes trabalhadores.

Assim como em nosso Estado Democrático de Direito, a


Constituição veda que se utilize o tributo com efeito de confisco, o
trabalhador não pode ser punido com o confisco do que a própria
Caixa define em seu sítio eletrônico, como um patrimônio do
trabalhador, e definitivamente o é.

Quando se fala em patrimônio, imediatamente sobrevém


lição da Professora Maria Helena Diniz ao comentar o artigo 91 do Novo
Código Civil:
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Art. 91. Constitui universalidade de direito o


complexo de relações jurídicas de uma pessoa,
dotadas de valor econômico.
Universalidade de direito. É a constituída por bens
singulares corpóreos heterogêneos ou incorpóreos
(complexo de relações jurídicas), a que a norma
jurídica, com o intuito de produzir certos efeitos,
dá unidade, por serem dotados de valor econômico,
como p. ex., o patrimônio (...) O patrimônio e a
herança são considerados como um conjunto, ou seja,
como uma universalidade. Embora se constituam ou
não de bens materiais e de créditos, esses bens se
unificam numa expressão econômica, que é o valor. O
patrimônio é complexo de relações jurídicas de uma
pessoa apreciáveis economicamente. Incluem-se no
patrimônio: a posse, os direitos reais, as
obrigações e as ações correspondentes a tais
direitos. O patrimônio abrange direitos e deveres
redutíveis a dinheiro. (Código Civil Anotado, Ed.
Saraiva, pag. 100) (grifamos).

Levando em conta que a relação jurídica entre os


trabalhadores e a Caixa é de direito pessoal, o artigo 233 do Código
Civil se torna inafastável, na medida em que determina que a
obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios, ainda que não
mencionados.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange
os acessórios dela embora não mencionados, salvo
se o contrário resultar do título ou das
circunstâncias do caso.

Ora, acessórios de dinheiro são os juros e a correção


monetária.

E então voltamos à Taxa Referencial.

B) Da Manipulação da TR pelo Banco Central/CMN

Independentemente da discussão sobre sua natureza


jurídica, vamos aqui partir do pressuposto, assentado pela
jurisprudência, principalmente do STJ, que a TR é índice de correção
monetária.

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Tanto o artigo 1º da lei nº 8.177/91 quando o artigo 5º da


Lei nº 10.192/01 (que convolou a MP 1.053/95) atribuíram ao Banco
Central a regulamentação da metodologia de cálculo da TR, conforme
critério estabelecido na lei e a expedição das instruções necessárias ao
cumprimento do artigo que criou a TBF.

Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa


Referencial (TR), calculada a partir da remuneração
mensal média líquida de impostos, dos depósitos a
prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos
de investimentos, bancos múltiplos com carteira
comercial ou de investimentos, caixas econômicas,
ou dos títulos públicos federais, estaduais e
municipais, de acordo com metodologia a ser
aprovada pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo
de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do
Senado Federal. . (Lei nº 8177/91)
Artigo 5º Fica instituída Taxa Básica Financeira –
TBF, para ser utilizada exclusivamente como base de
remuneração de operações realizadas no mercado
financeiro, de prazo de duração igual ou superior a
sessenta dias.
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional
expedirá as instruções necessárias ao cumprimento
do disposto neste artigo, podendo inclusive,
ampliar o prazo mínimo previsto no caput. (Lei nº
10.192/01)

No mister de regulamentar a TR, o Banco Central/CMN


vem ao longo dos anos criando e reinventando fórmulas para encontrá-
la. Pelo menos desde a Resolução 2.075, de 26 de maio de 1994, há
fórmulas para encontrar a TR. Todavia, é com a instituição da Taxa
Básica Financeira, pela Medida Provisória 1.053/95, de 30 de junho de
1995, que a forma de cálculo da TR sofre uma expressiva reviravolta.

Desde a Resolução 2.437, de 30 de outubro de 1997, a TR


é calculada levando em conta a Taxa Básica Financeira e um Redutor.

A Resolução 3.354/06, hoje vigente sobre o assunto, diz o


seguinte:
Art. 1º Estabelecer que, para fins de cálculo da
Taxa Básica Financeira - TBF e da Taxa Referencial
- TR, de que tratam os arts. 1º da Lei 8.177, de
1º de março de 1991, 1º da Lei 8.660, de 28 de
maio de 1993, e 5º da Lei 10.192, de 14 de
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fevereiro de 2001, deve ser constituída amostra


das 30 maiores instituições financeiras do País,
assim consideradas em função do volume de
captação efetuado por meio de certificados e
recibos de depósito bancário (CDB/RDB), com prazo
de 30 a 35 dias corridos, inclusive, e remunerados
a taxas prefixadas, entre bancos múltiplos, bancos
comerciais, bancos de investimento e caixas
econômicas.
Art. 2º A TBF e a TR são calculadas a partir da
remuneração mensal média dos CDB/RDB emitidos a
taxas de mercado prefixadas, com prazo de 30 a 35
dias corridos, inclusive, com base em informações
prestadas pelas instituições integrantes da
amostra de que trata o art. 1º, na forma a ser
determinada pelo Banco Central do Brasil.
Art. 4º Para cada dia do mês - dia de referência -
, o Banco Central do Brasil deve calcular a TBF,
para o período de um mês, com início no próprio
dia de referência e término no dia correspondente
ao dia de referência no mês seguinte, considerada
a hipótese prevista no § 2º, inciso IV. (...)
Art. 5º Para cada TBF obtida, segundo a
metodologia descrita no art. 4º, deve ser
calculada a correspondente TR, pela aplicação de
um redutor "R", de acordo com a seguinte fórmula:
TR = max {0,100 {[ (1 + TBF/100) / R ] - 1}} (em
%).
§ 1º O valor do redutor 'R' deve ser calculado
para todos os dias, inclusive não-úteis, de acordo
com a seguinte fórmula:
R = (a + b . TBF/100), onde:Resolução nº 3354, de
31 de março de 2006.
TBF = TBF relativa ao dia de referência;
a = 1,005;
b = valor determinado de acordo com a tabela
abaixo, em função da TBF obtida, segundo a
metodologia descrita no art. 4º, em termos
percentuais ao ano:
TBF (% a.a.) b
TBF maior que 16 0,48
TBF menor ou igual a 16 e maior que 15 0,44
TBF menor ou igual a 15 e maior que 14 0,40
TBF menor ou igual a 14 e maior que 13 0,36
TBF menor ou igual a 13 e maior ou igual a 11 0,32
Redação dada pela Resolução 3.446, de 05/03/2007.
§ 2º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a
determinar o valor do parâmetro "b" no caso de a
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TBF obtida ser inferior a 11% a.a. (onze por cento


ao ano).

O peculiar nesta determinação do Banco Central/CMN,


que de resto se repete desde 1997, é que a TBF e TR são exatamente
iguais em sua gênese até o momento em que se determina que se
aplique um redutor à TBF para se chegar à TR.

Não há na Lei da TR previsão de aplicação de redutor,


assim como não há na Lei que criou a TBF. Todavia, causa estranheza
que diante de um comando aberto como o do art. 5º da MP nº 1.503/95
(Lei nº 10.192/01), o Banco Central/CMN, com amplos poderes para
regulamentar o assunto, não tenha instituído um redutor, mas o tenha
feito ao regulamentar o artigo 1º da lei nº 8.177/91, que não era tão
flexível.

O Economista César Roberto Buzin explica o quê o Banco


Central/CMN está fazendo com a TR, neste trecho do Parecer
Econômico que se junta a esta inicial.

Objeto de discussão é a utilização da TR como


índice de correção monetária, que apesar de não ter
sido criada como um índice de indexação monetária,
vem sendo utilizada para tal finalidade na correção
dos valores aplicados à caderneta de poupança e
outras aplicações como os depósitos do FGTS,
dinheiro pertencente aos trabalhadores, porém, com
gestão de terceiros.
A posição adotada pelo Superior Tribunal de
Justiça, em agosto de 2010, a respeito da
utilização da TR como índice de correção monetária
foi sacramentada por meio da criação da Súmula 454,
com a seguinte redação: “Pactuada a correção
monetária nos contrato do SFH pelo mesmo índice
aplicável à caderneta de poupança, incide a Taxa
Referencial (TR) a partir da vigência da Lei
8.177/91”.
A TR é calculada a partir da Taxa Básica Financeira
(TBF), uma média de taxas de juros pagas nas
aplicações em certificados de depósitos bancários
(CDB) emitidas pelas 30 maiores instituições
financeiras.
Para calcular o valor da TR, é preciso aplicar um
redutor sobre a TBF, que depende de dois
parâmetros, chamados de “a” e “b”. O parâmetro “a”
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é o fator de 1,005, equivalente à remuneração da


caderneta antiga, ou seja, 0,5% ao mês, ou 6,17% ao
ano de juros remuneratório. Enquanto que o “b” é um
decimal menor do que 1, arbitrado pelo BACEN e que
varia de acordo com o nível de taxa de juros básica
da economia, divulgada após as reuniões do Comitê
de Política Monetária do BC (Copom).
Para calcular o redutor (R) o parâmetro “b” é
multiplicado pelo valor da TBF e somado ao
parâmetro “a”, ou seja,
R= a + b x TBF
TR= 1+TBF – 1
A fórmula significa que os novos depósitos
realizados nas contas de depósitos de poupança
tenham como remuneração adicional (TR): (i) 0,5% a.
m. enquanto a meta da taxa SELC, taxa básica de
juros, definida pelo BACEN, estiver acima de 8,5%
a.a e (ii) 70% da meta da taxa SELIC, mensalizada,
vigente na data do início do período de rendimento.
No nível atual de taxa de juros decrescente de uma
economia estabilizada e num cenário para os
próximos anos, de juros baixos, a TR permanecerá
por um longo período indeterminado como zero.

Na esteira do que foi deduzido no Parecer, um quadro


comparativo entre os percentuais da TR, INPC e IPCA, desde 1997, os
depósitos nas contas vinculadas do FGTS dos trabalhadores estão
perdendo poder de compra, notadamente a partir de 1999.

ANO TR INPC IPCA


1997 9,7849% 4,34% 5,22%
1998 7,7938% 2,49% 1,65%
1999 5,7295% 8,43% 8,94%
2000 2,0962% 5,27% 5,97%
2001 2,2852% 9,44% 7,67%
2002 2,8023% 14,74% 12,53%
2003 4,6485% 10,38% 9,30%
2004 1,8184% 6,13% 7,60%
2005 2,8335% 5,05% 5,69%
2006 2,0377% 2,81% 3,14%
2007 1,4452% 5,15% 4,46%
2008 1,6348% 6,48% 5,90%
2009 0,7090% 4,11% 4,31%
2010 0,6887% 6,46% 5,91%
2011 1,2079% 6,07% 6,50%
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2012 0,2897% 6,17% 5,84%


2013 (até março) 0,00% 2,05% 1,94%

Excelência, hoje, o trabalhador que tem seu dinheiro


aplicado no FGTS, e de lá não pode retirá-lo para outro investimento,
está sendo remunerado com 0,247% de juros ao mês e mais nada. Não
há nem correção monetária nem Taxa Referencial
(independentemente da sua natureza jurídica), em flagrante ofensa ao
artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que impõe a correção monetária dos
valores depositados pelo empregador.

Ainda que se argumente que a aplicação do Redutor


pelo Banco Central/CMN seja legal, sua redução a zero em um cenário
de inflação superior a 6% ao ano, configura flagrante afronta ao artigo
2º da Lei nº 8.036/90, que determina a atualização monetária, bem
como ao artigo 233 do Código Civil, quando sonega os acessórios da
obrigação de dar.

Mas é necessário ir mais além e revisitar o entendimento


jurisprudencial sobre a TR como índice de correção monetária, máxime
a partir da instituição de um redutor que tem por efeito zerar o índice da
TR em um ambiente de inflação.

O quadro comparativo mostra que a TR não se presta


como atualizador monetário do FGTS, pelo menos desde janeiro de
1999. Desde o momento em que o Banco Central/CMN estabeleceu um
redutor para a TR, ela deixou de ser um índice confiável para atualizar
monetariamente as contas do FGTS, porque se descola dos índices de
inflação, sendo reduzido ano a ano. A finalidade da correção
monetária é manter o poder de compra do capital, e esta finalidade
nem de perto vem sendo alcançada pela TR. A anulação total da TR é
só o desfecho desta política predatória para o trabalhador.

O trabalhador, que luta para formar um patrimônio, tem


que poder confiar na lei. Esta confiança está quebrada.

Há a nítida expropriação do patrimônio do trabalhador,


na medida em que se nega a ele a devida atualização monetária.
Como dito no estudo acostado à inicial:

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A atualização monetária é o elemento mais


importante do mercado financeiro, pois sem a
medição precisa da perda do poder aquisitivo da
moeda com o decorrer do tempo, ocorre uma
gigantesca destruição de valor. O objetivo
fundamental de escolha de um índice de atualização
nos ativos (negócios, contratos, aplicações e etc)
é de proteger o patrimônio, evitando que ele seja
corroído pela inflação.

O Poder Judiciário há de se opor a este esbulho, confisco,


expropriação que o trabalhador está sofrendo, desde janeiro de 1999,
com as constantes reduções da TR em relação aos índices de inflação,
culminando na sua completa nulidade, ininterruptamente, desde
setembro de 2012.

Em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-0/DF, ele


deixou bem assentado que a TR não constituía índice que refletia a
variação do poder aquisitivo da moeda. Esta característica da TR tem
se confirmado ao longo dos anos. A sua aplicação aos saldos dos
depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do
patrimônio do trabalhador. Há anos, os trabalhadores que tem
depósitos no FGTS não experimentam ganhos reais em sua aplicação.
Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores tem rendimentos
inferiores à inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros
de 3% ao ano.

O que torna a TR um índice inidôneo é a intensa


ingerência do Banco Central/CMN na sua formulação. Como explica o
Economista César Buzim:

A TR deveria servir como referência para os juros


vigentes no Brasil, sendo divulgada mensalmente, a
fim de evitar que a taxa de juros no mês corrente
refletisse a inflação do mês anterior, apesar das
suas características, foi usada como índice
econômico de correção monetária (...)
A mudança no comportamento da TR não se deve
somente a oscilações da economia, mas também à
sistemática apuratória desse índice. Inicialmente,
ficou estabelecido que o BACEN efetuaria o cálculo
da TR a partir da remuneração mensal média dos
certificados e recibos de depósito bancário
(CDB/RDB) emitidos por uma amostra de instituições

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financeiras, levando em conta a taxa média de


remuneração dos CDB/RDB´s e um redutor fixado por
resolução do CMN.
Como consequência da atuação do BACEN, a taxa
referencial deixou de refletir o índice
inflacionário a partir de 1999.
(...)
O prejuízo causado aos trabalhadores devido à
aplicação da TR como índice de correção monetária é
tamanho que quando analisado o fator de correção
acumulado do FGTS visualiza-se que a rentabilidade
desse fundo não supera os índices inflacionários
desde 2002, rendendo menos que a inflação a partir
de 2007, apesar da aplicação de juros de 3% a.a.
Diante do exposto, podemos afirmar que a TR não
repõe mais as perdas inflacionárias, o que afeta
consideravelmente os poupadores, bem como os
trabalhadores que possuem o FGTS. (...)
Com base nas normas Resolução CMN nº 2.437, de
30.10.98, Resolução CMN nº 2.604, de 23.04.99.
resolução CMN nº 2.809, de 21.12.00, Resolução CMN
nº 3.354 de 31.03.2006, Resolução CMN nº 3.446 de
05.03.2007 e Circular nº 3.356 de 11.07.2007, que
estabeleceram no decorrer dos anos a forma de
cálculo da TR, bem como nas informações
disponibilizadas pelo BACEN foi construída planilha
demonstrando a evolução do fator de ponderação “b”,
elemento essencial para o cálculo do redutor da TR.
As primeiras mudanças significativas da TR
ocorreram através das Resoluções CMN nº 2.387/97 e
nº 2.437/97 que estabeleceram a fórmula de cálculo
do redutor da TR com duas novas variáveis, ambas
definidas pelo BACEN, quais sejam: a constante “a”
e o fator de ponderação “b”.
A partir da Resolução CMN nº 2.809/2000, o BACEN
passou a determinar o fator “b”, sem critério
técnico conhecido, a partir de certo patamar,
conforme visualizado na tabela abaixo:
MS – é a meta para a taxa SELIC em (% a.a)
MS “b”
MS > 16 0,48
16 >= MS >15 0,44
15 >= MS >14 0,40
14 >= MS >13 0,36
13 >= MS >12 0,32
12 >= MS >11 0,28
11 >= MS >10 0,24
10
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Abaixo de 10 fator “b” determinado pelo BACEN


Essa discricionariedade do BACEN na valoração do
fator “b”, acolhida pelas circulares e resoluções
posteriores, impactou o cálculo do Redutor da TR.

De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse


determinado ao Banco Central/CMN que recalculasse a TR, pois uma
nova fórmula estaria igualmente sob a discricionariedade e subjetivismo
total do Banco. Basta avaliar a sucessão de resoluções do Banco
Central/CMN sobre o tema, conforme Parecer do referido Economista.

Partindo da premissa inequívoca de que a TR não repõe


as perdas monetárias dos depósitos do FGTS, outro caminho não existe
se não o de adotar um novo índice que verdadeiramente corrija estes
depósitos.

C) Dos Índices que efetivamente produzem correção monetária

A Lei de Introdução às Normas do direito Brasileiro


estabelece em seu artigo 5º que na aplicação da lei, o juiz atenderá
aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.

A Lei do FGTS tem um fim social indiscutível, proteger o


trabalhador e constituir um patrimônio que lhe sirva de arrimo em várias
situações de sua vida.

Diante de tudo que foi demonstrado, o juiz atenderá aos


fins sociais da Lei do FGTS ao reconhecer que correção monetária,
reposição dos índices inflacionários de forma a garantir o poder de
compra daquele dinheiro ali depositado no Fundo, é efetivamente
devida pela Caixa.

Se a TR não pode ser considerada um índice idôneo,


sobrevém a necessidade de substituí-la por um índice que realmente
reponha as perdas monetárias. E então, nada obsta que o juiz considere
índices previsto em outra legislação.

Até por uma questão de equidade, o melhor índice que


pode substituir a TR é o índice que corrige monetariamente o salários
dos trabalhadores e os benefícios previdenciários. Este índice está

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previsto na Lei 12.382 de 25 de fevereiro de 2011, cujos primeiros artigos


trazem a seguinte dicção:

Art. 1o O salário mínimo passa a corresponder ao


valor de R$ 545,00 (quinhentos e quarenta e cinco
reais).
Parágrafo único. Em virtude do disposto no caput,
o valor diário do salário mínimo corresponderá a R$
18,17 (dezoito reais e dezessete centavos) e o
valor horário, a R$ 2,48 (dois reais e quarenta e
oito centavos).
Art. 2o Ficam estabelecidas as diretrizes para a
política de valorização do salário mínimo a vigorar
entre 2012 e 2015, inclusive, a serem aplicadas em
1o de janeiro do respectivo ano.
§ 1o Os reajustes para a preservação do poder
aquisitivo do salário mínimo corresponderão à
variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor
- INPC, calculado e divulgado pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE, acumulada nos doze meses anteriores ao mês do
reajuste.
§ 2o Na hipótese de não divulgação do INPC
referente a um ou mais meses compreendidos no
período do cálculo até o último dia útil
imediatamente anterior à vigência do reajuste, o
Poder Executivo estimará os índices dos meses não
disponíveis.
§ 3o Verificada a hipótese de que trata o § 2o, os
índices estimados permanecerão válidos para os fins
desta Lei, sem qualquer revisão, sendo os eventuais
resíduos compensados no reajuste subsequente, sem
retroatividade.
§ 4o A título de aumento real, serão aplicados os
seguintes percentuais:
I - em 2012, será aplicado o percentual equivalente
à taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto
- PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2010;
II - em 2013, será aplicado o percentual
equivalente à taxa de crescimento real do PIB,
apurada pelo IBGE, para o ano de 2011;
III - em 2014, será aplicado o percentual
equivalente à taxa de crescimento real do PIB,
apurada pelo IBGE, para o ano de 2012; e
IV - em 2015, será aplicado o percentual
equivalente à taxa de crescimento real do PIB,
apurada pelo IBGE, para o ano de 2013.

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§ 5o Para fins do disposto no § 4o, será utilizada


a taxa de crescimento real do PIB para o ano de
referência, divulgada pelo IBGE até o último dia
útil do ano imediatamente anterior ao de aplicação
do respectivo aumento real.

Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o


salário mínimo é corrigido monetariamente pelo INPC, o depósito do
FGTS que, em últimas análise, é um salário indireto do trabalhador,
também há de sê-lo.

E observe que o objetivo da Lei em corrigir o salário


mínimo pelo INPC decorre exclusivamente da necessidade de preservar
seu poder aquisitivo. A necessidade de preservar o poder aquisitivo é
um constante em todas as transações financeiras, e ela só aperfeiçoa
quando repõe efetivamente as perdas inflacionárias.

Outro índice que se mostra aplicável, na hipótese deste


douto Juízo entender que não se aplicaria o INPC, é o IPCA, índice
oficial do Governo Federal para medição das metas inflacionárias,
contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999 (informação obtida no
Portal Brasil (WWW.portalbrasil.net).

Ambos os índices são infinitamente mais adequados a


preservar o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS do que a aniquilada
TR.

IV - DO PREQUESTIONAMENTO PARA EVENTUAL INTERPOSIÇÃO DE


RECURSO ESPECIAL OU RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Inicialmente é importante retratar que o tema em debate


cuida de matéria de ordem pública, a qual ultrapassa a esfera
individual do cidadão atingindo toda a ordem social quer seja jurídica,
quer seja em âmbito político-social afetando, dessa forma, toda a
parcela da sociedade comprometida com o bem comum.

Sublinha-se que a matéria ora ventilada, afronta de


pronto preceitos Constitucionais que violam os Direitos Garantia de
todos os trabalhadores que possuem conta vinculada do FGTS.

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Assim, há repercussão geral na presente ação, frente ao


Estado Democrático de Direito, compromissário e dirigente que tem
como postulado a segurança jurídica.

No mais, com efeito, o tema apresenta relevância do


ponto de vista jurídico, uma vez que a definição sobe a
constitucionalidade dessa exação norteará o julgamento de inúmeros
processos similares, que tramitam neste e nos demais tribunais brasileiros.
Além de fixar a interpretação da Corte sobre os dispositivos
constitucionais suscitados no feito.

Nesse contexto, em breve síntese, a aplicação da T.R


como índice de correção monetária do FGTS, encontraria respaldo em
dois artigos da Lei nº 8.036/90, art. 2º e art. 13.

Assim, entendemos, data venia, que há uma


obrigatoriedade de correção monetária e de remuneração por meio
de juros dos depósitos efetuados nas contas vinculadas do FGTS, senão
vejamos:
Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que
se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser
aplicados com atualização monetária e juros, de modo a assegurar
a cobertura de suas obrigações.
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão
corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para
atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização
juros de (três) por cento ao ano.

Todavia, a realização de interpretação ou decisão


diversa, no sentido que as contas vinculadas do FGTS devem ser
corrigidas pela TR, por força do citado artigo 13, viria a ferir vários
preceitos constitucionais.

Nesse sentido, referido artigo 13, desobedeceria os limites


materiais de inúmeros fundamentos e princípios constitucionais, como o
Estado Democrático de Direito, atentando contra a Dignidade da
pessoa Humana (art. 1º e inciso III, da CF), bem como os princípios da
igualdade, segurança jurídica (art. 5º, caput, da CF), da proteção ao
direito de propriedade, direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e
moralidade (art. 37 da CF).

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Nessa mesma linha, recentemente o Supremo Tribunal


Federal decidiu pela inconstitucionalidade da utilização da Taxa
Referencial - TR - como índice de correção monetária para o
pagamento dos chamados precatórios (ADI nº 4357) reafirmando
entendimento anteriormente adotado por aquela Corte na ADI nº 493.
Essa decisão tem desdobramentos que vão além do processo no qual
foi tomada. Isso porque a Lei nº 8.036/90 que estabelece as bases do
Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS – também prevê a
aplicação de correção monetária e há muito tempo é utilizado o
referido índice (TR) para corrigir referido fundo, o mesmo agora
considerado inconstitucional para este fim pelo STF.

Assim, a parte autora há por bem PREQUESTIONAR a


matéria, para efeito de eventual interposição de Recurso Especial e/ou
Extraordinário, conforme fundamentos que passa a expor:

Inicialmente devemos nos recordar que a dignidade da


pessoa humana é valor constitucional supremo que agrega em torno
de si a unanimidade dos demais direitos e garantias fundamentais do
homem, envolvendo-se tanto em relação aos direito à vida como,
também, aos direitos pessoais tradicionais, os direitos sociais,
econômicos, e as liberdades públicas em geral.

Em verdade quando o texto constitucional proclama a


dignidade da pessoa humana está corroborando um imperativo de
justiça social, e consigna, acima de tudo, um sobreprincípio (é o caso
dos diretos fundamentais).

Nesse sentido, em relação ao caso concreto, é


necessário aprofundarmos um pouco mais nas consequências que esta
subtração de recursos do patrimônio do trabalhador traz a todos,
individual e coletivamente.

É de conhecimento geral que o Sistema Financeiro de


Habitação dispõe dos recursos do FGTS para financiar o maior sonho de
todo brasileiro – casa própria. Também é de conhecimento geral que a
Caixa Econômica Federal é o Banco que mais se utiliza destes recursos
do SFH para financiar, emprestar dinheiro para os brasileiros comprarem
a casa própria.

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E, embora em princípio, não haja correlação entre o


trabalhador que tem depósitos no FGTS que são emprestados para
financiar a casa própria, e aquele que se vale do empréstimo do SFH
para adquirir sua casa própria, em algum momento, trabalhador e
mutuário são a mesma pessoa.

E neste contexto de mutuário e trabalhador serem a


mesma pessoa é que se evidencia a maior sordidez da história recente
deste País.

Já seria reprovável o fato de a Caixa pegar um dinheiro a


juros baixos e sem nenhuma correção e emprestá-lo a juros muito altos,
mesmo sem correção (uma vez que a TR corrige prestações do SFH),
evidencia que a instituição bancária leva imensa vantagem nesta
negociação.

Mas a situação piora consideravelmente quando, a


Caixa pega dinheiro a juros baixos, sem nenhuma correção para o
trabalhador, e empresta para ele mesmo.

Suponhamos que um trabalhador queira adquirir uma


casa própria utilizando recursos do seu FGTS. Ele encontra o imóvel, mas
verifica que seus recursos não são suficiente para adquiri-lo. Então ele se
dirige a um Banco para financiar a diferença, comprometendo sua
renda por muitos anos.

A maioria dos trabalhadores brasileiros, quando quer


adquirir um imóvel, dirige-se à Caixa Econômica Federal.

Todavia, se o depósito do FGTS tivesse sido devidamente


corrigido, se ele mantivesse seu poder de compra, ou o empréstimo
seria menor ou sequer haveria necessidade de o trabalhador
comprometer sua renda e anos de trabalho para adquirir aquilo que é
o nosso sonho mais primário, nossa necessidade mais rela como
indivíduo e como povo brasileiro.

A Caixa está emprestando para o trabalhador aquilo que


ela deixou de pagar a ele a título de correção monetária na sua conta
de FGTS.

O Trabalhador Brasileiro não merece isto!


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A Caixa vale-se da fragilidade humana para colocar-se


como realizadora de sonhos, ao mesmo tempo em que, ano após ano,
aufere lucros exorbitantes às custas do trabalhador.

Ainda em relação aos dispositivos constitucionais


violados, apontamos a violação ao direito de propriedade (art. 5º, XXII
da CF) .

O direito de propriedade decorre da própria lei natural.


Por isso, é uma exigência da natureza intelectual do homem. Enquanto
os irracionais se contentam com a satisfação de suas necessidades
imediatas, o homem pode prever o seu futuro. Assim, para subsistir hoje
e no tempo futuro, precisa apropriar-se de bens naturais, de consumo,
bens fungíveis e, também, de produção.

A propriedade é a expressão da pessoa humana. É fruto


do seu trabalho ou do de seus antepassados. É o espelho do indivíduo,
que precisa de um aconchego preservado pela privacidade, onde
pode ser ele mesmo, cercado dos sinais que identificam o seu eu. Ela
estimula o trabalho, sendo o homem atraído espontaneamente pela
perspectiva da recompensa direta e pessoal de seus esforços.

Finalmente, a propriedade é penhor de uma sociedade


articulada ou organizada, ao contrário da meramente coletiva, que
tem por consequência uma sociedade massificada, sem diversificação
nem liberdade. Ela defende os cidadãos contra a concentração de
todos os poderes nas mãos do Estado, garantindo a liberdade dos
indivíduos e sua independência em relação ao poder.

Nesse sentido: "A propriedade faz parte da natureza do


homem e da natureza das coisas. Como o trabalho, ela encerra um
mistério – é a projeção da personalidade humana sobre as coisas. A
pessoa tende à propriedade por um impulso instintivo, do mesmo modo
que a nossa natureza animal tende ao alimento. O apetite da
propriedade é tão natural à nossa espécie como a fome e a sede;
apenas é de notar que estes são apetites da nossa natureza inferior, ao
passo que aquele procede da nossa natureza superior. Todo o homem
tem alma de proprietário, mesmo os que se julgam seus inimigos. É isto
que se entende quando se afirma que a propriedade decorre do direito
natural" (R.G. Renard, L’Église et la Question Sociale, p. 137 et seq.).
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Partindo das premissas acima, em 1991 e 1992, quando o


STF julgou a ADI 493-0/DF, ele deixou bem assentado que a TR não
constituía índice que refletia a variação do poder aquisitivo da moeda.
Esta característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua
aplicação aos saldos dos depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca
destruição de valor” do patrimônio do trabalhador. Há anos, os
trabalhadores que tem depósitos no FGTS não experimentam ganhos
reais em sua aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores
tem rendimentos inferiores à inflação, mesmo levando em conta a
remuneração dos juros de 3% ao ano.

O que torna a TR um índice inidôneo é a intensa


ingerência do Banco Central/CMN na sua formulação.

De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse


determinado ao Banco Central/CMN que recalculasse a TR, pois uma
nova fórmula estaria igualmente sob a discricionariedade e subjetivismo
total do Banco. Basta avaliar a sucessão de resoluções do Banco
Central/CMN sobre o tema, conforme Parecer do referido Economista.

Partindo da premissa inequívoca de que a TR não repõe


as perdas monetárias dos depósitos do FGTS - verifica-se de forma
incontestável a destruição de valor ”do patrimônio do trabalhador.,
outro caminho não existe se não o de adotar um novo índice que
verdadeiramente corrija estes depósitos.

Como se sabe, o índice de remuneração básico da


poupança é a Taxa Referencial – TR, índice controlado pelo Estado, e
utilizado como instrumento de controle da economia – vide os
sucessivos índices mensais zerados, a fim de controle de aporte de
capital nas poupanças. Tanto a TR não se presta como índice de
correção monetária, que o STF já decidiu nesse sentido: ‘A taxa
referencial (TR) não é índice de correção monetária (...) não constitui
índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda’ (ADI 493-
0/DF, Relator Min. Moreira Alves, Plenário, DJ 4.9.1992).

Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão (art. 13 da lei


8.036/90) não poderá ser tolerado pelo Judiciário.

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Logo, declarada a inconstitucionalidade ao índice


aplicado ao precatório pago nos autos, deve ser tomado como vigente
e aplicado ao caso concreto - atribuindo-se outro índice de correção,
como retratado nos pedidos da presente ação.

A ofensa ao art. 5º, caput, da CF, na vertente da


segurança jurídica das relações com a Caixa Econômica Federal,
verifica-se, notadamente após o reconhecimento pelo SFT que a TR não
se presta como índice de correção monetária, nesse sentido: ‘A taxa
referencial (TR) não é índice de correção monetária (...) não constitui
índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda’ (ADI 493-
0/DF, Relator Min. Moreira Alves, Plenário, DJ 4.9.1992).

Logo, como citado, resta clara a violação aos arts. 1º,


inc. III, 5º, caput e incs. XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição da
República.

Frise-se, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL já decidiu que


envolve questão constitucional a discussão a respeito da aplicação ou
não, nas contas vinculadas do FGTS, de índices de correção monetária
expurgados em decorrência de planos de estabilização da economia.

Com efeito, no dia 31-08-2000, em Sessão Plenária, o STF


ao apreciar o RE- n. 226855-RS consolidou entendimento de que a
decisão judicial que decreta a procedência de pedido de pagamento
de índices de correção monetária, sob a alegação de direito adquirido,
trata de questão constitucional, pois está fundamentada na
Constituição Federal (art. 5º, XXXVI).

Ou seja, ao apreciar pedido de aplicação de índices de


correção monetária extralegais, a decisão judicial está,
obrigatoriamente, posicionando-se quanto à existência ou não de
direito adquirido.

Pois bem, nos casos em que se pleiteiam a aplicação


nas suas contas vinculadas do FGTS, de índices de correção monetária
com discussão de previsão em leis vigentes - tratamos de análise de
direito adquirido.

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A concessão ou não do pedido depende então da


apreciação, pelo juiz da causa, da existência ou não de direito
adquirido aos índices de correção monetária.

Logo, caso o entendimento seja no sentido que não há


aplicação de direito adquirido ao índice de correção/atualização
monetária (TR) - torna-se possível a interpretação no sentido de
aplicação do índice que realmente cumpra o disposto no art.2º da lei nº
nº 8.036/90.

Assim, a parte autora requer, desde já, que este MM. Juiz
Federal " a quo" manifeste-se em sua r. sentença sobre a ofensa aos
dispositivos constitucionais citados.

Portanto, resta PREQUESTIONADA a matéria pugnando


pela PROCEDÊNCIA DO PREQUESTIONAMENTO suscitado, requerendo ao
Excelentíssimo JUIZ FEDERAL que se pronuncie de forma objetiva,
explícita e fundamentada sobre o assunto.

V- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

No que tange a possibilidade de condenação da


requerida em honorários advocatícios, o STF reiterou o entendimento de
que cabe a cobrança de honorários advocatícios nas ações entre o
FGTS e os titulares das contas vinculadas. A decisão foi tomada por
unanimidade no julgamento do RExt 581.160, com repercussão geral
reconhecida, interposto contra acórdão do TRF da 1ª região.

Segundo o relator, ministro Ricardo Lewandowski, o


acórdão recorrido julgou constitucional o artigo 29-C da lei 8.036/90,
inserido pela MP 2.164/01, que veda a condenação em honorários
advocatícios nas ações entre o FGTS e os titulares das contas
vinculadas.

Ocorre que o STF já declarou o artigo inconstitucional no


julgamento da ADIn 2.736, em que foi relator o ministro Cezar Peluso,
que excluiu o artigo 29-C da lei 8.036 do ordenamento legal. "Entendo
que o RExt deve ter o mesmo destino da ADIn, de modo que dou
provimento ao pedido", concluiu o ministro.

Nesse sentido:
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Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO


GERAL RECONHECIDA. CONSTITUCIONAL. ART. 9º DA MP
2.164-41/2001. INTRODUÇÃO DO ART. 29-C NA LEI
8.036/1990. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA.
AÇÕES ENVOLVENDO O FGTS E TITULARES DE CONTAS
VINCULADAS. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA NA ADI
2.736/DF. RECURSO PROVIDO. I - O Supremo Tribunal
Federal, no julgamento da ADI 2.736/DF, Rel. Min.
Cezar Peluso, declarou a inconstitucionalidade do
art. 9º da MP 2.164-41/2001, na parte em que
introduziu o art. 29-C na lei 8.036/1990, que
vedava a condenação em honorários advocatícios “nas
ações entre o FGTS e os titulares de contas
vinculadas, bem como naquelas em que figuram os
respectivos representantes ou substitutos
processuais”. II - Os mesmos argumentos devem ser
aplicados à solução do litígio de que trata o
presente recurso. III - Recurso extraordinário
conhecido e provido.( RE 581160 / MG - MINAS GERAIS
. PROCESSO ELETRÔNICO. Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO.
Julgamento: 20/06/2012 . Órgão Julgador: Tribunal
Pleno.DJe-166 DIVULG 22-08-2012 PUBLIC 23-08-2012-
Tema 116 - Direito a honorários advocatícios nas
ações que visam obter expurgos inflacionários de
FGTS.- Acórdãos citados: ADI 162 MC, ADI 525 MC,
ADI 1647, ADI 1753 MC,ADI 2213 MC, ADI 2736.)

VI – CONCLUSÕES

A Taxa Referencial, enquanto índice de correção


monetária assim considerada pela atual jurisprudência pátria, não pode
ser reduzida a Zero, como tem sido nos últimos meses, pois afronta
flagrantemente o artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que garante atualização
monetária aos depósitos feitos no FGTS.

Como índice de correção monetária, a TR deveria


garantir o poder aquisitivo dos depósitos do FGTS, que se perfaz levando
em conta os índices de inflação. Desde janeiro de 1999, a TR se
distanciou sensivelmente dos índices oficiais de inflação, impingindo
profundas perdas aos depósitos do FGTS, tornando-se inidônea para
garantir a reposição de perdas monetárias.

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A inidoneidade da TR como índice de correção


monetária decorre de mudanças introduzidas na sua metodologia de
cálculo pelo Banco Central do Brasil/CMN que, através do mecanismo
econômico de um redutor, vem nitidamente manipulando o índice
para que ele se desprenda da inflação até anulá-la completamente, a
despeito de um quadro de inflação persistente no País.

A Caixa Econômica Federal está se prestando ao papel


de espoliador do FGTS, na medida em que dispõe do patrimônio do
trabalhador sem a devida contraprestação. A correção monetária
aplicada ao FGTS tem sido há muito tempo menor que a inflação
registrada, de forma que descumpre não só o artigo 2º da lei nº
8.036/90, artigo 233 do Código Civil, mas também toda a lógica e
princípios do mercado econômico.

Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e


a totalidade da correção monetária. O trabalhador não pode ser
obrigado a subsidiar ainda mais os projetos do Governo Federal. O
“ainda mais” decorre do fato de os juros de 3% do FGTS serem os
menores do mercado, o quê, por si só, demonstra que ele já está
fazendo sua parte sob a perspectiva social.

Negar o direito de correção monetária aos depósitos do


FGTS, Fundo do qual o trabalhador não pode simplesmente sacar seu
dinheiro para aplicar em outro fundo mais rentável, configura ato de
tirania, incompatível com um Estado Democrático de Direito e deve ser
de pronto rechaçado.

Se o Governo Brasileiro remunerasse os investidores


internacionais com TR mais 3% a.a, como faz com os trabalhadores,
haveria um fuga em massa dos investimentos no País, e certamente
estaríamos experimentando uma tsunami econômica e não uma
simples “marolinha”.

Sendo a TR índice inidôneo para restabelecer o poder


aquisitivo dos depósitos do FGTS, sua substituição por outro índice que
melhor recomponha as perdas monetárias se torna imperioso, a fim de
fazer prevalecer o artigo 2º da lei nº 8.036/90 e artigo 233 do Código
Civil.

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Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo


Banco Central/CMN promoveu o completo distanciamento da TR dos
índices oficiais de inflação, temos que desde então ela perdeu sua
condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do FGTS,
devendo desde esta data ser substituída pelo INPC, alternativamente,
pelo IPCA.

VII – DOS PEDIDOS


Antes o exposto, o Autor requer:

a) A citação da requerida, para querendo contestar a presente ação.

b) Ao final, a condenação da Caixa para:

b.1) pagar, a favor do (s) Autor (es) o valor correspondente às diferenças de


FGTS em razão da aplicação da correção monetária pelo INPC nos meses em
que a TR foi zero, nas parcelas vencidas e vincendas; e

b.2) pagar, a favor do (s) Autor (es) o valor correspondente às diferenças de


FGTS em razão da aplicação da correção monetária pelo INPC, desde Janeiro
de 1999, nos meses em que a TR não foi zero, mas foi menor que a inflação do
período; ou

b.3) pagar, a favor do (s) Autor (es) o valor correspondente às diferenças de


FGTS em razão da aplicação da correção monetária pelo IPCA nos meses em
que a TR foi zero; e

b.4) pagar, a favor do (s) Autor (es) o valor correspondente às diferenças de


FGTS em razão da aplicação da correção monetária pelo IPCA, desde Janeiro
de 1999, nos meses em que a TR não foi zero, mas foi menor que a inflação do
período; ou

b.5) pagar, a favor do (s) Autor (es) o valor correspondente às diferenças de


FGTS em razão da aplicação da correção monetária por qualquer outro
índice que reponha as perdas inflacionárias do trabalhador nas contas do
FGTS, no entender deste Juízo, desde Janeiro de 1999, inclusive nos meses em
que a TR foi zero.

c) Sobre os valores devidos pela condenação de que tratam os itens acima,


deverão incidir correção monetária desde a inadimplência da Caixa, bem
como os juros legais.

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d) A condenação da Caixa ao pagamento das custas e honorários


advocatícios de 20% sobre o valor da condenação.

e) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita ao autor (a), conforme


declaração em anexo.

f) Requer, ainda, que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em sua
r. sentença sobre a exigência de correção monetária do art. 2º da lei nº
8.036/90 que garante atualização monetária aos depósitos das contas
vinculadas do FGTS;

g) Requer, por fim, que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em
sua r. sentença sobre os fundamentos que a utilização da TR como
índice de correção desobedeceria os limites materiais de inúmeros
fundamentos e princípios constitucionais, como o Estado Democrático
de Direito, atentando contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º e
inciso III, da CF), bem como os princípios da igualdade, segurança
jurídica (art. 5º, caput, da CF), da proteção ao direito de propriedade,
direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da
CF). Logo, resta PREQUESTIONADA a matéria pugnando pela
PROCEDÊNCIA DO PREQUESTIONAMENTO suscitado, requerendo ao
Excelentíssimo JUIZ FEDERAL que se pronuncie de forma objetiva,
explícita e fundamentada sobre o assunto.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, principalmente prova documental.

Atribui-se à causa o valor de R$. 4.503,03.

Nestes termos,
Pede Deferimento.

Foz do Iguaçu, 26 de Outubro de 2013.

JEAN CARLO CANESSO


OAB/PR 34.181
OCTAVIO AUGUSTO SOARES
Estagiário de Direito

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