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1º ano, 1º Semestre
Vanessa Laranjinha
2019/2020
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Índice
Planos anatómicos.......................................................................................................................................................... 11
Cartilagem...................................................................................................................................................................... 16
Ossos longos.............................................................................................................................................................. 17
Ossos curtos............................................................................................................................................................... 18
Matriz óssea............................................................................................................................................................... 19
Osteoblastos .......................................................................................................................................................... 19
Osteócitos.............................................................................................................................................................. 19
Osteoclastos .......................................................................................................................................................... 20
Osso reticular............................................................................................................................................................. 20
Discos intervertebrais..................................................................................................................................................... 30
Cóccix ................................................................................................................................................................... 35
Esterno ........................................................................................................................................................................... 37
Cintura Escapular........................................................................................................................................................... 38
Braço .............................................................................................................................................................................. 40
Antebraço ....................................................................................................................................................................... 41
Punho ............................................................................................................................................................................. 42
Mão ................................................................................................................................................................................ 43
Coxa ............................................................................................................................................................................... 49
Rótula............................................................................................................................................................................. 50
Perna .............................................................................................................................................................................. 50
Pé ................................................................................................................................................................................... 51
Arcadas do pé ............................................................................................................................................................ 52
Artrologia .......................................................................................................................................................................... 67
Suturas .................................................................................................................................................................. 68
Sindesmoses .......................................................................................................................................................... 69
Gonfoses ............................................................................................................................................................... 69
Sincondroses ......................................................................................................................................................... 70
Sínfises .................................................................................................................................................................. 70
Respiração.................................................................................................................................................................... 201
Fatores que Influenciam a Passagem do Gás através da Membrana Respiratória .................................................... 203
Duodeno....................................................................................................................................................................... 218
Anatomohistofisiologia I
Posição Anatómica
Posição Ortostática (direito/reto/ereto)
Olhar em frente
Pés unidos
Membros superiores encostados ao tronco
Palmas das mãos viradas para a frente e polegar unido ao bordo da mão
Membros inferiores justapostos, com os dedos dos pés direcionados anteriormente
Na posição anatómica, o cotovelo está sempre acima da mão, mas na posição de supinação ou pronação,
o cotovelo e a mão estão ao mesmo nível. Portanto, para evitar confusão, a posição de referência é sempre
a posição anatómica (ortostática), independentemente da posição real da pessoa. Então, o cotovelo é
sempre descrito como acima do punho, estando a pessoa deitada ou a fazer o pino.
Planos anatómicos
Dois planos verticais
Plano sagital
Plano coronal
Um plano horizontal
Plano transversal
Plano sagital
Orientação paralela à sutura sagital
Divide o corpo em metade direita e esquerda
Conceito medial e lateral
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O termo “cima” é substituído por “superior”, “baixo” por “inferior”, “frente” por “anterior” e “trás” por
“posterior”. Nos seres humanos “superior” é sinónimo de “encefálico” (significa em direção à cabeça,
zona mais alta do corpo), “inferior” é sinónimo de “caudal” (significa em direção à cauda, localizada no
final da coluna vertebral).
“Anterior” significa “aquele que vem antes de…”, e “ventral” significa abdómen. Desta forma, a
superfície anterior do corpo humano é a superfície ventral ou abdominal, sendo a região abdominal a parte
mais proeminente do corpo quando na posição anatómica.
“Posterior” significa “aquele que segue a…”, e “dorsal” significa costas ou dorso. A superfície posterior
do corpo é a superfície dorsal ou dorso, a região que nos segue quando caminhamos.
“Proximal” significa “mais próximo” e “distal” significa “mais distante”. Estes termos são usados para
referir estruturas lineares, como membros, nos quais uma extremidade se encontra mais próxima e a outra
extremidade mais afastada. Cada membro está ligado ao corpo pela sua extremidade proximal e a sua
extremidade distal encontra-se mais afastada, como por exemplo, a mão.
O nariz encontra-se numa posição medial da face e os olhos são laterais ao nariz.
“Superficial” refere-se a uma estrutura próxima da superfície do corpo, enquanto “profundo” significa em
direção ao interior do corpo. Assim, a pele é superficial ao músculo e aos ossos.
Cefálico Mais perto da cabeça do que outra estrutura O queixo é cefálico ao umbigo.
Caudal Mais perto da cauda do que outra estrutura O umbigo é caudal ao queixo.
Proximal Mais próximo do ponto de inserção no corpo do que outra estrutura O cotovelo é proximal ao punho.
Distal Mais distante do ponto de inserção no corpo do que outra estrutura O punho é distal ao cotovelo.
Tipos de cortes
Corte longitudinal – corte ao longo do eixo maior do órgão
Corte transversal – corte ao longo do plano que forma um ângulo reto com o eixo maior
Corte oblíquo – corte ao longo do eixo maior formando um ângulo diferente do ângulo reto
Cabeça
Face: posição mais anterior/ventral e inferior/caudal
Crânio: posição mais posterior/dorsal e superior/cranial
Tronco
Pescoço: porção mais superior/cranial
Tórax: abaixo do pescoço
Abdómen: abaixo do tórax
Pélvis/bacia: abaixo do abdómen; porção mais inferior; a pélvis é a extremidade inferior do
tronco onde se encontra articulada com as ancas
Ráquis: parte da bacia
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Diafragma: músculo estriado esquelético em forma de cúpula e principal responsável pela respiração
humana; serve de fronteira entre a cavidade torácica e a cavidade abdominal.
Membros superiores
Ombro/espádua: porção mais proximal
Braço: estende-se do ombro até ao cotovelo
Cotovelo
Antebraço: estende-se do cotovelo até ao punho
Punho
Mão
Dedos da mão: porção mais distal
Membros inferiores
Anca: porção mais proximal
Coxa: estende-se da anca até ao joelho
Joelho
Perna: estende-se do joelho ao tornozelo
Tornozelo
Pé: porção mais distal
Dedos do pé
Exercício prático
1. O braço é proximal relativamente ao antebraço.
2. A pelve é inferior/caudal relativamente ao abdómen.
3. O tórax é inferior/caudal relativamente ao pescoço.
4. O olho é lateral e superior/cranial relativamente ao nariz
5. A boca é medial e inferior/caudal relativamente ao olho.
6. O dedo polegar é lateral e proximal relativamente ao dedo anelar.
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Sistema Esquelético
Sistema ósteo-articular
Osso
Cartilagem
Articulações
Ligamentos
Tendões
Divisões do esqueleto
Esqueleto axial
Cabeça óssea
Coluna vertebral
Caixa torácica
Esqueleto apendicular
Membros superiores
Membros inferiores
Cartilagem
É tecido conjuntivo especializado de consistência rígida, mas flexível. Tem como funções o suporte de
tecidos moles e reveste superfícies articulares.
Existem três tipos de cartilagem: cartilagem hialina, fibrocartilagem e cartilagem elástica. Apesar de todos
os tipos poderem conferir suporte, a cartilagem hialina está intimamente associada ao osso. É a partir da
cartilagem hialina que a maioria dos ossos se desenvolve. O crescimento dos ossos em comprimento e a
reparação óssea implica a produção de cartilagem hialina, seguida da sua substituição por osso. A
cartilagem hialina consiste em células especializadas que produzem uma matriz em torno das células.
Os condroblastos são as células que produzem uma nova matriz de cartilagem. Quando um condroblasto
é envolvido pela matriz torna-se um condrócito, uma célula arredondada que ocupa um espaço na matriz
denominado lacuna. A matriz contém colagénio, que lhe confere resistência, e proteoglicanos, que tornam
a cartilagem simultaneamente resistente e flexível.
O pericôndrio é uma bainha de tecido conjuntivo que cobre a maior parte da cartilagem. A camada exterior
do pericôndrio é constituída por tecido conjuntivo denso e irregular contendo fibroblastos. A camada
interior do pericôndrio é mais delicada, possui menos fibras e contém condroblastos. Os vasos sanguíneos
e nervos penetram na camada exterior do pericôndrio mas não entram na matriz, de forma que os
nutrientes têm de se confundir através da matriz para atingir os condróctios.
A cartilagem articular, que cobre as extremidades ósseas no local onde se reúnem para formar as
articulações, não possuem vasos sanguíneos nem nervos.
A cartilagem cresce de duas maneiras: através de crescimento por oposição ou crescimento aposicional,
em que os condroblastos do pericôndrio produzem uma nova matriz e acrescentam novos condrócitos ao
exterior do tecido; através de crescimento intersticial, em que os condrócitos do interior do tecido prolifera
e acrescentam nova matriz entre células.
Ossos longos
São mais compridos do que largos
Um corpo (diáfise) formado por osso esponjoso no interior e uma camada
superficial de osso compacto que lhe confere resistência
Duas extremidades mais largas (epífises) – quase totalmente osso compacto,
com uma pequena quantidade de osso esponjoso, na sua parte profunda,
delimitando a medula óssea
Placa epifisária ou de crescimento – constituída por cartilagem hialina, e situa-
se entre a epífise e a diáfise; é o local onde ocorre o crescimento ósseo em
comprimento e, quando o crescimento para, a placa epifisária ossifica e passa a
denominar-se linha epifisária
Ossos longos: Clavícula, Úmero, Rádio, Cúbito, Fémur, Tíbia, Perónio,
Metacarpos e Metatarsos e Falanges
A diáfise pode conter uma grande cavidade, o canal medular. O canal medular e as pequenas cavidades
dos ossos esponjosos contêm grandes quantidades de medula óssea. A medula vermelha é o local de
formação das células sanguíneas e a medula amarela é constituída por tecido adiposo (gordura).
Nas crianças, os pequenos espaços no interior dos ossos são constituídos por medula vermelha, sendo que
todos os ossos têm capacidade de produzir células sanguíneas. À medida que crescem, a medula vermelha
é substituída por medula amarela no crânio e nos membros. Nos adultos, os ossos do crânio e dos
membros, com exceção das epífises proximais, contêm medula amarela, sendo que o resto do esqueleto
contém medula vermelha.
O periósteo membrana do tecido conjuntivo fibroso que reveste a superfície exterior de um osso. A
camada exterior é formada por tecido conjuntivo denso, irregular, rico em colagénio, que contém vasos
sanguíneos e nervos. A camada interior consiste numa única camada de células, incluindo osteoblastos,
osteoclastos e células progenitoras osteocondrais.
O endósteo é uma membrana do tecido conjuntivo que reveste as superfícies interiores de todas as
cavidades do osso, tais como o canal medular da diáfise e as cavidades mais pequenas do osso esponjoso
e do osso compacto. O endósteo consiste numa camada única de células incluindo osteoblastos,
osteoclastos e células progenitoras osteocondrais.
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Ossos curtos
Força e compactação
Composição similar à das epífises dos ossos longos, sendo que o osso é
revestido superficialmente por osso compacto que envolve um centro
ósseo esponjoso, formado por pequenas cavidades preenchidas por medula
óssea
O comprimento é praticamente igual à largura
Não são alongados, pelo que não apresentam diáfises
Ossos curtos: Carpo e Tarso
Osso Parietal
Ossos chatos
Não possuem diáfise nem epífises e contêm no interior uma estrutura
de ossos esponjoso (diploe) “ensanduichada” entre duas camadas de
ossos compacto
Localizados maioritariamente na base do crânio
Função de proteção e inserção muscular
Ossos chatos: Occipital, Pariental, Frontal, Nasal, Lacrimal, Vómer, Omoplata e Osso Inguinal
Ossos irregulares
Não possuem características semelhantes aos ossos anteriores que os
coloquem nas mesmas categorias
Composição similar à das epífises dos ossos longos, sendo que o osso é
revestido superficialmente por osso compacto que envolve um centro ósseo
esponjoso, formado por pequenas cavidades preenchidas por medula óssea
Certas regiões, como as apófises (prolongamentos) possuem placas de
Osso Esfenóide
crescimento epifisárias, pelo que apresentam pequenas epífises
Não são alongados, pelo que não apresentam diáfises
Ossos irregulares: Maxilar Superior, Maxilar Inferior, Vértebras, Esfenóide, Etmóide, Temporal,
Palatino, Corneto Nasal Inferior, Osso Hióide, Osso Sagrado e Cóccix
Alguns ossos achatados e irregulares do crânio contêm espaços cheios de ar denominados seios, revestidos
por membrana mucosa.
Constituição do osso
Matriz óssea – responsável pelas características do osso
Células ósseas – produzem a matriz óssea, ficam na matriz enclausuradas e destroem-na para que
uma matriz nova possa substituir a velha
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Matriz óssea
Constituída por:
Material orgânico (35%) – colagénio e proteoglicanos
Material inorgânico (65%) – cristais de fosfato de cálcio, denominados hidroxiapatite
O colagénio e os componentes minerais são responsáveis pelas principais características funcionais dos
ossos. O colagénio confere resistência flexível à matriz óssea, enquanto os componentes minerais
conferem resistência à compressão (capacidade de suportar o peso).
Se o colagénio for retirado do osso longo, os componentes minerais tornam-se o seu principal constituinte,
tornando o osso frágil e quebradiço. Se forem retirados os componentes minerais do osso longo e o
colagénio se tornar o seu principal constituinte, o osso torna-se muito mais flexível.
Células ósseas
Osteoblastos
Osteócitos
Osteoclastos
Osteoblastos
Os osteoblastos têm um reticulo endoplasmático desenvolvido e numerosos ribossomas. Produzem
colagénio e proteoglicanos, que são armazenados nas vesículas do aparelho de Golgi e libertados da célula
por exocitose. Formam vesículas que acumulam iões de cálcio, iões de fosfato e várias enzimas. O
conteúdo destas vesículas é libertado das células por exocitose e é utilizado na formação dos cristais de
hidroxiapatite. É em consequência destes processos que se forma a matriz óssea mineralizada.
A ossificação (osteogénese) é a formação de ossos pelos osteoblastos. Os prolongamentos celulares
alongados dos osteoblastos unem-se através de junções comunicantes e formam de seguida uma matriz
óssea extracelular que envolve as células e os seus prolongamentos.
Osteócitos
A partir do momento que um osteoblasto fica rodeado por matriz óssea, torna-se uma célula madura e
passa a designar-se por osteócito. Os osteócitos produzem componentes necessários para manter a matriz
óssea. Os espaços ocupados pelos corpos celulares dos osteócitos chamam-se lacunas e os espaços
ocupados pelos seus prolongamentos celulares chamam-se canalículos (pequenos canais). As células e os
seus prolongamentos formam um “molde” em volta do qual se forma a matriz.
O osso distingue-se da cartilagem devido ao facto dos prolongamentos das células ósseas estarem em
contacto umas com as outras através dos canalículos. Em vez de se difundirem através da matriz
mineralizada, os nutrientes e gases podem circular através da pequena quantidade de líquido que envolve
as células nos canalículos e nas lacunas, ou passar de célula para célula através das gap junctions que
unem os prolongamentos celulares.
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Osteoclastos
Os osteoclastos são células grandes com vários núcleos, responsáveis pela reabsorção, ou destruição do
osso. No local em que a membrana células dos osteoclastos contacta com a matriz óssea, formam-se
numerosas projeções que constituem um bordo pregueado. Os iões de hidrogénio são bombeados através
desse bordo e produzem um meio ácido que provoca a descalcificação da matriz óssea. Os osteoclastos
também libertam enzimas que digerem os componentes proteicos da matriz. Pelo processo de endocitose,
alguns dos produtos que resultam da absorção do osso são conduzidos ao interior do osteoclasto.
Os osteoclastos degradam melhor o osso quando estão em contacto direto com a matriz óssea
mineralizada. Os osteoblastos colaboram na reabsorção do osso, produzindo enzimas que degradam a fina
camada de matriz orgânica não mineralizada que normalmente cobre o osso. A remoção desta camada
pelos osteoblastos possibilita aos osteoclastos entrar em contacto com a matriz óssea mineralizada.
Osso reticular
No osso reticular, as fibras de colagénio orientam-se aleatoriamente em muitas direções. O osso reticular
é o primeiro a ser formado, no decurso do desenvolvimento fetal ou da reparação de uma fratura. Uma
vez que esteja formado, os osteoclastos degradam o osso reticular e os osteoblastos constroem, em
seguida, uma nova matriz – processo chamado remodelação.
Osso lamelar
O osso lamelar é o osso maduro que se organiza em finas camadas com espessura reduzida chamadas
lamelas. As fibras de colagénio de cada lamela dispõem-se paralelamente umas às outras, mas encontram-
se anguladas relativamente às fibras de colagénio das lamelas adjacentes. Os osteócitos, no interior das
suas lacunas, dispõem-se em camadas “ensanduichadas” entre lamelas.
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Osso esponjoso
O osso esponjoso contém menos matriz óssea e mais espaço do que o osso compacto. O osso esponjoso
é constituído por bastonetes ou placas ósseas interligadas denominadas trabéculas, que não contêm
sistemas de Havers. Entre as trabéculas existem espaços que, nos ossos vivos, são preenchidos por medula
óssea e vasos sanguíneos. A maioria das trabéculas é fina e constituída por várias lamelas, onde estão os
osteócitos. Cada osteócito está associado a outros osteócitos através dos canalículos. Normalmente,
nenhum vaso sanguíneo penetra nas trabéculas, pelo que os osteócitos têm de obter os nutrientes através
dos canalículos. As superfícies das trabéculas são revestidas por osteoblastos e alguns osteoclastos. As
trabéculas encontram-se orientadas ao longo das linhas de tensão no interior do osso.
Osso compacto
O osso compacto é mais denso e possui menos espaços do que o osso esponjoso. Os vasos sanguíneos
penetram na própria substância óssea, sendo que os osteócitos e as lamelas vão orientar-se em torno desses
vasos sanguíneos. Os vasos que se encontram paralelos ao eixo ao longo do osso estão dentro dos canais
de Havers.
Os canais de Havers são revestidos pelo endósteo, e contêm vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo
laxo. As lamelas concêntricas são camadas concêntricas de matriz óssea que rodeiam um centro comum,
chamado canal central. O sistema de Havers (ósteon) define-se como o conjunto formado por um
determinado canal central, o seu conteúdo, e pelas lamelas concêntricas, e respetivos osteócitos que
rodeiam esse canal.
Os osteócitos localizam-se em lacunas dispostas entre os anéis de lamelas. Os canalículos irradiam das
lacunas, unindo-se entre si, atravessando as lamelas, e assemelham-se a pequenas fissuras que atravessam
os anéis do alvo.
As superfícies exteriores do osso compacto são formadas por lamelas circunferenciais, que são placas
achatadas que se dispõem em redor do osso. Em alguns ossos, a camada de osso compacto é tão fina que
não apresentam sistema de Havers, pelo que o osso compacto se apresenta apenas com lamelas
circunferenciais. Entre os sistemas de Havers encontram-se as lamelas intersticiais ou intermediárias que
resultam das lamelas concêntricas ou circunferenciais parcialmente removidas durante a remodelação
óssea.
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Os osteócitos recebem nutrientes e eliminam detritos através do sistema de canais no interior do osso
compacto. Os vasos sanguíneos do periósteo ou da cavidade medular penetram no osso através dos canais
de Volkmann, que correm perpendicularmente ao eixo maior do osso. Os canais de Volkmann atravessam
as lamelas concêntricas do sistema de Havers. Os canais centrais recebem vasos sanguíneos dos canais
perfurantes. Os nutrientes transportados nos vasos sanguíneos entram nos canais centrais. Passam para os
canalículos, e movem-se através do citoplasma dos osteócitos que ocupam os canalículos e lacunas até às
células mais periféricas de cada sistema de Havers. Os detritos são removidos no sentido inverso.
Ambos os processos de ossificação começam por produzir osso reticular que, posteriormente, é
remodelado. Após a remodelação, o osso formado por ossificação membranosa não se distingue do osso
formado por ossificação endocondral. Muitos ossos do crânio, parte da mandíbula e as diáfises das
clavículas desenvolvem-se por ossificação membranosa. Os ossos da base do crânio, parte da mandíbula,
as epífises das clavículas e a maior parte do restante sistema esquelético desenvolvem-se através da
ossificação endocondral.
Ossificação intramembranosa
A ossificação intramembranosa tem início nos centros de ossificação, que se expandem para formar o
osso através da ossificação gradual da membrana. Em consequência, os centros de ossificação contêm o
osso mais antigo e as suas margens em expansão contêm o osso mais jovem.
Exemplo: os espaços com maiores dimensões, cobertos pela membrana, ainda não ossificados, localizados
entre os ossos do crânio em desenvolvimentos são as fontanelas ou moleirinhas. Os ossos vão crescendo
e aproximando-se uns dos outros, pelo que as fontanelas estão habitualmente fechadas quando a criança
atinge os 2 anos de idade.
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Ossificação endocondral
1. A ossificação endocondral começa quando as células do mesênquima se agregam nas áreas de
futura formação óssea. As células do mesênquima transformam-se em condroblastos, o que
produz um modelo de cartilagem hialina que apresenta a forma aproximada do osso que se
formará mais tarde. Os condroblastos tornam-se condrócitos à medida que são envolvidos pela
matriz cartilagínea. O modelo cartilagíneo é envolvido por pericôndrio, exceto nos locais onde
se irá formar uma articulação, a qual irá colocar um osso em contacto com outro.
2. Quando os vasos sanguíneos invadem o pericôndrio que envolve o modelo de cartilagem, as
células progenitoras osteocondrais contidas no pericôndrio transformam-se em osteoblastos. O
pericôndrio torna-se periósteo quando os osteoblastos iniciarem a produção do tecido ósseo. Os
osteoblastos produzem osso compacto na superfície do modelo cartilagíneo, formando-lhe uma
bainha ou colar ósseo.
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Esqueleto Axial
Forma o eixo vertebral do corpo
Protege o encéfalo, medula espinhal e os órgãos vitais alojados no tórax
Coluna Vertebral
A coluna vertebral também chamada ráquis, é habitualmente constituída por 26 ossos, que se podem
dividir em cinco regiões:
7 Vértebras Cervicais (C1 a C7) – mais pequenas para dar liberdade de movimento à cabeça
12 Vértebras Torácicas (T1 a T12)
5 Vértebras Lombares (L1 a L5) – maiores para dar sustentação/suporte
Osso sagrado (Sacro)
Osso Coccígeo (Cóccix)
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A apófise transversa projeta-se lateralmente de cada lado do arco, implantada entre a lâmina e o pendículo,
e existe uma apófise espinhosa única, implantada no ponto de junção entre as duas lâminas. As apófises
espinhosas podem ser observadas e sentidas como séries de saliências que descem ao longo da linha
mediana do dorso. Grande parte dos movimentos da coluna vertebral é assegurada pela contração dos
músculos esqueléticos que se inserem nas apófises transversas e espinhosas.
Os nervos raquidianos saem do canal raquidiano através dos buracos de conjugação. Cada buraco é
delimitado por chanfraduras ou incisura nos pedículos de vértebras adjacentes.
O movimento e suporte adicional da coluna vertebral tornam-se possíveis através das apófises articulares.
Cada vértebra tem uma apófise articular superior e uma inferior de cada lado, articulando-se com a apófise
superior de uma vértebra com a inferior da vértebra que lhe está imediatamente acima. A sobreposição
destas apófises aumenta a resistência da coluna vertebral. Na região de sobreposição e articulação entre
as apófises articulares superior e inferior cria-se em cada apófise articular uma pequena superfície
articular lisa que se designa por faceta articular.
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Estrutura Descrição
Corpo Forma de cilindro; é habitualmente a parte com maiores dimensões, com superfícies
achatas que se orientam superior e inferiormente; forma a parede anterior do buraco
vertebral; os discos intervertebrais localizam-se entre os corpos
Buraco em cada vértebra pelo qual passa a medula espinhal; os buracos vertebrais
Buraco Vertebral adjacentes formam o canal vertebral
Forma as paredes laterais e posterior do buraco vertebral; tem diversas apófises e
Arco Vertebral superfícies articulares
Pedículos Um de cada lado, formando a raiz do arco; formam a parede lateral do buraco vertebral
Lâminas Parte posterior do arco; formam a parede posterior do buraco vertebral
Apófises que se dirigem lateralmente a partir da junção das duas lâminas; local de
Apófises Transversas inserção muscular
Apófise que se dirige posteriormente a partir da junção das duas lâminas; local de
Apófise Espinhosa inserção de músculos; reforça a coluna vertebral e permitem os movimentos
Apófises superior e inferior que contêm facetas articulares pelas quais as vértebras se
articulam umas com as outras; fortalecem a coluna vertebral e permitem os
Apófises Articulares movimentos
Abertura lateral entre duas vértebras adjacentes, pela qual os nervos raquidianos saem
Buracos de Conjugação do canal vertebral
Discos intervertebrais
Os discos intervertebrais são constituídos por fibrocartilagem e estão localizados entre os corpos de
vértebras adjacentes. Durante a vida, proporcionam um suporte adicional e evitam que os corpos
vertebrais façam atrito uns com os outros. Os discos intervertebrais são formados por um anel fibroso
exterior, periférico, e por um núcleo pulposo, gelatinoso, interior. Com a idade o disco vai sendo
comprimido de tal modo que diminui a distância entre vértebras e assim a altura total do indivíduo diminui
também. O anel fibroso torna-se também mais fraco com a idade, e mais suscetível a herniar.
As hérnias cervicais podem ser causadas por má postura, tanto durante o dia como durante a noite. A
posição de dormir de barriga para baixo, faz com que o indivíduo coloque a cabeça de lado, pressionando
os músculos de um dos lados do pescoço e relaxando os músculos do outro lado do pescoço.
Vértebras cervicais têm corpos muito pequenos, apófises espinhosas parcialmente bífidas, e em cada
apófise transversa existe um buraco transverso pela qual as artérias vertebrais se dirigem para a cabeça.
Apenas as vértebras cervicais têm buracos transversos.
A primeira vértebra cervical chama-se atlas porque segura a cabeça, da mesma forma que, na mitologia
clássica, Atlas segurou o mundo. É uma vértebra típica heteróloga constituída por duas massas laterais
reunidas pelo arco anterior (representa o pedículo) – apresenta o tubérculo anterior, e posterior (representa
as lâminas) – apresenta o tubérculo posterior. O atlas não tem corpo nem apófise espinhosa, mas tem
grandes facetas articulares superiores onde se reúne com os côndilos occipitais na base do crânio. Esta
articulação permite mover a cabeça no movimento de afirmação e movê-la lateralmente. Na face inferior
estão as facetas articulares que articulam com o áxis.
A segunda vértebra cervical chama-se áxis porque nela ocorre uma porção considerável do movimento
de rotação tipo negação. O áxis tem na parte superior do seu pequeno corpo uma apófise altamente
modificada que se chama apófise odontóide ou dente do áxis. O dente adapta-se ao contorno do buraco
vertebral alargado do atlas, o qual roda em torno da apófise. A faceta articular anterior articula-se com o
arco anterior do atlas.
A apófise espinhosa da sétima vértebra cervical, não bífida (unituberculada), é bastante pronunciada e
pode muitas vezes ser palpada e vista como uma saliência mais proeminente nesta área é chamada vértebra
proeminente. É geralmente a apófise espinhosa da sétima vértebra cervical, mas pode ser a sexta cervical
ou mesmo a primeira torácica. As apófises transversas são grandes e particularmente posteriores aos
buracos transversos.
Vértebras torácicas ou dorsais têm apófises espinhosas longas, finas e anguladas inferiormente que se
dirigem para baixo, e apófises transversas relativamente compridas. As primeiras 10 vértebras torácicas
têm nas suas apófises transversas facetas articulares (orientadas obliquamente) pelas quais se articulam
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com as tuberosidades das costelas – são as únicas vértebras com facetas articulares que que articulam com
as costelas. Há ainda nos bordos superior e inferior do corpo facetas adicionais onde se articulam as
cabeças das costelas (exceto D11 e D12). A cabeça da maioria das costelas articula-se com a faceta
articular inferior de uma vértebra e com a faceta articular superior para a cabeça da costela da vértebra
imediatamente abaixo.
Vértebras lombares têm corpos largos e espessos, apófises transversas e espinhosas fortes e retangulares.
As apófises articulares superiores estão viradas para a linha mediana, uma para a outra, e as apófises
articulares inferiores orientadas para o exterior. Quando a superfície articular superior de uma vértebra
lombar se articula com a superfície articular inferior de outra vértebra lombar tomam uma disposição que
aumenta a resistência mecânica da parte inferior da coluna vertebral e limita a rotação das vértebras
lombares. Não têm facetas articulares que articulam às costelas no corpo.
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Vértebras sagradas são altamente modificadas em comparação com as outras. Estas cinco vértebras
estão fundidas num osso único chamado sacro. As apófises transversas das vértebras sagradas fundem-se
para formar as asas do sacro que reúnem o sacro aos ossos pélvicos. As apófises espinhosas das primeiras
quatro vértebras fundem-se parcialmente para formar saliências, localizadas na face posterior (dorsal) do
sacro, cujo conjunto se designa crista sagrada. A apófise espinhosa da quinta vértebra mão se forma,
deixando um hiato sagrado na extremidade inferior do sacro, local frequentemente adotado para a
administração de anestésicos. Os buracos de conjugação dividem-se em posteriores (dorsais) e anteriores
(ventrais); são os buracos sagrados, dispostos de cada lado da linha mediana. O bordo anterior do corpo
da primeira vértebra sagrada faz saliência para formar o promontório sagrado, ponto de referência que
separa a cavidade abdominal da cavidade pélvica. O promontório sagrado pode ser palpado durante o
exame vaginal e é usado como ponto de referência nas medições do estreito superior da bacia.
Lateralmente possui facetas articulares que articulam com os ossos ilíacos para formar a bacia.
Cóccix é a porção mais inferior da coluna vertebral e consiste habitualmente em três a cinco vértebras
mais ou menos fundidas que formam um triângulo, com o vértice orientado inferiormente. As vértebras
coccígeas são de tamanho muito reduzido, em comparação com as outras vértebras e não possuem buracos
vertebrais nem apófises bem desenvolvidas.
Cóccix Cóccix
Vista posterior superior Vista anterior inferior
Vértice do sacro
Caixa torácica
A caixa torácica protege os órgãos vitais alojados no tórax e forma uma câmara semi-rígida que pode
aumentar e diminuir de volume durante a respiração. Consiste nas vértebras torácicas, costelas com as
suas cartilagens costas associadas e o esterno.
37
Esterno
O esterno tem sido descrito como tendo a forma de uma espada. Divide-se em três partes: o manúbrio
(punho) é o punho da espada, o corpo é a lâmina da espada e o apêndice xifoideu (significa espada e
representa a ponta da espada). O bordo superior do manúbrio tem na linha mediana uma chanfradura
designada fúrcula esternal ou chanfradura jugular, facilmente palpável na face anterior da base do
pescoço. A primeira costela e a clavícula articulam-se com o manúbrio. O ponto em que o manúbrio se
une ao corpo do esterno pode ser sentido como uma proeminência no tórax anterior que se chama o ângulo
esternal (crista manúbrio-esternal, ou ângulo de Lewis). A cartilagem da segunda costela liga-se ao
esterno no ângulo esternal, as terceira a sétima costelas ligam-se ao corpo do esterno e não há qualquer
costela com ligação ao apêndice xifoideu.
38
Esqueleto apendicular
O esqueleto apendicular consiste nos ossos dos membros superiores e inferiores e nas cinturas pelas quais
se ligam ao corpo. O termo “cintura” significa cinto ou zona e refere-se às duas zonas, escapular e pélvica,
onde os membros se ligam ao tronco.
Membro superior
Cintura Escapular (Clavícula e Omoplata)
Braço (Úmero)
Antebraço (Rádio e Cúbito)
Mão (Carpo, Metacarpo e Falanges)
Cintura Escapular
A cintura escapular ou ombro ou cintura dos peitorais é constituída por dois pares de ossos que ligam o
membro superior ao corpo: cada par é constituído pela omoplata (escápula) e pela clavícula.
30
39
A omoplataé um osso achatado e triangular que se pode ser e palpar com facilidade numa pessoa viva.
A base do triângulo, o bordo superior ou margem superior, olha para cima; o vértice (ápex), ou ângulo
inferior, dirige-se para baixo. O acrómio, ou apófise acromial, grande apófise da omoplata, que se pode
palpar na parte externa do ombro, tem três funções:
Formar uma cobertura protetora para a articulação do ombro
Formar uma faceta articular para a clavícula
Proporcionar pontos de inserção para alguns músculos do ombro
A espinha da omoplata (espinha escapular) estende-se do acrómio através da face posterior da omoplata
e divide essa face numa pequena fossa supra-espinhosa, superior à espinha, e numa fossa infra-espinhosa
maior, inferior à espinha. A face anterior e profunda da omoplata constitui a fossa infra-escapular. A
apófise coracoideia (em forma de bico de corvo), mais pequena, oferece pontos de inserção a alguns
músculos do ombro e do braço. A cavidade glenoideia, localizada na porção supero-lateral do osso,
articula-se com a cabeça do úmero.
Omoplata Omoplata
Vista anterior Vista posterior
Fossa infra-escapular
A clavícula é um osso longo com uma ligeira curva sigmoideia (em forma de letra grega sigma ou S) que
se pode observar e palpar com facilidade no ser humano vivo. A extremidade externa da clavícula articula-
se com o acrómio – extremidade acromial, e a sua extremidade interna articula-se com o manúbrio do
esterno – extremidade esternal. Estas articulações constituem as únicas conexões ósseas entre a cintura
escapular e o esqueleto axial. A clavícula mantém o membro superior afastado do tronco, facilitando a
sua mobilidade.
40
Braço
O braço, ou parte do membro superior que vai do ombro ao cotovelo, contém apenas um osso, o úmero.
A cabeça do úmero articula-se com a cavidade glenoideia da omoplata. O colo anatómico, imediatamente
distal à cabeça, marca os seus limites, sendo pouco acentuado; a seguir, identifica-se o colo cirúrgico. O
colo cirúrgico chama-se assim por ser uma localização de frequentes fraturas exigindo reparação
cirúrgica. Se for necessáriofazer a remoção da cabeça do úmero, por doença ou traumatismo, é feita até
ao colo cirúrgico. O troquino (ou grande tubérculo), localiza-se na face externa (lateral) da extremidade
proximal do úmero, e o troquiter (ou pequeno tubérculo) localiza-se na face anterior da extremidade
proximal do úmero, dando ambos inserção a diversos músculos. A goteira localizada entre o troquino e o
troquiter, chamada goteira bicipital, dá passagem ao tendão do músculo bicípite branquial. A impressão
deltoideia (ou tuberosidade deltoideia) localiza-se na face externa (lateral) do úmero, um pouco abaixo
do seu terço proximal, e constitui um ponto de inserção do músculo deltóide.
As superfícies articulares da extremidade distal do úmero revelam alguns acidentes pouco usuais nos
locais onde o úmero se articula com os dois ossos do antebraço. A parte externa (lateral) da superfície
articular é muito arredondada, articula-se com o rádio, e chama-se côndilo umeral (capitulum). A parte
interna (medial) assemelha-se de certo modo a uma roldana, articula-se com o cúbito, e chama-se tróclea
umeral. Na vizinhança imediata do côndilo e da tróclea encontram-se o espicôndilo, externo (espicôndilo
medial) e a epitróclea, interna (epicôndilo lateral). Que constituem pontos de inserção de músculos do
antebraço.
41 Braço Esquerdo – Úmero Esquerdo
Antebraço
O antebraço apresenta dois ossos. O cúbito (ulna) encontra-se no lado interno (medial), que é o lado que
corresponde ao 5º dedo (dedo mínimo). O rádio (radius) encontra-se no lado externo (lateral) que
corresponde ao 1º dedo (polegar).
A extremidade proximal do cúbito tem uma superfície articular em forma de C para a tróclea do úmero,
chamada grande cavidade sigmoideia (chanfradura troclear ou semi-lunar). A grande cavidade sigmoideia
é composta por duas apófises. A apófise maior, que é posterior, é o olecrânio (a ponta do cotovelo), que
podemos palpar com facilidade e é designada em linguagem comum por “cotovelo”. Os músculos
posteriores do antebraço inserem-se no olecrânio. A apófise mais pequena, que é anterior, é a apófise
coronoideia (em forma de bico de corvo).
A extremidade distal do cúbito tem uma pequena cabeça que se articula em simultâneo com o rádio e
com os ossos do carpo. A cabeça pode ser observada no lado posterior e interno (cubital) do antebraço
distal. O lado pótero-interno da cabeça tem uma pequena apófise estiloideia (com forma de canela ou
instrumento de escrita) na qual se inserem ligamentos do punho.
42
Extremidade inferior do
rádio e do cúbito
Apófise estilóide
Punho
O punho constitui uma zona relativamente curta entre o antebraço e a mão e compõe-se de oito ossos que
constituem o carpo, dispostos em duas fileiras de quatro cada uma. No seu conjunto, os oito ossos do
carpo são convexos, atrás, e côncavos, à frente. A concavidade anterior dos ossos do carpo é acentuada
pelo tubérculo do trapézio, na base do polegar, e pela apófise unciforme, na base do 5º dedo (dedo
mínimo). Existe um ligamento que cruza o punho, estendendo-se do tubérculo do trapézio até à apófise
unciforme, o qual forma na face anterior do punho um túnel – canal cárpico ou túnel cárpico, onde
passam tendões, nervos e vasos sanguíneos que entram na mão.
4345
Ossos do Carpo
Mão
Os cinco metacárpicos articulam-se com os ossos do carpo e constituem o esqueleto da mão. Os
metacárpicos formam uma curva de tal forma que, na posição de repouso, a palma mão é côncava. As
extremidades distais dos metacarpos contribuem para formar os nós dos dedos. Os espaços entre os
metacárpicos são ocupados por tecidos moles.Os cindo dedos de cada mão designam-se pela sua ordem,
contando-se do lado externo para o interno; 1º (polegar), 2º (indicador), 3º (médio), 4º (anelar) e 5º
(mínimo) dedos. Cada dedo é constituído por pequenos ossos chamados falanges. O polegar tem duas
falanges e os outros dedos têm três. Formam-se muitas vezes na junção entre a falange proximal do
polegar e o respetivo metacárpico do polegar um ou dois ossos sesamoideus (semelhantes a sementes de
sésameo). Os sesamoideus são pequenos ossos localizados nos tendões.
44
Membro Inferior
2. Osso ilíaco
Íleo. Crista ilíaca. Faces glútea, ilíaca e sacropélvicca. Linha arqueada. Faceta articular para o
dacro. Bordo anterior com espinhas ilíacas ântero-superior e ântero-inferior. Bordo posterior com
espinhas ilíacas póstero-superior e póstero-inferior. Grande incisura ciática.
Púbis. Corpo. Crista púbica. Sínfise púbica. Ramo superior do púbis. Linha pectínea. Ramo
inferior do púbis.
Acetábulo com faceta semilunar; Buraco obturado.
3. Fémur
Extremidade proximal. Cabeça do fémur. Colo do fémur. Trocanter maior, Trocanter menor,
Linha intertrocanteriana. Crista intertrocanteriana.
Corpo. Faces anterior, medial e lateral. Linha áspera. Face poplítea.
Extremidade distal. Côndilos medial e lateral. Face articular: faces rotuliana e tibial. Fossa
intercondiliana. Epicôndilos medial e lateral.
4. Rótula ou Patela
5. Tíbia
Extremidade proximal. Côndilos medial e lateral. Área intercondiliana. Eminência
intercondiliana. Faceta peronial. Tuberosidade da tíbia.
Corpo. Bordo interósseo. Faces medial, lateral e posterior.
Extremidade inferior. Maléolo medial. Incisura peronial. Face articular.
6. Perónio
Extremidade proximal. Faceta articular para a tíbia. Corpo. Bordo interósseo. Faces medial,
lateral e posterior.
Corpo. Bordo interósseo. Faces medial, lateral e posterior.
Extremidade distal. Maléolo lateral
7. Tarso
Calcâneo com face articular para o astrágalo. Astrágalo com faceta articular (tróclea). Cubóide.
Cuneiforme lateral. Cuneiforme intermédio. Cuneiforme medial. Navicular
8. Metatarso
Cinco ossos metatarsianos
9. Falanges
4745
Cintura pélvica
A anca ou cintura pélvica é formada pelos ossos coxais ou ossos ilíacos direito e esquerdo. Os dois
ossos ilíacos reúnem-se um com o outro, adiante, e com o sacro, atrás, para formar um anel ósseo chamado
bacia óssea ou pelve. Cada osso ilíaco é formado superiormente por uma lâmina óssea grande e côncava,
por uma região ligeiramente mais estreita ao centro e, inferiormente, por um anel ósseo expandido que
rodeia um grande buraco obturado (ocluso ou fechado, indicando que o buraco é encerrado por tecidos
moles). Na face externa (lateral) de cada osso ilíaco, no ponto de articulação do membro inferior com a
cintura pélvica, localiza-se uma escavação chamada acetábulo. A superfície articular do acetábulo tem a
forma crescente e ocupa apenas os segmentos superior e lateral (externo) da escavação. A cintura pélvica
é o local de articulação dos membros inferiores com o tronco, suporta o peso do corpo e protege órgãos
internos. Como a bacia é um anel ósseo completo, confere suporte mais estável, mas menos móvel, que a
cintura escapular. Além disso, a bacia óssea da mulher protege o feto em desenvolvimento e forma uma
passagem que o feto atravessa durante o parto.
Cada osso ilíaco é formado pela fusão, durante o desenvolvimento, de três ossos: ílion (virilha), o ísquion
(anca) e o púbis (refere-se ao pêlo genital). Os três ossos reúnem-se perto do centro do acetábulo. O bordo
superior do ilíaco chama-se crista ilíaca. A crista ilíaca termina anteriormente na espinha ilíaca ântero-
superior e posteriormente na espinha ilíaca póstero-superior. A crista e a espinha anterior podem
palpar-se e mesmo ver-se em indivíduos magros.
37
46
Na superfície do corpo situada logo acima das nádegas pode observar-se, de cada lado, uma depressão,
que corresponde, em profundidade, à espinha ilíaca póstero-superior (as “cruzes”). A grande
chanfradura ciática ou grande incisura ciática encontra-se no bordo posterior do ílion, logo abaixo da
espinha ilíaca póstero-inferior. O nervo ciático (nervo grande criático) passa pela grande incisura ciática.
A superfície articular do ílion reúne-se ao sacro para formar a articulação sacro-ilíaca.A face medial
(interna) do ílion consiste numa grande depressão chamada fossa ilíaca.
O ísquion possui uma grande tuberosidade isquiática, onde se inserem os músculos posteriores da coxa
e sobre a qual a pessoa se senta. O púbis possui uma crista pectínea, onde se inserem músculos
abdominais. A crista pectínea pode ser palpada anteriormente. Logo abaixo da crista pectínea está a
articulação entre os dois ossos ilíacos, denominada sínfise (reunião) púbica ou sínfise do púbis.
A bacia pode ser dividida em duas partes por um plano imaginário que passa pelo promontório sagrado
ao longo das linhas íleo-pectineas do ílion, até à crista pectínea. A fronteira óssea deste plano é o estreito
superior da bacia. A grande bacia (pelve falsa) está acima do estreito superior da bacia e é parcialmente
rodeada por osso atrás e de lado. Durante a vida, a parede anterior da grande bacia é formada pelos
músculos abdominais. A pequena bacia, ou escavação pérlvica, ou pelve verdadeira, está abaixo do
estreito superior e é completamente rodeada por osso. O seu limite superior é o estreito superior da
bacia. A abertura inferior da pequena bacia, marginada pelo bordo inferior do púbis, as espinhas e
tuberosidades isquiáticas e o cóccix, é o estreito inferior da bacia.
A pelve esquelética é dividida arbitrariamente em duas porções: pelve maior e a pelve menor, através
de um plano oblíquo que passa no promontório sagrado atrás, e na linha terminal lateralmente e à
frente. A pelve maior é constituída pela porção expandida, o ílion de cada um dos ossos ilíacos, acima da
linha terminal e da base do sacro. A pelve menor delimita uma verdadeira bacia, quando os tecidos moles
do soalho pélvico ocupam o seu lugar. Anatomicamente é a continuação caudal e mais estreita da pelve
maior, formando um anel completo de grande importância em obstetrícia.
47
Pelve maior
No ílion, a face glútea é a face lateral do ílion, ficando voltada para a lateral e posterior. Está limitada
em cima pela crista ilíaca, em baixo pelo bordo superior do acetábulo, à frente pelo bordo anterior e atrás
pelo bordo posterior.
A face ilíaca é a parte anterior e superior da face interna ou medial do íleo. É escavada por isso designada
fossa ilíaca e limitada em cima pela crista ilíaca, à frente pelo bordo anterior e atrás pelo bordo medial
que a separa da face sacropérlvica.
A face sacropérlvica é a porção póstero-inferior da face interna ou medial do íleo, limitada atrás pelo
bordo posterior, à frente e em cima pelo bordo medial e em cima e atrás pela crista ilíaca.
48
O púbis é a porção anterior e inferior do osso ilíaco articulando no plano mediano com o púbis do osso
ilíaco do lado oposto através da sínfise púbica. É constituído pelo corpo, ramo superior e ramo inferior.
O corpo apresenta uma face anterior, uma face posterior, uma face sinfisária que vai formar a sínfise
púbica, um bordo superior e o tubérculo púbico. O ramo superior do púbis parte da porção superior e
lateral do corpo e dirige-se para trás, para cima e lateralmente, por cima do buraco obturado, para alcançar
o acetábulo. É triangular em secção tendo 3 faces: face pectínea, face pélvica e face obturadora; e 3
bordos: bordo mais anterior designa-se crista obturadora, o bordo póstero-superior constitui a linha
pectínea e o bordo inferior situa-se póstero-inferiormente. O ramo inferior do púbis parte da porção
inferior e lateral do corpo e dirige-se para trás, para baixo e lateralmente para se unir com o ramo do
ísquio no lado medial do buraco obturado. O ramo inferior é constituído pela face anterior ou externa e
pela face posterior ou interna.
O ísquio é a parte mais porterior e inferior do osso ilíaco e tem um corpo e um ramo. O corpo tem
extremidades superior e inferior: a face femoral (face externa), a face dorsal (parte de trás) e a face pélvica
(face interna).
O acetábulo é uma cavidade em forma de meia esfera situada na face lateral do osso ilíaco, próximo do
seu centro. Apresenta a incisura acetabular. O soalho da cavidade não é articular e designa-se fossa
acetabular. Os lados da cavidade constituem uma superfície articular, a faceta semilunar. É nesta faixa
em forma de ferradura que a cabeça do fémur se mode dentro da articulação da anca.
O buraco obturado é uma grande fenda do osso ilíaco, abaixo e ligeiramente à frente do acetábulo, entre
o púbis e o ísquio. O buraco é obturado por uma membrana fibrosa, a membrana obturadora que se insere
nas suas margens exceto em cima onde há comunicação entre a pelve e a coxa.
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Coxa
A Coxa, tal como o braço, contém um único osso, o fémur, o osso mais longo e mais forte do corpo
humano. Como qualquer osso longo tem um corpo cilíndrico e duas extremidades (epífeses) proximal e
distal. O fémur tem uma cabeça proeminente e arredondada, onde se articula com o acetábulo, e um colo
bem definido; ambos se localizam num ângulo oblíquo em relação ao eixo do fémur. O corpo proximal
tem duas tuberosidades: o grande trocânter (corredor) lateral ao colo e um pequeno trocânter inferior
e posterior ao colo. Ambos os trocânteres são pontos de inserção de músculos que unem a anca à coxa. O
grande trocânter e músculos que nele se inserem formam uma saliência arredondada, que pode ser
observada como sendo a parte mais larga da anca. A extremidade distal do fémur apresenta os côndilos
interno e externo, superfícies lisas e arredondadas que se articulam com a tíbia. Com a localização
proximal em relação a côndilos estão os epicôndilos interno e externo, pontos importantes de inserção
de músculos e ligamentos.O terço médio do corpo do fémur é triangular em secção transversal, com três
bordos: posterior, medial e lateral; e três faces: lateral, medial e anterior.
Visão posterior
Visão anterior
Cristas supracondilianas
50
Rótula
A rótula ou patela é um grande osso sesamóideu localizado no tendão do músculo quadricípete crural
(quadriceps femoris), que é o mais importante dos músculos anteriores da coxa. A rótula articula-se com
a tróclea femoral (chanfradura rotuliana) de modo a criar uma superfície articular lisa na extremidade
distal anterior do fémur. A rótula mantém o tendão afastado da extremidade distal do fémur e assim
modifica o ângulo do tendão entre o quadricípete crural e a tíbia, onde o tendão se insere. Esta mudança
de ângulo amplia a força que pode ser aplicada pelo músculo na tíbia. Em consequência deste aumento
de aplicação de força, torna-se necessária uma menor contração muscular para mover a tíbia.
Perna
A perna é a parte do membro inferior situada entre o joelho e o tornozelo e consiste em dois ossos: tíbia
(osso da canela) e o perónio (fíbula). A tíbia é de longe o maior dos dois ossos e suporta a maior parte
do peso da perna. Pode-se observar e palpar com facilidade, logo abaixo da rótula, uma tuberosidade
anterior da tíbia (tuberosidade tibial) que constitui o ponto de inserção do quadricípete crural. A crista
anterior forma a “canela”. A extremidade proximal da tíbia apresenta as cavidades glenoideias da tíbia,
lateral (externa) e medial (interna), achatadas, que se articulam com os côndilos do fémur. Localizada
entre as cavidades está a espinha da tíbia (eminênciainter-condiliana) que é uma crista entre as duas
superfícies articulares da tíbia proximal. A extremidade distal da tíbia é alargada para formar o maléolo
interno (medial) que contribui para formar o tornozelo.
O perónio não se articula com o fémur mas tem uma pequena cabeça proximal onde se articula com a
tíbia. A extremidade distal do perónio está ligeiramente alargada no maléolo externo, (lateral) que forma
a face externa da articulação do tornozelo. Os maléolos externo e interno podem ser vistos e palpados
como saliências proeminentes de cada lado do tornozelo. A porção mais delgada, mais frágil, do perónio
está imediatamente proximal ao maléolo externo.
51
Pé
A porção proximal do pé é formada por sete ossos társicos. O astrágalo (osso do tornozelo) articula-se
com a tíbia e o perónio formando a articulação tíbio-társica (articulação do tornozelo). O calcâneo
(calcanhar) localiza-se abaixo do astrágalo e suporta-o. O calcâneo faz protusão para trás no local onde
os músculos da barriga da perna se inserem nele, e onde pode ser facilmente palpado como calcanhar. A
porção proximal do pé é muito maior que o punho.
Os metatásicos e as falanges do pé estão dispostos de uma maneira muito semelhante à dos metacárpicos
e falanges das mãos, sendo o dedo grande do pé semelhante ao polegar. Por vezes formam-se pequenos
ossos sesamoideus nos tendões dos músculos inseridos no dedo grande. A “bola do pé” corresponde à
junção entre os metatársicos e as falanges. O pé, no seu conjunto, é convexo dorsalmente e côncavo
ventralmente (inferiormente), formando as arcadas plantares.
52
Arcadas do pé
O pé tem três arcadas principais que distribuem o peso do corpo entre o calcanhar e a “bola do pé” quando
em pé ou em andamento. Quando o pé se apoia no chão, o peso é transferido da tíbia e do perónio para o
astrágalo. Daqui, o peso é distribuído para o calcanhar (calcâneo) e depois, através do sistema de arcadas,
ao longo da região lateral (externa) do pé para a “bola do pé” (cabeça dos metatársicos). Este efeito pode
ser observado quando uma pessoa descalça e com os pés molhados anda numa superfície seca; pode ver-
se a impressão do calcanhar, do bordo lateral do pé, e da “bola do pé”, mas a parte média da superfície
plantar e o bordo medial (interno) não deixam rasto. O bordo interno não deixa rasto porque as arcadas
do pé são mais elevadas do que as externas. A forma das arcadas é mantida pela configuração dos ossos,
pelos ligamentos que os unem e pelos músculos que atuam sobre o pé.
53
Cabeça Óssea
A cabeça óssea protege o encéfalo; suporta os órgãos da visão, da audição, do olfato e do paladar; e
fornece alicerces para as estruturas responsáveis pela entrada do ar, alimentos e água para o organismo.
O interior e o exterior do crânio apresentam bordos, linhas, apófises e lâminas. Estas estruturas são
importantes para a inserção de músculos, ou para os ossos da cabeça se articularem entre si.
As órbitas são fossas cónicas com os vértices ou apéxes dirigidos para trás. Os ossos que formam as
órbitas são proteção aos olhos e fornecem os pontos de inserção dos músculos que os movem.
As fossas nasais estão divididas em metades direita e esquerda por um septo nasal. A parte óssea do septo
nasal consiste principalmente no vómer e lâmina perpendicular do etmóide. A parte anterior do septo
nasal é formada por cartilagem hialina. A parte externa das fosses nasais apresenta três saliências ósseas,
56
os cornetos nasais, que estai orientados para baixo. O corneto inferior é um osso separado, enquanto o
médio e o superior são prolongamentos do etmóide. Os cornetos contribuem para aumentar a área da
superfície das fossas nasais, pelo que facilitam a humidificação, remoção de partículas e aquecimento do
ar inalado.
Vários ossos associados à cavidade nasal contêm grandes cavidades chamadas seios perinasais, ou
paranasais, que se abrem na cavidade nasal. Os seios diminuem o peso do crânio e atuam como câmaras
de ressonância durante a emissão da voz.
Ossos da cabeça
A cabeça óssea compõe-se em 22 ossos distintos. Além disso, o crânio contém seis ossículos auditivos
(ossinhos do ouvido), com funções na audição. Cada osso temporal contém um conjunto de ossículos
auditivos (martelo, bigorna e estribo), que não podem ser observados sem abrir o temporal.
Os restantes 22 ossos dividem-se em duas porções: o neurocrânio e o viscerocrânio. O neurocrânio, ou
caixa craniana, consiste em oito ossos que envolvem e protegem diretamente o encéfalo. São os ossos
pares, parietais e temporais, e os ossos ímpares, frontal, etmóide, esfenóide e occipital.
Os 14 ossos do viscerocrânio, ou ossos da face formam a estrutura da face, na parte anterior da cabeça.
São: os maxilares (dois), mandíbula (uma), zigomático (dois), palatinos (dois), nasais (dois), lacrimais
(dois), cornetos inferiores (dois), mandíbula (um) e vómer (um). Os ossos frontal e etmóide, que fazem
parte do neurocrânio, contribuem também para a face. A mandíbula é habitualmente descrita como sendo
um osso da face, embora não faça parte integrante da cabeça óssea.
Os ossos da face dão proteção aos principais órgãos dos sentidos nela localizados (olhos, nariz, língua).
Os ossos da face também fornecem pontos de inserção para os músculos envolvidos na mastigação,
expressão facial e movimentos oculares. As mandíbulas (mandíbula e maxilares) possuem saliências
alveolares que contêm cavidades alveolares que são encaixes para os dentes. Os ossos da face e tecidos
moles associados determinam a apresentação facial própria de cada individuo.
Osso frontal
Osso ímpar; classificado como chato
É o mais anterior do crânio
A maior parte do osso constitui a porção escamosa
Forma de cápsula
Apresenta cavidades aéreas no seu interior – seios frontais
Articula-se com os ossos:
Parietais, através da sutura coronal (frontoparietal)
Zigomáticos, através das suturas frontozigomáticas
Etmóide, através da sutura frontoetmoidal
Lacrimais, através da sutura frontolacrimal
Pontos de referência:
Esfenóide, através da sutura esfenofrontal
Apófise zigomática – liga com o osso zigomático; ajuda
Nasais, através da sutura frontonasal
a formar o bordo externo da órbita
Arcada supra-orbitária – saliência que forma o bordo
ântero-superior da órbita
Buraco supra-orbitário – abertura pela qual os nervos
e vasos sanguíneos saem do crânio para a pele de fronte
Espinha nasal – parte superior do septo nasal
Fossa orbitaria – teto da órbita
Características especiais:
Forma a testa e o teto da órbita
Contém os seios frontais
Osso Parietal
Osso par, classificado como osso chato
Forma a maior parte do teto e dos lados do crânio
Os dois parietais unem-se na sutura sagital
Forma grosseiramente quadrilátera:
Face interna e face externa
Bordo superior, bordo anterior, bordo posterior e bordo inferior
Ângulo frontal, ângulo esfenoidal, ângulo occipital e ângulo mastóide
Pontos de referência:
Bossa parietal – a maior largura da cabeça é a que une
as duas bossas parietais
Linhas curvas temporais superior e inferior – zona de
inserção do músculo temporal
Características especiais:
Forma a parede lateral do crânio
Vista lateral
Osso Occipital
Osso mais posterior da cabeça óssea
Forma a parede posterior da cavidade craniana
Articula com a primeira vértebra cervical, permitindo articular a cabeça com a coluna vertebral
Delimita o buraco occipital ou magno, através do qual a cavidade craniana comunica com o
canal vertebral
Parte escamosa
Protuberância occipital externa
Crista occipital externa
Linha nucal suprema
Linha nucal superior
Linha nucal inferior
Parte basilar
Clivo
Tubérculo farígeo
Côndilo occipital
Pontos de referência:
60
Buraco occipital – abertura em torno do ponto de união
entre o encéfalo e a medula espinal
Côndilo – ponto de articulação entre a cabeça óssea e a
primeira vértebra
Linha curva occipital inferior – ponto de inserção para
músculos do pescoço
Linha occipital exterior – ponto de inserção para
músculos do pescoço
Buraco condiliano anterior (canal do hipoglosso) –
abertura por onde passa o nervo grande hipoglosso
Fossa craniana posterior – depressão posterior na
caixa craniana, formada pelo cerebelo
Vista inferior
Características especiais:
Osso Temporal Forma a parte da base do crânio
É um osso par
Forma as paredes infero-laterais do crânio
Classificado como irregular
No seu interior localizam-se os três ossos do ouvido médio (martelo, bigorna e estribo)
Características especiais:
Contém os seios esfenoidais
Osso Etmóide
Pontos de referência:
Apófise crista galli – inserção das meninges
Corneto médio – saliência que se estende para dentro da cavidade
nasal; aumenta a área da sua superfície, ajuda a aquecer e a
humedecer o ar nas fossas nasais
Corneto superior – saliência que se estende para as fossas nasais;
aumenta a área de superfície, ajuda a aquecer e a humedecer o ar
Face externa das massas laterais – forma a parede interna da
órbita
Lâmina crivada – contém numerosas aberturas pelas quais os
ramos do nervo olfativo entram na caixa craniana provenientes das
fossas nasais
Lâmina vertical – forma parte do septo nasal
Seios etmoidais – espaços no interior do osso; reduzem o peso da
cabeça
Buracos etmoidais – aberturas por onde passam nervos e vasos
sanguíneos da órbita para a cavidade nasal
Características especiais:
Forma parte do septo nasal e parte das paredes laterais e tecto das
fossas nasais
Os nervos do olfato passam através da lâmina crivada
Contém os seios etmoidais, ou células etmoidais
62
Pontos de referência:
Osso Zigomático Apófise frontal / ângulo superior do zigomático – conexão
com o osso frontal; ajuda a formar o bordo lateral da órbita
Apófise temporal / ângulo posterior do zigomático – ajuda
a formar a saliência óssea que se dirige da maçã do rosto até
imediatamente adiante da orelha
Bordo infra-orbitário – saliência que forma o bordo inferior
da órbira
Buraco zigomático-facial – abertura por onde um nervo e
vasos sanguíneos saem da órbita para a face
Vista lateral
Características especiais:
Forma a proeminência da região malar e a parede Antero-
lateral da órbita
Maxila
Pontos de referência:
Apófise frontal / apófise montante – forma os lados do dorso do nariz
Apófise platina – forma dos terços anteriores do palato duro
Apófise zigomática – conexão com o osso malar; ajuda a formar o bordo inferior da órbita
Buraco infra-orbitário – abertura pela qual são um nervo da cavidade nasal para o teto da cavidade bucal
Cavidades alveolares – cavidades que contêm os dentes; fazem saliências
Espinha nasal anterior – forma parte do septo nasal
Seio maxilar – cavidade no osso que ajuda a reduzir o peso da cabeça
Superfície orbitaria – forma o pavimento da órbita
Tuberosidade – saliência localizda atrás da raiz do último molar superior
Características especiais:
Contém o seio maxilar
Contém os dentes superiores
63
Osso Platino
Pontos de referência:
Lâmina horizontal – forma o terço posterior
do palato duro
Lâmina vertical – forma parte da parede
externa da respetiva fossa nasal
Características especiais:
Contribui para a formação de parte do palato
duro e de uma pequena parte da parede da
órbita
Osso Lacrimal
Características especiais:
Forma uma pequena porção da parede da órbita
Osso Nasal
Características especiais:
Forma o dorso do nariz
Mandíbula
64
Pontos de referência:
Ângulo – canto entre o corpo e o ramo
Apófise alveolar – saliência que contém os dentes, nos alvéolos dentários
Apófise articular – prolongamento que contém o côndilo mandibular
Apófise coronoideia – inserção para um músculo da mastigação
Buraco mentoniano – abertura pela qual um nervo e vasos sanguíneos saem da mandíbula para a pede do queixo
Chanfradura sigmoideia – depressão entre a apófise condiliana e a apófise coronoideia
Côndilo mandibular – ponto de articulação entre a mandíbula e o resto da cabeça óssea
Corpo – porção principal e horizontal do osso
Orifício do canal dentário inferior – abertura pela qual entram no osso nervos e vasos sanguíneos para os dentes inferiores
Ramo – porção importante e quase vertical do osso
Características especiais:
É o único osso que se move livremente em relação ao resto da cabeça óssea
Dá suporte de fixação aos dentes inferiores
Vómer
Pontos de referência:
Asa – zona de articulação entre o vómer e o esfenóide
Lâmina vertical – forma parte do septo nasal
Características especiais:
Forma a maior parte do septo nasal posterior
65
Cavidade Nasal
Cavidade glenoideia/
Temporal Depressão onde a mandíbula se articula com a cabeça óssea
Fossa mandibular
Linhas curvas temporais Parietal Onde se insere o músculo temporal, que cerra a mandíbula
Maxila Pavimento
Frontal Teto
Nasal Teto
Esfenóide Teto
Maxila Pavimento
Vómer Septo
Artrologia
A articulação é um local onde dois ossos se unem. São habitualmente consideradas móveis, mas nem
sempre é o caso. Muitas articulações apenas permitem movimentos limitados e outras parecem imóveis.
A estrutura de uma determinada articulação relaciona-se diretamente com o seu grau de movimento. As
sinfibroses e as sincondroses têm muito menos movimento do que as articulações que contêm líquido e
têm superfícies articulares lisas.
As articulações relacionam ossos ou áreas de ossificação adjacentes e o movimento é importante para
determinar o tipo de articulação que se desenvolve. Se o movimento for restrito, mesmo numa articulação
com elevada mobilidade, a qualquer momento a articulação pode transforma-se em imóvel.
As articulações são locais de encontro entre ossos ou estruturas ósseas, estando ligadas ao crescimento, à
fixação e ao movimento.
68
As articulações são habitualmente designadas de acordo com os ossos ou porções de ossos que nela se
relacionam. Algumas articulações recebem o nome dos ossos que aí se articulam ou recebem nomes
simplesmente derivados do grego ou latim, equivalentes ao nome comum.
Suturas
São linhas de junção entre os ossos do crânio. Algumas
são completamente imóveis nos adultos. As suturas
raramente são lisas e os ossos que se articulam muitas
vezes interpenetram-se. O tecido entre os dois ossos
(ligamento inter-ósseo) é tecido conjuntivo denso e
regularmente organizado e o periósteo das superfícies
interiores e exteriores dos ossos adjacentes prolonga-se
sobre a articulação. As duas camadas de periósteo e as
fibras densas de tecido conjuntivo entre elas formam o
ligamento sutural.
A parede craniana dos recém-nascidos tem áreas membranosas no ponto de junção de vários
ossos. Estas chamam-se fontanelas e estão claramente abertas, permitindo que o crânio “dê se
si” durante o trabalho de parto, permitindo o crescimento da cabeça após o nascimento.
Os bordos ósseos das suturas são locais de contínuo crescimento ósseo, e muitas suturas acabam
por ossificar.Por exemplo, a ossificação da futura entre os dois frontais dá-se pouco depois do
nascimento, de tal forma que no crânio adulto formam habitualmente um osso único. Na maioria
dos adultos normais as suturas coronal, sagital e lambdática não estão fundidas. No entanto, em
algumas pessoas mais velhas, mesmo estas suturas podem ossificar. Sinostose é o crescimento
conjunto de dois ossos substituindo a sua articulação, de modo a formar um único osso. Este
processo também se dá em certas outras articulações, como lâminas epifisárias.
69 Crânio fetal, com fontanelas e suturas
Sindesmoses
Sindesmose (apertar ou ligar) é um tipo de articulação fibrosa em
que os ossos estãos mais afastados do que numa sutura e são unidos
por ligamentos. Numa sindesmose pode haver algum movimento
pela flexibilidade dos ligamentos, como é o caso da sindesmose
rádio-cubital, que mantém unidos o rádio e o cúbito.
Gonfoses
As gonfoses são articulações especializadas que consistem no
encaixe em cavidades e são mantidas no seu lugar por finos
feixes de tecido conjuntivo rico em colagénio. As
articulações entre os dentes e os seus alvéolos da mandíbula
e maxilares são gonfoses. Os feixes de tecido conjuntivo
entre os dentes e os seus encaixes são os ligamentos peri-
ondontais e permitem um ligeiro “dar de si” dos dentes
durante a mastigação.
Sincondroses
A sincondrose (união por meio de cartilagem) é uma articulação não sinovial em que a junção de
dois ossos se faz por cartilagem hialina, com pouco ou nenhum movimento. As placas epifisárias
dos ossos em crescimento são sincondroses. A maioria das sincondroses é temporária e é
substituída por osso, formando-se sinostoses. Por outro lado, algumas sincondroses persistem a
vida toda. É o caso das sincondrose esterno-costal, que une a primeira costela e o esterno por
meio da primeira cartilagem costal. Todas as cartilagens costais começam como sincondroses
mas, por causa do movimento que ocorre entre elas e o esterno, todas as outras desenvolvem
articulações sinoviais nestes pontos. Por isso, apesar de as articulações condro-costais (entre as
costelas e as cartilagens costais) se manterem, a maioria das cartilagens costais deixa de se
classificar como sincondroses porque uma das suas extremidades se liga ao osso (externo) por
uma articulação sinovial.
Sínfises
A sínfise ou anfiartrose consiste em fibrocartilagem unindo dois ossos que aderem por superfícies
planas. São sínfise as junções entre o manúbrio e o corpo do esterno, a sínfise púbica e os discos
intervertebrais. Algumas destas articulações são semi-móveis pela natureza um tanto flexível da
fibrocartilagem.
Sínfises Nenhum
Púbica Entre dois coxais
(exceto no parto)
Articulações Sinoviais
As articulações sinoviais (sinóvia: líquido articular) contêm líquido sinovial e permitem um movimento
considerável entre os ossos que aí se articulam. Estas articulações são anatomicamente mais complexas
do que as fibrosas e as cartilagíneas. A maior parte das articulações que reúnem os ossos do esqueleto
articular são sinoviais, refletindo-se numa maior mobilidade do esqueleto apendicular em relação ao
esqueleto axial.
As superfícies articulares dos ossos com articulações sinoviais estão cobertas por uma fina camada de
cartilagem hialina que se chama cartilagem articular e que constitui uma superfície lisa onde os ossos
entram em contacto. Diversas articulações sinoviais, como as dos joelhos e a temporo-mandibular, têm
ainda meniscos (discos articulares) – estruturas fibrocartilagíneas que proporcionam força e resistência
adicionais à articulação e aumentam a profundidade da cavidade articular.
As superfícies articulares dos ossos que se encontram numa articulação sinovial estão encerradas numa
cavidade articular, rodeada por uma cápsula articular que ajuda a manter os ossos unidos, ao mesmo
tempo que permite o movimento. A cápsula articular consta de duas camadas: uma cápsula fibrosa
exterior e uma membrana sinovial interior. A cápsula fibrosa é constituída por tecido conjuntivo denso
e heterogéneo e está na continuidade da camada fibrosa do periósteo que cobre os ossos que constituem
a articulação. Há porções da cápsula fibrosa que podem espessar-se, de modo a formar ligamentos. Pode
haver também no exterior da cápsula fibrosa ligamentos e tendões que contribuem para fortalecer e
estabilizar a articulação, ao mesmo tempo que limitam o movimento em algumas direções.
A membrana sinovial forra a cavidade articular, exceto sobre a cartilagem articular. É uma membrana
fina e delicada que consiste num conjunto de células de tecido conjuntivo modificado intercaladas em
partes da cápsula fibrosa ou separadas dela por uma camada de tecido areolar ou adiposo. A membrana
produz líquido sinovial que consiste num filtrado do soro sanguíneo e secreções das células sinoviais. O
líquido sinovial é uma mistura complexa de polissacáridos (principalmente ácido hialurónico – contribui
para a consistência viscosa e para as qualidades lubrificantes do líquido), proteínas, lípidos e células. O
líquido sinovial tem, portanto, como principal função a lubrificação da articulação.
Em certas articulações sinoviais a membrana sinovial pode estender-se como uma bolsa ou saco chamada
bolsa sinovial afastando-se alguma distância do resto da cavidade articular. As bolsas contêm líquido
sinovial e constituem almofadas cheias de líquido entre as estruturas que, de outro modo, ao
movimentarem-se umas sobre as outras, como tendões a deslizar sobre os ossos ou sobre outros tendões,
provocariam atrito. Outras bolsas estendem-se, por exemplo, ao longo dos tendões, formando bainhas
tendinosas. A bursite é a inflamação de uma bolsa e pode causar uma dor considerável em torno da
articulação e restringir a sua mobilidade.
Na margem periférica da cavidade articular os vasos sanguíneos formam um círculo vascular que nutre a
cartilagem, mas os vasos sanguíneos não penetram na cartilagem nem entram na cavidade articular. A
cartilagem articular recebe ainda alimento a partir do osso esponjoso subjacente e do líquido sinovial que
a recobre. Os nervos sensitivos entram na cápsula fibrosa e, em menor extensão, na membrana sinovial.
Os nervos não entram na cartilagem nem na cavidade articular.
73 Estrutura de uma articulação sinovial
A – Eixo Transversal
B – Eixo Anteroposterior
C – Eixo Longitudinal
Movimentos angulares
São aqueles em que uma parte de uma estrutura linear, como o corpo no seu todo ou um membro
se dobram em relação a outra parte da mesma estrutura, modificando o ângulo entre as duas
partes. São também movimentos angulares os que implicam o movimento de uma haste sólida,
como um membro, ligada ao corpo na outra extremidade, de modo a alterar o ângulo que faz com
o corpo. Os movimentos angulares mais comuns são a flexão e a extensão, a abdução ou adução.
A flexão, a extensão, a flexão dorsal ou flexão plantar fazem-se através do eixo transverso.
76
Há numerosas formas de definir flexão e extensão, sendo a definição literal dobrar e esticar,
respetivamente. De uma forma mais geral, a flexão move uma parte do corpo numa direção
anterior ou ventral; a extensão move uma parte do corpo numa direção posterior ou dorsal. A
única exceção é o joelho, em que a flexão desloca a perna para uma direção posterior e a extensão
desloca-a para uma direção anterior.
O movimento dos pés para o lado plantas, como estar em bicos de pés chama-se extensão (flexão
plantar); e o movimento dos pés na direção da perna, como andar sobre os calcanhares, chama-
se flexão (flexão dorsal ou dorsiflexão)
Movimentos circulares
Consistem na rotação de uma estrutura em torno de um eixo ou no movimento em arco da
estrutura. Fazem parte a rotação (interna e externa), pronação e supinação,e circundução.
A rotação é o rodar de uma estrutura em torno do seu eixo mais longo, como rotação da cabeça,
rotação do úmero ou rotação de todo o corpo. A rotação interna do úmero com o antebraço
fletido traz a mão para o corpo. A rotação externa do úmero faz com que a mão se afaste do
corpo. A rotação acontece à volta do eixo longitudinal coincidente com o corpo do osso longo.
Movimentos especiais
São exclusivos de uma ou duas articulações. Não se encaixam totalmente em qualquer das outras
categorias. Fazem parte a inversão e eversão.
Articulação do Ombro
O ombro, ou articulação escápulo-umeral é uma articulação esférica com reduzida estabilidade e grande
mobilidade em comparação com a outra articulação esférica, a anca. No ombro verificam-se movimentos
de flexão, extensão, abdução, adução, rotação e circundução. A cabeça arredondada do úmero articula.se
com a cavidade glenoideia pouco profunda da omoplata. Assim, esta articulação classifica-se como
simples e multi-axial. O bordo da cavidade glenoideia é ampliado ligeiramente por um anel de
fibrocartilagem, o debrum glenoideu, a que se fixa a cápsula articular. A bolsa serosa subescapular e a
bolsa serosa infra-acromial abrem-se na cavidade articular.
A estabilidade da articulação é primariamente mantida por três ligamentos e por quatro músculos. A
cabeça do úmero é também suportada contra a cavidade glenoideia pelo tendão da longa porção do
bicípete braquial, na parte anterior do braço. Este tendão constitui exceção, no sentido em que atravessa
a cápsula articular do ombro antes de cruzar a cabeça do úmero, fixando-se à omoplata no tubérculo supra-
glenoideu.
Ligamentos Descrição
Gleno-umerais
Três conjuntos de fibras longitudinais de pouca espessura no lado anterior da cápsula;
(superior, médio e
Estende-se do úmero para o bordo da cavidade glenoideia da omoplata
inferior)
Espessamento fibroso transversal e externo da cápsula articular;
Umeral transverso Atravessa-se entre o troquino e o troquiter e contém o tendão da longa porção do bicípete
mantendo-o contra a goteira bicipital
Secção frontal
Articulação aberta
(visão lateral)
81
Articulação do Cotovelo
A articulação do cotovelo é uma articulação em roldana complexa, constituída pela articulação úmero-
cubital, (trocleartrose) entre o úmero e o cúbito, a articulação úmero-radial, (condilartrose) entre o
úmero e o rádio, e a articulação rádio-cubital superior ou proximal (trocartrose). A forma da grande
cavidade sigmoideia do cúbito (chanfradura troclear), e a sua associação com a tróclea do úmero limitam
o movimento no cotovelo à flexão e à extensão. No entanto, a cabeça arredondada do rádio roda na
pequena cavidade sigmoideia do cúbito e contra o capítulo do úmero, permitindo a pronação e a supinação
da mão.
A articulação do cotovelo é classificada como bitrocleo-côndilo-trocartrose. É uma articulação composta,
devido à presença de disco e uni-axial. Tem como superfícies articulares o úmero (tróclea umeral e
côndilo umeral), o cúbito (cavidade sugmoideia do cúbito), o côndilo umeral e a cabeça do rádio.
A articulação do cotovelo é rodeada por uma cápsula articular. A articulação úmero-cubital é reforçada
pelo ligamento lateral interno (cúbito colateral). As articulações úmero-radial e rádio-cubital proximal
são reforçadas pelo ligamento lateral externo (colateral radial) e pelo ligamento anular do rádio
(rádio-anular). A bolsa sereosa olecraniana subcutânea cobre as superfícies proximal e posterior do
olecrânio.
Articulação da Anca
A cabeça do fémur articula-se com a cavidade cotiloideia ou acetábulo do osso coxal, côncava e
relativamente profunda, de modo a formar a articulação da anca ou coxo-femoral. A cabeça do fémur
assemelha-se mais a uma esfera completa do que qualquer superfície articular de outro osso do corpo. A
cavidade cotiloideia é acentuada no seu rebordo por um cordão fibrocartilagíneo chamado debrum
cotiloideu ou acetabular, incompleto na sua porção inferior, e por um ligamento transverso do
acetábulo, que cruza a chanfradura isquio-púbica no bordo inferior do acetábulo. A anca é capaz de um
amplo leque de movimentos, incluindo a flexão, extensão, abdução, adução, rotação e circundunção.
Uma cápsula articular extremamente forte, reforçada por diversos ligamentos, estende-se do rebordo
cotiloideu ao colo do fémur. O ligamento íleo-femoral é especialmente forte. O ligamento redondo,
ligamento da cabeça do fémur, localiza-se no interior da anca, entre a cabeça do fémur e o acetábulo. A
sua função é fortalecimento da articulação é muito limitada. Transporta, no entanto, uma pequena artéria
nutritiva à cabeça do fémur em cerca de 80% da população. O debrum cotiloideu, os ligamentos da anca
e os músculos vizinhos tornam esta articulação muito mais estável mas menos móvel do que a do ombro.
A articulação da anca classifica-se como enartrose. É uma articulação simples e multi-axial. Tem como
superfícies articulares a cabeça do fémur com a fosseta para o ligamento rendondo e o acetábulo do osso
ilíaco. Une-se através da cápsula articular, ligamento íleo-femoral, ligamento pubo-femoral, ligamento
isquio-femoral e ligamento redondo.
Ligamento Descrição
Articulação do Joelho
A articulação do joelho classifica-se tradicionalmente como uma articulação troclear modificada,
localizada entre o fémur e a tíbia. Trata-se de uma complexa articulação bi-condiliama que permite a
flexão, a extensão e uma pequena rotação da perna. A extremidade distal do fémur tem dois grandes
côndilos elipsoidais e uma chanfradura profunda entre eles. O fémur articula-se com a extremidade
proximal da tíbia, que é achatada e lisa lateralmente, e apresenta na sua parte média uma crista que se
chama espinha da tíbia. Os rebordos das cavidades glenoideias da tíbia, que acentuam a sua concavidade.
O peróneo não articula com fémur mas apenas com a parte lateral da tíbia.
Os dois ligamentos cruzados do joelho estendem-se entre a espinha da tíbia e os côndilos do fémur. O
ligamento cruzado anterior evita a deslocação anterior da tíbia em relação ao fémur, e o ligamento cruzado
posterior evita a deslocação posterior da tíbia. A articulação é ainda fortalecida pelos ligamentos laterais
e pelos ligamentos popliteus, e pelos tendões dos músculos da coza, que se estendem em torno do joelho.
O joelho está rodeado por numerosas bolsas sinoviais. A maior é o fundo de saco sub-quadricipital (ou
bolsa supra-rotuliana), que é um prolongamento superior da cápsula articular, que permite o movimento
dos músculos anteriores da coxa sobre a extremidade distal do fémur. As outras bolsas sinoviais do joelho
são a bolsa serosa sub-cutânea pré-rotuliana e a bolsa serosa profunda infra-rotuliana, bem como a bolsa
popliteia, a bolsa dos gémeos, e a infra-rotuliana subcutânea.
A articulação do joelho é classificada como trócleo-bicôndilo-meniscartrose. É classificada como
complexa e bi-axial. Tem como superfícies articulares o fémur (tróclea femoral e chanfradura inter-
condiliana, que divide a tróclea em dois côndilos – interno e externo), a tíbia (cavidade glenoideia interna
e externa, espinha da tíbia, rótula e meniscos interarticulares).
84
Ligamento Descrição
Rotuliano Banda fibrosa, muito espessa e resistente, entre a rótula e a tuberosidade anterior da tíbia;
Ou tendão rotuliano Constitui parte integrante do tendão do quadricípete
Asas da rótula Bandas delgadas que vão dos bordos da rótula para as tuberosidades dos côndilos femorais
Popliteu arqueado Estende-se do lado posterior da cabeça do peróneo até à face posterior da cápsula
Estende-se obliquamente, para cima e para trás, da parte anterior da espinha da tíbia até à
Cruzado anterior
face interna do côndilo femoral externo
Estende-se para cima e para diante, da parte posterior da espinha da tíbia até à face externa do
Cruzado posterior
côndilo interno
Freios meniscais
Une os meniscos aos côndilos tibiais
(mediano e lateral)
Unem a parte posterior do menismo exteno ao côndilo interno do fémur, passando adiante e
Menisco-femoral
atrás do ligamento cruzado posterior
Secção sagital
Articulação do Tornozelo
A tíbia e o perónio distais formam com o astrágalo uma articulação em tróclea altamente mdificada
chamada articulação do tornozelo, ou tíbio társica. Os maléolos interno da tíbia e externo do perónio,
que formam os bordos interno e externo do tornozelo, são bastante extensos, enquanto as margens anterior
e posterior são quase inexistentes. Em consequência cria-se uma articulação em tróclea, a partir da
disposição bi-cónica modificada. Uma cápsula fibrosa rodeia a articulação, sendo a parte interna e externa
espessada por ligamentos. Há ainda outros ligamentos que ajudam a estabilizar a articulação. A flexão, a
extensão, a inversão e a eversão limitadas são os movimentos possíveis nesta articulação.
A articulação do tornozelo é classificada como trocleartrose. Tem como superfícies articulares a face
superior do astrágalo e as extremidades inferiores da tíbia e perónio. Os meios de união são a cápsula
articular, o ligamento lateral externo (constituído por três feixes) e o ligamento lateral interno.
86
Ligamento Descrição
1. Occipitofrontal
Cobre a calote craniana, desde a linha nucal suprema (posteriormente), até às margens supra-
orbitárias do osso frontal (anteriormente)
Duas porções musculares ligadas entre si pela aponevrose epicraniana
Ações: puxa o couro cabeludo para trás e para a frente e eleva as sobrancelhas
2. Orbicular do olho
É um feixe de fibras musculares com percurso elíptico em torno da abertura da órbita e das
pálpebras
Tem inserção óssea nos ossos adjacentes à margem medial da órbita
Ações:
Voluntária ou reflexamente – esfíncter das pálpebras, aproximando-as
Aproxima as sobrancelhas uma da outra, permite franzir o sobrolho; quando
completamente contraído não só une firmemente as pálpebras, como as desloca
medialmente
3. Corrugador da sobrancelha
Pequeno músculo piramidal profundamente ao orbicular do olho e porção frontal do
occipitofrontal
Inserção na extremidade medial do arco superciliar
Ações: puxa as sobrancelhas para medial e para baixo, ação conjunta com o orbiculador do olho,
permite franzir o sobrolho
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4. Orbicular da boca
Rodeia a fissura oral
Ações:
Aproxima os lábios; comprime os lábios contra os dentes
Causa protusão dos lábios
5. Risório
Tem inserção na fáscia parotídea, terminando no modíolo, uma condensação fibromuscular
colocada lateralmente ao ângulo da boa
Ações: Retrai os ângulos da boca provocando a expressão de riso sardónico
8. Zigomático maior
As suas fibras têm inserção óssea na apófise temporal do osso zigomárico, próximo da sutura
zigomático-temporal
As suas fibras têm um percurso descendente para diante, terminando no modíolo
Ações: puxa o ângulo da boca para cima e lateralmente causando a expressão de riso
9. Mentoniano
As suas fibras têm inserção óssea na face externa do corpo da mandíbula, abaixo dos dentes
incisivos
As fibras êm um percurso descendente para terminarem no tecido subcutâneo do queixo
Ações:
Enruga a pele do queixo
Everte o lábio inferior causando as expressões de dúvida e desdém
89
12. Bucinador
É um músculo quadrilátero que ocupa, na bochecha, o espaço entre a maxila e a mandíbula
Está inserido atrás nas superfícies externas dos arcos alveolares da mandíbula e da maxila ao
nível dos dentes molares e na rafe pterigomandibular (estrutura fibrosa entre a apófise pterigóide
do osso esfenóide e a extremidade posterior da linha milo-hioideia da mandíbula
As suas fibras têm um percurso quase horizontal para diante até ao modíolo, próximo do ângulo
da boca
As suas fibras continuam como fibras do orbicular da boca, umas no lábio superior e outras no
lábio inferior
Ações:
Comprime as bochechas contra os dentes durante a mastigação, ajudando a colocar os
alimentos nas superfícies oclusais dos dentes.
Se as bochechas foram previamente distendidas com ar, este músculo permite expelir o
ar através dos lábios.
Músculo trompeteiro
Músculos da Mastigação
O ato de mastigar, envolve obrigatoriamente o encerrar da boca (elevação da mandíbula) e a trituração
dos alimentos entre os dentes (excursão mediana e lateral da mandíbula). Os músculos da mastigação e
os músculos hioideus movem a mandíbula. Embora os músculos da língua e o bucinador não estejam
envolvidos no processo de mastigação, ajudam a mover os alimentos dentro da boca e mantê-los seguros
entre os dentes.
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1. Masseter
Inserção óssea principal no arco zigomático
Percurso descendente inserindo-se na face externa ou lateral do ramo da mandíbula
e ângulo da mandíbula
Ações:
Eleva a mandíbula para ocluir os dentes durante a mastigação
2. Pterigoideu lateral
A porção superior insere-se na face infra-temporal da asa maior do osso esfenóide
e a porção inferior insere-se na face lateral da lâmina da apófise pterigóide do osso
esfenóide
As suas fibras dirigem-se para trás e lateralmente para se inserirem no côndilo da
mândibula (porção inferior) e disco articular da articulação temporo-mandibular
(porção superior)
Ações:
Baixa a mandíbula (abre a boca) isto é possível porque este músculo consegue puxar
o côndilo e o disco articular da articulação temporo-mandibular para diante, ao mesmo
tempo que o côndilo roda no disco articular segundo um eixo transversal
3. Pterigoideu medial
Tem inserção na face medial da lâmina lateral da apófise pterigóidde do osso
esfenóide e tem um percurso baixo, para trás e lateralmente para se inserir na porção
póstero-inferior da face medial do ramo da mandíbula e ângulo da mesma
Ações:
Eleva a mandíbula
Age com o pterigoideu lateral ipsilateral, causando protusão da mandíbula
e permitem os movimentos de lateralidade
4. Temporal
É um músculo em forma de leque com inserção na fossa temporal na face externa
da porção escamosa do osso temporal
As suas fibras dirigem-se para baixo convergindo num tendão que passa entre o arco
zigomático e a face externa do crânio e insere-se na apófise coronóide do ramo da
mandíbula
Ações:
Eleva a mandíbula para fechar a boca, aproximando os dentes
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Pterigoideu lateral
(feixe esfoidal)
Pterigoideu lateral
(feixe pterigoideu)
Pterigoideu medial
Bucinador
Constritor superior da
faringe
92
1. Platisma
É uma faixa muscular larga e achatada, inserida por um lado na fáscia
que cobre os músculos do tórax e membro superior.
As suas fibras têm um percurso ascendente e medial, de cada lado do
pescoço, inserindo-se no bordo inferior da mandíbula.
Ações:
Puxa o ângulo da boca e lábio inferior para baixo
Puxa a pele do pescoço
Origina a expressão de horror ou surpresa
2. Esterno-cleido-mastoideu
Caudalmente tem duas cabeças de inserção:
Medial ou esteranal – parte superior da face anterior do manúbrio do esterno
Lateral ou clavicular – superfície superior da extremidade medial da clavícula
Ambas as cabeças vão inserir-se principalmente na apófise mastóide do osso temporal
Ações:
Quando se contrai apenas um dos esterno-cleido-mastoideus, a
cabeça inclina-se em direção ao ombro do mesmo lado e roda, de
tal forma, que a face fica voltada para o lado oposto
Quando os dois músculos esterno-cleido-mastoideus agem
juntos, inclinam a cabeça para a frente promovendo a flexão
anterior da cabeça
93
Superfícies posteriores
Superfícies anteriores
Músculos Hióideus
Os músculos hióideus dividem-se num grupo supra-hióideu superior ao osso hióide e num grupo infra-
hióideu, inferior ao hióide. Quando o osso hióide está fixado pelos músculos infra-hióideus de modo a
ficar estabilizado inferiormente, os músculos supra-hióideus podem ajudar a baixar a mandíbula. Se os
músculos supra-hióideus fixarem o osso hióide estabilizando-o superiormente, o músculo tiro-hióideu
(músculo infra-hióideu) consegue elevar a laringe.
Músculos Supra-hióideus
Têm como principal ação elevar o osso hióide para a que deglutição possa acontecer.
1. Digástrico
É constituído por dois ventres unidos por um tendão, que está preso ao corpo do osso hióide por
uma alça fibrosa
O ventre posterior está inserido cranialmente, ao nível da apófise mastóide do osso temporal
O ventre anterior está inserido na fossa digástrica da base da mandíbula (ou bordo inferior),
próximo da sínfise mentoniana
Ações:
Baixa a mandíbula e eleva o osso hióide
É importante na deglutição
2. Estilo-hioideu
É um feixe muscular inserido na apófise estilóide do osso temporal
As suas fibras têm um percurso para baixo e para diante inserindo-se no corpo do osso
hióide
94
Ações:
Eleva e puxa para trás o osso hióide
3. Ligamento estilo-hioideu
É uma corda fibrosa que está inserida no ápice da apófise estilóide do osso temporal em cima e
no corno menor do osso hióide em baixo
Suspende do osso hióide
4. Milo-hioideu
Forma como o músculo do lado oposto o soalho muscular da cavidade oral
Insere-se em cima na linha milo-hioideia da face interna da mandíbula
As suas fibras têm um percurso descendente e medial, sendo que as mais posteriores se inserem
no corpo do osso hióide e as mais anteriores intersetam na rafe fibrosa mediana entre os dois
músculos
Ações:
Eleva o soalho da boca e o osso hióide
Músculos Infra-hióideus
Têm como principal ação baixar o osso hióide após a deglutição.
1. Omo-hióideu
Consiste de dois ventres unidos por um tendão fibroso
O ventre inferior insere-se em baixo no bordo superior da omoplata, sendo que as suas fibras se
dirigem para a frente e para cima até ao tendão, a partir do qual o ventre superior se dirige
verticalmente para cima para se inserir no bordo inferior do osso hióide
Ações:
Baixa o osso hióide após ter sido elevado
2. Esterno-hióideu
Insere-se na extremidade medial da clavícula e na face posterior e superior do manúbrio do
esterno
As suas fibras têm um percurso ascendente para se inserirem no bordo inferior do osso hióide
Ações:
Baixa o osso hióide após ter sido elevado
95
1. Longo do pescoço
Está inserido na face anterior da coluna vertebral desde o atlas até à terceira vértebra
torácica e está dividido em três porções
Ações:
Flexão anterior do setor cervical da coluna vertebral
Flexão lateral do mesmo (porções oblíquas) com rotação para o lado oposto
(porção oblíqua inferior)
2. Longo da cabeça
Insere-se inferiormente nas apófises transversas da 3ª, 4ª, 5ª e 6ª vértebras
cervicais e em cima vai inserir-se na face inferior da porção basilar do osso
occipital
Ações:
Permite a flexão anterior da cabeça
Ações:
Flexão lateral da cabeça inclinando-a para o mesmo lado
1º Plano muscular:
1. Ligamento da nuca:
Membrana fibro-elástica que se estende da protuberância occipital externa até à apófise
espinhosa da sérima vértebra
98
2. Trapézio
Insere-se, por um lado, na protuberância occipital externa e linha nucal
superior, ligamento da nuca, nas apófises espinhosas da última
vértebra cervical e de todas as vértebras torácicas
Por outro lado, insere-se ao longo da espinha da escápula (omoplata),
no acrómio e na extremidade lateral da clavícula
Ações:
Agindo com outros músculos, estabiliza a escápula e controla a sua posição
durante os movimentos do membro superior
Agindo com o elevador da escápula, eleva a escápula e juntos permitem suster
pesos sobre o ombro
3. Grande dorsal
Insere-se medialmente nas apófises espinhosas das vértebras torácicas
inferiores e das vértebras lombares e no sacro
As suas fibras convergem num tendão que passa medialmente ao úmero e
que se insere no sulco intertubercular do mesmo
Ações:
Adução, extensão ao nível da articulação do ombro e rotação
medial do ombro
2º Plano muscular
1. Rambóide menor
As suas fibras dirigem-se para baixo e lateralmente desde o ligamento
da nuca (extremidade inferior) e apófises espinhosas da 7ª vértebra
cervical e 1ª vértebra torácica até ao bordo medial da escápula
2. Rambóide maior
Está colocado logo abaixo do rambóide menor, as suas fibras dirigem-
se para baixo e lateralmente inserindo-se no bordo medial da escápula,
acima da espinha
3. Elevador da escápula
Insere-se nas apófises transversas das primeiras vértebras cervicais
As suas fibras dirigem-se para baixo e lateralmente inserindo-seno
bordo medial da escápula, acima da espinha
Ações:
99
3º Plano muscular
São músculos essencialmente posturais e que permitem também a extensão, flexão lateral e rotação da
coluna vertebral. De um plano mais superficial em direcção ao plano mais profundo, destacam-se: os
esplénios, o erector da espinha, o transverso-espinhal e os intertransversários e interespinhais
1. Esplénio da cabeça
Insere-se inferiormente na metade inferior do ligamento da nuca
As suas fibras têm um percurso ascendente e lateral para se inserirem na
apófise mastóide do osso temporal, profundamente (medialmente) ao
esternocleidomastoideu
2. Esplénio do pescoço
As suas fibras têm um percurso ascendente e lateral das apófises espinhosas da 3ª, 4ª, 5ª
e 6ª vértebras torácicas para as apófises transversas das duas primeiras vértebras
cervicais
Ações:
Os esplénios agem com os do lado oposto e causam extensão da
cabeça e da extremidade cervical da coluna vertebral (inclinação
para trás)
Agindo apenas os esplénios de um dos lados, a cabeça é puxada
para esse lado e a face roda ligeiramente para o mesmo lado
3. Eretor da espinha
Insere-se por meio de um espesso tendão à crista sagrada mediana e apófises espinhosas
das vértebras lombares
Tem três colunas: iliocostal, músculo longuíssimo e músculo espinhal
Ações:
O eretor da espinha é essencialmente extensor da coluna vertebral
O iliocostal para além de extensor permite a flexão lateral da coluna vertebral
100
4. Transverso-espinhal
Divide-se em 3 feixes musculares: semiespinhal, conjunto de feixes designados
multifendidos e os mais profundos são designados rotadores
As inserções superiores do semiespinhal atingem as linhas nucais do osso occipital
Ações:
Teoricamente promove a extensão da coluna vertebral e a rotação para o lado
oposto
No entanto, a sua actividade estabiliza articulações entre vértebras adjacentes
permitindo a actuação de outros músculos
5. Intertransversários e interespinhais
São conjuntos de fibras musculares que unem entre si, respectivamente, as apófises
transversas e as apófises espinhosas, de vértebras adjacentes
Ações:
Estabiliza articulações entre vértebras adjacentes permitindo a actuação de
outros músculos
4º Plano muscular
Músculos do Tronco
1. Peitoral maior
Está inserido na face externa do esterno e cartilagens costais e na porção medial
da face externa da clavícula
As suas fibras dirigem-se lateralmente para convergirem num tendão que se
insere no lábio lateral do sulco interbercular do úmero
Ações:
Adução e abdução
Flexão ao nível do ombro após a extensão do membro
2. Serrado anterior
Insere-se por digitações nas faces externas das extremidades anteriores das costelas
As suas fibras dirigem-se para trás para se inserirem na face costal, da escápula, ao
longo de seu bordo medial e ângulo inferior
Ações:
Puxa a escápula para a frente no movimento de puxar
3. Intercostais
São finas camadas musculares que ocupam os espaços entre as costelas, de cada
lado do esterno, dirigindo-se do bordo inferior de uma costela para o bordo
superior da costela inferiormente adjacente
Ações:
Participam nos movimentos respiratórios
4. Transverso do tórax
Está inserido medialmente à face interna do esterno
As suas fibras dirigem-se para cima e lateralmente para as faces internas das
primeiras costelas
Ações:
Baixa as costelas onde está inserido
6. Diafragma
Separa a cavidade torácica da cavidade abdominal
As inserções ósseas de suas fibras são:
Esternal – apófises xifóide
Costal – cartilagens costais e últimas 6 costelas
Lombar – nas faces anteriores das vértebras lombares
Apresenta um ligamento arqueado mediano, que cruza a artéria aorta anteriormente. De cada
lado, possui dois outros ligamentos o arqueado medial cruzando a face anterior do músculo psoas
maior e o arqueado lateral, cruzando a face anterior do músculo quadrado lombar
O diafragma é perfurado para a passagem de estruturas entre as cavidades torácica e abdominal:
O orifício aórtico é o mais posterior, situa-se posteriormente ao ligamento arqueado
mediano e ao hiato esofágico
O orifício para a veia cava inferior está situado no tendão central à frente e à direita do
hiato esofágico
Ações:
Músculo essencial na respiração
104
Músculos do Abdómen
1. Linha branca
Rafa tendinosa que se dirige verticalmente para baixo da apófise xifóide até à sínfise púbica
4. Transverso do abdómen
É o mais interno dos músculos achatados da parede abdominal
As suas fibras têm origem no ligamento inguinal, segmento ventral da crista ilíaca e na
faixa toracolombar entre a crista ilíaca e a 12ª costela
105
5. Reto do abdómen
É o mais medial dos músculos da parede ântero-lateral do abdómen
Em cima está inserido ás cartilagens costais das últimas costelas verdadeiras e em
baixo insere-se na sínfise púbica e crista púbica
É interrompido por bandas fibrosas que intersectam o músculo transversalmente
Ações:
Os músculos antero-laterais do abdómen formam uma parede firme e elástica que retém
as vísceras abdominais
A sua contracção provoca força compressiva sobre as vísceras
Quando a pelve está fixa estes músculos inclinam o tronco para diante
Quando o tórax está fixo, a pelve é puxada para cima
1. Quadrado lombar
Em cima está inserido na porção medial do bordo inferior da última costela
As suas fibras dirigem-se para baixo inserindo-se na crista ilíaca do osso ilíaco
Ações:
Importante na inspiração por fixar a inserção diafragmática
2. Psoas maior
Insere-se nas apófises transversas de todas as vértebras lombares
As suas fibras dirigem-se para baixo e lateralmente, ao longo da orla pélvica, passa
posteriormente ao ligamento inguinal, converge num tendão e insere-se no trocanter
menor do fémur
3. Ilíaco
Está inserido na fossa ilíaca do osso ilíaco
As suas fibras dirigem-se para baixo e convergem num tendão que passa posteriormente
ao ligamento inguinal e insere-se à frente do trocanter menor do fémur
Ação:
Os músculos ilíaco e psoas maior agem conjuntamente permitindo flexão ao
nível da articulação da anca e rotação lateral do fémur
106
Músculos Pélvicos
1. Piriforme
Está parcialmente dentro da pelve. Inserido na face pélvica do sacro
As fibras dirigem-se para baixo, saem da cavidade pélvica pelo buraco ciático maior e vão
inserir-se por um tendão no trocanter maior do fémur
Ações:
Se a coxa estiver em extensão este músculo roda lateralmente a coxa, mas se esta
estiver em flexão, este músculo promove a sua abdução
2. Músculo obturador interno
Insere-se na face interna da parede antero-lateral da cavidade pélvica à volta do buraco obturado
As suas fibras dirigem-se para trás e para baixo, convergem num tendão, saem da cavidade
pélvica pelo buraco ciático menor e vão inserir-se no trocanter maior do fémur
Ações:
Se a coxa estiver em extensão este músculo roda lateralmente a coxa, mas se esta estiver
em flexão, este músculo promove a sua abdução
3. Elevador do Ânus
Está inserido à volta da abertura inferior da cavidade pélvica, na sua face interna
Com o músculo do lado oposto forma a maior parte do soalho da cavidade pélvica
As suas fibras dirigem-se para medial com vários graus de obliquidade, fechando inferiormente
a cavidade pélvica
À frente e medialmente há um espaço ocupado pela região urogenital e cuja fáscia mais
superficial constitui a membrana perineal
As fibras mais anteriores, dirigem-se para trás e para baixo, cruzam lateralmente a próstata no
homem e a vagina na mulher.
As fibras intermédias passam para trás e para baixo, cruzam os lados da próstata e da vagina para
se encontrarem no plano mediano com as fibras do músculo do lado oposto, formando um anel à
volta do orifício anorrectal e indo inserir-se na face anterior do cóccix.
As fibras mais posteriores dirigemse para baixo e medialmente inserindo-se no cóccix e numa
rafe tendinosa mediana
Ações:
Suporte das vísceras pélvicas
107
1. Deltóide
Insere-se na extremidade lateral da clavícula, acrómio e espinha da omoplata
As fibras dirigem-se lateralmente
O tendão insere-se na tuberosidade deltóide do úmero
Ações:
Fibras anteriores fazem rotação medial e flexão do ombro
Fibras posteriores fazem rotação lateral e extensão do ombro
Fibras intermédias fazem abdução, ajudando a afastar o membro superior da linha
mediana
2. Infra-espinhoso
Insere-se na fossa infra-espinhosa da escápula
As fibras dirigem-se lateralmente
O tendão insere-se no tubérculo do úmero
108
3. Supra-espinhoso
Insere-se na fossa supra-espinhosa da escápula
As fibras dirigem-se lateralmente
O tendão insere-se no tubérculo do úmero
4. Sub-escapular
Insere-se na face costal da escápula
As fibras dirigem-se lateralmente
O tendão insere-se no tubérculo menor do úmero
5. Redondo Menor
Insere-se na face dorsal da escápula adjacente ao bordo lateral, dirigindo-se para cima
lateralmente
O tendão insere-se no tubérculo maior do úmero
6. Redondo Maior
Insere-se ma face dorsal da escápula, ao nível do ângulo inferior
As fibras dirigem-se para cima e lateralmente para se inserirem no lábio medial do sulco
intertubercular
Ações:
Extensão, adução e rotação medial do úmero
109
Músculos do Braço
1. Bicípete Braquial
Inserção proximal:
Cabeça curta – apófise caracóide da escápula
Cabeça longa – começa no interior da cápsula fibrosa da articulação do ombro, no
tubérculo supra-glenoideu, emerge da cápsula fibrosa atrás do ligamento transverso, no
sulco intertubercular
Inserção distal: tendão comum que se insere na área posterior da tuberosidade do rádio
Ações:
Flexão na articulação do cotovelo
Participação na flexão ao nível da articulação do ombro
Supinação
2. Coracobraquial
Inserção proximal: apófise coracóide da escápula
Inserção distal: ao longo do bordo anterior do úmero
Ações:
Flexão e adução ao nível da articulação do ombro
110
3. Braquial
Inserção proximal: na metade distal das faces antero-lateral do úmero
Inserção distal: tendão insere-se na tuberosidade do cúbito
Ações:
Flexão ao nível da articulação do cotovelo
4. Tricípete Braquial
Inserção proximal – através de três cabeças:
Cabeça longa – tem origem no tubérculo infra-glenoide da escápula
Cabeça lateral – tem origem na face posterior e no bordo lateral do corpo do úmero
Cabeça medial – num plano mais profundo, tem origem na face posterior e no bordo
medial do corpo do úmero
Inserção distal: tendão largo insere-se na superfície posterior do olecrânio do cúbito
Ações:
Extensão ao nível da articulação do cotovelo
Inserção distal do
tricipete
Olecrânio
Visão posterior
Visão anterior - superficial
111
Movimentos do Braço
O braço está fixado ao tórax pelo grande peitoral e pelo grande dorsal. O grande peitoral funciona
como flexor – flete o braço estendido, e como extensor – estende o braço fletido. O deltóide também pode
funcionar como flexor e extensor. O deltóide é parte integrante do grupo de músculos que fixam o úmero
à omoplata. No entanto, os principais músculos de sustentação da cabeça do úmero na fossa glenoideia
chamam-se músculos da manga ou coifa dos rotadores.
A abdução do braço é feita pelo deltóide, músculos da coifa dos rotadores e trapézio. A abdução nos
primeiros 90º a partir da posição anatómica é quase inteiramente efetuada pelo deltóide. A abdução dos
90º aos 180º, de modo a levantar a mão acima da cabeça, implica primeiramente a rotação da omoplata,
feita pelo trapézio; esta abdução não é possível se a cabeça do úmero não for firmemente mantida na
cavidade glenoideia pelos músculos da manga dos rotadores. A lesão do supra-espinhoso pode impedir
uma abdução superior a 90º.
1. Pronador Redondo
Inserção proximal: no tendão comum no epicôndilo medial do úmero e na porção
superior e medial do cúbito
Inserção distal: a meio da face lateral do corpo do rádio
Ações:
Pronação
112
3. Palmar Longo
Inserção proximal: no tendão comum no epicôndilo medial do úmero
Inserção distal: no tensão que passa à frente do retináculo flexor, terminando na aponevrose
palmar
Ações:
Flexão ao nível da articulação do punho
Vista Anterior
Inserção distal:
A meio do antebraço formam-se quatro tendões, que atravessam a face palmar
do carpo e dirigem-se um para cada osso metacárpico do 2º ao 5º dedo, até que
atingem as faces palmares das falanges passando entre as duas divisões de cada
tendão do flexor superficial dos dedos da mão
Ações:
Flexão ao nível das articulações do punho e interfalângicas
3. Pronador Quadrado
Músculo quadrilátero que se estende anteriormente às porções distais do rádio e cúbito
Ações:
Pronação
114
Vista Anterior
1. Braquiorradial
Inserção proximal: um pouco acima do epicôndilo lateral do úmero
Inserção distal: tendão a meio do antebraço que se insere no lado lateral da extremidade distal
do rádio
Ações:
Flexão ao nível da articulação do cotovelo
115
1. Supinador
Rodeia o terço superior do rádio
Inserção proximal: no epicôndilo lateral do úmero
Inserção distal: superfície lateral do rádio
Ações:
Supinação
116
Movimentos do Antebraço
O tricípete constitui a principal massa visível na face posterior do braço. O bicípete braquial é bem
visível na face anterior. O braquial anterior está mais profundo que o bicípete e só se revela como uma
massa nas porções interna e externa do braço. O longo supinador forma uma protuberância na face
antero-lateral do antebraço, logo a seguir ao cotovelo.
Flexão e Extensão
A extensão do braço é realizada pelo tricípete braquial e pelo ancónio. A flexão é realizada
pelo braquial anterior, bicípete braquial e longo supinador.
Supinação e Pronação
A supinação do antebraço é feita pelo curto supinador e pelo bicípete braquial. A pronação é
função do quadrado pronador e do redondo pronador.
Músculos da Mão
Na face lateral da coxa forma uma banda espessa e vertical que se designa ligamento iliotibial,
que se insere distalmente no côndilo lateral da tíbia
Na extremidade superior do ligamento iliotibial estão inseridos dois músculos: o tensor da fáscia
lata anteriormente e o tendão do glúteo grande
A fáscia lata, distalmente, insere-se em todos os pontos ósseos expostos à volta do joelho
Fáscia lata
Trato iliotibial
2. Sartório ou Costureiro
É uma faixa muscular estreita e longa
Inserção proximal: espinha ilíaca antero-superior
As suas fibras dirigem-se obliquamente para baixo, cruzando a coxa de lateral para medial
(face medial do joelho origina um tendão)
Inserção distal: porção superior da face medial do condilo medial da tíbia
Ações:
Flexão nas articulações da anca e joelho
Abdução e rotação lateral da coxa
120
3. Quadricípete Femoral
Cobre em toda a extensão as faces anterior, medial e lateral do fémur
É constituído por quatro partes que se unem na porção inferior da coxa para formarem o tendão
comum do quadricípete femoral: reto femoral, vasto intermédio, vasto medial e vasto lateral
Este tendão envolve a rótula e continua como ligamento rotuliano que se insere na tuberosidade
da tíbia
Ações:
Extensão ao nível da articulação do joelho
O reto femoral também promove flexão
a. Reto Femoral
Inserção proximal: espinha ilíaca antero-inferior, onde forma uma aponevrose
Inserção distal: aponevrose muito espessa, porção central e superficial do tendão do
quadricípete femoral
b. Vasto Intermédio
Profundamente ao reto femoral
Inserção proximal: na frente do corpo do fémur; dirigem-se para distal
Inserção distal: tendão que constitui a porção profunda do tendão do
quadricípete femoral
c. Vasto Medial
Inserção proximal: antero-medial, entre a linha inter-trocanteriana à frente e a toda a
extensão da linha áspera atrás
Inserção distal: bordo medial da rótula, fundindo-se com o tendão do quadricípete
femoral
d. Vasto Lateral
Inserção proximal: aponecrose antero-lateral entre a linha inter-trocanteriana
anteriormente e a linha ápera posteriormente
Inserção distal: aponevrose, no bordo lateral da rótula, fundindo-se com o tendão do
quadricípete femoral
121
1. Grácil
É o mais superficial do grupo e é uma tira muscular achatada
Inserção proximal: face anterior do corpo do púbis e ramo inferior
Inserção distal: na porção superior da face medial da tíbia
Ações:
Flexão na articulação do joelho
Rotação medial da perna
Adução da coxa
2. Pectíneo
Inserção proximal: ramo superior do púbis (pecten)
Inserção distal: posteriormente ao trocante menor do fémur
Ações:
Flexão na articulação da anca
Adução da coxa
3. Adutor Longo
É o mais anterior dos três adutores
Inserção proximal: face anterior do púbis
Inserção distal: na linha áspera, através duma aponevrose
4. Adutor Curto
Está colocado posteriormente ao pectíneo e adutor longo
Inserção proximal: face anterior do corpo e ramo inferior do púbis
Inserção distal:posteriormente, próximo da linha áspra
122
5. Adutor Magno
É o mais posterior dos músculos femorais
Inserção proximal: ramo inferior do púbis, ramo do ísquio e tuberosidade isquiática
Inserção distal: toda a extensão da linha áspera
Ações:
Os três adutores são sinergistas na complexa atividade de caminhar e são controladores
da postura
São adutores do fémur
1. Glúteo Grande
É o maior e o mais superficial dos músculos deste grupo
Insere-se principalmente na linha glútea posterior do íleo do osso ilíaco, face dorsal
do sacro e estruturas adjacentes, terminando numa lâmina tendínea do ligamento
iliotibial da fáscia lata
Ações:
Extensão da coxa fletida
2. Glúteo Médio
Insere-se na face externa do ílio entre a linha glútea posterior e a linha glútea
anterior
As fibras convergem para distal, inserindo-se na face lateral do trocanter maior
do fémur
123
Ações:
Permitem a abdução da coxa
As fibras mais anteriores permitem rotação medial da coxa
Importante na caminhada
3. Glúteo Pequeno
Insere-se na face externa do ílio entre a linha glútea anterior e a linha glútea
inferior
As fibras convergem num tensão que se insere no trocanter maior do fémur
Ações:
Permitem a abdução da coxa
As fibras mais anteriores permitem rotação medial da coxa
Importante na caminhada
4. Piriforme
Está inserido na face pélvica do sacro
As fibras saem da cavidade pélvica pelo buraco ciático maior e vão inserir-se por
um tendão no trocanter maior do fémur
Ações:
Se a coxa estiver em extensão, roda lateralmente a coxa
Se a coxa estiver fletida, promove a abdução da coxa
5. Obturador Interno
Insere-se na face interna da parede antero-lateral da cavidade pélvica à volta do
buraco obturador
As suas fibras convergem num tendão, saem da cavidade pélvica pelo buraco
ciático menor e vão inserir-se no trocanter maior do fémur
Ações:
Se a coxa estiver em extensão, roda lateralmente a coxa
Se a coxa estiver fletida, promove a abdução da coxa
Glúteo Inferior
Glúteo Superior
7. Quadrado Femoral
Insere-se na tuberosidade isquiática
As suas fibras dirigem-se lateralmente para a porção superior da crista inter-
trocanteriana
Ações:
Rotação lateral da coxa
8. Obturador Externo
Insere-se na face externa da pelve, à volta do buraco obturador
As fibras convergem e dirigem-se para trás, lateralmente e para cima, terminando
num tendão que cruza por trás o colo do fémur, inserindo-se no trocanter maior
Ações:
Rotação lateral da coxa
125
1. Bicípete Femoral
Está colocado postero-lateralmente na coxa
Tem duas inserções proximais:
A cabeça longa insere-se na tuberosidade isquiática
A cabeça curta insere-se ao longo da linha áspera
Distalmente origina um tendão que se insere na cabeça do perónio
Ações:
Flexor na articulação do joelho
2. Semitendinoso
Está colocado postero-lateralmente na coxa
Distalmente origina um tendão que passa sobre o ligamento colateral tibial e vai inserir-se na
porção superior da face medial da tíbia
Ações:
Flexor na articulação do joelho
3. Semimembranoso
Insere-se na tuberosidade isquiática
Distalmente origina um tendão que e insere na face posterior do côndilo medial da tíbia
Ações:
Flexor na articulação do joelho
126
Músculos da Perna
1. Tibial Anterior
Insere-se no côndilo lateral e face lateral da tíbia
No terço inferior da perna o músculo termina num tendão que continua para distal, passando
através dos retináculos superior e inferior dos músculos extensores, para se inserir na face plantar
do osso cuneiforme medial
Ações:
Dorsiflexão na articulação do tornozelo e inversão do pé
Grupo Superficial
1. Gastrocnémio
É o mais superficial do grupo
Forma a “barriga da perna”
Insere-se proximalmente por duas cabeças unidas aos côndilos do fémur por fortes
tendões
A cabeça medial inserida no côndilo medial do fémur
A cabeça lateral inserida no côndilo lateral do fémur
Inferiormente funde-se com o tendão do músculo solear para formar o tendão de
Aquiles
Ações:
Flexor plantar do pé
Flexor na articulação do joelho
128
2. Solear
É um músculo profundo ao gastrocnémio
Insere.se na cabeça e face posterior ao perónio e no bordo medial da tíbia
Distalmente, converge num tendão que se funde com o tendão do gastrocnémio
Ações:
Flexor plantar do pé
Grupo Profundo
2. Tibial Posterior
Insere-se na membrana interóssea entre os músculos flexores longo do hálux e longo dos
dedos dos pés
As suas fibras dirigem-se para distal formando um tendão
Este tendão passa posteriormente ao maléolo madial e atravessa a face plantar do pé para
se inserir no osso navicular
Ações:
Inversão do pé e flexão plantar do pé
130
1. Peronial Longo
Insere-se na face lateral do perónio, formando um longo tendão que passa posteriormente
ao maléolo lateral e lateralmente ao calcâneo
Alcança a face plantar do mesmo e dirige-se para medial ao longo da face plantar do pé
Insere-se no primeiro osso metatársico e cuneiforme medial
Ações:
Eversão do pé e flexão plantar na articulação do tornozelo
Músculos do Pé
3. Retináculo Flexor
É uma banda fibrosa entre o maléolo da tíbia anteriormente e a face medial do calcâneo
posteriormente
4. Retináculo Peronial
É uma banda fibrosa entre o maléolo do rádio anteriormente e a face lateral do calcâneo
posteriormente
131
Sistema Cardiovascular
“O sistema cardiovascular consiste de um conjunto de células que delimitam espaços e tubos que invadem
ou rodeiam tecidos e através dos quais há um fluxo de fluidos corporais.”
Coração
Órgão essencial à circulação do sangue em todos os vasos sanguíneos do organismo
Funções do Coração
Gerar pressão sanguínea – as contrações do coração geram a pressão sanguínea, que é responsável
pela circulação do sangue nos vasos sanguíneos
Encaminhar o sangue – o coração separa a circulação pulmonar da sistémica e assegura uma
melhor oxigenação do sangue que chega aos tecidos
Assegurar um fluxo unidirecional – as válvulas cardíacas asseguram um fluxo unidirecional do
sangue através do coração e vasos sanguíneos
Regular o aporte do sangue – as alterações, na frequência e na força da contração, adequam o
aporte de sangue às variações das necessidades metabólicas dos tecidos durante o repouso, o
exercício e as alterações posturais
132
Localização do Coração
O coração está localizado na cavidade torácica, entre os pulmões. Juntamente com a traqueia, esófago e
estruturas associadas formam uma zona mediana denominada mediastino.
O coração assenta obliquamente no mediastino, tendo a base dirigida para trás e ligeiramente para cima e
o vértice dirigido para a frente, para baixo e para a esquerda. A base do coração encontra-se por trás do
esterno, estendendo-se até ao segundo espaço intercostal. O vértice está localizado por trás do quinto
espaço intercostal, aproximadamente entre 7 a 9cm à esquerda do esterno e centrado com a linha clavicular
média.
Anatomia do Coração
Pericárdio
O pericárdio, ou saco pericárdico, é um saco fechado que envolve o coração, constituído por dois
folhetos: uma resistente camada externa de tecido conjuntivo fibroso, pericárdio fibroso, e uma fina e
transparente camada interna de epitélio pavimentoso, o pericárdio seroso. O pericárdio fibroso impede
a distensão excessiva do coração e fixa-o no mediastino. Na sua porção superior, o pericárdio fibroso tem
continuidade com o tecido conjuntivo que reveste os grandes vasos; na sua porção inferior insere-se na
superfície do diafragma.
A parte do pericárdio seroso que reveste o pericárdio fibroso é o folheto parietal. A parte que reveste a
superfície do coração denomina-se folheto visceral ou epicárdio. As porções parietal e visceral do
pericárdio seroso têm continuidade com as dos grandes vasos que nascem ou desembocam no coração. A
cavidade pericárdia, situada entre o folheto visceral e o parietal, é preenchida por uma pequena porção
de líquido pericárdico, cuja função é reduzir a ficção exercida pelos movimentos do coração dentro do
saco pericárdico.
133
Parede Cardíaca
A parede cardíaca é composta por três camadas de tecidos: o epicárdio, o miorcário e o endocárdio.
O epicárdio é uma fina mebrana serosa que constitui o revestimento da superfície exterior do coração.
Epicárdio e folheto visceral são a mesma estrutura.
O miocárdio é uma espessa camada média da parede cardíaca composta de células musculares cardíacas
que são responsáveis pela capacidade contrátil do coração.
O endocárdio é uma fina superfície interna das câmaras cardíacas, que consiste de epitélio pavimentoso
simples sobre uma camada de tecido conjuntivo. Esta superfície permite ao sangue mover-se facilmente
através do coração.
As válvulas cardíacas são formadas por uma prega no endocárdio, formando assim uma dupla camada de
endocárdio com tecido conjuntivo no meio.
As principais artérias que irrigam de sangue o tecido cardíaco estão alojadas dentro dos sulcos coronários
e inter-ventriculares localizados à superfície do coração. As artérias coronárias direita e esquerda
nascem da aorta, logo acima do ponto onde a artéria aorta deixa o coração, e alojam-se no sulco coronário.
A artéria coronária direita é normalmente mais pequena que a esquerda e irriga uma parte menor do
coração.
O principal ramo da artéria coronária esquerda, artéria inter-ventricular anterior ou artéria
descendente anterior esquerda, estende-se inferiormente no sulco inter-ventricular anterior e perfunde
a maior parte da zona anterior do coração. A artéria marginal esquerda é um ramo da artéria coronária
esquerda que irriga a parede lateral do ventrículo esquerdo. A artéria circunflexa é outro ramo da artéria
coronária esquerda que se estende em redor da face posterior do coração, no sulco coronário. Os seus
ramos irrigam a maior parte da parede posterior do coração.
A artéria coronária direita, artéria inter-ventricular posterior, estende-se pelo sulco coronário, a partir
da aorta e ao longo da parte posterior do coração. Os seus ramos irrigam a parede lateral do ventrículo
direito, sendo a artéria marginal direita mais importante deles. Outro ramo da artéria coronária direita
aloja-se no sulco inter-ventricular posterior e fornece sangue às paredes posterior e inferior do coração.
A maior parte do miocárdio recebe sangue de mais que um ramo arterial. Além disso, existem
anastomoses entre os ramos das artérias, que podem ser entre ramos de uma mesma artéria ou entre ramos
de artérias diferentes. No caso de uma artéria ficar bloqueada, as áreas irrigadas principalmente por essa
artéria podem continuar a receber sangue de outros ramos artérias e a partir de anastomoses com outros
ramos.
A principal veia que drena os tecidos do lado esquerdo do coração é a grande veia coronária. A pequena
veia coronária drena o bordo direito do coração. Estas veias convergem para a parte posterior do sulco
coronário e continuam por um canal venoso de grande calibre, serio coronário, que, por sua vez, drena
para a aurícula direita. Algumas pequenas veias terminam noutras veias cardíacas, no seio coronário ou
diretamente na aurícula direita.
O fluxo cardíaco nos vasos coronários não é contínuo. Quando o músculo cardíaco contrai, os vasos
sanguíneos da parede cardíaca são comprimidos e o sangue não circula através deles. Quando o músculo
cardíaco relaxa, os vasos sanguíneos deixam de estar comprimidos e a circulação nos vasos coronários é
reestabelecida.
135
Cavidades Cardíacas
A aurícula direitaapresenta paredes com cristas musculares paralelas entre si, os músculos pectíneos,
que se inclinam em direção ao orifício aurículo-ventricular direito. Tem três grandes aberturas: as da veia
cava superior e da veia cava inferior recebem o sangue proveniente de todo o corpo e a do seio coronário
recebe o sangue do próprio coração.
A aurícula esquerdalocaliza-se atrás da aurícula direita e está dirigida para trás e para a esquerda
terminando no início do ventrículo esquerdo. É menor que a direita e tem as paredes mais espessas. Tem
quatro aberturas relativamente uniformes que recebem as quatro veias pulmonares provenientes dos
pulmões. As duas aurículas são separadas uma da outra pelo septo inter-auricular.
As aurículas abrem para os ventrículos através dos canais aurículo-ventriculares. Cada ventrículo tem,
na sua parte superior, uma grande via de saída de sangue que se situa próximo da linha média do coração.
O ventrículo direito estende-se desde o orifício aurículo-ventricular direito até próximo do ápice do
coração e, aqui, dirige-se para cima e para a esquerda, formando um saco cónico, infundíbulo arterial,
que alcança o orifício pulmonar de onde se origina o tronco arterial pulmonar. Internamente apresenta
saliências musculares – as trabéculas cardíacas que podem ser de três tipos: cristas musculares,
redondas, ou colunas musculares fixas ou músculos papilares (projeções cónicas).
O ventrículo esquerdo tem forma de cone com base no orifício aurículo-ventricular prolongando-se até
ao ápice do coração. Está estruturado para funcionar como bomba expulsiva, capaz de manter um fluxo
pulsátil com elevada pressão, ao longo da árvore arterial sistémica, por isso com a parede
consideravelmente mais espessa que a do ventrículo direito. O orifício de entrada do sangue a partir da
aurícula esquerda ou orifício aurículo-ventricular esquerdo, está guardado pela válcula mitral. O orifício
de saída dá passagem para o interior da artéria aorta e está guardado pela válvula aórtica.
Válvulas Cardíacas
Em cada canal aurículo-ventricular existe uma válvula aurículo-ventricular composta de cúspides ou
valvas. Estas válvulas permitem a passagem do sangue da aurícula para os ventrículos, mas impedem o
seu retorno para a aurícula. A válvula aurículo-ventricular entre a aurícula direita e o ventrículo direito
tem três cúspides e é chamada válvula tricúspide. A que se encontra entre a aurícula esquerda e o
ventrículo esquerdo tem duas cúspides e é chamada válvula bicúspide ou mitral.
O orifício aurículo-ventricular do lado esquerdo está guardado pelo complexo da válvula mitral, que é
caracterizado por apresentar dois folhetos ou valvas e está colocado por trás da metade esquerda do
esterno ao nível da 4ª cartilagem costal esquerda. A área de auscultação é ao nível do ápice cardíaco (5º
espaço intercostal esquerdo, ligeiramente medial à linha vertical que passa a meio da clavícula).
O orifício aurículo-ventricular do lado direito está guardado pelo complexo da válvula tricúspide com três
folhetos ou valvas e está colocado ao nível de uma linha com percurso descendente para a direita com
início na linha mediana, ao nível da 4ª cartilagem direita. A área de auscultação é no centro da porção
inferior do corpo do esterno, ao nível do 5º espaço intercostal.
Cada ventrículo contém pilares musculares em forma de cone, chamados músculos papilares. Estes
músculos estão ligados às cúspides das válvulas aurículo-ventriculares por finas, mas fortes, cordas de
136
tecido conjuntivo, chamadas cordas tendinosas. Os músculos papilares contraem quando os ventrículos
contraem e impedem as válvulas de abrirem para a aurícula retraindo as cordas tendinosas que estão
ligadas às cúspides da válvula.O fluxo do sangue da aurícula para o ventrículo empurra a válvula, abrindo-
a para o ventrículo, mas, quando o ventrículo se contrai, o sangue empurra a válvula de novo contra a
aurícula. O canal aurículo-ventricular fecha quando as cúspides valvulares se tocam.
A aorta e a artéria pulmonar possuem as válvulas semilunares aórtica e pulmonar. Cada válvula é
formada por três cúspides semilunares em forma de bolsa, em que as extremidades interiores livres se
encontram no centro da artéria para bloquear a passagem do sangue. O sangue que sai dos ventrículos
pressiona cada válvula, forçando-a a abrir; mas quando o sangue reflui da aorta ou da artéria pulmonar
para os ventrículos entra nas bolsas das cúspides, forçando-as a dirigir-se para o centro da aorta ou da
artéria para o centro da aorta ou da artéria pulmonar, fechando-as e impedindo, assim, o refluxo do sangue
para os ventrículos.
A válvula pulmonar guarda o orifício de saída do sangue do ventrículo direito. Consiste de três folhetos
ou valvas, com forma semilunar, inseridas por margens convexas à parede do infundíbulo do ventrículo
direito. Cada folheto ou valva é uma duplicação do endocárdio com uma lâmina fibrosa de fibras de
colagénio intermédia. Está situada parcialmente ao nível do bordo superior da 3ª cartilagem costal
esquerda. A área de auscultação é ao nível do 2º espaço intercostal esquerdo, próximo do esterno.
A válvula aórtica guarda o orifício de saída do sangue do ventrículo esquerdo. Tal como sucede na válvula
pulmonar, a válvula aórtica é constituída por três folhetos ou valvas, com forma semilunar, cada uma
formada por uma dupla camada de endocárdio e uma lâmina fibrosa intermédia. A área de auscultação é
ao nível do 2º espaço intercostal direito, próximo do esterno.
137
Legendas do Coração
138
Dupla Circulação
Circulação pulmonar ou pequena circulação transporta o sangue para os pulmões e,
seguidamente, para o lado esquerdo do coração
139
Grande circulação o sangue é bombeado pelo lado esquerdo do coração para a circulação
sistémica, que fornece oxigénio e nutrientes a todos os outros tecidos do corpo, e deles recebe
dióxido de carbono e outros produtos de degradação que, posteriormente, transporta até ao
coração
Vasos sanguíneos
Os ventrículos bombeiam o sangue do coração para grandes artérias elásticas que se ramificam
sucessivamente para formar artérias de calibre progressivamente menor. À medida que o calibre diminui,
a constituição da parede das artérias sofre uma transição gradual, passando de grandes quantidades de
tecido elástico e pequenas quantidades de músculo liso para quantidades menores de tecido elástico e
quantidades relativamente maiores de músculo liso. Embora formem um contínuo desde os ramos maiores
aos mais pequenos, as artérias são normalmente classificadas em: artérias elásticas, artérias musculares e
arteríolas.
O sangue circula das arteríolas para os capilares. É através das paredes dos capilares que se dão a maoria
das trocas entre os espaços intersticiais e o sangue. Os capilares, por onde o sangue circula lentamente,
têm as paredes mais finas e são os mais numerosos de todos os vasos sanguíneos.
Dos capilares, o sangue passa para o sistema venoso. Quando comparadas com as artérias, as paredes das
veias são mais finas e contêm menos tecido elástico e menos células de músculo liso. À medida que se
aproximam do coração, as veias aumentam de diâmetro, diminuem em número e as suas paredes tornam-
se mais espessas. Classificam-se em vénulas, pequenas veias e veias de médio e grande calibre.
140
Padrão Vascular
Anastomoses arteriais
Artérias terminais
“shunts” vasculares – comunicação entre o lado arterial e o lado venoso da circulação
Canal de passagem preferencial unindo uma arteríola terminal a uma vénula
Anastomose arteriovenosa unindo pequenas artérias a veias correspondentes
Túnica íntima
Artérias Elásticas
Paredes finas e grandes diâmetros
Túnica média – muitas fibras elásticas e pouco músculo liso
Artérias Musculares
Paredes espessas e pequenos diâmetros
Túnica média – abundante músculo liso
Arteríolas
São as artérias mais pequenas
A túnica média é constituída por células musculares lisas e poucas fibras elásticas
As arteríolas de menor diâmetro ramificam-se para dar origem à rede capilar e são designadas
meta-arteríolas ou arteríolas pré-capilares (apenas uma camada descontínua de células
musculares lisas na túnica média)
Capilares
Os capilares são constituídos apenas por endotélio (epitélio pavimentoso simples) e envolvidos
por tecido conjuntivo laxo, a adventícia, que contém células peri-capilares
Os capilares são atravessados pelas substâncias de diversas formas; por entre as células
endoteliais, através das fenestras e através da membrana plasmática
O sangue circula das arteríolas para as meta-arteríolas e depois para a rede capilar. As vénulas
drenam a rede capilar
O músculo liso das arteríolas para as meta-arteríolas e esfíncteres pré-capilares regula o
fluxo sanguíneo para os capilares
O sangue circula rapidamente pelos canais anastomóticos
Capilares fenestrados – têm poros ou fenestras, que se estendem ao longo de toda a célula
142
Vénulas
São constituídas por endotélio revestido por algumas células musculares lisas
Pequenas Veias
São vénulas cobertas por uma camada de músculos liso
Veias
As veias de médio calibre e as grandes veias contêm menos músculo liso e menos fibras elásticas
do que as artérias do mesmo tamanho
As válvulas impedem o rrefluxo de sangue nas veias
Vaso Vasum
Nas artérias e veias com diâmetro superior a 1mm, os nutrientes não podem difundir-se do lúmen do vaso
para todas as camadas da sua parede. Neste caso, as paredes são nutridas por uns pequenos vasos
chamados vasa vasum, que penetram no vaso a partir do exterior para formar uma rede capilar na túnica
adventícia e na túnica média.
Anastomoses Artério-venosas
As anastomoses artério-venosas permitem a circulação do sangue das arteríolas para as pequenas veias
sem passar pelos capilares. Um glomo é uma anastomose artério-venosa constituída por arteríolas
dispsotas em forma de novelo e rodeadas por fibras de colagénio.
Circulação Pulmonar
O sangue é bombeado do ventrículo direito para a artéria pulmonar. Este vaso divide-se nas artérias
pulmonares direita e esquerda, transportando, cada uma, sangue para um pulmão. Dentro dos pulmões
ocorrem as trocas gasosas entre o ar aí existente e o sangue. De cada pulmão saem duas veias pulmonares
que se dirigem para a aurícula esquerda.
Tronco Pulmonar
Transporta sangue pobre em oxigénio do ventrículo direito para os pulmões. Origina-se da base do
ventrículo direito, dirige-se para cima e para trás, primeiro à frente da artéria aorta, depois à sua esquerda
e próximo da concavidade do arco aórtico divide-se em artérias pulmonares direita e esquerda.
A artéria pulmonar direita tem um percurso horizontal para a direita, atrás da porção ascendente da
artéria aorta e veia cava superior, e à frente do esófago e brônquio direito, até à raiz do pulmão direito
onde se divide em ramos superior para o lobo superior do pulmão direito e inferior para os lobos
pulmonares inferior e médio do pulmão direito
143
A artéria pulmonar esquerda tem um percurso horizontal para a esquerda, à frente da porção
descendente da artéria aorta e brônquio esquerdo até à raiz do pulmão esquerdo onde se divide em ramos
inferior e superior para os lobos inferior e superior do pulmão esquerdo, respetivamente.
Artéria Aorta
É o principal tronco do sistema arterial transportando o sangue rico em nutrientes e oxigénio a todas as
partes do corpo. Todas as artérias derivam direta ou indiretamente da artéria aorta, que normalmente é
dividida em três grandes porções: a aorta ascendente, o arco aórtico e a aorta descendente. A aorta
descendente divide-se em aorta torácica e aorta abdominal.
A artéria aorta tem origem no ventrículo esquerdo. A aorta ascendente passa acima do coração e dá
origem a duas artérias, as artérias coronárias direita e esquerda, que perfundem o músculo cardíaco.
Seguidamente, a aorta faz um arco para trás e para a esquerda, formando o arco aórtico. Aqui têm origem
três grandes ramos, que transportam sangue para a cabeça e membros superiores: o tronco arterial
branquioencefálico, a carótida comum ou primitiva esquerda e a subclávia esquerda.
Seguidamente surge a porção mais comprida da aorta, a aorta descendente, que desce ao longo do tórax,
pelo lado esquerdo do mediastino, e prossegue pelo abdómen até ao limite superior da bacia. Entra na
cavidade abdominal através do hiato aórtico do diafragma, continua com um percurso descendente para
terminar ao nível do bordo inferior da 4ª vértebra lombar, ligeiramente à esquerda da linha mediana. A
aorta torácica é a porção da aorta descendente localizada no tórax. Tem vários ramos que irrigam
diversas estruturas localizadas entre o arco aórtico e o diafragma. A aorta abdominal é a porção da aorta
descendente entre o diafragma e o ponto em que termina, dividindo-se nas duas artérias ilíacas comuns
ou primitivas direita e esquerda. A aorta abdominal tem vários ramos que irrigam os órgãos e a parede
abdominal. Os seus ramos terminais, a artérias ilíacas primitivas, suprem de sangue a bacia e os membros
inferiores.
Aorta Ascendente
Os ramos da aorta ascendente são as artérias coronárias direita e esquerda que emergem do segmento
inicial da artéria aorta e se colocam no sulco aurículo-ventricular, também designado sulco coronário,
circundando o coração.
A artéria coronária direita emerge do lado direito da aorta ascendente e dirige-se para a direita no sulco
coronário até atingir a face diafragmática do coração, onde os ramos terminais entram no sulco inter-
ventricular inferior. Irriga predominantemente o lado direito do coração mas alcança porções do lado
esquerdo, para além de haver várias anastomoses entre os ramos das artérias coronárias esquerda e direita.
144
A artéria coronária esquerda tem maior calibre do que a direita, pois irriga um maior volume de
miocárdio. Emerge do lado esquerdo da aorta ascendente e alcança o sulco coronário, no qual se dirige
para a esquerda. Contorna o coração até atingir a sua face diafragmática onde os ramos termnais se
subdividem. Ao longo do seu percurso (como artéria circunflexa) emite inúmeros ramos auriculares e
ventriculares para a aurícula e ventrículo do lado esquerdo. Irriga predominantemente o lado esquerdo do
coração.
Arco Aórtico
Tem início atrás do manúbrio do esterno e dirige-se primeiro para cima, para trás e para a esquerda, à
frente da traqueia; depois dirige-se para trás à esquerda da traqueia; e finalmente dirige-se para baixo, à
esquerda da coluna vertebral, continuando como aorta descendente a partir do bordo inferior da 4ª vértebra
torácica. Do arco aórtico partem três ramos arteriais: tronco arterial braquicefálico, artéria carótida
comum esquerda e artéria subclávia esquerda.
Artérias Subclávias
A artéria subclávia direita origina-se do tronco bronquiocefálico e a artéria subclávia esquerda é o 3º
ramo do arco aórtico. A partir da divisão do tronco braquiocefálico, as artérias subclávias direita e
esquerda têm percurso similar, cada uma no respetivo lado da cavidade torácica.
Cada artéria subclávia tem percurso ascendente e descreve um arco por cima da 1ª costela, abandonando
a cavidade torácica. A partir daqui a artéria subclávia de cada lado passa a designar-se artéria axilar que
alcança o membro superior ipsilateral.
Artéria Vertebral
A artéria vertebral tem origem no segmento proximal da artéria subclávia, com percurso ascendente no
canal formado pelos orifícios das apófises transversas das vértebras cervicais até atingir a base do crânio
e entra na cavidade craniana pelo buraco occipital. Ao longo do seu percurso, a artéria vertebral, emite
ramos que entram no canal vertebral para nutrirem a medula espinal, outros ramos nutrem as vértebras
cervicais e músculos desta região.
Artéria Basilar
Dentro da cavidade craniana, a artéria vertebral de cada lado coloca-se anteriormente ao bolbo raquidiano
e, ao nível do bordo inferior da ponte, as duas artérias vertebrais anastomosam-se para formarem a artéria
basilar. A artéria basilar é responsável por irrigar a ponte, cerebelo e restante dos hemisférios cerebrais
que não é nutrido pelas artérias carótidas internas.
147
Artéria Axilar
É a continuação da artéria subclávia a partir da 1ª costela até atingir o membro superior, onde
nominalmente termina ao nível do bordo inferior do músculo redondo maior, após percorrer a região da
axila. A partir daqui, continua agora como artéria braquial. Ao longo do seu percurso, a artéria axilar
emite ramos que irrigam a superfície externa das paredes da cavidade torácica, incluindo a musculatura
adjacente, bem com as estruturas musculo-esqueléticas adjacentes à cintura escapular e articulação do
ombro.
Artéria Braquial
É a continuação da artéria axilar ao longo do membro superior, situando-se no sector anterior do braço,
coberta apenas pela pele e fáscias superficial e profunda, colocada medialmente ao músculo bicípete
braquial. Tem percurso para distal até à articulação do cotovelo, colocando-se anteriormente a esta
articulação, na designada fossa cubital. A partir da extremidade proximal do rádio divide-se em dois
ramos: artéria radial e artéria cubital.
Artéria Femoral
A artéria femoral inicialmente está situada no sector anterior da coxa em posição medial. Depois passa
pelo orifício do músculo adutor magno, após percorrer o canal adutor alcançando a fossa poplítea. Aí
passa a designar-se artéria poplítea.
Artéria Poplítea
A artéria poplítea atravessa a fossa poplítea com percurso descendente. A artéria poplítea emite três ramos
designados geniculares superior, médio e inferior que irrigam a articulação do joelho formando à sua volta
importantes anastomoses. Na extremidade proximal da membrana interóssea a artéria poplítea divide-se
em artérias tibiais anterior e posterior.
Artéria Femoral
Artéria Poplítea
Três grandes veias fazem o retorno do sangue proveniente do organismo para a aurícula direita: o seio
coronário recebe o sangue das paredes do coração; a veia cava superior recebe o sangue da cabeça,
pescoço, tórax e membros superiores; a veia cava inferior recebe o sangue do abdómen, da região pélvica
e membros inferiores.
As veias seguem o mesmo trajeto das artérias e muitas vezes têm os mesmos nomes.
153
Há três grandes tipos de veias: veias superficiais, veias profundas e seios. As veias superficiais dos
membros são, em geral, maiores que as profundas, embora na cabeça e no tronco suceda o contrário. Os
seios venosos encontram-se principalmente no crânio e no coração.
Veias Jugulares
Os dois pares de veias que drenam o sangue da cabeça e pescoço são as veias jugulares interna e externa.
As veias jugulares externas, que normalmente desembocam nas veias subclávias, são as mais
superficiais e drenam, principalmente, o sangue da região posterior da cabeça e do pescoço.
As veias jugulares internas são de maior calibre e mais profundas que as jugulares externas e drenam o
sangue do crânio e da porção anterior da cabeça, face e pescoço. A veia jugular interna resulta
essencialmente da continuação dos seios venosos da cavidade craniana. Assim que as veias jugulares
internas saem do crânio, recebem várias tributárias venosas que drenam a porção externa da cabeça e face.
Em cada lado do corpo, a veia jugular interna junta-se à subclávia para formar o tronco venoso
braquiocefálico.
As veias jugulares acompanham a artéria carótida, sendo que a veia jugular interna acompanha a artéria
carótida interna e a veia jugular externa acompanha a artéria carótida externa.
154
Veias Subclávias
Há duas grandes veias subclávias são veias profundas, localizadas em cada um lados do corpo humano.
Cada uma delas é a continuação da veia axilar e une-se à veia jugular interna, que forma assim a veia
braquiocefálica. É através das veias subclávias que o sistema linfático faz a sua relação com o sistema
cardiovascular.
As veias subclávias drenam sangue do braço, pescoço e parede torácica.
Veia Axilar
A veia axilar é uma veia profunda e uma continuação da veia braquial e sobe através da axila, medial à
sua artéria, antes de se tornar veia subclávia, no seu percurso ascendente. No percurso descendente, a
veia axilar divide-se em veia cefálica e veia basílica. A veia axilar drena o sangue do braço, axila e parede
torácica supero-lateral.
Veia Cefálica
A veia cefácica é superficial e corre lateralmente ao membro superior (posição anatómica). Tem uma
comunicação com a veia basílica pela veia intermédia do cotovelo e drena para a veia axilar. A veia
cefálica é mais lateral, comparando com a veia basílica. A veia cefálica drena a face lateral do membro
superior.
Veia Basílica
A veia basílica é uma veia superficial, cuja localização começa no dorso da região radiocárpica, cruza a
margem medial do antebraço no seu terço distal e situa-se na face anterior. Perfura a fáscia do braço para
terminar na veia braquial ou na veia axilar. Tem uma comunicação com a veia cefálica pela veia
intermédia do cotovelo. A veia basílica é mais medial, comparando com a veia cefálica. A veia basílica
drena a face medial do membro superior.
155
Músculo Cardíaco
As células musculares cardíacas – miócitos cardíacos, são alongadas e ramificadas e contêm um ou,
ocasionalmente, dois núcleos localizados no centro. As células musculares cardíacas contêm
miofilamentos de actina e miosina organizados em forma de sarcómeros, que se unem pelas extremidades
para formar miofibrilhas. Os miofilamentos de actina e miosina são os responsáveis pela contração do
músculo cardíaco e a sua organização confere-lhe um aspeto estriado (com bandas), embora as estriam
sejam menos regulares e menos numerosas que as existentes no músculo-esquelético.
O músculo cardíaco tem um retículo sarcoplasmático liso que nem é tão regularmente organizado nem
tão abundante como o das fibras musculares esqueléticas, nem apresenta cisternas dilatadas como o
músculo-esquelético. O retículo sarcoplasmático entra em estreita associação com as membranas dos
túbulos transversos (tubos T) em vários pontos. Também os tubos T são menos abundantes no músculo
cardíaco que no músculo-esquelético e podem ser encontrados próximos dos discos Z dos sarcómeros em
vez de na vizinhança da zona de sobreposição entre a actina e a miosina, como acontece no músculo-
esquelético. Esta ligação frágil entre o retículo sarcoplasmático e os tubos T é, em grande parte,
responsável pelo início lento da contração e pela prolongada fase de contração no músculo cardíaco. As
despolarizações das membranas celulares no músculo cardíaco não são transportadas da superfície das
células para o retículo sarcoplasmático de forma tão eficiente como no músculo-esquelético, e o cálcio
tem de difundir-se por uma maior distância, do retículo sarcoplasmático para os miofilamentos de actina.
Adicionalmente, entra nas células um número substancial de iões de Ca2+ proveniente do líquido
extracelular.
A ATP fornece a energia para a contração do músculo cardíaco e, como noutros tecidos, a sua produção
depende da existência de oxigénio. Todavia, o músculo cardíaco não pode suportar uma grande carência
de oxigénio. A sua limitada capacidade para suportar uma falta de oxigénio é compatível com a função
do coração, já que uma grande carência de oxigénio resultaria em fadiga muscular e para gem da contração
do músculo cardíaco. As células do músculo cardíaco são ricas em mitocôndrias, que realizam o
metabolismo oxidativo a uma velocidade suficiente para fornecer a energia necessária ao funcionamento
normal do miocárdio. Uma extensa rede capilar fornece um aporte adequado de oxigénio às células do
músculo cardíaco.
As células do músculo cardíaco estão organizadas em feixes espiralados ou em bainhas. As células
adjacentes unem-se, topo-a-topo e lateralmente, por contactos especializados célula a célula chamados
discos intercalares. As membranas dos discos intercalares têm pregas e as células adjacentes ajustam-se
às outras, aumentando assim grandemente o contacto entre elas. As estruturas especializadas da
membrana celular, chamadas desossomas, mantêm as células em contacto, e as junções comunicantes
ou sinapses funcionam como áreas de baixa resistência elétrica entre as células, permitindo que os
potenciais de ação passem de uma célula para a adjacente. Eletricamente, as células do músculo cardíaco
comportam-se como uma única unidade e as contrações altamente coordenadas do coração dependem
dessa característica funcional.
160
Bandas
Linha Z – zona em que um sarcómero se liga ao seguinte traduz-se numa linha mais escura; um
sarcómero corresponde ao espaço que separa duas linhas Z consecutivas
Banda I – banda clara situada de cada lado da linha Z, composta por filamentos finos de actina
Banda A – localizada entre as bandas I, mais escura, onde ocorre uma sobreposição de filamentos
finos com filamentos espessos de miosina
Linha M – situada no centro da banda A
Banda H – faixa estreita, mais clara, que rodeia a linha M e onde se encontram os filamentos de
miosina
A titina estende-se da linha, onde está ligada ao filamento fino, para a linha, onde se acredita
haver interação com o filamento grosso
Propriedades Elétricas
Tal como na fibra muscular estriada esquelética, a contração (encurtamento) dos miócitos cardíacos deve-
se à interação entre actina e miosina, iniciada pelo aumento da contração de ião cálcio Ca2+ no
sarcoplasma. As células musculares cardíacas apresentam um potencial de membrana em repouso que
depende da permeabilidade da membrana plasmática ao Na+ e ao Ca2+ e de uma permeabilidade maior ao
K+. Como no interior da célula há um excedente de aniões relativamente ao exterior, a diferença de
potencial elétrico é negativa rondando os -90mV. A concentração de K+ é maior no interior da célula do
que no exterior, enquanto que o oposto sucede para os iões Na+ e Ca2+.
161
Sistema de Condução
O sistema de condução do coração, que retransmite o potencial de ação elétrico através deste órgão
consiste em células musculares cardíacas modificadas que formam dois nódulos – nódulo sinusal ou
sino-auricular (SA) dentro da abertura da veia cava superior e o nódulo aurículo-ventricular (VA)
dentro da válvula aurículo-ventricular direita; um feixe de condução – feixe de His (no septo
interventricular), que se divide em ramos direito e esquerdo; ramificações inferiores e terminais que
originam a rede de Purkinje.
Todas as células musculares cardíacas têm a capacidade de gerar potenciais de ação espontâneos, mas as
do nódulo SA fazem-no com uma frequência maior. Assim, o nódulo SA é chamado de pacemaker do
coração, isto é, o coração contrai-se espontaneamente e ritmicamente.
162
Eletrocardiograma
Percurso do impulso cardíaco durante o ciclo cardíaco.
“O ciclo cardíaco é o conjunto de eventos que ocorrem desde o início de um batimento cardíaco até ao
início do batimento seguinte”.
Ciclo cardíaco
Período de relaxamento ou diástole do miocárdio
Período de contração ou sístole
Cada ciclo tem início pela ocorrência espontânea da despolarização/repolarização nos miócitos cardíacos
do nó sino-auricular.
Sístole Ventricular
O seu início coincide com a onda R do ECG
Contração isovolumétrica – intervalo de tempo entre o início da sístole e a abertura das válvulas
semilunares
Fase de ejeção – intervalo de tempo entre a abertura das válvulas aórtica e pulmonar e o fim da
sístole
Contração Isovolumétrica
O encerramento abruto dos orifícios aurículo-ventriculares é o evento que marca o início da sístole e é
marcado pelo 1º som cardíaco.
O intervalo de tempo entre o início da sístole e a abertura das válvulas semilunares corresponde
à contracção isovolumétrica dos ventrículos.
165
É caracterizada pelo aumento gradual da pressão dentro do ventrículo que funciona agora como
um compartimento fechado dado que os orifícios aurículo-ventriculares e os orifícios aórtico e
pulmonar estão fechados.
Quando a pressão do sangue no interior dos ventrículos ultrapassa a pressão do sangue no interior
das artérias, o sangue pressiona os folhetos aórtico e pulmonar ocorrendo a abertura das válvulas
aórtica e pulmonar. Este evento marca o final da contracção.
Fase de Ejeção
É caracterizada pela passagem do sangue para os grandes vasos, primeiro de forma rápida e
depois mais lentamente.
A quantidade de sangue que passa do ventrículo para a artéria correspondente designa-se
volume de ejecção.
Fracção de ejecção é a percentagem ou proporção de sangue que passa do ventrículo
esquerdo para a artéria aorta em relação ao volume total do sangue no ventrículo no final da
diástole.
Após a fase de ejecção, permanece no interior dos ventrículos uma determinada quantidade
de sangue que se designa volume residual.
Diástole Ventricular
Relaxamento isovolumétrico
Fase de enchimento rápido
Fase de enchimento lento ou diástase
Sístole auricular promovendo entrada de sangue adicional
O encerramento das válvulas aórtica e pulmonar é o evento que marca o início da diástole e é marcado
pelo 2º som cardíaco. O encerramento das válvulas aórtica e pulmonar deve-se à tendência do sangue
regressar ao ventrículo devido à gradual descida de pressão neste compartimento.
Relaxamento Isovolumétrico
O ventrículo é agora um compartimento fechado, cujas paredes estão a relaxar, por
conseguinte, a pressão do sangue no seu interior diminui, até que se torna inferior à
pressão do sangue na respectiva aurícula.
Por diferença de pressão os folhetos valvulares são empurrados em direcção ao
ventrículo e o orifício aurículo-ventricular abre.
O período de tempo entre o encerramento das válvulas aórtica e pulmonar e a abertura
das válvulas auriculo-ventriculares, corresponde ao relaxamento isovolumétrico dos
ventrículos, caracterizado por uma descida da pressão nos ventrículos, mas mantendo o
mesmo volume residual de sangue.
Sístole Auricular
O início da sístole auricular, a última fase da diástole ventricular, é marcado pelo início
da onda P do ECG e permite a transferência de uma quantidade adicional de sangue para
os ventrículos.
Esta quantidade de sangue corresponde apenas a 25% do volume de sangue que passa
da aurícula para o ventrículo em cada ciclo cardíaco.
Neste momento, cada ventrículo fica repleto de sangue, com um volume de sangue que
varia entre os 110 e 120 mililitros, dos quais, cerca de 70 mililitros serão ejectados na
árvore arterial do respectivo lado.
167
Hemodinâmica
A pressão sanguínea é responsável pela circulação do sangue e, por isso, tem uma importância crítica para
a manutenção da homeostase no corpo humano. O sangue circula das áreas de maior pressão para as áreas
de menor pressão. Por exemplo, durante o ciclo cardíaco, a circulação dá-se da aorta, em que a pressão é
muito elevada, para a zona de baixa pressão que constitui o ventrículo relaxado.
A pressão arterial média (PAM) corresponde à pressão sanguínea média entre as pressões sistólica e
diastólica, na aorta. É proporcional ao débito cardíaco (DC) vezes a resistência periférica (RP).
O débito cardíaco é a quantidade de sangue bombeada pelo coração, por minutos, e a resistência
periférica corresponde à totalidade da resistência de encontro à qual o sangue é bombeado.
𝑃𝐴𝑀 = 𝐷𝐶 × 𝑅𝑃
As variações do débito cardíaco e da resistência periférica podem alterar a pressão arterial média.
O débito cardíaco é igual à frequência cardíaca vezes o volume de ejeção. A frequência cardíaca
(FC) significa o número de vezes que o coração se contrai (bate) por minuto, normalmente entre 60 a 100
batimentos cardíacos. O volume de ejeção (VE), ou o volume de sangue que sai do coração durante cada
batimento cardíaco, corresponde à quantidade de sangue que o ventrículo esquerdo ejeta na artéria aorta.
𝐷𝐶 = 𝑉𝐸 × 𝐹𝐶
168
Exercício:
Em condições de repouso, a frequência cardíaca é de, aproximadamente, 72 bpm e o volume de ejeção é
de 70 ml/batimento. O débito cardíaco é:
𝐷𝐶 = 𝑉𝐸 × 𝐹𝐶
𝐷𝐶 = 70 × 72
𝐷𝐶 = 5040 𝑚𝑙/ min = 5 𝑙/𝑚𝑖𝑛
Durante o exercício, a frequência cardíaca pode aumentar para 190 bpm e o volume de ejeção pode elevar-
se para 115 ml/batimento. O débito cardíaco é:
𝐷𝐶 = 𝑉𝐸 × 𝐹𝐶
𝐷𝐶 = 115 × 190
𝐷𝐶 = 21850 𝑚𝑙/ min = 22 𝑙/𝑚𝑖𝑛
Artérias Rígidas
Um volume de sangue igual ao volume total de ejeção flui pelos capilares durante a sístole –
quando as artérias estão rígidas, praticamente nenhum do volume pode ser armazenado nas
artérias.
O fluxo sanguíneo através dos capilares cessa durante a diástole – artérias rígidas não podem
recuar consideravelmente durante a diástole.
Artérias compatíveis
Sangue arterial flui através dos capilares durante a sístole – quando as artérias são normalmente
compatíveis, uma fração substancial do volume de ejeção é armazenado nas artérias durante a
sístole ventricular. As paredes das artérias são esticadas.
Sangue arterial continua a fluir pelos capilares durante a diástole – durante a diástole ventricular
as artérias previamente esticadas recuam. O volume de sangue que é deslocado pelo recuo fornece
fluxo capilar contínuo durante a diástole.
169
Pressão de Pulso
A pressão de pulso é a diferença entre a pressão sistólica e a pressão diastólica. Num adulto jovem e
saudável, em repouso, a pressão sistólica é de, aproximadamente, 120 mmHG e a pressão diastólica é de,
aproximadamente, 80 mmHg. Logo a pressão de pulso será de 40 mmHG. Os principais fatores que
influenciam a pressão de pulso são o volume de ejeção sistólica e a distensibilidade vascular. Quando o
volume de ejeção diminui, a pressão de pulso também diminui; quando o volume de ejeção aumenta,
aumenta também a pressão de pulso. A distensibilidade dos vasos sanguíneos diminui com a idade, as
artérias em pessoas idosas tornam-se menos elásticas e a diminuição na distensibilidade resultante faz
com que a pressão na aorta s eleve mãos rapidamente e para valores mais altos durante a sístole e caia
mais rapidamente para o valor diastólico. Assim, para um dado volume de ejeção, a pressão sistólica e
pressão de pulso aumentam, à mdida que a distensibilidade vascular diminui.
O somatório da área de seccção dos ramos de uma artéria é maior que a área de secção da artéria, logo a
velocdade do sangue diminui ao longo da árvore arterial.
O fluxo de sangue através de um vaso sanguíneo depende do gradiente de presão, ou diferença entre
pressão entre as duas extremidades.
A resistência de um vaso sanguíneo é tanto maior quanto menor o raio de secção transversal, logo, quando
maior a resistência menor é o fluxo de sangue atravésd o vaso, dado que o fluxo é diretamente
proporcional à área de secção transversal.
Microcirculação
Permuta de nutrientes entre sangue e líquido intersticial.
Difusão
Filtração
Pinocitose
171
Retorno Venoso
O retorno venoso é a quantidade de sangue proveniente da circulação periférica que regressa ao coração.
Mecanismos facilitadores:
Válvulas nas veias
Contraçao intermitente da musculatura esquelética
Regulação do Coração
Para manter a homeostase, a quantidade de sangue bombeado pelo coração é submetida a variações
drásticas. Por exemplo, durante o exercício o débito cardíaco pode aumentar muitas vezes acima dos
valores de repouso, sendo controlado por mecanismos reguladores intrínsecos ou extrínsecos. A
regulação intrínseca resulta de características funcionais normais do coração e não depende da regulação
neural ou homronal. Funciona, quer o coração esteja colocado dentro ou fora do corpo, desde que sob
condições adequadas. Por outro lado, a regulação extrínseca envolve o controlo nervoso e hormonal. A
regulação nervosa do coração resulta dos reflexos parassimpáticos e simpáticos e a principal regulação
hormonal advém da epinefrina e da norepinefrina, segregadas pela medula supra-renal.
Regulação Intrínseca
Mecanismo de Frank-Starling – quanto maior a quantidade de sangue que chega ao coração, maior a
distensão das fibras musculares cardíacas, maior é a força contrátil do coração e maior o volume ejetado.
Regulação Metabólica
Atividade Metabólica
Metabolitos (CO2)
172
Oxigénio e Nutrientes
Vasodilatação
Óxido Nítrico
O óxido nítrico é um potente vasodilatador produzido por células endoteliais. As células endoteliais
desempenham um papel relevante no controlo do tónus cardiovascular, regulando a vasomotricidade, a
permeabilidade vascular, o metabolismo de substâncias endógenas e a atividade plaquetária e leucocitária.
O óxido nítrico tem um papel de grande importância no controlo cardiovascular, tanto no controlo da
resistência periférica como na agregação plaquetária. Inibe a agregação plaquetária que impede a
formação de trombos e, consequentemente, previne os processos de tromboses.
Arterioesclerose
A arterioesclerose é um processo de endurecimento, perda de elastecidade e espessamento progressivo
das paredes das artérias (endotélio), induzido pela hipertensão arterial que acompanha o processo natural
173
de envelhecimento. Este processo é o responsável pelo aumento progressivo da pressão arterial sistólica
sem aumento da pressão arterial diastólica. Os seus principais fatores de risco são a idade avançada,
hipertensão arterial, colesterol LDL alto, obesidade, tabagismo, sedentarismo, diabetes e histórico
familiar de problemas cardíacos. A principal causa é o processo designado ateroesclerose que se refere ao
acúmulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes da artéria, que podem restringir o fluxo
de sangue.
Sangue
Funções
Regulação do pH e osmose
Manutenção da temperatura corporal
Proteção contra substâncias estranhas
Fomação de coágulos
Constituição
Plasma (~60%)
Elementos celulares: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas
Plasma
É a parte líquida do sangue (substância coloidal)
Compsota por cerca de 91% de água e 9% de outras substâncias (proteínas, iões, substâncias
nutritivas, gases e produtos de degradação)
As proteínas plasmáticas podem ser classificadas segundo o seu tamanho e carga molecular em:
albumina, globulinas e fibrinogénio
Proteínas Plasmáticas
A albumina é importante na regulação do movimento da água entre os tecidos e o sangue. É
também importante no transporte de outras moléculas. Constitui 58% das proteínas do plasma.
As globulinas transportam substâncias e são componentes do sistema imunitário (proteção contra
microrganismos). Constituem 38% das proteínas do plasma.
174
Elementos Figurados
Cerca de 95% do volume dos elementos figurados consiste em eritrócitos. Os restantes 5% são leucócitos
e plaquetas. Os leucócitos são os únicos que possuem núcleo.
Os leucócitos são denominados de acordo com a sua aprência nas preparações coradas. Os que possuem
grandes grânulos citoplasmáticos e núcleo lobado são granulocitos. Os três tipos de granulocitos são
denominados de acordo com as características que apresentam de acordo com a coloração dos grânulos:
os neutrófilos mudam de cor com corantes ácidos e alcalinos, os eosinófilos mudam de cor com corantes
ácidos e os basófilos mudam de cor com corantes básicos. Os agranulocitos aparentam não ter grânulos
quando vistos ao microscópio, no entanto possuem grânulos muito pequenos. Existem dois tipos de
agranulocitos: os monocitos e os linfocitos, cujos núcleos não têm lobos.
Eritrócito
Constitui cerca de 95% dos elementos figurados
7,5 μm de diâmetro; 2,6 μm de espessura; 0,8 μm no cetro
3,9 a 5,5 milhões/mm na mulher e 4,1 a 6,0 milhoes/mm no homem
Disco bicôncavo – aumenta a área superficial do eritrócito, tornando mais rápida a sua entrada e
saída dos gases da célula; também permite que o eritrócito se dobre pelo centro, diminuindo o
seu tamanho e tornando mais fácil a sua passagem através dos vasos sanguíneos de pequeno
calibre.
Origem em células altamente especializadas que perdem o núcleo e quase todos os organelos
durante a amturação.
Contem hemoglobina, proteína pigmentada, que ocupa cerca de um terço do volume total da
célula, e que dá cor ao eritrócito.
Contem lípidos, adenosina trifosfato (ATP) e a enzima anidrase carbónica
Tem como principais funções o transporte de oxigénio dos pulmões para os vários tecidos do
corpo e dióxido de carbono dos tecidos do corpo para os pulmões. Aproximadamente 98,5% do
oxigénio é transpostado pelo sangue em combinação com a hemoglobina, os restantes 1,5% estão
dissolvidos na água existente no plasma.
Hemólise – rotura do eritrócito seguida da libertação da hemoglobina.
Hemoglobina
A característica mais exuberante nos precursores dos eritrócitos é a capacidade de síntese de hemoglobina.
A hemoglobina é composta por quatro cadeias de polipeptídeos e de quatro grupos heme. Cada cadeia
polipeptidica, chamada globina, está ligada a um heme. Cada heme é uma molécula pigmentada de
vermelho, contendo um átomo de ferro. A síntese do grupo heme ocorre nas mitrocôndrias dos precursores
dos eritrócitos através de uma série de reações bioquímicas que começam com a condensação de glicina
e succinil co-A. A vitamina B6 é um co-fator para esta reação enzimática. Existem vários tipos de
globinas, cada uma com ligeiras diferenças na sua composição em aminoácidos. As quatro globinas da
hemoglobina adulta normal agrupam-se em duas cadeias alfa e duas cadeias beta. As hemoglobinas
embrionárias têm maior afinidade para a ligação com o oxigénio. As hemoglobinas anormais têm menor
afinidade para o oxigénio e podem levar ao aparecimento de anemia.
O ferro é necessário à função normal da hemoglobina, porque cada molécula de oxigénio é transportada
em associação com um átomo de ferro.
Quando a hemoglobina é exposta ao oxigénio, cada molécula deste fica associada a cada gtupo heme. À
hemoglobina oxigenada dá-se o nome de oxi-hemoglobina (cor vermelha viva). À hemoglobina sem
oxigénio chama-se desoxi-hemoglobina (cor vermelha escura).
A hemoglobina também transporta dióxido de carbono, que não se combona com os átomos de ferro, mas
que se liga aos grupos amina da molécula de globina. A esta hemoglobina dá-se o nome de carbamino-
hemoglobina, esta ligação é reversível e tem maior afinidade do que com o oxigénio.
Quando a hemoglobina se associa ao monóxido de carbono dá-se o nome de carboxi-hemoglobina). Esta
ligação é irreversível.
Leucócitos
Células claras ou esbranquiçadas
Não possuem hemoglobina
Têm núcleo
Protegem contra os microrganismos invasores, removem células mortas e corpos estranhos do
organismo
Muitos são móveis e exibem um movimento amebóide – capacidade de se moverem como uma
ameba, através de projeções irregulares do citoplasma
Têm a capacidade de sair de circulação e entrar nos tecidos por diapedese, processo no qual ficam
mais finos e alongados
São atraídos para materiais estranhos ou células mortas dentro dos tecidos por quimiotaxia
No local de uma infeção, os leucócitos acumulam-se, fagocitam bactérias, corpos estranhos e
células mortas, e morrem posteriormente
A acumulação de leucócitos mortos e bactérias, juntamente com líquido e fragmentos celulares,
chama-se pus
Tipos de leucócitos: neutrófilos (60-70%), eosinófilos (2-4%), basófilos (0-1%), linfócitos (20-
30%) e monócitos (3-8%)
176
Neutrófilos
Tipo mais comum
Têm pequenos grânulos citoplasmáticos que coram tanto com corantes ácidos
como básicos
Os grânulos coram para rosado avermelhado ou púpura
Núcleo lobado, variando o número de lobos entre dois e 5
10-12 μm de diâmetro
Fagocita microrganismos e outras substâncias
Segregam lisozimas capazes de destruir certas bactérias
Eosinófilo
Núcleo frequentemente bilobado
Os grânulos citoplasmáticos coram para alaranjado ou vermelho
Saem de circulação para entrarem nos tecidos durante uma reação inflamatória
Fagocitam complexos antigénio-anticorpo
São comuns onde se desenrola uma reação alérgica
Reduzem a resposta inflamatória, produzindo enzimas que destroem mediadores inflamatórios
químicos, como a histamina
Libertam químicos tóxicos que atacam certos parasitas
11-14 μm
Basófilo
São os leucócitos menos comuns
Os grânulos coram de azul ou púrpura
Saem de circulação e migram até aos tecidos, onde desempenham um papel
importante em reações alérgicas (possuem recetores nas suas membranas para a IgE)
e inflamatórias
Contêm grandes quantidades de histamina, que libertam nos tecidos para aumentar a inflamação
Libertam heparina que inibe a coagulação do sangue
Monócito
São os monócitos maiores
Núcleo em forma de rim ou ferradura
Contém mais citoplasma que o linfócito
Abandonam a circulação e transformam-se em macrófagos e migram pelos
vário s tecidos
Fagocitam bactérias, células mortas, fragmentos e outros detritos dentro dos tecidos
Um aumento do número de monócitos no sangue está associado a infeções crónicas
177
Podem decompor as substâncias fagocitadas, apresentando-as aos linfócitos, que assim ficam
ativados
12-20 μm
Linfócito
Leucócitos mais pequenos
Núcleo redondo
6-14 μm
O citoplasma forma um fino anel em redor do núcleo
Contribui para as reações alérgivas
Produz anticorpos e outros mediadores químicos responsáveis pela destruição de microrganismos
Têm origem na medula óssea e depois migram através do sangue até aos tecidos linfáticos, onde
proliferam e produzem mais linfócitos
A maioria da população linfocitária do organismo encontra-se nos tecidos linfáticos: gânglios
linfáticos, baço, amígdalas, nódulos linfáticos e timo
Linfócitos B – podem ser estimulados por bactérias ou toxinas para se dividirem e formarem
céluas que produzem proteínas, anticorpos, que se juntam às bactérias e ativam mecanismos que
levam à sua destruição
Linfócitos T – protegem contra os vírus e outros microrganismos intracelulares, atacando e
destruindo células onde estes se reproduzem; estão envolvidos na destruição de células tumorais
e na rejeição de excertos
Plaquetas
Minúsculos fragmentos de células compostos por uma pequena quantidade de citoplasma
envolvido por uma membrana plasmática
Forma de disco com 3 mm de diâmetro
Superfície com glicoproteínas e proteínas que permitem fixarem-se a outras moléculas
Papel importante no controlo das perdas de sangue através da formação do rolhão plaquetário,
que oclui os orificios nos pequenos vasos
Promove a formação e contração dos coágulos que ajudam a ocluir lesões maiores existentes nos
vasos
O citoplasma contém actina e miosina que permitem a contração da plaqueta
São produzidas na medula vermelha e derivam dos magacariocitos (fragmentam-se e entram na
circulação)
Após o nascimento, a hematopoiese fica confinada principalmente à medula óssea vermelha, embora
alguns tecidos linfóides também participem na produção de linfocitos.
Todos os elementos figurados do sangue derivam de uma única população de células indiferenciadas
localizadas na medula óssea vermelha, designada célula tronco ou stem cell hematopoiética. As células
indiferenciadas hematopoiéticas são células precursoras capazes de se dividirem, produzindo células
filhas, uma das células permanece como célula tronco, a outra enveredará por uma das duas vias: via
linfóide que dará origem aos linfócitos e a via mielóide que dará origem às restantes linhagens de células
do sangue. Na via mielóide, os proeritroblastos vão dar origem aos eritrócitos; os mieloblastos, que dão
origem aos basófilos, eosinófilos e neutrófilos; os linfoblastos que originam os linfocitos; os
monoblastos, que produzem os monocitos; e os megacarioblastos que dão origem às plaquetas. O tipo
de elemento figurado derivado de células indiferenciadas e o número de elementos figurados produzidos
são deterinados por fatores de crescimento. As células do estroma da medula óssea fornecem o
microambiente favorável a este processo.
O processo pelo qual são produzidos novos eritrócitos chama-se eritropoiese e o tempo necessário para
a produção de um simples eritrócito é de 4 dias. As células indiferenciadas que dão origem a todas as
células do sangue diferenciam-se em proeritroblastos. Depois de várias divisões mitóticas, os
proeritroblastos transformam-se em eritroblastos primários (basófilos). Os eritroblastos intremédios
continuam a produzir hemoglobina, após o que muitos dos seus ribossomas e organelos degeneram. Daí
resultam os eritroblastos tardios, em que um terço do seu citoplasma é constituído por hemoglobina. Os
eritroblastos tardios perdem o núcleo pró extrusão e transformam-se em eritrócitos imaturos,
reticulocitos. Os reticulocitos são libertados da medula óssea para a circulação sanguínea e ao fim de 1 a
2 dias, quando os ribossomas degeneram, os reticulocitos transformam-se em eritrócitos maduros. A
intensa atividade mitótica dos precursores da linhagem eritrocitária requer intensa replicação de DNA,
para isso é necessária a presença de vitamina B12 e ácido fólico.
A produção de eritrócitos no sangue é estimulada por baixos níveis de oxigénio no sangue, que ocorrem
tipicamente por diminuição do número de glóbulos vermelhos, hemoglobina anormal ou em pouca
quantidade, doença pulmonar, grande altitude, incapacidade do sistema circulatório para distribuir o
sangue ou aumento da necessidade de oxigénio pelos tecidos. Os baixos níveis de oxigénio aumentam a
formação de glicoproteína eritropoetina, hormona produzida pelo rim. A eritropoetina estimula a medula
óssea, aumentando o número de proeritroblastos formados e diminuindo o tempo necessário para a
maturaçãi de eritrócitos. Portanto, quando o oxigénio diminui no sangue faz aumentar a produção de
eritropoetina, que aumenta a produção de eritrócitos, que aumentam a capacidade do sangue de transportar
oxigénio. Quando os níveis de oxigénio no sangue aumentarem, é libertada menos eritropoetina, que
diminui a produção de eritrócitos.
Destruição de Eritrócitos
Normalmente, os eritrócitos permanecem em circulação cerca de 120 dias nos homens e 110 dias nas
mulheres. São células sem núcleo, o que significa que não conseguem produzir novas proteínas. À medida
que as proteínas, enzimas, componentes da membrana celular e outras estruturas degeneram, os eritrócitos
ficam com menor capacidade de transportar oxigénio e as suas membranas plasmáticas ficam mais frágeis,
podendo mesmo romper quando se contraem para atravessar áreas mais estreitas de circulação.
A hemoglobina é libertada por lise dos eritrócitos e posteriormente removida do sangue por macrófagos
localizados no baço, fígado e outros tecidos linfático. Dentro do macrófago, enzimas lisossómicas
digerem a hemoglobina para obter aminoácidos, ferro e bilirrubina. A globina é fraccionada nos
aminoácidos que a compõem, muitos dos quais são reutilizados na produção de outras proteínas. O ferro
libertado do heme pode ser transportado pelo sangue para a medula vermelha, onde vai ser incorporado
nas novas moléculas de hemoglobina. Os grupos heme são convertidos em biliverdina que,
posteriormente, é convertida em bilirrubina, que se vai conjugar com a albumina e dirige-se para o fígado
– bilirrubina livre. A bilirrubina livre é metabolizada pelo fígado, onde se conjuga com o ácido glicurónico
e formam a bilirrubina conjugada, que se torna parte da bílis. No intestino, as bactérias convertem a
bilirrubina em pigmentos que conferem a cor acastanhada às fezes. A icterícia acontece quando há um
aumento de bilirrubina na circulação e nos espaços interticiais, conferindo uma coloração amarelada.
Metabolismo do Ferro
O ião ferro é fundamental para a síntese de hemoglobina
O transporte e o armazenamento do ião ferro no organismo estão dependentes de três proteínas:
ferritina, transferrina e o recetor para a transferrina
O organismo armazena uma grande quantidade de ião ferro sob a forma de ferritina e de
hemosiderina, particularmente no parênquima hepático
A maior parte do ião ferro provém da libertação dos iões ferro das moléculas de hemoglobina
dos eritrócitos envelhecidos, destruídos pelos macrófagos
As necessidades diárias de ião ferro na diera são mínimas, aproximadamente 1 mg/dia
Na mulher há a considerar a perda de ião ferro durante a fase menstrual
Anemia
A anemia caracteriza-se pela redução da concentração de hemoglobina no sangue – menos de 13,5 g/dl
no homem e menos de 11,5 g/dl na mulher.
Pode ter várias causas:
Perda de sangue por hemorragia
Deficiência de ião ferro (anemia particular causada por diminuição dos eritrócitos – microcítica,
e diminuição da quantidade de hemoglobina – hipocrómica
Anomalias na síntese do grupo heme
Alterações na constituição das cadeias polipeptídicas
180
Deficiências na síntese de DNA fundamental para que haja mitose dos precursores dos eritrócitos
(ex: anemia megaloblástica por deficiência de vitamina B12 e ácido fólico)
Comparimentos de Neutrófilos
Os neutrófilos permanecem em circulação cerca de 10-12
horas
Depois migram para tecidos onde se tornam móveis e
fagocitam bactéroas, complexos antigénio-anticorpo e
outros corpos estranhos
Também segregam a lisozima – capaz de destruir certas
bactérias
Normalmente sobrevivem um ou dois dias depois de saírem
de circulação
Hemostase
A hemostase é a ação de suspender uma hemorragia, muito importante para a manutenção da homeostase.
Se uma hemorragia muito grande provocada por um corte ou rotura num vaso sanguíneo não for suspensa,
181
pode resultar num ciclo de retro-ação positiva, que consiste na diminuição do volume de sanfue e da
pressão arterial, o que perturba a homeostase e pode levar à morte. Quando um vaso sanguíneo sofre uma
sanificação, ocorrem diversas reações para evitar que haja uma perda excessiva de sangue. A constrição
vascular, a formação de agregados plaquetários e a coagulação são eventos que contribuem para
restabelecer a hemostase.
Constrição Vascular
A constrição vascular é o encerramento imediato, mas temporário, de um vaso sanguíneo, resultante da
contração do músculo liso da parede do vaso. Esta constrição, quando acontece nos pequensos vasos,
pode colapsá-los e obstruir o fluxo de sangue através deles. A constrição vascular é produzida por reflexos
do sistema nervoso e agentes químcos, por exemplo, durante a formação do rolhão plaquetário, as
plaquetas libertam tromboxanos, que são derivados de certas prostaglandinas, e as células endoteliais
libertam um peptídeo – endotelina.
Adesão Plaquetária
Quando há lesão do endotélio dos vasos sanguíneos, o tecido conjuntivo sub-endotelial fica
exposto e as plaquetas aderem às microfibrilas de colagénio sub-endotelial exposto
Seguidamente as plaquetas alteram a sua forma e libertam o conteúdo dos seus grânulos, um
denómeno designado secreção
Agregação Plaquetária
A ADP é libertada dos grânulos das plaquetas e o tromboxano A2 formado estimula mais e mais
plaquetas a agregarem-se através da adesão de membranas plasmáticas de plaquetas adjacentes
Após a agregação plaquetária, os fosfolípidos da membrana plasmática das plaquetas tornam-se
disponíveis para duas reações na cascara de coagulação permitindo a ativação do fator X,
resultando na formação de trombina a partir da protrombina, exprimindo a atividade pró-
coagulante das plaquetas
Coagulação
A constrição vascular e os rolhões plaquetários não são suficientes para ocluir grandes lesões e secções
em vasos. Quando um vaso sanguíneo está gravemente danificado, dá-se início à coagulação do sangue,
que resulta na formação de coágulos. Um coágulo sanguíneo é formado por uma rede de fibras proteicas
filiformes, ou rede de fibrina, que retém células sanguíneas, plaquetas e fluídos.
A formação de um coágulo sanguíneo depende de um conjunto de proteínas existentes no plasma,
chamadas fatores da coagulação. Normalmente, os fatores de coagulação estão num estado inativo e não
dão origem à coagulação. Só depois de uma ferida acontecer é que os fatores de coagulação são ativados
para produzirem coágulos. Esta ativação é um processo complexo que envolve muitas reações químicas,
algumas das quais necessitam de moléculas e iões de cálcio na superfície das plaquetas ativadas, tais como
fosfolípidos e o fator V da coagulação.
A ativação das proteínas da coagulação pode ser resumida em três fases principais. A fase 1 consiste na
formação de protrombinase, a fase 2 na conversão da protrombina em trombina por ação da
protrombinase, e a fase 3 consiste na conversão do fibrinogénio solúvel em fibrina insolúvel, por ação
da trombina.
Dependendo do modo como a protombinase é formada na fase 1, podem ocorrer duas vias de coagulação
distintas: a via de coagulação extrínseca e a via de coagulação intrínseca.
Fatores da Coagulação:
Sintetizados no fígado (exceto o fator VIII sintetizado nas plaquetas e endotélio)
Circulam no sangue sob formas inativas
Os fatores II, VII, IX e X necessitam de vitamina K para a sua síntese
Formação de ativador da protombina
183
Sistema Linfático
O sistema linfático é composto pela linfa, vasos linfáticos, tecido linfático, nódulos linfáticos, gânglios
linfáticos, amígdalas, baço e timo.
Funções
Equilíbrio hídrico – Cerca de 3 litros por dia de líquido intersticial entra nos capilares linfáticos
(linfa) e é conduzido de volta ao sangue.
Absorção de gorduras – Nos vasos linfáticos do intestino delgado (quilíferos) entram gorduras
que depois são conduzidas para o sistema venoso. A linfa destes vasos denomina-se quilo.
Defesa – Os microrganismos e outros corpos estranhos são filtrados da linfa pelos gânglios
linfáticos e do sangue, pelo baço. Os linfócitos e outras células têm a capacidade de destruir
microrganismos e outras substâncias estranhas.
185
Vasos Linfáticos
Os vasos linfáticos são essenciais à manutenção do equilíbrio hídrico. Iniciam-se em pequenas estruturas
tubulares em fundo de saco, os capilares linfáticos. Os líquidos tendem a movimentar-se dos capilares
sanguíneos para os espaços tecidulares. Os líquidos em excesso passam pelos espaços dos tecidos e entram
nos capilares linfáticos, onde formam a linfa. Existem capilares linfáticos em quase todos os tecidos do
corpo humano; são exceção o sistema nervoso central, a medula óssea e os tecidos sem vascularização
como cartilagem, a epiderme e a córnea. Existe um grupo superficial de capilares linfáticos na derme e
na hipoderme. A drenagem linfática dos músculos, articulações, vísceras e outras estruturas mais
profundas é realizada por um grupo de capilares mais profundo.
Os capilares linfáticos são diferentes dos capilares sanguíneos pois não têm membrana basal e as células
do epitélio pavimentoso simples estão ligeiramente sobrepostas e fracamente ligadas umas às outras. Os
capilares linfáticos são mais permeáveis do que os capilares sanguíneos e têm acesso a todo o conteúdo
do líquido intersticial; o epitélio dos capilares linfáticos funciona como uma série de válvulas
unidirecionais que permite a entrada de líquido para os vasos mas que impede o seu retorno ao espaço
intersticial.
Os capilares linfáticos unem-se para dar origem a vasos linfáticos de maior calibre, semelhantes a
pquenas veias. O revestimento interno do vaso linfático é constituído por endotélio circundado por uma
membrana elástica, a camada intermédia é constituída por células do músculo liso e fibras elásticas; e, a
camada externa é constituída por uma fina membrana de tecido conjuntivo.
Os vasos linfáticos de pequeno calibre contêm válvulas unidirecionais semelhantes às das veias. Quando
um destes vasos é submetido a uma força de compressão, estas válvulas impedem a inversão do sentido
do fluxo da linfa, assegurando a sua progressão ao longo do referido vaso. A compressão dos vasos
linfáticos é devida a três fatores: à contração dos músculos esqueléticos vizinhos, durante a atividade, à
contração dos músculos lisos das paredes dos vasos linfáticos, e a modificações de pressão intra-torácica
durante a respiração.
Gânglio Linfático
Os gânglios linfáticos são estruturas redondas, ovais ou em forma de feijão que se distribuem ao longo
dos diversos vasos linfáticos. Estas estruturas têm a função de filtrar a linfa que os atravessa, ao longo
dos vasos linfáticos. Os gânglios linfáticos estão lingados entre si em grupos, para que a linfa que sai de
um gânglio seja conduzida para o seguinte, onde entra e assim sucessivamente.
Os gânglios linfáticos são classificados como superficiais e profundos. Os gânglios linfáticos superficiais
localizam-se na hipoderme, abaixo da pele; e os gânglios linfáticos profundos estão dispersos ao longo
de todo o corpo. Habitualmente, ambos os tipos de gânglio estão localizados no tecido adiposo, adjacentes
aos vasos sanguíneos.
Os gânglios linfáticos estão revestidos por tecido conjuntivo denso, a cápsula. As extensões da cápsula,
as trabéculas, formam, dentro do gânglio, um fino esqueleto interno. As fibras reticulares prolongam-se
da cápsula e das trabéculas para formar uma rede fibrosa em todo o gânglio. Em algumas áreas do gânglio,
existem linfócitos e macrófagos agrupados à volta das fibras reticulares, de modo a formar tecido linfático;
186
noutras, as fibras reticulares estendem-se através dos espaços existentes formando os seios linfáticos. O
tecido linfático e os seios do gânglio destribuem-se em duas camadas não muito bem definidas, o córtex
e a medula. O córtex é constituído por um seio subcapsular, abaixo da cápsula, e por seios corticais
separados por tecido linfático difuso, trabéculas e nódulos linfáticos. A medula, interior, é constituída
por uma estrutura irregular ramificada de tecido linfático difuso, os cordões medulares, separados por
seios medulares.
Nódulo Linfático
Os nódulos linfáticos são constituídos por um arranjo compacto de tecido linfóide, mais ou menos
esférico, com dimensões que variam desde poucas centenas de micra até milímetros, ou mais, de diâmetro.
Os nódulos linfáticos são numerosos no tecido conjuntivo laxo dos aparelhos digestivos, respiratório e
urinário. As placas de Peyer são conjuntos de nódulos linfáticos que existem na metade inferior do
intestino delgado e no apêndice. Para além do tecido linfóide associado à mucosa, também existem
nódulos linfáticos nos gâmglios e no baço, onde são denominados folículos linfáticos.
Tecido Linfóide
O tecido linfóide primário é o local onde os linfócitos se desenvolvem até atingirem a capacidade de
desempenharem as suas funções e engloba não só a medula óssea mas também o timo. O tecido linfóide
secundário são todos os locais onde os linfócitos são armazenados prontos a desempenhar as suas
funções. O tecido linfóide está intrinsecamente associado à imunidade. Ao sistema imune pertencem
células com função de defesa, os leucócitos, em circulação na corrente sanguínea ou espalhadas em vários
locais do organismo onde desempenham funções de defesa.
Imunidade
relembra a primeira exposição à bactéria. As bactérias são destruídas antes do aparecimento dos sintomas
e diz-se que a pessoa está imune ou imunizada.
Sistema Imunitário
1ª linha de defesa: barreiras – epitélio, cílios, cabelos/pêlos, suco gástrico/saliva, muco, proteínas
antimicrobianas, bactérias simbióticas.
2ª linha de defesa: imunidade não específica: fagócitos, natural killer cells, interferão,
complemento, inflamação, febre
3ª linha de defesa: imunidade não específica: humoral – mediada por anticorpos ou mediada por
células (NK)
A pele e mucosas são barreiras biológicas que impedem a invasão de agentes lesivos
Secreções como o suor, o suco gástrico e a saliva impedem a atividade e/ou sobrevivência de
muitos agentes patogénicos
Células fagocitárias, nomeadamente neutrófilos e macrófagos, são agentes celulares
fundamentais da imunidade inespecífica, embora também participem na imunidade específica
Imunidade Inata
Os principais componentes da imunidade inata são:
Fatores mecânicos que evitam a entrada de microrganismos ou que os removem da superfície
corporal
Mediadores químicos que atuam diretamente contra os microrganismos, ou que ativam outros
mecanismos que conduzem à destruição de microrganismos
Células envolvidas na fagocitose e a produção de substâncias químicas que participam na
resposta imunitária
Fatores Mecânicos
Os fatores mecânicos, como a pele e as mucosas, formam barreiras protetoras que evitam a entrada de
microrganismos e de substâncias químicas nos tecidos dos organismos e removem-nos da sua superfície
de diversas formas. As substâncias estranhas são expulsas dos olhos, pelas lágrimas; da boca, pela saliva;
e das vias urinárias, pela urina. Nas vias aéreas, as mucosas ciliadas “varrem” os microrganismos captados
pelo muco para a faringe, para serem deglutidos. A tosse e o espirro também removem microrganismos
das vias aéreas. Se os microrganismos não penetrarem no organismo não podem ser agentes de doença.
189
Mediadores Químicos
Os mediadores químicos são moléculas que estão envolvidas no desenvolvimento da imunidade inata.
Alguns dos mediadores que se encontram na superfície das células, matam ou evitam a entrada de
microrganismos nas células. São exempplos: a lisozima, o sebo e o muco. Outros mecanismos químicos,
como a histamina, o complemento, as prostaglandinas e os leucotrienos, favorecem o estabelecimento da
inflamação, induzindo vasodilatação, aumentando a permeabilidade vascular, atraindo leucócitos e
estimulando a fagocitose. Para além destes, os interferãos protegem as células das infeções virais.
O complemento é um grupo de 20 proteínas que constituem cerca de 10% das globulinas do plasma.
Normalmente, as proteínas do complemento circulam no sangue sob a forma inativa, não funcionante.
Ativam-se através da cascata do complemento, uma série de reações nas quais cada componente da série
ativa o seguinte. A cascata do complemento pode ter início pela via alternativa – faz parte da imunidade
inata, ou pela via clássica – faz parte da imunidade adaptativa. As proteínas ativadas do complemento
fornecem proteção de diversas formas. Cinco das proteínas do complemento unem-se para formar o
complexo de ataque à membrana (MAC) que faz um orifício na membrana. Quando os MAC se formam
na membrana plasmática de uma célula nucleada, o Na+ e a água entram para a célula, pelo oríficio geraod
pelo complexo, fazendo com que entre num processo de lise celular. Quando os MAC se formam na
membrana externa de certas bactérias (Gram negativa), passam através do orifício formado uma enzima,
lisozima, que digere a parede da bactéria. Quando a prede é destruída, a célula bacteriana entra em
processo de lise celular. As proteínas do complemento também podem aderir à superfície das bactéras e
estimular os macrófagos para as fagocitarem. As proteínas do complemento também atraem células do
sistema imunitário para os locais de infeção e induzem a inflamação.
Os interferãos são proteínas que protegem o organismo contra as infeções virais e, possivelmente, de
algumas formas de neoplasia. Quando um vírus infeta uma célula, pode-se dar a replicação viral. Quando
um vírus infeta uma célula, pode-se dar a replicação viral. Os ácidos nucleicos virais e as proteínas,
produzidas à custa dos organelos celulares, são reunidos em novos vírus. Os novos vírus libertam-se da
céllula infetada, para infetar outras. As infeções virais são prejudiciais ao organismo porque as células
infetadas deixam de desempenhar as suas funções, ou morrem, durante a replicação do vírus. Felizmente,
os vírus e outras substâncias também podem estimular as células a produzir interferãos. Os interferãos
nem protegem as células que os produzem nem atuam diretamente contra os vírus. Ligam-se às superfícies
das células vizinhas, estimulando-as a produzir proteínas antivirais que impedem a replicação vital nestas
células, evitando a produção de novos ácidos nucleicos e de proteínas virais. A resistência dos vírus
forncedia pelos interferãos não é específicia, os mesmos interferãos autam contra muitos vírus diferentes.
Alguns dos interferãos também têm funções na ativação de células imunitárias, como sejam os
macrófagos e as células natural killer.
Células
Os leucócitos e as células que deles derivam constituem o componente celular mais importante do sistema
imunitário. Os leucócitos são produzidos na medula óssea vermelha e no tecido linfático, depois são
libertados no sangue e transportados a todo o organismo. Para serem eficazes, os leucócitos têm de ser
190
conduzidos até aos tecidos onde são necessários. Os fatores quimiotáticos são componentes de
microrganismos ou produtos químicos, libertados pelas células dos tecidos, que atuam como sinais
químicos para atrair leucócitos. Os leucócitos podem detetar pequenas diferenças na concentração dos
fatores quimiotáticos, deslocando-se daqueles onde a sua concentração é menor, para aqueles onde a sua
concentração é maior. Assim, deslocam-se para a fonte dos mediadores, uma capacidade chamada
quimiotaxia.
A fagocitose é a endocitose e a destruição de partículas pelos fagócitos. Essas partículas podem ser
microrganismos, parte de microrganismos, substâncias estranhas ou células mortas do organismo. As
células fagocitárias mais importantes são os neutrófilos e os macrófagos.
Os neutrófilos são pequenas células fagocitárias que a medula óssea vermelha produz, em grande
quantidade, e liberta para o sangue onde circulam durante poucas horas. Normalmente, são as primeiras
células a entrar nos tecidos infetados e, muitas vezes, morrem após um único episódio de fagocitose. Os
neutrófilos também libertam enzimas lisossómicas, que matam microrganismos e que também lesam e
inflamam os tecidos. O pus é uma acumulação de neutróflos, microrganismos mortos, resíduos dos tecidos
necrosados e líquido.
Os macrófagos são monócitos que deixam o sangue e entram nos tecidos onde aumentam cerca de cinco
vezes o seu tamanho, assim como o número de lisossomas e de mitocôndrias. São grandes células
fagocitárias que têm uma vida mais longa que os neutrófilos e podem fagocitar partículas maiores e em
maior quantidade. Normalmente, os macrófagos chegam aos tecidos a seguir aos neutrófilos e são
responsáveis pela maioria da fagocitose nos estádios mais avançados de infeção e pela remoção de
neutrófilos mortos e de outros resíduos celulares. Para além desta função, os macrófagos produzem
diversas substâncias.
Os basófilos têm origem na medula óssea vermelha e são glóbulos brancos móveis que podem deixar o
sangue e penetrar nos tecidos infetados. Os mastócitos, que têm a mesma origem, são células imóveis
que residem no tecido conjuntivo, principalmente perto dos capilares. Os basófilos e os mastócitos podem
ser ativados pela imunidade inata ou pela imunidade adaptativa. Quando ativados libertam substâncias
químicas que induzem uma reação inflamatória ou que ativam outros mecanismos.
Os eosinófilos são produzidos na medula óssea vermelha, entram no sangue e, em poucos minutos,
penetram nos tecidos. As enzimas que eles libertam desdobram as substâncias químicas libertadas pelos
basófilos e mastócitos. Em simultâneo com o início da inflamação, são ativados mecanismos que travam
e reduzem a reação inflamatória. Este processo é semelhante ao processo da coagulação sanguínea, no
qual os mecanismos que evitam a formação de coágulos e favorecem a sua destruição, são ativados à
medida que se forma o coágulo.
As células natural killer, um tipo de linfócitos produzido na medula óssea vermelha, correspondem a
15% dos linfócitos. Estas células reconhecem tipos de células, como células neoplásticas ou células
infetadas por vírus em geral, em vez de reconhecerem células neoplásticas específicas ou células infetadas
por um determinado vírus. Por este motivo e porque não têm memória, as células NK matam as células
alvo de diversas formas, incluindo a libertação de substâncias que danificam a membrana celular,
provocando a lise da célula.
191
Resposta Inflamatória
A resposta inflamatória é uma sequência complexa de acontecimentos que envolve muitos dos mediadores
químicos e células da imunidade inata. Qualquer tipo de lesão a que os tecidos sejam submetidos pode
induzir inflamação. Pode ser iniciada de várias formas:
Os mediadores químicos provocam vasodilatação, que aumenta o fluxo sanguíneo e que contribui
ppara a chegada dos fagócitos e outros leucócitos à área afetada
Os mediadores químicos atraem por quimiotática os fagócitos, que deixam o sangue e penetram
nos tecidos
Os mediadores químicos aumentam a permeabilidade vascular, o que permite a entrada de
fibrinogénio e de complemento, do sangue para os tecidos. O fibrinogénio é convertido em
fibrina, o que evita a disseminação da infeção, através do isolamento da área infetada. O
complemento vai reforçar a resposta inflamatória e atrai mais fagócitos.
A inflamação pode ser local ou sistémica. A inflamação local é uma resposta inflamatória confinada a
uma área específica do organismo. Os sinais e sintomas são edema, rubor, calor, dor e impotência
funcional. A inflamação sistémica é uma resposta inflamatória que tem lugar em diversos locais do
organismo. Para além dos sintomas e sinais locais, podem ocorrer mais três reações: a medula óssea
vermelha produz e liberta uma grande quantidade de neutrófilos que promovem a fagocitose; segundo, os
pirogénios, substâncias químicas libertadas pelos microrganismos, estimulam a produção da febre – que
vai estimular a fagocitose e inibe o crescimento de microrganismos; terceiro, nos casos de infeção grave,
a permeabilidade vascular pode aumentar tanto que gera transferência de grande quantidade de líquido,
que leva a uma diminuição do volume intravascular e pode levar à morte.
Imunidade Adaptativa
A imunidade adaptativa diz respeito à capacidade para reconhecer e responder e menorizar uma
determinda substância. As substâncias que a estimulam são os antigénios, que se dividem em antigénios
estranhos e auto-génios. Os antigénios estranhos não são produzidos pelo organismo, mas são nele
introduzidos, que podem desencadear uma reação exagerada do sistema imunitário e produzir uma reação
alérgica. Os auto-génios são moléculas produzidas pelo organusmo que estimulam uma resposta
imunitária adaptativa. A reação aos auto-génios pode ser benéfica ou perniciosa.
A imunidade adaptativa é dividida em imunidade humoral e imunidade mediada por células ou
celular. As células B estimulam as células que produzem proteínas específicas, os anticorpos, que
circulam no plasma, e são responsáveis pela imunidade humoral. As células T são responsáveias pela
iunidade mediada por células.
transformadas em células Bna medula óssea vermelha. Ocorre um processo de seleção positiva que tem
como consequência a sobrevivência das células pré-B e pré-T que têm competência para a resposta
imunitária. As que não são competentes não sobrevivem.
As células B e T que podem responder a antigénios, são compostas por pequenos grupos de linfócitos
semelhantes e constituem os clones. Embora cada um dos clones só possa responder a um determinado
antigénio, o número de clones existente é de tal modo elevado que o sistema imunitário pode reagir à
maioria das moléculas existentes. Alguns destes clones são eliminados ou inativados por um processo de
seleção negativa, dado que esta resposta poderia destruir as células do próprio organismo.
As células B são libertadas a partir da medula óssea vermelha, as células T são libertadas a partir do timo
e, ambos os tipos de células, são transportados pelo sangue até ao sistema linfático. Os antigénios podem
entrar em contacto com os linfócitos e ativá-los, determinando a divisão celular, aumentando o número
de linfócitos que podem reconhecer o antigénio. Estes linfócitos podem circular no sangue e na linfa para
irem ao encontro de antigénios nos tecidos de todo o corpo.
Os órgãos linfáticos primários, a medula óssea vermelha e o timo, são os locais onde os linfócitos
amadurecem, transformando-se em células funcionantes. Os órgãos e tecidos linfáticos secundários são
os locais onde os linfócitos interagem entre si, com células apresentadoras de antigénios e com os
antigénios para produzir uma resposta imunitária. O grupo dos órgãos e tecidos linfáticos secundários é
composto pelo tecido linfácito difuso, pelos nódulos linfáticos, pelas amígdalas, pelos gânglios linfáticos
e pelo baço.
193
Anticorpos
Os anticorpos são proteínas produzidas como reação a um antigénio. Podem ser chamados de
gamaglobulinas, sendo que existem em maior quantidade na fração gamaglobulina do plasma; e
imunoglobulinas (Ig) porque são proteínas globulina envolvidas na imunidade.
As cinco classes de imunoglobulinas são chamadas IgG, IgM, IgA, IgE e IgD. Todos os grupso de
anticorpos têm uma estrutura semelhante, com quatro cadeias polipeptídicas: duas cadeias pesadas
idêntidas entre si e duas cadeias leves, igualmente idênticas entre si. Cada cadeia leve está ligada a uma
cadeia pesada e as extremidades desta combinação formam uma região variável do anticorpo, que é o
local que se combina com o determinante antigénico do antigénio. Como diferentes anticorpos, têm
regiões variáveis diferentes, eles são específicos para cada antigénio. A parte restante do anticorpo é a
região constante que é responsável por funções dos anticorpos como a capacidade para ativar o
complemento, ou para ligar o anticorpo a células como macrófagos, basófilos, mastócitos e eosinófilos.
Todos os anticorpos de um determinado grupo têm aproximadamente as mesmas regiões constantes.
Os anticorpos podem afetar diretamente os antigénios por dois mecanismos. O anticorpo pode ligar-se ao
determinante antigénico e interferir na sua capacidade para desempenhar funções. Ou então, o anticorpo
pode-se combinar com um determinante antigénico de dois antigénios diferentes, tornando ambos
ineficazes.
Quando um anticorpo (IgM e IgG) se combina com um antigénio na região variável, a região constante
pode ativar a cascata do complemento, através da via clássica. Quando o complemento é ativado estimula
a inflamação; atrai neutrófilos, monócitos, macrófagos e eosinófilos aos lcoais da infeção e mata as
bactérias, fazendo a sua lise.
Os anticorpos (IgE) podem iniciar uma resposta inflamatória. Os anticorpos ligam-se, através da região
constante, aos mastócitos ou basófilos. Quando os antigénios se combinam com a região variável dos
anticorpos, os mastócitos ou basófilos, libertam substâncias químicas (mediadores), por exocitose, e surge
a inflamação.
Os anticorpos (IgG) atuam como opsoninas que são substâncias que tornam o antigénio mais susbcetível
à fagocitose, ligando-se pela região variável ao antigénio e, pela região constante ao macrófago. Depois,
o macrófago fagocita o antigénio e o anticorpo.
194
Antigénios do MHC
Embora alguns antigénios se liguem aos seus recetores e ativem, diretamente, as células B e algumas das
células T, a maioria da ativação dos linfócitos tem a intervenção de glicoproteínas da superfície das
células, os antigénios do complexo major de histocompatibilidade (MHC). Estes antigénios fixam-se
na membrana celular e têm uma região variável que se pode ligar a auto-antigénios e a antigénios
estranhos.
Os antigénios do complexo major de histocompatibilidade de classe I (MHCI), encontram-se nas
células nucleadas e têm como função expressar os antigénios produzidos dentro da célula, na superfície
celular. Esta etapa é necessária porque o sistema imunitário não pode responder diretamente a um
antigénio dentro de uma célula.
Os antigénios do complexo major de histocompatibilidade de classe II (MHCII) encontram-se nas
células apresentadoras de antigénios, onde se incluem as células B, os macrófagos, os monócitos e as
células dendríticas – grandes células móveis, com grandes prolongamentos citoplasmáticos. Ãs células
apresentadoras de antigénios, estão especializadas em captar antigénios estranhos, em processar
antigénios e em levar os antigénios MHCI a apresentar os antigénios estranhos a outras células do sistema
imunitário.
Na superfície da célula, o complexo antigénio-antigénio MHCI pode ligar-se a um recetor da célula T,
ativando a célula T. Os linfócitos T só reconhecem antigénios se estiverem associados a moléculas do
MHC. Por conseguinte, os antigénios devem ser previamente preparados e envolvidos pelas moléculas
do MHC e, desta forma, apresentadas aos linfócitos T.
Células T helper – reconhecem complexos antigénio-antigénio MHC classe I – quando são células T
helper I, e complexos antigénio-antigénio MHC classe II – quando são células T helper II.
Natural Killer
Grupos Sanguíneos
O OO O Anti-A, Anti-B
A AA ou AO A Anti-B
B BB ou BO B Anti-A
AB AB AB Não tem
196
Sistema ABO
O sangue do tipo A tem antigénios tipo A e anticorpos anti-B
O sangue do tipo B tem antigénios tipo B e anticorpos anti-A
O sangue do tipo AB tem antigénios tipo A e tipo B e bão tem anticorpos anti-A nem anti-B
O sngue tipo O não tem antigénios e tem anticorpos anti-A e anti-B
Considera-se:
Grupo sanguíneo O- dador universal
Grupo sanguíneo AB- recetor universal
Sistema RH (rhesus)
Considera-se Rh+ se os glóbulos vermelhos apresentam o antigénio Rh (antigénio D) na sua
superfície
Considera-se Rh- se os glóbulos vermelhos não apresentam o antigénio Rh (antigénio D) na sua
superfície
Sistema Respiratório
Funções
Trocas gasosas
Controlo do pH do sangue
Fonação
Olfato
Proteção de microrganismos
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Nariz
O nariz é composto pela pirâmide basal e fossas nasais (cavidade nasal). A pirâmide nasal é a estrutura
visível que forma proeminência na face; constituída essencialmente por lâminas cartilagíneas. A cana ou
dorso do nariz é constituída pelos ossos próprios do nariz e pelas extensões dos ossos maxilares superiores
e frontal.
As fossas nasais compreendem o espaço situado entre as narinas e as coanas. Os orifícios nasais externos
são as narinas e os orifícios posteriores são as coanas, que comunicam com a faringe. A porção inferior
da cavidade nasal, adjacente às narinas, é o vestíbulo. O vestíbulo da cavidade nasal é revestido por
epitélio pavimentoso estratificado, que é uma continuação do epitélio pavimentoso estratificado da pele.
O pavimento da cavidade nasal é constituído pelo palato duro, uma lâmina óssea revestida por mucosa
que seapra a cavidade nasal da cavidade oral. O septo nasal divide as fossas nasais em direita e esquerda.
A porção anterior do septo é cartilagínea e a posterior é constituída pelos ossos, vómer e lâmina
perpendicular do etmóide.
Nas paredes laterais da cavidade nasal existem três cristas, os cornetos, que alteram a sua morfologia.
Entre cada corneto existe uma passagem, um meato. Nos meatos superior e médio encontram-se as
aberturas dos vários seios perinasais e no meato inferior abre-se o canal lacrimo-nasal.
198
Faringe
A faringe é comum aos aparelhos respiratório e digestivo, recebe ar da cavidade nasal e ar, alimentos e
líquidos da boca. É uma estrutura tubular musculo-membranosa colocada atrás das cavidades nasais, boca
e laringe. Este órgão liga-se, inferiormente, ao aparelho respiratório com a laringe e ao aparelho digestivo
com o esófago. Em cima, a faringe está limitada pelo corpo do osso esfenóide e porção basular do osso
occipital e em baixo conitnua como esófagoConsideram-se três regiões na faringe: nasofaringe,
orofaringe e laringofaringe.
A nasofaringe é a parte superior da faringe. Está colocada atrás da cavidade nasal e acima do palato
mole. Entre a margem livre do palato mole e a parede posterior da faringe. Comunica com a orofaringe
pelo istmo ou orifícito faríngro. No tecto encontra-se a amígdala faríngea. A úvula é uma projeção de
tecido mole que prolonga o bordo posterior do palato mole. Esta evita que as substâncias deglutidas
contactem com a nasofaringe e com as fossas nasais. A nasofaringe está revestida por uma mucosa
constituída por epitélio cilínfrico pseudo-estratificado ciliado com células caliciformes. As duas trompas
de Eustáqio estendem-se desde o ouvido médio à nasofaringe, na qual se abrem. O ar passa através delas
para igualar as pressões atmosférica e da do ouvido médio. Na face posterior da nasofaringe, existe a
amígdala faríngea ou adenoide que desempenha funções de defesa do organismo contra a infeção.
A orofaringe prolonga-se da úvula à epiglote. A cavidade oral abre-se na orofaringe através das fauces.
Assim, os alimentos sólidos, as bebidas e o ar, passam através da orofaringe. A orofaringe está revestida
por epitélio pavimentoso estratificado que fornece proteção contra a abrasão. Perto das fauces existem
dois grupos de amígdalas, as palatinas e a lingual.
199
A laringofaringe estende-se desde o bordo superior da epiglote ao bordo inferior da cartilagem cricoide,
local onde tem início o esófago, situando-se posteriormente em relação à laringe. Está revestida por
epitélio pavimentoso estratificado. Tem como funções a pasagem do ar, a fonação (emissão de som) e
esfínter durante a deglutição.
Laringe
A laringe é constituída por um invólucro exterior de nove cartilagens interligadas por músculos e
ligamentos. Seis destas cartilagens são pares (cartilagens aritenóide, cuneiforme e corniculada), as três
restantes são ímpares. A maior é a cartilagem tiroideia. A cartilagem tiroideia tem duas lâminas que se
unem: a proeminência laríngea (externamente) e a proeminência tiro-epiglótico (internamente). Entre as
duas lâminas da cartilagem tiroideia encontra-se a incisura tiroideia. Nos seus bordos posteriores
apresenta cornos superiores e inferiores.
A cartilagem mais inferior é a cartilagem cricoideia, é ímpar e forma a base da laringe, na qual as
restantes cartilagens se apoiam. Tem forma de anel. Possui uma lâmina quadrilátera posterior e um arco
anterior.
A terceira cartilagem ímpar é a epiglote. Tem uma lamela em forma de folha, na qual possui uma
extremidade livre larga e arredondada; e uma porção inserida estreita e fina. Está ligada à cartilagem
tiroideia e projeta-se em direção à língua. Distingue-se das restantes cartilagens por ser constituída por
cartilagem elástica e não por cartilagem hialina. Durante a glutição, a epiglote cobre a abertura da laringe,
fechando-a, e evita a entrada de substâncias nesta.
O par das cartilagens aritnoideias articula-se com o bordo postero-superior da cartilagem cricoideia e o
par das cartilagens corniculadas está ligado às extremidades das cartilagens aritnoideias. O par de
cartilagens cuneiformes está contigo numa mucosa anterior às cartilagens corniculadas.
Da face anterior das cartilagens aritnoideias até à face posterior da cartilagem tiroideia estendem-se dois
pares de ligamentos. Os ligamentos superiores, revestidos pos uma mucosa, formam as pregas
200
vestibulares, ou cordas vocais falsas. Quando as pregas vestibulares se unem, impedem a entrada de
sólidos e de líquidos na laringe e a saída de ar dos pulmões, como quando uma pessoa retém a respiração.
Os ligamentos inferiores formam as pregas vocais, ou cordas vocais verdadeiras. Às cordas vocais
verdadeiras e à abertura entre elas dá-se o nome de glote. As cordas vocais são responsáveis pela fonação.
As pregas vestibulares e as cordas vocais estão revestidas por epitélio pavimentoso estratificado e a
restante laringe por epitélio cilíndrico pseudo-estratificado ciliado.
A laringe está dividida em três porções. A porção superior, entre a entrada da laringe e as duas pregas
vestibulares, dá-se o nome de vestíbulo. A porção média é a mais pequena e situa-se entre as pregas
vestibulares e as vocais. A porção inferior estende-se desde as cordas vocais até ao bordo inferior da
cartilagem cricoide.
Pulmões
Os pulmões são os principais órgãos da respiração e os mais volumosos do organusmo. Cada pulmão tem
uma forma cónica de base inferior, apoiada no diafragma e vértice ou apéx superior, aproximadamente
2,5 cm acima da clavícula. O pulmão direito é maior do que o esquerdo e pesam, em média, 620 g e 560
g, respetivamente.
Os pulmões estão revestidos pela pleura, constituída por dois folhetos: o pleura parietal e pleura
visceral. Os dois folhetos estão separados pela cavidade pleural. Esta cavidade é ocupada por um líquido,
que age como lubrificante, secretado pela pleura. É este líquido que mantém juntas as duras pleuras,
devido a tensão superficial, fazendo com que elas deslizem, reduzindo o atrito, durante os movimentos
respiratórios. O interior do pulmão é rico
O hilo encontra-se na face interna de cada pulmão e é o local de entrada ou saída das estruturas da raiz
do pulmão, constituída pelos brônquios principais, artéria pulmonar, as duas veias pulmonares, plexo
nervoso pulmonar, vasos linfáticos broncopulmonares, artérias e veias brônquias.
O pulmão direito tem três lobos e o pulmão esquerdo tem dois lobos. Os lobos são separados por cisuras
profundas, visíveis na superfície do pulmão. A cada lobo corresponde um brônquio secundário. Os lobos
dividem-se em lóbulos ou segmentos broncopulmonares, cada qual provido de ar por meio de um
brônquio terciário. Existem nove lóbulos são separados uns dos outros, por septos de tecido conjuntivo
que, ao contrário das cisuras, sáo distinguíveis a olho nu. Como os brônquios e os vasos mais importantes
não atravessam os septos de tecido conjuntivo, os lóbulos lesados podem ser removidos cirurgicamente,
ficando o pulmão restante praticamente intacto. Os lóbulos dividem-se também, originando os
subsegmentos broncopulmonares, parcialmente separados por tecido conjuntivo. São ventilados pelos
bronquíolos.
201
Árvore Brônquia
estratificado
estratificado
e ciliado
e ciliado
e ciliado
ciliado ou não
pavimentoso
simples
pavimentoso
Respiração
O centro respiratório está localizado no bolbo raquidiano. A unidade respiratória é constituída po um
bronquíolo respiratório e os canais alveolares e alvéolos a esse bronquíolo respiratório. As paredes
alveolares são extremamente finas e estão em íntimo contacto com uma densa rede de capilares.
A ventilação é o processo através do qual o ar se movimenta para dentro e para fora dos pulmões. Esse
movimento faz-se pela expansão e retração do parênquima pulmonar. A entrada de ar para os pulmões
requer a existência de um gradiente de pressão entre o exterior e os alvéolos; o fluxo de ar dos alvéolos
para os pulmões reque a existência de um gradiente de pressão na direção oposta.
Fisiologia da Respiração
Ventilação Pulmonar
Difusão de oxigénio e dióxido de carbono através da membrana respiratória
Transporte de orxigénio e dióxido de carbono no sangue e trocas gasosas entre o sangue e os
tecidos
Regulação da respiração
Inspiração
Cada alvéolo aumenta de diâmetro e a pressão do ar no interior do alvéolo tona-se inferior à pressão
atmosférica. A diferença de pressões assim originada provoca que o ar se desloque do exterior para o
interior dos alvéolos. O diafragma movimenta-se, aumentando a dimensão vertical da caixa torácica.
202
Retração Pulmonar
A retração pulmonar tende a colapsar os alvéolos por duas razões:
Retração elástica provocada pelas fibras elásticas nas paredes dos alvéolos. As fibras elásticas do
parênquima pulmonar tendem a retrair após a expansão pulmonar, reduzindo o volume alveolar.
Tensão superficial da película de fluído que reveste os alvéolos. A tensão superficial exerce-se
na interface entre a água e o ar, porque as moléculas polares de água têm mais afinidade umas
para as outras do que para as moléculas do ar. Assim, as moléculas de água mantêm-se unidas e
tendem a formar gotículas. Como as moléculas de água do fluído alveolar tamvém são atraídas à
superfície dos alvéolos, a formação da gotícula provoca o colapso dos alvéolos. Estes, cheios de
fluído, têm volume menor do que os alvéolos cheios de ar.
O surfactante é uma mistura de moléculas lipoproteicas, produzidas pelos pneumócitos tipo II do epitélio
alveolar. As moléculas de surfactante formam uma camada monomolecular à superfície do fluído
alveolar, reduzindo a tensão superficial. O surfactante reduz drasticamente a tendência dos pulmões para
colapsar.
À medida que os pulmões se retraem as pleuras parietal e visceral tendem a separar-se. Normalmente, os
pulmões não se afastam da parede torácica porque o líquido pleural mantém os folhetos pleurais unidos.
Apesar disto, este movimento diminui a pressão na cavidade pleural.
Quando a pressão intra-pleural é inferior à pressão alveolar, os alvéolos tendem a expandir-se. Esta
expansão é contrariada pela tendência dos pulmões para se retraírem. Se a pressão intra-pleural for
suficientemente baixa, contraria a retração elástica dos pulmões e os alvéolos expandem. Se a pressão
intra-pleural não for suficientemente baixa, os alvéolos colapsam.
Regulação da Respiração
O ritomo da ventilação é controlado por neurónios bulbares que estimulam os músculos da respiração. O
recrutamento das fibras musculares e o aumento da frequência da sua estimulação provocam contrações
musculares mais fortes; a amplitude dos movimentos respiratórios aumenta e a respiração é mais
profunda. A frequência respiratória é determinada pelo número de vezes que os músculos respiratórios
são estimulados.
Volume corrente – Quantidade de ar que entra e sai dos pulmões durante a respiração normal.
Volume residual – Quantidade de ar que fica sempre no interior dos alvéolos independentemente
do ar espirado.
Capacidade pulmonar total – Volume máximo de ar que os pulmões permitem após o máximo
de esforço respiratório. Corresponde à máxoma expansão pulmonar.
Espaço morto – Corresponde à porção condutora das vias respiratória onde não se efetuam trocas
gasosas, por isso, nem todo o ar inspirado participa nessas trocas gasosas.
Independentemente do esforço em retirar todo o ar dos pulmões, acaba sempre por ficar um volume
residual que corresponde a aproximadamente 1 L.
206
Sistema Digestivo
O aparelho digestivo é constituído pelo tubo digestivo, que se estende da boca ao ânus, e pelas glândulas
anexas, que segregam fluídos para o tubo digestivo. O termo tubo gastrointestinal só se refere ao
estômago e intestinos.
O tubo digestivo divide-se em:
Boca ou cavidade oral, que tem como glândulas anexas as glândulas salivares e as amígdalas
A faringe, com glândulas tubulares mucosas
O esófago, com glândulas tubulares mucosas
O estômago, com muitas glândulas tubulares
O intestino delgado, constituído pelo duodeno, jejuno e íleo, tendo como principais glândulas
anexas o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas
O intestino grosso, composto pelo cego, cólon, recto e canal anal, com glândulas mucosas
O ânus
Funções
1. A ingestão consiste na introdução de alimentos líquidos ou sólidos no estômago.
2. A mastigação é o processo através do qual os alimentos introduzidos na boca são triturados pelos
dentes. As enzimas só penetram nos alimentos fraccionados.
3. A propulsão consiste no movimento dos alimentos de um extremo ao outro do tubo digestivo.
Cada segmento está especializado em promover o movimento do seu conteúdo da cavidade oral
ao ânus. A deglutição promove a passagem dos sólidos e líquidos – o bolo alimentar – da
cavidade oral ao esófago. O peristaltismo é responsável pela progressão do conteúdo ao longo
da maior parte do tubo digestivo. As contrações musculares formam ondas peristálticas que
obrigam à progressão dos alimentos ao longo do tubo digestivo.
4. A mistura. Algumas contrações musculares não propulsionam os alimentos ao longo do tubo
digestivo, sendo que é necessário misturá-los com secreções digestivas e fraccioná-los.
5. A secreção. À medida que os alimentos progridem no tubo digestivo, vão sendo envolvidos em
secreções que os lubrificam, liquefazem e digerem.
6. A digestão consiste no desdobramento das grandes moléculas orgânicas nos nutrientes. A
digestão pode ser mecânica – mastigação e mistura dos alimentos, ou química – realizada pelas
enzimas digestivas segregadas ao longo do tubo digestivo.
7. A absorção é o movimento de moléculas do tubo digestivo para a circulação sanguínea ou
linfática.
8. A eliminação é o processo através do qual os resíduos da digestão são removidos do organismo.
Este processo ocorre essencialmente no intestino grosso.
207
Cavidade Oral
A cavidade oral, ou boca, é a porção do tubo digestivo delimitada anteriormente pelos lábios,
posteriortmente pela fauce – orofaringe, garganta e abertura para a faringe; lateralmente pela bochecha;
superiormente pelo palato e inferiormente por um pavimento muscular. A cavidade oral está dividida em
duas regiões: o vestíbulo (entrada), que é o espaço entre os lábios ou bochecha e os alvéolos dentários; e
a cavidade oral propriamente dita, que se situa medialmente aos alvéolos dentários. A cavidade oral é
revestida por epitélio pavimentoso estratificado, que a protege da abrasão. O principal componente do
pavimento da boca é o músculo milo-hioideu.
Lábios e Bochechas
Os lábios, sáo pregas musculares essencialmente formadas pelo músculo orbicular dos lábios e também
por tecido conjuntivo. A superfície externa dos lábios é coberta por pele. O epitélio estratificado
queratinizado da pelo no bordo dos lábios é bastante fino e não tão queratinizado quanto o da pele
circundante. Os vasos sanguíneos vistos à transparência relativa do epitélio conferem aos lábios a sua
coloração. A margem interna é revestida por epitélio que continua com o epitélio pavimentoso
estratificado da mucosa da cavidade oral.
A partir dos alvéolos dentários dos maxilares superior e inferior prolongam-se um ou mais freios-pregas
mucosas em direção aos lábios superior e inferior, respetivamente.
As bochechas formam as paredes laterais da cavidade oral. São constituídas, internamente, por uma
mucosa de epitélio pavimentoso estratificado e uma camada externa de pele. A bochecha é ainda
constituída pelo músculo bucinador, que achata contra os dentes, e pela almofada adiposa da bochecha,
que arreponda o perfil da face.
Os lábios e as bochechas são importantes no processo da mastigação e da fala. Auxiliam a manipulação
dos laimentos dentro da boca, mantendo-os posicionados enquanto os dentes os trituram ou despedaçam.
Também ajudam à formação das palavras.
208
Arcos Alveolares
Os arcos alveolares são duas saliências ósseas existentes no interior da cavidade oral, sendo um deles
superior e o outro inferior. Os arcos alveolares apresentam as apófises alveolares que contêm os alvéolos
dentários – onde se inserem as raízes dos dentes. São responsáveis pela fixação dos dentes.
Palato
O palato consiste em duas partes: uma óssea anterior, o palato duro, e uma não óssea posterior, o palato
mole ou véu palatino, constituído por músculo esquelético e tecido conjuntivo. O palato duro é formado
pela apófise palatina do osso maxilar e pela lâmina horizontal do osso palatino de cada lado. O palato
mole é uma prega móvel suspensa no bordo posterior do palato duto e estende-se para trás e para baixo,
entre a nasofaringe e a orofaringe. O palato mole tem uma projeção no seu bordo posterior, a úvula.
De cada lado da base da úvula partem duas pregas para baixo e lateralmente, formando com as pregas
opostas dois arcos. O arco anterior designa-se arco palatoglosso e é o limite anatómico posterior da
cavidade oral, limitanto o istmo ou orifício orofaríngeo. O arco posterior já faz parte da farinte e designa-
se arco palatofaríngeo. Entre o arco palatoglosso e o arco palatofaríngeo, colocada na faringe, de cada
lado, situa-se a amígdala palatina. Cada amígdala palatina é um agredado de tecido linfoide implicado
na defesa contra agentes patogénicos.
Língua
A língua é um grande órgão muscular que ocupa a maior parte da cavidade oral propriamente dira, quando
a boca está fechada. Está ligada à cavidade oral principalmente pela parte posterior; a sua parte anterior é
relativamente livre, estando ligadas ao pavimento da boca por uma fina prega de tecido, o freio. Está
inserida no osso hióide, palato mole, mandíbula, faringe e apófise do osso temporal. A língua está dividida
em duas partes por um sulco nominado sulco terminal. O sulco terminal divide a língua em duas porções:
a porção oral e a porção faríngea. A parte anterior do sulco terminal corresponde a 2/3 da sua superfície
e está coberta por papilas linguais com botões gustativos (responsáveis pelo paladar). As papilas linguais
aumentam a área de contacto com os alimentos que estão a ser saboreado, e são classificas em: papilas
filiformes, papilas fungiformes, papilas foliadas e papilas valadas. A porção faríngea também designada
209
base da língua forma o terço posterior da língua. É desprovida de papilas linguais, mas contém agregados
de tecido linfoide que causam elevações arredondadas na mucosa.
As glândulas serosas de von Ebner, também conhecidas por glândulas gustativas ou glândulas de von
Ebner, são glândulas exócrinas encontradas na boca. Estão presentes nas papilas foliadas e valadas da
língua. Sintetizam e secretam uma secreção serosa rica em água, eletrólitos e produzem uma enzima –
lípase lingual, que previne a formação de uma camada hidrofóbica sobre o dorso da língua que
prejudicaria a função sensitiva; também atua na digestão de uma pequena percentagem de triglicerídeos,
no estômago.
Dentes
Os adultos normais têm 32 anos, distribuídos por duas arcadas dentárias, uma maxilar e outra
mandibular. A distribuição dos dentes de cada metade é simétrica à outra. Os dentes estão divididos em
quatro quadrantes: superior direito, superior esquerdo, inferior direito e inferior esquerdo. Em cada
quadrante exitem dois incisivos (central e lateral), um canino, dois pré-molares (primeiro e segundo) e
três molares (primeiro, segundo e terceiro), sendo os terceiros molares designados dentes do siso.
Os dentes adultos são definitivos, e na sua maioria são substituídos por dentes primários ou de leite.
Cada dente é constituído por uma coroa com uma ou mais cúspides (pontas), um colo e uma raíz. A
coroa clínica corresponde à porção do dente visível na cavidade oral, a coroa anatómica corresponde à
porção do dente revestida por esmalte. No interior do dente existe um espaço – cavidade pulpar –
preenchido com vasos sanguíneos, nervos e tecido conjuntivo, constituindo a pulpa. À porção da cavidade
pulpar que penetra na raiz dá-se o nome de canal radicular. Os nervos e os vasos sanguíneos penetram
e saem da polpa através de um orifício na extremidade de cada raiz, o foramen ou buraco apical. A
cavidade pulpar é circundada por tecido vivo, celular e cancificado – a dentina, que é revestida por uma
substância extremamente dura, acelular e sem vida – o esmalte, que protege os dentes da abrasão e dos
ácidos produzidos pelas bactérias da boca. Na raiz, a superfície da dentida está envolvida pelo cimento,
uma substância celular semelhante ao osso, que ajuda a fixar o dente ao maxilar.
Os dentes estão embutidos nos alvéolos ao longo dos processos alveolares da maxila e da mandibula. Os
processos alveolares estão cobertos por tecido conuntivo fibroso e denso e por epitélio pavimentoso
estratificado, constituindo a gengiva. Os dentes estão ancorados nos alvéolos pelos ligamentos
periodontais.
210
Glândulas Salivares
Existem muitas glândulas salivares distribuídas pela cavidade oral. Há três pares de grandes glândulas e
multicelulares: as parótidas, as submandibulares e as sublinguais. Para além destas, existem muitas
glândulas tubulares enoveladas localizadas abaixo do epitélio da língua – glândulas linguais, do palato
– glândulas palatinas, na região jugal – glândulas bucais, e lábios – glândulas labiais. As secreções
destas glândulas ajudam a manter a cavidade oral húmida e iniciam o processo da digestão.
Células Secretoras
Células acinares serosas – Fluído de baixa viscosidade (proteínas: amílase, lisozima e
peroxidase)
Células acinares mucosas – Fluído de alta viscosidade
Faringe
A faringe é uma estrutura tubular musculo-membranosa. Está limitada em cima pelo corpo do osso
esfenóide e porção basilar do osso occipital, atrás pela porção cervical da coluna vertebral, à frente abre-
se na cavidade nasal, boca e laringe. Caudalmente termina ao nível da 6ª vértebra cervical e continua-se
com o esófago. Subdivide-se em: nasofaringe, orofaringe e laringofaringe. Normalmente os alimentos
só passam pela orofaringe e pela laringofaringe. A orofaringe comunica superiormente com a nasofaringe;
inferiormente com a laringe e a laringofaringe; e anteriormente com a boca. A laringofaringe estende-se
da orofaringe ao esófago e é posterior à laringe. As paredes posteriores da orofaringe e da laringofaringe
são constituídas por três músculos: os constritores da faringe superior, médio e inferior, encaixados
uns nos outros. A orofaringe e a laringofaringe estão revestidas por epitélio pavimentoso estratificado, a
nasofaringe por epitélio cilíndrico ciliado pseudo-estratificado.
Esófago
O esófago é a parte do tubo digestivo que se estende da faringe ao estômago. Tem aproximadamente 25
cm de comprimento e situa-se no mediastino, anteriormente às vértebras e posteriormente à traqueia.
Passa através do hiato esofágico do diafragma e termina no orifício cárdico do estômago. Transporta os
alimentos da faringe até ao estômago.
211
As paredes do esófago são espessas e compostas pelas quatro túnicas características do tubo digestivo:
mucosa, submucosa, muscular e adventícia. A entrada e saída do conteúdo do esófago é controlada pelo
esfíncter esofágico superior e pelo esfíncter esofágico inferior ou cárdia. O primeiro evita a entrada
de ar no tuvo digestivo e o segundo evita o refluxo dos alimentos do estômago para o esófago.
A contração muscular da muscosa produz pregas longitudinais da mucosa. As pregas desaparecem
temporariamente durante a passagem do bolo alimentar. O relaxamento das fibras elásticas da submucosa
restaura as pregas.
Deglutição
A deglutição pode-se dividir em três fases distintias: oral, faríngea e esofágica. A fase oral é voluntária
e é inicada quando bolo alimentar na boca é empurrado pela língua contra o palato duro, forçando a sua
progressão para a parte posterior e depois para a orogaringe, onde os recetores sensitivos são estimulados
despoletando mecanismos reflexos.
A fase faríngea, o palato mole eleva-se fechando a passagem para a nasofaringe. A laringe é deslocada
para cima e para diante devido à elevação do osso hióide em resposta à contração dos músculos supra-
hioideus. Este deslocamento da laringe permite que a epiglote incline para trás, cobrindo o orifício
superior da laringe. As pregas vocais aproximam-se fechando a glote para que os alimentos não entrem
na traqueia. Uma onda peristática percorre a faringe relaxando o esfíncter esofágico superior, os alimentos
são empurrados para o esófago. Esta fase ocorre em menos de 1 seg.
A fase esofágica caracteriza-se por uma onda peristáltica que percorre o esófago causando relaxamento
do esfíncter esofágico inferior ou gastroesofágico. Esta fase tem uma duração de cerca de 10 seg,
terminando com a entrada do bolo alimentar no estômago.
Estômago
O estômago é um segmento dilatado do tubo digestivo localizado na parte superior esquerda do abdómen.
Está situado entre o esófago e o intestino delgado, na porção mais superior do abdómen. O estômago
possui dois orifícios, dois bordos e duas faces. É constituído por quatro regiões: cárdia, fundo, corpo e
piloro. O esófago abre-se no estômago, no cárdia, também denominado esfíncter esofágico inferior.
212
A região à esquerda do cárdia, o fundo, situa-se acima do nível deste esfíncter. A maior tegoão do
estômago é o corpo, que curva para a direita, definindo a grande curvatura e a pequena curvatura. O
corpo estreita-se e forma a região pilórica que se abre no intestino delgado. À abertura entre o estômago
e o intestino delgado dá-se o nome de piloro, que é circundado por um anel de músculo liso relativamente
espesso, o esfíncter pilórico.
Mucosa Gástrica
As células mucosas da superfície e as células mucosas do colo segregam um muco alcalino e viscoso que
cobre a superfície das células epiteliais e forma uma camada espessa que lubrifica e protege as células
epiteliais da parede do estômago dos efeitos nocivos da pepsina e do quimo ácido. A irritação da mucosa
gástrica estimula a produção de maior quantidade de muco.
Ácido Clorídrico
As células parietais das glândulas gástricas da região pilórica segregram fator intrínseco e uma solução
muito concentrada de ácido clorídrico. O fator intrínseco é uma glicoproteína que se liga à vitamina B12
facilitando a sua absorção no íleo. A vitamina B12 é importante na síntese de DNA.
O ácido clorídrico é responsável pelo pH gástrico, normalmente situado entre 1 e 3. Embora tenha algum
poder digestivo, uma das suas principais funções é matar as bactérias ingeridas com os alimentos. O pH
baixo também interrompe a digestão dos glícidos, inativando a amílase salivar; desnatura muitas
proteínas, permitindo às enzimas proteolíticas aceder às ligações peptídicas internas; e cria ainda um meio
com pH favorável à atuação da pepsina.
Intestino Delgado
O intestino delgado é um tubo contorcido que se estende do orifício pilórico à válvula ileocecal que o
une ao intestino grosso. Está dividido em três porções: o duodeno, o jejuno e o íleo, medindo
aproximadamente 6m. O intestino delgado ocupa a porção central e inferior da cavidade abdominal
limitado externamente pelo intestino grosso.
214
O duodeno tem início no piloro e termina no jejuno; e circunda a cabeça do pâncreas. Tem a forma de C
e um comprimento de aproximadamente 20-25 cm. É perfurando pela ampola hepatopancreática,
formada pelos canais colédoco e pancreático. As duas glândulas anexas principais, o fígado e o pâncreas,
estão ligadas ao duodeno.
O restante é um tubo longo, preso à parede abdominal posterior por uma prega de peritoneu designada
mesentério. Os seus dois quintos proximais constituem o jejuno e os três quintos distais constituem o íleo.
É no intestino que ocorre a maior parte da digestão e absorção.
Intestino Grosso
O intestino grosso estende-se desde a porção final do íelo, circunda o intestino delgado e termina no
ânus. Tem mairo diâmetro do que o intestino delgado. Externamente apresenta saliências – hautras; e
não apresenta vilosidades nem pregas circulares. É constituído por várias partes: ceco, cólon ascendente,
cólon transverso, cólon descendente, cólon sigmóide, reto e canal anal que termina no ânus.
O canal anal corresponde à última porção do intestino grosso, iniciando-se na terminação inferior do reto
e terminando no ânus. A porção superior do canal anal apresenta uma série de pregas internas verticais,
as colunas anais, cada uma com uma artéria terminal e uma veia. A camada de músculo liso (fibras lisas)
do canal anal é ainda mais espessa que a do reto, formando o esfíncter anal interno na sua porção
superior. Na terminação inferior do canal anal forma-se o esfíncter anal externo, que é constituído por
músculo esquelético (fibras estriadas).
215
Saliva
A amílase difere o amido
Outras substâncias serosas humedecem a mucosa oral e os alimentos facilitando a formação do
bolo alimentar
Substâncias mucosas agem com lubrificantes
Imunoglobulinas e lisozima têm função de defesa
Fígado
O fígado é o maior órgão interno do corpo. Está localizado no quadrante superior direito do abdómen,
apoado contra a face inferior do diafragma. É constituído por dois lobos principais, o esquerdo e o
direito, e por dois lobos menores, o caudado e o quadrado.
O lóbulo hepático clássico é constituído principalmente por células epiteliais – hepatócitos, organizados
em lóbulos hepáticos. Estão delimitados por espaços porta, constituídos pela veia canal hepática, artéria
hepática e canal hepático. No centro de cada lóbulo existe uma veia central. As veias centrais unem-se
para formar as veias hepáticas que drenam para a veia cava inferior.
O fígado desempenha funções digestivas e excretoras importantes, armazena e metaboliza nutrientes,
sintetiza novas moléculas e purifica químicos nocivos. Além disso, produz e secreta cerca de 600 a 1000
mL de bílis por dia, que é armazenada na vesícula biliar.
Pâncreas
O pâncreas é um órgão complexo composto por tecido endócrino e exócrino com diversas funções. É
uma glândula ímpar, colocada horizontalmente na parede posterior da cavidade abdominal,
216
Digestão de Lípidos
Os lípidos são moléculas insolúveis ou pouco solúveis em água. Pertencem a este grupo os triglicerídeos,
fosfolípidos, esteróis e vitaminas lipossolúveis. O primeiro passo na digestão dos lípidos é a
emulsificação, transformação de grandes gotículas de lípidos em gotículas menores. As enzimas que
intervêm na digestão dos lípidos são hidrossilúveis e atuam apenas à superfície das gotículas. A
emulsificação, ao diminuir o tamanho das gotículas lipídicas, aumenta a área exposta à ação enzimática,
favorecendo a sua digestão. Este processo é realizado pela intervenção dos sais biliares, segregados pelo
fígado e armazenados na vesícula biliar.
A lípase, principalmente segregada no pâncreas, digere moléculas lipídicas, transformando-as em ácidos
gordos livres e glicerol. Nas células epiteliais os ácidos gordos livres combinam-se com o glicerol e
formam triglicerídeos.
Após a digestão dos lípidos no intestino, os sais biliares agregam-se à volta das pequenas gotículas para
formar micelas. Quando a micela entra em contacto com células epiteliais do epitélio do intestino delgado,
o seu conteúdo passa, por difusão simples, através da membrana plasmática das células epiteliais.
As protéinas revestem os triglicerídos, os fosfolípidos e o colesterol, formando quilomícrons. Os
quilomicrons, as VLDL, as LDL e as HDL são lipoproteínas. As LDL transportam colesterol para as
células e as HDL removem-no destas para o fígado. As LDL entram para as células por endocitose
mediada por receptores, controlada por um mecanismo de feedback negativo. Certos aspectos do seu
metabolismo ocorrem principalmente nos hepatócitos.
depois conduzidos ao fígado onde são convertidos em glicose. A glicose é então transportada para as
células que necessitam de energia, entrando nestas por difusão facilitada.
A insulina é uma hormona produzida pelo pâncreas que tem um número de funções importantes no corpo
humano, particularmente no controlo de níveis da glicemia. Igualmente tem um efeito em diversas outras
áreas do corpo, incluindo a síntese dos lipidos e o regulamento da actividade enzimático.
Água e Iões
Por dia entram para o tubo digestivo cerca de 9 L de água. Esta pode movimentar-se nos dois sentidos
através das paredes do intestino delgado, sendo que o sentido da sua difusão é determinado por gradientes
osmóticos. O Na+, K+, Ca2+ e Mg2+ e PO43- movimentam-se por transporte ativo, enquanto que o Cl-
movimenta-se passivamente através da parede do duodeno e jejuno, mas no íleo movimenta-se por
transporte ativo. O Ca2+ move-se por transporte ativo mas requer a presença de vitamina D, que é regulada
por controlo hormonal.
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Sistema Gastrointestinal
É responsável pelo fracionamento dos alimentos e pela sua absorção pelo corpo. O tubo muscular é
revestido por uma membrana mucosa, que exibe variações regionais que refletem a modificação das
funções do sistema desde a boca até ao ânus. Histologicamente é composto por quatro camadas funcionais
distintas: mucosa, submucosa, muscular e adventícia.
Camada Mucosa
É constituída por três componentes: epitélio, lâmina própria e muscular da muscosa.
Ao longo do trato gastrointestinal é possível encontrar quatro tipos de mucosa, classificadas de acordo
com a sua função principal: mucosa protetora (epitélio pavimentoso estratificado), mucosa secretora
(epitélio glandular), mucosa de absorção (epitélio glandular com vilosidades e criptas de Lieberkuhn) e
mucosa de absorção/proteção (epitélio glandular).
Estômago
A mucosa gástrica é rica em glândulas tubulares longas – mucosa secretora. O estômago tem três regiões
com composições histológicas distintas: cádia, corpo ou fundo e piloto.
O cárdia é uma área pequena de glândulas predominantemente secretoras de muco circundando a entrada
do esófago. A mucosa do fundo e do corpo forma a principal região histológica e é constituída por
glândulas que secretam sucos gástricos ácido-pépticos, bem como algum muco protetor. As glândulas do
piloro secretam muco de dois tipos diferentes, e células endócrinas associadas secretam a hormona
gastrina.
Duodeno
Caracteriza-se por possuir glândulas de Brunner. O arranjo glandular do estômago dá lugar ao arranjo
viloso que caracteriza o duodeno e o resto do intestino delgado. O duodeno apresenta glândulas curtas
entre as vilosidades – criptas de Lieberkuhn. As vilosidades tendem a ser mais longas no duodeno e a
ficar progressivamente mais curtas à medida que nos aproximamos do íleo, enquanto o tecido linfoide se
torna mais proeminente.
Intestino Delgado
A mucosa e a submucosa organizam-se em pregas circulares – válvulas de Kerkring, particularmente
numerosas no jejuno. É constituído por epitélio cilíndrico simples. Os enterócitos (células absortivas)
apresentam microvilosidades, que aumentam a área de absorção da célula. As células caliciformes
produzem muco. A mucosa apresenta vilosidades intestinais, que aumentam a área de absorção, e nas
suas bases apresenta criptas de Lieberkuhn.
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Mucosa Intestinal
Células de Paneth segregam lisozima (antimicrobiana)
Células caliciformes produzem muco
Células M – importância nos processos imunitários
Células entero-endócrinas – produzem hormonas como a Colecistoquinina (secreção
enzimática do pâncreas, contracção da vesícula biliar) e a secretina (estimula as células
pancreáticas a produzir um fluído alcalino rico em iões bicarbonato)
Intestino Grosso
As principais funções são a recuperação de água e sais das fezes, e a propulsão das fezes cada vez mais
sólidas em direção ao reto, antes da defecação. Tem uma parede muscular espessa com capacidade de
poderosa atividade peristáltica. A camada muscular é composta por uma camada circular interna e uma
camada longitudinal externa, exceto no reto onde a camada longitudinal forma três faixas separadas –
ténias do cólon. Imediatamente acima das válvulas anais a mucosa forma pregas longitudinais – colunas
de Morgagni. As células absortivas e as células caliciformes secretoras de muco.
Apêndice
É um pequeno saco tubular de fundo cego que se estende a partir do ceco, imediatamente distal à junção
íleo-cecal. A sua característica mais peculiar, sobretudo nos jovens, é a presença de massas de tecido
linfóide na mucosa e submucosa. A mucosa não tem pregas nem vilosidades. O apêndice tem menor
quantidade de glândulas do que no resto do intestino. Contém células cilíndricas, caliciformes, endócrinas
e algumas células de Paneth e estaminais. A sua camada muscular da mucosa é pouco desenvolvida.