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A Nocao de Cultura Nas Ciencias Sociais RESUMO
A Nocao de Cultura Nas Ciencias Sociais RESUMO
Denys Cuche
Capítulo 6
Cultura e Identidade
Mas que relação é esta, entre cultura e identidade, que o autor estabelece?
Cultura e identidade cultural são diferentes. A primeira pode existir sem consciência de
identidade, constitui-se nas práticas cotidianas, na interdependência de processos
inconscientes; já a segunda deriva-se do reconhecimento que o indivíduo tem de si próprio,
pode manipular e transformar a cultura, o que o autor denomina norma de vinculação.
O conceito de identidade cultural tem caráter polissêmico (muitas vozes) e fluido (que
se expande), remete à identidade social, que em cada indivíduo se caracteriza pelo conjunto
das vinculações em um sistema social, este processo permite localizar-se e ser localizado no
meio social. Contudo, não se deve esquecer de que a identidade não diz respeito apenas ao
indivíduo, mas a grupos sociais, cuja identidade corresponde à sua definição e distinção social,
uma categorização nós/eles.
Após descrever estas duas concepções o autor aborda uma terceira que é a situacional
e relacional. Esta supera as anteriores, visto que, assevera CUCHE “...somente este contexto
[relacional] poderia explicar porque [...] em dado momento tal identidade é afirmada ou [...]
reprimida.” Nesta abordagem a identidade é construção social, representação, categorização
usada pelos grupos para organizar suas trocas. Existe sempre em relação à outra, identidade e
alteridade são ligadas: identificação e diferenciação se acompanham nas situações relacionais.
A identificação afirma ou impõe a identidade, que é sempre concessão, negociação entre auto-
-identidade (definida por si mesmo) e hetero-identidade ou uma exo-identidade (definida
pelos outros, que vem de fora). CUCHE aponta o caráter paradoxal que se pode originar na
hetero-identidade, uma vez que esta é uma atribuição do outro, ela pode se fixar sem que o
indivíduo receptor a reconheça como sua identidade. Nesse ponto, o autor faz menção às lutas
sociais, campo em que a identidade está em jogo, para isso suscita Bourdieu para explicar que
somente aqueles que dispõem de autoridade legítima poderão ter sua auto-identidade
reconhecida (CUCHE, p. 186). Importante salientar que este poder de classificar leva à
“etinicização” dos grupos subalternos, forjando, assim, uma única identidade legítima, aquela
do grupo dominante.