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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 3

2 SAÚDE E DOENÇA MENTAL ........................................................... 4

2.1 Demência ............................................................................................. 5

2.2 Critérios de diagnóstico ........................................................................ 6

2.3 Instrumentos de avaliação.................................................................... 9

2.4 Tipos de demências ........................................................................... 10

3 DOENÇA DE ALZHEIMER .............................................................. 12

3.1 Fatores de risco .................................................................................. 13

3.2 Fisiopatologia ..................................................................................... 14

3.3 Estratégias de intervenção ................................................................. 18

3.4 Intervenções não farmacológicas ....................................................... 19

4 QUAL A LIGAÇÃO ENTRE DEMÊNCIA E DOENÇA DE


ALZHEIMER? ..........................................................................................................21

5 QUAL (IS) A (S) CAUSA (S) DA DOENÇA DE ALZHEIMER? ......... 23

6 QUAIS OS FATORES DE RISCO PARA A DOENÇA DE


ALZHEIMER? ..........................................................................................................24

6.1 Relativamente aos fatores de risco não-modificáveis ........................ 24

7 COMO REDUZIR O RISCO DE DESENVOLVER DOENÇA DE


ALZHEIMER OU OUTRO TIPO DE DEMÊNCIA? .................................................... 26

8 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DE DOENÇA DE ALZHEIMER?


..........................................................................................................29

9 QUAL É A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECOCE? ... 31

10 COMO É QUE A DOENÇA DE ALZHEIMER? ................................. 35

11 EXISTE TRATAMENTO PARA A DOENÇA DE ALZHEIMER? ....... 37

12 INCAPACIDADE COGNITIVA ......................................................... 40

1
13 COMO SE SUSPEITA DE DEMÊNCIA?.......................................... 42

14 QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA DEPRESSÃO,


DELIRIUM E DOENÇA MENTAL? ............................................................................ 44

15 O ENVELHECIMENTO .................................................................... 50

15.1 Impacto do envelhecimento no organismo humano ........................... 52

16 SEDENTARISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA ........ 54

16.1 Benefícios da atividade física em idosos ............................................ 55

16.2 A escolha da atividade física adequada ............................................. 57

16.3 Atividade física no idoso ..................................................................... 58

16.4 Como o idoso deve-se preparar para uma atividade física? .............. 58

16.5 Como devem ser realizadas as atividades físicas no idoso? ............. 59

17 CO-EDUCAÇÃO ENTRE GERAÇÕES: O QUE PODE UMA


GERAÇÃO ENSINAR À OUTRA? ............................................................................. 60

17.1 Benefícios relacionados à saúde do idoso ......................................... 63

18 O CUIDADO ..................................................................................... 64

19 O AUTOCUIDADO ........................................................................... 65

20 QUEM É O CUIDADOR ................................................................... 66

20.1 O cuidador e a família ........................................................................ 68

21 COMO AJUDAR NA COMUNICAÇÃO ............................................ 69

21.1 Alterações que podem ser encontradas na comunicação .................. 72

22 RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................ 73

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora
que lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 SAÚDE E DOENÇA MENTAL

Fonte: meucerebro.com

Saúde mental pode definir-se como o equilíbrio emocional entre o património


interno e as exigências ou vivências externas, é o reconhecimento dos seus limites e
a procura de ajuda quando necessário. Saúde mental é estar bem consigo e com os
outros, é saber lidar com as emoções agradáveis ou desagradáveis: alegria/tristeza;
coragem/medo; amor/ódio; serenidade/raiva; ciúmes; culpa; frustrações, É acima de
tudo, aceitar as exigências da vida. A saúde mental é construída ao longo de todo o
ciclo vital do indivíduo.
A doença mental é classificada como um desvio psicológico ou comportamental
das formas normais de comportamento, que afeta negativamente a vidado indivíduo.
Doença mental, segundo Sequeira (2006), é uma “situação patológica, em que o indi-
víduo apresenta distúrbios na sua organização mental. Todas as afecções que afetam
o corpo podem provocar doença mental, desde que tais afecções provoquem um de-
sequilíbrio em termos de organização mental” (p. 19).
“A doença mental causa muitas vezes, para além de problemas emocionais,
problemas cognitivos” (Nunes, 2008, p. 16). A nossa capaci-
dade de prestar atenção, recordar, trabalhar a informação recebida do nosso interior
e do meio exterior, deve-se à cognição. Esta permite-nos comunicar com os outros,
planear as nossas intervenções, executá-las, avaliar os resultados, etc. Ao longo da

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vida, toda a atividade desenvolvida, por mais simples que seja, depende da articula-
ção das várias capacidades que a pessoa possui. Quando essas capacidades se
apresentam alteradas, tal facto vai comprometer acentuadamente, a interação com o
meio que nos rodeia. As doenças mentais estão maioritariamente associadas a alte-
rações estruturais e funcionais do cérebro, repercutindo-se frequentemente em alguns
processos cognitivos, como a memória (Nunes, 2008).

Fonte: www.swissinfo.ch

2.1 Demência

De acordo com a DSM-IV, a característica essencial de uma demência é o de-


senvolvimento de múltiplos défices cognitivos, que incluem comprometimento da me-
mória e pelo menos uma das seguintes perturbações cognitivas: afasia, apraxia, ag-
nosia ou uma perturbação do funcionamento executivo. Estes distúrbios são suficien-
tes para interferir no quotidiano da pessoa (trabalho, atividades diárias). “À seme-
lhança da depressão, epilepsia e de tantas outras doenças, conhecidas pelo seu nome

5
no singular, não existe uma demência, mas sim diversas doenças que causam de-
mência e síndromes demenciais” (Nunes, 2008, p. 225).
A demência não deve ser considerada uma doença, mas sim uma síndrome:
“uma síndrome decorrente de uma doença cerebral, usualmente de natureza crónica
ou progressiva, na qual há perturbação de múltiplas funções corticais superiores, in-
cluindo memória, pensamento, orientação, compreensão, cálculo, capacidade de
aprendizagem, linguagem e julgamento” (Organização Mundial de Saúde, 1993, p.
45).

Fonte: www.portugalsenior.org

Hoje, as demências são realidades experimentadas, direta ou indiretamente,


pela totalidade dos portugueses (Sequeira, 2007).

2.2 Critérios de diagnóstico

A característica primária da demência é o progresso de défices cognitivos vari-


ados, como a diminuição da memória e de pelo menos uma perturbação cognitiva,
como afasia, apraxia, agnosia ou perturbação na capacidade de execução. Os défices

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cognitivos devem ser razoavelmente graves para causarem diminuição do funciona-
mento ocupacional ou social. “A demência pode estar etiologicamente relacionada
com um estado físico geral, com os efeitos persistentes da utilização de substâncias
(incluindo exposição a tóxicos) ou com uma combinação de fatores” (DSM-IV, 2002,
p. 148).
À perda ou diminuição cognitiva de forma parcial ou total, permanente ou es-
porádica, em pessoas que, até então, tiveram um desenvolvimento intelectual normal,
chama-se demência. Esta síndrome apresenta várias características:

• Prejuízo da memória, que pode ser desde um simples esquecimento até um


severo esquecimento, não se recordando da própria identidade, desorientação
espacial e temporal;
• Problemas de comportamento, como insónia, agitação, choro fácil, comporta-
mentos inadequados, desinibição social, alterações da personalidade,
• Perda de habilidades adquiridas ao longo da vida, como vestir, cuidar da casa,
cozinhar, dirigir, organizar os compromissos, problemas com a linguagem, etc.

Esta deterioração mental vai provocar o prejuízo nas capacidades da pessoa no


desempenho das suas atividades de vida diária, nas atividades profissionais, ativida-
des familiares, atividades sociais (DSM IV, 2002).
Existem várias causas que podem levar à demência, sendo algumas potencial-
mente reversíveis: disfunções metabólicas, endócrinas, hidroeletrolíticas, quadros in-
feciosos, défices nutricionais e distúrbios psíquicos como a depressão. Os sintomas
iniciais da demência variam, mas a perda de memória a curto prazo é a característica
principal e única que alerta o médico assistente e o familiar ou pessoa significativa.
Todavia, nem todos os problemas cognitivos, nos idosos, são devidos à demência,
pelo que o estudo cuidadoso da pessoa idosa, com a colaboração da família ou da
pessoa significativa, é crucial para a identificação do problema e para a formulação
de um diagnóstico clínico correto.
A DSM-IV (2002) refere que a diminuição da memória deverá estar presente para
ser efetuado o diagnóstico de demência. As pessoas com esta síndrome apresentam
diminuída a capacidade de aprendizagem de coisas novas e esquecem as coisas que

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previamente aprenderam. Na fase inicial da síndrome a pessoa pode perder valores,
tais como as chaves de casa, a carteira, esquecer-se de desligar o fogão, ou perder-
se em zonas que não lhe sejam familiares. Numa fase mais avançada o esquecimento
pode atingir a sua profissão ou as suas habilitações escolares, datas de aniversário,
nomes de familiares, e por vezes até o seu próprio nome.

Fonte: cdn.portal730.com.br

“A deterioração da função da linguagem (afasia) pode manifestar-se pela difi-


culdade em nomear pessoas e objetos” (DSM-IV, 2002, p. 148). O discurso da pessoa
torna-se vago ou vazio, usando excessivamente palavras indefinidas como “coisa”,
“aquilo”. A compreensão da linguagem escrita e falada, bem como a repetição da lin-
guagem, podem estar igualmente comprometidas. Em fases avançadas a pessoa
pode permanecer muda ou apresentar um padrão deteriorado de discurso caracteri-
zado por ecolalia (isto é, eco do que é ouvido) ou palilalia (repetição de sons ou pala-
vras vezes sem conta) (DSM-IV, 2002).
A apraxia (diminuição da capacidade para executar atividades motoras, embora
a função sensorial e a compreensão da tarefa requerida estarem intactas) surge mui-
tas vezes em pessoas com demência, o que irá provocar a diminuição da capacidade

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de realizar tarefas conhecidas, como escovar o cabelo, acenar ou dizer adeus, cozi-
nhar, vestir-se, etc.
A agnosia (deterioração da capacidade para reconhecer ou identificar objetos)
é também encontrada em pessoas com demência, apesar de manterem intacta a fun-
ção sensorial. As perturbações da capacidade de execução manifestam-se comu-
mente na demência. “A capacidade de execução envolve a capacidade de pensa-
mento abstrato e de planear, iniciar, sequenciar, monitorizar e parar um comporta-
mento complexo” (DSM-IV, 2002, p. 149). A pessoa tem dificuldade em lidar com no-
vas tarefas e evita situações que requeiram processamento de informação nova e
complexa.

2.3 Instrumentos de avaliação

Fonte: portalamigodoidoso.com.br

O aumento de prevalência da demência aumenta com a idade, mas esta asso-


ciação não deve ser feita sem antes realizar-se um diagnóstico correto das causas do
aparecimento das alterações, por exemplo, no funcionamento da memória. Com o
avançar da idade, as nossas capacidades cognitivas sofrem um declínio normal, ha-
vendo uma série de alterações cerebrais. “O diagnóstico é complexo e reveste-se de
alguma dificuldade devido a múltiplos fatores como: a idade, a escolaridade, o nível

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sociocultural, a co-morbilidade e até a presença de alterações comportamentais/ fun-
cionais causadas por outros problemas” (Tedim et al., 2004, in Sequeira, 2007, p. 77).
De acordo com Nunes (2008), o Mini Mental State Examination (MMSE) é um
dos instrumentos de avaliação mais utilizados nos estudos epidemiológicos de ras-
treios populacionais de demência, devido à sua fácil aplicação, ampla difusão na lite-
ratura e elevada sensibilidade na avaliação breve do estado mental. Constitui um ins-
trumento de avaliação cognitiva de referência nos idosos com demência, uma vez que
possibilita o despiste de défice cognitivo de acordo com o grau de escolaridade (Se-
queira, 2010).
De forma a caracterizar e perceber em que fase se encontra o estádio da de-
mência e quais as alterações presentes, existem alguns instrumentos para avaliar o
estádio da demência, sendo as mais utilizadas, segundo Barreto (2005):
• A Escala Global de Deterioração (Global Deterioration Scale), que avalia a exis-
tência de demência ou não em 7 estádios;
• A Avaliação Clínica da Demência (Clinical Dementia Rating), que permite ava-
liar a demência em cinco estádios – normal, suspeito, ligeiro, moderado e
grave.

2.4 Tipos de demências

Fonte: historiasdebonn.wordpress.com

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Encontram-se vários tipos de demência e estas são classificadas quanto à sua
causa. As formas mais comuns de demência são: demência vascular, demência fron-
tão-temporal, demência dos corpos de Lewy, e a doença de Alzheimer (DA). A de-
mência de Alzheimer representa aproximadamente 50% a 75% dos casos de demên-
cia e a demência vascular cerca de 15 a 25% (Nunes, 2008).
“As demências vasculares constituem um conjunto heterogéneo de perturbações
de etiologia vascular e que originam uma síndrome demencial” (Sequeira, 2007, p.
77). Esta forma de demência caracteriza-se essencialmente por uma alteração do fun-
cionamento cognitivo, em consequência de lesões cerebrovasculares de natureza is-
quêmica ou, mais raramente, de natureza hemorrágica.
A demência frontão-temporal define-se como uma síndrome neuropsicológica
marcada por disfunções dos lobos frontais e temporais.
A demência dos corpos de Lewy caracteriza-se como sendo um declínio cog-
nitivo flutuante, acompanhado por alucinações visuais e sintomas extrapiramidais; o
quadro demencial apresenta-se como de rápido início e declínio progressivo.
A demência de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que destrói as célu-
las nervosas do córtex cerebral, levando à atrofia progressiva do cérebro. Caracteriza-
se por um carácter progressivo e irreversível, de aparecimento insidioso, conduzindo
a uma inexorável degeneração cerebral com afetação de todas as áreas cognitivas e
da personalidade.
Segundo Galton (1999), as frequências relativas das causas das demências di-
ferem dependendo da idade (Tabela 1).

Tabela 1 - Frequência dos tipos de demência segundo a idade

<65 A >65 A

Doença de Alzheimer 34% 55 %

Demência vascular 18% 20%

Demência frontão-temporal 12% -------

Demência corpos de Lewy 7% 20%

Outras 29% 5%
Fonte: Adaptado de Ballone (2008)

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3 DOENÇA DE ALZHEIMER

Fonte: doencasneurologicas.com

Uma vez que existe uma maior incidência da demência de Alzheimer nos grupos
mais idosos, pretende-se abordá-la mais detalhadamente.
A demência do tipo Alzheimer, amplamente conhecida por doença de Alzheimer,
é atualmente o tipo de demência mais frequente no conjunto global das demências,
podendo representar entre 60% a 70% dos casos de demên-
cia (Sequeira, 2010).

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3.1 Fatores de risco

Fonte: www.algarveprimeiro.com

Todos os seres humanos podem vir a desenvolver a doença, mas sendo um


problema multifatorial o seu aparecimento pode estar dependente de alguns fatores,
nomeadamente:

• A idade, na medida em que com o avançar da idade nota-se um aumento da


probabilidade e prevalência da doença; com o envelhecimento progressivo da
população, a tendência é para um aumento do número de pessoas com doença
de Alzheimer;
• O sexo, já que existe uma maior prevalência no sexo feminino; no entanto, esta
conclusão pode advir do facto de, por norma, as mulheres viverem mais tempo
que os homens;
• Fatores genéticos, ambientais e de nível educacional, apesar da causa ainda
ser desconhecida, estão certamente implicados no desenvolvimento da do-
ença; segundo Pereira e Filho (2001), a maioria dos casos é esporádica, mas
cerca de 10% das pessoas com doença de Alzheimer apresentam história fa-
miliar.
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3.2 Fisiopatologia

Fonte:www.definicionabc.com

A doença de Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva e irrever-


sível de aparecimento insidioso, que acarreta perda da memória e diversos distúrbios
cognitivos. Em termos neuropatológicos, caracteriza-se pela morte neuronal em de-
terminadas partes do cérebro, com algumas causas ainda por determinar. O apareci-
mento de tranças fibrilares e placas senis impossibilitam a comunicação entre as cé-
lulas nervosas, o que provoca alterações ao nível do funcionamento global da pessoa.
“As madeixas” neurofibrilhares encontram-se com maior densidade no córtex fronto-
temporal, no hipocampo, na amígdala, no locus coeruleus e na rafe dorsal, enquanto
a maior densidade das placas senis se situa no córtex frontal e no hipocampo (Rue &
Spar, 1998).
Sendo uma patologia de evolução progressiva, as manifestações são inicial-
mente insidiosas, passando despercebidas aos familiares mais próximos. Barreto
(2005) descreve três fases na evolução da doença: inicial; avançada e terminal.
Na fase inicial verificam-se défices de memória que são normalmente os pri-
meiros sinais, nomeadamente, a nível da memória a curto prazo. O indivíduo é capaz

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de relatar detalhadamente acontecimentos passados, mas revela dificuldades na sua
contextualização temporal e espacial e desorientação, no sentido em que perde a no-
ção de tempo. Perde-se na rua, em sítios pouco familiares ou que foram alvo de mo-
dificações recentes, e perde a noção do mês e ano em que se encontra. Posterior-
mente, está desorientação afeta também lugares habituais como a própria habitação.
A linguagem vai sofrendo alterações, na medida em que numa primeira fase
surge afasia nominal, o discurso torna-se impreciso e o pensamento cada vez mais
concreto. A capacidade de resolução vai-se deteriorando, surgindo dificuldades na
realização de cálculos, confunde o dinheiro e apresenta dificuldades em tomar deci-
sões. Subtilmente, vão surgindo alterações da personalidade, nomeadamente ego-
centrismo, desinibição e apatia. Perde a postura habitual, faz comentários inadequa-
dos e utiliza palavras inapropriadas.
A vida social torna-se caótica, esquecendo as obrigações sociais, como por
exemplo pagamentos de serviços prestados. O autocuidado está igualmente compro-
metido, já que existe uma despreocupação pelo arranjo pessoal e higiene pessoal,
esquecendo-se mesmo de mudar de roupa e lavar-se. As perturbações do humor re-
velam-se através da ansiedade e insegurança, tornando-se geralmente pessimista,
com possível depressão consequente. A apatia é progressiva, revelando desinteresse
por atividades que eram habitualmente do seu agrado. Esta é uma fase em que os
familiares adotam uma tolerância excessiva face aos défices cognitivos do doente.
Nas fases mais avançadas da doença as alterações cognitivas vão-se acentu-
ando e acabam por levar à perda da autonomia. O doente apresenta apraxia (mos-
trando dificuldades, por exemplo, em abrir uma porta ou vestir-se, acabando por não
ser capaz de o fazer), e agnosia (dificuldade em interpretar informações sensoriais,
conduzindo à incapacidade em reconhecer rostos, objetos, lugares, de identificar sons
e cheiros). Com estas limitações o indivíduo não consegue identificar as pessoas que
o rodeiam, sentindo-se cada vez mais ausente e ficando tudo cada vez mais estranho
e confuso.

A afasia aumenta e a linguagem torna-se restrita a poucas palavras, perdendo


progressivamente a capacidade de comunicar verbalmente. As alucinações e as dis-
torções perceptivas são frequentes nas fases avançadas. O doente é incapaz de re-
conhecer a sua imagem refletida num espelho, vê objetos e pessoas estranhas dentro
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da sua própria habitação, acredita que está a ser observado pela televisão e não re-
conhece a casa onde reside, chegando a acusar os familiares de sequestro.

Fonte:www.verolife.com.br

Relativamente aos fenómenos delirantes, surgem em cerca de um terço dos


doentes, sustentados por ideias como estar a ser roubado, que o cônjuge lhe é infiel
e que as pessoas com quem vive planeiam algo grave contra si. Com a evolução da
doença, a agitação agrava-se e o indivíduo torna-se hostil, com atitudes de agressivi-
dade, gritos e até violência, que se agrava no final do dia. A deambulação é de igual
modo uma das formas da agitação. O indivíduo desloca-se continuamente pela casa
sem objetivo ou motivo aparente. O ritmo de sono-vigília também está alterado.

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O indivíduo passa longos períodos acordado durante a noite, adormecendo
apenas por curtos períodos. Há uma progressiva perda de autonomia, necessitando
de uma terceira pessoa para a satisfação das suas necessidades.
Na fase terminal do processo demencial a inércia instala-se. O doente entra em
mutismo e raramente reconhece os familiares. Deixa de ter reflexos de marcha, per-
dendo a postura ereta e permanece grande parte do tempo no leito. Há limitações a
nível dos vários domínios do autocuidado, nomeadamente a nível da alimentação, da
eliminação urinária e intestinal, e problemas de saúde tais como obstipação, infeções
respiratórias ou urinárias, e úlceras de pressão surgem ou agravam-se.

Fonte: alzheimerportugal.org

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3.3 Estratégias de intervenção

Fonte: www.localizatumedico.com

O tratamento das demências deve ser personalizado e adaptado a cada caso,


no qual se incluem estratégias farmacológicas e não farmacológicas. Deve-se ter sem-
pre presente que não existem demências, mas sim doentes com demência. Para cada
doente é fundamental elaborar um plano de cuidados específico, reformulado de
acordo com a evolução da situação. A farmacoterapia deve ser complementada por
estimulação cognitiva global, psicoterapia, musicoterapia, cuidados de enfermagem,
etc. (Sequeira, 2010).

INTERVENÇÕES FARMACOLÓGICAS

Este tipo de intervenção deve ter em atenção a etiologia da demência e o con-


junto de perturbações associadas. Ainda não existe um tratamento que possibilite a
remissão da demência, mas já é possível obter, em certos casos, a diminuição da
velocidade de progressão e a estabilização das perturbações cognitivas e psicocom-
portamentais.

18
O tratamento farmacológico para a demência incide, essencialmente, ao nível
dos inibidores das colinesterases (tacrina; donepezilo; rivastigmina; galantamina) e ao
nível dos antagonistas dos receptores glutamatergicos (memantina).
Na decisão sobre terapêutica deve-se ponderar sobre as repercussões dos sin-
tomas psiquiátricos e comportamentais e o risco dos efeitos adversos dos medica-
mentos, tendo sempre como principal objetivo o bem-estar do doente. O tratamento
de alguns sintomas é fundamental e pode fazer a diferença entre a manutenção do
doente no domicílio ou a sua institucionalização.

3.4 Intervenções não farmacológicas

A necessidade de melhorar a qualidade de vida dos doentes com demência e


das suas famílias tem contribuído para uma maior sensibilização sobre a importância
dos programas de reabilitação.
Independentemente das técnicas que se utilizem, as intervenções não farmaco-
lógicas assentam em grande parte na reabilitação, entendendo está como a participa-
ção ativa da pessoa com incapacidade no sentido de reduzir o impacto da doença e
as dificuldades no quotidiano.
As técnicas com possibilidades de serem utilizadas englobam modalidades de
intervenção psicoterapêutica cujos principais objetivos são: promover ou manter a au-
tonomia; melhorar a função cognitiva ou evitar o seu agravamento brusco; melhorar o
estado de saúde geral; estimular as capacidades cognitivas, a identidade pessoal e a
autoestima e minimizar o stress. As principais modalidades de intervenção são:
• Estimulação cognitiva: dirige-se essencialmente à esfera mnésica como forma
de treinar a memória, atenção, o processamento da informação, etc.;
• Terapia de orientação para a realidade: é um conjunto de técnicas simples nas
quais se proporciona informação básica (orientação temporal);
• Terapia por reminiscência: pretende-se que o doente reviva acontecimentos
agradáveis como forma de estimulação da memória;
• Musicoterapia: é uma técnica que permite o relaxamento, diminui a ansiedade
e facilita o contato com os outros.

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Existe também outro tipo de estratégias que pretendem contribuir para a promo-
ção de um envelhecimento ativo e saudável e para a criação de respostas adequadas
às necessidades da população idosa, tais como:
• Cuidados de enfermagem: visam maximizar as potencialidades do idoso, mi-
nimizando a sua dependência;
• Apoio psicológico: intervém a nível psicológico integrado num plano estrutu-
rado e individualizado de suporte à díade idoso/família;
• Apoio social: visa essencialmente modificar o meio do idoso, de modo a tornar
mais favorável o seu quotidiano;
• Convívio social: assenta no objetivo de permitir aos idosos que permaneçam
integrados e motivados na vida laboral e social;
• Intervenção familiar: através de programas que, numa abordagem psicoeduca-
tiva, envolvem aspetos relacionados com o conhecimento da própria doença;
• Psicoeducação: é uma técnica que visa melhorar a compreensão e atitude
pelos doentes e sua família, face à demência; é encarada como parte do trata-
mento e está enquadrada no projeto terapêutico.

Todo este conjunto de intervenções tem aqui um papel fundamental, como tam-
bém na estimulação e preservação das capacidades da pessoa com doença de Al-
zheimer. Pretende orientá-la e à família/cuidadores para melhorar a respectiva quali-
dade de vida, com melhores e maiores cuidados, preservando ou retardando a dete-
rioração progressiva e o estresse dos prestadores de cuidados. Uma correta avaliação
inicial de forma a detectar as necessidades, com adequada formulação de diagnósti-
cos, leva a poder intervir de forma eficaz, obtendo resultados que tragam ganhos em
saúde para a pessoa cuidada e para o cuidador.
De salientar que qualquer técnica a implementar deverá ter por base uma avali-
ação neuropsicológica exaustiva, de modo a identificar os défices e as funções que
podem ser estimuladas, o tipo de demência e o estádio em que se encontra.

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4 QUAL A LIGAÇÃO ENTRE DEMÊNCIA E DOENÇA DE ALZHEIMER?

Fonte: www.mdsaude.com

Se anteriormente referimos que a demência inclui alterações cognitivas provo-


cadas por alterações a nível cerebral, mais concretamente a nível neuronal, é aqui
que a ligação se estabelece. A doença de Alzheimer é a principal causa de demência,
responsável por cerca de 60 a 80% dos casos (Alzheimer Association, 2014; Alzhei-
mer Association, 2013; Mace & Rabins, 2006).
Trata-se de uma doença neurodegenerativa (Alzheimer Association, 2014), uma
vez que leva à morte progressiva dos neurónios, irreversível e de evolução lenta; como
tal, existem alterações cerebrais específicas associadas à doença. Verifica-se uma
acumulação anormal da proteína beta-amiloide, que leva à formação de várias placas
entre os neurónios, e no interior dos mesmos é possível observar a formação de tran-
ças fibrilares, causada pela agregação anormal da proteína tau.
A conjugação destas alterações leva a danos ao nível das ligações entre os neu-
rónios (sinapses), que acabam por provocar a morte dos mesmos (National Institute
on Aging, 2008; Alzheime Australia, 2012). Se compararmos um cérebro “saudável”
com um cérebro de uma pessoa com doença de Alzheimer, este segundo terá um
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tamanho consideravelmente menor devido à morte neuronal que é característica da
doença (Alzheimer Association, 2013). Estas alterações cerebrais ocorrem de forma
gradual e têm início vários anos antes dos primeiros sinaisde alerta se manifesta-
rem (Alzheimer Australia, 2012). À medida que se vão acumulando e desenvolvendo,
estas alterações neuronais são responsáveis pelo agravamento e deterioração quer
das funções cognitivas da pessoa, quer da sua capacidade de desempenho e auto-
nomia diária (Diamond, 2011).

Fonte: vitalmente.com

Para além da doença de Alzheimer, existem ainda outras causas que estão na
origem da demência e que constituem outros tipos de demência. A cada um deles
estão associados sintomas diferentes e distintos, bem como alterações cerebrais
distintas (Alzheimer Association, 2014). Voltando de novo à doença de Alzheimer, im-
porta referir que está também pode ser “dividida” em dois tipos: a esporádica e a fa-
miliar (Alzheimer Society of Canada, 2014; Diond, 2011).
A doença de Alzheimer do tipo esporádica é a forma mais comum/prevalente e
surge geralmente em pessoas com idade superior a 65 anos, enquanto que a doença
de Alzheimer do tipo familiar surge em indivíduos com idades significativamente infe-
riores (geralmente surge por volta dos 50 anos, ou até mais cedo), tendo no entanto
uma prevalência muito menor (Alzheimer Austrália, 2012; Diamond, 2011).

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5 QUAL (IS) A (S) CAUSA (S) DA DOENÇA DE ALZHEIMER?

Fonte: www.definicionabc.com

Atualmente, e de acordo com os resultados obtidos em vários estudos e traba-


lhos científicos, podemos afirmar que os investigadores detêm um maior conheci-
mento acerca das alterações químicas que afetam e danificam as células cerebrais
nos casos de Doença de Alzheimer. No entanto, a causa para estes fenômenos
ainda não foi descoberta (Alzheimer Austrália, 2012). Apesar de
tudo, é consensual na comunidade científica a ideia de que, tendo em conta a com-
plexidade da doença, esta tenha uma origem multifatorial, resultando da combinação
de vários fatores de risco (Diamond, 2011; National Institute on Aging, 2008).

23
6 QUAIS OS FATORES DE RISCO PARA A DOENÇA DE ALZHEIMER?

Em primeiro lugar, importa ressalvar que quando falamos de fatores de risco,


estamos a referir-nos a características da própria pessoa, a características do seu
estilo de vida e do ambiente/contexto onde se insere, e que poderão contribuir para
uma maior probabilidade de vir a ter doença de Alzheimer ou outro tipo de demência
(Diamond, 2011). Em seguida, vamos enumerar os principais fatores de risco que são
atualmente indicados e confirmados por vários estudos científicos (Alzheimer Associ-
ation, 2013; Diamond, 2011), divididos em dois grandes grupos (Farrow, 2010): fatores
de risco não-modificáveis e fatores de risco modificáveis.

Fonte: pt.wikihow.com

6.1 Relativamente aos fatores de risco não-modificáveis

Idade: é o principal fator de risco para a doença de Alzheimer, uma vez que a
prevalência aumenta significativamente à medida que as pessoas ultrapassam os 65
24
anos de idade; História familiar: pessoas que tenham um parente com doença de Al-
zheimer (irmão ou irmã) têm maior probabilidade de desenvolver a doença, compara-
tivamente com pessoas que não tenham. Este risco aumenta caso o grau de paren-
tesco seja de 1º grau (pai ou mãe), ou caso exista mais do que um familiar com diag-
nóstico;
Alterações genéticas: através de vários estudos, foram descobertos alguns
genes que aumentam a probabilidade de diagnóstico de doença de Alzheimer. O mais
estudado e comprovado até hoje é o gene APOE-e4. Ao nascermos, todos herdamos
uma cópia do gene APOE de cada um dos nossos pais; no entanto, aqueles que her-
dam uma cópia da 4ª variante do gene (o APOE-e4) têm uma maior probabilidade de
desenvolver doença de Alzheimer. Caso herdem duas cópias, têm um risco ainda
mais elevado. No entanto, importa ressalvar que, em ambos os casos, trata-se de uma
questão de maior probabilidade e não de certeza/confirmação de diagnóstico.
Quando falamos em fatores de risco modificáveis, referimo-nos aos
seguintes:
• Consumo excessivo de álcool;
• Obesidade;
• Fumar;
• Hipertensão;
• Colesterol elevado;
• Diabetes (tipo 2);
• Depressão;
• Isolamento e
• Traumas cerebrais.

25
7 COMO REDUZIR O RISCO DE DESENVOLVER DOENÇA DE ALZHEIMER OU
OUTRO TIPO DE DEMÊNCIA?

Fonte: estou-sem.blogspot.com.br

Uma vez que a causa e a cura para a doença de Alzheimer ainda permanecem
desconhecidas, a adopção de um estilo de vida saudável e a redução de comporta-
mentos/hábitos como os anteriormente mencionados, assumem uma elevada perti-
nência e significado na tentativa de reduzir o risco de desenvolver doença de Alzhei-
mer ou outro tipo de demência (Farrow, 2010).
Como tal, e de acordo com a Alzheimer Austrália, que desenvolve o programa
Hour Brain Matters, aqui ficam cinco “sugestões” de comportamentos/estilos de vida
que reduzem o risco de termos doença de Alzheimer ou outro tipo de demência, as-
sentes no pressuposto de que certas medidas preventivas podem de facto ser bené-
ficas para a saúde do nosso cérebro (Alzheimer Austrália, 2013):

26
CUIDE DO SEU CORAÇÃO

Muitas pessoas desconhecem o facto de existir uma forte relação entre a saúde
do nosso coração e a saúde do nosso cérebro, isto é, aquilo que é benéfico para o
coração é também benéfico para o cérebro. Como tal, é importante adotar alguns
comportamentos ou modificar alguns estilos de vida, como por exemplo: controlar/ve-
rificar a pressão sanguínea de forma regular; evitar fumar; controlar o peso e realizar
exames de rotina com alguma frequência.
PRATIQUE EXERCÍCIO FÍSICO

São vários os estudos que comprovam a importância do exercício físico para um


melhor funcionamento cerebral e o seu impacto na redução do risco de desenvolver
algum tipo de demência. Para além de estimular a corrente sanguínea até ao cérebro,
o exercício físico está também associado a um maior volume cerebral, bem como
estimula o crescimento e as ligações entre as células cerebrais (neurónios).
Apesar de ainda não ser consensual e clara a quantidade de exercício necessá-
ria, ou a periodicidade necessária para reduzir o risco, sugere-se a prática diária de
exercício (moderado a intenso) com a duração de 30 minutos. Ficam em seguida al-
gumas sugestões: praticar caminhadas regularmente (contribui para o aumento do
tamanho do hipocampo, área cerebral responsável pela memória); dançar; nadar; an-
dar de bicicleta; treino de resistência.
DESAFIE O SEU CÉREBRO

Investigadores descobriram que quando desafiamos o nosso cérebro com novas


tarefas e atividades, estamos a estimular e promover a criação de novas ligações
neuronais e a fortalecer as existentes. Desta forma, estamos a possibilitar que o nosso
cérebro tenha uma maior “reserva” que lhe permita melhor lidar e manter-se funcional,
caso se venha a verificar algum dano ou morte neuronal. Ficam em seguida algumas
sugestões: envolver-se em hobbies de acordo com os seus interesses; aprender algo
novo (ex: tocar um instrumento musical); ler e pesquisar ou aprofundar temas de
acordo com os seus interesses.
MANTENHA UMA DIETA SAUDÁVEL

27
Apesar de não existirem evidências estatísticas significativas que nos indiquem
se existem alimentos específicos que reduzam o risco de desenvolvermos demência,
há, no entanto, estudos que sugerem que uma dieta saudável e equilibrada poderá
contribuir para manter o cérebro saudável e em bom funcionamento. No entanto, dei-
xamos de seguida algumas recomendações quanto à dieta alimentar, retiradas de
uma guideline Australiana (Commonwealth of Austrália, 2013), uma vez que se acre-
dita terem um forte impacto na redução do risco de doenças cardiovasculares e tam-
bém de demência (Farrow, 2010): evitar o consumo de gorduras saturadas; comer
duas peças de fruta por dia; comer cinco porções de legumes por dia; consumir ali-
mentos ricos em ómega 3 (ex: peixes e nozes) e não beber mais do que dois copos
de vinho por dia.
MANTENHA-SE SOCIALMENTE ATIVO

Vários estudos demonstraram o efeito positivo das interações sociais, sobretudo


no que diz respeito à diminuição do risco de desenvolver algum tipo de défice cognitivo
ou demência. Acredita-se ainda que a conjugação de atividades sociais com o exer-
cício físico e/ou mental poderá diminuir ainda mais este risco.
Como tal, é fundamental que as pessoas se mantenham envolvidas em ativida-
des na comunidade, que estas sejam do seu interesse e na qual participem pessoas
significativas, cuja companhia seja do seu agrado. Deixamos de seguida alguns exem-
plos: conversar com familiares e amigos (melhor ainda, conversar enquanto fazem
uma caminhada); ir ao teatro ou assistir a um concerto; manter contato com os vizi-
nhos; integrar um grupo de voluntariado.
Para além destes cinco tópicos, a Alzheimer Austrália alerta ainda para a impor-
tância de evitarmos traumatismos cranianos, sobretudo situações graves que envol-
vam a perda de consciência, uma vez que existe um maior risco de demência associ-
ado (Diamond, 2011; Farrow, 2010). Como tal, é fundamental que se proteja adequa-
damente a cabeça aquando da prática de certo tipo de atividades (ex: andar de bici-
cleta ou andar de motorizada), e se procure minimizar o risco de queda, sobretudo
nas pessoas mais idosas (Farrow, 2010).
Por último, é ainda referida a importância de controlar e prevenir (novos) episó-
dios e estados depressivos, uma vez que existem cada vez mais estudos que apontam

28
para uma relação de risco entre a depressão e a demência (Alzheimer Austrália,
2013), Farrow, 2010).

8 COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DE DOENÇA DE ALZHEIMER?

Fonte: www.samarilar.com.br

Não existe um teste único que permita realizar o diagnóstico de doença de Al-
zheimer. Este processo é feito por exclusão, isto é, através de diferentes abordagens
terapêuticas os médicos especialistas (neurologista ou psiquiatra) avaliam o estado
de saúde da pessoa e procuram identificar outras condições ou patologias que pos-
sam levar ao mesmo tipo de sintomas. Após excluir todas as hipóteses (algumas delas
reversíveis), o médico poderá assim determinar se se trata de um caso de doença de
Alzheimer ou de outro tipo de demência.
Este é um processo complexo, uma vez que envolve várias etapas e envolve
obrigatoriamente os seguintes exames / dados:

29
 História clínica e familiar da pessoa: obtida através da própria pessoa e
adjuvada com informação do cuidador principal; é também fundamental
que sejam mencionados os sinais de alerta manifestados, o início dos
mesmos e as alterações observadas nas atividades de vida diária (Dire-
ção-Geral da Saúde, 2011; National Institute on Aging, 2008);
 Análises laboratoriais ao sangue e urina: de modo a excluir outro tipo de
patologias ou estados de saúde decorrentes de alterações ao nível da
função hepática, função renal, tiroideia, vitamina B12, ácido fólico, etc.
(Direção-Geral da Saúde, 2011);
 Avaliação neuropsicológica: através de vários testes de pergunta -res-
posta, que irão avaliar e quantificar o desempenho da pessoa ao nível
das várias funções cognitivas (memória, linguagem, cálculo, orientação,
etc.) (Direção-Geral da Saúde, 2011; National Institute on Aging, 2008);
- exames de imagem: é geralmente realizada uma TAC crânio-encefá-
lica, bem como uma ressonância magnética, no sentido de detectar pos-
síveis alterações cerebrais já existentes (Alzheimer Association, 2014;
Direção-Geral da Saúde, 2011; National Institute on Aging, 2008).

Fonte: maldealzheimerhoje.blogspot.com.br
30
9 QUAL É A IMPORTÂNCIA DE UM DIAGNÓSTICO PRECOCE?

Fonte: psiquiatriaetoxicodependencia.blogspot.com.br

Por vezes, e na grande maioria dos casos de Doença de Alzheimer, os primei-


ros sinais ou sintomas da doença são ignorados ou desvalorizados pela própria pes-
soa e pelos seus familiares, uma vez que existe alguma dificuldade em distinguir o
que são alterações próprias do envelhecimento e o que poderão ser sinais de alerta.
Apresentamos de seguida um quadro que compara sinais de alerta típicos da doença
de Alzheimer ou de outra demência, com sinais relativos a alterações próprias do en-
velhecimento (Alzheimer Association, 2014).

Sinais de alerta para doença de Alterações próprias do envelheci-


Alzheimer ou outro tipo de demência mento
Diminuída capacidade de julgamento ou Tomar uma decisão errada ocasional-
tomada de decisão. mente.
Incapacidade de gerir orçamentos/contas Esquecer-se de pagar uma conta
mensais. mensal.

31
Perder a noção do dia da semana e esta- Esquecer-se que dia da semana é
ção atual. hoje, mas lembrar-se mais tarde.
Dificuldades em ter e manter uma con- Por vezes, esquecer-se de qual a me-
versa. lhor palavra a usar.
Trocar o lugar dos objetos e não ser ca- Perder coisas de vez em quando, mas
paz de se recordar/refazer os passos até en- conseguir encontrá-las através de raciocí-
contrá-los. nio lógico.

No entanto, à medida que a doença vai evoluindo, vão surgindo sintomas mais
notórios, que começam a afetar o desempenho da pessoa em certas atividades do
dia-a-dia, sobretudo naquelas que exigem uma maior capacidade de raciocínio e de
análise/interpretação e consequente resposta (ex: gerir as compras da casa, gerir a
medicação, etc.). Nalguns casos, é a própria pessoa que identifica nela mesma estas
alterações, enquanto noutros casos são os familiares mais próximos (cônjuge e/ou
filhos) que se vão apercebendo e observando as alterações na memória, no compor-
tamento e na capacidade de desempenho (Alzheimer Association, 2014).
Neste sentido, e com o objetivo de alertar e ajudar os familiares a detectarem o
mais precocemente estas alterações, a Alzheimer Association criou uma lista de 10
sinais de alerta para a doença de Alzheimer ou outro tipo de demências. Importa res-
salvar que cada pessoa poderá apresentar um ou mais destes sinais com diferentes
graus de severidade, e que a presença de um ou mais sinais é suficiente para justificar
uma ida ao médico (Alzheimer Association, 2014; Diamond, 2011).

32
Fonte: salutemed.com.br

O conhecimento destes sinais de alerta é fundamental para que se consiga al-


cançar um diagnóstico cada vez mais precoce, que permite e promove a oportunidade
de a pessoa se “ajustar”, adaptar e reagir ao diagnóstico, bem como participar ativa-
mente no planeamento do seu futuro (Leifer, 2003).

1 - Perda de memória que afeta a rotina diária.

• Esquecimento de informações recentes (défices na memória a curto -


prazo).
• Repetir várias vezes a mesma questão, ou repetir temas de conversa
após um curto período de tempo.

2 - Dificuldade em planear ou resolver problemas.

• Perder a capacidade de desenvolver e seguir um plano de trabalho.


• Ter dificuldade em seguir uma receita familiar.
• Ter dificuldade em lidar com números e gerir as contas mensais.

3 - Dificuldade em executar tarefas familiares.

33
• Ter dificuldades em executar tarefas diárias habituais (ex: cozinhar, vestir-
se).
• Ter dificuldades em conduzir até um local conhecido.

4 -Perda da noção de tempo e/ou lugar.

• Perder a noção de datas, estações do ano e da passagem do tempo.


• Ter dificuldades em entender alguma coisa que não esteja a acontecer
naquele preciso momento.
• Esquecer-se onde está no momento, ou como chegou até lá.

5 - Dificuldade em perceber imagens visuais e relações especiais.

• Ter dificuldades na leitura.


• Ter dificuldades em calcular distâncias e determinar uma cor ou o con-
traste.

6 - Problemas de linguagem.

• Ter dificuldades em acompanhar ou inserir-se numa conversa.


• Parar a meio de uma conversa e não saber como continuar ou repetir
várias vezes a mesma coisa.
• Ter dificuldades em encontrar palavras adequadas para se expressar ou
dar nomes errados às coisas.

7 - Trocar o lugar das coisas.


• Colocar objetos em lugares desadequados (ex: os óculos no frigorífico).
• Perder objetos e não ser capaz de voltar atrás no tempo para se lembrar
de quando ou onde os usou.
• Acusar os outros de lhe roubar as suas coisas.

8 - Discernimento fraco ou diminuído.

• Não ser capaz de perceber/identificar situações de burla, e ceder a pedi-


dos de dinheiro.
• Vestir-se desadequadamente consoante a estação ou ocasião.

34
• Não ir logo ao médico quando tem uma infeção, pois não reconhece a
infeção como algo problemático.

9 - Afastamento do trabalho e da vida social.

• Começar a abandonar os hobbies, atividades sociais, projetos de trabalho


ou desportos favoritos.
• Evitar situações de interação social, com receio que as outras pessoas se
apercebam das suas dificuldades.
• Maior isolamento e tendência para querer ficar em casa.

10 - Alterações de humor e personalidade

• Tornar-se confuso (a), desconfiado (a), deprimido (a), com medo ou ansi-
oso (a).
• Irritar-se com facilidade em casa, no trabalho, com os amigos ou em locais
onde se sinta fora da sua “zona de conforto”.
• Súbitas alterações de humor – da serenidade ao choro ou à angústia –
sem que haja qualquer razão para tal facto.

10 COMO É QUE A DOENÇA DE ALZHEIMER?

Como já referido anteriormente, a doença de Alzheimer é progressiva e degene-


rativa, pelo que vai piorando e agravando ao longo do tempo. São habitualmente su-
geridas três fases que descrevem a evolução da doença e a forma como as capaci-
dades da pessoa se vão alterando ao longo do tempo (Alzheimer Association, 2013):
fase inicial / ligeira; fase intermédia / moderada; fase final / avançada / grave. Importa
salientar que cada pessoa tem o seu padrão de evolução e que a velocidade com que
as suas capacidades se deterioram também difere de caso a caso. No entanto, exis-
tem alguns padrões que são comuns a todos os casos e que permitem a sugestão da
existência destas três fases, que pretendem ser um guia geral acerca do que esperar
com a evolução da doença.

35
Fonte: www.uca.pt

O quadro seguinte indica algumas características e comportamentos mais fre-


quentes em cada uma das diferentes fases (Alzheimer Australia, 2012; National
Institute on Aging, 2008).

FASE INICIAL / LIGEIRA


- Maior apatia
- Perder interesse em hobbies
- Maior lentidão na compreensão de ideias complexas
- Demorar mais tempo a completar tarefas habituais/rotineiras
- Esquecer-se de acontecimentos / informações recentes
- Dificuldade em lidar com dinheiro
- Perda de espontaneidade
- Alterações na personalidade e no humor (estar mais irritado (a), ansioso ou preocu-
pado quando falha alguma tarefa)
FASE INTERMÉDIA / MODERADA
- Esquecimentos cada vez mais frequentes
- Tornar-se muito repetitivo (a)
- Memória a longo-prazo está geralmente preservada, mas por vezes confundem ou
esquecem alguns detalhes de acontecimentos passados
- Perder-se com facilidade
- Maior confusão relativamente ao tempo e ao espaço
- Ter muita dificuldade em realizar operações de cálculo simples

36
- Esquecer-se do nome de familiares ou amigos, ou confundir membros da família
entre si
- Dificuldades ao nível da linguagem, da escrita e da leitura
- Inquietação, agitação, ansiedade e deambulação – Sobretudo ao final da tarde ou à
noite
- Comportamentos socialmente inapropriados
- Alucinações, delírios, paranoia e irritabilidade
- Incapacidade de realizar tarefas que envolvem etapas e sequências (ex: vestir-se,
pôr a mesa, cozinhar)
- Dificuldade em reconhecer familiares e amigos

FASE AVANÇADA / GRAVE


- Não reconhecer familiares ou amigos
- Não ser capaz de comunicar oralmente
- Perda da capacidade de compreender o discurso dos outros - Dependência total
ao nível da higiene, alimentação, vestir, etc.
- Perda da capacidade de andar – na cama todo o dia
- Incontinência total (urinária e fecal)
- Dificuldade em engolir e mastigar alimentos
- Perda de peso
- Risco elevado de úlceras de pressão

11 EXISTE TRATAMENTO PARA A DOENÇA DE ALZHEIMER?

Até ao presente, não existe qualquer tipo de tratamento preventivo ou curativo


para a doença de Alzheimer. Existem, no entanto, medicamentos que procuram retar-
dar a evolução da doença, bem como diminuir alguns sintomas comportamentais (agi-
tação, ansiedade, etc.). Contudo, o efeito dos mesmos varia de caso para caso (Dia-
mond, 2011).
Para além desta intervenção farmacológica, existe ainda a intervenção não-far-
macológica. De acordo com o projeto European Collaboration on Dementia (Euro-
code), conduzido pela Alzheimer Europe e financiado pela Comissão Europeia, o tra-
tamento da doença de Alzheimer deve conciliar estes dois tipos de tratamentos.
Quando falamos em tratamento não farmacológico, estamos a referir-nos a um con-
junto de intervenções não químicas que procuram, entre outros aspectos (Gitlin, Kales
et al., 2012; Herholz, Herholz et al., 2013; Fundación Reina Sofia, 2012; Fleta & León,
2011):
37
 Maximizar o funcionamento cognitivo da pessoa (retardar a evolução do
doença e consequente perda de capacidades);
 Ajudar no processo de adaptação à doença;
 Diminuir a sobrecarga dos cuidados prestados pelo cuidador.

Tem ainda como aspecto positivo o facto de ser um tipo de intervenção que nos
permite trabalhar e diminuir de forma global alguns sintomas da doença, sem neces-
sitar de recorrer ao uso de fármacos, que para além de terem efeitos secundários
prejudiciais apresentam também um custo elevado (Fundación Reina Sofia, 2012).

Fonte: encrypted-tbn0.gstatic.com

Neste tipo de intervenção os resultados obtidos não são quantificáveis, mas po-
derão ser observáveis ao nível da qualidade de vida, do bem-estar, dos comporta-
mentos e desempenho da pessoa com doença de Alzheimer, bem como da qualidade
de vida e bem-estar dos cuidadores (Álvarez, Bellver et al., 2014; Fleta & León, 2011).

38
Tendo em conta todas estas características, são vários os estudos que já de-
monstraram a eficácia e pertinência dos tratamentos não-farmacológicos; no entanto,
muitos também sugerem a necessidade de mais investigação. Por este motivo, e uma
vez que acreditamos que cada pessoa reage de forma diferente aos diferentes trata-
mentos utilizados, apresentamos de seguida uma lista das abordagens não-farmaco-
lógicas mais utilizadas atualmente, apesar de no caso de algumas não existirem evi-
dências estatísticas significativas que comprovem o seu efeito benéfico (muito devido
ao facto de os estudos realizados possuírem amostras reduzidas): terapia comporta-
mental; terapia de orientação na realidade (TOR); terapia da validação; terapia da re-
miniscência; estimulação cognitiva; musicoterapia; terapia assistida com animais;
arte-terapia; aromaterapia.

Fonte: www.saudedicas.com.br

39
12 INCAPACIDADE COGNITIVA

A cognição é o conjunto de funções cerebrais formadas pela memória (capaci-


dade de armazenamento de informações), função executiva (capacidade de planeja-
mento, antecipação, sequenciamento e monitoramento de tarefas complexas), lingua-
gem (capacidade de compreensão e expressão da linguagem oral e escrita), praxia
(capacidade de executar um ato motor), gnosia (capacidade de reconhecimento de
estímulos visuais, auditivos e táteis) e função visuoespacial (capacidade de localiza-
ção no espaço e percepção das relações dos objetos entre si). O funcionamento inte-
grado destas funções nos permite interagir com as pessoas e com o mundo, com o
objetivo de resolvermos as dificuldades do cotidiano, é responsável pela nossa capa-
cidade de decidir, que, juntamente com o humor (motivação), é fundamental para a
manutenção da autonomia. A individualidade é resultante do acúmulo de conhecimen-
tos da nossa história e da cultura que herdamos. A perda da cognição ou incapacidade
cognitiva é, portanto, o “desmoronamento” ou o “apagamento” da identidade que nos
define como ser pensante.

Fonte: geriart.com.br

O envelhecimento fisiológico não afeta a cognição de forma significativa. Ocorre


uma atrofia do sistema nervoso central, o que pode ser percebido em toda tomografia
computadorizada de crânio. O lobo frontal parece ser a região mais acometida, de
40
forma irregular. As únicas consequências são maiores lentificações no processamento
cognitivo, redução da atenção (déficit atentivo), maior dificuldade no resgate das infor-
mações aprendidas (memória de trabalho), redução da memória prospectiva (“lem-
brar-se de lembrar”) e memória contextual (dificuldades com detalhes). Estas altera-
ções não trazem nenhum prejuízo significativo na execução das tarefas do cotidiano.
As alterações dos órgãos dos sentidos (visão, audição, entre outros) dificultam o
acesso às informações e ao aprendizado.
Desta forma, o envelhecimento normal é aquele apresentado por Dona Concei-
ção, que mantém sua capacidade de resolver os problemas do dia-a-dia, embora de
forma mais lenta. Por outro lado, Dona Ofélia apresenta “lapsos de memória” preocu-
pantes, pois estão trazendo importantes repercussões no seu funcionamento habitual.
Ela não é mais capaz de resolver os problemas da casa, como fazer compras, contro-
lar as finanças, sair sozinha e cozinhar. Portanto, não podemos atribuir estas mudan-
ças ao envelhecimento normal.

Figura 1- Esquema do Esquecimento

Fonte: Moraes (2008)

41
13 COMO SE SUSPEITA DE DEMÊNCIA?

Fonte: www.gazetadopovo.com.br

Demência significa a perda do funcionamento harmonioso das funções cogniti-


vas e comportamentais, comprometendo a autonomia e a independência do indivíduo.
A prevalência de demência é estimada em cerca de 5% da população idosa em geral
e aumenta com a idade, dobrando a cada cinco anos, aproximadamente, após os 65
anos de idade. Em Catanduva, no Brasil, a prevalência de demência foi de 7,1% entre
os habitantes com 65 anos ou mais; 1,6%, entre os de 65 a 69 anos; 3,2%, entre os
de 70 a 74 anos; 7,9%, entre os de 75 a 79 anos; 15,1%, entre os de 80 a 84 anos e
38,9%, entre os maiores de 85 anos.
Segundo o DSM IV-TR, Manual de Classificação de Doenças Mentais da Asso-
ciação Americana de Psiquiatria (2002), o diagnóstico de demência deve ser dado na
presença de múltiplos déficits cognitivos, que incluem o comprometimento da memória
e outra função cognitiva (linguagem, função executiva, gnosia e praxia). A repercus-

42
são deve ser grave o suficiente para comprometer o funcionamento social e ocupaci-
onal (atividades de vida diária) e representar um declínio em relação a um nível ante-
riormente avaliado. O diagnóstico não pode ser dado exclusivamente durante o curso
de um delirium (confusão mental aguda), nem ser explicado por doença psiquiátrica,
como depressão maior e esquizofrenia.
As queixas relacionadas à memória seguem, normalmente, uma hierarquia cro-
nológica. Inicialmente, o déficit é secundário ao comprometimento da memória e é
descrito como esquecimento para fatos recentes, perda de objetos, acidentes domés-
ticos, desorientação temporal e espacial, e repetição de fatos, respeitando o gradiente
temporal (memória episódica recente, intermediária e remota). Com a evolução da
doença, há maior comprometimento da memória, com empobrecimento do conheci-
mento do mundo, nomeação inadequada, discurso pobre e dificuldade de compreen-
são de conceitos. Em fases mais avançadas da doença, o paciente apresenta, inclu-
sive, dificuldades de repetir instruções simples (memória de curto prazo).

Afasia – alterações da linguagem representadas pela presença de:


• Anomia (dificuldade de nomeação de objetos ou de achar a palavra apro-
priada);
• Circunlóquios explicativos (invenção de histórias para justificar a dificuldade
cognitiva, rodeio de palavras);
• Parafasias (substituição de palavras);
• Logorréia (fala incessante), discurso pobre, termos vagos (coisa, troço), ne-
ologismos, erros gramaticais e frases inacabadas.

Disfunção executiva – percebida pela presença de:


• Desatenção, distração;
• Dificuldade na realização de atividades que exigem sequenciamento, pla-
nejamento e mudança de estratégias (fazer a barba, fazer compras, sair de
casa);
• Perseveração motoras ou verbais (rituais);
• Dificuldade na resolução de problemas do cotidiano ou de tomar decisões;
• Inadequação no julgamento de situações ou problemas do cotidiano.

43
O comprometimento do lobo frontal também está associado à desregulação do
comportamento social e controle das emoções, com desinibição, inquietação motora,
perambulação, jocosidade inadequada, hipersexualidade, hiperfagia, agressividade,
comportamento antissocial, labilidade emocional, apatia sem o colorido negativista do
deprimido e sem ideação suicida, perda de iniciativa ou motivação, desinteresse por
atividades ou passatempos e irritabilidade.

Apraxia – é a incapacidade de executar atividades motoras, apesar do funcio-


namento motor intacto. Caracteriza-se pela dificuldade para vestir-se, amarrar os sa-
patos, pentear o cabelo, andar, cozinhar, acender o cigarro, usar a chave, entre outros.
Agnosia – é a incapacidade de reconhecer ou identificar objetos, apesar do
funcionamento sensorial intacto. O paciente ou familiar menciona dificuldade de deco-
dificação ou reconhecimento do estímulo, na ausência de comprometimento dos ór-
gãos do sentido. Nas fases avançadas ocorre agnosia de objetos, cores e faces (pro-
sopagnosia).

14 QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA DEPRESSÃO, DELIRIUM


E DOENÇA MENTAL?

As desordens depressivas representam um grupo de entidades clínicas ou sín-


dromes independentes caracterizadas pela baixa do humor e variabilidade na gravi-
dade. Deve ser diferenciada de tristeza, ou seja, existe a depressão-sintoma e a de-
pressão-doença. A tristeza é um sentimento presente em vários momentos da vida.
Por exemplo: na reação ao luto, a tristeza está presente, mas é insuficiente para invi-
abilizar completamente os projetos de vida da pessoa, que preserva o interesse em
algumas atividades. O paciente supera a perda progressivamente, num período vari-
ável de 4 a 12 meses.
O envelhecimento está associado a diversas perdas, desde familiares queridos,
cônjuges, filhos, perda do prestígio social e do nível socioeconômico e, finalmente, da
própria independência física. Entretanto, estas perdas são superáveis e podem per-
mitir uma vida psíquica normal. A depressão maior é, atualmente, a principal causa

44
de incapacidade no mundo moderno e constitui-se em verdadeira “epidemia silenci-
osa”, cuja importância na morbimortalidade geral se aproxima aos observados nas
doenças crônico-degenerativas. No idoso, a depressão maior está associada a vários
sintomas somáticos, que dificultam o diagnóstico.

Fonte: www.psicologiamsn.com

A prevalência de depressão maior varia de 10%, nos idosos residentes na co-


munidade, até 30%, nos idosos institucionalizados. Os critérios diagnósticos de de-
pressão maior, segundo o DSM-IV, incluem a presença de cinco ou mais sintomas
durante o período de duas semanas (todos os dias ou quase todos os dias) e que
representaram uma alteração do seu funcionamento anterior. Pelo menos um dos sin-
tomas é humor deprimido ou perda do interesse ou prazer (anedonia):
Interesse ou prazer acentuadamente diminuídos: o idoso deixa de sentir pra-
zer com atividades que anteriormente eram agradáveis, tendendo ao isolamento so-
cial e familiar;
Humor deprimido indicado por relato subjetivo (sensação de tristeza, au-
todesvalorização e sentimento de culpa) ou observação feita por outros: o idoso

45
menciona sensação de vida vazia, demonstra fácil irritabilidade (“rabugento”) ou con-
sidera-se um peso para a família, afirmando ser a morte a única solução. Tendência
à emotividade excessiva, com crises de choro frequentes;
Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta, ou diminuição
ou aumento do apetite: a inapetência é o sintoma mais comum e importante causa
de emagrecimento no idoso. Pode predominar e mascarar sintomas como baixa do
humor e anedonia, dificultando o diagnóstico de depressão (depressão mascarada).

Figura 2- TIME das Demências Reversíveis

Fonte Moraes (2008).

Insônia ou hipersonia: habitualmente a insônia é terminal (matinal, despertar


cedo e piora matinal da sintomatologia depressiva) ou sono entrecortado e dificuldade
para dormir novamente. Portanto, a queixa de insônia, tão comum no consultório, deve
sugerir prontamente o diagnóstico de depressão;
Agitação ou retardo psicomotor;

46
Fadiga ou perda de energia: por vezes simulando doenças consumptivas, in-
suficiência cardíaca congestiva, hipotireoidismo, parkinsonismo (bradicinesia), polimi-
algia reumática, entre outros; sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou ina-
dequada;
Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se: lentificação do pensa-
mento com déficit atencional significativo, por vezes simulando síndrome demencial
(“pseudodemência”);
Pensamentos recorrentes de morte, ideação suicida recorrente.

As principais causas de demência irreversível não-Alzheimer incluem:


Demência vascular: representa a segunda causa de demência no idoso, res-
ponsável por 15% a 20% de todas as demências. No Brasil, em Catanduva, esteve
presente em 18% dos idosos com demência. Resulta da presença de doença cere-
brovascular isquêmica ou hemorrágica, assim como da injúria cerebral resultante do
hipofluxo cerebral. A associação entre doença cerebrovascular e demência remonta
da Antiguidade. O termo “esclerose” foi muito utilizado para descrever a importância
das doenças cérebro-vasculares como principal causa de demência associada ao en-
velhecimento. A descrição da doença de Alzheimer como principal causa de demência
resultou na “alzheimerização” das demências e, muitas vezes, os termos “doença de
Alzheimer” e “demência senil” são considerados sinônimos.
Os critérios para o diagnóstico de demência vascular, segundo o dSM-iv, são:
 Desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos manifestados tanto
por (1) quanto por (2):
 1- Comprometimento da memória: amnésia
 2- Uma (ou mais) das seguintes perturbações cognitivas:
 Afasia: perturbação da linguagem;
 Apraxia: capacidade prejudicada de executar atividades motoras,
apesar do funcionamento motor intacto;
 Agnosia: incapacidade de reconhecer ou identificar objetos, ape-
sar do funcionamento sensorial intacto;
 Disfunção executiva: perturbação do funcionamento executivo
(i.e., planejamento, organização, sequenciamento, abstração).

47
Os déficits cognitivos nos critérios (1) e (2) causam comprometimento signifi-
cativo do funcionamento social ou ocupacional e representam um declínio signi-
ficativo em relação a um nível anteriormente superior de funcionamento.

Sinais e sintomas neurológicos focais (por exemplo: exagero dos reflexos tendi-
nosos profundos, resposta extensora plantar, paralisia pseudobulbar, anormalidades
da marcha, fraqueza em uma das extremidades) ou evidências laboratoriais indicati-
vas de uma doença cerebrovascular (por exemplo: múltiplos infartos envolvendo o
córtex e a substância branca) considerados etiologicamente relacionados à perturba-
ção.

Os déficits não ocorrem exclusivamente durante o curso de um delirium.

• Demência por corpos de Lewy: a Demência por Corpos de Lewy (DCL)


representa a segunda causa de demência degenerativa, responsável por
15% a 25% dos casos. O diagnóstico correto é fundamental para o manejo
farmacológico. A sintomatologia cognitiva, comportamental, motora, auto-
nômica e os distúrbios do sono respondem bem ao uso de anticolineste-
rásicos e apresentam grande hipersensibilidade ao antipsicóticos, po-
dendo induzir a complicações potencialmente fatais. As manifestações
centrais da doença são: presença de parkinsonismo precoce e espontâ-
neo, flutuação cognitiva e alucinações visuais recorrentes e complexas.
Além disso, é frequente a presença de alterações do sono REM (sonhos
vívidos e pesadelos).
• Demência frontão-temporal (doença de Pick): o quadro clínico relaci-
ona-se à síndrome frontal com predomínio da sintomatologia comporta-
mental (desinibição, comportamentos antissociais, impulsividade, hiper-
sexualidade, entre outros). Apesar da gravidade dos sintomas comporta-
mentais, os pacientes permanecem orientados no seu ambiente até fases
avançadas da doença.
• Outras demências: são causas mais raras de demência e são represen-
tadas pela demência associada à doença de Parkinson, como degenera-
ção corticobasal, paralisia supranuclear progressiva, doença de Huntigton
e doença de Creutzfeldt-Jacob, entre outras.
48
A sintomatologia apresentada por Dona Ofélia teve início insidioso e caracteri-
zado pela presença de esquecimento progressivo. Não houve evolução em degraus e
não foi percebido déficit motor ou alteração da marcha. Além disso, o único fator de
risco para doença cerebrovascular é a idade. Como já vimos, a Tomografia Computa-
dorizada (TC) de crânio foi normal para a idade. Desta forma, o diagnóstico de de-
mência vascular torna-se pouco provável. O diagnóstico de Corpos de Lewy pode
também ser descartado pela ausência de parkinsonismo e alucinações visuais preco-
ces. Os únicos sintomas psicóticos apresentados pela paciente são as ideias deliran-
tes de roubo e perseguição. Não houve relato de alucinações visuais. A única flutua-
ção observada é a piora da agitação psicomotora no final do dia, ao entardecer,
quando a paciente insiste que não está em sua casa e pede insistentemente para ser
levada para sua verdadeira casa. Não há desinibição, comportamento antissocial, hi-
persexualidade ou qualquer outro sintoma que sugira o diagnóstico de demência fron-
tão-temporal.

Figura 3- Principais Causa de Demências irreversíveis

Fonte Moraes (2008).


49
15 O ENVELHECIMENTO

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O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, tanto no que se refere


aos países desenvolvidos como aos países em desenvolvimento. Este crescimento
da população idosa é reflexo do aumento gradual da longevidade, conjuntamente com
as diminuições das taxas de natalidade e mortalidade.
Estimativas para a população idosa brasileira apontam que até 2020, o país
terá 32 milhões de pessoas com idade superior a 60 anos. O aumento no número de
idosos instiga o desenvolvimento de estratégias que possam minimizar os efeitos ne-
gativos do avanço da idade cronológica no organismo. Estas estratégias visam à ma-
nutenção da capacidade funcional e da autonomia para que as pessoas possam ter
uma vida mais longa e com melhor qualidade.
O processo de envelhecimento em idades avançadas está associado a altera-
ções físicas, fisiológicas, psicológicas e sociais, bem como ao surgimento de doenças
crônico-degenerativas advindas de hábitos de vida inadequados (tabagismo, ingestão
50
alimentar incorreta, tipo de atividade laboral, ausência de atividade física regular), que
se refletem na redução da capacidade para realização das atividades da vida diária.
O declínio nos níveis de atividade física habitual para idoso contribui para a
redução da aptidão funcional e a manifestação de diversas doenças, como conse-
quência a perda da capacidade funcional. Neste sentido, tem sido enfatizada a prática
de exercícios como estratégia de prevenir as perdas nos componentes da aptidão
funcional.
A diminuição da tolerância ao esforço físico faz com que um grande número de
pessoas idosas vive abaixo do limiar da sua capacidade física, necessitando somente
de uma mínima intercorrência na saúde para tornarem-se completamente dependen-
tes6. A atividade física regular tem sido descrita como um excelente meio de atenuar
a degeneração provocada pelo envelhecimento dentro dos vários domínios físico, psi-
cológico e social.

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51
15.1 Impacto do envelhecimento no organismo humano

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O processo do envelhecimento, do ponto de vista fisiológico, não ocorre neces-


sariamente em paralelo ao avanço da idade cronológica, apresentando considerável
variação individual. Este processo é marcado por um decréscimo das capacidades
motoras, redução da força, flexibilidade, velocidade e dos níveis de VO2 máximo, di-
ficultando a realização das atividades diárias e a manutenção de um estilo de vida
saudável.
As alterações fisiológicas de perda da capacidade funcional ocorrem durante o
envelhecimento em idades mais avançadas, comprometendo a saúde e a qualidade
de vida do idoso. E são agravadas pela falta de atividade física e consequentemente
diminuição da taxa metabólica basal, associada à manutenção ou ao aumento do
aporte calórico, excedendo na maioria das vezes as necessidades calóricas diárias.
O processo de envelhecimento evidencia mudanças que acontecem em dife-
rentes níveis:

52
a) antropométrico: caracteriza-se pela diminuição da estatura, com maior ra-
pidez nas mulheres devido à prevalência de osteoporose após a menopausa e o in-
cremento da massa corporal que inicia na meia idade (45-50 anos) e se estabiliza aos
70 anos, quando inicia um declínio até os 80 anos.

Mudanças na composição corporal, decorrente da diminuição da massa livre


de gordura e incremento da gordura corporal, com a diminuição da gordura subcutâ-
nea e periférica e o aumento da gordura central e visceral, aumentam os riscos à
saúde propiciando o surgimento de inúmeras doenças.

O declínio da massa mineral óssea relacionado com os aspectos hereditários,


estado hormonal, nutrição e nível de atividade física do indivíduo, favorece para que
o indivíduo esteja mais suscetível à osteoporose, consequentemente a quedas e fra-
turas.

b) neuromuscular: perda de 10 - 20% na força muscular, diminuição na habi-


lidade para manter força estática, maior índice de fadiga muscular e menor capaci-
dade para hipertrofia, propiciam a deterioração na mobilidade e na capacidade funci-
onal do idoso.

c) cardiovascular: diminuição do débito cardíaco, da freqüência cardíaca, do


volume sistólico, do VO2 máximo, e aumento da pressão arterial, da concentração de
ácido láctico, do débito de O2, resultam numa menor capacidade de adaptação e re-
cuperação ao exercício.

d) pulmonar: diminuição da capacidade vital, da frequência e do volume


respiratório; aumento do volume residual, do espaço morto anatômico; menor mobi-
lidade da parede torácica e declínio do número de alvéolos, dificultam a tolerância ao
esforço.

e) neural: diminuição no número e tamanho dos neurônios, na velocidade de


condução nervosa, no fluxo sanguíneo cerebral, e aumento do tecido conectivo nos
neurônios, proporcionam menor tempo de reação e velocidade de movimento.

53
f) outros: diminuição da agilidade, da coordenação, do equilíbrio, da flexibili-
dade, da mobilidade articular e aumento na rigidez de cartilagem, tendões e ligamen-
tos.

16 SEDENTARISMO COMO PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

Sabe-se que o estilo de vida atual tem levado cada vez mais um número de
pessoas ao sedentarismo. Dentre os hábitos saudáveis a serem adquiridos, as parti-
cipações em programas de atividades físicas regulares desempenham importante pa-
pel.
A prática de atividades físicas assegura maior independência, autonomia e me-
lhor condição de saúde, aumentando o senso de bem-estar, a crença de auto eficácia
e a capacidade do indivíduo de atuar sobre o meio ambiente e sobre si mesmo (VITTA,
2000).
A atividade física também diminui com a idade, tendo início durante a adoles-
cência e declinando na idade adulta. Em muitos países, desenvolvidos e em desen-
volvimento, menos de um terço dos jovens são suficientemente ativos para obter os
benefícios para a saúde advinda da prática de atividade física.

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54
É preocupante a redução de atividades físicas nos programas de educação em
escolas no mundo todo, ao mesmo tempo em que se observa um aumento significa-
tivo da frequência de obesidade entre jovens. A prevalência de obesidade em adultos
de meia idade tem alcançado proporções alarmantes, o que se relaciona, em parte,
com a falta de atividades físicas no tempo de lazer, mas que também diz respeito ao
estilo de vida moderno, onde a maior parte do tempo livre é gasto em atividades se-
dentárias como assistir televisão, usar computadores, viajar e passear de carro.

A alimentação e a atividade física influenciam na saúde seja de maneira


combinada ou cada uma em separado. Assim, enquanto os efeitos da alimenta-
ção e da atividade física em saúde podem interagir, sobretudo no caso da obe-
sidade, a atividade física aporta benefícios adicionais independentes da nutri-
ção e da dieta alimentar. A atividade física é fundamental para melhorar a saúde
física e mental das pessoas. (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2004).

16.1 Benefícios da atividade física em idosos

A prática regular de exercícios físicos é reconhecida como a forma de se pre-


venir e combater os males associados com o envelhecimento. Desta forma devemos
destacar que a atividade física bem aplicada na adolescência pode induzir um adulto
à prática permanente, tornando-se, no futuro, um idoso saudável.
Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), “o envelhecimento
é reconhecido como uma das mais importantes modificações na estrutura da popula-
ção mundial”.
Esta modificação é uma verdade em todos os países do mundo, porém entre
os dotados de menos recursos econômicos e sociais como o Brasil, a questão cerca-
se de uma gama muito maior de problemas. Segundo a World Health Statistics, em
1950 ocupávamos o 16º lugar em população com idade igual ou superior a 60 anos,
com 2,1 milhões de idosos. Em 2025, estima-se que este contingente se elevará a
31,8 milhões, o que nos elevará à 6ª posição.
Atualmente no Brasil, a população idosa atinge 9,9 milhões de pessoas, com
uma taxa de crescimento anual de 3,7% ao ano, mais do que o dobro da taxa de

55
crescimento da população total, que é de 1,4% ao ano, (JACOB, CHIBA e ANDRADE,
2000).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) manifesta sua preocupação com o
aumento da expectativa de vida, e diminuição da qualidade de vida, principalmente
considerando a incapacidade e a dependência.
Nesse aspecto, se destaca a influência positiva da atividade física, pois essa
constitui um excelente instrumento de promoção à saúde em qualquer faixa etária, em
especial no idoso, induzindo várias adaptações fisiológicas e psicológicas. (ORGANI-
ZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2002).
Essas adaptações abrangem uma série de modificações nos sistemas corpo-
rais do idoso, trazendo benefícios como à melhora da circulação periférica, melhora
do equilíbrio e da marcha, menor dependência para realização de atividades domés-
ticas e melhora da autoestima e da autoconfiança, (NOBREGA et al, 1999).
Para McArdle, Kacth e Kacth (2003), apesar das reduções da capacidade fun-
cional e do desempenho nos exercícios, até mesmo entre os indivíduos ativos, o exer-
cício regular consegue contrabalançar os efeitos típicos do envelhecimento.
A Qualidade de Vida tem sido uma preocupação constante do ser humano,
desde o início de sua existência e, atualmente, constitui um compromisso pessoal à
busca continua de uma vida saudável.
A OMS propõe o termo de envelhecimento ativo, que é definido como sendo o
processo de aperfeiçoar oportunidades para a saúde, a participação e a segurança de
modo a melhorar a qualidade de vida no processo de envelhecimento de cada pessoa.

56
16.2 A escolha da atividade física adequada

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A escolha é feita individualmente, levando-se em conta os seguintes fatores:


 Preferência pessoal: o benefício da atividade só é conseguido com a prática
regular da mesma, e a continuidade depende do prazer que a pessoa sente em
realizá-la.
 Aptidão necessária: algumas atividades dependem de habilidades específicas.
Para conseguir realizar atividades mais exigentes, a pessoa deve seguir um
programa de condicionamento gradual, começando de atividades mais leves.
 Risco associado à atividade: alguns tipos de exercícios podem associar-se a
alguns tipos de lesão. É essencial que os exercícios sejam realizados com ori-
entação profissional para evitar efeitos indesejados ou prejuízos à saúde do
praticante.

57
16.3 Atividade física no idoso

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A atividade física no idoso:

• Melhora a autoestima e autoimagem corporal;


• Alivia o estresse e reduz a depressão;
• Oferece sensação de bem-estar;
• Reduz o isolamento social;
• Melhora o entrosamento familiar.

16.4 Como o idoso deve-se preparar para uma atividade física?

O idoso deve ser orientado quanto aos seguintes aspectos:

• Realizar exercício somente quando houver bem-estar físico;


• Evitar extremos de temperatura e umidade;
• Tomar água moderadamente antes, durante e depois da atividade física;
• Usar roupas leves, claras e ventiladas;

58
• Não fazer exercícios em jejum, mas evitar comer demais antes da ativi-
dade física;
• Usar sapatos confortáveis e macios;
• Evitar fumo e o uso de sedativos;
• Respeitar os limites pessoais, interrompendo se houver dor ou descon-
forto;
• Iniciar a atividade lenta e gradativamente para permitir adaptação.

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16.5 Como devem ser realizadas as atividades físicas no idoso?

O cuidador deve saber que:

• É recomendado que todo programa de exercícios deva ser feito com re-
gularidade e continuidade, não devendo ser realizados exercícios físicos
de modo esporádico;
• Um bom programa de atividade física deve ser realizado no mínimo 3
vezes por semana, por 40 a 60 minutos de cada vez;
• Antes de exercitar-se, deve-se realizar sessão de alongamento.

59
LEMBRE-SE:

Toda atividade física realizada na terceira idade deve ser feita sob controle
médico, principalmente naquelas pessoas não habituadas a exercícios regula-
res. Muitas vezes há necessidade de se realizar testes cardíacos para avaliação
da função cardiovascular. Converse com um professor de educação física para
saber quais modalidades, freqüência, intensidade e duração mais indicadas. Ati-
vidade física exagerada é sempre prejudicial.

17 CO-EDUCAÇÃO ENTRE GERAÇÕES: O QUE PODE UMA GERAÇÃO ENSI-


NAR À OUTRA?

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A organização da sociedade é determinada por uma complexa gama de fatores


econômicos, políticos e culturais. Sabemos que o fator geração é apenas mais um
dos muitos determinantes do comportamento social, assim como classe, gênero, et-
nia, etc.

60
Nossos ciclos de vida individuais e coletivos e as transições entre as distintas
etapas ao longo do tempo determinam a qualidade de nossas vidas como idosos.
Qualidade de vida na velhice é, hoje, um conceito importante no Brasil, na pre-
sença de maior número de idosos ativos e saudáveis na sociedade e da divulgação
constante de informações sobre a importância de um estilo de vida saudável e da
busca por recursos médicos e sociais que melhorem e prolonguem a vida.

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Através da educação e conscientização para um envelhecimento saudável, a


integração intergeracional promove uma reflexão sobre os hábitos e atitudes na rela-
ção entre idosos e a geração mais jovem, tais como:
Valores éticos fundamentais e memória cultural: onde os idosos transmitem sua
história pessoal e a história da comunidade, permitindo aos jovens conhecerem suas
origens e se enraizarem em sua própria cultura.

61
• Educação para o envelhecimento: o velho aparece como modelo a ser
seguido ou evitado, dependendo de seu grau de sucesso em viver satis-
fatoriamente esse período da vida, de sua própria maneira de enfrentar
as dificuldades dessa fase.
• Uma educação para os novos tempos: a geração mais jovem também
transmite aos idosos valores e conhecimentos do mundo atual, resul-
tando em posicionamentos menos conservadores em relação a assun-
tos polêmicos, como sexo, drogas, etc.
• Domínio no manuseio de aparelhos eletrônicos e da linguagem digital:
orientações transmitidas aos idosos, de como manejar a máquina e de
como navegar pela rede. Vários idosos aprendem a usar computadores
e outros aparelhos eletrônicos com seus próprios netos.
• Realizar pesquisas visando melhor conhecer os hábitos de vida nas es-
colas.
• Criar programas de orientação nutricional para os alunos em saúde para
realização de ações de educação alimentar interligadas à família.
• Desenvolver trabalhos educativos em parceria com as escolas, envol-
vendo professores, profissionais da saúde, alunos, merendeiras e can-
tina.
• Implementar ações junto à escola que desenvolvem a prática de ativi-
dade física junto aos alunos e a comunidade, como exemplo, elaborar
encontro com alunos e avós – café da manhã, piquenique e programa
de atividades físicas lúdicas.

62
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17.1 Benefícios relacionados à saúde do idoso

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63
É muito importante que o cuidador saiba que o exercício físico:

• Contribui para a manutenção e/ou o aumento da densidade óssea, dimi-


nuindo a velocidade da osteoporose;
• Auxilia no controle do diabetes, da artrite, das doenças cardíacas e dos
problemas com colesterol alto, da obesidade e hipertensão;
• Melhora a absorção e eliminação dos alimentos;
• Diminui a depressão;
• Reduz a ocorrência de acidentes, pois os reflexos e a velocidade ao an-
dar ficam melhores;
• Mantém o peso corporal e melhora a mobilidade do idoso.

18 O CUIDADO

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Cuidado significa atenção, precaução, cautela, dedicação, carinho, encargo e


responsabilidade. Cuidar é servir, é oferecer ao outro, em forma de serviço, o resul-
tado de seus talentos, preparo e escolhas; é praticar o cuidado. Cuidar é também
perceber a outra pessoa como ela é, e como se mostra, seus gestos e falas, sua dor
e limitação. Percebendo isso, o cuidador tem condições de prestar o cuidado de forma

64
individualizada, a partir de suas ideias, conhecimentos e criatividade, levando em con-
sideração as particularidades e necessidades da pessoa a ser cuidada.
Esse cuidado deve ir além dos cuidados com o corpo físico, pois além do sofri-
mento físico decorrente de uma doença ou limitação, há que se levar em conta as
questões emocionais, a história de vida, os sentimentos e emoções da pessoa a ser
cuidada.

19 O AUTOCUIDADO

“Tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar existindo. Uma
planta, uma criança, um idoso, o planeta Terra. Tudo o que vive precisa ser alimen-
tado. Assim, o cuidado, a essência da vida humana, precisa ser continuamente ali-
mentado. O cuidado vive do amor, da ternura, da carícia e da convivência”. (BOFF,
1999)

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65
Autocuidado significa cuidar de si próprio, são as atitudes, os comportamentos
que a pessoa tem em seu próprio benefício, com a finalidade de promover a saúde,
preservar, assegurar e manter a vida. Nesse sentido, o cuidar do outro representa a
essência da cidadania, do desprendimento, da doação e do amor. Já o autocuidado
ou cuidar de si representa a essência da existência humana.
A pessoa acamada ou com limitações, mesmo necessitando da ajuda do cui-
dador, pode e deve realizar atividades de autocuidado sempre que possível. O bom
cuidador é aquele que observa e identifica o que a pessoa pode fazer por si, avalia as
condições e ajuda a pessoa a fazer as atividades. Cuidar não é fazer pelo outro, mas
ajudar o outro quando ele necessita, estimulando a pessoa cuidada a conquistar sua
autonomia, mesmo que seja em pequenas tarefas. Isso requer paciência e tempo.
O autocuidado não se refere somente àquilo que a pessoa a ser cuidada pode
fazer por si. Refere-se também aos cuidados que o cuidador deve ter consigo com a
finalidade de preservar a sua saúde e melhorar a qualidade de vida.

20 QUEM É O CUIDADOR

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66
Cuidador é um ser humano de qualidades especiais, expressas pelo forte traço
de amor à humanidade, de solidariedade e de doação. A ocupação de cuidador integra
a Classificação Brasileira de Ocupações – CBO sob o código 5162, que define o cui-
dador como alguém que “cuida a partir dos objetivos estabelecidos por instituições
especializadas ou responsáveis diretos, zelando pelo bem-estar, saúde, alimentação,
higiene pessoal, educação, cultura, recreação e lazer da pessoa assistida”. É a pes-
soa, da família ou da comunidade, que presta cuidados à outra pessoa de qualquer
idade, que esteja necessitando de cuidados por estar acamada, com limitações físicas
ou mentais, com ou sem remuneração.
Nesta perspectiva mais ampla do cuidado, o papel do cuidador ultrapassa o
simples acompanhamento das atividades diárias dos indivíduos, sejam eles saudá-
veis, enfermos e/ ou acamados, em situação de risco ou fragilidade, seja nos domicí-
lios e/ou em qualquer tipo de instituições na qual necessite de atenção ou cuidado
diário.
A função do cuidador é acompanhar e auxiliar a pessoa a se cuidar, fazendo
pela pessoa somente as atividades que ela não consiga fazer sozinha. Ressaltando
sempre que não fazem parte da rotina do cuidador técnicas e procedimentos identifi-
cados com profissões legalmente estabelecidas, particularmente, na área de enfer-
magem. Cabe ressaltar que nem sempre se pode escolher ser cuidador, principal-
mente quando a pessoa cuidada é um familiar ou amigo. É fundamental termos a
compreensão de se tratar de tarefa nobre, porém complexa, permeada por sentimen-
tos diversos e contraditórios.

A seguir, algumas tarefas que fazem parte da rotina do cuidador:

• Atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde.


• Escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada.
• Ajudar nos cuidados de higiene.
• Estimular e ajudar na alimentação.
• Ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e
exercícios físicos.
• Estimular atividades de lazer e ocupacionais.

67
• Realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de
conforto.
• Administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da
equipe de saúde.
• Comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da
pessoa cuidada.
• Outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da quali-
dade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa.

20.1 O cuidador e a família

A carência das instituições sociais no amparo às pessoas que precisam de cui-


dados faz com que a responsabilidade máxima recaia sobre a família e, mesmo assim,
é geralmente sobre um elemento da família.
A doença ou a limitação física em uma pessoa provoca mudanças na vida dos
outros membros da família, que têm que fazer alterações nas funções ou no papel de
cada um dentro da família, tais como: a filha que passa a cuidar da mãe; a esposa
que além de todas as tarefas agora cuida do marido acamado; o marido que tem que
assumir as tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, porque a esposa se encontra
incapacitada; o irmão que precisa cuidar de outro irmão. Todas essas mudanças po-
dem gerar insegurança e desentendimentos, por isso é importante que a família, o
cuidador e a equipe de saúde conversem e planejem as ações do cuidado domiciliar.

Fonte: alotatuape.com.br
68
Com a finalidade de evitar o estresse, o cansaço e permitir que o cuidador tenha
tempo de se auto cuidar, é importante que haja a participação de outras pessoas para
a realização do cuidado. A pessoa com limitação física e financeira é a que mais sofre,
tendo que depender da ajuda de outras pessoas, em geral familiares, fazendo com
que seu poder de decisão fique reduzido, dificultando o desenvolvimento de outros
vínculos com o meio social. Para oferecer uma vida mais satisfatória, é necessário o
trabalho em conjunto entre o Estado, a comunidade e a família.
A implementação de modalidades alternativas de assistência como hospital-
dia, centro de convivência, reabilitação ambulatorial, serviços de enfermagem domici-
liar, fornecimento de refeições e auxílio técnico e financeiro para adaptações arquite-
tônicas, reduziria significativamente a demanda por instituições de longa permanên-
cia, as famílias teriam um melhor apoio e a pessoa a ser cuidada seria mantida em
casa convivendo com seus familiares, mantendo os laços afetivos.

21 COMO AJUDAR NA COMUNICAÇÃO

Fonte: images1.minhavida.com.br

69
Comunicar envolve, além das palavras que são expressas por meio da fala ou
da escrita, todos os sinais transmitidos pelas expressões faciais, pela postura corporal
e também pela proximidade ou distância que se mantém entre as pessoas; a capaci-
dade e jeito de tocar, ou mesmo o silêncio em uma conversa.
Algumas vezes a pessoa cuidada pode ficar irritada por não conseguir falar ou
se expressar, embora entenda o que falam com ela. Para facilitar a comunicação,
serão descritas a seguir algumas dicas:

• Use frases curtas e objetivas.


• No caso de pessoas idosas, evite tratá-las como crianças utilizando ter-
mos inapropriados como “vovô”, “querido” ou ainda utilizando termos di-
minutivos desnecessários como “bonitinho”, “lindinho”, a menos que a
pessoa goste.
• O cuidador deve repetir a fala, quando essa for erroneamente interpre-
tada, utilizando palavras diferentes.
• Fale de frente, sem cobrir a boca, não se vire ou se afaste enquanto fala
e procure ambientes iluminados para que a pessoa além de ouvir veja o
movimento dos lábios da pessoa que fala com ela, assim entenderá me-
lhor.
• Aguarde a resposta da primeira pergunta antes de elaborar a segunda,
pois a pessoa pode necessitar de um tempo maior para entender o que
foi falado e responder. Não interrompa a pessoa no meio de sua fala,
demonstrando pressa ou impaciência. É necessário permitir que ele con-
clua o seu próprio pensamento.
• Caso o cuidador não entenda a fala da pessoa cuidada, peça que es-
creva o que quer dizer. Se a pessoa cuidada não puder escrever, faça
perguntas que ela possa responder com gestos e combine com ela que
gestos serão usados, por exemplo: fazer sim ou não com a cabeça, fran-
zir a testa ou piscar os olhos, entre outros.
• Diminua os ruídos no ambiente onde a pessoa cuidada permanece.
• Sempre que a pessoa demonstrar não ter entendido o que foi falado,
repita o que falou com calma evitando constranger a pessoa cuidada.

70
• Procure falar de forma clara e pausada e aumente o tom de voz somente
se isso realmente for necessário.
• Verifique a necessidade e condições de próteses dentárias e/ou auditi-
vas que possam estar dificultando a comunicação.
• Converse e cante com a pessoa, pois essas atividades estimulam o uso
da voz.
• A música ajuda a pessoa cuidada a recordar pessoas, sentimentos e
situações que ocorreram com ela, ajudando na sua comunicação.
• O toque, o olhar, o beijo, o carinho são outras formas de comunicação
que ajudam o cuidador a compreender a pessoa cuidada e ser compre-
endido por ela.

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21.1 Alterações que podem ser encontradas na comunicação

Algumas mudanças na maneira da pessoa cuidada se comunicar que podem


sugerir alguma alteração do seu estado de saúde. Cuidador, observe alguns exem-
plos:

• Dificuldade para expressar uma ideia e, no lugar, usar uma palavra ou


frase relacionada com essa ideia, por exemplo: em vez de dizer caneta,
diz: “aquela coisa de escrever”.
• Não entender ou entender apenas parte do que falam com ela.
• Fala sem nexo ou sem sentido.
• Dificuldade para escrever e para entender o que está escrito.
• Não conseguir conversar, parar a conversa no meio, parece que não
percebe as pessoas que estão perto dela, ou falar sozinha.
• Dificuldade para expressar as emoções: pode sorrir quando sente dor
ou demonstrar tristeza e chorar quando está satisfeita, se agitar ou ficar
ansioso ao expressar carinho e afeto.
• As dificuldades de comunicação são sinais frequentemente presentes
na demência e outras doenças neurológicas. Caso o cuidador observe
uma ou mais dessas alterações deve procurar a Unidade de Saúde.

É comum as pessoas idosas e também as pessoas com demência, doença


de Alzheimer, esquecer-se de situações vividas, do nome de pessoas e coisas,
trocar palavras. Essas situações provocam embaraços e angústia tanto à pes-
soa cuidada como aos familiares.

É importante que o cuidador ao se referir a alguém conhecido, explique à


pessoa cuidada de quem está falando: “Maria, sua filha”; “João, seu vizinho”,
assim a pessoa vai se situando melhor na conversa e vai relembrando pessoas
e fatos que havia esquecido. É preciso falar com simplicidade e pedir que a pes-
soa toque objetos, retratos e quadros, isso ajuda a “puxar” a memória e a me-
lhorar a conversa.

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22 RERERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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